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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Educação e Humanidades


Faculdade de Formação de Professores

Lorena Abreu Asevedo

Condicionantes naturais dos movimentos de massa no


Megadesastre de 2011 em Nova Friburgo, RJ: Um estudo de caso
da bacia do rio São Pedro

São Gonçalo
2014
Lorena Abreu Asevedo

Condicionantes naturais dos movimentos de massa no megadesastre de 2011


em Nova Friburgo, RJ: Um estudo de caso da bacia do rio São Pedro
.

Dissertação apresentada, como requisito


parcial para obtenção do título de Mestre,
ao Programa de Pós-Graduação em
Geografia da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Bertolino


Coorientad: Prof. Dr. Jose Duarte Correa

São Gonçalo
2014
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/BIBLIOTECA CEH/D

A816 Asevedo, Lorena Abreu.


Condicionantes naturais dos movimentos de massa no
megadesastre de 2011 em Nova Friburgo, RJ: Um estudo de caso da
bacia do rio São Pedro / Lorena Abreu Asevedo. – 2014.
150f.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Bertolino.


Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade do Estado
do Rio de Janeiro, Faculdade de Formação de Professores.

1. Deslizamentos (Geologia) – Teses. 2. Fenômenos naturais –


Teses. 3. Serrana, Região (RJ) – Teses. I. Bertolino, Luiz Carlos. II.
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Formação
de Professores. III. Título.

CDU 551.243.6

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial


desta dissertação, desde que citada a fonte.

_________________________________ ____________________________
Assinatura Data
Lorena Abreu Asevedo

Condicionantes naturais dos movimentos de massa no Megadesastre de 2011


em Nova Friburgo, RJ: Um estudo de caso da bacia do rio São Pedro

Dissertação apresentada, como requisito


parcial para obtenção do título de Mestre,
ao Programa de Pós-Graduação em
Geografia da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro.

Aprovada em 4 de novembro de 2014.


Banca examinadora:

________________________________________________________
Prof. Dr. Luiz Carlos Bertolino (Orientador)
Faculdade de Formação de Professores – UERJ

________________________________________________________
Prof. Dr. José Duarte Correa (Coorientador)
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

________________________________________________________
Prof. Dr. Reiner Olíbano Rosas
Universidade Federal Fluminense

________________________________________________________
Prof. Dr. Otávio Miguez da Rocha-Leão
Faculdade de Formação de Professores – UERJ

São Gonçalo
2014
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a toda sociedade e aqueles que possam se beneficiar de


alguma forma dos resultados desta pesquisa. Dedico ainda todos aqueles qυе
dealguma forma estiveram е estão próximos de mim, fazendo esta vida valer cada
vez mais а pena.
AGRADECIMENTOS

O encerramento deste ciclo caracteriza mais um passo em direção a um


grande sonho que a cada dia se aproxima da realidade - a docência acadêmica.
Quem diria? Nunca pude imaginar, em tempos tão severos para aqueles que
sonham, eu estaria tão próximo de tocar algo tão valioso.
Tem sido duro, cansativo e as vezes até desanimador. Foram 2 anos os quais
eu assisti aulas, li artigos, livros, fui a congressos, li mais, escrevi, li mais, escrevi
novamente... Ganhei amizades, perdi amizades, reforcei laços, consolidei objetivos.
Amadureci. E como amadureci! Posso dizer com toda certeza que o mestrado me
transformou enquanto geógrafa, profissional e, principalmente, enquanto pessoa.
O objetivo de enaltecer essa experiência iniciada em 2012 é não deixar no
esquecimento o fato de que tudo isso só foi possível por haver diversas pessoas
envolvidas neste processo. Como disse Tom Jobim, “É impossível ser feliz sozinho!”.
Definitivamente não estive sozinha nesta jornada.
Dessa forma, gostaria de agradecer:
À minha toda minha família, especialmente meus pais Antônio Edilson
Asevedo e Nilcéia Asevedo, por acreditarem sempre em mim e pelo amor
incondicional que me dedicam.
Luiz Carlos Bertolino e Ana Valéria Allemão Bertolino, orientadores e amigos,
que desde 2006 fazem parte de todas as minhas conquistas acadêmicas e me
inspiram enquanto profissional.
A Juliana Martins, mestra, amiga e grande companheira da minha jornada
acadêmica e pessoal. Irmã que escolhi para caminhar ao meu lado. Como disse
Henry Ford, “Reunir-se é um começo,permanecer juntos é um progresso, e trabalhar
juntos é um sucesso”.
José Duarte Correa, primeiramente amigo, desde os tempos de IBGE, co-
orientador e grande incentivador de meus devaneios acadêmicos. Grande exemplo
de dedicação profissional.
Vagner Machado, namorado e companheiro por te me acompanhado em
todos os trabalhos de campo, nas coletas e no processo de escrita. Foi um grande
amigo e me ouviu falar da pesquisa incessantemente por dois anos.
Eliel Fraga, grande amigo e companheiro presente em todos os momentos.
Obrigada pelo apoio, reflexões e críticas.
Bruno Mattos, amigo o qual os laços foram fortalecidos, companheiro de
campo o qual sempre posso contar.
Aos amigos Leandro Utrini, Jessyka Abreu, Rhamon Oliveira e Marcio Aguiar.
A convivência com vocês tornou essa caminhada muito mais confortável e
agradável! Sem saber me ajudaram muitas vezes. Obrigada pela amizade!
Aos colegas de trabalho, pela confiança e apoio.
A todos os amigos, que sempre me acolhem com amor. Essas amizades me
fortalecem e me dão forças para ir a frente.
A equipe do Laboratório de Geociências pelo apoio técnico. A FAPERJ pela
bolsa concedida. Ao corpo docente do programa de mestrado por estimular o
crescimento acadêmico e intelectual.
É dificil aprisionar os que tem asas.
Caio Fernando Abreu
RESUMO

ASEVEDO, L. A. Condicionantes naturais dos movimentos de massa em São Pedro


da Serra, Nova Friburgo, RJ. 2014. 150f. Dissertação (Mestrado em Geografia) –
Faculdade de Formação de Professores, Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
São Gonçalo, 2014.

Movimentos de massa são eventos naturais comuns em áreas tropicais e


possuem como causa diversos fatores. Análises de características geológicas e
geomorfológicas, composição do solo, e destacar como parâmetros de declividade e
pluviosidade podem auxiliar o entendimento do desencadeamento desses eventos.
No Brasil, há um vasto histórico de ocorrência de escorregamentos e a maioria
envolve perdas humanas e de infraestrutura. O objetivo é analisar os condicionantes
geológicos causadoras de movimentos de massa na bacia do rio São Pedro em São
Pedro da Serra, Nova Friburgo/RJ a partir de análises de solo, rocha e produção de
mapas gerando um diagnóstico de deslizamentos. Para a realização da pesquisa
foram analisados dados cartográficos em escalas diversas e índices pluviométricos
no período de 2006 a 2013. Em campo foi coletado amostras de solo e de rocha que
permitiu descrever os principais tipos litológicos, grau de alteração da rocha,
composição mineralógica, características texturais e assim relacionar com os tipos
de movimentos de massa existentes na bacia do rio São Pedro. Além disso, foram
descritos os movimentos de massa de forma detalhada considerando questões
geológicas (fraturas, foliação e bandamento composicional, e grau de alteração),
geomorfológicas, de uso do solo, declividade e outras características físicas. Por fim,
foi gerado um mapa com as ocorrências de movimentos de massa na região da área
de estudos para conhecer as áreas mais propensas e prevenir maiores danos em
movimentações futuras. As rochas de São Pedro da Serra têm grande presença de
quartzo e feldspatos, com alto grau de intemperismo. No solo há um predomínio das
frações grossas próximo a superfície e as frações finas aparecem mais próximas do
substrato rochoso. Essas características fazem com que a água tenha facilidade de
entrar no sistema e dificuldade de sair, causando a ruptura do material, deflagrando
os movimentos de massa. Em São Pedro da Serra, os movimentos ocorreram
principalmente na Suíte Imbé, em declividade de 30 a 50°, no uso de pasto e em
área de serras isoladas e locais, totalizando 44 escorregamentos.

Palavras-Chave: Movimentos de massa. Região serrana. Condicionantes naturais.


ABSTRACT

ASEVEDO, L. A. Natural conditioning of mass movements in São Pedo da Serra,


Nova Friburgo, RJ. 2014. 150f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Faculdade
de Formação de Professores, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, São
Gonçalo, 2014.

Natural conditioning of mass movements in Nova Friburgo/RJ disaster (2011):


A study of case in São Pedro watershed Mass movements such as landslides occur
regularly in tropical regions for various reasons. Understanding the geology and
geomorphology, soil compositions, declivity and rainfall help us understand the
reasons for their occurrence. The mountainous areas of Brazil has a long history of
landslides, many associated with the loss of lives and property. The object of this
study is to analyze the geological features of the São Pedro da Serra watershed,
Nova Friburgo/RJ.Maps and rainfall data between 2006-13 was used for this study,
soil samples were collected on site to describe the main “litológic” types, degree of
rock change, mineral composition and textures to understand soil movements in the
São Pedro watershed. Furthermore all landslides were listed and analyzed looking at
the local geology such as past fractures, “foliation andstrata composition and degree
of change, geomorphology, land use, declivity and other physical characteristics. A
map was also prepared showing landslide history of the watershed to identify high-
risk areas and where further landslides were likely to occur in the future.São Pedro
da Serra bedrock is made up of quartz and feldspar with a high degree of erosion.
The soil has predominantly deep fractures near the soil surface whilst finer fractures
can be found nearer the rock substrate. This permits surface water to penetrate the
rock bedrock and the difficulty in filtering water promotes its cracking, contributing to
potential landslides. In São Pedro da Serra, 44 landsides can be seen in the Imbé
Suíte, where the slope is between 30 a 50°, especially in areas of pastures and
isolated higher elevations.

Keywords: Landslides. Mountain region. Natural conditions.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Esquema ilustrando o comportamento físico e mecânico de


uma rocha, como resultado da interação entre os de
aspectos petrográficos definidos pela mineralogia, texturas e
estruturas ................................................................................. 26
Figura 2 – Tipologias de movimentos de massa (A) Corridas (flows) e
(B) Queda deBlocos ................................................................. 29
Figura 3 – Tipologias de movimentos de massa. (A) Escorregamentos e
(B) Rastejamento ..................................................................... 30

Figura 4 – Tipos e combinações de encostas. .......................................... 32

Figura 5 – Estatística de vítimas por escorregamento .............................. 36

Figura 6 – Localização dos municípios da Região Serrana mais afetados


38
pelo Mega Desastre .................................................................

