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A Originalidade na Magia do Caos

Wanju Duli| 17 de março de 2012

Por Wanju Duli

“Assim como é em cima, é embaixo, e também no meio”


- P.J. Carroll, “The Octavo”

Quando falamos em Magia do Caos, logo vêm à nossa mente nomes como Austin Osman Spare
e Peter J. Carroll; o primeiro, idealizador dos sigilos e do Alfabeto do Desejo, enquanto o
segundo ocupou-se de elaborar a IOT, uma Ordem particularmente exótica e ousada, tendo
como base sua obra “Liber Null”.

Em Liber Null podemos encontrar excertos como Liber MMM e Liber LUX, que constituem as
primeiras propostas desse sistema, com uma série de exercícios. Somos apresentados à
Caosfera, o Sigilo do Caos, que seria um espelho de escuridão para comunicação entre os
adeptos, segundo as palavras do autor. O termo “Caos” é escolhido, pois vocábulos como
“Deus” ou “Tao” estariam condicionados às impressões mentais previamente atribuídas a tais
expressões.

Nessa mesma obra, Carroll afirma que os Iluminados de Thanateros são os herdeiros mágicos
do Zos Kia Cultus de Spare e da A.’.A.’. de Crowley. Ele inclusive cria um diagrama maluco para
provar isso, demonstrando em que medida diferentes tradições mágicas se conectam a IOT.

Contudo, a ideia não era apenas desenvolver uma nova tradição mágica com a junção de
diferentes elementos previamente existentes, como podemos ver nos seguintes trechos do
autor:

“O intelecto é uma espada, e seu uso é para evitar a identificação com qualquer fenômeno
particular encontrado. As mentes mais poderosas agarram-se ao menor número de princípios
fixos. A única visão clara é do alto da montanha dos seus egos mortos “.

“É um erro considerar qualquer crença mais libertadora que outra. É a possibilidade de mudar
que é importante. Cada nova forma de libertação está destinada a eventualmente se tornar
outra forma de escravidão para a maioria de seus adeptos. Não há liberdade da dualidade
neste plano de existência, mas podemos ao menos aspirar à escolha da dualidade“.

“A energia é liberada quando um indivíduo quebra as regras de condicionamento com algum


ato glorioso de desobediência ou blasfêmia. Essa energia fortalece o espírito e dá coragem
para atos de insurreição“.

A intenção mais profunda de Carroll era desenvolver uma magia que permitisse a mobilidade
de sistemas de crenças, utilizando a crença escolhida somente como uma ferramenta para
atingir determinado objetivo, dando mais ênfase ao resultado do que ao processo em si. Isso
incluiria até uma possibilidade de inversão ou alteração em princípios éticos clássicos, pois,
conforme o próprio autor diz, logo você descobrirá que ideias que nos parecem bizarras,
loucas, extremas, arbitrárias e sem sentido são tão malucas quanto aquelas que antes
julgávamos como razoáveis, sensíveis e humanitárias.

Com o texto “Truque da Mente em Demonologia”, apresentado em Liber Kaos, podemos sentir
essa ideia:

“Liber Boomerang

Um deus ignorado é um demônio nascido.

Pensa você na hipertrofia de alguns egos à custa de outros?

O que é negado ganha poder, e busca formas estranhas e inesperadas de manifestação.

Negue a morte e outras formas de suicídio irão surgir.

Negue o sexo e formas bizarras de sua expressão irá atormentá-lo.

Negue o amor e sentimentalismos absurdos irão incapacitá-lo.

Negue a agressão, apenas para eventualmente fitar a faca ensanguentada em sua mão
trêmula.

Negue medos e desejos honestos apenas para criar neuroses e avareza sem sentido.

Negue o riso e o mundo rirá de você.

Negue a magia apenas para se tornar um robô confuso, inexplicável até para si mesmo

”.

No entanto, isso não significa que os caoístas destroem completamente a noção de


moralidade, como nos relembra Phil Hine, em “Condensed Chaos”:

“Assim, apesar do glamour, os magos do Caos raramente são completamente amorais. Um dos
axiomas básicos da filosofia mágica é que a moralidade cresce de dentro, uma vez que se
começa a conhecer a diferença entre o que você aprendeu a acreditar e o que você quer
acreditar”.

