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2 Escala e representação cartográfica

Inicialmente é importante fazer uma distinção en- de fenômenos locais necessita de plantas em escala gran-
tre escala geográfica e escala cartográfica. Como vimos de, já a análise de fenômenos mundiais exige mapas em
no capítulo introdutório, a primeira define a escala da escala pequena. Ou seja, quanto maior a escala de análi-
análise geográfica, o recorte espacial: local, regional, se geográfica, menor a escala cartográfica, e vice-versa.
nacional ou mundial. Como veremos agora, a segunda É impossível encontrar uma rua de qualquer cidade
define a escala de representação, ou seja, indica a re- brasileira em um mapa-múndi ou no mapa político do
lação entre o tamanho dos objetos representados na Brasil, como o que aparece abaixo. A escala utilizada
planta, carta ou mapa e o tamanho deles na realidade nessa representação – 1 : 34 000 000 – é pequena, ne-
(veja indicação de sites na seção Sugestões de leitura, la 1 cm equivale a 340 quilômetros e até mesmo uma
filmes e sites, nos quais é possível observar represen- metrópole se torna apenas um ponto.
tações em diversas escalas). Para representar uma rua, é preciso usar uma es-
A seguir, ao estudarmos a escala cartográfica e suas cala grande, na qual seja possível visualizar os quartei-
relações matemáticas, vamos perceber sua permanente rões, como a de 1 : 10 000 (leia o texto “Usando a esca-
relação com a escala geográfica. Por exemplo, a análise la”, na página ao lado, e depois observe a carta da
cidade do Rio de Janeiro, na página 59). Perceba que,
Brasil: divisão política dependendo da escala utilizada, um mesmo fenômeno
espacial, por exemplo, a cidade do Rio de Janeiro, pode
Banco de imagens/Arquivo da editora

55º O
ser representado como ponto (no mapa desta página)
Boa Vista ou como área (na carta e na planta da página 59).
AMAPÁ
RORAIMA
Equador Macapá

Belém
São Luís
Manaus Fortaleza

AMAZONAS MARANHÃO Teresina RIO GRANDE


PARÁ
CEARÁ DO NORTE
Natal
PARAÍBA João Pessoa
PIAUÍ
PERNAMBUCO Recife
ACRE
Rio Branco Porto Velho Palmas ALAGOAS
Maceió
02_M003_1GGB18S: SERGIPE
TOCANTINS Aracaju
RONDÔNIA reaproveitamento, com emendas,BAHIA de
mapa que mostra a divisão política
MATO GROSSO Salvador
do Brasil do Múltiplo Geografia,
Cuiabá DF
parte 1, volume único,
Brasíliap. 50.
GOIÁS OCEANO
MINAS ATLÂNTICO
Goiânia GERAIS
MATO GROSSO
DO SUL Belo Horizonte
ESPÍRITO SANTO
Campo Grande Vitória
OCEANO
PACÍFICO SÃO PAULO
RIO DE JANEIRO
São Paulo
Rio de Janeiro
pricórnio
Trópi co de Ca PARANÁ
Curitiba

SANTA CATARINA
Florianópolis
RIO GRANDE
DO SUL
Porto Alegre
0 340 680
km
Adaptado de: IBGE. Atlas geográfico escolar.
6. ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 90.

Em um mapa feito nesta escala, mesmo as capitais dos estados ficam reduzidas a pontos, até mesmo as duas maiores cidades do
país: São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), com 11,9 milhões e 6,5 milhões de habitantes, respectivamente (estimativa do IBGE de 2014).

56 Capítulo 2
Para saber mais
Dialogando
com MateMática

Usando a escala
Vamos desenvolver um exemplo de como a escala Portanto:
pode ser usada. Para acompanhar, observe novamente o
d = D/N
trecho da carta de Garuva (SC), apresentada na página 53,
e considere as seguintes convenções: Finalmente, supondo que temos a distância na super-
fície terrestre e na carta e queremos saber o denominador
Escala = 1/N
da escala:
N = denominador da escala.
D = distância na superfície terrestre. D = 4 km
d = distância no documento cartográfico. d = 8 cm
Escala = ?
Suponhamos o seguinte problema: 1 cm — N
Um motorista, vindo pela BR-376, após entrar na 8 cm — 4 km
BR-101, percorrerá que distância até cruzar o oleoduto da Nx8=1x4
Petrobras? Na carta apresentada, essa distância mede N = 4/8
cerca de 8 centímetros. N = 0,5 km (que equivale a 50 000 cm)
Temos: Escala = 1 / N
Escala da carta = 1/50 000 (N = 50 000), pode-se ler Escala = 1 / 50 000 ou 1 : 50 000
também 1 : 50 000 (um por cinquenta mil).
Logo, 1 centímetro na carta equivale a 50 000 centí- Portanto:
metros ou 500 metros ou 0,5 quilômetro na superfície
terrestre. N=D/d
Assim, temos o denominador da escala já convertido
para quilômetro, a distância na carta e queremos saber a Uma escala pode ser expressa de duas formas:
distância na superfície terrestre. • numérica:

