Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PUC-SP
Leandro Figueiredo
MESTRADO EM HISTÓRIA
SÃO PAULO
2009
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Leandro Figueiredo
Dissertação apresentada À
Banca Examinadora como exigência
parcial para a obtenção do título de
MESTRE em História pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo,
sob a orientação da Profa. Dra. Maria
Aparecida de Paula Rago.
SÃO PAULO
2009
Banca Examinadora
_____________________________
_____________________________
_____________________________
Agradecimentos
Introdução - 1
2.1 – 1ª Dualidade – 27
2.2 – 2ª Dualidade – 31
3.1 – A 3º Dualidade – 70
Conclusão - 106
Bibliografia - 110
1
Introdução
Fica aberta a hipótese de que essa não seja uma característica somente
nacional, sendo a dualidade entre o setor moderno e o setor arcaico um
aspecto estrutural do capitalismo realmente existente e de outros modos de
produção.
2
Com base na divisão histórica que Rangel faz para explicar o processo
de transformações da realidade nacional, observando as distinções na
dualidade básica – como o pólo interno e o pólo externo –, é possível analisar
quais são os principais pontos que Rangel trabalha para fundamentar a
dualidade básica.
Seu bisavô, cujo irmão foi fuzilado, esteve preso por cinco anos, ambos
pela participação na revolução de 1817. Assim como seu bisavô e seu avô, que
também eram juízes, ou seja existia uma tradição de juristas na família,
recebeu enorme influência da magistratura, com marcante formação intelectual
para as disciplinas jurídicas.
Rangel foi convidado a fazer um curso na CEPAL2, porém foi com uma
formação marxista o que se defrontava com as contradições próprias da
formação social do Brasil e precisava de uma base histórica consistente para
situar a modernização. O curso na CEPAL promoveu especialmente a análise
dos ciclos de longa duração.
1
O jornal Ultima Hora foi um marco na história do jornalismo brasileiro. Fundado pelo jornalista
Samuel Wainer, refletiu em suas páginas a conturbada situação política do Brasil e do mundo
nas décadas de 1950 a 1970.
2
A Cepal foi criada em 25 de fevereiro de 1948, pelo Conselho Econômico e Social das
Nações Unidas (ECOSOC), com sede em Santiago. É uma das cinco comissões econômicas
regionais das Nações Unidas (ONU), visando coordenar as políticas direcionadas à promoção
do desenvolvimento econômico e social da região latino-americana e reforçando as relações
econômicas e sociais dos países do cone sul, tanto entre si quanto destes com as demais
regiões do mundo. A produção teórica e os planos de desenvolvimento são os produtos das
concepções analíticas da Cepal, como o conceito de Centro e Periferia. O pensamento
cepalino possui preocupação com a independência política, econômica, cultural e a
constituição de uma identidade nacional. O resultado do esforço teórico histórico é o método
estrutural-histórico de análise do subdesenvolvimento periférico Brasileiro.
10
lucros das empresas eram canalizados para outras aplicações, entre elas a
especulação imobiliária, ou a diversificação dos interesses dos capitalistas.
Então, a única porta aberta era a chamada porta do notório saber. Eu tinha
que escrever um livro e requerer na fé desse livro o posicionamento como
economista. Esse livro foi escrito em talvez quatro fins de semana, porque
durante toda a semana eu não tinha tempo absolutamente de voltar para isso.
Eu estava trabalhando na assessoria do Presidente Vargas, inclusive na lei
que desembocaria na Eletrobrás e aos sábados e domingos eu ia para minha
casa, porque durante a semana ficava na cidade e aí trabalhava. Em quatro
semanas, quatro fins de semana, saiu o livro que foi lançado, e com base no
qual eu fui reconhecido como economista...
... com base nele também eu tive a bolsa de estudos para as Nações Unidas
(Cepal), mas foi um trabalho escrito que tem que ser reescrito. Isso já me tem
sido solicitado, inclusive a autorização para republicá-lo, pois a única edição
que existe, é de 1957. O livro foi escrito em 1953, mas eu nunca consenti que
fosse reeditado. Ele deve ser reescrito, a menos que eu morra antes, então
vocês talvez o republiquem sem o meu consentimento, porque eu acho que é
um livro que merece ser trabalhado. Eu não tive muito tempo naquela época
para trabalhá-lo, pois os capítulos iam saindo e como iam saindo, iam ficando.
15
O relato acima comprova como foi difícil para Rangel ser reconhecido
como um pensador econômico apesar da sua formação em direito, ter trabalho
na assessoria do Governo Vargas e acima de tudo pela sua erudição cultural.