A ideia é quebrar noções pré-estabelecidas para começar a construir seus próprios castelos de
areia nesse terreno fértil; estabelecer os fundamentos de suas ideias acerca da realidade; ou
perceber que simplesmente não necessita de algo assim.

Isso nos recorda um pouco das três metamorfoses do espírito de Nietzsche:

“Qual é este grande dragão a que o espírito já não quer chamar nem senhor, nem Deus? O
nome do grande dragão é ‘Tu deves’. Mas o espírito do leão diz: ‘Eu quero.’”
Inicialmente somos um camelo, que carrega o peso dos valores. Devemos nos converter em
leão para destruí-los. E, finalmente, nos tornarmos crianças para criar.

“Na verdade, irmãos, para jogar o jogo dos criadores é preciso ser uma santa afirmação; o
espírito quer agora a sua própria vontade; tendo perdido o mundo, conquista o seu próprio
mundo”.

Estamos esquentando? Pois bem. Que pegue fogo! Para começarmos a tentar compreender
que é a Magia do Caos, sugiro algumas palavras de meu escritor favorito sobre o tema, o
cavalheiro chamado Ramsey Dukes, Lionel Snell, o Rato que Gira, ou seja lá qual foi o
codinome que esse senhor resolveu adotar dessa vez. Comecemos com SSOTBME (“Sex
Secrets of the Black Magicians Exposed”):

“Magia do Caos é, com efeito, o mais seguro sistema mágico que existe. Paradoxalmente, no
entanto, ganhou uma reputação vermelha e quente por ser a mais perigosa, sinistra e insana
forma da loucura mágica remanescente”.

Quando assumimos a premissa de que “Nada é verdadeiro. Tudo é permitido”, pode ser
realmente assustador. Você precisa lidar com sua imaginação e principalmente com um
verdadeiro terror: sua liberdade.

“Um magista prático não tem interesse nos problemas filosóficos que atormentam o cientista
que pergunta: ‘Tem certeza que foi a sua magia que a curou? Como você sabe que não foi
apenas uma coincidência?’ Tal especulação é irrelevante para o Mago. Ele fez o feitiço, ela foi
curada. Se fosse uma coincidência, não importa contanto que ele possa trazer tais
coincidências “.

Um caoísta está mais preocupado com o resultado prático, as emoções geradas, o chacoalhar
de paradigmas, do que em vestir robes, carregar espadas ou enredar-se em paradoxos
ontológicos. Para isso, ele realiza uma profunda investigação acerca dos processos mágicos,
com a intenção de desvendar os caminhos que o levam a ativar as engrenagens da magia.

Enquanto a magia tradicional possui força pelo peso de seu caráter inveterado, riqueza
cerimonial e alto teor filosófico, o poder da Magia do Caos reside em adaptar sistemas
conforme o gosto, para que a paixão do magista e sua metamorfose paradigmática inflamem
sua vontade e gerem essa carga empírica de transformação.

“Assim, é inútil perguntar a um magista se Deus, anjos ou demônios ‘realmente existem’.


Simplesmente ao dizer as palavras você os fez existir! Pergunte novamente se essas entidades
abstratas podem produzir qualquer efeito no mundo físico, e eles já produziram – eles fizeram
você fazer perguntas “.

Agora, veremos o que Dukes tem a nos dizer em sua obra “BLAST Your Way To Megabuck$
with my SECRET Sex-Power Formula”:

“Nós não podemos acreditar agora na dualidade antiga dos que estão trabalhando para o bem
e dos que estão trabalhando para o mal, porque fazer qualquer mudança é invocar a incerteza.
A nova dualidade é entre aqueles que desejam manter as coisas como estão, e aqueles que
desejam mudá-las”.

“Eu quero ser rico, feliz, sexy, poderoso ….

Ei! Eu descobri essa coisa chamada ‘magia’ que pode torná-lo rico, feliz, sexy, poderoso …

Uau! Estive lendo sobre magia e descobri que é realmente muito simples se tornar rico, feliz,
sexy, poderoso … contanto que você faça uma coisa – você deve se tornar perfeito primeiro.

Então, como você sabe quando se tornou perfeito?

