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CURSOS ONLINE

AGRIPOINT

Curso Online
Correção do
solo e adubação
para aumentar a
lucratividade do cafezal

Instrutor
André Guarçoni Martins é engenheiro
agrônomo, D.Sc., pesquisador em manejo de
culturas no Instituto Capixaba de Pesquisa,
Assistência Técnica e Extensão Rural -
INCAPER, ES.

AGRIPOINT
Curso Online: Correção do Solo e Adubação para
Aumentar a Lucratividade do Cafezal

Índice

Aulas

 Módulo 1...................................................................1
 Módulo 2...................................................................13
 Módulo 3...................................................................23
 Módulo 4...................................................................32
 Módulo 5...................................................................38

Textos
 Módulo 1...................................................................52
 Módulo 2...................................................................65
 Módulo 3...................................................................77
 Módulo 4...................................................................88
 Módulo 5...................................................................100

Exercícios
 Módulo 1...................................................................112
 Módulo 2...................................................................116
 Módulo 3...................................................................119
 Módulo 4...................................................................122
 Módulo 5...................................................................125

Prova
 Prova.........................................................................127

Gabarito ................................................................................132

Reprodução parcial ou total apenas sob autorização da AgriPoint Consultoria Ltda.


CURSOS ONLINE
AGRIPOINT

Aulas

AGRIPOINT
Correção do solo e adubação para
aumentar a lucratividade do cafezal

Solo, fertilidade e princípios da


Módulo 1
adubação para cafeeiros

Reprodução parcial ou total André Guarçoni Martins


apenas sob autorização da Engenheiro Agrônomo
AgriPoint Consultoria Ltda.
Doutor em Solos e Nutrição de Plantas
Pela Universidade Federal de Viçosa

FORMAÇÃO DO SOLO
• O solo é uma superfície inconsolidada composta por três fases: sólida,
líquida e gasosa. A fase sólida é subdividida em mineral e orgânica.

25 % 25 %
Líquida Gasosa

5%
Orgânica
45 %
Mineral

1
• Fatores de formação do solo: clima, relevo, organismos,
material de origem e tempo cronológico.

• A ação conjunta → transformações físicas, químicas e


biológicas.

• Adições e perdas → tipo de solo formado.

• Solo arenoso → Solo argiloso.

• Solo pobre → Solo fértil ou produtivo.

FATORES DE FORMAÇÃO

Rocha Solo jovem Solo Solo maduro


recém (raso) intermediário
exposta (bem
(pouco desenvolvido)
desenvolvido)

2
FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIENTES
• Fertilidade é a capacidade do solo de ceder nutrientes para as plantas.

• A fertilidade do solo pode ser dividida em quatro tipos:

– Fertilidade Natural: É a fertilidade decorrente do processo de formação


do solo. Fertilidade de um solo nunca trabalhado.
– Fertilidade Atual: É a fertilidade do solo após a ação antrópica (do
homem).
– Fertilidade Potencial: É a fertilidade que pode se manifestar a partir de
determinadas condições.
− Fertilidade Operacional: É a fertilidade estimada a partir da determinação
dos teores de nutrientes no solo por determinados extratores químicos.

• Nutrientes → Elementos químicos essenciais.

• Elemento químico = Nutriente,

• Atender aos critérios de essencialidade:

– Na ausência do elemento químico a planta não é capaz de completar


seu ciclo de vida.

– O elemento químico é insubstituível, ou seja, na sua ausência a


deficiência só pode ser corrigida através do seu fornecimento.

– O elemento químico faz parte de molécula de um constituinte ou


reação bioquímica essencial à planta.

3
• Para a fertilidade do solo os nutrientes são classificados como:
– Macronutrientes primários: nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K).
– Macronutrientes secundários: cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e enxofre
(S).
– Micronutrientes: boro (B), ferro (Fe), zinco (Zn), manganês (Mn),
cobre (Cu), molibdênio (Mo), cloro (Cl) e níquel (Ni).
• Macronutrientes = > quantidade
• Micronutrientes = < quantidade
• Macronutrientes primários e secundários = Marketing

DISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES E
CAPACIDADE DE RETENÇÃO E TROCA
PLANTA ABSORVENDO NUTRIENTES
Ar/Água

C H O

Solo
N P K Ca Mg S Zn B Cu Fe Mn
MACRONUTRIENTES MICRONUTRIENTES

4
DISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES E
CAPACIDADE DE RETENÇÃO E TROCA

• Absorção = Nutrientes disponíveis.

• Nutriente não pode ser absorvido = Não-disponível ou


indisponível.

• Disponibilidade f(da umidade do solo, da capacidade de


absorção da cultura, do desenvolvimento do sistema
radicular e do pH do solo).

• A umidade do solo → transporte, absorção a partir


da solução do solo.

• Três tipos de transporte dos nutrientes no solo:

5
• Fluxo em massa: é o transporte do nutriente com a
água absorvida pelas plantas. Nutrientes móveis (N).
Transportado a maiores distâncias, Adubos
nitrogenados não precisam ser aplicados muito
próximos das raízes.

• Difusão: Transporte por ≠ concentração. Planta absorve


→ cria ≠ Concentração.

• Nutriente migra de uma região de maior para menor


concentração

• Essencial para o fósforo.

• É importante que os adubos fosfatados sejam aplicados


o mais próximo possível das raízes.

6
• Interceptação radicular: Não é um tipo de transporte, mas
facilita principalmente a difusão.

• Raízes crescem e se aproximam de nutrientes, facilitando


sua absorção.

• Quanto mais desenvolvida for a raiz do cafeeiro, maior a


possibilidade de ocorrer interceptação radicular de
nutrientes.

• O pH do solo ↑ ou ↓ a disponibilidade dos nutrientes.


• Micronutrientes mais disponíveis = ↓ pH
• Macronutrientes mais disponíveis = ↑ pH

7
• Disponibilidade → inter-relação fatores Intensidade (I), Quantidade (Q) e
Capacidade Tampão do Solo (Q/I).
– Fator intensidade (I) → Quantidade de nutriente “dissolvido” na solução
do solo, prontamente disponível para as plantas.

– Fator quantidade (Q) → Quantidade de nutriente adsorvida (aderida) a


parte sólida do solo, mas que está em equilíbrio com a fase líquida.

– Fator capacidade tampão (Q/I) → é a resistência do solo em transferir


o nutriente de Q (fase sólida) para I (solução do solo).

• A inter-relação entre esses três fatores → cargas elétricas que cada tipo
de solo apresenta.

• Solos arenosos: ↓ quantidade de cargas, ↓ quantidade aderida às


partículas (Q), ↑ quantidade de nutriente na solução do solo (I), e ↓
capacidade tampão (Q/I).

• Solos argilosos: ↑ quantidade de cargas, ↑ quantidade aderida às


partículas (Q), ↓ quantidade de nutriente na solução do solo (I), ↑
capacidade tampão (Q/I).

8
• Por que solos arenosos apresentam menos cargas do que solos
argilosos?

• Material mineral do solo divide-se em:

– Minerais primários → maiores que 0,002 mm; pedras, cascalho,


areia e silte.

– Minerais secundários → menores que 0,002 mm; argilas silicatadas


e óxidos de Fe e Al.

• Minerais secundários e fração orgânica: ↑ quantidade de cargas


elétricas, pois apresentam elevada superfície específica.

• Os nutrientes disponíveis no solo encontram-se na forma iônica.

– Cátions → se ligam nas cargas negativas do solo.

– Ânions → se ligam nas cargas positivas do solo.

• Alguns ânions, como os fosfatos, apresentam um mecanismo de


ligação denominado “adsorção específica”, que lhes confere
elevada energia de ligação.

9
• Capacidade de Troca Catiônica (CTC) → É a capacidade do solo de trocar
cátions ligados à superfície da fase sólida, por cátions presentes na solução
do solo.

Ca2+
Ca2+
K+ NO3-
NH4+
Ca2+ Mg2+ Cl-
H+
Mg2+ NO3- K+
K+
Mg2+ K+ SO42-
Ca2+
Fase Sólida Solução do solo

Quanto maior a concentração do cátion na solução do solo, maior


sua capacidade em deslocar o cátion ligado na superfície sólida do
solo.

• < CTC → perda de cátions por lixiviação e por


volatilização.

• Solos arenosos → menor quantidade de cargas →


menor CTC → maiores perdas.

• Solos argilosos → maior quantidade de cargas → maior


CTC → menores perdas.

10
• Existem dois tipos de CTC do solo, medidas por análises laboratoriais:
– CTC efetiva (t) → Retenção de cátions no seu pH natural.

– CTC total, pH 7,0 (T) → Retenção de cátions quando o pH do solo for


igual a sete.
– Em solos normais a CTC Total (T) > CTC efetiva (t).
– Quanto mais (t) se aproxima de (T), maior a retenção de cátions e
menores as perdas. Como será explicado em módulo posterior, isso
se consegue por meio da calagem.

• Leis Gerais da Adubação:

– Lei do mínimo: “O crescimento e a produção das lavouras são


limitados pelo nutriente que se encontra em menor quantidade
no solo”, ou seja, o nutriente que define a produção é aquele
menos disponível para as plantas.

– Não adianta gastar fortunas com NPK, se as quantidades de


magnésio, ou enxofre, são baixas no solo.

11
• Lei de Mitscherlich ou dos incrementos decrescentes: “Quando se aplicam
doses crescentes de um nutriente, o aumento na produção é elevado
inicialmente, mas decresce sucessivamente”.
Sacas/ha

A B C

D0 D1 D2
Doses crescentes de nutriente

• Na prática, devemos trabalhar na Região A, também chamada de região de


elevada probabilidade de resposta. A dose D1 é aquela de maior eficiência
econômica. Essa é a dose a ser aplicada. Doses muito acima desta, certamente
trarão prejuízo.

• Lei do máximo: “O excesso de um nutriente no solo reduz a eficácia


de outros e, por conseguinte, pode diminuir o rendimento das
colheitas.”. Essa lei representa a Região C da lei de Mitscherlich.
Sacas/ha

A B C

D0 D1 D2
Doses crescentes de nutriente

12
Correção do solo e adubação para
aumentar a produtividade do cafezal

Diagnóstico das necessidades de


Módulo 2 correção e adubação

Reprodução parcial ou total


apenas sob autorização da
André Guarçoni Martins
AgriPoint Consultoria Ltda. Engenheiro Agrônomo
Doutor em Solos e Nutrição de Plantas
Pela Universidade Federal de Viçosa

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS


DAS ANÁLISES DE SOLO
• Resultados: volume (dm3) ou massa (kg) de solo, de acordo com a
forma de medida.

• Laboratórios dos principais estados produtores de café do Brasil →


diretrizes definidas para os estados de Minas Gerais ou de São
Paulo.

• Na Tabela 1 diretrizes de MG e na Tabela 2 diretrizes de SP.


Mesma amostra.

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Tabela 1 - Resultado de análise de solo expedido por laboratório que segue as
diretrizes de MG
Ref. pH1/ P2/ K2/ Ca2+3 Mg2+3 Al3+3/ H+Al4 SB t T V m MO
/ / /
H2 O mg/dm3 ----------------------- cmolc /dm3 ------------------- -- % -- dag/kg
1 5 6 42 ------
1,4 0,4 1,1 6,3 1,9 3,0 8,2 23 37 1,6
1/ pH em água – relação 1:2,5; 2/ Extrator Mehlich 1; 3/ Extrator KCl (1 mol/L); 4/ correlação com pH SMP.

Tabela 2 - Resultado de análise de solo expedido por laboratório que segue as


diretrizes de SP
Ref. pH1/ P-res.2/ K+ Ca2+3/ Mg2+3/ Al3+3/ H+Al4 SB t T V m MO
/
CaCl2 mg/dm -------------------------- mmolc/dm3 ----------------------- --- % --- g/dm3
3 ------
1 4,4 10 1,07 14 4 11 63 19 30 82 -23 37 16
1/ pH em solução de CaCl2 ; 2/ Extraído com resina trocadora de ânions; 3/ Extrator KCl (1 mol/L);
4/ correlação com pH SMP.

•Resultados nas Tabelas 1 e 2 são muito distintos. Métodos empregados


nas determinações (pH e P) e às diferentes unidades empregadas. Ambos
Corretos.

• Na apresentação dos resultados, algumas diferenças são relevantes:


– O pH CaCl2 (Tabela 1) < pH em H2O (Tabela 2).
– O teor de P, extraído por Mehlich-1 (Tabela 1), < P extraído pela
resina (Tabela 2).
– solos argilosos P extraído pelo Mehlich-1 < resina, mas, para solos
arenosos, essa diferença tende a diminuir.
– K é expresso em mg/dm3 (Tabela 1) e mmolc/dm3 (Tabela 2)
unidade que expressa a quantidade de K em função de seu peso
molecular e sua carga.

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
DAS ANÁLISES FOLIARES
• apenas algumas unidades se modificam. Nas Tabelas 3 e 4
são mostrados exemplos para a cultura do Café.
Tabela 3 – Resultado de análise foliar de lavoura de café expedido por um
laboratório que segue as diretrizes de MG

N P K Ca Mg S
------------------ dag/kg --------------------
2,90 0,18 2,00 1,20 0,35 0,17
B Zn Fe Mn Cu Mo
------------------- mg/kg --------------------
70 13 160 180 10 0,18

Tabela 4 – Resultado de análise foliar de lavoura de café expedido por um laboratório


que segue as diretrizes de SP

N P K Ca Mg S
-------------------- g/kg --------------------
29,0 1,8 20,0 12,0 3,5 1,7
B Zn Fe Mn Cu Mo
------------------- mg/kg -------------------
70 13 160 180 10 0,18

• Na Tabela 3 os macronutrientes são expressos em dag/kg e na Tabela 4


em g/kg, o que aumenta os valores 10 vezes.

• As quantidades de macronutrientes presentes nas folhas são iguais,


apenas a forma de representar é que muda.

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TRANSFORMAÇÃO DE UNIDADES
• Algumas unidades expressam o valor na mesma magnitude, ou seja, o valor
expresso por uma unidade é o mesmo quando expresso pela outra:

– 10 % = 10 dag/kg;

– 10 ppm = 10 mg/dm3 = 10 mg/kg;

– 10 meq/100 cm3 = 10 cmolc/dm3.

Na Tabela 5 são apresentados os fatores multiplicativos de transformação mais


simples. Nesse caso, basta multiplicar o valor expresso nas unidades da coluna
pelo respectivo fator, e encontrar o valor na unidade que se encontra na linha.

Tabela 5 – Fatores multiplicativos de transformação dos resultados analíticos

Unidades dag/kg g/kg mg/dm3 1/ kg/ha 2/ t/ha 2/

dag/kg 1 10 10.000 20.000 20

g/kg 0,1 1 1.000 2.000 2

mg/dm3 0,0001 0,001 1 2 0,002

kg/ha 0,00005 0,0005 0,5 1 0,001

t/ha 0,05 0,5 500 1.000 1

1/Considerando a densidade aparente de 1 kg/dm3;


2/Considerando um hectare de 2.000.000 dm3 (área de 100 x 100 m e
profundidade de 20 cm).

16
EXEMPLOS
a) Se um solo apresenta 1,2 dag/kg de matéria orgânica (MO), quanto o
mesmo solo apresenta de MO em g/kg, em kg/ha e em t/ha?
Basta multiplicar 1,2 dag/kg pelos fatores correspondentes:
– 1,2 dag/kg x 10 = 12 g/kg de MO.
– 1,2 dag/kg x 20.000 = 24.000 kg/ha de MO.
– 1,2 dag/kg x 20 = 24 t/ha de MO.
b) Se o resultado da análise de solo foi 100 mg/dm3 de potássio (K),
quanto um hectare inteiro contém de K?

100 mg/dm3 x 2 = 200 kg/ha de K.


Ou
100 mg/dm3 x 0,002 = 0,2 t/ha de K.

• Para transformar mg/dm3 em mmolc/dm3 ou cmolc/dm3. (um pouco


mais de informações sobre os elementos químicos e uma fórmula
específica)

• Para a interpretação dos teores de K no solo, são utilizadas tabelas


que consideram o K em mg/dm3 ou em mmolc/dm3, de acordo com a
região.

• Um mol de qualquer elemento é seu peso molecular (PM) em gramas


(esse valor se obtém na tabela periódica). Um mol de carga (molc) é
o peso molecular dividido pela valência do íon.