Figura 7 – Chegada de massas de ar no litoral ........................................ 39

Figura 8 – Tipologias de movimentos de massa ocorridos em janeiro de


2011 em consequência do Mega Desastre da Região
Serrana (DRM, 2011). (A) Movimento do tipo “Parroca” e (B)
Movimento tipo “Catarina” ........................................................ 40
Figura 9 – Tipologias dos movimentos de massa que ocorreram na
região serrana na madrugada do dia 11 para o dia 12 de
janeiro de 2011. (A) Deslizamento tipo rasteira, (B) Detalhes
de deslizamento tipo rasteira ................................................... 41
Figura 10 – (A) e (B) Visão geral de diferentes movimentos de massa em
área de Floresta vista da RJ 142 em Nova Friburgo – RJ em
2011 ......................................................................................... 42
Figura 11 – (A) e (B) Área de movimento de massa em área Florestada
vista ao longo da RJ 142 no município de Nova Friburgo – RJ 42

Figura 12 – Localização da bacia do Rio São Pedro. Mapa em UTM23S .. 44

Localização da Área de Proteção Ambiental de Macaé de


Figura 13 –
Cima e a disposição da bacia do rio São Pedro. Mapa em
UTM 23S .................................................................................. 45

Figura 14 – Características geomorfológicas dos municípios da Região


Serrana (RJ). Mapa em UTM 23S ........................................... 47

Figura 15 – Domínios geológicos do Estado do Rio de Janeiro ................. 48

Figura16 – Mapa geológico da folha Casemiro de Abreu, destaque da


área do mapa e corte da legenda para melhor visualização. A
figura original está nos anexos. Escala - 1 – 100000 (A e B) . 49
Figura 17 – Representação geológica sobre a fotografia aérea da bacia
do rio São Pedro da Serra ....................................................... 52
Figura 18 – Mapa de solos da Área de Proteção Ambiental de Macaé de
Cima ........................................................................................ 53
Figura 19 – Total de precipitação mensurado nas estações pluviométricas
de Piller e Gaudinópolis entre 1952 e 2012 ............................. 54

Figura 20 – Estação Automatizada Meteorológica THIES TLZ-MET .......... 55

Figura 21 – Precipitação mensal média da estação convencional (2006-


2013) e Normal Climatológica (1961-1990) ............................. 56
Figura 22 – Histórico da total pluviosidade da região de São Pedro da
Serra dos anos de 2006 a 2013 ............................................... 57
Figura 23 – Distribuição total e média da precipitação mensal de 2006 a
2013 ......................................................................................... 57
Figura 24 – Localização das cicatrizes de movimentos de Massa na bacia
do rio São Pedro ...................................................................... 65
Figura 25 – Localização dos pontos de movimentos de massa
sobrepostas ao mapa de uso do solo da bacia do rio São
Pedro ........................................................................................ 66

Figura 26 – Hidrografia e altimetria da Bacia do rio São Pedro .................. 68

Figura 27 – Movimentos de massa sobre os domínios geomorfológicos


da bacia do rio São Pedro ........................................................ 69
Figura 28 – Distribuição dos pontos de movimentos de massa e a
declividade do terreno .............................................................. 70
Figura 29 – Localização dos pontos de movimentos de massa e a rede
de drenagem ............................................................................ 71
Figura 30 – Cicatriz do movimento de massa do Ponto 1 ........................... 77

Figura 31 – Localização da cicatriz do ponto 1 ........................................... 78

Figura 32 – Perfil de solo do ponto 1 com 160 cm de profundidade e 4


horizontes ................................................................................. 79

Figura 33 – Triângulo textural das amostras de solo do ponto 1 ................ 80

Figura 34 – Amostra de rocha do ponto 1 ................................................... 80

Figura 35 – Difratograma de raios X da amostra do ponto 1....................... 81

Figura 36 – Fotomicrografias da amostra do ponto 1. Luz transmitida com


zoom de 5 vezes ...................................................................... 81

Figura 37 – Cicatriz do ponto 2 ................................................................... 82

Figura 38 – Localização da cicatriz do ponto 2 e seu contexto na bacia do


rio São Pedro ........................................................................... 82

Figura 39– Perfil de solo do ponto 2 com 160 cm e 4 horizontes .............. 84

Figura 40 – Triângulo textural a partir de análise de granulometria do


ponto 2 ..................................................................................... 85

Figura 41 – Amostra de rocha do ponto 2 ................................................... 85

Figura 42 – Difratograma de raios X da amostra do ponto 2 ...................... 86

Figura 43 – Fotomicrografias da amostra do ponto 2. Luz transmitida em


zoom de 5 vezes ...................................................................... 86

Figura 44 – Cicatriz de movimento de massa do ponto 3 ........................... 87

Figura 45 – Localização do ponto 3 e seu contexto na bacia do rio São


Pedro ........................................................................................ 87
Figura 46 – Perfil de solo da cicatriz do ponto 3 com 150 cm e 3
horizontes ................................................................................. 89

Figura 47 – Triângulo textural das amostras de solo do ponto 3 ................ 90

Figura 48 – Amostra de rocha do ponto 3 ................................................... 90

Figura 49 – Difratograma de raios X da amostra do ponto 3 ...................... 91

Figura 50 – Fotomicrografias da amostra do ponto 3. Luz transmitida em


zoom de 5 vezes ...................................................................... 91
Figura 51 – Cicatriz do movimento de massa do ponto 4 ........................... 92

Figura 52 – Localização da cicatriz do movimento de massa do ponto 4 ... 92

Figura 53 – Fratruramento da rocha nas proximidades das áreas de


movimentos de massa ............................................................. 93
Figura 54 – Perfil de solo da cicatriz do ponto 4 com 120 cm de
espessura e 3 horizontes ......................................................... 94

Figura 55 – Triângulo textural das amostras de solo do ponto 4 ................ 94

Figura 56 – Amostra de rocha do ponto 4 ................................................... 95

Figura 57 – Difratometria de raios X da amostra do ponto 4 ...................... 95

Figura 58 – Fotomicrografias da amostra do ponto 4. Luz transmitida em


zoom de 5 vezes ...................................................................... 96

Figura 59 – Cicatriz do ponto 5 ................................................................... 97

Figura 60 – Localização do ponto 5 e seu contexto na bacia do rio São


Pedro ....................................................................................... 97
Figura 61 – Perfil de solo com 100 cm e 2 horizontes referentes a cicatriz
do ponto 5 ................................................................................ 99

Figura 62 – Triângulo textural do ponto 5 ................................................... 100

Figura 63 – Amostra de rocha do ponto 5 ................................................... 100

Figura 64 – Difratometria de raios x da amostra do ponto 5 ....................... 101

Figura 65 – Fotomicrografia da amostra do ponto 5. Luz transmitida em


zoom de 5 vezes ...................................................................... 101

Figura 66 – Cicatriz de movimentos de massa do ponto 6 ......................... 102

Figura 67 – Localização da cicatriz do ponto 6 e seu contexto na bacia do


rio São Pedro ........................................................................... 102
Figura 68 – Perfil de solo com 190 cm com 2 horizontes referentes a
cicatriz do ponto 6 .................................................................... 104

Figura 69 – Triângulo textural do solo do ponto 6 ....................................... 105

Figura 70– Amostra de rocha do ponto 6 ................................................... 105

Figura 71 – Difratometria de raios X da amostra do ponto 6 ...................... 106


Figura 72 – Fotomicrografias da amostra do ponto 6 ................................. 106

Figura 73 – Cicatriz de movimento de massa do ponto 7 ........................... 107

Figura 74 – Localização da cicatriz do ponto 7 e seu contexto na bacia do


rio São Pedro ........................................................................... 107

Figura 75 – Perfil de solo de 160 cm e 3 horizontes referentes ao ponto 7 109

Figura 76 – Triângulo textural do solo do ponto 7 ....................................... 109

Figura 77 – Amostra de rocha coletada da cicatriz do ponto 7 ................... 110

Figura 78 – Difratogramas de raio x da amostra do ponto 7 ....................... 110

Figura 79 – Fotomicrografia da amostra do ponto 7. Luz transmitida em


zoom de 5 vezes ...................................................................... 111

Figura 80 – Cicatriz do movimento de massa do ponto 8 ........................... 112

Figura 81 – Localização do ponto 8 e seu contexto na bacia do rio São


Pedro ........................................................................................ 112
Figura 82 – Perfil de solo com 160 cm e 4 horizontes referentes ao ponto
8 ............................................................................................... 114

Figura 83 – Triângulo textural do solo do ponto 8 ....................................... 114

Figura 84 – Amostra de rocha do ponto 8 ................................................... 115

Figura 85 – Difratograma de raios x da amostra do ponto 8 ....................... 115

Figura 86 – Fotomicrografia da amostra do ponto 8. Luz transmitida em


zoom de 5 vezes ...................................................................... 116

Figura 87 – Cicatriz do movimento de massa do ponto 9 ........................... 117

Figura 88 – Localização do ponto 9 e seu contexto na bacia do rio São


Pedro ........................................................................................ 117
Figura 89 – Perfil de solo com 100cm e 2 horizontes referentes ao ponto
9 ............................................................................................... 119

Figura 90 – Triângulo textural do solo do ponto 9 ....................................... 119

Figura 91 – Amostra de rocha do ponto 9 ................................................... 120

Figura 92 – Difratometria de raios X da amostra referente ao ponto 9 ...... 120


Figura 93 – Fotomicrografia da amostra do ponto 9. Luz transmitida em
zoom de 5 vezes ...................................................................... 121

Figura 94 – Cicatriz de movimento de massa do ponto 10 ......................... 122

Figura 95 – Localização do ponto 10 e seu contexto na bacia do rio São


Pedro ........................................................................................ 122
Figura 96 – Perfil de solo de 160 cm e 4 horizontes referentes ao ponto
10 ............................................................................................. 124

Figura 97 – Triângulo textural do solo do ponto 10 ..................................... 124

Figura 98 – Amostra de rocha da cicatriz do ponto 10 ................................ 125

Figura 99 – Difratometria de raios X da amostra do ponto 10 de coleta ..... 125

Figura 100 – Fotomicrografia da amostra do ponto 7. Luz transmitida em


zoom de 5 vezes ...................................................................... 126
Figura 101 – Mapa de áreas suscetíveis aos movimentos de massa em
São Pedro da Serra ................................................................. 127

Figura 102 – Difratogramas de raios X de todas as amostras ...................... 128


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação de Intensidade de Chuva de acordo com a


GeoRio ..................................................................................... 56
Tabela 2 – Índice de altura pluviométricaem 24 horas de 2006 a 2013 na
bacia do rio São Pedro ............................................................. 58
Tabela 3 – Quantidade de eventos por volume de chuvas no período de
2006 a 2013 ............................................................................. 59
Tabela 4 – Quantidade de chuvas por intensidade em números
absolutos e porcentagem no período de 2009 a 2013 ............. 59
Tabela 5 – Quantidade mensal de chuvas por intensidade de chuva de
outubro de 2009 a setembro de 2013 de acordo com os
parâmetros da Geo-Rio ............................................................ 60

Tabela 6 – Distribuição das classes de uso do solo .................................. 67

Tabela 7 – Número de cicatrizes por classe de uso do solo ...................... 67

Tabela 8 – Número de pontos de movimentos de massa para cada


classe de declividade ............................................................... 70
Tabela 9 – Características gerais dos pontos de movimentos de massa
observa,dos em campo na bacia do rio São Pedro ................. 72

Tabela 10 – (Dados gerais sobre o ponto 1 ................................................. 78

Tabela 11 – Dados de análise de campo e laboratório do ponto 2 .............. 83

Tabela 12 – Informações das análises de campo e laboratório do ponto 3 . 88

Tabela 13 – Informações das análises de campo e laboratório do ponto 4 . 93

Tabela 14 – Informações de análises de campo e laboratório do ponto 5 .. 98

Tabela 15 – Informações das análises de campo e laboratório do ponto 6 . 103

Tabela 16 – Informações resultantes das análises de campo e laboratório


do ponto 7 ................................................................................ 108

Tabela 17 – Resultado de análises de campo e laboratório do ponto 8 ..... 113

Tabela 18 – Resultados das análises de campo e laboratório de material


do ponto 9 ................................................................................ 118

Tabela 19 – Resultados das análises de campo e de laboratório do


material do ponto 10 ................................................................ 123
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................ 19

1 OBJETIVO GERAL ................................................................................ 24

1.1 Objetivos específicos............................................................................ 24

2 EMBASAMENTO TEÓRICO .................................................................. 25

2.1 Ciclo das rochas e petrografia ............................................................ 25

2.2 Movimentos de massa .......................................................................... 27

2.2.1 Tipologias de movimentos de massa ...................................................... 28

2.2.2 Correlação entre precipitação e movimentos de massa ......................... 32

2.2.3 Correlação entre aspectos geológicos e movimentos de massa............. 33

2.2.4 Histórico de ocorrências de movimentos de massa................................ 35

3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDOS..................................... 43

3.1 Localização ............................................................................................ 43

3.2 Histórico da ocupação de São Pedro da Serra .................................. 46

3.3 Caracterização geomorfológica, pedológica e geológica.................. 46

3.4 Caracterização climatológica e pluviométrica.................................... 53

4 METODOLOGIA...................................................................................... 61

4.1 Petrografia.............................................................................................. 61

4.2 Análise de solos..................................................................................... 62

4.3 Mapeamento e classificação de movimentos de massa.................... 63

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................ 65

5.1 Mapeamento e classificação dos movimentos de massa.................. 65

5.1.1 Pontos de Coleta..................................................................................... 77


5.2 Definição de áreas suscetíveis............................................................ 126

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................... 128

CONCLUSÕES ....................................................................................... 132

REFERÊNCIAS ...................................................................................... 134

ANEXO - Tabelas de granulometria .................................................... 139


