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FACULDADE DE PIRACANJUBA - FAP

CURSO DE ENFERMAGEM

MARIA MARTINS DA SILVA

PRINCIPAIS PSICOPATOLOGIAS DIAGNOSTICADAS NO


AMBULATORIO DA SECRETARIA MUNICIPAL NA CIDADE DE SÃO
SIMÃO GOIÁS 2021/2.

PIRACANJUBA - GO

2022
MARIA MARTINS DA SILVA

PRINCIPAIS PSICOPATOLOGIAS DIAGNOSTICADAS NO AMBULATORIO


DA SECRETARIA MUNICIPAL NA CIDADE DE SÃO SIMÃO GOIÁS 2021/2

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Banca Examinadora da
Faculdade Piracanjuba - FAP, como
parte dos requisitos para obtenção do
título de Bacharel, Curso de
Enfermagem da Faculdade Piracanjuba -
FAP, sob orientação da Prof.ª Michelle
Meireles Hamilton.

PIRACANJUBA - GO

2022
AGRADECIMENTOS

Agradecendo a todos os professores, que não mediram sacrifícios para transmitir


parte do vasto conhecimento; aos coordenadores, ao gestor municipal de saúde de
Paranaiguara - GO e demais colaboradores que abriram suas portas para a realização da
pesquisa; a toda unidade de saúde pública, que nos oportunizaram nossos estágios, os
meus sinceros agradecimentos.
Aos amigos e familiares que de alguma forma contribuíram para o
desenvolvimento deste trabalho.

Em especial, agradecendo a Deus, pelo auxilio na superação dos vários


obstáculos que inicialmente pareciam intransponíveis, e foram vencidos ao longo da
elaboração deste trabalho.
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, que sempre deu força, coragem,
determinação e o fôlego da vida, para que nós pudéssemos estarmos presentes nesta
caminhada.

As filhas e amigos por tantas vezes suportarem as ausencia e me apoiou o


necessário para seguir até o final.
FOLHA DE APROVAÇÃO

MARIA MARTINS DA SILVA

PRINCIPAIS PSICOPATOLOGIAS DIAGNOSTICADAS NO


AMBULATORIO DA SECRETARIA MUNICIPAL NA CIDADE DE SÃO
SIMÃO GOIÁS 2021/2.

APROVADO EM ________/________/ 2022.

BANCA EXAMINADORA:
RESUMO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo geral levantar as


principais psicopatologias diagnosticadas e tratadas no ambulatório na cidade de São
Simão-Go em 2020/2. A metodologia utilizada na execução da referida pesquisa
baseou-se na pesquisa bibliográfica, qual expõe o histórico da saúde mental, o
surgimento da Psiquiatria no Brasil, a Reforma Psiquiátrica e seus novos modelos de
atenção aos pacientes psiquiátricos, a importância da equipe de enfermagem no
tratamento destas patologias, conjunto de sinais e sintomas das psicopatologias segundo
DSM IV e/ou CID 10; na pesquisa de campo, identificando o município de São Simão e
o Ambulatório da Secretaria Municipal, juntamente com o levantamento das
psicopatologias encontradas nos prontuários; e no método qualiquantitativo. Procuro
com este TCC, contribuir para uma prática coerente e para prosseguimento das
reflexões a partir dos conhecimentos e temas abordados.
Palavras Chaves: psicopatologias, reforma psiquiátrica, São Simão
ABSTRACT

The present Course Completion Work has the general objective of raising the
main psychopathologies diagnosed and treated at the outpatient clinic in the city
of São Simão-Go in 2020/2. The methodology used in the execution of this
research was based on the bibliographic research, which exposes the history of
mental health, the emergence of Psychiatry in Brazil, the Psychiatric Reform
and its new models of care for psychiatric patients, the importance of the
nursing team in treatment of these pathologies, set of signs and symptoms of
psychopathologies according to DSM IV and/or ICD 10; in the field research,
identifying the municipality of São Simão and the Ambulatory of the Municipal
Department, together with the survey of the psychopathologies found in the
medical records; and in the qualitative-quantitative method. With this TCC, I
seek to contribute to a coherent practice and to the continuation of reflections
based on the knowledge and topics covered.

Keywords: psychopathologies, psychiatric reform, São Simão


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

-OMS Organização Mundial de Saúde.

-INPS Instituto Nacional de Previdência Social.

-MTSN Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental.

-DINSAM Divisão Nacional de Saúde Mental.

-SUS Sistema Único de Saúde.

-1ª CNSM 1ª Conferência Nacional de Saúde.

-CAPS Centro de Atenção Psicossosial.

-SRTs Serviços Residenciais Terapêuticos.

CAPSi Centro de Atenção Psicossocial / Criança e Adolescente.

-CAPSad Centro de Atenção Psicossocial /Alcool e Droga.

-ESF Estratégia Saúde da Família.

-DSM IV Manual de Diagnóstico e Estátistica das Pertubaçãoes Mentais.

-CID Classificação Internacional de Doenças.

-TCC Trabalho de Conclusão de Curso.

-UHE Usina Hidréletrica de Energia

-ICMS Impostos Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.

-PABA Gestão de Atenção Básica Ampliada.

-SAMU Serviço de Atendimento Móvel de Urgencia.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Mapa do Município de São Simão
Figura 2 Secretaria Municipal de Saúde
Figura 3 Ambulatório da Secretaria Municipal de Saúde

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Faixa etária de usuários atendidos no serviço ambulatorial em saúde


mental.
Tabela 2 Principais Patologias representadas pelo CID 10 e Sexo
Tabela 3 Classificação das 3 principais patologias identificadas
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................11

CAPÍTULO 1

1 Histórico da Saúde Mental...........................................................................................13

• 1.1 A Psiquiatria Brasil.........................................................................................15

• 1.2 CAPS.................................................................................................................18

• 1.3 O Profissional de Enfermagem na Saúde..........................................................20

CAPÍTULO 2

2. Metodologia............................................................................................................... 24

2.1 Delineamento e Tipo de Estudo...............................................................................24

2.2 Local de Estudo.........................................................................................................28

2.3 Amostra.....................................................................................................................29

2.3.1 Critérios de Inclusão...............................................................................................29

2.3.2 Critérios de Exclusão.............................................................................................29

2.4 Aspectos Éticos da Pesquisa......................................................................................29

2.4.1 Riscos e Benefícios ...............................................................................................29

2.4.2 Garantia de Sigilo..................................................................................................29

2.5 Procedimentos para a Coleta de Dados.....................................................................29

2.6 Análise de Dados.......................................................................................................29

CAPÍTULO 3

3 Identificação do Município..........................................................................................30

3.1 Resultado da Pesquisa...............................................................................................32

CAPÍTULO 4
PALAVRAS FINAIS....................................................................................................37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................39
INTRODUÇÃO