17
EXEMPLO
• Transformar 100 mg/dm3 de K em mmolc/dm3 e cmolc/dm3:
– De antemão precisamos saber que a valência (ou carga) do K é
igual a 1, pois a forma iônica é K+; O peso molecular (PM) do K é
igual a 39,1.
• Para essa transformação basta dividir o valor em mg/dm3 pelo PM
dividido pela valência do íon, segundo a fórmula:
• Assim temos:
mg/dm3
mmolc/dm3 =
(PM/valência)
100 mg/dm3 de K 3
= 2,56 mmolc/dm de K (÷ 10) = 0,256
(39,1/1) cmolc/dm3

• Para outras transformações utilizamos:


– Ca2+ → PM = 40,1; valência = 2.
– Mg2+ → PM = 24,0; valência = 2.
– Al3+ → PM = 27,0; valência = 3.

INTERPRETAÇÃO DAS ANÁLISES DE SOLO


(CLASSES DE FERTILIDADE)
• Visam dar subsídios para as recomendações de calagem e
adubação.
• Na Tabela 6 é apresentada a classificação agronômica da
acidez ativa (pH) do solo e na Tabela 7 são apresentadas as
classes de interpretação de matéria orgânica e do complexo
de troca do solo.
Tabela 6 – Classes de interpretação para acidez ativa do solo (pH)
Classificação Agronômica do pH1/
Muito baixa Baixa Boa Alta Muito alta
< 4,5 4,5 – 5,4 5,5 – 6,0 6,1 – 7,0 > 7,0

> acidez do solo → < pH, > Al3+, > m, < V, > H+Al, <
Ca2+ e < Mg2+.

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Tabela 7 – Classes de interpretação da fertilidade do solo para a matéria orgânica e para
o complexo de troca catiônica.

Característica Unidade Classificação


Muito baixa Baixa Média Boa Muito Boa
Carbono Orgânico (CO) dag/kg < 0,40 0,41 – 1,16 1,17 – 2,32 2,33 – 4,06 > 4,06
Matéria Orgânica (MO) dag/kg < 0,70 0,71 – 2,00 2,01 – 4,00 4,01 – 7,00 > 7,00
Cálcio trocável (Ca2+) cmolc/dm3 < 0,40 0,41 – 1,20 1,21 – 2,40 2,41 – 4,00 > 4,00
Magnésio trocável (Mg2+) cmolc/dm3 < 0,15 0,16 – 0,45 0,46 – 0,90 0,91 – 1,50 > 1,50
Soma de bases (SB) cmolc/dm3 < 0,60 0,61 – 1,80 1,81 – 3,60 3,61 – 6,00 > 6,00
CTC efetiva (t) cmolc/dm3 < 0,80 0,81 – 2,30 2,31 – 4,60 4,61 – 8,00 > 8,00
CTC Total (T) cmolc/dm3 < 1,60 1,61 – 4,30 4,31 – 8,60 8,61 – 15,0 > 15,0
Acidez trocável (Al3+) cmolc/dm3 < 0,20 0,21 – 0,50 0,51 – 1,00 1,01 – 2,001/ > 2,001/
Acidez potencial (H+Al) cmolc/dm3 < 1,00 1,01 – 2,50 2,51 – 5,00 5,01 – 9,001/ > 9,001/
Saturação por Al3+ (m) % < 15,0 15,1 – 30,0 30,1 – 50,0 50,1 – 75,01/ > 75,01/
Saturação por bases (V) % < 20,0 20,1 – 40,0 40,1 – 60,0 60,1 – 80,0 > 80,0

As classes mostradas nas Tabelas 6 e 7 são gerais, ou seja, são consideradas as


mesmas independentemente do estádio de desenvolvimento da cultura.

• Para o nutriente fósforo (P), duas fases: Implantação da cultura (Tabela 8)


e desenvolvimento e produção (Tabela 9 – utilizada também para
potássio (K)).
• Na fase de muda necessita de teores de P elevados no solo: ↓ sistema
radicular, ↓ eficiência de absorção.
• As classes de fósforo → teor de argila ou no valor de (P-rem) do solo →
Mehlich-1 é desgastado pelas cargas negativas do solo.
• O P-rem é a quantidade de P que sobra numa solução contendo 60 mg/L
de P após agitação desta com o solo. Quanto menor o valor do P-rem,
maior o desgaste do extrator Mehlich – 1.

19
Tabela 8 – Classes de fertilidade de fósforo disponível (P) para o plantio de café arábica e
conilon

Característica Classificação
Muito Baixa Baixa Média Boa Muito Boa
------------------------------------------ mg/dm3 -----------------------------------------
Argila (%) Fósforo disponível (P)1/
60 – 100 < 8,0 8,1 – 16,0 16,1 – 24,0 24,1 – 36,0 > 36,0
35 – 59 < 12,0 12,1 – 24,0 24,1 – 36,0 36,1 – 54,0 > 54,0
15 – 34 < 20,0 20,1 – 36,0 36,1 – 60,0 60,1 – 90,0 > 90,0
0 – 14 < 30,0 30,1 – 60,0 60,1 – 90,0 90,1 – 135,0 > 135,0
P-rem 2/ (mg/L) ------------------------------------------ mg/dm3 -----------------------------------------
0–4 < 9,0 9,1 – 13,0 13,1 – 18,0 18,1 – 24,0 > 24,0
5 – 10 < 12,0 12,1 – 18,0 18,1 – 25,0 25,1 – 37,5 > 37,5
11 – 19 < 18,0 18,1 – 25,0 25,1 – 34,2 34,3 – 52,5 > 52,5
20 – 30 < 24,0 24,1 – 34,2 34,3 – 47,4 47,5 – 72,0 > 72,0
31 – 44 < 33,0 33,1 – 47,4 47,5 – 65,4 65,5 – 99,0 > 99,0
44 – 60 < 45,0 45,1 – 65,4 65,5 – 90,0 90,1 – 135,0 > 135,0

1/ Método Mehlich-1; 2/ Fósforo remanescente, solução de CaCl2 10


mmol/L, contendo 60 mg/L de P, na relação 1:10, TFSA: Solução.

Tabela 9 – Classes de fertilidade para fósforo e potássio (café arábica e conilon em


crescimento e produção)
Característica Classificação
Muito Baixa Baixa Média Boa Muito Boa
------------------------------------- mg/dm3 ----------------------------------------
Argila (%) Fósforo disponível (P)1/
60 – 100 < 1,9 2,0 – 4,0 4,1 – 6,0 6,1 – 9,0 > 9,0
35 – 59 < 3,0 3,1 – 6,0 6,1 – 9,0 9,1 – 13,5 > 13,5
15 – 34 < 5,0 5,1 – 9,0 9,1 – 15,0 15,1 – 22,5 > 22,5
0 – 14 < 7,5 7,5 – 15,0 15,1 – 22,5 26,6 – 33,8 > 33,8
P-rem2/ (mg/L) ------------------------------------- mg/dm3 ----------------------------------------
0–4 < 2,3 2,4 – 3,2 3,3 – 4,5 4,6 – 6,8 > 6,8
5 – 10 < 3,0 3,1 – 4,5 4,6 – 6,2 6,2 – 9,4 > 9,4
11 – 19 < 4,5 4,6 – 6,2 6,3 – 8,5 8,5 – 13,1 > 13,1
20 – 30 < 6,0 6,1 – 8,5 8,6 – 11,9 12,0 – 18,0 > 18,0
31 – 44 < 8,3 8,4 – 11,9 12,0 – 16,4 16,5 – 24,8 > 24,8
44 – 60 < 11,3 11,4 – 16,4 16,5 – 22,5 22,6 – 33,8 > 33,8
Potássio disponível (K)1/
------------------------------------- mg/dm3 ----------------------------------------
< 30 31 – 60 61 – 120 121 – 200 > 200
1/ Método Mehlich-1; 2/ Fósforo remanescente, solução de CaCl2 10 mmol/L,
contendo 60 mg/L de P, na relação 1:10, TFSA: Solução.

20
• Quando o extrator é a resina trocadora de ânions (São Paulo) →
pouca influência da capacidade tampão no resultado, resina → pouca
influência da capacidade tampão.

• o Boletim 100 do estado de São Paulo: não distingue a fase de


implantação da de crescimento e produção. Tabela 10, são
apresentadas as classes de P e K em conjunto. (Teores de K
apresentados em mmolc/dm3 na Tabela 10).

Tabela 10 – Classes de fertilidade para P extraído com resina e para K+ (implantação, crescimento e
produção do café conilon e arábica)

Classe de Fertilidade P (resina)1/ K+


mg/dm3 mmolc/dm3
Muito baixa < 5,0 < 0,7
Baixa 6,0 – 12,0 0,8 – 1,5
Média 13,0 – 30,0 1,6 – 3,0
Alta 31,0 – 60,0 3,1 – 6,0
Muito Alta > 60,0 > 6,0
1/ Extraído com resina trocadora de ânions.

→ Sabendo a classe de fertilidade do solo onde será ou está implantado o


cafezal, basta utilizar as tabelas de recomendação para encontrar a dose a
ser aplicada. Isso será mostrado em módulo posterior.

21
INTERPRETAÇÃO DAS ANÁLISES FOLIARES

• A análise foliar → Função

• Na Tabela 11 são mostrados os teores foliares


considerados adequados para o café arábica e para o
café conilon.

Tabela 11 – Teores foliares considerados adequados para o café arábica e para o


café conilon

Café Macronutrientes
N P K Ca Mg S
-------------------------------- dag/kg -------------------------------------
Arábica 2,9-3,2 0,16-0,20 2,2-2,5 1,0-1,5 0,40-0,45 0,15-0,20
Conilon 2,7 0,12 2,1 1,4 0,32 0,24
Micronutrientes
Fe Zn Cu Mn B
---------------------------- mg/kg ---------------------------
Arábica 90-180 15-20 8-16 80-100 50-80
Conilon 131 12 11 69 48

Faixas de suficiência

22
Correção do solo e adubação para
aumentar a produtividade do cafezal

Corretivos e condicionadores
Módulo 3 de solos

Reprodução parcial ou total


apenas sob autorização da
André Guarçoni Martins
AgriPoint Consultoria Ltda. Engenheiro Agrônomo
Doutor em Solos e Nutrição de Plantas
Pela Universidade Federal de Viçosa

CALAGEM
• A elevada acidez do solo (baixo pH) se caracteriza por efeito direto
dos íons H+ sobre as raízes, além de reduzir a disponibilidade de
diversos nutrientes e aumentar o efeito da toxidez de alumínio,
como exemplificado na Figura 1.

Figura 1 – Efeito do pH na disponibilidade dos nutrientes e do alumínio em sua


forma tóxica (Al3+).

23
• Altos teores de Al3+ no solo são tóxicos para as plantas e a
deficiência de Ca e Mg por si só já se explica, uma vez que estes
são elementos essenciais para a nutrição adequada das plantas.

• A calagem, ou seja, a aplicação de calcário, se realizada


corretamente, pode corrigir ou atenuar esses efeitos negativos,
elevando o potencial agrícola dos solos e, consequentemente,
aumentando a produtividade das lavouras.

CORRETIVO DA ACIDEZ DO SOLO


• Corretivo da acidez → capaz de fornecer grupamentos OH- para o meio,
no caso, o solo. (OH- + H+ → H2O) ↑ pH.

• Calcário → carbonato de cálcio (CaCO3) e carbonato de magnésio


(MgCO3). A dissociação dos carbonatos libera OH- para o meio,
corrigindo a acidez, além de neutralizar o Al3+ e fornecer cálcio e
magnésio para as plantas.
• O Gesso não pode ser considerado um corretivo da acidez, pois não
fornece OH- e, consequentemente, não eleva o pH do solo. O gesso é
considerado um condicionador de solos.

24
DETERMINAÇÃO DA NECESSIDADE
DE CALAGEM
• A necessidade de calagem (NC) está relacionada com o pH do
solo, sua capacidade tampão e sua capacidade de troca de
cátions.
• A capacidade tampão: conceito (H+)

• Argilosos ≠ Arenosos.
• Para se estimar a necessidade de calagem (NC) : O “Método da
neutralização do Al3+ e da elevação dos teores de Ca2+ e Mg2+
trocáveis” e o “Método da saturação por bases”.

MÉTODO DA NEUTRALIZAÇÃO DO Al3+ E


ELEVAÇÃO DOS TEORES DE Ca2+ E Mg2+
• Necessita-se de quatro informações fornecidas pela análise de solo: o
teor de Al3+ (em cmolc/dm3), os teores de Ca2+ e Mg2+ trocáveis (em
cmolc/dm3) e uma característica do solo que estime sua capacidade
tampão da acidez (teor de argila ou P-rem).
• NC = Y x Al3+ + [X – (Ca2+ + Mg2+)], (Eq. 1), em que:
– NC = Necessidade de calagem, em t/ha.
– Al3+ = teor de alumínio trocável do solo, em cmolc/dm3.
– Ca2+ = teor de cálcio trocável do solo, em cmolc/dm3.
– Mg2+ = teor de magnésio trocável do solo, em cmolc/dm3.
– X = valor variável em função dos requerimentos de Ca e Mg pela cultura
(para o cafeeiro, o valor definido por inúmeras publicações é de 3,5).

25
• Y = valor variável em função da capacidade tampão da acidez do solo e
que pode ser definido de acordo com a textura do solo ou com o teor de
P-rem do mesmo, como mostrado no quadro abaixo:
Solo Argila Y
%
Arenoso 0 a 15 0,0 a 1,0
Textura média 15 a 35 1,0 a 2,0
Argiloso 35 a 60 2,0 a 3,0
Muito argiloso 60 a 100 3,0 a 4,0
ou
P-rem1/ Y
mg/L
0a4 4,0 a 3,5
4 a 10 3,5 a 2,9
10 a 19 2,9 a 2,0
19 a 30 2,0 a 1,2
30 a 44 1,2 a 0,5
44 a 60 0,5 a 0,0

1/ Determinado com solução de CaCl2 10 mmol/L,


contendo 60 mg/L de P, na relação solo:solução de 1:10.

MÉTODO DA SATURAÇÃO POR BASES


• Nesse método considera-se a relação existente entre o pH e a saturação
por bases do solo (V). Quanto maior a saturação por bases, maior o pH do
solo e vice-versa.

• A fórmula para cálculo necessita de apenas duas informações fornecidas


pela análise de solo: A CTC a pH 7 (T), em cmolc/dm3, e a saturação por
bases (V), em %.

• NC = T(Ve – Va)/100, (Eq. 2), em que:


– NC = Necessidade de calagem, em t/ha.
– T = CTC a pH 7, em cmolc/dm3.
– Ve = Saturação por bases desejada ou esperada (para o cafeeiro a
saturação por bases mais aceita atualmente é de 60 %).
– Va = Saturação atual do solo, em %.

26
QUANTIDADE DE CALCÁRIO A SER APLICADA
• A determinação da quantidade de calcário a ser aplicada deve
levar em consideração:
• a) A percentagem da superfície do terreno a ser coberta pela
calagem (SC, em %).
• b) Até que profundidade será incorporado o calcário (PF, em
cm).
• c) O poder relativo de neutralização total do calcário a ser
utilizado (PRNT, em %).

Assim, a quantidade de calcário a ser aplicada (QC, em t/ha) será:

QC = NC x (SC/100) x (PF/20) x (100/PRNT) (Eq. 3).

• Para aplicação de calcário em faixas, na linha de plantio, utiliza-se,


na maioria das vezes, SC = 75 %.

• Para aplicação de calcário em cobertura, sem incorporação, utiliza-


se PF = 7 cm.

• Para aplicação de calcário em covas de 40 x 40 x 40 cm, utilizar a


seguinte equação:

QC = NC x 32 x (100/PRNT) (Eq. 4);


nesse caso o resultado será dado em g/cova de calcário.

27
DECISÃO SOBRE QUAL MÉTODO UTILIZAR
PARA DETERMINAR A (NC)
• Os dois métodos de cálculo apresentam pontos fracos. Portanto, deve-
se tentar utilizar o que cada método tem de melhor.
• Basta seguir os passos abaixo para decidir qual resultado utilizar:
• Passo 1) utilizar a menor dose (NC, em t/ha) calculada por qualquer um
dos métodos, geralmente a dose calculada pelo método da saturação
por bases é a menor (Eq. 2).
• Passo 2) se a dose definida no Passo 1 é menor do que a necessidade
da cultura em cálcio e magnésio (X – Ca2+ + Mg2+), utilizar o método
da neutralização do Al3+ e elevação dos teores de Ca2+ + Mg2+ (Eq.
1). Se a dose definida no Passo 1 for maior, é a dose indicada.
• Passo 3) se a dose definida no Passo 2 for maior que o valor da CTC a
pH 7 (T), utilizar como NC o próprio valor da CTC a pH 7, em t/ha. Se a
dose definida no Passo 2 for menor, é a indicada.

FORMA ERRADA DE SE APLICAR CALCÁRIO

28
FORMA CORRETA DE SE APLICAR CALCÁRIO

GESSAGEM
• Calcário → Imóvel

• O gesso agrícola é composto basicamente por sulfato de cálcio


(CaSO4.2H2O), É um sal neutro e dissocia-se, quando em solução, em
Ca2+ e SO42-.