1 : 50 000
N = 0,5 km d = 8 cm D=?
• gráfica:
Aplicando uma regra de três simples:
500 m 0 500 m 1000 m 1500 m 2000 m 2500 m
1 cm — 0,5 km D = 8 x 0,5
8 cm — D D = 4 km
Em alguns mapas, abaixo da escala (numérica ou
Portanto: gráfica) ainda há um lembrete, por exemplo: “1 cm
no mapa corresponde a 0,5 quilômetro no terreno”.
D=dxN
Para medir em uma carta ou mapa a extensão de li-
nhas sinuosas, como rodovias, ferrovias, rios, etc., utiliza-
Resposta do problema: a distância a ser percorrida
-se um curvímetro, como aparece na foto.
pelo motorista é de 4 quilômetros.
Não dispondo desse aparelho, um mo- n st
ock
Agora vamos supor que temos a distância na super- y/L
a ti
do prático de fazer medidas, em- ar
br
fície terrestre, o denominador da escala e queremos en-
Li
to

bora não muito preciso, é esten-


ho

contrar a distância na carta:


P
ce

der um barbante sobre o traço


ien
/Sc

de, por exemplo, uma rodovia,


Stevie Horrell

D = 4 km 1 cm — 0,5 km
medi-lo com uma régua e,
N = 0,5 km d — 4 km
considerando a escala, fazer
d=? d x 0,5 = 1 x 4
o cálculo da distância; ou en-
d = 4/0,5
tão, se houver escala gráfica,
d = 8 cm
esticá-lo diretamente sobre ela.

Representações cartográficas, escalas e projeções 57


Outras leituras

Conheça a definição do IBGE para diferentes tipos • identificar as cidades vizinhas do Rio, como Niterói,
de representação cartográfica. deverá consultar um mapa do estado do Rio de Janei-
Observe que o uso de planta, carta ou mapa está ro na escala pequena – 1 : 1 000 000.
diretamente associado à necessidade do usuário. Se uma Note, nas imagens a seguir, que, conforme a esca-
pessoa tem a intenção de: la vai gradativamente ficando menor, ocorre um au-
• procurar uma rua, como a São Clemente, no bairro de mento da área representada e uma diminuição do grau
Botafogo, a opção será por uma planta da cidade do de detalhamento dos elementos cartografados. Ob-
Rio de Janeiro na escala grande – 1 : 10 000; serve que nessas representações cartográficas não há
• localizar os bairros do entorno, como o Leme, deverá legenda porque o objetivo é apenas destacar as dife-
utilizar a carta da cidade do Rio de Janeiro na escala rentes escalas.
média – 1 : 50 000; le o n
ello
cal
ve
tti/
Sh
ut
te
rs
to
c

Representação

k/
Globo

G
lo
w
Im
cartográfica

ag
es
Globo
Representação cartográfica sobre
uma superfície esférica, em escala
pequena, dos aspectos naturais e ar-
tificiais de uma figura planetária,
com finalidade cultural e ilustrativa.

Imagem sem escala.

Mapa
Mapa (características):

Banco de imagens/Arquivo da editora


Paty do Alferes
TERESÓPOLIS
• representação plana;
Miguel Araras
Governador Portela Pereira Cascatinha
Dedo de Deus
• geralmente em escala pequena; Conrado
PETRÓPOLIS 1695
Guapimirim
0