Realizar o TCC foi muito util, pois veio aprofundar nossos conhecimentos
sobre um tema que mesmo sendo as vezes divulgado é pouco esclarecido.
Estas experiências suscitaram as seguintes indagações a respeito das principais
psicopatologias que acometem os pacientes do ambulatório Municipal da Cidade de São
Simão Go: o número de psicopatologias encontrada no referido município está acima da
média esperada; após diagnóstico o tratamento dispensado a estes pacientes é baseado
na reforma psiquiátrica; a equipe de enfermagem é fundamental para este tratamento.
Popularmente á uma tendência em se julgar a sanidade da pessoa de acordo
com seu comportamento, adequação às conveniências sócio-culturais como, por
exemplo, a obediência aos familiares, o sucesso no sistema de produção, a postura
sexual, dentre outros.
Para Ballone (2008) transtorno mental ou transtorno psíquico é qualquer
anormalidade, sofrimento ou comprometimento de ordem psicológica e/ou mental. É a
alteração do funcionamento da mente que prejudica o desempenho da pessoa na vida
familiar, social, pessoal, trabalho, estudos, compreensão de si e dos outros, na
possibilidade de autocrítica, tolerância aos problemas e possibilidade de ter prazer na
vida.
Nos últimos anos mudanças expressivas aconteceram nos atendimentos a
pacientes psiquiátricos, sendo que a nova forma de assistência a esta população foi
observada a partir da reforma psiquiátrica, a qual iniciou-se no final da década de 1970
com uma busca por novas alternativas para o tratamento do doente mental. Estas que se
baseavam no movimento iniciado na Itália, conhecido como Rede de Alternativas à
Psiquiatria, buscou subsídios para confrontar o modelo hospitalar de assistência aos
pacientes psiquiátricos.
Segundo Rocha (2007), no Brasil, a promulgação da Lei nº 10.216/2001 pode
ser considerada um marco no que se refere às novas formas de tratamento oferecidas,
pois a mesma redirecionou o modelo assistencial e criou um novo paradigma em
tratamentos psiquiátricos no país. É a partir deste novo paradigma que se observa de
forma tímida o fechamento de leitos psiquiátricos acompanhados de investimentos na
rede extra-hospitalar com a abertura de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e
residências terapêuticas.
A assistência aos usuários do CAPS é norteada a oferecer aos mesmos maior
convivência com seus familiares, inserção na comunidade, enfim, contribuir para a
autonomia dos pacientes acometidos de transtorno mental.
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi dividido em 3 capítulos. No primeiro
capítulo destina-se a uma reflexão sobre a Reforma Psiquiatra, seu surgimento e as
diferenças no atendimento hospitalocentrico X CAPS.
O segundo capitulo aborda a metodologia utilizada na pesquisa, onde será
ressaltado o local da pesquisa, a seleção da amostra com seus critérios de inclusão e
exclusão da pesquisa e os instrumentos utilizados.
No terceiro capítulo reserva-se aos resultados e discussão da pesquisa, sendo
evidenciados ainda o lócus da pesquisa, finalizando com as considerações finais no
quarto capítulo.
CAPITULO 1

1.1 HISTÓRICO DA SAÚDE MENTAL

A história da psiquiatria acompanha a história da sociedade desde épocas


longínquas, podendo ser percebida em relatos Bíblicos que “Jesus expulsou o demônio
do corpo de um homem que estava cego e mudo por causa do demônio” (Mateus;
12:22).
Os pacientes psiquiátricos eram considerados como pessoas enfeitiçadas, como
demônios, seres possuídos, loucos.
De acordo com Rocha (2007) foi durante a Idade Média que o tratamento aos
doentes mentais foi deixado a cargo dos religiosos e as crendices supersticiosas
floresceram. Os insanos eram flagelados, acorrentados, escorraçados e deixados sem
alimentos na crença de que os demônios poderiam, dessa maneira, ser expulsos.
Segundo essa mesma autora, no século XVII, a doença mental ainda era atribuída a uma
batalha incessante entre Deus e Satã pela posse da alma humana. Afirmava que as
bruxas e os mágicos podiam curar e causar a maioria das doenças. Durante esse período,
as casas de caridade eram uma combinação de prisão e asilo e, dentro de suas paredes,
severas purgações e sangrias eram os processos terapêuticos favoritos, portanto as
camisas de força e o chicote eram aplicados religiosamente pelos carcereiros. Não se
pensava em transtorno mental, ou doença mental, pois toda e qualquer perturbação de
doença mental era tratada como forças exteriores ao homem: maus espíritos, almas
perdidas, deuses, magos, demônios.
Para Lopes (2001, apud Carvalho,2012)) o século XIX, não trouxe avanços no
tratamento dos doentes mentais, as medidas utilizadas para tais tratamentos ocorriam de
forma agressiva e atos de comportamentos corretivos, como: maus tratos físicos,
psíquicos e sociais, sendo usadas naquela época medidas como, máquinas giratórias,
sangrias, banhos frios e chicoteadas e não havendo nenhum tipo de pudor, respeito e
humanização junto às pessoas consideradas loucas.
Percebe-se que o pouco conhecimento científico da época proporcionava aos
pacientes com algum transtorno mental um tratamento com práticas desumanas através
de medidas de contenções radicais, obedecendo às conveniências sócio-culturais
vigentes da época.
Nesta perspectiva, segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais
(2006) nos manicômios ou hospitais psiquiátricos realizava-se então o chamado
“tratamento moral”. A doença do alienado o teria feito perder a distinção entre o bem e
o mal; para ser curado, ele deveria reaprendê-la.
Amarante (2001) afirma que durante este período a desrazão gradativamente
foi perdendo espaço e a alienação ocupou, então, o lugar como critério de distinção do
louco ante a ordem social. Para ele, a caracterização do louco enquanto personagem
representante de risco e periculosidade social inaugura a institucionalização da medicina
e o ordenação do espaço hospitalar por esta categoria profissional.
Contrario ao tratamento por sangria – utilizado na época -, Jean-Baptiste Pussin
fez pesquisas sobre outros tipos de tratamento para tais pacientes; acometido de
escrófula (Tuberculose ganglionar), havia permanecido internado por muitos anos e,
recuperado, decidiu ficar trabalhando no Hospital de Bicêtre, que contava com uma
população de 250 internos. Sensível observador, utilizava sua experiência de quase uma
década como doente internado, para elaborar sua nova forma de tratamento. Valorizava
a bondade e a humanidade, pois havia observado que maltratar os loucos os induzia à
violência e à agressão; entendia que maus-tratos e castigos não poderiam reverter as
idéias afetadas e afastava de suas funções os atendentes que não cumprissem essa
norma. Em seus escritos, mostrava também que acreditava que o sofrimento era a causa
das enfermidades e estimulava, entre os pacientes, o trabalho, a distração, a confiança, a
liberdade possível e a imaginação de um futuro feliz. Por toda contribuição foi
considerado por historiadores o primeiro enfermeiro psiquiátrico (Rocha, 2007).
Com base nos relatos e anotações de Pussin, é a partir de Philippe Pinel (o pai
da psiquiatria) que no Hospital Bicêtre, considerado como a casa dos horrores, inicia-se
uma nova forma de tratamento, através de estudos junto aos considerados loucos
internos e os doentes patológicos por meio de classificação e separação, reduzindo os
alienados. Segundo o diretor do Hospital Bicêtre, Phillippe Pinel, os tratamentos nos
manicômios se baseavam em reeducação dos alienados, respeito ás normas e
desencorajamento das condutas inconvenientes. Para o diretor Pinel, a função
disciplinadora do médico e do manicômio deve ser praticada com firmeza, porem com
gentileza, acabando com o caráter essencialmente moral com o qual a loucura era
tratada iniciando-se outros tipos de ideias e metas (Birman. J. 2013).
Para Rocha (2007) foi no final do século XIX que a psiquiatria francesa passou
a compreender a etiologia das doenças mentais a partir de um modelo biológico baseado
na hereditariedade e nas condições do meio, teoria esta que não se sustentou, passando a
predominar a psiquiatria alemã. Seu expoente maior, Emil Kraepelin, criou um sistema
de classificação com descrições das doenças mentais, seus sintomas e prognóstico que
se tornou a base do sistema classificatório que perdura até hoje.
Foi a partir do ano de 1973, que o psiquiatra italiano Franco Basaglia,
desenvolveu um brilhante trabalho como diretor do Serviço Hospitalar de Trieste, onde
na época o referido hospital foi considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
como referência mundial para reformulação da assistência e amparo á saúde mental. Na
mesma década, no ano de 1978, a Lei nº 180 estabeleceu o fim dos manicômios no país
da Itália e segue vigorando ate hoje (Bezerra, 2007).