Oh merda. Você sabe que é perfeito quando você já não QUER ser rico, feliz, sexy, poderoso
…”

E, para finalizar, uma frase de Hugo C. St. J. l’Estrange:

“Quando a humanidade irá crescer fora de seu flerte com a ética cristã, e encarar o fato de que
o Grande Princípio Cósmico não é fazer o que é certo e honrado, mas fazer o que é errado com
ESTILO”.

Espere, eu disse “finalizar”? Esse é só o começo. Magia do Caos é muito mais do que brincar de
utilizar vários estilos de magia previamente existentes e misturar tudo para se revoltar contra
a autoridade. Quando você quebra seus conceitos não irá simplesmente preencher o espaço
coletando vários pedaços de conceitos aqui e ali, como se estivesse num buffet em self-
service, selecionando os pratos que lhe parecem mais saborosos para montar o seu.

Você pode até experimentar os diferentes pratos no começo, para aprender os sabores. Mas
em algum momento o caoísta DEVE tornar-se um cozinheiro. Esse é o coração da Magia dos
Caos: ser um verdadeiro chef de sistemas do ocultismo. Pois a Magia do Caos não é somente
um novo sistema, um destruidor de sistemas ou um agregador deles. Antes, é um “sistema
criador de novos sistemas”.

E aqui iremos resgatar alguns excertos do brilhante artigo de Frater Xon, membro da IOT North
America, chamado “O Magista Eclético vs. O Magista do Caos”:

“Qualquer um pode ler um livro de magia e cuspir de volta o que está contido nele. Memorize
gematria e livros de Crowley, e de repente você é um mago Hermético. Leia um livro de
xamanismo, compre um tambor, e de repente você é um místico tribal. Dê algum dinheiro para
as pessoas certas, memorize alguns cânticos e orações, e de repente você é um Santero.
Maldição, vá em frente e leia Spare, desenhe alguns sigilos e puf! Instantaneamente ‘Magista
do Caos’!”

“Estes são todos truques e ilusões mentais inexpressivos. Mesmo um papagaio pode repetir os
sons que ouve sem compreendê-los “.

“O verdadeiro caoísta tem a capacidade de dar à luz coisas novas e incomuns. Eles podem criar
novos sistemas, novos métodos e novos rituais fora do que já foi criado. O verdadeiro caoísta é
essencialmente um artista “.
“Se você não pode criar algo novo para mim, então eu não estou particularmente interessado
em você. Eu não me importo se você memorizou todos os livros de magia do planeta. Eu não
me importo se você está sentado em seu templo realizando rituais pré-fabricadas doze horas
por dia. Se você não consegue pensar numa única coisa nova para me oferecer, o que há de
bom em você? Você é apenas um computador dizendo as mesmas coisas antigas que outras
pessoas já disseram antes”.

“Mas, se você pode criar uma única coisa simples de pura criatividade que funciona, mesmo se
não é a coisa mais incrível do mundo, isso ainda me impressiona muito mais do que todas as
bibliotecas de magia do mundo.

E aqui finalmente concluímos nossa introdução sobre a Magia do Caos, com muitas citações,
refrescos e poderosas frases de efeito, para tentar agradar tanto aos mais tradicionais quanto
àqueles que estão cansados do velho cadáver mágico, já tão desgastado e apodrecido. A Magia
do Caos é uma vertente incrível e muito viva, que está em polvorosa na atualidade, tanto no
cenário nacional quanto internacional, com propostas criativas, inovadoras e extraordinárias.

Há muito a ser dito. E enquanto não demonstramos algumas pitadas de nossos próprios
sistemas, iremos deixá-los com nosso artigo “Desenvolvimento de Sistemas/Paradigmas”, com
a intenção de que você se aborreça com um manual de criação de novos paradigmas que você,
genial magista criador, certamente não necessita.

1. Henrique Monteiro disse:

19 de março de 2012 às 11:55

Se eu quiser construir um carro, mas em vez de juntar as peças feitas de metal, vidro e plástico
e usar gasolina como combustível, o fizer usando pedaços de cartolina e sacos de
supermercado, o “carro” nao funcionará.

Se eu quiser construir um computador, mas em vez de usar chips de silício e fios condutores,
fizer tudo com lascas de madeira e pedaços de papel, a “máquina”
nao funcionará.