• O ânion acompanhante sulfato (SO42-) imprime elevada mobilidade ao


cálcio, permitindo que este nutriente chegue a camadas mais
profundas do solo. Além disso, o SO42- se liga ao Al3+, reduzindo seu
efeito tóxico.

29
• A utilização do gesso é prescrita para as três situações de
sub-solo (20 – 40 cm de profundidade ou mais) listadas a
seguir. Se apenas uma delas for satisfeita, deve-se aplicar
o gesso.

– Teor de cálcio menor ou igual a 0,4 cmolc/dm3.

– Teor de alumínio maior que 0,5 cmolc/dm3.

– Saturação por alumínio (m) maior que 30 %.

• O cálculo para a aplicação de gesso é muito simples e é baseado


no cálculo para a necessidade de calagem. Divide-se em
necessidade de gessagem (NG) e quantidade de gesso a ser
aplicada (QG).

NG = 0,30 x NC, onde:

– NG = Necessidade de gesso, em t/ha.

– NC = Necessidade de calcário, em t/ha (calculada para a


camada que se deseja corrigir com gesso, não para a camada
de 0 – 20 cm. Essa NC é utilizada apenas para o cálculo da NG,
não sendo aplicada ao solo).

30
QG = NG x (SC/100) x (PF/20), onde:

– QG = Quantidade de gesso a ser aplicada para corrigir


determinada camada de solo, em t/ha.

– NG = Necessidade de gesso, em t/ha.

– SC = Superfície coberta pelo gesso, em %. (para área total


utiliza-se SC = 100 %; para aplicação em faixas utiliza-se,
geralmente, SC = 75 %).

– PF = Espessura da camada onde o gesso deverá agir, em cm.


(para a camada de 20 a 40 cm utiliza-se
PF = 20 cm; para a camada de 30 a 60 cm utiliza-se
PF = 30 cm).

• O gesso pode ser aplicado junto com o calcário, mas é preferível


que seja após a aplicação do calcário.

• O gesso pode ser aplicado em cobertura, sem necessidade de


incorporação, pois é muito móvel no solo.

• Aplica-se a quantidade de calcário calculada para a camada de 0-


20 cm e a quantidade de gesso calculada para a camada sub-
superficial.

31
Correção do solo e adubação para
aumentar a produtividade do cafezal

Recomendação de Adubação
Módulo 4

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apenas sob autorização da
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Doutor em Solos e Nutrição de Plantas
Pela Universidade Federal de Viçosa

TABELAS DE RECOMENDAÇÃO

• Com as classes de fertilidade (Baixa, Média ou Alta) para


determinado nutriente, basta utilizar as tabelas de
recomendação para encontrar as doses adequadas de
nutrientes.

• As tabelas de recomendação indicam as doses de N, P2O5 e


K2O.
• O nitrogênio (N) não é determinado em laboratórios de rotina.
A dose de nitrogênio depende da produtividade esperada e, em
alguns casos, da análise foliar.

32
ADUBAÇÃO DE PLANTIO E CRESCIMENTO
(ARÁBICA E CONILON)
• Cova: matéria orgânica, calcário, adubo fosfatado e micronutrientes.
• Matéria orgânica e micronutrientes → princípio da segurança,
independentemente dos teores presentes no solo. quantidades
recomendadas são:
– Esterco de curral curtido = 7 a 15 Litros/cova ou esterco de
galinha = 1,5 a 3,0 Litros/cova. No caso de se aplicar o esterco
de galinha, deve-se esperar, obrigatoriamente, 30 a 60 dias antes
de se plantar as mudas, pois pode ocorrer morte do sistema
radicular.
– Micronutrientes: 20 gramas/cova de FTE.

• O calcário deve ser aplicado fazendo-se a conversão da NC em t/ha para


gramas/cova, utilizando-se a fórmula QC = NC x 32 x (100/PRNT), sendo o
resultado expresso em g/cova de calcário. Essa fórmula é específica para
uma cova de 40 x 40 x 40 cm, como explicado no módulo III.
• A dose de P2O5 a ser aplicada por cova pode ser encontrada na Tabela 12.
Para utilização da Tabela 12, as classes de fósforo devem ser determinadas
na Tabela 8, Módulo II.
Tabela 12 – Adubação fosfatada para plantio de café arábica e conilon

Classe de fertilidade para fósforo no solo 1/

Muito Baixa Baixa Média Boa Muito Boa

Dose de P2O5

---------------------------- g/cova --------------------------

70 55 40 25 10

1/ Classes de P determinadas na Tabela 8, Módulo II.

33
• Nitrogênio (N) e potássio (K) serão aplicados após o pegamento da
muda (Tabela 13). Classe de potássio no solo, definida a partir Tabela
9 do Módulo II.
• Nitrogênio → cobertura → intervalos de 30 a 45 dias; a partir do
pegamento da muda até o final das chuvas, evitando-se atingir a planta;
Potássio (K) em três vezes, doses de K na Tabela 13 devem ser
divididas por três em cada aplicação.
Tabela 13 – Adubação nitrogenada e potássica a ser aplicada após o
pegamento da muda para café arábica e conilon

Classes de fertilidade para potássio no solo


Baixa Média Boa Muito Boa
Dose de N Dose de K2O
g/cova/aplicação ---------------------------------------- g/cova/ano -----------------
----------------
3-5 30 20 10 0

• No primeiro e segundo ano após o plantio, apenas nitrogênio (N) e


potássio (K) serão aplicados. Para isso, utiliza-se a Tabela 14.
• As doses devem ser parceladas em três aplicações durante o
período chuvoso a intervalos de 30 a 45 dias. Aplicar os
fertilizantes entre o caule e a projeção da copa.

Tabela 14 – Adubação potássica e nitrogenada de 10 e 20 ano pós-


plantio para café arábica e conilon

Classes de Fertilidade para K1/


Baixa Média Boa Muito Boa
Período Dose de N Dose de K2O
g/cova/aplicação ---------------- g/cova/ano -----------------
10 ano 10 40 20 10 0
20 ano 20 60 40 20 0
1/ Classes determinadas na Tabela 9, Módulo II.

34
ADUBAÇÃO DE PRODUÇÃO (ARÁBICA)

• O café arábica, por produzir menos do que o café conilon, necessita


de maior quantidade de fertilizantes para uma mesma produtividade
→ sistema radicular explora menor volume de solo. Isso reduz sua
eficiência de absorção.

• Na Tabela 15 são mostradas as doses de N, P2O5 e K2O para o


café arábica, de acordo com as classes de fertilidade de P e K e
com a produção esperada.

• (Tabela 15) inovação: as doses de nitrogênio em função dos teores


foliares de N, permitindo maior refinamento do programa de
adubação.

Tabela 15 – Adubação de produção para café arábica

Nutriente Produtividade esperada (sacas beneficiadas/ha)


< 20 20 a 30 31 a 40 41 a 50 51 a 60 > 60
Nitrogênio ---------------------- kg/ha/ano de N -----------------------
< 2,6 dag/kg 160 220 300 360 400 460
2,6 a 3,2 dag/kg 140 200 280 340 380 440
> 3,2 dag/kg 120 180 260 320 360 420
Fósforo1/ -------------------- kg/ha/ano de P2O5 ---------------------
Baixa 30 40 50 60 70 80
Média 20 30 40 50 55 60
Boa 10 20 25 30 35 40
Potássio1/ -------------------- kg/ha/ano de K2O ----------------------
Baixa 160 220 300 350 400 450
Média 120 165 225 260 300 340
Boa 90 125 150 175 200 225
1/ Classes de fertilidade determinadas na Tabela 9 do módulo II.

35
• Para selecionar o dose na Tabela 15, basta definir a produtividade esperada
e encontrar a doses relativa à essa produtividade e ao teor foliar de N (dose
de N), à classe de P no solo (dose de P2O5) e à classe de K no solo (dose
de K2O). Dessa forma, teremos as doses de N, P2O5 e K2O.

• Para encontrar as doses por planta, basta dividir a dose recomendada pelo
número de plantas presentes em um hectare.

• Como o adubo fosfatado é aplicado de uma só vez, a dose selecionada na


Tabela 15 não precisa ser dividida. Como o adubo nitrogenado e potássico
geralmente é parcelado em três aplicações, as doses selecionadas de N e
K2O devem ser divididas por três.

• Lavoura de café arábica; produtividade entre 41 e 50


sacas/há; teor de N na folha menor que 2,6 dag/kg, solo
apresenta classe de fertilidade média para P e K.

• Utilizando a Tabela 15, as doses seriam:

– N = 360 kg/ha/ano de N.
– P2O5 = 50 kg/ha/ano de P2O5.
– K2O = 260 kg/ha/ano de K2O.

36
ADUBAÇÃO DE PRODUÇÃO (CONILON)
• A Tabela 16 é um pouco diferente da Tabela 15. Não há a
separação das doses de N de acordo com os teores nas folhas do
cafeeiro e as classes de fertilidade estão nas colunas, não nas
linhas (Tabela 16).
• Lavoura de café conilon; produtividade esperada entre 41 e 50
sacas/ha, solo apresenta classe de fertilidade média para P e K.
• Utilizando a Tabela 16, as doses seriam:

– N = 280 kg/ha/ano de N.
– P2O5 = 30 kg/ha/ano de P2O5.
– K2O = 140 kg/ha/ano de K2O.

Tabela 16 – Adubação de produção para café conilon

Sacas/ha Nitrogênio Fósforo1/ Potássio1/

Baixa Média Boa Baixa Média Boa


N (kg/ha/ano) ------ kg/ha/ano de P2O5 ------- ---------- kg/ha/ano de K2O ---------
20 – 30 240 30 20 0 240 120 0
31 – 40 260 35 25 0 260 130 60
41 – 50 280 40 30 0 280 140 70
51 – 60 300 45 35 0 300 150 80
61 – 70 320 50 40 0 320 160 90
71 – 80 340 55 45 0 340 170 100
81 – 90 380 60 50 0 380 190 110
90 – 100 400 65 55 0 400 200 120
101 –110 450 70 60 0 420 210 130

110 - 120 500 75 65 0 450 220 140

1/ Classes de fertilidade determinadas na Tabela 9 do módulo II.

37
Correção do solo e adubação para
aumentar a produtividade do cafezal

Fertilizantes e sua aplicação


Módulo 5

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apenas sob autorização da André Guarçoni Martins
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COMPOSIÇÃO MÍNIMA DE FERTILIZANTES

• NITROGÊNIO

• O nitrogênio + absorvido pelo cafeeiro.


• Perdido em maiores proporções do sistema solo:planta.
Quantidades aplicadas sempre elevadas.

• Na Tabela 17 são mostrados os fertilizantes nitrogenados


mais encontrados no mercado.

38
Tabela 17 – Garantias mínimas e especificações de alguns fertilizantes nitrogenados

Fertilizante Garantia Forma do nutriente Observações


mínima
Nitrato de 32 % de N 50 % (NH4+) e 50 % -
amônio (NO3-)
Nitrato de cálcio 14 % de N NO3- e até 1,5 % 18 a 19 % de Ca e 0,5
(NH4+) a 1,5 % de Mg
Nitrato de sódio 15 % de N NO3- Perclorato de sódio
não poderá exceder
1%
Sulfato de 20 % de N NH4+ 22 a 24 % de S
amônio
Uréia 44 % de N NH2

Uréia – Sulfato 40 % de N 88 % (NH2) e 12 %


de amônio (NH4+)

Fonte: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais – CFSEMG, 1999.

• A uréia → + concentrado (Tabela 17). Pode vir a perder nitrogênio


por volatilização. Perdas devem ser levadas em consideração na
hora de se escolher o fertilizante.

• Sulfato de amônio concentração não é elevada (Tabela 17), não


volatilização; fonte de enxofre. Sulfato de amônio acidifica o solo
em demasia.

• O nitrato de cálcio menor concentração de N. Fonte de cálcio. O


nitrato de cálcio não perde volatilização e nem acidifica o solo.
Perde elevadas quantidades de N por lixiviação (perda do
nutriente junto com a água que percola no solo).

39
• O nitrato de amônio 50 % de N na forma amoniacal (NH4+) e 50 %
na forma nítrica (NO3-). Perde N volatilização (NH4+), se aplicado
sobre folhas caídas no chão, quanto por lixiviação (NO3-), se a
ocorrência de chuvas for elevada e as aplicações não forem
parceladas.

• Como visto, todos os fertilizantes nitrogenados apresentam algum


grau de limitação. Não existe fertilizante milagroso, e isso deve ser
levado em consideração no momento da escolha do fertilizante.

• FÓSFORO

• P muito importante, mas absorvido em menores quantidades do que


nitrogênio e potássio.

• As fontes de fósforo podem ser industrializadas (fosfato solúvel em água)


ou não (fosfato natural) (Tabela 18).

• Os fosfatos naturais são separados em fosfatos reativos (que apresentam


uma fração solúvel) e fosfatos não-reativos (pequena solubilidade). Essa
característica é de grande importância para a nutrição das plantas.

40
Tabela 18 – Garantias mínimas e especificações de alguns fertilizantes fosfatados

Fertilizante Tipo Garantia Observações


mínima
MAP Solúvel 48 % de P2O5 9 % de N
DAP Solúvel 45 % de P2O5 16 % de N
Nitrofosfato Solúvel 18 % de P2O5 14 % de N
Superfosfato simples Solúvel 18 % de P2O5 18 a 20 % de Ca e 10 a 12 %
de S
Superfosfato triplo Solúvel 41 % de P2O5 12 a 14 % de Ca
Termofosfato Parcialment 17 % de P2O5 7 % de Mg e 18 a 20 % de Ca
magnesiano e solúvel

Fosfato natural reativo Natural 28 % de P2O5 30 a 34 % de Ca


Fosfato natural Natural 24 % de P2O5 23 a 27 % de Ca
Fonte: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais – CFSEMG, 1999.

• Os fosfatos solúveis → prontamente disponíveis.

• Os fosfatos naturais reativos apresentam uma fração prontamente


disponível e uma fração que será liberada com o passar do tempo.

• Os fosfatos naturais não-reativos → disponibilizados aos poucos,


podendo não satisfazer a taxa de absorção do cafeeiro,
especialmente nos períodos iniciais de crescimento.

• Fertilizantes fosfatados → quanto menor o volume de solo em


contato com os fertilizantes, menores as perdas, exceção feita à cova
de plantio, que deve receber o fertilizante em todo o volume de solo.

41
• POTÁSSIO

• O potássio é o segundo nutriente mais absorvido pelo cafeeiro.


• A presença de potássio na palha do café é elevada → manutenção
na lavoura. Doses de potássio → sempre elevadas, salvo no caso
do solo apresentar teor adequado de potássio.

• Existem diversos tipos de fertilizantes potássicos no mercado e na


Tabela 19 são mostrados os mais importantes.

Tabela 19 – Garantias mínimas e especificações de alguns fertilizantes potássicos

Fertilizante Garantia mínima Observações

Cloreto de potássio 58 % de K2O 45 a 48 % de Cl

Sulfato de potássio 48 % de K2O 15 a 17 % de S

Nitrato de potássio 44 % de K2O 13 % de N (nítrico)

Fonte: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais – CFSEMG, 1999.

• Existe muita dúvida, entre técnicos e produtores, em relação ao


efeito das fontes de potássio sobre a produção e a qualidade do café
produzido.

42
• Não há diferença na produção se for aplicada uma mesma dose de K
utilizando-se qualquer um dos três fertilizantes citados na Tabela 19.
• Qualidade do café → pouca diferença em se utilizar K2SO4 ou KNO3.
KCl → 47% de cloro, o que leva a planta a absorver e a acumular
elevadas quantidades deste elemento. Admite-se que o cloreto (Cl-),
oriundo do KCl, apresente efeitos negativos diretos e indiretos sobre a
qualidade da bebida.
• Mas ocorre um questionamento prático: já se produziu café de qualidade
superior adubando-se com cloreto de potássio (KCl)? A resposta é: SIM!
• Nesse sentido, a adubação com sulfato de potássio ou nitrato de
potássio não garante a produção de cafés de melhor qualidade, nem a
adubação com cloreto de potássio promove, sempre, a produção de
cafés de qualidade inferior.

RELAÇÕES BÁSICAS ENTRE NUTRIENTES


• Tendo selecionado as doses a serem aplicadas, em determinado
talhão, deve-se calcular as quantidades de fertilizantes NPK a serem
aplicadas.

• Considerando que devemos aplicar uma dose de 60 kg/ha de P2O5,


Basta saber a concentração do nutriente em determinado adubo e
fazer uma regra de três simples, como a descrita abaixo. Iremos
utilizar o superfosfato simples (18 % de P2O5 – Tabela 18).