1.2 A PSIQUIATRIA NO BRASIL

A psiquiatria surgiu no Brasil, com a finalidade de resguardar a população contra


os excedentes da loucura, como, não havia a finalidade de interesse pela cura dos
portadores de transtornos mentais, excluía-os da sociedade para que esta não se sentisse
aborrecida. Para Rocha (1989), a questão principal não era oferecer tratamento aos
doentes de loucura, mas sim, de mantê-los em sistemas de cárceres sujeitos a totais
isolamentos. Esses fatos ocorriam no Hospício D. Pedro II, que ano de 1852 internava
os doentes mentais para tirá-los do convívio da família e de toda a sociedade.
Tais acontecimentos encontram-se ligados à chegada da família real portuguesa
no ano de 1808, sendo que naquela época, foram erguidos os primeiros asilos que
abrigavam os doentes mentais, loucos, mendigos, criminosos, delinquentes aprisionados
em depósitos excluindo-os do convívio familiar com a finalidade de manter a ordem
disciplinares na sociedade, onde a partir desse modelo, abriu se novas formas de
desenvolvimento de novas políticas do século XIX (BRITTO apud MESQUITA 2008).
Com o termino da segunda Guerra Mundial, deu-se início ao modelo
manicomial no Brasil, considerado aos manicômios privativos. Na década de 1960
houve a implantação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) onde o Estado
passou a usufruir dos serviços psiquiátricos das instituições privadas, que a partir desse
enfoque, criou-se a “indústria para o enfretamento da loucura” (Amarante, 1995).
O Movimento Sanitário Brasil nos anos de 1970 manifestou a favor da mudança
dos modelos das atenções referente à gestão nas práticas de saúde e sua defesa da saúde
coletiva, bem como equidade na disponibilidade dos serviços e qualidade dos
trabalhadores e pessoas usuárias dos referidos serviços de saúde, no que se refere aos
processos de administração e produção de tecnologias de cuidado, onde também
naquela oportunidade, foi consolidado o processo de reforma psiquiátrica brasileiro, que
espelhou a inscrita do contexto internacional de mudanças pela superação de
apresentação manicomial de separação, isolamento e maus tratos ao louco. Ainda na
década de 1970, surgiram diversas denuncias a respeito da política brasileira em saúde
mental e em 1978, surgiu o Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM).
Foi no Rio de Janeiro que ocorreu a Divisão Nacional de Saúde Mental (DINSAM) e
colocou em pauta a política psiquiátrica desenvolvida no Brasil. “... tais movimentos
fazem ver a sociedade como os loucos representam a radicalidade da opressão e da
violência imposta pelo estado autoritário” (Rotelli et al, 1992).
O Congresso de Psiquiatria em Camboriu (SC), em 1978, o Primeiro Encontro
Nacional de Trabalhadores em Saúde Mental e o Terceiro Congresso Mineiro de
Psiquiatria, ambos em 1979, foram acontecimentos marcantes que conscientizaram
sobre a necessidade de um processo de mudança da assistência ao doente mental por
parte dos profissionais na área (Lucchese, 2005 apud Carvalho 2012).
É importante ressaltar que o processo da redemocratização da reforma
psiquiátrica foi sem duvida nenhuma, de fundamental importância para o acesso livre da
sociedade junto às ações de assistência a saúde. Foi através da Lei que criou o Sistema
Único de Saúde (SUS), que a partir da Lei estabelecida, objetivou-se a prover novas
ações de assistência prestadas por meio de parcerias e convênios possibilitou ampliação
de renovação à saúde, como um todo de modo geral.
Os diversos encontros organizados visando o início da 1ª Conferência Nacional
de Saúde Mental (1ª CNSM), onde na oportunidade foram recomendadas prioridades de
novos investimentos nas atividades extra-hospitalares, e equipes de multiprofissionais
como se opuser do atendimento hospitalocêntrica. Houve a 1ª Conferência Nacional de
Saúde Mental e o 2º Encontro de Trabalhadores da Saúde Mental, onde alimentado pela
Psiquiatria Democrática Italiana, o MTSM lançou o tema: “por uma sociedade sem
manicômios”.
[...] o processo de Reforma Psiquiátrica é um conjunto de transformações de
práticas, saberes, valores culturais e sociais em torno do ‘louco’ e da
‘loucura’, mas especialmente em torno das políticas públicas para lidar com a
questão. Trata-se de um processo político e social complexo, composto de
atores, instituições e forças de diferentes origens, e que incide em territórios
diversos, nos governos federal, estadual e municipal, nas universidades, no
mercado dos serviços de saúde, nos conselhos profissionais, nas associações
de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares, nos movimentos
sociais, e nos territórios do imaginário social e da opinião pública
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007, p.63).

Foi através do Projeto da Lei 3657/89 criada pelo Deputado Federal Paulo
Delgado, que dispôs a extinção dos manicômios e de criação de meios e recursos
assistenciais de substitutivos, bem como a regulamenta a internação psiquiátrica. A Lei
propôs a extinção progressiva dos leitos psiquiátricos, com a implantação de unidades
psiquiátricas em hospital geral e recurso extra hospitalares, às atenções, como hospital-
dia, hospital-noite, pensões e centros de convivências-substituindo os hospitais
psiquiátricos por outras modalidades e práticas assistenciais (Tenório, 2002; Oliveira
2000, apud Carvalho 2012).
A referida Lei de Paulo Delgado, foi vista por modo de criticas por donos e
diretores de hospitais e clínicas de iniciativa privada que eram conveniadas ao Sistema
único de Saúde (SUS), onde existia maior parte de leitos de atendimentos para os
doentes mentais onde em 1985, de acordo com informações do Ministério da Saúde,
cerca de 80% dos leitos psiquiátricos eram de origem contratual, sendo que somente em
torno de 20% eram oferecidos através de internações da rede pública (BRASIL, 2005).
Foi a partir desse projeto de Paulo Delgado, que se deu o começo de inúmeras
mobilizações alastradas em todo o País, evidênciando diversos debates sobre o assunto,
envolvendo a opinião de toda a sociedade, que aderiu em torno dessa causa, sendo não
apenas ás equipes técnicas, mas sim, também a força das entidades e familiares dos
atendidos e simpatizantes, dando inicio à construção de uma rede para substituir os
Hospitais Psiquiátricos, sendo visto naquela época, como um novo modelo
hospitalocêntrico e tradicionalizado (Alves. C.F.O.; et al.).
Segundo TENÓRIO (2002) existem duas grandes referências na década de
1980, no que se refere à Reforma Psiquiátrica: a inauguração do 1º CAPS que foi na
cidade de São Paulo, sendo que a Intervenção Pública se concentrava na Casa de Saúde
Anchieta (Cidade de Santos – SP). A internação asilar naquela ocasião, não
representava a exclusividade perspectiva para a população que tinha seus direitos
impedidos de irem e virem onde as internações eram intermináveis sendo os seus
usuários em vários casos deixavam de obter contatos com seus familiares e grupo de
pessoas que tinha vínculo efetivas ocasionando a perda de autonomia e estima de si
próprio.
Observa-se que inúmeras outras Leis Estaduais surgiram após a iniciativa de
Paulo Delgado, onde também se destaca a Lei de autoria do Deputado Estadual de
Pernambuco Humberto Costa, que após diversos debates envolvendo a opinião pública
também uniu em defensa a causa, por um atendimento mais justo, adequado e
humanitário junto aos pacientes com distúrbio mentais.