No final das contas, o que me parece é que a “magia do caos” é um produto da mentalidade
“faça o que quiser que vai dar certo”. Na minha experiencia, todos os “caoístas” que conheci
são completamente ignorantes a respeita dos princípios teóricos e práticos da magia
tradicional, e mesmo assim em sua ignorância a descartam.
A consequência disso é um “sistema” mal feito, com uma base teórica sem sentido algum (que
pode ser resumida em “faça o que quiser que vai dar certo”) e cujas práticas simplesmente não
produzem resultado.
Gostaria muito de ser refutado com relatos de práticas “caoístas” que produzam resultados de
modo consistente e frequente.

@Wanju – Um carrinho feito de cartolina pode não funcionar para um adulto, mas
funcionará muito bem para uma criança que tem imaginação para inventar os universos de
suas brincadeiras.

Eu respeito a magia tradicional e não a acho pior ou melhor que a Magia do Caos. São
apenas diferentes, efetivas para indivíduos com inclinações diferenciadas.

Magia não se reduz apenas a feitiços, mas consiste numa investigação das causas que te
levaram a ter os desejos. A Magia do Caos analisa o sistema de crenças do indivíduo, tendo
em vista realizar uma alquimia mental. Ao analisar a realidade sob diferentes pontos de
vista, se alcançaria uma compreensão mais abrangente do todo.

Se uma magia te traz felicidade, ela produziu seu resultado.

Responder

o Djaysel Pessôa disse:

19 de março de 2012 às 14:40

Ao que me consta o primeiro insight do caoismo é não prender-se demasiadamente aonde


quer que seja. Para que um paradoxo se posso ter todos? ou nenhum?

No entanto para refutar suas insinuações… como desprezar a possibilidade de andar ao meu
modo justamente por que me dou a liberdade de ser ao meu modo? Só por que meus
estímulos não seguem a liturgia cabalística ou voodoo? para ser um tanto quanto mais
sarcástico… Se posso flutuar por meio da magia cerimonial, o que me impede de escrever no
ar com meus próprios sinais? O fato de te-los como caóticos torna-os menos magia? Se for por
magia, temos a condição de que esta é em suma a intervenção da vontade sobre a realidade,
por que minha vontade tem de seguir fluxos já desgastados… por que é mais fácil?

ah… não seja tolo. Se despreza o caoismo por não ser “cientifico” dentro dos requisitos
ocultos… vc despreza a própria magia.

Se tenho liberdade pra me prender a moldes, tenho a mesma intensidade para livrar-me
destes.

Responder

o Shlomo disse:

19 de março de 2012 às 15:33

Entendo que a questão da “magia do caos” é focar na função e não no objeto. Se eu posso
substituir o objeto carro por um pequeno caiaque ou boia como meio de transporte e o objeto
computador por um ábaco para as operações mais simples, eu poderia usar exatamente esses
materiais que descreveste.

1.

o Daniel disse:

21 de março de 2012 às 14:15

Henrique, você aparentemente não tem nenhuma intimidade com sigilos e servidores, técnicas
tipicamente caoistas e que funcionam.

De qualquer forma, não se trata de “faça o que quiser e vai dar certo”. É mais no sentido de
“desde que dê certo, faça o que quiser”.

Responder

o Denis disse:

19 de abril de 2012 às 12:24

E quem colocaria asas em um carro? Quem o teletransportaria? Quem fária um hibrido de


carro e barco? Quem faria um carro sem rodas? Conhecer a causa e o efeito de tudo que
conhecemos e cria-las para um novo propósito é o puro caos. Criar carros de todas as formas
para depois descobrir que bicicleta é muito mais divertida.

Conhecer e lidar com todas as “ferramentas” existentes não é fácil. Você só vence um
paradigma se o conhecer profundamente, você só altera algo se conhecer profundamente suas
bases.

Responder

2. Djaysel Pessôa disse:

19 de março de 2012 às 14:25

Bem vinda mesmo Wanju! Perfeito, é o que tenho a dizer. Fazia tempo que não me deparava
com algo tão bom e estimulante.

A magia do Caos sempre me fascinou e agora mais do que antes me delicio com as
possibilidades desta.

“Quando a humanidade irá crescer fora de seu flerte com a ética cristã, e encarar o fato de que
o Grande Princípio Cósmico não é fazer o que é certo e honrado, mas fazer o que é errado com
ESTILO.”

Perfeito!

Abraço e seja bem vinda!


Responder

3. Lauro disse:

19 de março de 2012 às 19:34

Certa vez, uma praticante de magia do caos, pertencente a uma ordem caoísta que não vou
citar, disse que a orientaram a fazer a seguinte prática: urinar em um balde, defecar, colocar
junto um pouco de seu sangue e deixar por uma semana num local escuro, após isto passar
esta linda mistura em todo seu corpo…..
Perguntei a ela se sabia o que estava fazendo, qual o objetivo desta prática, e disse que
não…simplesmente que era para despertar energias do lado negro de si mesma…
Bem, pra bom entendedor de magia, o que disse basta…Qualquer cidadão que conhecesse a
fulana saberia que não tem a mínima estrutura para brincar com caos e muito menos
demônios….

Responder

o Daniel disse:

21 de março de 2012 às 14:17

Lauro

Caos não tem absolutamente nada a ver com demônios. A não ser que a pessoa resolva
trabalhar com esse paradigma, o que é tão possível quanto trabalhar com os deuses nórdicos,
por exemplo.

Responder

4. Marcio disse:

20 de março de 2012 às 17:49

Conheça a mentira e ela vos libertará…


Very Good !

Responder

5. Alef disse:

21 de março de 2012 às 13:17

Muito bom.

Trata-se da responsabilidade humana máxima. A desprogramação e contrução “por projetos”.


A Magia do Caos precisa ser melhor compreendida. Acredito que a maioria dos grandes
magistas utilizaram conceitos e colocaram em prática muitos “fundamentos” do que hoje
costoumou-se chamar Magia do Caos. Portanto, se alguém não sabe, é uma tarefa espinhosa
tentar explicar.
Boa sorte.

Responder

6. Guther disse:

21 de março de 2012 às 20:14

Estava sentindo falta da Magia do Chaos!!!!


Realmente é minha forma de magia favorita!
E ao contrario do que foi dito, Magia do Caos tem base sim e muita!
E (para MIM) funciona muito bem! 80% dos meus sigilos deram certo, tive varios servidores
que funcionaram… coincidência? Pode ser !! Desde que haja mais coincidências a meu favor…
E.. Salve Éris!!!
FNORD

Responder

7. Ruiz disse:

22 de março de 2012 às 10:33

Em primeiro lugar gostei bastante do texto e ele parece ter sido feito de boa fé,isso ligado ao
fato de ser uma mulher a escrever sobre esse assunto me assusta de uma maneira muito boa ^
^.Acompanho esse blog desde seu inicio e aprendi a julgar os colunistas mais pela segurança
dos comentários do que o próprio texto em si.Com relação a resposta da criadora do texto
para o Henrique Monteiro,foi sem duvida muito interessante,um nível bem diferente dos
demais.

Vou fazer uma pequena especulação.


Se na magia do caos aspirante dessa versão também deve cultivar a consciência,
vontade,imaginação e reflexão,e uma disciplina(toda disciplina é rígida em si) de quebra de
paradigma,Bem não vejo muita diferença desse sistema para o hermético em si.Já que
acredito na minha ignorância com relação a esse assunto que também seja necessário
bastante tempo e dedicação para conseguir algum nível na realização de desejos utilizando
esse método.Isso tudo me lembra aberturas de xadrez.Para quem não conhece as teorias de
abertura do xadrez, elas poderiam ser dividas em 2 grupos,um grupo que preza o domínio do
centro com os peões e outro busca vigiar as casas centrais com peças a distância.Algumas
aberturas e defesas são chamadas de “irregulares” pois seus conceitos são demasiado
abstratos.Ex:A máxima “um forte centro de peões asfixia o adversário” é encarada na abertura
irregular de maneira inversa:um forte centro de peões deve ser fixado,bombardeado em sua
base e alicerces e todo avanço gera aberturas internas.Bem provavelmente ninguém entendeu
muito me expressei mal com relação a esse assunto,mas resumindo,interessantemente os
jogadores que se aventuram nas aberturas irregulares ou Hipermodernas e conseguem
resultados sólidos interessantemente são aqueles que outrora eram os mais conservadores,e
por isso tornaram seu sistema próprio tão aberto e amplo que centro de peões e peças o
vigiando, são só conceitos que eles manipulam somente afim de conseguir vantagens para o
meio jogo.
Gostaria de fazer só mais uma analogia.Essa divergência entre magia do caos,thelema e magia
mais conservadora,também se assemelha muito na discussão referente a arte clássica,arte
moderna,e a arte contemporânea.Na arte moderna via-se artista buscando algo novo mas com
um forte estudo teórico e pratico sobre o antigo(negar o passado,fazia surgir coisas novas) ,já
na segunda,observava uma serie de artistas colhendo os frutos do modernismo,mas somente
usando a parte menos importante(a negação tornou-se o novo).A abertura dos ideais na arte
foi tamanha que os artistas simplesmente não buscavam mais o passado e a arte agora é tudo
que se faz com fins artísticos.Os “teóricos” desse assunto dizem que a arte de hoje vive e
transita pelos caminhos de todas as épocas sem preconceito,mas eu como estudante percebo
somente a busca pelos caminhos tortos,sem base nos antigos idéias afim de tornar-lhe
interessante(ela se tornou tão bizarra que nem da mais para colocar entre o belo e o feio,
abstrato e mimético).Lhe obrigam a saber tanto sobre as obras que ela acaba não sendo nadas
só idéias sem fundamentos de um Rei sem duvida alguma “nu”,mas que por algum motivo
sobrevive(e por um motivo mais bizarro ninguém grita com força que ele esta nu).
Resumido(pergunto para a autora wanju):Na magia do caos os resultados são realmente mais
rápidos?Ou também é necessário ter um talento inato para ser bom nela?

Mais uma vez grato pelo rico texto.

Responder

8. AD&D disse:

22 de março de 2012 às 16:12

Muito interessante, realmente reforça aquilo de “tal sistema serve pra tal pessoa” afinal ela
desenvolveu aquilo e dai muitos outros seguem e discutem que esse ou aquele é o melhor
sistema, esquecendo a que casa pessoa é única.

Mas isso pra mim não diminui os exercícios feitos no sistema hermético por exemplo, pelo
contrario, trabalhar com imaginação e visualização, concentração de qualquer forma é ótimo,
seja esses exercícios, jogar RPG, meditar.. afinal vai estar se desenvolvendo, mas se agarrar a
um sistema como se só com sua “adaga” consagrada e outros aparatos você vai conseguir
fazer a “mágika” sempre achei muito incongruente e limitado.
(lógico que estou sendo simplista aqui, afinal um aparato mágico esta carregado desta ou
daquela vontade, assim como os rituais e etc. servem para desligar/ocupar o lado lógico do
cérebro. Mas ter que usar disso não deixa de ser uma limitação e se “Agarrar” a um sistema vai
impedir a criação de algo seu).

Responder
9. Rodrigo Tonin disse:

22 de março de 2012 às 21:58

Wanju Duli;

Seria possivel alguma bibliografia que você recomende sobre o assunto?


O texto diz algo sobre livros, memorização deles e toda a pitada ironica, porem acredito que
ter uma base e depois procurar um caminho, um novo conceito, uma desconstrução de velhos
argumentos, etc, é preciso de um certo modo.

Parabens!

E seja Bem Vinda

Responder

10. Katy de Mattos Frisvold disse:

23 de março de 2012 às 16:40

Olá Wanju,

Artigo excelente.
Gostaria de sugerir um tópico para você.
Como Bruxa, foi meio que natural ler Spare e entendê-lo sob a ótica bruxa, feiticeira…
contudo, esta ótica destoa daquela dada pelo Grant (que apresentou e escreveu sobre Spare
de uma ótica Thelêmica), ou a do Peter, que tomou o impulso em Spare para criar seu próprio
sistema. É raro encontrar bruxos que sequer se lembram do legado de Spare, e da mesma
forma, magistas de todas as vertentes parecem ignorar o fato de que Spare era, de fato, um
feiticeiro.
Então minha sugestão seria escrever um pouco sobre quem era, de fato, Spare, e onde Caos e
Bruxaria se encontram e se despedem (além de compartilharem algumas vezes o mesmíssimo
legado).

Um abraço!

Responder

11. tomaschewsky disse:

23 de março de 2012 às 19:39

Por isso acho o ateísmo medíocre. O ateísmo também é uma forma de libertação. Resta o
niilismo ou o magismo, diferentes formas de ver a transformação sobre um prisma diferente.

Responder

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