100 kg de super simples 18 kg de P2O5


X 60 kg de P2O5

X= (100 x 60) = 333,33 kg/ha de super simples


18

43
• Em alguns casos, entretanto, é mais econômico aplicar NPK em
conjunto, devido ao menor gasto de mão-de-obra.

Exemplo

• Considerando que a cultura deve ser adubada com 20:80:40


kg/ha de N:P2O5:K2O, respectivamente. Nesse caso, existem
duas alternativas, se há a necessidade de aplicar conjuntamente
NPK:

1a Alternativa:

Adquirir fertilizantes simples e fazer a mistura dos mesmos,


desde que sejam compatíveis.(20:80:40)

Para isso, usaremos Uréia (44 % de N); Superfosfato simples


(18 % de P2O5) e Cloreto de potássio (58 % de K2O).

→ Uréia = (100 x 20)/44 = 45,5 kg de Uréia.

→ Superfosfato simples = (100 x 80)/18 = 444,4 kg de SS.

→ Cloreto de potássio = (100 x 40)/58 = 69 kg de KCl.


Mistura final a ser aplicada por ha = 45,5 kg de uréia +
444,4 kg de SS + 69 kg de KCl = 558,9 kg/ha de
mistura.

44
2a Alternativa:
Verificar entre as fórmulas de fertilizantes encontradas no mercado, quais
as que poderiam atender às exigências do fornecimento de 20:80:40
kg/ha de N:P2O5:K2O.

• Relações dos fertilizantes formulados → dividir os números das fórmulas


pelo menor deles, que seja diferente de zero.
• Relação entre kg/ha de N:P2O5:K2O, basta dividir as doses
recomendadas pela menor delas.
Fórmulas encontradas Relações
17:17:17 ÷ 17 1:1:1
10:30:20 ÷ 10 1:3:2
10:10:20 ÷ 10 1:1:2
4:16:8 ÷ 4 1:4:2
24:8:12 ÷ 8 3:1:1,5
27:3:21 ÷ 3 9:1:7
20:5:20 ÷ 5 4:1:4

• Divide-se a adubação recomendada (20:80:40) por 20 e obtém-se a


relação  1:4:2 de N:P2O5:K2O = à relação do fertilizante comercial 4:16:8.
• Para saber a quantidade do fertilizante a ser aplicada, basta dividir a dose
recomendada pelo valor correspondente no formulado comercial e
multiplicar por 100:
– Para N: (20/4) x 100 = 500 kg/ha do fertilizante 4:16:8, ou
– Para P2O5: (80/16) x 100 = 500 kg/ha do fertilizante 4:16:8, ou
– Para K2O: (40/8) x 100 = 500 kg/ha do fertilizante 4:16:8.
Como a relação NPK é a mesma, para qualquer destes nutrientes a quantidade
total do fertilizante 4:16:8 será a mesma: 500 kg/ha do fertilizante 4:16:8.
Por planta: espaçamento 2 x 1 m = 5.000 plantas → 500.000 g de 4:16:8 ÷
5.000 plantas = 100 g/planta de 4:16:8.
Em sulco: espaçamento entre linhas = 2,0 m; isso corresponde a 5.000 m
de sulco por hectare. → 500.000 g de 4:16:8 ÷ 5.000 m = 100 g/m de sulco
do fertilizante 4:16:8.

45
ESCOLHA DO FERTILIZANTE IDEAL
(BENEFÍCIO/CUSTO)
• Preço do kg dos nutrientes no fertilizante.
• Na Tabela 20 são mostrados os preços de alguns fertilizantes
nitrogenados obtidos recentemente no mercado.
• A simples verificação do menor preço, entre os fertilizantes
mostrados na Tabela 20, poderia sugerir a escolha do fertilizante
que nem sempre é o mais barato.

Tabela 20 – Tipo de fertilizante nitrogenado, concentração de N em cada fertilizante, peso da saca em que é
comercializado e preço da saca

Fertilizante Concentração Saca Preço

% de N kg R$/saca

Uréia 45 50 52,20

Sulfato de 20 50 29,00
amônio
Nitrato de cálcio 14 25 39,15

• Considerando apenas o preço da saca dos produtos, tenderíamos a escolher


o sulfato de amônio, que apresenta o menor preço por saca de produto.

46
Se calcularmos o preço do kg de N nos produtos apresentados, veremos
que não é bem assim.

Uréia: Se temos 45 % de N na uréia, temos 45 kg de N em 100 kg de


uréia ou 22,5 kg de N em uma saca de 50 kg de uréia. Como o preço
da saca é de R$ 52,20, basta dividir esse preço pela quantidade de N
contido na saca: R$ 52,20/22,5 kg de N = R$ 2,32 por kg de N na
uréia.

Pode-se simplificar os cálculos fazendo duas regras de três para cada


fertilizante, como feito à seguir:

» Uréia (45 % de N; saca de 50 kg)

45 kg de N ----------- 100 kg de uréia


X ------------ 50 kg de uréia
X = (45 x 50)/100 = 22,5 kg de N numa saca de 50 kg de uréia.

22,5 kg de N ------------ R$ 52,20


1,0 kg de N ------------- X
X = (1,0 x 52,20)/22,5 = R$ 2,32 por kg de N na uréia.

47
Sulfato de Amônio (20 % de N; saca de 50 kg

20 kg de N ----------- 100 kg de sulfato de amônio


X ------------ 50 kg de sulfato de amônio

X = (20 x 50)/100 = 10,0 kg de N numa saca de 50 kg de sulfato de


amônio

10,0 kg de N ------------ R$ 29,00


1,0 kg de N ------------- X

X = (1,0 x 29,00)/10,0 = R$ 2,90 por kg de N no sulfato de amônio.

Nitrato de Cálcio (14 % de N; saca de 25 kg)

14 kg de N ----------- 100 kg de nitrato de cálcio


X ------------ 25 kg de nitrato de cálcio

X = (14 x 25)/100 = 3,5 kg de N numa saca de 25 kg de


nitrato de cálcio.

3,5 kg de N ------------ R$ 39,15


1,0 kg de N ------------- X

X = (1,0 x 39,15)/3,5 = R$ 11,18 por kg de N no nitrato de cálcio.

48
• A partir desses cálculos, podemos construir a Tabela 21, onde é
mostrado o preço do kg de N em cada fertilizante.

Tabela 21 – Tipo de fertilizante nitrogenado, concentração de N em cada fertilizante, peso da


saca em que é comercializado, preço da saca e preço do kg de N

Fertilizante Concentração Saca Preço Preço


% de N kg R$/saca R$/kg de N

Uréia 45 50 52,20 2,32


Sulfato de amônio 20 50 29,00 2,90
Nitrato de cálcio 14 25 39,15 11,18

• Pela Tabela 21, pode-se observar que a uréia, mesmo apresentando


o maior preço por saca, é, na realidade, o fertilizante mais barato, se
formos comparar o preço do kg de N.

• Mas a uréia perde N por volatilização e o sulfato de amônio e o nitrato de


potássio são, ainda, fontes de enxofre (S) e cálcio (Ca),
respectivamente.

• Montemos, então, uma Tabela abrangente (Tabela 22) considerando


todos esses fatores. Para isso, devemos reduzir a quantidade de N na
saca de uréia, de acordo com as perdas previstas, e considerar não
apenas a concentração de N nos demais fertilizantes, mas a
concentração total de nutrientes nos mesmos.

• A Tabela 22 permite inúmeras interpretações. Cada interpretação será


mais correta de acordo com a situação local vivenciada por técnicos e
produtores.

49
Tabela 22 – Tipo de fertilizante nitrogenado, concentração total de nutrientes nesses
fertilizantes, peso da saca em que é comercializado, preço da saca e preço do kg de
nutrientes

Fertilizante Perdas1/ Concentração2/ Saca Preço Preço


% % de nutrientes kg R$/saca R$/kg
Uréia 0 45,00 50 52,20 2,32
Uréia 5 42,75 50 52,20 2,44
Uréia 10 40,50 50 52,20 2,58
Uréia 20 36,00 50 52,20 2,90
Sulfato de amônio 0 43,00 50 29,00 1,35
Nitrato de cálcio 0 33,00 25 39,15 4,75
1/ Considerando apenas as perdas por volatilização; 2/ apenas N no caso
da uréia, N (20 %) e S (23 %) no caso do sulfato de amônio e N (14 %) e
Ca (19 %) no caso do nitrato de cálcio.

Interpretando a Tabela 22 temos alguma considerações


importantes:

A primeira vista, escolheremos o sulfato de amônio, o qual


apresenta o preço do kg de nutrientes mais baixo, e essa
escolha é correta em muitos casos.

Se o solo já apresentar teores adequados de enxofre, ou,


principalmente, se já tivessem sido aplicados superfosfato
simples ou gesso (ambos fontes de enxofre), a necessidade
de enxofre já estaria satisfeita, voltando o fertilizante sulfato de
amônio à etapa inicial mostrada na Tabela 21 (R$ 2,90/kg de
N).

Nesse caso, ele iria se equiparar à uréia que sofresse 20 % de


perdas de N por volatilização (Tabela 22).

50
• O nitrato de cálcio continuaria sendo o fertilizante mais caro,
mesmo considerando as concentrações de cálcio e magnésio
presentes neste fertilizante (Tabela 22). Além disso, se a
calagem e/ou a gessagem já tivessem sido realizadas, as
plantas já estariam supridas adequadamente com cálcio e
magnésio, elevando o preço do nitrato de cálcio para R$
11,18/kg de N (Tabela 21).

• Como visto, a escolha correta do fertilizante é laboriosa, e


muitas vezes parece complicada, mas é uma forma importante
de se reduzir os custos com a adubação do cafeeiro.

51
CURSOS ONLINE
AGRIPOINT

Textos

AGRIPOINT
Curso Online: Correção do solo e adubação para
aumentar a lucratividade do cafezal

Módulo 1 – Solo, fertilidade e princípios da


adubação para cafeeiros
D.Sc. André Guarçoni Martins
______________________________________________________________________

I.1) Formação do Solo


O solo é uma superfície inconsolidada composta por três fases: sólida, líquida e
gasosa. Em média, 25 % do volume é composto pela fase líquida, 25 % pela fase gasosa
e 50 % pela fase sólida, sendo 45 % de material mineral e 5 % de material orgânico. É
originado a partir da ação dos fatores de formação do solo: clima, relevo, organismos,
material de origem e tempo cronológico, sendo os três primeiros considerados ativos
(fornecem energia) e os dois últimos passivos.
O material de origem define se o solo “pode” vir a ser um solo com maior
quantidade de nutrientes ou não. Se a rocha matriz é uma rocha pobre em nutrientes,
dificilmente o solo será um solo fértil (rico em nutrientes). O clima também tem papel
fundamental no processo. Quanto mais úmido e quente for o clima, maior a velocidade de
transformações e maiores a chances de perdas de nutrientes, especialmente por
lixiviação. Dessa forma, solos de regiões tropicais (quentes e úmidas), como os do Brasil,
tendem a ser mais empobrecidos do que solos de regiões temperadas (mais frias).
Os constituintes do solo sofrem diversas transformações físicas, químicas e
biológicas, como representado no esquema abaixo:
Transformações Transformações Transformações
Físicas Químicas Biológicas

  
Dos constituintes do solo 
  
Que ocorrem na Que ocorrem na Que ocorrem na
fração sólida do solo fração líquida do solo fração líquida e gasosa do
solo
(mineral e orgânica) (solução do solo) (solução e ar do solo)

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aumentar a lucratividade do cafezal

A partir dessas transformações, e das adições e perdas, é que se originam os solos


arenosos (mais areia) ou argilosos (mais barro), os solos férteis (mais nutrientes) ou os
solos pobres (menos nutrientes). Um solo arenoso não pode ser transformado em um solo
argiloso. Mas, um solo pobre pode ser transformado em um solo fértil ou, no mínimo,
produtivo. Com a correção (calagem) e a adubação de um solo pobre, podem-se atingir
elevadas produções na cafeicultura.

I.2) Fertilidade do solo e nutrientes

Fertilidade é a capacidade do solo de ceder nutrientes para as plantas. A fertilidade


do solo pode ser dividida em quatro tipos:
a) Fertilidade Natural: É a fertilidade decorrente do processo de formação do solo:
material de origem + ambiente + organismos + tempo. Fertilidade de um solo nunca
trabalhado.
b) Fertilidade Atual: É a fertilidade do solo após a ação antrópica (do homem).
Fertilidade após práticas de manejo que visam fornecer nutrientes para as culturas por
meio de correção e adubação mineral ou orgânica.
c) Fertilidade Potencial: É a que pode se manifestar a partir de determinadas condições.
Nesse caso, alguma característica do solo pode estar limitando a real capacidade do solo
em ceder nutrientes para as plantas. Ex.: Solos ácidos.
d) Fertilidade Operacional: É a fertilidade estimada a partir da determinação dos teores
de nutrientes no solo por determinados extratores químicos. Nem sempre a fertilidade
operacional é exatamente a fertilidade natural ou a atual do solo. Elas se correlacionam,
mas podem não ser exatamente iguais.
Para que as plantas se desenvolvam normalmente, alguns fatores são
indispensáveis: temperatura, luz, ar, água, nutrientes, etc. Os nutrientes são elementos
químicos essenciais ao desenvolvimento das plantas. Carbono (C), hidrogênio (H) e
oxigênio (O) são elementos essenciais para as plantas, constituindo 90 a 96 % dos
tecidos vegetais. Entretanto, não são considerados no estudo da fertilidade do solo, pois
são, prioritariamente, fornecidos pelo ar e pela água. Para a fertilidade do solo os

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53
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nutrientes são classificados como:


a) Macronutrientes primários: nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K).
b) Macronutrientes secundários: cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e enxofre (S).
c) Micronutrientes: boro (B), ferro (Fe), zinco (Zn), manganês (Mn), cobre (Cu),
molibdênio (Mo) e cloro (Cl).
Os nutrientes absorvidos em grandes quantidades pelas culturas são considerados
macronutrientes. Aqueles absorvidos em menores quantidades, são considerados
micronutrientes. No entanto, todos são essenciais e a deficiência de apenas um deles,
pode prejudicar o desenvolvimento normal das culturas e, consequentemente, sua
produção. A subdivisão entre macronutrientes primários e secundários é apenas uma
questão de marketing industrial, dado o advento das formulações N-P-K. Mas, não há
qualquer relação com a importância dos nutrientes, uma vez que todos são essenciais e
absorvidos em grandes quantidades.
Muitos elementos químicos estão presentes no tecido vegetal, mas não podem
ser considerados nutrientes. Outros podem até aumentar a produção das lavouras, mas
também não podem ser considerados nutrientes de plantas. Para que um elemento
químico seja considerado um nutriente, deve atender a alguns requisitos, denominados
critérios de essencialidade:
a) Na ausência do elemento químico a planta não é capaz de completar seu ciclo de
vida.
b) O elemento químico é insubstituível, ou seja, na sua ausência a deficiência só pode
ser corrigida através do seu fornecimento.
c) O elemento químico faz parte de molécula de um constituinte ou reação bioquímica
essencial à planta.
A partir dos critérios de essencialidade pode-se inferir sobre a importância dos
nutrientes, sejam eles macronutrientes primários, secundários ou micronutrientes.

I.3) Disponibilidade de nutrientes e capacidade de retenção e troca

Se um solo é capaz de ceder nutrientes para as plantas, esses nutrientes devem

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estar, então, “disponíveis”. Todo o processo de absorção dos nutrientes fornecidos pelo
solo ou por adubações está ligado à disponibilidade dos nutrientes. Um nutriente pode
estar presente no solo, mas a planta não consegue absorvê-lo na forma em que se
encontra. Nesse caso, o nutriente está em uma forma “não-disponível” para as plantas.
O teor disponível de um nutriente, em uma determinada condição, depende, além
das formas químicas em que o mesmo se encontra no solo, da umidade do solo
(condições climáticas), da capacidade de absorção da cultura, do desenvolvimento do
sistema radicular e do pH do solo.
A umidade do solo é fundamental para que os nutrientes sejam absorvidos pelas
plantas. Primeiro por interferir no transporte dos nutrientes no solo, segundo, porque as
plantas absorvem os nutrientes diretamente da solução do solo (água do solo). O
transporte de nutrientes no solo irá influenciar o local de aplicação dos fertilizantes.
Existem três tipos de transporte dos nutrientes no solo:

a) Fluxo de massa: é o transporte do nutriente com a água absorvida pelas plantas. Esse
tipo de transporte é importante para nutrientes móveis no solo como o nitrogênio. À
medida que a planta absorve a água, o nutriente é “arrastado” para a região próxima da
raiz, podendo então ser absorvido. Isso faz com que o nutriente seja transportado a
maiores distâncias, ou seja, não é necessário que esteja muito próximo das raízes.
Portanto, os adubos nitrogenados não precisam ser aplicados muito próximos das raízes
como os adubos fosfatados.

b) Difusão: é o transporte do nutriente por diferença de concentração, sendo que ocorre a


curtas distâncias no solo. Quando a planta absorve um nutriente que está próximo de
suas raízes, reduz a concentração do nutriente nessa região do solo. O nutriente que se
encontra em uma região próxima com maior concentração, “migra”, via solução do solo,
para a região próxima das raízes, podendo, então, ser absorvido. Esse tipo de transporte
é essencial para o fósforo. Dessa forma, é importante que os adubos fosfatados sejam
aplicados o mais próximo possível das raízes. Os demais nutrientes são transportados em
parte por difusão, em parte por fluxo de massa.