1.3 CAPS

Segundo o Ministério da Saúde (2004) a atual política Nacional de Saúde Mental


consiste na redução progressiva de leitos psiquiátricos e da ampliação e do
fortalecimento da rede extra-hospitalar, constituída principalmente pelo CAPS e pelos
Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs), ou seja, desinstitucionalizar o atendimento
ao paciente com transtorno mental.
De acordo com as portarias ministeriais 189/91, 224/92 e mais recentemente a
336/02 e 189/02, ás definem como serviços comunitários ambulatoriais, com
responsabilidade de cuidar de pessoas consideradas loucas que sofriam de transtornos
mentais, sendo que, a ideia teve como objetivo, de incluir familiares visando à
reinserção e convívio social da pessoa usuária, que necessita de cuidados intensivos,
semi - intensivos e não intensivos. (Berlinck, Magtaz e Teixeira, 2008, apud Carvalho
2012).
A equipe que exerce trabalhos no CAPS deve ser constituída por
multiprofissionais havendo médicos clínicos, médicos psiquiátricos, enfermeiros e
profissionais de níveis superiores, como assistentes sociais, terapeutas ocupacionais,
psicólogos e técnicos administrativos; todos fazem parte da equipe e oferecem inúmeras
atividades terapêuticas, orientando os pacientes, a respeito dos tratamentos e visitas
residenciais; inserindo a família no desenvolvimento do atendimento, trazendo o
paciente para dentro do convívio social valorizando-o, com ações mais humanizadas,
incentivando-o sobre a importância do tratamento que é submetido para que estes, não
venham a abandonar o tratamento (Ribas, 2013).
Em 2009, o país possuía 1.394 CAPS e, em funcionamento, 533 serviços
residenciais terapêuticos, 208 hospitais psiquiátricos e 35.426 leitos pelo Sistema Único
de Saúde (SUS), numa relação de 0,189 leito/1.000 habitantes. Eram 415 hospitais-
gerais com leitos psiquiátricos, com quase 46% dos leitos em hospitais psiquiátricos
disponíveis em hospitais de pequeno porte (Brasil, 2009).
Os CAPS se diferenciam pelo porte, capacidade de atendimento, clientela
atendida e organizam-se no país de acordo com o perfil populacional dos municípios.
Assim, estes serviços diferenciam-se como CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPSi,
CAPSad.
- CAPS I – atende município com população entre 20.000 e 70.000 habitantes;
este serviço tem equipe mínima de 9 profissionais entre profissionais de nível médio e
nível superior e tem como clientela adulta com transtornos mentais severos e
persistentes e transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas. Funcionam os
cinco dias úteis da semana e têm capacidade para acompanhamento de cerca de 240
pessoas por mês.
- CAPS II – atende municípios com população entre 70.000 e 200.000
habitantes; funciona das 8 às 18 horas, de segunda a sexta-feira, podendo ter um terceiro
período, funcionando até às 21horas; sua equipe mínima é composta por 12
profissionais, entre profissionais de nível médio e superior e a capacidade para o
acompanhamento de cerca de 360 pessoas por mês.
- CAPS III – atende municípios com população acima de 200.000 habitantes;
funciona 24 horas, diariamente, também nos feriados e fins de semana. Com no máximo
cinco leitos o CAPS III realiza, quando necessário, acolhimento noturno (internações
curtas, de algumas horas e no máximo 7 dias). A equipe mínima para estes serviços
deve contar com 16 profissionais, entre os profissionais de nível médio e superior,
equipe noturna e final de semana;
- CAPSi – municípios com população acima de 200.000 habitantes; funciona
das 8h às 18 h, de segunda a sexta-feira, podendo ter também um terceiro período,
funcionando até às 21 horas e tem capacidade para realizar acompanhamento de cerca
de 180 crianças e adolescentes por mês;
- CAPSad – municípios com população acima de 100.000 habitantes; funciona
das 8h às 18 h , de segunda a sexta –feira , também podendo ir até às 21 horas.
Em 2003, instaurou-se a lei nº 10.708 sobre o auxílio-reabilitação psicossocial para
pacientes com transtornos mentais, egressos de internações. Conhecida com “Lei do
Programa de Volta para a Casa”, estabeleceu um novo patamar na história do processo
da reforma psiquiátrica brasileira, impulsionando a desinstitucionalização de pacientes
com longo tempo de permanência em hospitais psiquiátricos pela concessão de auxilio-
reabilitação psicossocial e inclusão em programas extra-hospitalares de atenção em
saúde mental (Berlinck, Magtaz e Teixeira, 2008, apud Caravalho 2012).
São atendidas no CAPS pessoas que apresentam transtornos mentais, ou seja,
pessoas com grave comprometimento psíquico, incluindo os transtornos relacionados às
substâncias psicoativas (álcool e outras drogas) e também crianças e adolescentes com
transtornos mentais, que os impossibilita de levar uma vida normal. Os pacientes que
possuem transtornos advindos de substâncias psicoativas são atendidos em outros tipos
de modalidades de CAPS. Conforme a portaria 336/02, o CAPS oferece:
- Atendimento intensivo: é um atendimento diário e oferecido quando a pessoa
se encontra com grave sofrimento psíquico, em situação de crise ou dificuldades
intensas no convívio social e familiar, podendo ser domiciliar caso seja necessário.
- Atendimento semi-intensivo: o paciente pode ser atendido até 12 dias no mês.
Essa modalidade é quando o sofrimento e a desestruturação do paciente diminuíram e
houve melhora de relacionamento, mas ainda há necessidade de atenção direta.
- Atendimento não intensivo: é oferecido quando o paciente não precisa de
suporte contínuo da equipe para viver em seu território e realizar suas atividades na
família e / ou no trabalho, podendo ser atendido até três dias no mês.
Estes atendimentos “Intensivos”, “Semi-intensivos” e “Não-intensivos” foram
concebidos para caracterizarem os projetos terapêuticos de cada paciente em
atendimento pelo CAPS. O quadro clínico atual do paciente e o tipo de
acompanhamento necessário são definidos em um projeto terapêutico personalizado que
definirão o procedimento a ser cobrado por este profissional junto aos órgãos
competentes para as devidas finalizações.