19

INTRODUÇÃO

O tema desta pesquisa consiste na análise da paisagem e suas feições


características em uma área rural onde se pratica agricultura, pecuária e atividades
turísticas, e que ao longo dos anos vem sofrendo danos resultantes de movimentos
de massa. O estudo contou com a análise da geologia local juntamente com
materiais cartográficos existentes que dão suporte para a análise de características
físicas nas sub-bacias contidas na bacia do rio São Pedro.
A caracterização geológica da Região Serrana Fluminense foi descrita por
Rosier entre 1950 e 1960 (ApudTupinambá et al., 2012) elaborando o primeiro
modelo de evolução tectônica do interior fluminense. Sobre a geração
neoproterozoica para gnaisses e granitos da Serra do Mar, pode-se citar o trabalho
de Delhal et al. (1969). Os primeiros mapeamentos geológicos regionais surgiram
entre 1970 e 1980(HEILBRON et al. 1995). Assim, as características geológicas são
compostas por gnaisses granitóides, paragnaisses e granitos (TUPINAMBÁ et al.
2012).
Os estudos dos fenômenos a partir da teoria sistêmica e da abordagem da
paisagem afeta conclusões sobre a autoria/responsabilidade destes uma vez que a
linearidade no pensamento considerando um único fator para a ocorrência de alguns
eventos é comumente dito.
Um evento que é rodeado de mitos a respeito de suas causas são os
movimentos de massa. Dentre os motivos são citados exclusivamente a declividade
ou a “ocupação inadequada da população”.
Os movimentos de massa são eventos comuns no meio ambiente, uma vez
que estes fazem parte do processo de erosão na natureza. Esses movimentos
podem acontecer em todas as vertentes e em diferentes velocidades, podendo ter
um caráter lento quase que imperceptível ou veloz e brusco.
Souza (1996) afirma ainda que há diversos elementos desencadeadores dos
movimentos de massa são chamados de agentes efetivos, onde nele está incluída a
ação antrópica, agentes predisponentes e condicionantes naturais.
Movimentos de massa pode ser consequência de condicionantes geológicos
e geomorfológicos que atuaram no passado e que em alguns casos ainda ocorrem
20

(SOUZA, 2009) como, por exemplo, as falhas, fraturas, foliação, bandamento,


descontinuidade do solo e morfologia de encostas (RODRIGUES. 2013).
O novo paradigma da ciência consolidado pela Teoria Geral dos Sistemas
defende a não linearidade e a aleatoriedade dos eventos. Essa tendência de
pensamento leva a reflexão do papel de eventos catastróficos na paisagem,
trazendo uma importância raramente discutida e em alguns casos encarado como
um evento de reajuste do sistema ambiental.
Ao falar de não-linearidade e aleatoriedade os eventos extremos e/ou
catastróficos são lembrados e apontados a sua importância na manutenção e ajuste
de um dado sistema ambiental (WOLMAN e MILLER, 1974). Esse tipo de evento
trabalha em conjunto com os demais de média e baixa intensidade, tendo cada um
seu papel fundamental dentro do contexto geomorfológico, estes possuem um efeito
nítido na produção das formas do relevo. Embora seja cientificamente comprovado
há ainda grande dificuldade por parte da sociedade em compreender que eventos
extremos são “naturais” e fundamentais para a manutenção do sistema. Tal
dificuldade é proveniente da falta de monitoramento de diversas espécies e
dificuldades em relação a própria escala temporal se comparar o tempo de
existência do homem (capaz de observar e registrar as dinâmicas das paisagens)
com a idade do planeta Terra sabendo-se que a erosão existe desde o processo de
gênese do universo.
Os eventos catastróficos são tão raros que em comparação com transporte de
sedimentos, por exemplo, são suplantados por eventos de menores proporções
(pequenos e moderados). Um exemplo aleatório a respeito de magnitude e
frequência são os movimentos das dunas no Egito, que são realizados por ventos de
menor velocidade, causando mais mudança do que os ventos de tempestades de
areia (de maior velocidade).
Eventos pluviométricos de grande volume podem ser considerados
“catastróficos” por movimentar grandes volumes de sedimentos, porém os de
magnitude e frequência moderada são, ao longo de um período maior, capazes de
movimentar volume igual ou superior. Assim, para amplas movimentações e
escorregamento ao longo dos vales, os eventos de grandes magnitudes tem sua
importância e nem sempre são os mais significantes em termos erosivos.
Cada compartimento da paisagem possui suas particularidades com seus
sistemas e subsistemas próprios. Embora um mesmo evento ocorra em diversos
21

lugares eles podem possuir diferentes fatores que impulsionam a sua ocorrência em
função das particularidades de cada sistema. Essa afirmação pode ser aplicada aos
movimentos de massa. Para uma melhor compreensão das causas de um dado
evento, a estrutura da paisagem deve ser investigada para assim conhecer melhor a
sua essência. Uma análise estrutural permite conhecer a combinação de elementos
que forma um sistema e a sua organização (RODRIGUEZ, 2010). A estrutura da
paisagem reflete a organização sistêmica de seus elementos funcionais e as
regulações que determinam a sua essência, sua morfologia e sua integridade. Ainda
segundo Rodriguez (2010), a estrutura é um elemento relativamente estável e
inerente à sua organização como sistema.
A formação da paisagem engloba muitos outros fatores dentro de quesitos
como gênese. A ação de fatores formativos da paisagem é diferente para cada
sistema. Além das variedades de fatores componentes, cada um tem a sua
magnitude e frequência de atuação. Assim, a possibilidade de combinações pode
ser infinita dentro e fora do planeta Terra, parecendo ser impossível e surpreendente
a possibilidade de haver um sistema exatamente idêntico ao outro.
O imenso leque de possibilidades de sistemas gera uma crítica a modelagem
formatada de sistemas ambientais. As Unidades da paisagem podem ser
identificadas por diferentes variáveis físicas e pelas transformações históricas da
dinâmica do uso da terra, em determinada unidade. As definições das Unidades da
Paisagem aparecem de forma arbitrária, não havendo limites próprios para a
ordenação dos fenômenos (GUERRA e MARÇAL, 2013).
A importância da abordagem geológica para estudos de movimentos de
massa se dá, pois a paisagem sofre a ação da dinâmica interna, que criam o relevo,
e está sob a ação de diferentes agentes geológicos, como a água, o vento e os
organismos vivos, que a modelam. A paisagem é o resultado desse somatório de
processos no tempo.
Para entender um evento há a necessidade de conhecer os principais fatores
que o influencia. Para o estudo de movimentos de massa, essa abordagem
sistêmica dentro da ciência geográfica quebra o mito de que há uma única causa
para um tipo de evento, como por exemplo, ocupação de uma encosta ser
insistentemente apontada como causa trivial de escorregamentos.
A análise da estrutura permite uma visualização do comportamento funcional
dos elementos componentes da paisagem esclarecendo as suas funções naturais e
22

sociais. Para compreender os fatores até aqui enumerados há a necessidade de


conhecer a sua gênese. Esta possui um grande significado a respeito dos passos
que uma determinada porção da paisagem segue.
A configuração de um determinado relevo pode possuir diversos fatores de
influência, mas o principal está diretamente ligado à gênese. A gênese possui
importância por ser o início da dinâmica da paisagem. Esta é uma manifestação das
formas complexas do movimento da matéria que existe na natureza e na sociedade,
a partir dela ocorrem processos como a biogênese, pedogênese e a geogênese
(RODRIGUEZ, 2010). Dessa forma, a gênese é o estopim do processo evolutivo da
paisagem.
O processo evolutivo da paisagem é balizado pelos componentes genéticos,
assim a sua configuração será fruto de uma integração mútua e simultânea. A ação
de cada elemento componente da gênese, funcionando em conjunto, ou seja,
sistemicamente, promoverá uma influência sobre determinada superfície. Um
exemplo bastante claro dessa relação pode ser observado nos processos de
pedogênese onde as composições de material parental, clima, relevo, organismos e
pedogênese anterior, que podem ser considerados genéticos, são extremamente
importantes na compreensão de uma dada tipologia de solo.
A ocorrência de movimento de massa se considerado um sistema deve ter
sérias relações e atenção a sua gênese, principalmente no que diz respeito a
geologia. Tal relação quebra paradigmas sobre a responsabilidade da causa tais
eventos. Essa quebra é uma característica esperada do pensamento sistêmico, uma
causa única e incisiva para eventos naturais.
Falar de gênese, principalmente de geologia é, consequentemente,
considerar o tempo. Este é uma condição necessária para o efeito na formação e
funcionamento da paisagem, ou seja, sua gênese propriamente dita como fenômeno
(RODRIGUEZ, 2010). Quanto os fatores de formação atuam de forma permanente
compõe uma unidade natural que se controla pelas funções de cada um destes
fatores em uma determinada medida de suas magnitudes.
Para o estudo de movimentos de massa, além de conhecer as condições
climáticas e o uso e ocupação do solo, é necessário um estudo da geologia local,
desde a sua gênese e estrutura para uma avaliação evolutiva de modo que permita
a compreensão do funcionamento de um dado sistema de em uma dada porção da
paisagem.
23

Muitos autores como Martini et al. (2006) afirmam que não há uma
metodologia ideal que se aplique ao estudo de movimentos de massa mas existem
algumas orientações que podem ser utilizadas. Assim, para compor a pesquisa é
utilizada uma metodologia que avalie o histórico do local com levantamento de
movimentos de massa anteriores com a associação de magnitude, tempo de
ocorrência e fatores condicionantes, isto é, avaliação de características físicas,
compondo dessa forma uma análise multicritério.
Os critérios de análise envolvem uma avaliação em campo baseada nos
escorregamentos que ocorreram identificando as características dos movimentos
existentes bem como os possíveis fatores causadores de tais eventos, de modo que
possa compor um diagnóstico da região.
O diagnóstico baseado em mapeamentos compõe a análise multicriterial uma
vez que possibilita identificar que parâmetro possui maior influência, além de
possibilitar conhecer as tendências da região para este tipo de evento. Dessa forma,
é considerado toda a composição de características de uso do solo, geologia,
geomorfologia, pedologia e declividade.
A apreciação estatística também compõe a metodologia. Através dela é
analisada a distribuição de movimentos sobre as diferentes abordagens
cartográficas traçando assim as tendências dos eventos em questão. Esta
abordagem também contempla o estudo de pluviometria, uma vez que a base de
análise será a geração de gráficos e observação de padrões de chuva bem como
identificar momentos de anormalidades que podem fazer parte do processo de
ruptura das encostas.
24

1 OBJETIVO GERAL

O estudo tem como objetivo principal identificar as características litológicas e


condicionantes geológicos que influenciam nos movimentos de massa e a
transformações da paisagem na bacia do rio São Pedro, no distrito de São Pedro da
Serra, Nova Friburgo (RJ).

1.1 Objetivos específicos

Como objetivos específicos de estudos propõem-se:


• Descrever os principais tipos litológicos que ocorrem nos pontos de
deslizamento da área de estudo e sua relação com os movimentos de
massa considerando as relações com a pedologia, o relevo e o controle
geomorfológico e geológico (fraturas, foliação e bandeamento
composicional, e grau de alteração);
• Gerar um inventário com informações de cada movimento de massa que
ocorreram na área de estudos;
• Elaborar mapa com a distribuição das ocorrências de movimentos de
massa na área de estudosapontando as áreas mais propensas a tal
evento para gerar subsídios para um mapa de susceptibilidade.
25

2 EMBASAMENTO TEÓRICO

2.1 Ciclo das rochas e petrografia

As rochas, comparadas a escala humana, parecem indestrutíveis, porém


estão em constante construção e transformação. James Hutton propôs o conceito de
ciclo geológico, que considera as relações entre as partes internas e externas da
Terra, considerando um processo cíclico, gerando assim diferentes tipo de rochas
(CARNEIRO et al., 2009). O ciclo das rochas relaciona a sedimentação, o
afundamento, a deformação, o félsico, grua e o intemperismo. Através dele são
formadas as rochas magmáticas/ sedimentares, ígneas e metamórficas.
As rochas são aglomerados de um ou mais minerais porém todo o processo
de formação dependem de um conjunto de características do ambiente como a
Pressão, temperatura, chave de composição. Isso varia de acordo com a região do
planeta em que a rocha é formada. Para conhecer a composição das rochas é
necessário um estudo petrográfico.
O estudo da petrografia consiste em analisar a aparência, origem, estrutura e
história das rochas, especialmente para rochas metamórficas. Este braço a geologia
consiste em descrever e caracterizar rochas cristalinas através de um microscópio
de luz polarizada permitindo observar transformações químicas e físicas nas
partículas das rochas.
A petrografia, segundo Navarro (2002) agrupa as rochas genericamente em
três categorias: composição mineral, textura e estrutura. Dessa forma, este conjunto
de características responde pelo comportamento físico e mecânico do solo (Figura
1).
26

Figura 1- Esquema ilustrando o comportamento físico e mecânico de


uma rocha, como resultado da interação entre os de
aspectos petrográficos definidos pela mineralogia, texturas e
estruturas

Fonte: Modificado de NAVARRO, 2002.

