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“O tempo perdido jamais se recupera”

Benjamim Franklin ( 1706-90 )

Já todos passá mos por isso. Correr a casa toda à procura das chaves do carro, já
estamos atrasados para uma reuniã o, pensarmos na barafunda em que a casa
ficou, pensarmos se ainda teremos tempo para deixar a roupa na lavandaria,
temermos que o trabalho que actualmente temos nas mã os nã o fique pronto a
tempo, desesperados com o tipo que vai à nossa frente a vinte à hora… Despacha-
te, despacha-te, dizemos a nó s mesmos e aos que nos rodeiam. O mundo inteiro
atrapalha-nos. Sentimo-nos “stressados”, preocupados e ressentidos.
Desde o momento em que nos levantamos da cama até voltarmos a deitar a
cabeça na almofada à noite, pensamos em tudo o que temos de fazer e
preocupamo-nos com o que nã o foi feito.
Acordamos a meio da noite a pensar em como iremos arranjar o tempo de que
necessitamos para cumprir a interminá vel lista de “Coisas a Fazer”. Se algo nã o
fica feito a tempo, simplesmente desistimos, desesperados perante a ideia de
jamais conseguirmos ter as coisas em dia.
Se tudo isto lhe diz alguma coisa, nã o pense que está sozinho. Vivemos na era dos
ësfomeados-do-tempo”; vivemos apressados e atormentados e sem fim à vista.
As pessoas andam exaustas e assoberbados, sem tempo para conversas pessoais,
para dar um passeio, para esperar pacientemente que o filho acabe de jantar.
Ter tempo para nó s é o grande luxo dos nossos dias. Hoje, homens e mulheres – e
mesmo crianças – de todo o mundo têm os seus níveis de stresse relacionado
com o tempo ou, melhor, com a falta dele, a subir de forma assustadora. Este
stresse cró nico está associado a uma saú de física e psicoló gica insatisfató ria.
Todos temos as mesmas 24 horas na barreira do tempo diá rio. O tempo é a
constante, por isso o que temos de mudar sã o as escolhas que necessitamos de
fazer para aproveitar o tempo o melhor possível. Gerir o tempo consiste em
tomar decisõ es sobre como desejamos viver a nossa vida. Tem a vida que tem
devido à s decisõ es que toma sobre a maneira como passa o seu tempo. Se quiser
uma vida diferente, vai ter de tomar diferentes decisõ es. Se nã o estiver muito
convencido disto, pense em todas as pessoas que conhece com sucesso na vida e
preste especial atençã o `a forma como gerem o seu tempo.
A minha pró pria vida é um exemplo típico de como uma boa gestã o de tempo
permite a alguém atingir os seus objectivos. A minha mais antiga recordaçã o da
importâ ncia que pode ter uma boa gestã o de tempo recua até aos meus cinco
anos, quando o Robby, o meu irmã o mais novo, nasceu. Aquele dia tã o esperado
da sua chegada a casa e a minha â nsia de participar activamente na festa de boas-
vindas. O meu pai pediu-me que me apressasse a ficar pronta. Demasiada
entusiasmada, dediquei imenso cuidado e demasiado tempo a escolher a roupa
mais bonita para aquele acontecimento tã o importante – para depois vir a
perceber que todo o comité da tal festa de boas-vindas tinha partido sem mim.
Fiquei devastada. Este incidente provocou em mim um tal impacto que, até hoje,
odeio atrasar-me seja para o que for.
A minha mã e foi também fundamental em ensinar-me como gerir o meu tempo.
Apesar dos seus cinco filhos, tinha emprego numa época em que a grande
maioria das mã es nã o trabalhava fora de casa. Mas conseguia que tudo corresse
sobre as rodas simplesmente mantendo uma rotina diá ria e sendo uma
verdadeira especialista em delegar, pondo-nos aos cinco a ajudá -los nas tarefas
diá rias.
Eu fui adquirindo habilidade na gestã o de tempo através da velha formula de
“tentative e erro”. Cada fase da minha vida me apresentou diferentes desafios no
que respeita ao tempo, e tive sempre de fazer ajustamentos. E adquiri perícias
bá sicas em gestã o de tempo quando me tornei mã e de quatro filhos com dez anos
de diferença do primeiro ao ultimo. Rapidamente me apercebi de que, caso nã o
me mantivesse firme e rígida no plano diá rio, a família ficaria num caos. Descobri
também que era essencial pô r em prá tica o ú nico conselho que a minha mã e me
deu sobre criar filhos: “Quando precisares de tempo para ti, arranja-o, porque
ninguém to virá oferecer.”
Foi apenas quando regressaei à universidade, já com trinta e nove anos, quando
os meus filhos já tinham entre 8 e 18 anos, que a minha perícia em gestã o de
tempo se tornou quase perfeita. Frequentei a universidade durante seis anos –
Inverno, Primavera, Verã o e Outono – e completei o Bacharelato em Psicologia e
um Mestrado em Educaçã o – Psicaná lise de Aconselhamento. Para me conseguir
formar, recorri a todas as técnicas de gestã o de tempo essenciais descritas neste
livro. Tinha uma visao daquilo que pretendia atingir, estabeleci os meus pró prios
objectivos, criei um plano para cada semestre e vivi de acordo com o
cumprimento de um prazo semanal e diá rio. Aprendi a evitar os protelamentos e
a lidar com as interrupçõ es e com as perdas de tempo. Utilizei o meu plano diá rio
como um “mapa de estradas”para alcançar os meus objectivos – no fundo, o que
continuo a fazer hoje em dia.
Depois de me formar, comecei a dar consultas de aconselhamento e a organizar
seminá rios e, uma vez mais, a minha capacidade para gerir eficientemente o meu
tempo foi, e é, uma enorme vantagem. Como sou uma mulher de negó cios que
trabalha por conta pró pria, o tempo é a estrutura que me permite ganhar a vida –
uma má gestã o de tempo iria forçosamente ter reflexos negativos na minha folha
de balanço professional.
Contudo, nã o quero deixar-vos a impressã o errada de que consigo sempre fazer
uma boa gestã o do meu tempo. Nã o é, de forma alguma, o caso. Continuo a ser
desafiada por novas situaçõ es, mas sou motivada a seguir o meu trilho porque
acredito que ao perder o meu tempo estou a perder a minha vida. Sempre que
deparo com dificuldades, consigo renovar o compromisso de gerir o meu tempo
de modo sensato “revisitando”as minhas metas e objectivos de vida.
O tempo é um recurso extremamente precioso e saber geri-lo bem poderá ajudá -
lo a alcançar os seus sonhos e objectivos. Aprenda a Gerir o seu Tempo é um
guia passo a passo e fá cil de entender, que pode beneficiar toda a gente e em
todo o lado – desde uma criança a um reformado e na escola, em casa ou no
emprego.
Espero que recorra a este livro para se libertar: libertar-se da cró nica velocidade
vertiginosa da vida diá ria, libertar-se do medo de perder tempo e libertar-se da
tirania de ter demasiado que fazer e pouco tempo para o fazer.
Finalmente, o modo como passa o seu tempo é o modo como vive a sua vida – por
isso, use-o sensatamente.

In “ MacDonald, Lucy ( 2006 ). Aprenda a Gerir o seu Tempo, 1a ediçã o, Lisboa:


Plá tano Editora, pp 8- 11

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