1.4 O PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NA SAÚDE MENTAL

Desde os primórdios da sua existência, a prática da enfermagem psiquiátrica


esteve marcada pelo modelo controlador e repressor, tendo suas atividades realizadas
pelos indivíduos leigos, ex-pacientes, serventes dos hospitais e posteriormente,
desenvolvidas pelas irmãs de caridade (Kirschbaum DJR, 2013).
A capacitação da mão de obra para atuação no serviço de enfermagem em
hospícios, hospitais civis e militares, passou a ser difundido, inicialmente, como um
curso de dois anos, em cuja admissão o candidato deveria contar com idade mínima de
14 anos, leitura, escrita, e conhecimento elementar de aritmética, alem de atestado de
bons costumes. As aulas eram ministradas três vezes por semana e lecionadas pelos
‘‘internos e inspetoras, sob a fiscalização do médico e da superintendência do diretor-
geral’’. Consistia na aquisição de noções práticas de propedêutica clínica, anatomia,
fisiologia, higiene hospitalar, curativos, pequenas cirurgias, cuidados especiais para
certas categorias de enfermos, aplicações balneoterápicas, noções gerais de
administração interna e escrituração do serviço sanitário e econômico das enfermarias
(Melo, 1986; Menezes da Silva e da Silva Jr, 2006; Carvalho, 1972).
A motivação do pessoal da enfermagem para o trabalho nos estabelecimento
psiquiátricos do Rio de Janeiro e a rigidez para o ingresso na Escola Profissional de
Enfermeiros e Enfermeiras transformaram a enfermagem em profissão, que passou a
adquirir valorização social, tornando-se uma alternativa de profissionalização,
principalmente para as mulheres carentes. Para estas, o trabalho de enfermagem, embora
manual, significou uma possibilidade de ascensão social, cuja realização exigia uma
formação especifica. Para as alunas da Escola Alfredo Pinto (denominação posterior da
Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras), a profissão de enfermeira foi uma
oportunidade de galgar degraus na escada da hierarquia das ocupações femininas
(Oliveira e Alessi, 2003).
A partir da década de 1990, no século XX, a atenção do profissional de
enfermagem direcionou-se as novas formas de cuidar na saúde mental, buscando
serviços extra-hospitalares. Nesses serviços, a enfermagem direciona suas atividades de
forma diferenciada no tratamento dos doentes mentais, aplicando atitudes de respeito e
dignidade junto ao enfermo, ações voltadas às individualidades do sujeito e a
participação desde em o seu processo de tratamento, valorizando e estimulando o auto
cuidado, bem como a sua reinserção em grupos sociais e comunitários (Kirschbaum
DJR, Fraga NNO, Souza AMAI, Santos MSO, Costa D, 2013).
Segundo SMELTZER e BARE (2006) toda enfermeira deve ficar vigilante em
relação ao paciente que se preocupa excessivamente demonstra deterioração no
desempenho emocional, social ou ocupacional. As estratégias de cuidado enfatizam as
maneiras do paciente para verbalizar os sentimentos e medos, e para identificar as fontes
de ansiedade. A necessidade de ensinar e promover as capacidades de adaptação efetiva
é o uso das técnicas de relaxamento que constitui as prioridades do cuidado.
De acordo com Rodrigues (1996) na relação de ajuda, o enfermeiro utiliza os
conhecimentos gerais da enfermagem e os específicos da situação com a qual se
confronta, alem dos procedimentos técnicos. Utiliza ainda sua própria pessoa como
instrumento terapêutico, nesse contato pessoa-a-pessoa, agindo de maneira
sistematizada e empática diante de cada pessoa em crise. Todo esse conhecimento é
obtido através da comunicação que ocorre entre o que pede e o que ajuda que se da de
forma dinâmica, tendo como unidade básica a palavra, embora nem sempre seja
possível exprimir por esse meio, sentimento, pensamento e ações, por conta de seus
vínculos emocionais. Portanto, espera-se que o enfermeiro estimule o paciente a se
expressar verbalmente, e que o ajude a esclarecer o sentido e a natureza de suas
mensagens, observando sua participação na experiência que está vivendo.
Este mesmo autor afirma ainda que a enfermagem é portanto, pratica
historicamente estruturada, ou seja, existe ao longo da história da humanidade, porem
constituída por diferentes maneiras de cuidar que, por sua vez, são determinados pelas
relações sociais de cada momento histórico. Atualmente, o trabalho de enfermagem é
integralmente do trabalho coletivo em saúde, e especializado, dividido e hierarquizado
entre auxiliares, técnicos e enfermeiros, embora detenha autonomia relativa em relação
aos demais profissionais, subordina-se ao gerenciamento do ato assistencial em saúde
executado pelos médicos.
O processo de trabalho dos profissionais de saúde tem como finalidade á ação
terapêutica de saúde, como objeto o indivíduo e grupos doentes, sadios ou expostos a
risco, necessitando de medidas curativas, de preservação da saúde, prevenção da
doença, tendo como ferramentas de trabalho e condutas que representam o nível técnico
do conhecimento que só o saber de saúde e o produto final e a própria prestação de
assistência de saúde, que é produzida no mesmo momento em que é consumida (Pires
D; Annablume, 1998).
Na Atenção Básica, por meio da Estratégia de Saúde da Família (ESF) que é a
principal porta de acesso das pessoas que requer atendimento para suas necessidades de
saúde, a enfermagem deve prestar assistência sistematizada em saúde mental, através de
trabalhos integrados visando promover a recuperação e reabilitação do paciente, bem
como, coordenar a equipe de saúde, oferecendo treinamento e reciclagem para estes
profissionais. Orientar, supervisionar e fazer planejamento dos serviços e prescrever as
assistências prestadas , orientar e avaliar, ou seja sempre em prontidão e preparado junto
a sua equipe se caso houver uma urgência e emergência psiquiátrica (Silveira, 1986).

(...) olhar enxergando o outro, é ouvir escutando o outro, observar, percebendo o


outro, sentir, empatizando o outro, estando disponível para fazer com ou para o outro
aqueles procedimentos técnicos que ele não aprendeu a executar ou não consegue
executar, procurando compartilhar o saber com o cliente e/ou familiar (RANDÜZ,
1999).
A prática da enfermagem, não é só medicamentosa, é necessário tratar o paciente
com carinho, respeito e humildade, sendo que em muitas vezes, um pequeno gesto de
carinho e uma palavra de conforto, cura qualquer dor e sofrimento; assim percebe-se
que atualmente a enfermagem participa de todo processo terapêutico, oferecendo
suporte não só ao paciente mas também a família, explicando as maneiras de agir com o
paciente trazendo ele para o convívio social, são maneiras de amenizar o sofrimento do
paciente.
2 METODOLOGIA

2.1Delineamento e tipo de estudo


A pesquisa em si requer um vasto conhecimento de pessoas com diferentes
aspectos competitivos, e assim, recorre-se a metodologia. De acordo com Andrade
(2007, p.119) metodologia “é o conjunto de métodos ou caminhos que são percorridos
na busca do conhecimento”.
Segundo Marconi e Lakatos (2009, p.83) “o método é o conjunto das atividades
sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o
objetivo –conhecimentos válidos e verdadeiros –traçando o caminho a ser seguido,
detectando erros e auxiliando as decisões do cientista”. Fachin (2006, p.29) diz que:
O método é um instrumento do conhecimento que proporciona aos
pesquisadores, em qualquer área de sua formação, orientação geral que facilita
planejar uma pesquisa, formular hipóteses, coordenar investigações, realizar
experiências e interpretar resultados. Em sentido mais genérico, método, em
pesquisas, seja qual for o tipo, é a escolha de procedimentos sistemáticos para
descrição e explicação de um estudo. No desenrolar da pesquisa, podem
aparecer vários métodos.

As pesquisas exigem averiguar a tipologia quanto à natureza, objetivos,


procedimentos e objeto. Quanto à natureza a pesquisa pode ser original ou um resumo
do assunto. Para Gil (1998. p.19), a pesquisa é a busca do novo conhecimento em geral
ou de novas verdades sobre um fato. No mundo científico, é uma investigação que
pretende dar uma contribuição geral ao progresso da ciência ou “procedimento racional
e sistemático que tem por objetivo proporcionar respostas a problemas que são
propostos”.

De acordo com Andrade (2007, p. 113) “por trabalho científico original entende-se
uma pesquisa realizada pela primeira vez, que venha a contribuir com novas pesquisas e
descobertas para a evolução do conhecimento científico”. Já o resumo de assunto “é um
tipo de pesquisa que dispensa originalidade, mas não o rigor científico. Trata-se de
pesquisa fundamentada em trabalhos mais avançados publicados por autoridades no
assunto e que não se limita à simples cópia das ideias”.

Essa pesquisa trata-se de um resumo com o objetivo de uma reflexão, bem como
expandir os conhecimentos já existentes sobre a temática da pesquisa.

Quanto aos objetivos da pesquisa, se fez necessário investigar qual o melhor


método a serem utilizados para a coleta de dados, o qual serão analisados.
De acordo com Severino (2007, p.123), “a pesquisa exploratória busca apenas
levantar informações sobre um determinado objeto, delimitando assim um campo de
trabalho”. Observando estes aspectos Andrade (2007, p. 114) expõe que a pesquisa
exploratória é o primeiro passo para todo o trabalho científico e, proporciona maiores
informações sobre determinado assunto que, ajusta a possibilidade de desenvolver uma
boa pesquisa, e constitui um trabalho preliminar ou preparatório para diversos tipos de
pesquisas.

A pesquisa exploratória busca familiarizar-se com o assunto proposto ainda pouco


explorado. Por ser um tipo de pesquisa muito específica, quase sempre ela assume a
forma de um estudo de caso (GIL, 2008).

Ainda segundo Andrade (2007, p.114) diz que no tipo de pesquisa descritiva, “os
fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sendo que os
fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas não manipulados pelo
pesquisador”. Já a pesquisa explicativa é mais complexa, pois além de conter itens da
pesquisa descritiva ainda “tem por objetivo aprofundar o conhecimento da realidade,
procurando a razão, o porquê das coisas, assegura Andrade (2007, p.123) descreve que a
pesquisa explicativa “além de registrar e analisar os fenômenos estudados busca
identificar suas causas, seja através da aplicação do método experimental/matemático”.

O tipo de pesquisa que se classifica como "descritiva", tem por premissa


buscar a resolução de problemas melhorando as práticas por meio da
observação, análise e descrições objetivas, através de entrevistas com peritos
para a padronização de técnicas e validação de conteúdo (NELSON,
SILVERMAN, THOMAS, 2007).

A pesquisa qualitativa, “envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no


contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que
o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes” (BOGDAN &
BIKLEN apud LÜDKE & ANDRÉ apud REDIG, 2010, p.66), e seus objetivos são
todos exploratórios.

Já a pesquisa quantitativa “busca estabelecer relação entre causa e efeito entre as


variáveis” (Alves, 2003). Assim, o método quantitativo, como o próprio nome refere
“significa quantifica opiniões, dados, nas formas de coletas de informações”, emprega
formas estatísticas, desde as mais simples como porcentagem e moda, até as mais
complexas, como o coeficiente de correlação entre outros (OLIVEIRA, 2002).

Quanto aos objetivos a pesquisa se enquadra em exploratória, descritiva,


explicativa, qualitativa e quantitativa. Segundo Severino (2007, p.123) descreve que
“exploratória busca apenas levantar informações sobre um determinado objeto,
delimitando assim um campo de trabalho. Dentre esses aspectos Andrade (2007, p.114)
expõe que a pesquisa exploratória é o primeiro passo para o trabalho cientifico e,
proporciona maiores informações sobre determinado assunto, que, ajusta a possibilidade
de desenvolver uma boa pesquisa, e constitui um trabalho preliminar ou preparatório
para diversos tipos de pesquisas.

O trabalho em questão constitui-se em exploratória, pois foram feitas observações


nas fichas dos pacientes para verificar os tipos de patologias encontradas nos pacientes
que são atendidos no Ambulatório Municipal da Secretaria Municipal da Saúde na
cidade de São Simão, Go; descritiva, pois foram registrados os fatores que intervém
para um tratamento adequado. Explicativa, pois além de conter itens da pesquisa
descritiva ainda se aprofundou e identificou os fatores determinantes e as causas das
patologias de cada ficha observada. E quali-quantitativa, pois, consiste na busca de
percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma questão e de medir, bem
como permitir o teste de hipóteses, já que os resultados são concretos e menos
probabilidades de erros de interpretação.

Quanto aos procedimentos as pesquisas podem ser de campo e fontes de papel.


A primeira consiste em analisar a realidade, já que “o pesquisador efetua coleta de
dados ‘em campo’, isto é, diretamente no local da ocorrência dos fenômenos”
(ANDRADE, 2007, p.115). Já a segunda pode ser dividida em pesquisa bibliográfica,
ou documental e, “enquanto a pesquisa bibliográfica utiliza fontes secundárias, ou seja,
livros e outros documentos bibliográficos, a pesquisa documental baseia-se em
documentos primários, originais.

O presente TCC fundamenta-se na pesquisa de campo. A qual pautou-se em estudos


de natureza quantitativa e qualitativa, essa permite analisar os indivíduos estudados no
âmbito do seu contexto social. Trata-se de um resumo que tem por objetivo expandir os
conhecimentos baseando-se em estudo já existente sobre a temática da pesquisa.

A pesquisa quanto ao objeto de estudo pode ser bibliográfica, de laboratório ou


campo. Segundo Andrade (2007, p.115) a pesquisa bibliográfica é necessária em todo
trabalho cientifico e “pode tanto ser um trabalho independente como constituir-se no
passo inicial de outra pesquisa.” Severino (2007) expõe que, bibliográfica é aquela que
se concretiza a partir de registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em
documentos impressos, como livros, artigos, teses, dentre outros, aproveitando dados já
angariados por outros pesquisadores.

De acordo com e Lakatos (apud TRUJILLO) descreve que, a pesquisa bibliográfica


“não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o
exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões
inovadoras”.

Observa-se que à pesquisa de laboratório “não é sinônimo de pesquisa experimental


e, embora a grande maioria das pesquisas de laboratório seja experimental, isto não
institui uma exclusividade”. (ANDRADE, 2007, p.116).

De acordo com Marconi e Lakatos (2009) ressaltam que pesquisa de laboratório é


um procedimento mais complexo, porém mais exatos que expõe e avaliam que será ou
ocorrerá em situações controladas. Portanto a pesquisa de campo, como afirma Andrade
(2007, p.117) “assim é denominada porque a coleta de dados é efetuada ‘em campo’
onde ocorrem espontaneamente os fenômenos, uma vez que não há interferência do
pesquisador sobre eles”. Na concepção de Marconi e Lakatos (2009) a pesquisa de
campo é aquela usada com o objetivo de obter informações ou conhecimentos e
abordam um problema, para o qual se procura uma resposta ou uma hipótese, que se
queira comprovar ou, ainda, desvendar novos fenômenos ou as relações entre eles.

Quanto ao objeto o TCC fundamenta-se em pesquisa bibliográfica, pois vale-se de


dados já pesquisados sobre o tema por autores renomados. Bem como pesquisa de
campo, pois os dados foram recolhidos mediante observação das fichas dos pacientes
atendidos do Ambulatório da Secretaria Municipal de Saúde da cidade de São Simão
Goiás.
O estudo foi também bibliográfico, pois nenhuma pesquisa hoje começa
totalmente do zero, foram realizadas leituras de autores renomados para fundamentar o
estudo. E, por fim, encaixa-se ainda em pesquisa de campo, pois os dados foram colhido
em campo.

2.2 Local de estudo


O presente estudo foi realizado no Ambulatório da Secretaria Municipal de Saúde
da cidade de São Simão – GO 2013/1;
2.3 Amostra
Foram considerados como amostra do estudo, prontuários das pessoas atendidas no
Ambulatório da Secretaria Municipal de Saúde em 2013/1.
2.3.1 Critérios de inclusão
Foram incluídos na pesquisa; prontuarios dos pacientes atendidos no Ambulatorio a
cima citado.
2.3.2 Critérios de exclusão
Foram excluidos prontuários de outras unidades de Saúde do Municipio de São
Simão GO.
2.4 Aspectos éticos da pesquisa
Este trabalho foi autorizado pelo Secretário Municipal de Saúde,( Apêndice A) da
cidade de São Simão – GO, para a coleta de dados, e também autorizado pelo médico
responsavel pela unidade de saúde o Psiquiatra Dr. Sérvulo........ (Apêndice B).
2.4.1 Riscos e benefícios
Os benefícios estão relacionados à colaboração para a aquisição de conhecimentos
científicos para profissionais e pesquisadores da área referente à problematização
proposta, gerando subsídios para uma possível intervenção de saúde, futuras pesquisas
em prol do município para despertar a atenção da saúde mental; com relação aos riscos
da pesquisa, a mesma não oferece nenhum tipo de risco uma vez que não fará contato
direto com os pacientes.

2.4.2 Garantia de sigilo

As observações das fichas não serão divulgadas para outras pessoas ou entidades,
garantindo sigilo absoluto, anonimato e privacidade aos sujeitos. Para isso, as fichas
serão identificadas por numeração e jamais serão divulgados os nomes das pessoas que
das quais foram observadas, os dados serão utilizados somente para fins de análise e
divulgação científica, sendo somente de conhecimento das pesquisadoras e orientadora.

2.5 Procedimentos para a coleta de dados

Após a autorização do secretário Municipal da saúde (APÊNDICE A) e do médico


Psiquiatra (APENDICE...B) do Ambulatório Municipal da cidade de São Simão Go,
iniciou-se a coleta de dados.

2.6 Análise de dados

As informações obtidas foram organizadas e tabuladas pelo programa Microssoft Excel.


Os resultados foram interpretados e apresentados sob a forma de gráficos e tabelas que
são apresentados no capítulo a seguir.
CAPITULO 3

3.1 Identificação do município

Os dados que se seguem a respeito do município de São Simão foram copilados


do Plano Municipal de Saúde 2019.
Ocupando uma área de 414, 011 Km², São Simão está localizado no extremo
Sudoeste do Estado de Goiás, Centro Oeste brasileiro, na bacia do Rio Paraná pertence à
microrregião de Quirinópolis e a mesorregião do sul goiano. Limita-se ao sul e leste
com o município de Santa Vitória-MG, a oeste com o município de Caçu e a Norte com
o município de Paranaiguara. A cidade fica á 362 km de Goiânia, capital do Estado, e a
560 km de Brasília, capital do Brasil, sendo suas vias de acesso as BRs 364 e 365.
Figura 1: Mapa do município de São Simão

Fonte: Prefeitura Municipal de São Simão


Cidade planejada e avenidas largas e arborizadas, repartições, logradouros públicos
e estabelecimentos comerciais, estrategicamente localizados, proporcionando segurança
e viabilidade para comunidade geral.
O município ainda não tem no turismo, a sua principal fonte geradora de emprego e
renda, sendo o ICMS da UHE de São Simão, sua principal fonte arrecadadora.
O município de São Simão encontra-se no modelo de Gestão de Atenção Básica
Ampliada – PABA atende a sua população nos procedimentos de média e alta
complexidade sendo responsável integralmente pela atenção básica e aos diversos
programas e ações, atividades implantadas em prol da saúde da população.
O serviço de saúde está estruturado em: 05 (cinco) unidades básicas de saúde que
atende especificadamente os Programas Estratégicos de Saúde da Família e o Programa
de Saúde bucal, 01 (uma) Unidade Hospitalar Pública Municipal, 02 (duas) unidades de
Saúde de Laboratório de Análises Clínica, de gestão Privada, sendo uma credenciada
pelo SUS, e uma pela Prefeitura Municipal de São Simão, 01 (um) Centro de Saúde que
atende a Atenção Básica e ambulatório especializado - o qual foi foco de nosso estudo,
01 (um) Centro Odontológico (Saúde Bucal) e 01 (um) SAMU – Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência.
O ambulatório está localizado na Secretaria Municipal de Saúde de São Simão-
Go, funciona das 7:00hs as 17:00 hs de segunda-feira a sexta-feira. A equipe que atua
no ambulatório é composta por 4 técnicos de enfermagem, 6 recepcionista,2 auxiliar de
fichário, 1 psiquiatra, 1 neurologista, 1 pediatra, 1 otorrinolaringologista, 1 ortopedista,
1 gastroenterologista, 1 ginecologista, 1 urologista, 1 clinico geral, 3 cardiologistas e 1
psicóloga. Na data da pesquisa existiam 733 pacientes cadastrados no serviço de
psiquiatria.

Figura 2:SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE


Fonte: da pesquisa

Figura 3:AMBULATÓRIO

Fonte: pesquisa

3.2 Resultado da pesquisa

Esta pesquisa foi realizada prioritariamente pela perspectiva quantitativa, por


privilegiar os principais diagnósticos prevalentes em uma comunidade, percebendo-se
principais fatores que levam a busca por tratamentos e acompanhamentos direcionados a
saúde mental. Entretanto, adotaram-se alguns procedimentos da pesquisa qualitativa, na
análise de diagnósticos identificados.

No serviço ambulatorial estudado, haviam 733 usuários cadastrados no serviço de


psiquiatria, e todos faziam uso de consultas psiquiátricas. Onde obteve-se uma
predominância de pacientes com 31-40 anos 20,9%, tendo uma resposta significativa
também em 41-50 anos com 16,9% e 21-30 anos com 16,8%.

Tabela 1: Faixa etária de usuários atendidos no serviço ambulatorial em saúde mental

IDADE MÉDIA TOTAL %


01 MÊS a 02 ANOS 01 0,1%
03 ANOS a 10 ANOS 14 1,9%
11 ANOS a 20 ANOS 69 9,4%
21 ANOS a 30 ANOS 123 16,8%
31 ANOS a 40 ANOS 153 20,9%
41 ANOS a 50 ANOS 124 16,9%
51 ANOS a 60 ANOS 105 14,3%
61 ANOS a 70 ANOS 75 10,2%
71 ANOS a 80 ANOS 32 4,3%
81 ANOS a 90 ANOS 20 2,7%
91 ANOS a 102 ANOS 17 2,3%
TOTAL 733 99,8%

Fonte da pesquisa de campo 2019.

De acordo com a tabela 2 percebe-se uma maior prevalência nas psicopatologias


relacionadas episódios depressivos, tanto na população masculina (137) como na feminina
(227). Segundo um estudo epidemiológico publicado na revista especializada BMC
Medicine, 121 milhões de pessoas estão deprimidas. Para se ter uma ideia, é um número
quase quatro vezes maior do que o de portadores de HIV/Aids (33 milhões).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que nos próximos 20 anos, o
problema sairá do quarto para o segundo lugar no ranking de doenças dispendiosas e
fatais. Ele deverá perder apenas para as enfermidades do coração.
De maneira geral, a depressão é mais prevalente entre as mulheres,
independentemente da idade (YONKERS; STEINES, 2001). Algumas hipóteses são
levantadas para tal cenário, tais como maior facilidade em expor seus sentimentos, o que
pode facilitar no diagnóstico, diferenças fisiológicas e hormonais em relação aos homens e
maior prevalência da pobreza entre as mulheres (MÁXIMO, 2010).

Tabela 2: Principais Patologias representadas pelo CID 10 e Sexo

CID 10 MASCULINO FEMININO

F 00 a F 09 18 14

F 10 a F 19 26 16

F 20 a F 29 35 44

F 30 a F 39 137 227

F 40 a F 48 15 29

F 50 a F 59 22 26

F 60 a F 69 22 06

F 70 a F 79 29 24

F 80 a F 89 04 03

F 90 a F 98 05 02

SEM CID 18 11
TOTAL 331 402

Fonte da pesquisa de campo 2019

O estudo verificou ainda, as patologias mais prevalentes na dada pesquisa,


conforme mostra a tabela 3.

Tabela 3 Classificação das 3 principais patologias identificadas

ORDEN PATOLOGIAS SEXO TOTAL DE PACIENTES


MASC FEM
1º Episódios Depressivos 115 205 320
2º Esquizofrenia 35 44 79
3º Insônias 20 25 45
Fonte da pesquisa de campo 2019.

De acordo com a tabela 3 as principais patologias encontradas no Ambulatório


Municipal na cidade de São Simão no ano de 2013, foram: Episódios Depressivos (115
homens e 205 mulheres); Esquizofrenia (35 Homens e 44 mulheres); e Insônia (20 homens
e 25 mulheres).

De acordo com CID-10, no episódio depressivo o indivíduo sofre perda de interesse e


prazer e energia reduzida levando a uma fatigabilidade aumentada e atividade diminuída.
Cansaço marcante após esforços leves é comum, como também a concentração e atenção
reduzida; autoestima e autoconfiança reduzidas; ideias de culpa e inutilidade; visões
desoladas e pessimistas do futuro; ideias ou atos auto-lesivos ou suicídio; sono perturbado;
apetite diminuído.

A mudança do humor pode ser marcada por irritabilidade, consumo excessivo de


álcool, comportamento histriônico, exacerbação de sintomas fóbicos ou obsessivos
preexistentes ou por preocupações hipocondríacas. Para o diagnóstico é requerida uma
duração de pelo menos duas semanas, mas períodos mais curtos podem ser razoáveis se os
sintomas são inusualmente graves e de início rápido (CID-10, 1993).
A CID-10 considera as seguintes subcategorias para episódio depressivo: episódio
depressivo leve; episódio depressivo moderado; episódio depressivo grave sem sintomas
psicóticos; episódio depressivo grave com sintomas psicótico.

De acordo com a revista Brasileira de Psiquiatria (vol. 22, p.3-6), a esquizofrenia é


uma desordem cerebral crônica, grave e incapacitante, que afeta em torno de 1% da
população, em São Simão esta patologia acomete cerca de 0,46% de seus moradores.

Pessoas com esquizofrenia podem escutar vozes e acreditar que outros estão lendo
e controlando seus pensamentos ou conspirando para prejudica-las. Essas experiências são
aterrorizantes e podem causar medo, recolhimento ou agitação extrema. Pessoas com
esquizofrenia podem falar coisas sem sentido, ficar sentadas por horas sem se mover ou
falando pouco, ou podem parecer perfeitamente bem até dizer o que realmente estão
pensando. Uma vez muitas pessoas com esquizofrenia podem ter dificuldade de manter
um emprego ou cuidar de se mesmas, a carga em sua família pode ser significativa.

Ainda de acordo a revista Brasileira de Psiquiatria os sintomas se encaixam em três


categorias gerais:

- sintomas positivos, que são pensamentos e percepções diferentes como alucinações,


delírios e desordens no pensamento e movimento;

- sintomas negativos, que representam a perda ou diminuição na capacidade de iniciar


planos, falar, expressar emoções ou encontrar prazer na vida cotidiana. Esses sintomas são
difíceis de reconhecer como parte da esquizofrenia e podem ser confundidos por preguiça
ou depressão.

- sintomas cognitivos, que são problemas com: atenção, certos tipos de memórias e
funções de execução que nos permite planejar e organizar. Déficits cognitivos também
podem ser difíceis de reconhecer como parte da esquizofrenia, porem são os mais
incapacitantes para levar uma vida normal.

De acordo com o Varela (2019) a insônia se caracteriza pela incapacidade de


conciliar o sono e pode manifestar-se em seu período inicial, intermediário ou final. Essa
psicopatologia pode ter causas orgânicas e psíquicas, na insônia a produção inadequada de
serotonina pelo organismo e o estresse provocado pelo desgaste cotidiano ou por
situações-limite como causas mais importantes.

Segundo o CID 10 (1993) a insônia é uma condição de quantidade e/ou qualidade


insatisfatória de sono a persiste durante um período considerável de tempo. O grau real de
desvio do que é geralmente considerado como uma quantidade normal de sono não deve
ser a consideração primaria no diagnostico de insônia, por que alguns indivíduos (os assim
chamados short sleepers – pessoas que dormem pouco) conseguem uma quantidade
mínima de sono e no entanto não se consideram como insones.

CONCLUSÃO

O processo de desinstitucionalização, que contribuiu para a transformação nas


práticas em saúde mental, ainda hoje é almejado e buscam-se maneiras efetivas de
desconstrução do modelo manicomial que muitas vezes insiste em renascer dentro dos
serviços substitutivos.

Há inúmeras limitações no que concerne a reforma psiquiátrica, tendo em vista


que esta é muito recente em termos históricos, é necessário que as ideias possam ser
solidificadas para que se reflita de maneira aprofundada nos aspectos referentes ao
tratamento dispensados aos pacientes com transtorno mental. Para isso faz-se necessário
em primeiro lugar à desconstrução do manicômio como um local escravizador e que
permeia até hoje em nossa sociedade, o manicômio mental, aquele silencioso, mas que
destrói novas formas de pensar. Não adianta querer construir várias estratégias de cuidar
em liberdade, se na mente e nas atitudes dos profissionais de saúde mental ainda estão
impregnadas ideias que remetem ao preconceito e ao estigma da loucura.

Na perspectiva de se vislumbrar propostas de promoção da saúde mental,


sugerem-se ações norteadas pela integralidade, interdisciplinaridade e intersetorialidade.
Essas ações devem ser pautadas por processos educativos de caráter processual que se
configurem como espaços de reflexão, diálogo, discussão, troca de saberes e de
construção partilhada do conhecimento e de construção coletiva de movimentos de
transformação na sociedade.

Durante o estudo pode-se perceber que as principais psicopatologias encontradas


foram episódios depressivos, esquizofrenia e insônia; tendo estas patologias uma
incidência esperada e compatível com demais pesquisas. O tratamento dispensado para
estes pacientes ainda não se enquadra nos conceitos da Reforma Psiquiátrica, pois o
município de São Simão possui apenas um ambulatório que atende esta população, se
preocupando apenas com a consulta médica e por sua vez com o uso correto da
medicação.

Não foi encontrada no município uma equipe interdisciplinar mínima, que se


preocupe e atenda os pacientes com transtornos mentais, tão pouco a prática da
enfermagem que deve ser numa perspectiva humanística, criativa, reflexiva e
imaginativa, considerando como categoria central da profissão o cuidar compreendido
como processo dinâmico, mutável e inovador.

Sabe-se que, há muito a fazer como, pensar, refletir, pesquisar, discutir,


debater sobre este assunto, por si só tão complexo. As possibilidades não se esgotam
com esta pesquisa, tão pouco se considera encerrada as discussões e reflexões sobre o
tema.
Logo o objetivo geral deste Trabalho de Conclusão de Curso é fazer uma reflexão e
sensibilizar o meio acadêmico, o Secretário Municipal de Saúde de nosso município, e
os demais colegas que trabalham ou não na área da saúde, e a própria comunidade em
geral a estarem atentos aos problemas encontrados referentes ao tema, que se possam
juntos obterem uma solução adequada para a problemática.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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Clínicas e Diretrizes Diagnósticas – Coord. Organização Mundial de Saúde. Porto
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