A análise petrográfica é feita através de observação de seções finas das


rochas em um microscópio, mostrando como os minerais que a compõe estão
associados. Para isto é necessária atenção aos caracteres visíveis seja em luz
natural ou em luz polarizada. Para esta análise, os corpos transparentes são
divididos em:
• Corpos Isotropic ou monorrefringentes, em que a luz se propaga com uma
velocidade independente da direção. Neles, a índice de refração é igual em
todas as direções. Pertencem a este grupo os minerais amorfos e o
cristalizado no sistema regular.
• Corpos anisotrópicos ou birrefrigentes, em que a velocidade da luz é neles e
sua direção da função de propagação de índice de refração varia de acordo
com a direção. Sistemas de cristalização, exceto o sistema regular de cristal
mineral são birrefringentes.
Rochas sedimentares, metamórficas e ígneas terão características
específicas ao microscópio.
27

2.2 Movimentos de massa

Os movimentos de massa são eventos comuns no meio ambiente, uma vez


que estes fazem parte do processo de erosão natural. Esses movimentos podem
acontecer em todas as vertentes e em diferentes velocidades, podendo ter um
caráter lento quase que imperceptível ou veloz e brusco.
Em áreas tropicais como no Brasil, é comum a ocorrência de movimentos de
massa havendo uma grande suscetibilidade considerando condições climáticas,
pedológicas, geológicas e geomorfológicas. A UFSC (2011) aponta como causa de
movimentos de massa a elevada pluviosidade, declividade, fatores antrópicos,
retirada de vegetação, corte de taludes, corte de estradas, aterros e construção de
edifícios em encostas.
Souza (1996) afirma ainda que os elementos desencadeadores dos
movimentos de massa são chamados de agentes efetivos, onde nele está incluída a
ação antrópica.
Existe uma tipologia de agentes efetivos que podem ser chamados
preparatórios, que agem de forma direta como a pluviosidade, erosão pela água ou
vento, variação de temperatura, dissolução química e oscilação do lençol freático.
Tais agentes também podem ser efetivos imediatos onde agem a precipitação
intensa, a erosão, o vento e a ação antrópica (GUIDICINI e NIEBLE, 1976).
Para o Carvalho et al. (2007), existem ainda os agentes predisponentes que
se trata do conjunto de características físicas e naturais, podendo ser dividido em
complexo geológico-geomorfológico que considera o comportamento das rochas,
espessura do solo em função da maior ou menor resistência da rocha ao
intemperismo e perfil e complexo hidrológico-climático relacionando ao intemperismo
físico-químico e físico.
Deve ser ainda considerado outros condicionantes naturais de grande
importância as características intrínsecas dos maciços naturais a cobertura vegetal,
a ação das águaspluviais, ou seja, dinâmica de lençóis freáticos, forças de
percolação, saturação, distribuição temporal da chuva e processos de alteração da
rocha e de erosão do material alterado
28

2.2.1 Tipologias de movimentos de massa

Diversas são as tipologias de movimentos de massa, porém para o presente


trabalho destacam-se os deslizamentos nas encostas, pois foi o que se observou na
área de estudos.
Os deslizamentos são “movimentos rápidos, com limites laterais e
profundidade bem definidos” ocorrendo principalmente em um embasamento
saturado de água (FERNANDES et al., 2001) O deslizamento de encostas tem como
fator desencadeador a inclinação de vertentes, quantidade e frequência das
precipitações, a presença ou não da vegetação, consolidação do material além da
interferência da ação humana que por muitas vezes pode acelerar os deslizamentos,
através da utilização irracional de áreas acidentadas (GUIMARÃES et al., 2008)
Dentre as tipologias de deslizamentos, existem alguns subtipos descritos por
Fernandes e Amaral (2008) os quais podem ser observados nos tópicos abaixo -
• Corridas (flows): Causada pela concentração excessiva de água nos
fluxos superficiais, estes são movimentos rápidos que se comportam
como fluidos altamente viscosos (Figura 2A). Este movimento possui
muitas superfícies de deslocamento com velocidades que variam de
média a alta. O material movimentado tem uma textura viscosa e é
composto por rochas, solo, detritos e água, todos em grande volume. A
área deste tipo de movimento é extenso mesmo em regiões planas,
com grande raio de alcance.
• Queda de Blocos - Estes são movimentos relacionados a quedas e/ou
lascas de rochas em função da força da gravidade. É muito comum em
encostas muito íngremes de paredões rochosos, o que facilita a queda
livre causada por descontinuidades na rocha como, por exemplo,
fraturas provenientes de intemperismo químico e físico (GUIDICINI e
NIEBLE, 1976)(Figura 2B).
29

Figura 2 - Tipologias de movimentos de massa (A) Corridas (flows) e (B) Queda de


Blocos

B
A
Fonte: CUNHA et al., 1991.

• Escorregamentos - São movimentos ligeiros, porém bem definidos no


que se diz respeito ao plano de ruptura, uma vez que este pode ser
determinado sem maiores problemas, permitindo ainda distinguir
materiais movimentados e não movimentados. Sua superfície de
ruptura possui forma planar, a qual acompanha, de modo geral,
descontinuidades mecânicas e/ou hidrológicas existente no interior do
material (FERNANDES e AMARAL, 2008). Podem ainda ser divididos
em escorregamentos translacionais (landslides) e rotacionais (slumps).
Os escorregamentos translacionais, na grande maioria das vezes,
ocorrem durante períodos de intensa precipitação, pois a dinâmica
hidrológica nestes movimentos possui um caráter subsuperficial raso e
as rupturas tendem a ocorrer rapidamente, devido ao aumento do poro-
pressão positivo durante eventos pluviométricos de alta intensidade ou
duração. Consequentemente, tanto as características morfológicas da
encosta quanto as propriedades hidráulicas dos materiais envolvidos
assumem papel de destaque como fatores condicionantes da geração
dos escorregamentos translacionais. São os tipos mais comuns em
regiões tropicais úmidas (WOLLE e CARVALHO, 1994)tal qual a Serra
30

do Mar, principalmente nos trechos alto e médio das vertentes, suas


cicatrizes apresentam larguras reduzidas (10 a 15m), comprimentos
longos e rasos, com espessuras variadas. Estes são a classe mais
recorrente. Os escorregamentos estão associados às condições de
fluxo de água, resistência do solo e perfis de permeabilidade (SOUZA,
2014) (Figura 3A). Os movimentos rotacionais possuem uma superfície
de ruptura curva, côncava para cima, ao longo do qual ocorre o
movimento, também chamados de movimentos circulares.

• Rastejamento (creep):Este se trata de um movimento lento com


velocidade centimétrica. Não possui uma região de ruptura bem
definido. O rastejo pode ser percebido através da inclinação de cercas,
árvores e outros elementos fixos (FERNANDES, 2001) (Figura 3B).

Figura 3 - Tipologias de movimentos de massa. (A) Escorregamentos e (B)


Rastejamento

A B
Fonte: CUNHA et al.,1991.

Condicionantes geológicos e Geomorfológicos


31

Os movimentos citados anteriormente acontecem por consequência de


condicionantes geológicos e geomorfológicos que atuaram no passado e que em
alguns casos ainda ocorrem tais quais:

• Falhas - São rupturas e deslocamento na continuidade das camadas


que apresentam certo grau de rigidez por conta de movimentos
tectônicos, sendo classificadas principalmente como verticais, inversa
ou anormale inclinada de arrastamento.
• Fraturas - Também chamada de diáclase são aberturas que aparecem
no corpo de uma rocha por conta de esforços tectônicos tendo direções
variadas e aparecem com mais frequências nas rochas ígneas e
metamórficas.
• Foliação e Bandeamento Composicional -Influi diretamente na
estabilidade da encosta em locais com rochas metamórficas, onde este
adentra ao interior da encosta.

• Descontinuidade do Solo - é o deslocamento de uma faixa de solo que


afeta na distribuição do poro-pressão e gera mudanças mineralógicas
no interior da encosta, afetando assim a sua estabilidade. Este
condicionante,pode gerar escorregamentos em suas diversas
tipologias.

• Morfologia da encosta - Este tem relação com a forma e inclinação da


encosta, que pode ser côncava, convexa ou retilínea, podendo ainda
apresentar combinações. A forma define o sentido do fluxo superficial e
do material deslocado (Figura 4). Quando convexas são divergentes e
quando côncavas são convergentes.
32

Figura 4 - Tipos e combinações de encostas

Fonte: PARSONS, 1988.

• Posição da encosta: Há ainda relação da ocorrência de movimentos de


massa com a posição na encosta. Cada tipo de movimento possui uma
posição em que ocorrerá preferencialmente. Os escorregamentos, por
exemplo, ocorrem principalmente em fundo de vale, ou seja, na porção mais
baixa das encostas.

2.2.2 Correlação entre precipitação e movimentos de massa

A água é um importante fator de estudo de movimentos de massa, uma vez


que esta somada aos elementos do solo como a composição granulométrica e
porosidade podem resultar em diferentes resultados, que podem ou não favorecer
tais movimentações.
Um dos fatores relacionados à água é a capacidade de umedecer e saturar o
solo tornando-o fluido, gerando assim instabilidade de taludes e encostas
provocando então os movimentos de massa.
33

A chuva é uma das principais fontes de inserção de água no sistema. Dessa


forma, a avaliação do caráter pluviométricos da área de estudos colabora para a
averiguação a sua participação no desencadeamento das movimentações de
massa.
Embora a ocorrência de movimentos de massa possua inúmeros fatores
causadores, a chuva tem uma ligação muito forte em ambientes tropicais, como é o
caso do Brasil.
Marcelino et al.(2006) afirma que nos últimos anos houve um aumento na
intensidade e na quantidade de eventos ligados a quantidade e intensidade de
chuvas. Neste caso são considerados inundações e movimentos de massa.
A precipitação é um agente variável, mas que possui ligação direta com o
processo de morfogênese. A erosividade do solo está ligada a energia cinética
resultante da intensidade da chuva (RODRIGUES, 2013). As chuvas prolongadas
promovem a saturação do solo que por sua vez causa a perda de coesão entre as
partículas e a resistência à erosão (SILVA, 2008).

2.2.3 Correlação entre aspectos geológicos e movimentos de massa

A geologia tem um importante papel como condicionante de movimentos de


massa. As principais características que influencia tal evento são: a litologia, as
propriedades internas (mineralogia), a estrutura (falhas e fraturas), a permeabilidade
e a capacidade de intemperismo (NERY, 2011). O tipo da rocha e define a sua
resistência ao intemperismo e a capacidade de permeabilização e por isso que
quando há um grau de fraturamento muito alto, há a possibilidade de gerar pontos
de descontinuidade e menor resistência a processos erosivos (SILVA, 2008).
Em relação à declividade, a geologia influencia uma vez que em encostas
íngremes, as águas podem escoar mais rapidamente, a ausência de contato com as
rochas por tempo suficiente para intemperizá-las, transforma-as em regolito. Este
material em pouca quantidade formado em vertentes íngremes, quando atinge
determinadas espessuras críticas para sua estabilidade, desloca-se vertente
abaixopor erosão ou na forma de movimentos de massa (RODRIGUES et al., 2012).
34

Em áreas montanhosas, como é o caso da Região Serrana Fluminense, as


rochas representam o estágio de maturidade de paisagens tropicais com vertentes
íngremes sustentadas por rochas cristalinas, como gnaisses ou granitos. O regolito,
nessas áreas de alta declividade, é sucessivamente deslocado por movimentos de
massa e pelos rios para a base das vertentes, na forma de uma mistura caótica de
blocos de rocha e solo, considerando que este é um evento recorrente. Os
sedimentos são como depósitos não consolidados denominados tálus, um material
ainda inconsistente pode facilmente ser instabilizado, provocando outros
movimentos de massa.
Os blocos de rocha e solo sofrem forças solicitantes de resistentes onde a
primeira induz o movimento das partículas encosta abaixo, paralelo à encosta, e a
segunda se opõe a esse movimento. As principais forças resistentes ao movimento
são a coesão interna entre as partículas e a resistência friccional entre os blocos de
rocha e o solo (SOUZA, 2011).
A ação da água num sistema em conjunto com a geologia age colaborando
para a perda de coesão e consequente ruptura de um material de encosta. O solo
quando seco possui uma instabilidade, porém quando umedecido possui a força de
atração capilar entre os grãos e os poros cheios de água. A água em excesso satura
o solo fazendo-o perder a coesão tornando-se fluido, propensos aos
escorregamentos. A água também pode estar presente em fendas e trincas do solo,
onde a superfície de contato do regolito com a rocha íntegra funciona como um
armazenador da água que não consegue se infiltrar. Essa superfície saturada se
torna fluida perdendo sua coesão deslizando e provocando movimentos de massa.
As características geológicas também influenciam no formato do relevo, fator
que deve ser considerado ao discutir estabilidade de vertentes são a forma das
encostas. Este, em conjunto com a cobertura vegetal e as características dos
diferentes tipos de solos e de rochas, dependendo das condições gerais de
estabilidades de uma encosta, podem iniciar movimentos de massa podem por
abalos sísmicos naturais.
Os aspectos geológicos também têm a sua participação na formação dos
solos como material parental e em muitos casos pode ser um fator desencadeador
de movimentações. A pedogênese e as características geológicas tem a sua relação
estreitada em ambientes tropicais. A formação de solos é mais intensa em climas
mais quentes onde as elevadas temperaturas e as precipitações atmosféricas fazem
35

com que as rochas sejam mais facilmente decompostas e desagregadas. Isso


provoca o intemperismo que por sua vez forma uma espessa capa de material
desagregado e poroso, que contém desde finas partículas até blocos parcialmente
decompostos de rocha, o regolito. Este material é composto por saprolito, a rocha
total ou parcialmente decomposta, e pelo solo propriamente dito.