Foi somente através dos frutos que colheu com a publicação de sua obra
dualidade básica da economia brasileira que ficou reconhecido como um
cientista econômico.
3
Entrevista com o Professor Ignácio de Mourão Rangel na revista Geosul - nº 12/13 – ano VI –
1991.
16
Dualidade
Básica
Pólo Pólo
Principal Secundário
(Interno) (Externo)
4
Joseph Schumpeter, nasceu em 1883 na Republica Checa. Economista da escola austríaca
influenciado pela escola do positivismo lógico, então dominante na Europa Central.
Schumpeter foi forçado a imigrar e a se fixar nos EUA no início da década de 1930, aprofundou
a interpretação e a teorização dos ciclos longos e se tornou uma das figuras mais destacadas
dentro da teoria econômica moderna. Em 1909, graduou-se em Viena, com um estudo sobre a
metodologia sistemática da ciência econômica.
23
Pode-se derramar lágrimas pelos que foram massacrados pela tecnologia mais
recente, mas isto não detém o progresso nem altera o seu resultado final.
5
Nicolai Kondratiev nasceu em Goloejevskaja no dia 04 de Março de 1892. No decorrer da
Revolução Russa de 1917 chegou a ser ministro no último governo democrático de Kerensky,
antes da tomada de poder pelos bolcheviques liderados por Lênin e mais tarde seria o
fundador do Instituto de Conjuntura de Moscou em 1920. No período que ficou na cadeia
continuaria a sua pesquisa de investigação tendo um planejamento para um conjunto de cinco
obras, mas nunca poderia concluir este trabalho, foi um apoiante da chamada nova política
econômica defendida por Lênin e antes de morrer verificou a ascensão de Stalin o que levaria
ao abandono dessa virada estratégica, apesar de Nikolai Kondratiev ter sido assassinado por
ordens de Stalin tendo sido executado em 1938 com apenas 46 anos, a sua vida e obra
continua a ser mal conhecidas.
25
Junto com a idéia dos ciclos Kondratiev, que se repetiriam um após o outro,
fica um sabor de lei misteriosa que presidiria a trajetória do capitalismo.
2.1 – 1ª Dualidade.
1º Dualidade
1815 – 1870
sócio menor pelo sócio maior, ou seja, a fase descendente da parte baixa da
onda longa de Kondratiev.
2.2 – 2ª Dualidade.
2º Dualidade
1870 – 1920
No final do século XIX e início do século XX, o mundo passa por uma
depressão e os cafeicultores se vêm em uma situação inédita. Ocorre uma
superprodução do café e, por outro lado, com a crise, o preço do produto cai no
exterior, passando então a sobrar mercadoria interna.
De 1840 a 1930, o café respondeu por mais de 40% do valor total das
exportações brasileiras. Em alguns anos, essa cifra chegou a 80%. A produção
iniciou-se nos arredores da cidade do Rio de Janeiro, deslocando-se para São
35
Paulo, que se firmou como o principal estado produtor. Entre 1900 e 1930,
respondeu por 60 a 70% da produção nacional.
Dessa forma, o país teve que fazer por si só o financiamento do café por
meio da emissão de moeda, porém, sem contrair dívida, o que gerou um
aumento no nível de renda e, também, de emprego.
A década de 1920 foi a fase em que o país mais exportou café, devido
ao momento de crescimento por que o mundo, principalmente os EUA, estava
passando. O país entra em um desenvolvimento capitalista inicialmente de
pouco efeito, pois os primeiros anos da década de 1930 são de recuperação da
grande crise mundial.
Nas ultimas décadas do século XIX e nas três primeiras do século XX, a
economia cafeeira constitui o centro dinâmico do modo de produção capitalista
brasileiro, promovendo uma série de transformações que já suscitavam um
conjunto de condições para a industrialização, como a expansão do trabalho
assalariado, a criação de um mercado interno – diretamente via salários e
indiretamente via multiplicador – e a criação de uma indústria interna, ainda
que de caráter secundário, com dinâmica induzida pelo setor exportador,
conforme explica Gremaud: ―A hipótese crucial é de que o setor da economia
voltado para o mercado interno era incapaz de sustentar seu crescimento de
forma autônoma, tendo o seu nível de produto, renda e emprego determinados
40
Esse sistema era também trabalhado por uma contradição interna, cujos efeitos
se agravariam com o correr do tempo. A posição privilegiada em que fora
colocada a indústria, operando em mercado interno fortemente protegido –
vendendo a preços altos – ao mesmo tempo que contava com equipamento e
‗matérias-primas‘ cada vez mais baratos, suscitou o aparecimento de ‗industria
que nunca deveriam ter nascido‘, nas palavras do ministro Osvaldo Aranha.