Eng. Paulo
80

• área delimitada por acidentes naturais (bacias, Xerém Santo Aleixo


de Frontin R
Inhomirim
0

Tinguá
50

Paracambi
io
M

planaltos, chapadas, etc.), [limites] político-ad- Piabetá


acac

20 0 Imbarié
u

10 0 Magé
ministrativos; Japeri EFC
B Cava Campos
Guia de
• destinado a fins temáticos, culturais ou ilustra- Elísios Suruí
Queimados Pacobaíba
BELFORD Baía de
Seropédica ROXO DUQUE DE Guanabara Itambi
tivos. NOVA IGUAÇU CAXIAS
A I. Paquetá
aquetá
Mesquita Monjolo
A partir dessas características pode-se gene- NILÓPOLIS SÃO JOÃO DE
I. do Governador
vernador
MERITI SÃOO GONÇAL
GONÇALO O
Olinda
ralizar o conceito: São Mateus Neves Ipiíba
Rio Guandu-Mirim EF I. do Fundão
undão
CB S
Sete Pontes
ete Pontes
“Mapa é a representação no plano, normal- EFC
B
NITERÓI
mente em escala pequena, dos aspectos geográfi- Campo RIO DE JANEIRO
Santa Cruz Parq. Nac. Inoã
Grande
da Tijuca P de
Pão Itaipu
cos, naturais, culturais e artificiais de uma área Açúcar
Pta. de Itaipu
Pta. do 23º S
tomada na superfície de uma figura planetária, Restinga de
Marambaia Lago de
Arpoador
Pontal de Jacarepaguá I. Cagarras
delimitada por elementos físicos, político-admi- Barra de
Guaratiba Sernambetiba
I. Rasa
I. Rasa de
nistrativos, destinada aos mais variados usos te- Guaratiba
50
50

1:1 000 000 OCEANO ATLÂNTICO 43º O


máticos, culturais e ilustrativos.”
Adaptado de: FERREIRA, Graça Maria Lemos. Moderno atlas geográfico.
5. ed. São Paulo: Moderna, 2013. p. 11.

58 Capítulo 2
Carta (características):
• representação plana; • limites das folhas constituídos por linhas conven-
• escala média ou grande; cionais;
• desdobramento em folhas articuladas de maneira • destinada à avaliação precisa de direções e distân-
sistemática; cias, e à localização de pontos, áreas e detalhes.

Carta
Da mesma forma que da conceituação de mapa,
Banco de imagens/Arquivo da editora

LARANJEIRAS Est.
Flamengo
67 Palácio pode-se generalizar:
Guanabara x 71
“Carta é a representação no plano, em escala
Morro Morro
Novo Mundo da Viúva média ou grande, dos aspectos artificiais e naturais
Morro de uma área tomada de uma superfície planetária,
Dona Marta o
subdividida em folhas delimitadas por linhas con-
g

Mirante
tafo

Enseada vencionais – paralelos e meridianos – com a finali-


Praia de Bo

0 196
30 de
Hospital
Botafogo dade de possibilitar a avaliação de pormenores, com
METRÔ

BOTAFOGO grau de precisão compatível com a escala.”


Planta
Prefeitura
Est. Morro do
Botafogo Pasmado

UFRJ
Hospital IME

100
x 57 20 0 241
Cemitério
Morro
Morro
São João 10 0 da Babilônia
Batista
Morro da Morro
ro de São LEME
Saudade João
oão Batista
0
20 1: 40 000

Adaptado de: FERREIRA, Graça Maria Lemo Lemos.


os. Moderno atlas geográfico.
geográf
5. ed. São Paulo: Moderna, 2013. p. 11.
Planta

Planta

Banco de imagens/Arquivo da editora


Rua M
a rquês
de
Olinda
A planta é um caso par
particular de carta. A re-
METRÔ

ntas

g o
o Da

das
fogo

uma área muito limi-


presentação se restringe a um
f o
s Un i
g
Bambina

Bota

an-Tia

t a

tada e a escala é gr
grande, consequentemente o
Avenida das Naçõe

B o
Viaduto S

número de ddetalhes é bem maior. Rua Visconde de Ouro Preto


d e

Enseada
“Carta que representa uma área de extensão
“Car de
Rua

P r a i a

Botafogo
de

suficientemente restrita para que a sua curva-


sufic
Barreto

tura não precise ser levada em consideração, e Alfredo Gomes


Rua Prof.
que, em consequência, a escala possa ser consi-
Muniz

bral

derada constante.”
s Ca

Casa de
lvare

Rui Barbosa Av
Clemente .R
Rua São epór
ter Nestor Moreira
ro Á

Praça
Ped

Pimentel
ia

Duarte
Pra
t o
Rua

du

Pasteur
B O T A F O G O Av.
Via

Veja a indicação do livro


Cartografia básica, de Paulo ESTAÇÃO átria
BOTAFOGO da P
Tún

s
la

ue
Roberto Fitz, e o Atlas geográfico ário
s
rte

lunt rig Morro do


e

od
Po
l do

a Vo Pasmado
escolar, do IBGE, na seção Ru ar oR
eu

Álv
m
Pas

lo
Sugestões de leitura, filmes e sites. Pro
f.
ar
to
ma

1: 12000 v. aB
Ru
do
A

Adaptado de: FERREIRA, Graça Maria Lemos. Moderno atlas geográfico.


5. ed. São Paulo: Moderna, 2013. p. 11.

IBGE. Noções básicas de Cartografia. Rio de Janeiro, 1999. p. 21. (Manuais técnicos em Geociências; 8).

Representações cartográficas, escalas e projeções 59

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