2.2.4 Histórico de ocorrências de movimentos de massa

Os movimentos de massa representam grande parte dos desastres naturais


no mundo e tende cada vez mais a aumentar o número de vítimas
atingidas(RODRIGUES, 2013).Em ambientes tropicais, como o Brasil, a incidência
de movimentos de massa tem relação com as condições climáticas, geológicas e
geomorfológicas. Áreas como o estado do Rio de Janeiro condições físicas
predominantes e favoráveis aos escorregamentos como uma faixa extensa
escarpada, com declives acentuados, atuação das frentes frias e, portanto, índices
pluviométricos elevados que favorecem a instabilidade das encostas (PINTO et al.,
2012).
Os primeiros relatos de movimentos de massa no Brasil foram registrados
ainda no período colonial em 1671 nas encostas de Salvador na Bahia.
Estesregistros aumentaram consideravelmente a partir da metade do século XX em
função principalmente, dos avanços técnicos alcançados (PINTO et al., 2012).Outros
eventos catastróficos, em época recente, atingiram a Serra de Caraguatatuba
(1967), a Serra das Araras (1967), a Baixada Santista (1956), a cidade do Rio de
Janeiro (1966 e 1967), a Serra de Maranguape (1974), o Sul de Minas Gerais
(1948), o vale do rio Tubarão, em santa Catarina (1974)(GUIDICINE e NIEBLE,
1976).
Há uma peculiaridade nos eventos envolvendo movimentos de massa no
Brasil. Em Santos-SP (1956), os escorregamentos em encostas foram ocasionados
pelas condições geológicas e pela ação antrópicas somados às chuvas intensas e
prolongadas. Em Tubarão-SC (1974) teve como principal causa as fortes
precipitações, 742 mm em 16 dias de chuvas, onde 251,7 mm caíram em 24 horas
(25/03/1974). Na Serra das Araras e em Caraguatatuba (1967), os movimentos de
36

massa tiveram relação com índices pluviométricos atingiram 420 mm em 18/03/1967


(BIGARELLA et al., 2003).
O Ministério das Cidades divulgou em 2004 dados que possibilita fazer uma
análise temporal de vítimas de escorregamentos desde 1988 (Figura 5).

Figura 5 - Estatística de vítimas por escorregamento

Número de Mortos por deslizamentos no Brasil


1000 876
QUANTIDADE DE PESSOAS

800

600

400 277
228
166 139
200 90 99 89 85 58 68 101 54
34 26 28 64 23 48 32 52 58 61 33 26
0
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
ANO

Fonte: Ministério das Cidades, 2004, Ministério da Integração Nacional, 2011/ 2012.

No Rio de Janeiro é de grande importância ressaltar os movimentos de massa


que ocorreram na vertente sul do maciço da Tijuca em 1988, a cicatriz da Vista
Chinesa (ROCHA-LEÃO, 1997). Em 1996 houve nova ocorrência de deslizamentos
no maciço da Tijuca, na região da baixada de Jacarepaguá 1. A GEORIO (1996)
informou que entre os dias 12 e 13 de fevereiro ocorreu uma chuva de 250 mm/48
horas. A chuva somado a barreira orográfica formada pelo maciço resultou em
132000m³ de volume total mobilizado pelas corridas com velocidades entre 2,8m/s e
5,3m/s.
Outros eventos envolvendo movimentos de massa mais recentes, que
chamaram atenção ocorreram nos municípios de Ilhota e Luiz Alves, Vale do Itajaí,
no Estado de Santa Catarina, em novembro de 2008.
Na região de Cubatão (SP), houve escorregamentos translacionais rasos
influenciados pela dinâmica topográfica (SANTOS et al., 2009). Estes movimentos
são do período de grandes eventos pluviométricos ocorridos em 1985 e 1994.

1
Baixada de Jacarepaguá se trata de uma divisão administrativa da cidade do Rio de Janeiro definido
pelo Instituto Pereira Passos.
37

No estado Rio de Janeiro, é possível citar os casos do Morro do Bumba em


Niterói (2010) (DOURADO et al., 2013), em dezembro de 2009, no município de
Angra dos Reis, com 63 mortes; no município do Rio de janeiro (RJ), em Grumari e
Prainha (PORTO JÚNIOR et al.,2012) relacionado com a caracterização Geológico-
Geotécnica. Esta região possui inúmeras intervenções de infraestrutura em função
da abertura de estradas na década de 70, o que pode estar associado aos eventos.
Em 2011, na região litorânea do estado do Paraná, na Região da Serra da
Prata, sofreu com fortes deslizamentos causando grande destruição (PINTO et al.,
2012). No mesmo ano, a Região Serrana Fluminense teve muitas ocorrências de
movimentos de massa como foi o caso do "Mega Desastre da Região Serrana do
RJ" como foi denominado pelo DRM (2011). Este evento, ocorrido em 11 e 12 de
janeiro de 2011, após intensa chuva e longo período chuvoso desde setembro de
2010 causou diversos tipos de movimentos de massa e consequentemente diversos
danos sociais, econômicos a ambientais em toda Região Serrana do Rio de Janeiro
com cerca de três mil vítimas. A suscetibilidade a movimentos ficou evidente neste
evento. Foram afetados especialmente os municípios de Petrópolis, Teresópolis,
Sumidouro, São José do Vale do Rio Preto, Bom Jardim, Areal e Nova Friburgo,
possuem características geomorfológicas em suas encostas e de fundo de vale que
podem favorecer a ocorrência de movimentos de massa (RAPHAEL, 2012).
A causa primária do “Mega desastre” foi a precipitação atípica concentrada
num curto período de tempo. Na noite do dia 11 de janeiro de 2011 seguindo pela
madrugada do dia 12 de janeiro do mesmo ano, fortes chuvas atingiram a Região
Serrana do Rio de Janeiro. Os principais municípios afetados foram Petrópolis,
Teresópolis e Nova Friburgo, como podem ser observadas na figura 6 abaixo.
38

Figura 6 - Localização dos municípios da Região Serrana mais afetados pelo Mega
Desastre

Fonte: Dourado et al. (2013)

Dentre as ocorrências de movimentos, se destacam os ocorridos no rio Vieira


em Teresópolis, como aborda Rodrigues et al. (2012). No mesmo município houve
escorregamentos no córrego Dantas (ARAÚJO, 2012). Neste trabalho foi avaliado a
hipótese de que a topografia exerce um controle de primeira ordem nos movimentos
de massa.
A região Serrana Fluminense comumente sofre com as mais diversas
tipologias de chuvas, pois a Serra do Mar tem o papel de barreira orográfica
bloqueando os ventos úmidos vindos do litoral, gerando precipitações concentradas
a barlavento.
A entrada de massas de ar provenientes da Zona de Convergência do
Atlântico Sul(ZCAS) (Figura 7) na Região Serrana Fluminense somado ao perfil de
uso e ocupação, umidade antecedente e erosões fluviais e pluviais resultaram nos
deslizamentos e inundações na região (DRM, 2011). Segundo o INPE (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais), em dois dias a estação do INMET (Instituto
39

Nacional de Meteorologia) registrou 166 milímetros de chuvaem Nova Friburgo, mais


de 70% do valor médio histórico para o mês (BANCO MUNDIAL, 2012).

Figura 7 - Chegada de massas de ar no litoral

Fonte: Imagem do satélite GOES12: WV em 11/01/2011 (DRM, 2011)

O relatório do DRM (2011) sobre as chuvas em questão cita algumas


tipologias que foram identificadas no local. São elas:

• Deslizamento na Parroca: Caracterizado por corridas de massa em alta


velocidade foi verificado a movimentação de grandes volumes de material.
Neste caso, “deslizamentos de contato solo/rocha promovem instabilidades
em cotas mais baixas a partir da energia do choque das massas em
movimento” (DRM, 2011) (Figura 8A).

• Deslizamento tipo Catarina: Deslizamento ocorrido em altas velocidades de


escoamento com pequenas espessuras na superfície de ruptura. Esses
deslizamentos são controlados pelo solo residual jovem e pela subida da
poro-pressão na base dos hollows. O movimento ocorre de baixo para cima,
mobilizando a capa do solo maduro e a vegetação (Figura 8B).
40

Figura 8 - Tipologias de movimentos de massa ocorridos em janeiro de 2011 em


consequência do Mega Desastre da Região Serrana (DRM, 2011).
(A) Movimento do tipo “Parroca” e (B) Movimento tipo “Catarina”

A B
Fonte: Dourado et al. (2013).

• Deslizamento tipo Rasteira:também ocorre em alta velocidade de


escoamento causando uma intensa erosão fluvial. Esta tipologia mobiliza
lascas de solo ou lascas de alívio (fraturadas e alteradas) prosseguindo até
a parte alta da encosta (Figura 9).

• Deslizamento tipo vale Suspenso:São movimentos profundos, planares e


com forma circular de pequena abrangência, porém com grande quantidade
de material. Ocorrem em vales ou drenagens fluviais afluentes com desnível
para o vale principal. Há ainda a formação de trincas a medida que ocorre o
entalhamento da drenagem, obedecendo a evolução do relevo
41

Figura 9 - Tipologias dos movimentos de massa que ocorreram na região serrana na


madrugada do dia 11 para o dia 12 de janeiro de 2011. (A) Deslizamento
tipo rasteira, (B) Detalhes de deslizamento tipo rasteira

A B
Fonte: Dourado et al., 2013

No caso específico da área afetada pelo Mega Desastre, o relevo apresenta


encostas com declividades acentuadas e com alta densidade de redes de drenagens
perenes ocupando vales profundos e encaixados, obedecendo a um forte controle
estrutural. Vários setores dessa região apresentam escarpas imponentes geradas a
partir de falhas geológicas originárias de movimentos epirogenéticos pós-cretáceo,
responsáveis pela formação dos horsts da Mantiqueira e serra do Mar e do graben
do vale do rio Paraíba do Sul (ROSS, 1995).
Apesar da maior parte da chuva ter se concentrado na vertente que corre
para o vale do Paraíba, a vertente do Rio Macaé, que engloba a área de estudo do
presente trabalho também foi afetada, havendo muitas áreas atingidas por
movimentos de massa. As imagens seguintes mostram alguns movimentos de
massa ao longo da RJ 142 em área de Floresta (figuras 10 e 11).
42

Figura 10 - (A) e (B) Visão geral de diferentes movimentos de massa tipo


escorregamento em área de Floresta vista da RJ 142 em Nova Friburgo
– RJ em 2011

A B

Figura 11- (A) e (B) Área de movimento de massa tipo escorregamento em área
Florestada vista ao longo da RJ 142 no município de Nova Friburgo –
RJ