(Rangel. 2005. p . 340)
futuro da economia brasileira. Decisiva foi à maneira como foi executada esta
defesa.
Este foi o motivo pelo qual o impacto da crise no Brasil foi relativamente
menor e a recuperação da economia, mais rápida do que em outros paises –
particularmente os EUA. Alem disso, há conseqüências estruturais da maior
importância para o modo de produção do país. A peculiar gravidade da crise,
associada à reação à mesma, engendrou algumas situações historicamente
inéditas.
... por isso, a formação das comissões econômicas para a Europa (Cepe –
EEC), para a África (Cepa – ECA), para a América Latina (Cepal – Ecla) e para
a Ásia e Extremo Oriente (Cepaeo – Ecafe). A teoria keynesiana, ao descobrir
vários equilíbrios parciais e possíveis, eliminou pelo menos por um tempo a idéia
fixa de que as condições de equilíbrio precisavam ser preservadas para o
crescimento econômico. Esta concepção era fruto de uma extrapolação
excessiva das condições dos países mais industrializados para todas as
economias e não podia sequer ser aplicada a tais países, senão se abstraindo o
comércio internacional. A estagnação ou a depressão podendo ser vistas como
uma ausência de procura afetiva, faziam ressaltar o caráter necessário das
flutuações econômicas e reforçavam o papel da gestão econômica e do
planejamento. (Barbosa. 2004. p. 178).
55
DI – Bens de Capital;
ISEB. Havia também seu debatedor predileto – aquele com quem gostava de
brigar, passou a vida inteira brigando, brigou até a morte, de forma
extremamente carinhosa: Guerreiro Ramos, o conhecido Guerreirão. Tratava-
se do grande sociólogo, mestre de gerações e com o qual ele debatia de
maneira franca e saudável a propósito dos grandes temas do Brasil.
3.1 – A 3º Dualidade.
3º Dualidade
1920 – 1973
Com o passar dos anos, a indústria passa a ser vista como um meio de
melhorar a situação do balanço de pagamentos mediante a redução das
importações, evitando problemas sociais mediante a geração de empregos.
Durante a primeira guerra e nos primeiros anos após seu término, questões de
defesa nacional justificam estímulos às indústrias específicas. Destacam-se os
incentivos à produção interna de aço, soda cáustica, óleo de caroço de algodão
e carnes industrializadas.
Outro fator favorável foi a economia de guerra que, por meio de lei,
permitia ou exigia que houvesse um aumento da produção interna, gerando
aumento da exportação durante a segunda guerra mundial. O Brasil supriu
muitos países que estavam na frente de batalha e que careciam de produtos,
devido à devastação de toda sua atividade agrária.
- Estrangulamento externo;
- Desemprego Estrutural.
Assim, a classe industrial que se forma no Brasil atua num quadro estrutural
próprio que deve ser levado em conta se pretende compreender o seu
comportamento. Assimila-la a uma burguesia nacional constitui simplificação
que contribui mais para ocultar do que para revelar a realidade. Seus
interesses estão, de maneira geral, positivamente vinculados ao comércio
83
Para resolver esse problema, foi ressaltado que nem toda produção é
substituição de importação. Tavares (1979) faz uma Interpretação de que essa
industrialização por substituição de importações deveria se tornar um processo
independente do comércio internacional e que, por outro lado, incentivasse a
construção do mercado consumidor interno.
Getúlio Vargas era um líder político com visão para comandar o país,
conhecido pelos cidadãos de baixa renda como o ―pai dos pobres‖, devido à
sua política de incentivo ao trabalhador quando promulgou a CLT – além de
outras medidas para valorizar o trabalhador e, desta maneira, poder moldar os
mecanismos de acumulação de capital.
Com o passar dos anos, a indústria brasileira passa a ser vista como um
meio de melhorar a situação da renda mediante a redução das importações,
evitando problemas sociais com a geração de empregos. Destacam-se os
incentivos à produção interna de aço, soda cáustica, óleo de caroço de algodão
e carnes industrializadas.
O contraste que existe entre o setor arcaico e o setor moderno fica mais
evidente na terceira dualidade pelo fato que nas etapas anteriores da dualidade
105
não existia uma setor moderno construído para servir de antagonismo com o
setor rural.
Conclusão
O contraste que existe entre o setor arcaico com o setor moderno fica
mais evidente na terceira dualidade quando o Brasil inicia o seu processo de
industrialização focando estritamente no setor moderno como fator
preponderante para o desenvolvimento econômico e esquecendo de qual
maneira irá desenvolver o setor arcaico.
Bibliografia:
Periódico: