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UM MOÇO MUITO

BRANCO

Guimarães Rosa
UM MOÇO MUITO BRANCO (CONTO DE
PRIMEIRAS ESTÓRIAS), DE GUIMARÃES
ROSA

Enredo
O conto fala de um moço que apareceu, não se sabe de onde, na Fazenda do Casco, de
Hilário Cordeiro, homem justo e bom que o acolheu. Seu aparecimento ocorreu uma semana
depois que estranhos fenômenos sucederam na comarca de Serro Frio, em Minas Gerais, no
ano de 1872: Dito que um fenômeno luminoso se projetou no espaço, seguido de
estrondos e a terra se abalou, num terremoto que sacudiu os altos, quebrou
e entulhou casas, remexeu vales, matou gente sem conta […].
O moço chegou pela manhã, maltrapilho, e dele o que mais chamou a atenção de todos
foi
a cor da pele: Tão branco; mas não branquicelo, senão que de um branco leve,
semidourado de luz: figurando ter por dentro uma Segunda claridade. O moço filho de
nenhum homem não falava , não ouvia e tinha perdido a memória.
Todos se compadeceram e gostaram dele. Especialmente José Kakende, negro de idéia
conturbada que dizia ter testemunhado uma aparição, nas margens do Rio do Peixe,
na véspera das catástrofes. Só quem, de início, não simpatizou com o moço foi Duarte Dias,
homem de gênio forte, além de maligno e injusto, sobre prepotência […].
Levaram o moço à missa e todos repararam nele. A tudo assistia calado como se
conseguisse, em si, mais saudade que as demais pessoas, saudade inteirada, a salvo do
entendimento. Na saída da missa, surgiu Duarte Dias, com alguns companheiros, requerendo
a custódia do moço, pois julgava que ele era da família dos Rezendes, seus parentes. Mas
Hilário
Cordeiro não concordou, mantendo o moço consigo.
Hilário Cordeiro parecia ter sido recompensado por seu zelo, pois sua vida melhorou: eis
que tudo lhe passou a dar sorte, quer na saúde e paz, em sua casa, seja no assaz
prosperar dos negócios, cabedais e haveres.
O moço também encantou a filha de Duarte, Viviana, moça muito bonita, mas triste. Ele
colocou a palma da mão no seio de Viviana e ela a partir dessa hora, despertou em si um
enfim de alegria, para todo o restante de sua vida, donde um Dom. Mas foi por ocasião
“da missa da Dedicação de Nossa Senhora das Neves e vigília da Transfiguração”, que
Duarte surpreendeu seus conhecidos. Chorando, implorava a custódia do moço, alegando
que por ele sentia uma “fortíssima afeição”. Vendo isso, o moço, claro como o sol, o pegou
pela mão e saiu com ele.
Diz-se que o moço o conduziu a uma grupiara de diamantes ou um panelão de dinheiro.
O certo é que Duarte Dias nunca mais foi o mesmo. Transformou-se num homem “sucinto,
virtuoso e bondoso. O moço desapareceu no dia de Santa Brígida. Conta-se que José
Kakende o ajudou, acendendo nove fogueiras, como o moço determinou. Com a primeira luz
do sol,
o moço se fora, tidas asas”.
UM MOÇO MUITO BRANCO (CONTO DE
PRIMEIRAS ESTÓRIAS), DE GUIMARÃES
ROSA

Contexto Histórico:
A história se passa na Fazenda do Casco, em Serro Frio, Minas Gerais, no ano de
1872.
Uma semana antes da chegada do moço, ocorreram fenômenos estranhos,
incluindo um terremoto e um fenômeno luminoso.
A Chegada do Moço:
O moço apareceu na Fazenda do Casco de Hilário Cordeiro, um homem justo e
bom.
Sua chegada coincidiu com os eventos misteriosos na região.
Descrição do Moço:
Maltrapilho e de origem desconhecida.
A cor de sua pele era notável: branca, mas com um tom leve e semidourado de luz.
Não falava, não ouvia e havia perdido a memória.
Reações dos Moradores:
Todos se compadeceram e gostaram do moço, exceto Duarte Dias, um homem de
gênio forte e injusto.
José Kakende, testemunha de uma aparição prévia, sentiu uma conexão especial
com o moço.
A Relação com Viviana:
O moço encantou a filha de Duarte, Viviana, trazendo alegria à sua vida.
Um toque do moço despertou em Viviana um sentimento de felicidade duradouro.
Conflito com Duarte Dias:
Duarte Dias, inicialmente desconfiado, pediu a custódia do moço, alegando
parentesco.
Hilário Cordeiro recusou, mantendo o moço consigo.
Prosperidade de Hilário Cordeiro:
A vida de Hilário melhorou desde a chegada do moço, com sorte nos negócios e na
saúde.
Desaparecimento do Moço:
O moço desapareceu no dia de Santa Brígida.
Duarte Dias, após implorar pela custódia, foi levado pelo moço para um local
associado a diamantes ou grande riqueza.
Transformação de Duarte Dias:
Duarte Dias, após o encontro com o moço, transformou-se em um homem "sucinto,
virtuoso e bondoso".
Desfecho:
José Kakende ajudou o moço a desaparecer, seguindo suas instruções com nove
fogueiras.
O moço partiu ao amanhecer, "tidas asas", deixando um mistério em sua esteira.
Parte do quadro
Personagens:
1. Hilário Cordeiro.
2. O moço.
3. José Kakende.
4. Duarte Dias.
5. Viviana.
Configuração ou Ambiente:
Fazenda do Casco, comarca de Serro Frio, Minas Gerais, em 1872.
Ponto de Vista ou Narrador:
Terceira pessoa, narrador observador que descreve os eventos.
Conflito:
A disputa pela custódia do moço entre Hilário Cordeiro e Duarte Dias.
Climax:
Duarte Dias, emocionalmente afetado, implora pela custódia do moço durante a missa
da Dedicação de Nossa Senhora das Neves e vigília da Transfiguração.
Desfecho:
O moço, "claro como o sol", leva Duarte para uma possível riqueza, transformando-o em
um homem virtuoso. O moço desaparece no dia de Santa Brígida.
Tema:
Mistério, redenção, solidariedade, transformação, e elementos sobrenaturais.
Tom e Estilo:
Atmosfera misteriosa e sobrenatural; descrições poéticas da aparência do moço.
Tempo:
A história se passa em 1872, mas também menciona eventos específicos, como o dia
de Santa Brígida.
Moralidade ou Lição:
A compaixão e a aceitação podem levar à redenção e transformação. O impacto positivo
de agir com bondade.

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