A B
43

3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDOS

3.1 Localização

A área de estudo localiza-se na região Serrana Fluminense, no município de


Nova Friburgo, estado do Rio de Janeiro, Brasil.
A Região Serrana Fluminense faz parte da Serra do Mar, uma cadeia
montanhosa da borda atlântica do continente sul-americano. Trata-se de um
conjunto de escarpas festonadas com cerca de 1000 quilômetros desde o estado do
Rio de Janeiro até Santa Catarina. No Rio de Janeiro apresenta-se como um bloco
de falhas inclinadas para nor-noroeste em direção ao rio Paraíba do Sul com
vertentes abruptas voltadas para a Baixada Fluminense (De Almeida, 1998)
Nova Friburgo é um município possui 7 distritos, entre eles São Pedro da
Serra, onde se encontra a bacia hidrográfica aqui trabalhada, a bacia do Rio São
Pedro (figura 12). Neste município existe a na Área de Proteção Ambiental de
Macaé de Cima, uma unidade de conservação de uso sustentável existente desde
2002.
44

Figura 12 - Localização da bacia do Rio São Pedro. Mapa em UTM23S

Fonte: Modificado de IBGE (1985)

A APA de Macaé de Cima, localizada em sua grande parte no município de


Nova Friburgo, abrange também partes dos municípios de Cachoeiras de Macacu e
Silva Jardim e possui cerca de 463,5 km² criado pelo Decreto Estadual nº 31.343 de
5 de junho de 2002 (RIO DE JANEIRO, 2002), sua extensão pode ser observada na
figura 13.
45

Figura 13- Localização da Área de Proteção Ambiental de Macaé de Cima e a


disposição da bacia do rio São Pedro. Mapa em UTM 23S

A APA está localizada entre as coordenadas 744.482m e 762.864m Este e


7.509.840m e 7.525.376m Norte em coordenada UTM no fuso 23S.
São Pedro da Serra é o sétimo distrito de Nova Friburgo e foi criado em 2 de
abril de 1987 pela lei Municipal nº2107, território desmembrado dos distritos de
Amparo e Lumiar. Sua densidade demográfica é baixa, possui cerca de 3000
habitantes, é o distrito com menor quantidade de gente dentre os demais em Nova
Friburgo.
São Pedro da Serra possui uma área total de 64,5 km² e fica a 30 km de
distância do centro de Nova Friburgo. A área de estudos desta pesquisa trata-se da
bacia hidrográfica do rio São Pedro com 23 km², que compõe a grande bacia do rio
Macaé. A área de estudos representa 5% da área da APA de Macaé de Cima.
46

3.2 Histórico de ocupação de São Pedro Da Serra

A ocupação de São Pedro da Serra começou a partir da chegada de alemães


e suíços no município de Nova Friburgo no ano de 1820. Essas pessoas foram
atraídas pelas terras agricultáveis disponibilizadas pelo rei de Portugal D.João VI
(MAYER, 2003). A atividade agrícola está presente até hoje na região sendo
considerada uma das principais atividades econômicas do distrito, juntamente com o
turismo crescente.
A agricultura em São Pedro da Serra tem características produtivas
tradicionais com a prática de técnicas indígenas como o pousio e a coivara. Os
produtos têm fins comerciais, sendo comercializados no CEASA, no próprio distrito
para moradores locais permanentes e sazonais e nas redondezas de Nova Friburgo.
A infraestrutura é ineficaz e isso dificulta o escoamento da produção agrícola
local. Com a lentidão da instalação de linha ferroviária o escoamento da produção
era dificultado, isso influenciou inclusive na chegada energia elétrica (implantada em
meados da década de 1980). As características do relevo também contribuíram para
a falta de infraestrutura por conta da dificuldade de acesso (LIMA, 2007).
Atualmente, São Pedro da Serra passa por um processo de mudança de
atividades econômicas. A chegada de asfaltamento facilita o acesso (NATAL, 2003)
gerando assim mudanças no espaço físico, econômico e sociocultural como
aumento da população e casas construídas, principalmente de veraneio ocupadas
por pessoas interessadas no turismo ecológico, modalidade bastante comum em
áreas com extensa conservação ambiental. Essas mudanças, de acordo com
Pereira (2005) interferem no ordenamento territorial do distrito, pois pode
desarticular a pequena agricultura familiar, voltando o foco para o turismo
substituindo áreas de plantio por casa, pousadas e hotéis (NATAL, 2003).

3.3 Caracterização geomorfológica, pedológica e geológica

A região está inserida na unidade de relevo denominada por Ross (1995)


planalto e serras do Atlântico leste-sudeste, sendo integrante do domínio
47

Morfoclimático dos “Mar de Morros” (AB’SABER, 2003) onde há predominância das


regiões serranas, de morros mamelonares(área de climas tropicais e subtropicais
úmidos – zona da Mata Atlântica sul-oriental) (figura 14).

Figura 14 - Características geomorfológicas dos municípios da Região Serrana


(RJ). Mapa em UTM 23S

Fonte: INEA, 2012.

A Região Serrana Fluminense possui um relevo bastante acidentado com


poucas áreas planas, havendo ainda a possibilidade de ocorrer setores serranos
bem como afloramentos rochosos denominados “pães de açúcar”, ou seja, cumes
arredondados e bastante abruptos geralmente formados por gnaisses.Quanto a
geologia, a origem é Cré-cambriana. A figura 15 apresenta um mapa Geológico do
Rio de Janeiro (DRM, 2006) com os domínios e as falhas.
48

Figura 15 - Domínios geológicos do estado do Rio de Janeiro

Fonte: DRM, 2006.

Na Serra do Mar, os movimentos de massa acontecem com constância ao


longo de falhas e juntas que, em parte, estão relacionadas com a tectônica iniciada
no Jurássico e no Cretáceo, na abertura do Atlântico Sul (RODRIGUES et al., 2012).
O tectonismo distensional Mesozoico foi reativado, durante o Cenozoico, e foi
responsável pela formação de blocos montanhosos controlados por falhas e
depressões tectônicas (grábens e bacias sedimentares) (ALMEIDA, 1976). Assim, a
Serra do Mar corresponde a uma escarpa de falha (ALMEIDA e CARNEIRO,1998).
Na região serrana fluminense, as zonas de cisalhamento rúpteis apresentam caráter
transtracional ou normal (TUPINAMBÁet al., 2012).
A decomposição de rochas cristalinas é favorecida pelas condições climáticas
(tropicais úmidas), além disso, potencializam fortes processos erosivos e
movimentos coletivos de solos, principalmente, na faixa da Serra do Mar e bacia do
rio Paraíba do Sul (RODRIGUES et al., 2012). As características geológicas da
região podem ser observadas na figura 14 abaixo.
49

Figura 16 - Mapa geológico da folha Casemiro de Abreu, destaque da área do mapa


e corte da legenda para melhor visualização. A figura original está nos
anexos. Escala - 1 – 100000 - (A e B)
50

Fonte: CPRM, 2009.

A região da bacia do rio São Pedro é constituída por rochas da Suíte Imbé
(NP_gamma_12im), Suíte Suruí (C_Cortado_2gamma_5susa), Grupo São Fidélis
(NPsfkz) e Depósitos Gravitacionais (Qca).
A Suíte Imbé é composta por biotita-hornblenda-gnaisse porfirítico granítico.
Os feldspatos potássicos são centimétricos, euédricos e se apresentam alinhados
por tectonismo ou fluxo magmático. A textura é do tipo granoblástica a
granolepidoblástica e a composição varia de granitos, granodioritos a tonalitos.
51

Apresentam ainda quartzo, plagioclásio, microclina e biotita como minerais


essenciais (CPRM, 2013).
A Suíte Suruí é composta de granitos de granulação fina (milimétrica)
isotrópico as vezes com estrutura de fluxo. Apresenta composição sienogranítica e
monzogranítica. Localmente apresenta granulação centimétrica e brechas de falhas
nas bordas. Exibe o índice de cor leucocrático, cinza clara esbranquiçada a branca,
maciço, equigranular com biotita e muscovita (CPRM, 2013).
O Grupo São Fidélis é composto por biotita-gnaisse bandado ou homogêneo
com muita intercalação de rochas ricas em silimanita, granada, feldspato, quartzito,
rochas calssilicáticas, meta-ultramáficas, gonditos e ocorrência de sulfetos
disseminados. Os gnaisses bandados são finos, biotíticos, com alternância regular
de bandas milimétricas a centimétricas de tonalidade cinza-claro a cinza-escuro e
contém biotita, quartzo, plagioclásio, microclina, silimanita e granada; kinzigito
composto por granada biotita gnaisse (e, localmente, cordierita), bandado com
intercalações de silimanita-granito gnaisse, quartzito, anfibolito, e rochas
calcissilicáticas; biotita gnaisse homogêneo (CPRM, 2013).
Os depósitos gravitacionais tratam-se de areias e conglomerados polimíticos
as vezes inconsolidados, de espessuras variáveis. Ocorrem como coberturas que se
acumulam preferencialmente nos flancos de encostas íngremes. Apresentam
intensa variação composicional e granulométrica, as vezes incluindo matacões
métricos (CPRM, 2013). As distribuições destas tipologias podem ser observadas na
figura 15.
52

Figura 17 - Representação geológica sobre a fotografia aérea da bacia do rio


São Pedro da Serra

Fonte: Modificado CPRM (2013). Escala 1:100000

A região da bacia do rio São Pedro é composta por LATOSSOLO Vermelho


distrófico húmico e LATOSSOLO Vermelho-Amarelo (INEA, 2010). Esse tipo de solo
é por solos minerais profundos, com horizonte A moderado, horizonte B latossólico
(Bw) e geralmente caráter distrófico e ácido. Possuem ainda pouca diferença entre
seus horizontes, textura argilosa, porosidade e permeabilidade moderadas devido à
estabilidade dos agregados, conferindo-lhes boa capacidade de infiltração e
drenagem. 40% são formadas por CAMBISSOLO Háplico, com solos minerais pouco
desenvolvidos, em estágio incipiente de evolução, apresentando sequência de
horizontes A-Bi-C. Esta classe de solo possui geralmente perfil raso ou pouco
profundo, em relevo ondulado a forte ondulado e montanhoso. São solos não
hidromórficos, moderado a acentuadamente drenados, apresentando na maioria dos
casos baixa saturação em bases, textura média ou argilosa, com argila de atividade
baixa. Os outros 10% são compostos por afloramentos rochosos comuns em
topografias mais acidentadas (INEA, 2010). A figura 18 reproduz as características
de solo da Região da Área de Proteção Ambiental de Macaé de Cima.
53

Figura 18 - Mapa de solos da Área de Proteção Ambiental de Macaé de Cima

Fonte: INEA, 2010

3.4 Caracterização climatológica e pluviométrica

A região está inserida no contexto de clima que varia entre mesotérmico


brando super úmido, possuindo grandes índices de pluviosidade e subsequente
úmido, que ocorre nas regiões menos elevadas. Há um alto índice pluviométrico e
umidade relativa do ar são bastante elevados. O período chuvoso está entre os
meses novembro e março (PEREIRA, 2008).Com o auxilio da estações
pluviométricas de Piller e Gaudinópolis, localizadas dentro da APA, é possivel fazer
um levantamento do total pluviométrico nos ultimos 60 anos (figura 19).
54

Figura 19 - Total de precipitação mensurado nas estações


pluviométricas de Piller e Gaudinópolis entre
1952 e 2012

Piller
Gaudinopolis
4000

3500

3000
Chuva mm

2500

2000

1500

1000

500
1956

1971

1982
1986

1997

2012
1952

1960
1964
1967

1975
1979

1990
1994

2001
2005
2009
Fonte: CPRM, 2012.

Dentre uma das causas das precipitações pode-se citar as barreiras formadas
pelas serras, causando chuvas orográficas de significativa intensidade. Há um
período chuvoso entre os meses de outubro e março, neste período predominam as
chuvas convectivas. A Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) atua na
região e é responsável por parte das ocorrências de precipitações.
A Região de São Pedro da Serra possui um período mais úmido que começa
em novembro e vai até abril onde ocorre o maior índice de chuvas. Há também um
período mais seco que começa no mês de maio até outubro, com menor ocorrência
de chuvas.
Os dados pluviométricos foram adquiridos através da Estação Automatizada
Meteorológica THIES TLZ-MET (figura 20) instalada na região da bacia do rio São
Pedro. Foram analisados dos dados pluviométrico no período de 2006 até 2013.
55

Figura 20 - Estação Automatizada Meteorológica


THIES TLZ-MET

A análise permitiu compreender os eventos chuvosos bem como a umidade


da região para então fazer uma relação com eventos estudados. Foram observados
os índices de precipitação em mm dos anos de 2006 a 2013, para estabelecer um
comportamento de chuvas. Para isso buscou-se fazer análises mensais de cada ano
citado para então observar como os índices de precipitação se apresentavam.
Posteriormente, foram caracterizados os eventos chuvosos quanto à sua intensidade
das chuvas.
A classificação é padronizada e possui como parâmetro para a classificação
da intensidade da chuva a medição em milímetro por hora (mm/h). Para tal, divide-se
o tempo do evento de chuva (T(min)) / 60. O resultado será utilizado como
denominador do valor relacionado a quantidade de chuva (em mm). Posteriormente,
o valor encontrado será utilizado como parâmetro de intensidade do evento de
chuva, dentro das classificações Geo-Rio (Tabelas 1).
56

Tabela 1 - Classificação de Intensidade de Chuva de acordo com a GeoRio


Classificação Geo-Rio
Insignificante < 1,1 mm/h
Leve 1,1 a 5,0 mm/h
Moderada 5,1 a 25 mm/h
Forte 25,1 a 50 mm/h
Muito Forte >50 mm/h

O gráfico (figura 21) representa as médias mensais no período de 2006 a


2013 em colunas e a linha a normal climatológica de 1961 a 1990.

Figura 21 - Precipitação mensal média da estação


convencional (2006-2013) e Normal
Climatológica (1961-1990)
0

50

100
Pluviosidade (mm)

150

200

250

300

Estaçao Convencional
350 Normais Climatologicas

400
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Meses

Os dados representados na figura 22 mostram a média anual de chuvas dos


anos de 2006 a 2013 em São Pedro da Serra.
57

Figura 22 - Histórico da total pluviosidade da região de São


Pedro da Serra dos anos de 2006 a 2013
0

500
Pluviosidade (mm)

1000

1500

2000

2500
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Anos

Fonte – LABGEO.

Para uma análise mais detalhada, os resultados (figura 23) mostram o total de
chuvas mensais do ano de 2006 até 2013.

Figura 23 - Distribuição total e média da precipitação mensal de 2006 a 2013


0

100

200
Pluviosidade (mm)

300

2006
400 2007
2008
2009
2010
500 2011
2012
2013
Media
600
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Meses
58

A tabela 2 representa os índices de intensidade de chuvas de 2006 a 2013 na


bacia do rio São Pedro.

Tabela 2 - Índice de altura pluviométrica em 24 horas de 2006 a 2013 na bacia


Do rio São Pedro
0 - 10 10 - 20 20 - 30 30 - 40 40 - 50
Meses Maior que 50 mm
mm mm mm mm mm
JAN 41 26 16 13 7 14
FEV 23 12 7 1 4 3
MAR 51 21 8 11 4 9
ABR 42 18 9 3 2 3
MAI 38 9 4 3 0 0
JUN 30 9 2 0 0 0
JUL 21 3 1 2 0 0
AGO 36 1 1 0 0 0
SET 35 11 2 1 0 0
OUT 61 16 10 2 4 2
NOV 51 30 16 7 4 12
DEZ 51 23 15 9 3 20
Total 480 179 91 91 28 63

Quanto a frequência de chuvas, os maiores índices de concentração de


chuvas acima de 50mm estão no mês de dezembro, janeiro e novembro
respectivamente. Nesses meses também estão presentes as maiores concentrações
de chuvas de 10 a 20 mm. É importante ressaltar que todos os índices de
intensidade têm um aumento entre os meses de novembro a março, período úmido,
exceto as chuvas de 0 a 10 mm, presentes em todos os meses do ano.
Ao relacionar quantidade de eventos e frequência de chuvas há destaque na
predominância de chuvas de 0 a 10 mm, um percentual de 50,1%, resultado de sua
distribuição ao longo do ano. Outro ponto de atenção são as chuvas de frequência
de 40 a 50 mm que totaliza apenas 3,8% do total. As demais porcentagens em
relação a outras frequências podem ser observadas na tabela 3.
59

Tabela 3 - Quantidade de eventos por volume de chuvas no


período de 2006 a 2013
Total
Volume(mm) %
Eventos
0 –10 408 53,88
10 - 20 179 23,61
20 - 30 91 12,01
30 - 40 52 6,80
40 - 50 28 3,70
Total 758 100

A intensidade das chuvas ao longo dos meses do ano é registrada de 2009 a


2013. A quantidade em números absolutos e em porcentagem pode ser observado
na tabela 4.

Tabela 4 - Quantidade de chuvas por intensidade em


números absolutos e porcentagem no período de
2009 a 2013
INTENSIDADE TOTAL %
Insignificante 0 0
Leve 4009 92,4
Moderada 309 7,1
Forte 20 0,4
Muito Forte 4 0,1
Total 4342 100

As chuvas leves representam 92,4% do total, 7,1% possui intensidade


moderada. As chuvas fortes e muito fortes representam 0,5% do total conforme os
dados obtidos através da estação automatizada THIES (Tabela 5).
60

Tabela 5 - Quantidade mensal de chuvas por intensidade de chuva de


outubro de 2009 a setembro de 2013 de acordo com os
parâmetros da Geo-Rio
MUITO
MESES INSIGNIFICANTE LEVE MODERADA FORTE
FORTE
JAN 0 431 52 2 0
FEV 0 139 22 1 2
MAR 0 594 44 1 0
ABR 0 317 27 1 0
MAI 0 323 9 1 1
JUN 0 201 6 0 0
JUL 0 278 3 2 0
AGO 0 232 7 0 0
SET 0 214 3 0 0
OUT 0 272 22 2 0
NOV 0 478 45 2 0
DEZ 0 530 69 8 1
Total 0 4009 309 20 4

As chuvas leves e as moderadas acontecem em todos os meses do ano,


intensificando-se a partir do mês de novembro até janeiro. Chuvas forte e muito forte
possui um baixo índice e as raras ocorrências são principalmente no mês de
dezembro.
O período chuvoso começa em outubro/novembro. As chuvas leves ocorrem
ao longo de todo ano, porém a sua frequência aumenta também neste período. Além
disso, começam a ocorrer chuvas de intensidades maiores, como as moderadas,
fortes e algumas, muito fortes.
61

4 METODOLOGIA

Para a realização da pesquisa, a metodologia utilizada dividiu-se em três


etapas: levantamento bibliográfico, visitas às ocorrências de movimentos e análises
em laboratório e gabinete.
Os trabalhos de campo consistem em visitas a área de estudos que permite
uma observação mais próxima do objeto. Para compreender o contexto de cada
cicatriz com material coletado foi observado características tais quais o as
coordenadas geográficas, tamanho da encosta, comprimento e largura do
movimento, tipo de uso o qual o mesmo se insere, domínio geológico, direção do
movimento, altitude, tipo de movimento, tipo de porção da encosta (convexa ou
côncava) e mineralogia. Esses dados compõe a ficha de cada ponto.
Para a análise em laboratório foram coletadas amostras de rocha e de solo de
dez pontos. Essas cicatrizes foram escolhidas pelos movimentos de massa por
terem ocorrido de forma isolada, isto é, em condicionantes naturais sem serem
influenciados por corte de estrada, próximo de uma construção civil ou outra
atividade que faça qualquer modificação estrutural no relevo.

4.1 Petrografia

Para a descrição das tipologias litológicas e correlação com a ocorrência de


movimentos de massa, foram coletadas amostras de rocha em encostas onde há o
registro de tais eventos. Com este material foram confeccionadas lâminas delgadas
de rocha não alterada para descrição no microscópio petrográfico.
As lâminas delgadas foram confeccionadas no setor de laminação do
Departamento de Geologia na UFRJ. O processo conta com o corte da rocha em
fatias seguido de um polimento em prato de ferro fundido com abrasivo 180 e 600
em seguida para que então sejam coladas numa lâmina de vidro e seladas. Esse
material sofreu um desgaste em um disco diamantado acentuando a transparência
do vidro. Logo em seguida mais um polimento é feito para que se possa observar os
espectros de cor do mineral guia (quartzo).
62

As lâminas delgadas foram descritas no microscópio petrográfico de luz


transmitida no microscópio Zeiss do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM)e
permitiu a observação de minerais translúcidos e transparentes através da luz
refletida. Durante a observação das amostras foram descritas a composição
mineralógica, grau de alteração dos minerais, textura e porosidade da rocha.
A composição mineralógica das amostras também foi determinada através de
Difratometria de Raios X no CETEM.Para cada amostra de rocha, foi retirado um
pedaço e macerado para análises.
Os difratogramas foram obtidos em um equipamento Bruker-AXS D4
Endeavor, nas seguintes condições de operação: radiação CoKα (40 kV/40 mA);
velocidade do goniômetro de 0,02° 2Ø por passo com tempo de contagem de 0,5
segundos por passo e coletados de 5 a 80º 2Ø, com detector sensível à posição
Lynxeye. As interpretações qualitativas de espectro foram efetuadas por
comparação com padrões contidos no banco de dados PDF02 (ICDD,2006) em
software Bruker DiffracPlus.

4.2 Análise de solos

Foram abertos perfis nos dez pontos e descritos de forma expedita onde os
horizontes foram individualizados de acordo com a coloração, textura e
granulometria.
Para cada um deles foram retiradas amostras para análise de granulometria
em laboratório. Nesta etapa foi utilizado o método da Pipeta (EMBRAPA, 1997). Este
método baseia-se na velocidade de queda das partículas que compõe o solo. É feito
a partir do tempo para o deslocamento vertical na suspensão do solo com água,
após a adição de um dispersante químico (hidróxido de sódio ou calgon). A partir
disso, é pipetado um volume de suspensão. Para determinação da argila que seca
em estufa é pesada. As frações grossas (areia fina e areia grossa) são separadas
por tamisação, secas em estufa e pesadas para obtenção dos respectivos
percentuais. O silte corresponde ao complemento dos percentuais para 100%; é
obtido por diferenças das frações em relação à amostra original.
63

Cálculos:
• % Areia Grossa: peso da areia grossa (g) x 5 x F;
• % Areia Fina: peso da areia fina (g) x 5 x F;
• % Argila: peso da argila (g) - dispersante x 100 x F
• % Silte: 100- (% da areia + % da argila)

Valor do dispersante: 0,01;Valor de F: pesar 20 g de TFSA e levar para secar


na estufa por uma hora;Pesar TFSA após estufa;Dividir 20 g pelo peso que der após
estufa. O valor alcançado é equivalente ao de F.

4.3 Mapeamento e classificação de movimentos de massa

Ainda em campo,para a geração de uma malha de cicatrizes, foi utilizado o


GPS Promark, onde em cada movimento foi adotado um período de 20 minutos por
ponto para que o aparelho capte os satélites em órbita gerando assim o par de
coordenadas de localização.
Além da coleta, os movimentos de massa foram classificados de acordo com
o tamanho da cicatriz, tipologia do movimento de massa e possível mecanismo
desencadeador. Tal classificação permitiu construir um banco de dados no Sistema
de Informações Geográficas (SIG).
A parte de processamento de dados, feita em gabinete foi executada no
software ArcGis9.3.
As localizações das cicatrizes foramcoletadas do GPS onde os dados
planimétricos (x e y) e altimétricos (z) com precisão de 8 metros foram recolhidos e
transformados em tabelas. Essematerialfoi transformado em uma malha de pontos
onde é possível editar e incrementar com demais informações em ambiente SIG.
Para cada ponto foram inseridas feições de acordo com as convenções cartográficas
vigentes e além da classificação citada anteriormente a respeito do tamanho de
cada cicatriz, tipologia de movimento de massa e possível mecanismo indutor.
Para melhor contextualização das cicatrizes mapeadas, foram utilizadas
fotografias aéreas ortorretificadas de 2006 fornecidas pelo IBGE com escala de
1:25000.
64

Para o mapeamento de áreas suscetíveis, foram observadas as classes do


mapeamento temático as quais mais há incidência de escorregamentos. Dentre
temas como grupos geológicos, uso do solo, declividade e geomorfologia, devido a
maior ocorrência de escorregamentos foram escolhidos área da Suíte Imbé, campo
limpo (pasto), inclinações de 30 a 50° e serras isoladas e locais. A união de classes
num só mapa mostra as áreas onde mais ocorreu movimentações.
65

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A metodologia geossistêmica proporciona uma visão global em que permite


aplicá-la em diferentes escalas, buscando assim entender o funcionamento dos
ambientes e interações. Partindo dessa premissa, são apresentados os resultados
do cumprimento de parte dos objetivos específicos anteriormente propostos.

5.1 Mapeamento e classificação dos movimentos de massa

Foram estudados 43 pontos de ocorrências de movimentos de massa


analisados, distribuídos por toda bacia (figura 24). O estudo indicou que os
movimentos estavam em condições naturais e maioria deles encontrava-se ou sob o
domínio de florestas ou sob uso de campo limpo (pastagem) (figura 25).

Figura 24 - Localização das cicatrizes de movimentos de Massa na bacia do


rio São Pedro
66

Figura 25 - Localização dos pontos de movimentos de massa observados em


campo sobrepostas ao mapa de uso do solo da bacia do rio São Pedro

O ambiente de floresta é dominante e a tendência é manter-se assim, pois a


área de estudos está num contexto de área de Proteção Ambiental. Quanto à área
urbana, aparece em pequena quantidade e reflete o baixo contingente populacional
do local. Classes como “Agricultura” e “Pousio” no mapa de uso do solo de São
Pedro da Serra fazem parte do mesmo contexto econômico agrícola da região. A
área classificada como Campo Limpo refere-se a áreas de pasto e usos
semelhantes.
Ao analisar o mapa de uso do solo apresentado pode-se observar que existe
a ocorrência de deslizamentos sobre área florestada, fato este devido a este uso ser
dominante na bacia. Quanto as áreas de agricultura foram identificadas 4 cicatrizes
e 4 na área de pousio. Para as áreas de campo limpo, correspondente aos pastos e
demais usos com vegetação menor, foram encontrados 10 pontos dos quais 7 foram
analisados em laboratório. Nas classes de área urbana e afloramentos rochosos
foram identificados apenas um ponto movimento de massa cada. A porcentagem de
cada uso pode ser vista na tabela 7 e a tabela 8 mostra a quantidade de movimentos
em cada tipo de uso.
67

Tabela 6 - Distribuição das classes de uso do solo


Porcentagem
Uso Área (km²)
(%)
Floresta 15,95 64,03
Agricultura 2,81 11,28
Campo limpo 2,77 11,12
Pousio 1,97 7,91
Pequeno Núcleo
0,89 3,57
Urbano
Afloramento Rochoso 0,52 2,09
Total 24,91 100

Tabela 7 - Número de cicatrizes por classe de uso do solo


Percentagem
Uso Quantidade
%
Floresta 23 53,51
Campo Limpo 10 23,20
Agricultura 4 9,30
Pousio 4 9,30
Pequeno Núcleo Urbano 1 2,30
Afloramento Rochoso 1 2,30
Total 43 100

A sub-bacia do rio São Pedro possui um revelo bastante acidentado (figura


26), com altitudes de até 1540 metros. Devido aos condicionantes geológicos e
evolução tectônica, foram formadas as feições tais quais se observa hoje em dia,
como as escarpas serranas, faz com que a área de estudo apresente também além
de um relevo acidentado, diversas feições com presença de falhas e fraturamentos.
68

Figura 26 - Hidrografia e altimetria da Bacia do rio São Pedro

Os domínios geomorfológicos presentes são as serras escarpadas, serras


isoladas e locais e os morros. Dentro deste domínio, os movimentos de massa
ocorrem a maioria nas serras isoladas e locais totalizando 33 pontos sobre esta
classe e 10 em área de serras escarpadas (Figura 27).
69

Figura 27 - Movimentos de massa sobre os domínios geomorfológicos da bacia


do rio São Pedro

A área de estudos é uma região montanhosa com morros e serras locais e


isoladas. Neste tipo de relevo são comuns as declividades acentuadas. Este fato é
comprovado com o mapa de declividade onde é possível observar as inclinações de
até 60°, comum em áreas na Serra do Mar (Figura 28). A tabela 9 mostra a
distribuição de pontos por intervalo de declividade.
70

Figura 28 – Distribuição dos pontos de movimentos de massa e a declividade


do terreno

Tabela 8 - Número de pontos de movimentos de massa para


cada classe de declividade
Declividade Quantidade
Até 10° 0
10° a 15° 5
15° a 20° 5
20° a 25° 4
25° a 30° 4
30° a35° 5
35° a 40° 7
40°a 45° 9
45° a 50° 2
50° -55° 1
55° - 60° 1
Total 43

É importante destacar que a maioria dos pontos encontrados está próximo a


rede de drenagem e partindo desta observação, vale ressaltar que uma das causas
71

da movimentação próxima de rios é a perda de coesão e consequente ruptura de um


material de encosta por conta da presença de água. Quando o material é
encharcado, no entanto, a força de atração capilar entre os grãos e os poros cheios
de água torna os elementos granulométricos do solo passível de serem modificados.
Se, no entanto, for acrescentado excesso de água, tais elementos ficam saturados e
perdem a coesão tornando-se fluidos. Merece destaque então, o aumento do poro
pressão positiva, por conta do preenchimento dos poros do solo pela presença de
água e/ou fluidos. A figura 27 mostra localização dos 43 pontos e a sua
relação/proximidade com a rede de drenagem.

Figura 29 - Localização dos pontos de movimentos de massa e a rede de


drenagem

Nos levantamentos de campo, foram observados cada movimento


individualmente. De todas as tipologias existentes, as mais recorrentes são os
escorregamentos translacionais. A tabela 10 possui um diagnóstico com
características de cada um dos 44 pontos visitados e analisados. Nesta tabela, é
possível observar dados de localização, tipologia e classificação do movimento de
massa e elementos da paisagem o qual a cicatriz se insere.
Tabela 9 - Características gerais dos pontos de movimentos de massa observados em campo na bacia do rio São Pedro
Elemento da
Coordenadas Classificação do Classificação do
Ponto Coordenada Este Paisagem Tipo de uso Declividade
Norte Movimento (1) Movimento (2)
(Posição)
Iniciação em alta
Movimento encosta
28°
1 7530600,32 773582,767 translacional em Escorregamento condicionada por Pousio
contato solo-rocha junto de alívio de
tensão
Movimento
2 7530669,1 773709,27 translacional em Escorregamento Corte de estrada Agricultura 42°
contato solo-rocha
Movimento
3 7530715,353 773797,836 translacional em Escorregamento Corte de estrada Agricultura 44°
contato solo-rocha
Movimento
4 7530503,38 774056,512 translacional em Escorregamento Corte de estrada Floresta 24°
contato solo-rocha
Movimento
5 7530413,93 774163,19 translacional em Escorregamento Corte de estrada Floresta 27º
contato solo-rocha
Desmoronamento
de barranco
6 7530395,097 774276,476 Debris-Flow Corte de estrada Floresta 45°
(pequeno fluxo de
detritos)
Movimento
7 7530378,544 774273,716 translacional em Escorregamento Corte de estrada Agricultura 37°
contato solo-rocha
Movimento
8 7530194,8 774437,566 translacional em Escorregamento Corte de estrada Agricultura 37°
contato solo-rocha
Movimento
9 7529668,5 774050,916 translacional em Escorregamento Corte de estrada Agricultura 16°
contato solo-rocha
Movimento Iniciada em alta
10 7529580,634 774061,6 translacional em Escorregamento encosta Agricultura 17°
contato solo-rocha condicionada por
73

Elemento da
Coordenadas Classificação do Classificação do
Ponto Coordenada Este Paisagem Tipo de uso Declividade
Norte Movimento (1) Movimento (2)
(Posição)
junto de alívio de
tensão

Movimento
11 7529438,266 773763,96 translacional em Escorregamento Corte de estrada Agricultura 14°
contato solo-rocha
Movimento
12 7529432,289 773748,3 translacional em Escorregamento Corte de estrada Pousio 43°
contato solo-rocha
Movimento
13 7529429,7 773748,917 translacional em Escorregamento Corte de estrada Floresta 26°
contato solo-rocha
Movimento
14 7529152,89 772032,955 translacional em Escorregamento Corte de estrada Floresta 44°
contato solo-rocha
Movimento
translacional em
15 7529099,133 771939,388 Escorregamento Corte de estrada Floresta 41°
contato solo-
saprolito
Movimento
translacional em
16 7529040,194 771756,815 Escorregamento Corte de estrada Floresta 14°
contato solo-
saprolito
Desmoronamento
de barranco
17 7529166,385 771670,661 Debris-Flow Corte de estrada Floresta 18°
(pequeno fluxo de
detritos)
Desmoronamento
de barranco
18 7529188,05 771687,95 Debris-Flow Corte de estrada Pasto 22°
(pequeno fluxo de
detritos)
Movimento
19 7528896,735 771677,92 translacional em Escorregamento Corte de estrada Floresta 20°
contato solo-rocha
74

Elemento da
Coordenadas Classificação do Classificação do
Ponto Coordenada Este Paisagem Tipo de uso Declividade
Norte Movimento (1) Movimento (2)
(Posição)
Movimento
20 7528805,374 771397,988 translacional em Escorregamento Corte de estrada Floresta 12°
contato solo-rocha
Movimento
21 7528817,1 771370,83 translacional em Escorregamento Corte de estrada Floresta 15°
contato solo-rocha
Movimento
22 7528911,45 772120,85 translacional em Escorregamento Corte de estrada Floresta 16°
contato solo-rocha
Escorregamento de Iniciada em alta
23 7528710,566 771470,492 Queda de Lascas Floresta 37°
rochas encosta
Iniciada em alta
Movimento
encosta
translacional em Escorregamento +
24 7528644,65 771351,26 condicionada por Floresta 37°
contato solo-rocha queda de rochas
junta de alívio de
e queda de blocos
tensão
Iniciação em alta
Movimento encosta
25 7528900,65 771500,26 translacional em Escorregamento condicionada por Floresta 40°
contato solo-rocha junto de alívio de
tensão
Movimento
translacional em
26 7528633,6 771489,5 Escorregamento Corte de estrada Floresta 36°
contato solo-
saprolito
Iniciação em alta
Movimento encosta
27 7528623,7 771515,6 translacional em Escorregamento condicionada por Floresta 28°
contato solo-rocha junto de alívio de
tensão
Movimento
translacional em
28 7528618,252 771542,7 Escorregamento Corte de estrada Floresta 24°
contato solo-
saprolito
75

Elemento da
Coordenadas Classificação do Classificação do
Ponto Coordenada Este Paisagem Tipo de uso Declividade
Norte Movimento (1) Movimento (2)
(Posição)
Movimento
translacional em
29 7528444,254 771379,8 Escorregamento Corte de estrada Agricultura 36°
contato solo-
saprolito
Movimento
translacional em
30 7528265,983 771224,371 Escorregamento Corte de estrada Pousio 30°
contato solo-
saprolito
Movimento
translacional em
31 7528249,506 771132,425 Escorregamento Corte de estrada Floresta 12°
contato solo-
saprolito
Movimento
translacional em
32 7528255,545 771094,755 Escorregamento Corte de estrada Pousio 12°
contato solo-
saprolito
Movimento
translacional em
33 7528200,548 770870,548 Escorregamento Corte de estrada Pousio 35°
contato solo-
saprolito
Pontos com coleta de material para análise em laboratório
Movimento 43°
1 translacional em Escorregamento Baixa encosta Agricultura
7530100,846 774615,856 contato solo-rocha
Movimento 46°
2 translacional em Escorregamento Média Encosta Floresta
7529966,228 772623,228 contato solo-rocha
Movimento 41°
translacional em
3 Escorregamento Baixa encosta Floresta
contato solo-
7529194,107 772157,114 saprolito
Movimento 41°
4 translacional em Escorregamento Média encosta Campo Limpo
7529205,108 772189,108 contato solo-
76

Elemento da
Coordenadas Classificação do Classificação do
Ponto Coordenada Este Paisagem Tipo de uso Declividade
Norte Movimento (1) Movimento (2)
(Posição)
saprolito

Movimento 33°
5 771282,82 7530338,07 translacional em Escorregamento Alta Encosta Campo Limpo
contato solo-rocha
Movimento 56°
6 769662.79 7527387.05 translacional em Escorregamento Baixa encosta Campo Limpo
contato solo-rocha
Movimento 50°
7 772059.82 7529865.07 translacional em Escorregamento Baixa encosta Campo Limpo
contato solo-rocha
Movimento 35º
translacional em
8 772284.82 7529762.07 Escorregamento Média Encosta Campo Limpo
contato solo-
saprolito
Movimento 34°
9 772461.82 7529613.07 translacional em Escorregamento Alta Encosta Campo Limpo
contato solo-rocha
Movimento 33°
translacional em
10 772410.82 7529689.07 Escorregamento Média Encosta Campo Limpo
contato solo-
saprolito

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