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C) Interceptação radicular: na realidade não é um tipo de transporte, mas facilita


principalmente a difusão. Quando as raízes das plantas crescem no solo, a chance de se
aproximarem de nutrientes aumenta, o que facilita sua absorção. Dessa forma, quanto
mais desenvolvida for a raiz do cafeeiro, maior a possibilidade de ocorrer interceptação
radicular de nutrientes.

O pH do solo pode aumentar ou reduzir a disponibilidade dos nutrientes. A maioria


dos micronutrientes fica mais disponível a valores de pH mais baixos (solos mais ácidos).
Já os macronutrientes, estão disponíveis a valores de pH mais elevados. Assim, o
importante é definir um valor de pH do solo em que a maioria dos nutrientes esteja
disponível. A Figura 1 mostra a influência do pH do solo na disponibilidade de nutrientes.
Portanto, a faixa de pH do solo entre 6,0 e 6,5 é a mais adequada para que a maioria dos
nutrientes se encontre o mais disponível possível. Como será visto em tópico posterior, a
calagem é a forma mais adequada para se elevar o pH de um solo ácido.

Figura 1 – Efeito do pH na disponibilidade dos nutrientes e do alumínio em


sua forma tóxica (Al3+).

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A disponibilidade dos nutrientes é, ainda, uma resultante da inter-relação entre os


fatores Intensidade (I), Quantidade (Q) e Capacidade Tampão do Solo (Q/I). Esse
conceito parece ser muito complexo, mas, na realidade, é extremamente simples,
podendo ser compreendido por qualquer pessoa. O fator I se refere à quantidade do
nutriente que se encontra na solução do solo, ou seja, está dissolvido na água do solo e
prontamente disponível para as plantas. O fator Q corresponde à quantidade do nutriente
adsorvida (aderida) a parte sólida do solo, mas que está em equilíbrio com a fase líquida,
ou seja, pode passar à fase líquida e ser absorvido pelas plantas. Já o fator Q/I se refere
à resistência do solo em transferir o nutriente de Q (fase sólida) para I (solução do solo).
A inter-relação entre esses três fatores está diretamente ligada às cargas elétricas
que cada tipo de solo apresenta e irá nortear todo o processo de adubação e posterior
transporte dos nutrientes até as raízes das plantas. Os solos arenosos apresentam menor
quantidade de cargas, o que promove maior quantidade de nutriente na solução do solo
(I), menor quantidade aderida às partículas (Q) e menor capacidade tampão (Q/I), ou seja,
o nutriente passa mais facilmente da fase sólida para a fase líquida do solo. Já os solos
argilosos, que possuem maior quantidade de cargas, apresentam menor quantidade de
nutriente na solução do solo (I), maior quantidade aderida às partículas (Q) e maior
resistência à passagem do nutriente da fase sólida para a fase líquida (Q/I).
A inter-relação entre os fatores I, Q e Q/I pode ser representada como um sistema
de vasos comunicantes (Figura 2).

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Solo Absorvido pelas plantas


Fator Q ou
Perdido do sistema
N

N Solo argiloso Fator I

Solo arenoso N
N
N Fator Q/I N
N
N N N

Figura 2 – Representação esquemática dos fatores Intensidade (I), Quantidade


(Q) e Capacidade tampão do solo (Q/I), para um solo argiloso e um solo
arenoso.

Quanto maior a capacidade do solo em reter nutrientes em Q (partículas do solo),


menor a quantidade de nutrientes em I (solução do solo), caso do solo argiloso. Quanto
menor a capacidade do solo em reter nutrientes em Q, maior a quantidade de nutrientes
em I, caso do solo arenoso. O fator Q/I funciona como uma verdadeira torneira. No solo
argiloso, que apresenta maior número de cargas, a torneira fica mais fechada, reduzindo
a passagem de nutrientes de Q para I. No solo arenoso, que apresenta menor número de
cargas, a torneira fica mais aberta, aumentando a passagem de nutrientes de Q para I. Se
a torneira fica mais aberta (solo arenoso), os nutrientes ficam prontamente disponíveis,
mas, se não forem absorvidos rapidamente pelas raízes, serão perdidos do sistema. Se a
torneira fica mais fechada (solo argiloso), os nutrientes podem não ficar prontamente
disponíveis rapidamente, mas o seu fornecimento é contínuo por muito mais tempo,
reduzindo as perdas.
O solo arenoso é o gastador que põe uma mesa farta e não consegue comer tudo,

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perdendo grande parte da comida. O solo argiloso é o pão duro, que põe a mesa simples
várias vezes e come tudo que está disponível em cada refeição. Vale relembrar que, todo
esse processo ocorre devido às cargas elétricas do solo.
O material mineral do solo é dividido em minerais primários (maiores que 0,002
mm; pedras, cascalho, areia e silte) e minerais secundários (menores que 0,002 mm;
argilas silicatadas e óxidos de Fe e Al). Os minerais secundários e a fração orgânica do
solo contêm grande quantidade de cargas elétricas, pois apresentam elevada superfície
específica. Essas partículas possuem, de modo geral, cargas elétricas negativas. Embora
possam possuir, também, cargas positivas, estas são, normalmente, em menor número
que as negativas.
As cargas elétricas do solo são responsáveis por diversas reações que influenciam
o aproveitamento, pelas plantas, dos nutrientes aplicados na forma de fertilizantes. Os
cátions, íons de carga positiva, se ligam às cargas negativas do solo (atração
eletrostática). Já os ânions, íons de carga negativa, se ligam às cargas positivas do solo.
Esse processo funciona como se fosse um verdadeiro ímã, onde cargas diferentes se
atraem e cargas iguais se repelem.
A ligação de cátions no solo, representada pelo fator Q, é tão importante que essa
propriedade dos solos recebe o nome de capacidade de troca catiônica (CTC). A CTC
condiciona a perda de cátions por lixiviação (perda de nutriente junto com a água que
percola no solo até camadas mais profundas, longe do alcance das raízes) e por
volatilização (perda de nutriente para a atmosfera, como se fosse uma evaporação).
Dessa forma, fica claro que, solos arenosos, com baixo teor de matéria orgânica,
apresentam grande potencial de perder nutrientes, pois apresentam baixa CTC. Todo o
manejo da adubação deve levar em consideração a CTC do solo, visando reduzir as
perdas e aumentar o aproveitamento dos fertilizantes. Em geral, quanto maior a CTC do
solo, menores as perdas.
As cargas elétricas do solo podem ser permanentes ou dependentes do pH. As
cargas elétricas permanentes se originam do intemperismo do mineral (formação do solo).
Geralmente, as cargas permanentes são negativas e, como o próprio nome diz, são
permanentes, ou seja, pode ocorrer qualquer mudança no pH do solo que as cargas

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elétricas continuarão negativas. Infelizmente, essas cargas não são muito comuns em
solos de regiões tropicais, como no Brasil. Nas regiões tropicais, predominam as cargas
dependentes do pH. Nesse caso, o pH do solo condiciona o aparecimento de cargas
elétricas positivas ou negativas. Se o pH do solo for baixo (elevada concentração de H +),
haverá formação de cargas elétricas positivas, reduzindo a CTC do solo. Se o pH for mais
elevado, haverá formação de cargas elétricas negativas, aumentando a CTC do solo.
Existem dois tipos de CTC do solo, medidas por meio de análises laboratoriais. A
CTC efetiva, cujo símbolo é (t), reflete a capacidade do solo em reter cátions no seu pH
natural. Nesse caso, algumas cargas elétricas negativas estão bloqueadas por H + e por
Al3+ presentes no solo, impedindo a ligação dos nutrientes catiônicos. Já a CTC total, cujo
símbolo é (T), reflete a capacidade do solo em reter cátions quando o pH do solo for igual
a sete, ou seja, neutro. Nesse caso, partindo-se de um solo ácido (pH baixo), a elevação
do pH até sete, promove o desenvolvimento de cargas elétricas negativas que existiam
apenas de forma potencial. Do ponto de vista prático, a CTC total é o valor da CTC do
solo caso este sofresse calagem, visando elevar o pH até sete. A CTC total do solo só
pode ser aumentada com a aplicação de elevadas quantidades de matéria orgânica, uma
vez que é impossível modificar a mineralogia dos solos.
Em um solo arenoso e com baixo teor de matéria orgânica, os valores de t e T
serão baixos, pois o potencial de formação de cargas nesses solos é pequeno. Um solo
argiloso, com elevado teor de matéria orgânica, irá apresentar o valor de t baixo, caso o
pH natural do solo seja baixo, ou o valor de t elevado, caso o pH natural do solo seja alto.
Porém, esse tipo de solo tende a apresentar o valor de T elevado, pois tem grande
potencial de desenvolver cargas elétricas negativas.
Nesse sentido, uma forma de reduzir as perdas e aumentar o aproveitamento dos
fertilizantes é elevar a CTC efetiva do solo, tentando aproximar a CTC efetiva (t) da CTC
total (T). Como será discutido em tópico posterior, isso pode ser conseguido por meio da
calagem.

I.4) Leis gerais da adubação

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Diversos princípios ou leis têm sido propostos, há séculos, para estabelecer a


relação entre a produção das culturas e a quantidade e proporção dos elementos
essenciais fornecidos. Essas leis são conhecidas como “Leis Gerais da Adubação” e
explicam como a adubação interfere na produção das lavouras. O conhecimento dessas
leis é fundamental para reduzir os gastos com fertilizantes. Todas as leis são importantes,
mas serão mostradas apenas aquelas que influenciam a perda de recursos.
Lei do mínimo: “O crescimento e a produção das lavouras são limitados pelo nutriente que
se encontra em menor quantidade no solo”. Essa lei foi proposta por Liebig em 1843.
Tentando explicar de forma mais clara, pode-se dizer que o nutriente que define a
produção é aquele menos disponível para as plantas. Portanto, quando se pensa em
adubação, deve-se pensar em equilíbrio entre os nutrientes. Obviamente, alguns
nutrientes são mais exigidos do que outros, mas todos são necessários para que seja
alcançada elevada produção.
Não adianta gastar fortunas com NPK, se as quantidades de magnésio, ou enxofre,
são baixas no solo. A produção ficará limitada por esses dois nutrientes. Nesse caso, a
aplicação de pequenas quantidades de adubos, que contenham magnésio e enxofre,
pode promover um ganho expressivo na produtividade.
Lei de Mitscherlich ou dos incrementos decrescentes: “Quando se aplicam doses
crescentes de um nutriente, o aumento na produção é elevado inicialmente, mas decresce
sucessivamente”. Mitscherlich observou que, elevando progressivamente as doses do
nutriente deficiente no solo, a produção aumentava rapidamente no início. Entretanto,
esses aumentos tornavam-se cada vez menores, tendendo a formar um “platô” de
resposta, onde a produção não aumentava, mesmo com a elevação da dose do nutriente.
A figura abaixo mostra graficamente esta lei:

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Sa aumentar a lucratividade do cafezal
ca
s/
ha

A B C

D0 D D2
Doses 1crescentes de nutriente

Quando não aplicamos o nutriente (D0), conseguimos uma produção irrisória. Ao


elevar a dose aplicada, a produção vai aumentando de forma linear, até atingir a dose D1
(Região A). A partir desse ponto, as respostas à adição do nutriente são cada vez
menores, até que a produção não aumenta mais, mesmo com a aplicação de grande
quantidade de nutriente (Região B). A partir da dose D 2, as quantidades ficam tão
elevadas que ocorre efeito negativo do nutriente e a produção começa a diminuir (Região
C).
Essa lei demonstra que, na prática, devemos trabalhar na Região A, também
chamada de região de elevada probabilidade de resposta. A dose D 1 é aquela de maior
eficiência econômica. Essa é a dose a ser aplicada. Doses muito acima desta, certamente
trarão prejuízo. Não adianta aplicar fertilizante indefinidamente. Esse é um erro comum e
que, na maioria das vezes, é difícil de ser notado. Se aplicarmos uma dose intermediária
entre D1 e D2, iremos atingir elevada produção, mas com um gasto muito maior do que o
necessário.

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Lei do máximo: “O excesso de um nutriente no solo reduz a eficácia de outros e, por


conseguinte, pode diminuir o rendimento das colheitas.”. Essa lei representa a Região C
da lei de Mitscherlich. Em outras palavras, a dose de determinado nutriente pode ser tão
elevada, que causa toxidez do próprio nutriente ou inibe a ação de outro, reduzindo a
produção da cultura. Esse é o caso típico da aplicação de fertilizantes sem o prévio
conhecimento da real necessidade. Em café, podem-se encontrar, entre outras, a toxidez
causada por excesso de boro, a inibição não competitiva do zinco pelo fósforo ou, ainda,
a inibição competitiva entre potássio e cálcio, quando este é aplicado em elevada
concentração.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BRADY, N.C. Natureza e propriedades dos solos. 8.ed. Rio de Janeiro, Livraria Freitas
Bastos, 1983. 647p.

LEPSCH, I.F. Formação e conservação dos solos. São Paulo, Oficina de Textos, 2002.
178p.

LOPES, A.S. Manual de fertilidade. São Paulo, ANDA/POTAFOS, 1989. 155p.

MALAVOLTA, E. ABC da adubação. 5.ed. São Paulo, CERES, 1989. 291p.

MALAVOLTA, E. Manual de calagem e adubação das principais culturas. São Paulo,


CERES, 1987. 496p.

RAIJ, B.van. Fertilidade do Solo e Adubação. Piracicaba, CERES, Potafos, 1991. 343p.

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Módulo 2 – Diagnóstico das necessidades de


correção e adubação
D.Sc. André Guarçoni Martins
______________________________________________________________________

II.1) Apresentação dos resultados das análises de solo

Nas amostras de solo recebidas pelos laboratórios, são determinadas diversas


características da fertilidade que irão nortear as recomendações de corretivo e de
adubação. Os resultados são expressos com base em volume (dm 3) ou em massa (kg) de
solo, de acordo com a forma de medida da subamostra na análise correspondente.
Entretanto, os laboratórios seguem metodologias de análise e apresentação dos
resultados baseados em critérios regionais. Os laboratórios dos principais estados
produtores de café do Brasil seguem as diretrizes definidas para os estados de Minas
Gerais ou de São Paulo. Ambas estão corretas, mas os técnicos e produtores devem ficar
atentos para diferenças sutis que podem prejudicar o programa de adubação a ser
empregado.
Na Tabela 1 é mostrado um exemplo de resultado de análise química do solo
expedido por um laboratório que segue as diretrizes de MG e na Tabela 2 é mostrado um
exemplo de resultado de análise química do mesmo solo, mas, dessa vez, expedido por
um laboratório que segue as diretrizes de SP.

Tabela 1 – Resultado de análise de solo expedido por laboratório que segue as diretrizes
de MG.

Ref. pH1/ P2/ K2/ Ca2+3/ Mg2+3/ Al3+3/ H+Al4/ SB t T V m MO


H2O mg/dm3 --------------------- cmolc/dm3 --------------------- -- % -- dag/kg
1 5 6 42 1,4 0,4 1,1 6,3 1,9 3,0 8,2 23 37 1,6
1/ 2/ 3/ 4/
pH em água – relação 1:2,5; Extrator Mehlich 1; Extrator KCl (1 mol/L); correlação com pH SMP.

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Tabela 2 – Resultado de análise de solo expedido por laboratório que segue as diretrizes
de SP.

Ref. pH1/ P-res.2/ K+ Ca2+3/ Mg2+3/ Al3+3/ H+Al4/ SB t T V m MO


CaCl2 mg/dm3 -------------------------- mmolc/dm3 ------------------------ -%- g/dm3
1 4,4 10 1,07 14 4 11 63 19 30 82 23 37 16
1/ 2/ 3/ 4/
pH em solução de CaCl2 ; Extraído com resina trocadora de ânions; Extrator KCl (1 mol/L); correlação com pH
SMP.

Os resultados apresentados nas Tabelas 1 e 2 são muito distintos. Isso se deve às


diferenças de métodos empregados nas determinações (pH e P) e às diferentes unidades
empregadas. O pH é determinado em H2O no primeiro caso e em CaCl2 no segundo. O
pH CaCl2, por ser determinado em solução salina, geralmente é menor do que o pH em
H2O. O teor de P, extraído por Mehlich-1, geralmente é menor do que o P extraído pela
resina, uma vez que o primeiro extrator sofre grande influência da capacidade tampão do
solo. Assim, em solos argilosos, é de se esperar que o teor de P extraído pelo Mehlich-1
seja bem menor do que pela resina, mas, para solos arenosos, essa diferença tende a
diminuir. No caso do K, a valor é extremamente discrepante, devido à unidade de
representação. Na Tabela 1 o K é representado em mg/dm 3. Já na Tabela 2, o K é
representado em mmolc/dm3, unidade que expressa a quantidade de K em função de seu
peso molecular e sua carga. Para as demais características, a unidade utilizada na Tabela
2 aumenta o valor numérico dez vezes.
Como visto, os valores podem ser muito discrepantes, mas todos os resultados
estão corretos. Basta adequar, na recomendação de calagem e adubação, os resultados
das análises químicas às tabelas de recomendação, ou, quando necessário, fazer as
transformações de unidades, o que será discutido posteriormente nesse módulo.

II.2) Apresentação dos resultados das análises foliares

Na apresentação dos resultados de análises foliares não há tanta diferença quanto

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na apresentação das análises de solo, uma vez que os métodos de determinação são os
mesmos. Apenas algumas unidades se modificam. Nas Tabelas 3 e 4 são mostrados
alguns exemplos para a cultura do Café.

Tabela 3 – Resultado de análise foliar de lavoura de café expedido por um laboratório que
segue as diretrizes de MG.

N P K Ca Mg S
--------------------- dag/kg ----------------
2,90 0,18 2,00 1,20 0,35 0,17
B Zn Fe Mn Cu Mo
--------------------- mg/kg -----------------
70 13 160 180 10 0,18

Tabela 4 – Resultado de análise foliar de lavoura de café expedido por um laboratório que
segue as diretrizes de SP.

N P K Ca Mg S
---------------------- g/kg -------------------
29,0 1,8 20,0 12,0 3,5 1,7
B Zn Fe Mn Cu Mo
--------------------- mg/kg -----------------
70 13 160 180 10 0,18

Nesse caso, ocorre apenas a troca da unidade na qual são expressos os


macronutrientes. Na Tabela 3, os macronutrientes são expressos em dag/kg e na Tabela
4, em g/kg, o que aumenta os valores dez vezes. As quantidades de macronutrientes
presentes nas folhas são iguais, apenas a forma de representar é que muda. Deve-se
tomar muito cuidado para não se confundir as unidades, pois isso pode afetar

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completamente a tomada de decisão quanto à nutrição do cafezal.

II.3) Transformação de unidades

Como os resultados de análises de solo e folhas podem ser expressos em


diferentes unidades, de acordo com o laboratório, devemos saber transformar as
unidades, de forma que se possa utilizar qualquer resultado na tomada de decisão.
Algumas unidades expressam o valor na mesma magnitude, ou seja, o valor
expresso por uma unidade é o mesmo quando expresso pela outra:

10 % = 10 dag/kg;
10 ppm = 10 mg/dm3 = 10 mg/kg;
10 meq/100 cm3 = 10 cmolc/dm3

Na Tabela 5 são apresentados os fatores multiplicativos de transformação mais


simples. Nesse caso, basta multiplicar o valor expresso nas unidades da coluna pelo
respectivo fator, e encontrar o valor na unidade que se encontra na linha.

Tabela 5 – Fatores multiplicativos de transformação dos resultados analíticos.

Unidades dag/kg g/kg mg/dm3 1/ kg/ha 2/ t/ha 2/


dag/kg 1 10 10.000 20.000 20
g/kg 0,1 1 1.000 2.000 2
mg/dm3 0,0001 0,001 1 2 0,002
kg/ha 0,00005 0,0005 0,5 1 0,001
t/ha 0,05 0,5 500 1.000 1
1/ 3 2/
Considerando a densidade aparente de 1 kg/dm ; Considerando um hectare
3
de 2.000.000 dm (área de 100 x 100 m e profundidade de 20 cm).

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A partir da Tabela 5 podemos calcular alguns exemplos:

a) Se um solo apresenta 1,2 dag/kg de matéria orgânica (MO), quanto o mesmo solo
apresenta de MO em g/kg, em kg/ha e em t/ha?

Basta multiplicar 1,2 dag/kg pelos fatores correspondentes:

1,2 dag/kg x 10 = 12 g/kg de MO.


1,2 dag/kg x 20.000 = 24.000 kg/ha de MO.
1,2 dag/kg x 20 = 24 t/ha de MO.

b) Se o resultado da análise de solo foi 100 mg/dm3 de potássio (K), quanto um hectare
inteiro contém de K?

100 mg/dm3 x 2 = 200 kg/ha de K.


Ou
100 mg/dm3 x 0,002 = 0,2 t/ha de K.

As transformações acima são muito simples e diretas. Entretanto, um tipo de


transformação requer um pouco mais de informações sobre os elementos químicos e uma
fórmula específica: transformar mg/dm 3 em mmolc/dm3 ou cmolc/dm3. No item II.1 o
potássio (K) é representado em mg/dm3 (Tabela 1) ou mmolc/dm3 (Tabela 2). Para a
interpretação dos teores de K no solo, são utilizadas tabelas que consideram o K em
mg/dm3 ou em mmolc/dm3, de acordo com a região. Um mol de qualquer elemento é seu
peso molecular (PM) em gramas (esse valor se obtém na tabela periódica). Um mol de
carga (molc) é o peso molecular dividido pela valência do íon. Parece difícil, mas com um
exemplo tudo fica mais fácil.

 Transformar 100 mg/dm3 de K em mmolc/dm3 e cmolc/dm3:


 De antemão precisamos saber que a valência (ou carga) do K é igual a 1, pois a

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forma iônica é K+; O peso molecular (PM) do K é igual a 39,1.

Para essa transformação basta dividir o valor em mg/dm 3 pelo PM dividido pela
mg/dm3
valência do íon, segundo a fórmula: mmolc/dm3 =
(PM/valência)

Assim temos:
100 mg/dm3 de K
= 2,56 mmolc/dm3 de K (÷ 10) = 0,256 cmolc/dm3
(39,1/1)

Para outras transformações utilizamos:

Ca2+ → PM = 40,1; valência = 2.


Mg2+ → PM = 24,0; valência = 2.
Al3+ → PM = 27,0; valência = 3.

II.4) Interpretação das análises de solo (classes de fertilidade)

A determinação de classes de fertilidade do solo visa dar subsídios para as


recomendações de calagem e adubação. Não é nossa intenção estimular o exercício
ilegal de profissão, uma vez que apenas agrônomos e técnicos podem recomendar doses
de corretivos e adubos para terceiros. Mas, os produtores devem se familiarizar com as
classes de fertilidade, visando maior controle de todo o programa de adubação.
Na Tabela 6 é apresentada a classificação agronômica da acidez ativa (pH) do solo
e na Tabela 7 são apresentadas as classes de interpretação de matéria orgânica e do
complexo de troca do solo.

Tabela 6 – Classes de interpretação para acidez ativa do solo (pH)

Classificação Agronômica do pH1/


Muito baixa Baixa Boa Alta Muito alta

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< 4,5 4,5 – 5,4 5,5 – 6,0 6,1 – 7,0 > 7,0
1/
pH em H2O, relação 1:2,5, TFSA: H2O

Para avaliar a acidez do solo, são consideradas a acidez ativa (pH) e a trocável
(Al3+), a saturação por alumínio (m) e por bases (V) e a capacidade tampão, estimada por
meio da acidez potencial (H+Al). A acidez também se relaciona com os teores de Ca 2+ e
Mg2+. Todas essas características devem ser analisadas em conjunto. A seqüência abaixo
mostra a relação entre a acidez do solo e as demais características da acidez:

> acidez do solo → < pH, > Al3+, > m, < V, > H+Al, < Ca2+ e < Mg2+.

Tabela 7 – Classes de interpretação da fertilidade do solo para a matéria orgânica e para


o complexo de troca catiônica.

Característica Unidade Classificação


Muito Baixo Médio Bom Muito
baixo Bom
Carbono dag/kg < 0,40 0,41 – 1,16 1,17 – 2,32 2,33 – 4,06 > 4,06
Orgânico (CO)
Matéria dag/kg < 0,70 0,71 – 2,00 2,01 – 4,00 4,01 – 7,00 > 7,00
Orgânica (MO)
Cálcio trocável cmolc/dm3 < 0,40 0,41 – 1,20 1,21 – 2,40 2,41 – 4,00 > 4,00
(Ca2+)
Magnésio cmolc/dm3 < 0,15 0,16 – 0,45 0,46 – 0,90 0,91 – 1,50 > 1,50
2+
trocável (Mg )
Soma de bases cmolc/dm3 < 0,60 0,61 – 1,80 1,81 – 3,60 3,61 – 6,00 > 6,00
(SB)
CTC efetiva (t) cmolc/dm3 < 0,80 0,81 – 2,30 2,31 – 4,60 4,61 – 8,00 > 8,00
CTC Total (T) cmolc/dm3 < 1,60 1,61 – 4,30 4,31 – 8,60 8,61 – 15,0 > 15,0
Acidez trocável cmolc/dm3 < 0,20 0,21 – 0,50 0,51 – 1,00 1,01 – 2,001/ > 2,001/
(Al3+)
Acidez cmolc/dm3 < 1,00 1,01 – 2,50 2,51 – 5,00 5,01 – 9,001/ > 9,001/
potencial
(H+Al)
Saturação por % < 15,0 15,1 – 30,0 30,1 – 50,0 50,1 – 75,01/ > 75,01/
3+
Al (m)
Saturação por % < 20,0 20,1 – 40,0 40,1 – 60,0 60,1 – 80,0 > 80,0
bases (V)
1/
A interpretação destas características, nessas classes, deve ser alta e muito alta, em lugar de bom e
muito bom.

As classes mostradas nas Tabelas 6 e 7 são gerais, ou seja, são consideradas as

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mesmas independentemente do estádio de desenvolvimento da cultura. Para o nutriente


fósforo (P), são consideradas duas fases: Implantação da cultura (Tabela 8) e
desenvolvimento e produção (Tabela 9 – utilizada também para potássio (K)). Isso é
necessário, pois o cafeeiro na fase de muda necessita de teores de P elevados no solo,
uma vez que seu sistema radicular é pouco desenvolvido, reduzindo a eficiência de
absorção. À medida que a planta de café cresce, seu sistema radicular vai se
desenvolvendo e passa a explorar maior volume de solo. Com isso, os teores de P no
solo podem ser menores, pois a eficiência de absorção aumenta. Ademais, a eficiência de
utilização desse nutriente aumenta com a idade da planta.
As classes de fósforo são baseadas no teor de argila ou no valor de fósforo
remanescente (P-rem) do solo, uma vez que o extrator Mehlich-1 é desgastado pelas
cargas negativas do solo. Assim, quanto mais argiloso for o solo, maior o desgaste do
extrator e menor a quantidade de P extraída do solo, mesmo que este possua teores
elevados. Para corrigir essa distorção, são utilizados estimadores da capacidade tampão
do solo: o próprio teor de argila ou o P-rem. O P-rem é a quantidade de P que sobra numa
solução contendo 60 mg/L de P após agitação desta com o solo. Dessa forma, pode-se
ter clara idéia da capacidade tampão do solo, pois o P contido na solução vai sendo
adsorvido pelo solo com o passar do tempo. Quanto menor o valor de P-rem, significa que
maior quantidade de P foi adsorvida, o que irá gerar maior desgaste do extrator Mehlich-1
pelo elevado número de cargas do solo, e vice-versa. Deve-se dar preferência ao P-
rem em relação à ao teor de argila, pois, além de sua determinação ser mais barata,
permite uma recomendação mais detalhada.

Tabela 8 – Classes de fertilidade de fósforo disponível (P) para o plantio de café


arábica e conilon

Característica Classificação
Muito Baixa Baixa Média Boa Muito Boa
3
----------------------------------------- mg/dm ----------------------------------------
Argila (%) Fósforo disponível (P)1/
60 – 100 < 8,0 8,1 – 16,0 16,1 – 24,0 24,1 – 36,0 > 36,0
35 – 59 < 12,0 12,1 – 24,0 24,1 – 36,0 36,1 – 54,0 > 54,0
15 – 34 < 20,0 20,1 – 36,0 36,1 – 60,0 60,1 – 90,0 > 90,0
0 – 14 < 30,0 30,1 – 60,0 60,1 – 90,0 90,1 – 135,0 > 135,0

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P-rem2/ (mg/L) ----------------------------------------- mg/dm3 ----------------------------------------


0–4 < 9,0 9,1 – 13,0 13,1 – 18,0 18,1 – 24,0 > 24,0
5 – 10 < 12,0 12,1 – 18,0 18,1 – 25,0 25,1 – 37,5 > 37,5
11 – 19 < 18,0 18,1 – 25,0 25,1 – 34,2 34,3 – 52,5 > 52,5
20 – 30 < 24,0 24,1 – 34,2 34,3 – 47,4 47,5 – 72,0 > 72,0
31 – 44 < 33,0 33,1 – 47,4 47,5 – 65,4 65,5 – 99,0 > 99,0
44 – 60 < 45,0 45,1 – 65,4 65,5 – 90,0 90,1 – 135,0 > 135,0
1/ 2/
Método Mehlich-1; Fósforo remanescente, solução de CaCl2 10 mmol/L, contendo 60 mg/L de P, na relação
1:10, TFSA: Solução.

Quando o extrator é a resina trocadora de ânions, método utilizado no estado de


São Paulo, a capacidade tampão do solo passa a ter pouco efeito no resultado, uma vez
que a resina sofre pouca influência da capacidade tampão. Entretanto, o Boletim 100 do
estado de São Paulo não faz a distinção entre a fase de implantação e a fase de
crescimento e produção, considerando as mesmas classes de fertilidade para as duas
fases. Por isso, na Tabela 10, são apresentadas as classes de P e K em conjunto. Deve-
se atentar para o fato dos teores de K serem apresentados em mmolc/dm3 na Tabela 10.

Tabela 9 – Classes de fertilidade para fósforo e potássio (café arábica e conilon em


crescimento e produção)

Característica Classificação
Muito Baixa Baixa Média Boa Muito Boa
----------------------------------------- mg/dm3 ----------------------------------------
Argila (%) Fósforo disponível (P)1/
60 – 100 < 1,9 2,0 – 4,0 4,1 – 6,0 6,1 – 9,0 > 9,0
35 – 59 < 3,0 3,1 – 6,0 6,1 – 9,0 9,1 – 13,5 > 13,5
15 – 34 < 5,0 5,1 – 9,0 9,1 – 15,0 15,1 – 22,5 > 22,5
0 – 14 < 7,5 7,5 – 15,0 15,1 – 22,5 26,6 – 33,8 > 33,8
P-rem2/ (mg/L) ----------------------------------------- mg/dm3 ----------------------------------------
0–4 < 2,3 2,4 – 3,2 3,3 – 4,5 4,6 – 6,8 > 6,8
5 – 10 < 3,0 3,1 – 4,5 4,6 – 6,2 6,2 – 9,4 > 9,4
11 – 19 < 4,5 4,6 – 6,2 6,3 – 8,5 8,5 – 13,1 > 13,1
20 – 30 < 6,0 6,1 – 8,5 8,6 – 11,9 12,0 – 18,0 > 18,0
31 – 44 < 8,3 8,4 – 11,9 12,0 – 16,4 16,5 – 24,8 > 24,8
44 – 60 < 11,3 11,4 – 16,4 16,5 – 22,5 22,6 – 33,8 > 33,8
Potássio disponível (K)1/
----------------------------------------- mg/dm3 ----------------------------------------
< 30 31 – 60 61 – 120 121 – 200 > 200
1/
Método Mehlich-1; 2/ Fósforo remanescente, solução de CaCl2 10 mmol/L, contendo 60 mg/L de P, na relação
1:10, TFSA: Solução.

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Tabela 10 – Classes de fertilidade para P extraído com resina e para K + (implantação,


crescimento e produção do café arábica e conilon)

Classe de Fertilidade P (resina)1/ K+


mg/dm3 mmolc/dm3
Muito baixa < 5,0 < 0,7
Baixa 6,0 – 12,0 0,8 – 1,5
Média 13,0 – 30,0 1,6 – 3,0
Alta 31,0 – 60,0 3,1 – 6,0
Muito Alta > 60,0 > 6,0
1/
Extraído com resina trocadora de ânions.

Sabendo a classe de fertilidade do solo onde será ou está implantado o cafezal,


basta utilizar as tabelas de recomendação para encontrar a dose a ser aplicada. Isso será
mostrado em módulo posterior.

II.5) Interpretação das análises foliares

A análise foliar é uma ferramenta utilizada para a recomendação de corretivos e


fertilizantes, assim como a análise de solo. No entanto, na análise foliar, o técnico ou
produtor só toma conhecimento da deficiência de qualquer nutriente depois que a planta
já esteja sofrendo as conseqüências dessa deficiência. Por isso, a análise foliar é
realizada para identificar as causas de problemas nutricionais não identificados pela
análise de solo e para melhorar as aplicações de fertilizantes para o ano seguinte,
especialmente em culturas perenes como o café. Na Tabela 11 são mostrados os teores
foliares de nutrientes considerados adequados para o café arábica e para o café conilon.

Tabela 11 – Teores foliares considerados adequados para o café arábica e para o café
conilon

Café Macronutrientes
N P K Ca Mg S
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-------------------------------- dag/kg -------------------------------------


Arábica 2,9-3,2 0,16-0,20 2,2-2,5 1,0-1,5 0,40-0,45 0,15-0,20
Conilon 2,7 0,12 2,1 1,4 0,32 0,24
Micronutrientes
Fe Zn Cu Mn B
--------------------------------- mg/kg ------------------------
Arábica 90-180 15-20 8-16 80-100 50-80
Conilon 131 12 11 69 48
N = Nitrogênio; P = Fósforo; K = Potássio; Ca = Cálcio; Mg = Magnésio; S = Enxofre; Fe = Ferro;
Zn = Zinco; Cu = Cobre; Mn = Manganês; B = Boro.

As faixas de suficiência, em alguns casos, são amplas, como para o Fe no café


arábica. Isso indica que a produção será adequada com qualquer teor dentro da faixa,
para determinada região. Em uma região o café irá produzir bem com 100 mg/kg de Fe.
Noutra região, a produção será adequada quando o teor for de 180 mg/kg de Fe. Isso
ocorre devido às diferenças climáticas e ao tipo de solo, cabendo ao técnico ou produtor,
determinar, por meio de observação, qual a melhor faixa para a sua região.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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NOVAIS, R.F.; SMYTH, T.J. Fósforo em solo e planta em condições tropicais. Viçosa,
MG: UFV, 1999. 399p.

RAIJ, B.van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. (e.d.) Recomendação
de adubação e calagem para o estado de São Paulo. 2.ed. Campinas, Instituto
Agronômico/Fundação IAC, 1997. Bol. Téc. No 100. 285p.

RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ V., V.H. (Eds). Recomendações para o
uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais; 5ª aproximação. COMISSÃO DE
FERTILIDE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, Viçosa, 1999. 359p.

RIBEIRO, A.C. Nutrição do cafeeiro. IN: ZAMBOLIM, L. (e.d.). Estado da arte de


tecnologias na produção de café. Viçosa-MG, UFV, 2002. p.499–520.

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Módulo 3 – Corretivos de solos: uso eficiente


D.Sc. André Guarçoni Martins
______________________________________________________________________

III.1) Calagem
A maioria dos solos utilizados para o cultivo do café no Brasil apresenta, em geral,
características químicas inadequadas para o pleno desenvolvimento das plantas e para a
obtenção de elevadas produtividades. Dentre essas características, podem-se citar:
elevada acidez, altos teores de Al trocável (Al3+) e deficiência dos nutrientes Ca e Mg, as
quais são inadequadas por efeitos diretos ou indiretos sobre as plantas. A elevada acidez
do solo (baixo pH) se caracteriza por efeito direto dos íons H + sobre as raízes, além de
reduzir a disponibilidade de diversos nutrientes e aumentar o efeito da toxidez de
alumínio, como exemplificado na Figura 1; altos teores de Al 3+ no solo são tóxicos para as
plantas e a deficiência de Ca e Mg por si só já se explica, uma vez que estes são
elementos essenciais para a nutrição adequada das plantas.
A calagem, ou seja, a aplicação de calcário, se realizada corretamente, pode
corrigir ou atenuar esses efeitos negativos, elevando o potencial agrícola dos solos e,
consequentemente, aumentando a produtividade das lavouras.

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Figura 1 – Efeito do pH na disponibilidade dos nutrientes e do alumínio em sua


forma tóxica (Al3+).

III.1.1) Corretivo da acidez do solo

Um composto só pode ser denominado como corretivo da acidez se é capaz de


fornecer grupamentos OH- para o meio, no caso, o solo. Esses grupamentos ligam-se aos
íons H+ presentes no solo, responsáveis pela acidez, formando água (H 2O), que é neutra,
elevando o pH. Assim, deve-se considerar o calcário como um corretivo da acidez do
solo, pois é composto, principalmente, por quantidades variáveis de carbonato de cálcio e
de magnésio. A dissociação dos carbonatos libera OH- para o meio, corrigindo a acidez,
além de neutralizar o Al3+ e fornecer cálcio e magnésio. O Gesso, apesar de ser
fundamental para alcançar elevadas produtividades na cafeicultura, não pode ser
considerado um corretivo da acidez, pois não fornece OH - e, conseqüentemente, não
eleva substancialmente o pH do solo.

III.1.2) Determinação da necessidade de calagem

A necessidade de calagem não está somente relacionada com o pH do solo, mas,

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também, com sua capacidade tampão e sua capacidade de troca de cátions. A


capacidade tampão pode ser definida como a capacidade do solo em manter inalterada a
concentração de H+ em solução quando adicionadas doses crescentes de corretivo. Solos
mais tamponados (maior capacidade tampão), necessitam de mais calcário para elevar
seu pH do que solos menos tamponados (menor capacidade tampão). A capacidade
tampão relaciona-se diretamente com os teores de argila e de matéria orgânica do solo,
assim como com o tipo de argila. Quanto maiores os teores de argila e de matéria
orgânica do solo, maior quantidade de calcário deve ser utilizada para corrigi-lo. Em
nossos solos, a qualidade da argila não é muito relevante, pois a grande maioria destes
apresenta argila de baixa atividade.
Os objetivos, as características do solo avaliadas e os próprios conceitos dos
critérios utilizados para a recomendação de calagem são variáveis. Basicamente existem
dois importantes métodos para o calculo da necessidade de calagem, que visam atingir
objetivos distintos e geram recomendações de diferentes quantidades de corretivo.
Entretanto, dependendo da situação, um dos dois métodos é mais adequado para se
determinar a necessidade de calagem, cabendo aos responsáveis pela nutrição das
lavouras cafeeiras selecionar as informações disponíveis, definir o método a ser utilizado
e até que ponto a calagem é adequada à cultura.
Para se estimar a necessidade de calagem (NC) são utilizados, principalmente,
dois métodos amplamente aceitos e difundidos: O “Método da neutralização do Al 3+ e da
elevação dos teores de Ca2+ e Mg2+ trocáveis” e o “Método da saturação por bases”.

III.1.3) Método da neutralização do Al3+ e da elevação dos teores de Ca2+ e Mg2+


trocáveis

Nesse método, procura-se, ao mesmo tempo, neutralizar o alumínio do solo e


suprir a necessidade da cultura em Ca e Mg. Sua fórmula para cálculo é simples e
necessita-se de quatro informações fornecidas pela análise de solo: o teor de Al 3+ (em
cmolc/dm3), os teores de Ca2+ e Mg2+ trocáveis (em cmolc/dm3) e uma característica do
solo que estime sua capacidade tampão da acidez. Existem duas características que
estimam a capacidade tampão da acidez: o teor de argila e o fósforo remanescente (P-
rem). O P-rem é um estimador da capacidade tampão mais adequado do que o teor de
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argila, pois informa, indiretamente, sobre a qualidade dessa argila, ou seja, sobre a
capacidade da argila em promover reações químicas no solo.

Por esse método, a necessidade de calagem é assim calculada:

NC = Y x Al3+ + [X – (Ca2+ + Mg2+)], (Eq. 1), em que:

NC = Necessidade de calagem, em t/ha.


Al3+ = teor de alumínio trocável do solo, em cmolc/dm3.
Ca2+ = teor de cálcio trocável do solo, em cmolc/dm3.
Mg2+ = teor de magnésio trocável do solo, em cmolc/dm3.
X = valor variável em função dos requerimentos de Ca e Mg pela cultura (para o
cafeeiro, o valor definido por inúmeras publicações é de 3,5).

Y = valor variável em função da capacidade tampão da acidez do solo e que pode


ser definido de acordo com a textura do solo ou com o teor de P-rem do
mesmo, como mostrado no quadro abaixo:

Solo Argila Y
%
Arenoso 0 a 15 0,0 a 1,0
Textura média 15 a 35 1,0 a 2,0
Argiloso 35 a 60 2,0 a 3,0
Muito argiloso 60 a 100 3,0 a 4,0
ou
P-rem1/ Y
mg/L
0a4 4,0 a 3,5
4 a 10 3,5 a 2,9
10 a 19 2,9 a 2,0
19 a 30 2,0 a 1,2
30 a 44 1,2 a 0,5
44 a 60 0,5 a 0,0
1/
Determinado com solução de CaCl2 10 mmol/L, contendo 60 mg/L de P,
na relação solo:solução de 1:10.

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OBS: se na análise de solo não for determinado o teor de argila, nem o valor de P-
rem, utilizar os valores de Y correspondentes ao tipo de solo. Qualquer cafeicultor sabe se
o solo de sua lavoura é arenoso, argiloso ou de textura média. Portanto, não há
justificativa para não se utilizar esse importante método de determinação da NC.

III.1.4) Método da saturação por bases

Nesse método considera-se a relação existente entre o pH e a saturação por bases


do solo (V). Procura-se, por meio da calagem, atingir determinado valor de saturação por
bases, o que corrige, indiretamente, a acidez do solo. Quanto maior a saturação por
bases, maior o pH do solo e vice-versa. A fórmula para cálculo é ainda mais simples do
que a do método anterior, necessitando de apenas duas informações fornecidas pela
análise de solo: A CTC a pH 7 (T), em cmolc/dm3, e a saturação por bases (V), em %.

Por esse método, a necessidade de calagem (NC, em t/ha) é assim calculada:

NC = T(Ve – Va)/100, (Eq. 2), em que:

NC = Necessidade de calagem, em t/ha.


T = CTC a pH 7, em cmolc/dm3.
Ve = Saturação por bases desejada ou esperada (para o cafeeiro a saturação por
bases mais aceita atualmente é de 60 %).
Va = Saturação atual do solo, em %.

III.1.5) Quantidade de calcário a ser aplicada

A NC calculada por qualquer das fórmulas apresentadas anteriormente indica a


quantidade de calcário com PRNT = 100 % a ser incorporado por hectare, na camada de
0 a 20 cm de profundidade. Portanto, é uma dose de calcário teórica. Na realidade, a
determinação da quantidade de calcário a ser aplicada deve levar em consideração:

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a) A percentagem da superfície do terreno a ser coberta pela calagem (SC, em %).


b) Profundidade de incorporação do calcário (PF, em cm).
c) O poder relativo de neutralização total do calcário a ser utilizado (PRNT, em %).

Assim, a quantidade de calcário a ser aplicada (QC, em t/ha) será:

QC = NC x (SC/100) x (PF/20) x (100/PRNT) (Eq. 3).

 Para aplicação de calcário em faixas, na linha de plantio, utiliza-se, na maioria das


vezes, SC = 75 %.
 Para aplicação de calcário em cobertura, sem incorporação, utiliza-se PF
= 7 cm.
 Para aplicação de calcário em covas de 40 x 40 x 40 cm, utilizar a seguinte
equação:

QC = NC x 32 x (100/PRNT) (Eq. 4); nesse caso o resultado será dado em g/cova


de calcário.

III.1.6) Decisão sobre qual método utilizar para determinar a NC

A decisão sobre qual método utilizar cabe unicamente ao responsável pela nutrição
da lavoura de café. Este deve considerar todas as informações disponíveis, mas,
principalmente, os resultados da análise química do solo. Além disso, o profissional deve
estar ciente dos detalhes técnicos que envolvem cada método de determinação.
O método da saturação por bases é um bom método, pois geralmente propicia as
menores doses. Entretanto, quando a CTC do solo é baixa, como em solo arenoso, este
método tende a gerar uma dose de calcário insuficiente para suprir a necessidade das
plantas de café em Ca e Mg. Portanto, não seria adequado para esse tipo de situação.
O método da neutralização do Al3 e elevação dos teores de Ca2+ + Mg2+, por outro
lado, pode, em algumas situações, originar doses que ultrapassem o valor da CTC total
do solo (T), o que certamente elevaria o pH do solo a valores muito próximos ou maiores

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a sete, fato completamente indesejável.


Assim, é necessário considerar todos esses fatores, para que a recomendação de
calagem seja a mais correta possível. De posse dessas informações, o profissional
calcula a NC pelas duas fórmulas apresentadas (Eq. 1 e Eq. 2) e segue os seguintes
passos para decidir sobre qual resultado utilizar:

Passo 1) utilizar a menor dose (NC, em t/ha) calculada por qualquer um dos métodos,
geralmente a dose calculada pelo método da saturação por bases é a menor (Eq.
2).
Passo 2) se a dose definida no Passo 1 é menor do que a necessidade da cultura em
cálcio e magnésio (X – Ca2+ + Mg2+), utilizar o método da neutralização do Al3 e
elevação dos teores de Ca2+ + Mg2+ (Eq. 1). Se a dose definida no Passo 1 for
maior, é a dose indicada.
Passo 3) se a dose definida no Passo 2 for maior que o valor da CTC a pH 7 (T), utilizar
como NC o próprio valor da CTC a pH 7, em t/ha. Se a dose definida no Passo 2
for menor, é a indicada.

Seguindo os passos acima descritos, será determinada a melhor dose da NC para


o solo de qualquer lavoura de café. Com essa informação em mãos (NC, em t/ha), basta
calcular a quantidade de calcário a ser aplicada, utilizando-se as Equações 3 ou 4.

III.2) Gessagem

A maioria dos solos utilizados para o plantio do café no Brasil apresenta baixos
teores de cálcio trocável e elevados teores de alumínio, especialmente em camadas mais
profundas. Dessa forma, as raízes do cafeeiro tendem a ficar concentradas na superfície
do solo, o que torna as plantas extremamente suscetíveis a veranicos, além de reduzir a
absorção de nutrientes que estão distribuídos em um maior volume de solo. Mas porque
as raízes se concentram na superfície?
O efeito do calcário, em geral, não é observado em camadas mais profundas do

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solo, uma vez que o ânion acompanhante carbonato (CO 32-) imprime reduzida mobilidade
ao cálcio no perfil do solo. É por isso que, ao se recomendar a calagem em cobertura,
deve-se fazer a correção para 7 cm de profundidade, para que não ocorra uma
supercalagem. Assim, grande parte do cálcio fica restrita às camadas superficiais do solo.
O cálcio, por sua vez, é um elemento essencial para o crescimento vegetal,
apresentando mobilidade intermediária no solo e pouquíssima, ou nenhuma, mobilidade
nas plantas. Dessa forma, o cálcio enviado das raízes para as folhas do café não é
retranslocado para as raízes novamente, como acontece com o fósforo. Pode-se, então,
fazer uma afirmativa de fácil entendimento: “as raízes do cafeeiro crescem em busca de
cálcio, e, onde não houver cálcio, praticamente não haverá raízes de café”.
Além disso, o alumínio (Al3+) presente em camadas inferiores, não corrigidas pelo
calcário, é tóxico para as plantas em concentrações elevadas. Portanto, haverá pouco
crescimento radicular nessas camadas, devido aos baixos teores de cálcio e à possível
toxidez de alumínio.
Para contornar esse problema, que muitas vezes não fica explicito, mas que reduz
a produção das lavouras, deve-se utilizar o gesso. O gesso agrícola é composto
basicamente por sulfato de cálcio (CaSO4.2H2O), contendo aproximadamente 32,6 % de
CaO e 18,7 % de S, sendo fonte, além de cálcio, de enxofre. É um sal neutro e dissocia-
se, quando em solução, em Ca2+ e SO4-2. Logo, não apresenta receptores de prótons
(OH- e HCO3- ), ou seja, não é capaz, a princípio, de neutralizar a acidez do solo, muito
menos de elevar a CTC. Dessa forma, é considerado como um condicionador do solo,
não um corretivo.
O ânion acompanhante sulfato (SO42-) imprime elevada mobilidade ao cálcio,
permitindo que este nutriente chegue a camadas mais profundas do solo. Além disso, o
sulfato, oriundo do gesso, se liga ao alumínio do solo, formando o sulfato de alumínio
(AlSO4+), que é uma forma menos tóxica para as plantas. O gesso promove, também,
outras formas de redução da toxidez de alumínio, como a “auto-calagem” ou a formação
de AlF2+, mas essas ocorrem com menor intensidade do que a formação de AlSO 4+.
Por fornecer enxofre e cálcio, dar mobilidade ao cálcio até camadas mais
profundas do solo e reduzir a toxidez de alumínio em sub-superfície, o gesso é um insumo

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fundamental para a cultura do café, pois favorece o crescimento e o desenvolvimento


radicular. Com isso, as plantas ficam menos sensíveis a períodos de veranico e são
capazes de absorver nutrientes presentes em um maior volume de solo.

III.2.1) Aplicação de gesso

O gesso é um importante insumo para a cafeicultura, mas tem seu emprego


limitado a situações particulares bem definidas. O uso indiscriminado de gesso nas
lavouras pode causar problemas em vez de benefícios e prejuízos em vez de lucros.

A utilização do gesso é prescrita para as três situações de sub-solo (20 – 40 cm de


profundidade ou mais) listadas a seguir. Se apenas uma delas for satisfeita, deve-se
aplicar o gesso.

 Teor de cálcio menor ou igual a 0,4 cmolc/dm3.


 Teor de alumínio maior que 0,5 cmolc/dm3.
 Saturação por alumínio (m) maior que 30 %.

Essas são situações a serem determinadas no sub-solo, por meio de análises


químicas. Portanto, a amostragem de solo, para esse caso, deve ser realizada na camada
de 20 – 40 cm de profundidade, ou mais profundas, não na de 0 - 20 cm. Para verificar a
necessidade de aplicação de gesso, os resultados analíticos da camada de 0 - 20 cm não
querem dizer muita coisa. Essa decisão só pode ser tomada a partir dos resultados
analíticos da camada de 20 – 40 cm.
O cálculo para a aplicação de gesso é muito simples e é baseado no cálculo para a
necessidade de calagem. Divide-se em necessidade de gessagem (NG) e quantidade de
gesso a ser aplicada (QG).

NG = 0,30 x NC, onde:

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NG = Necessidade de gesso, em t/ha.


NC = Necessidade de calcário, em t/ha (calculada para a camada que se deseja corrigir
com gesso, não para a camada de 0 – 20 cm. Essa NC é utilizada apenas para o
cálculo da NG, não sendo aplicada ao solo).

QG = NG x (SC/100) x (PF/20), onde:

QG = Quantidade de gesso a ser aplicada para corrigir determinada camada de solo, em


t/ha.

NG = Necessidade de gesso, em t/ha.


SC = Superfície coberta pelo gesso, em %. (para área total utiliza-se SC = 100 %; para
aplicação em faixas utiliza-se, geralmente, SC = 75 %).
PF = Espessura da camada onde o gesso deverá agir, em cm. (para a camada de 20 a 40
cm utiliza-se PF = 20 cm; para a camada de 30 a 60 cm utiliza-se PF = 30 cm).

O gesso pode ser aplicado junto com o calcário, mas é preferível que seja após a
aplicação do calcário. Aplica-se a quantidade de calcário calculada para a camada de 0-
20 cm e a quantidade de gesso calculada para a camada sub-superficial. O gesso pode
ser aplicado em cobertura, sem necessidade de incorporação, pois é muito móvel no solo.
Se não houver necessidade de calagem para a camada superficial, pode-se aplicar
apenas o gesso, mas esta condição deve ser revista anualmente.
A aplicação de gesso, mal calculada e sem o prévio conhecimento se há
necessidade de calagem para a camada superficial, é prejudicial ao equilíbrio químico do
solo e à nutrição balanceada do cafeeiro. No entanto, quando bem prescrita e calculada, a
aplicação de gesso é fundamental para que sejam alcançadas elevadas produtividades na
cafeicultura.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

RAIJ, B.van. Gesso agrícola na melhoria do ambiente radicular no subsolo. São Paulo,
Associação Nacional para Difusão de Adubos e Corretivos Agrícolas, 1988. 88p.

RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ V., V.H. (Eds). Recomendações para o
uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais; 5ª aproximação. COMISSÃO DE
FERTILIDE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, Viçosa, 1999. 359p.

MALAVOLTA, E. Manual de calagem e adubação das principais culturas. São Paulo,


CERES, 1987. 496p.

RAIJ, B.van. Fertilidade do Solo e Adubação. Piracicaba, CERES, Potafos, 1991. 343p.

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Módulo 4 – Recomendações de adubação


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4.1) Tabelas de recomendação

No módulo II foram mostradas as tabelas de interpretação, contendo as classes de


fertilidade para diversos nutrientes, especialmente fósforo (P) e potássio (K). Sabendo as
classes de fertilidade do solo (Baixa, Média ou Alta) para determinado nutriente, basta
utilizar as tabelas de recomendação para encontrar as doses adequadas de nutrientes.
As tabelas de recomendação indicam as doses de N, P2O5 e K2O. Para os outros
nutrientes, ou se utiliza o princípio da segurança (dose elevada que garantirá elevada
produção), especialmente para micronutrientes, ou se calcula via necessidade de
calagem (NC), caso do cálcio (Ca) e do Magnésio (Mg). O nitrogênio (N), por apresentar
dinâmica muito variável nos solos, não é determinado em laboratórios de rotina. Assim,
nas tabelas de recomendação, a dose de nitrogênio é fixa, dependendo apenas da
produtividade esperada e, em alguns casos, da análise foliar.

4.2) Adubação de plantio e crescimento (arábica e conilon)

Uma boa cova de café deve receber matéria orgânica, calcário, adubo fosfatado e
micronutrientes. Misturam-se todos esses adubos e corretivos com o solo da cova (bem
misturado!!!) e retorna-se com o solo já fertilizado para a cova. Seria ideal que o solo
fertilizado ficasse na cova por uns 30 a 60 dias antes do plantio das mudas de café, para
que ocorressem as reações químicas necessárias. Mas, por motivos de ordem prática,
pode-se fazer o transplantio das mudas logo após o enchimento da cova.
Para matéria orgânica e micronutrientes trabalha-se com o princípio da segurança,
independentemente dos teores presentes no solo. Assim, as quantidades recomendadas

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são:

 Esterco de curral curtido = 7 a 15 Litros/cova ou esterco de galinha = 1,5 a 3,0


Litros/cova. No caso de se aplicar o esterco de galinha, deve-se esperar,
obrigatoriamente, 30 a 60 dias antes de se plantar as mudas, pois pode ocorrer
morte do sistema radicular.
 Micronutrientes: 20 gramas/cova de FTE.

O calcário deve ser aplicado fazendo-se a conversão da NC em t/ha para


gramas/cova, utilizando-se a fórmula QC = NC x 32 x (100/PRNT), sendo o resultado
expresso em g/cova de calcário. Essa fórmula é específica para uma cova de 40 x 40 x 40
cm, como explicado no módulo III.
A dose de P2O5 a ser aplicada por cova pode ser encontrada na Tabela 12. Para
utilização da Tabela 12, as classes de fósforo devem ser determinadas na Tabela 8,
Módulo II.

Tabela 12 – Adubação fosfatada para plantio de café arábica e conilon

Classe de fertilidade para fósforo no solo1/


Muito Baixa Baixa Média Boa Muito Boa
Dose de P2O5
---------------------------------------- g/cova -----------------------------------------
70 55 40 25 10
1/ Classes de P determinadas na Tabela 8, Módulo II.

Pela Tabela 12, pode-se observar, claramente, que as doses de P2O5 a serem
aplicadas variam conforme a classe de fertilidade do solo. Isso irá se refletir em economia,
pois a dose para a classe muito baixa é sete vezes maior do que a dose para a classe
muito boa. Além disso, será garantida a nutrição adequada da muda durante seu estádio
inicial de desenvolvimento. No módulo posterior será mostrado como transformar dose
recomendável de nutriente para dose a ser aplicada de qualquer adubo. O adubo
fosfatado será aplicado apenas na cova de plantio, sendo que a seguinte aplicação
ocorrerá quando a planta estiver em estádio de produção.

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Nitrogênio (N) e potássio (K) serão aplicados após o pegamento da muda, segundo
a recomendação da Tabela 13. Para definir a classe de potássio no solo, deve-se utilizar
a Tabela 9 do Módulo II. Aplicar o nitrogênio em cobertura, a intervalos de 30 a 45 dias, a
partir do plantio até o final das chuvas, evitando-se atingir a planta; parcelar as doses de
potássio (K) em três vezes, ou seja, as doses de K estipuladas na Tabela 13 devem ser
divididas por três em cada aplicação.

Tabela 13 – Adubação nitrogenada e potássica a ser aplicada após o pegamento da


muda para café arábica e conilon

Classes de fertilidade para potássio no solo1/


Baixa Média Boa Muito Boa
Dose de N Dose de K2O
g/cova/aplicação -------------------------------------- g/cova/ano ------------------------------------
3-5 30 20 10 0
1/ Classes determinadas na Tabela 9, Módulo II.

No primeiro e segundo ano após o plantio, apenas nitrogênio (N) e potássio (K)
serão aplicados. Para isso, utiliza-se a Tabela 14. As doses devem ser parceladas em
três aplicações durante o período chuvoso a intervalos de 30 a 45 dias. Aplicar os
fertilizantes entre o caule e a projeção da copa. Reparar que na Tabela 14 as doses de N
são por aplicação e as doses de K são anuais, ou seja, as doses de K devem ser
divididas por três para cada aplicação. As classes de fertilidade para K devem ser
determinadas na Tabela 9 do módulo II.

Tabela 14 – Adubação nitrogenada e potássica de 10 e 20 ano pós-plantio para café


arábica e conilon
Classes de Fertilidade para K1/
Baixa Média Boa Muito Boa
Período Dose de N Dose de K2O
g/cova/aplicação --------------------------- g/cova/ano ------------------------------
0
1 ano 10 40 20 10 0

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20 ano 20 60 40 20 0
1/ Classes determinadas na Tabela 9, Módulo II.
4.3) Adubação de produção (arábica)

O café arábica, apesar de produzir, por área, menos do que o café conilon,
necessita de maior quantidade de fertilizantes para uma mesma produtividade, pois seu
sistema radicular explora menor volume de solo. Isso reduz sua eficiência de absorção.
Na Tabela 15 são mostradas as doses de N, P 2O5 e K2O para o café arábica, de acordo
com as classes de fertilidade de P e K e com a produção esperada. Nessa Tabela é
introduzida uma inovação: as doses de nitrogênio são recomendadas em função dos
teores foliares de N, permitindo maior refinamento do programa de adubação.

Tabela 15 – Adubação de produção para café arábica

Nutriente Produtividade esperada (sacas beneficiadas/ha)


< 20 20 a 30 31 a 40 41 a 50 51 a 60 > 60
Nitrogênio --------------------------------- kg/ha/ano de N ---------------------------------
< 2,6 dag/kg 160 220 300 360 400 460
2,6 a 3,2 dag/kg 140 200 280 340 380 440
> 3,2 dag/kg 120 180 260 320 360 420
1/
Fósforo ------------------------------ kg/ha/ano de P2O5 -------------------------------
Baixa 30 40 50 60 70 80
Média 20 30 40 50 55 60
Boa 10 20 25 30 35 40
Potássio1/ ------------------------------ kg/ha/ano de K2O ---------------------------------
Baixa 160 220 300 350 400 450
Média 120 165 225 260 300 340
Boa 90 125 150 175 200 225
1/
Classes de fertilidade determinadas na Tabela 9 do módulo II.

Para selecionar as doses recomendáveis de N, P2O5 e K2O, é muito simples.


Consideremos uma lavoura com produtividade esperada entre 41 e 50 sacas/ha e teor
de N na folha menor que 2,6 dag/kg, em solo que apresenta classe de fertilidade média
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para P e K. Para selecionar as doses na Tabela 15, primeiro encontramos a coluna para
produção entre 41 e 50 sc/ha (quinta coluna da esquerda para a direita); na primeira
coluna à esquerda, selecionamos a linha relativa ao teor de nitrogênio nas folhas menor
que 2,6 dag/kg (linha 4); o ponto de intercessão entre a linha 4 e a coluna 5 é a dose de
nitrogênio (360 kg/ha/ano de N). Para fósforo e potássio segue-se o mesmo princípio.
Onde a classe média de fósforo (linha 9) intercepta a coluna 5, encontra-se a dose de
P2O5 (50 kg/ha/ano de P2O5). Para potássio, onde a classe média de K (linha
13) intercepta a coluna 5, encontra-se a dose de K2O (260 kg/ha/ano de K2O).
Para encontrar as doses por planta, basta dividir a dose recomendada pelo número
de plantas presentes em um hectare. Se o espaçamento é de 2 x 1 m, temos um total de
5.000 Plantas/ha. Dessa forma, basta dividir as doses recomendadas por 5.000 e
encontrar a dose por planta.

Nitrogênio: 360 kg/ha/ano de N ÷ 5.000 = 72 g/planta/ano de N.


Fósforo: 50 kg/ha/ano de P2O5 ÷ 5.000 = 10 g/planta/ano de P2O5.
Potássio: 260 kg/ha/ano de K2O ÷ 5.000 = 52 g/planta/ano de K2O.

Como o adubo fosfatado será aplicado de uma só vez a cada ano, a dose a ser
aplicada será de 10 g/planta/aplicação. Para nitrogênio e potássio deve-se parcelar as
aplicações, visando reduzir as perdas. Considerando três parcelamentos de N e K durante
o período chuvoso, temos: 72 g/planta/ano de N ÷ 3 = 24 g/planta/aplicação de N; e 52
g/planta/ano de K2O ÷ 3 = 17 g/planta/aplicação de K2O. Como
transformar as doses em quantidades de adubo iremos mostrar em módulo posterior.

4.4) Adubação de produção (conilon)

Para encontrar as doses recomendáveis para o café conilon segue-se o mesmo


princípio, mas a Tabela 16 é um pouco diferente da Tabela 15. Não há a separação das
doses de N de acordo com os teores nas folhas do cafeeiro e as classes de fertilidade
estão nas colunas e não nas linhas (Tabela 16). Usemos como exemplo o mesmo caso
do cálculo anterior: lavoura com produtividade esperada entre 41 e 50 sacas/ha e teor de
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N na folha menor que 2,6 dag/kg, em solo que apresenta a classe de fertilidade média
para P e K.
Como esta Tabela não apresenta as doses de N de acordo com os teores foliares
do nutriente, iremos desprezar a informação de que o teor foliar é de 2,6 dag/kg
de N. Selecionamos a linha referente à produtividade de 41 – 50 sacas/ha (linha 6). Para
esta produtividade, a dose de N é 280 kg/ha/ano (intercessão da linha 6 com a coluna 2).
Acompanhando a linha 6, vamos até a coluna que representa a classe média de fósforo
(coluna 4) e encontramos 30 kg/ha/ano de P2O5. Ainda na linha 6, vamos até a
classe média de potássio (coluna 7) e encontramos 140 kg/ha/ano de K2O.

Tabela 16 – Adubação de produção para café conilon

Sacas/ha Nitrogênio Fósforo1/ Potássio1/


Baixa Média Boa Baixa Média Boa
N ------ kg/ha/ano de P2O5 ----- ---------- kg/ha/ano de K2O ---------
(kg/ha/ano) --
20 – 30 240 30 20 0 240 120 0
31 – 40 260 35 25 0 260 130 60
41 – 50 280 40 30 0 280 140 70
51 – 60 300 45 35 0 300 150 80
61 – 70 320 50 40 0 320 160 90
71 – 80 340 55 45 0 340 170 100
81 – 90 380 60 50 0 380 190 110
90 – 100 400 65 55 0 400 200 120
101 –110 450 70 60 0 420 210 130
110 - 120 500 75 65 0 450 220 140
1/
Classes de fertilidade determinadas na Tabela 9 do módulo II.

Tendo selecionado as doses anuais por hectare, basta dividir pelo número de
plantas em um hectare e encontrar a dose por planta, consideremos 5.000 pl/ha:

Nitrogênio: 280 kg/ha/ano de N ÷ 5.000 = 56 g/planta/ano de N.


Fósforo: 30 kg/ha/ano de P2O5 ÷ 5.000 = 6 g/planta/ano de P2O5.
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Potássio: 140 kg/ha/ano de K2O ÷ 5.000 = 28 g/planta/ano de K2O.

Como o adubo fosfatado será aplicado de uma só vez a cada ano, a dose a ser
aplicada será de 6 g/planta/aplicação. Nitrogênio e potássio serão parcelados em três
aplicações: 56 g/planta/ano de N ÷ 3 = 19 g/planta/aplicação de N; e 28 g/planta/ano de
K2O ÷ 3 = 9 g/planta/aplicação de K2O.
Também muito simples.

4.5) Exemplo geral de calagem e adubação

Como exemplo geral de cálculos, iremos recomendar a calagem (calcário PRNT =


90 %), a gessagem e as doses de N, P2O5 e K2O, para uma lavoura de café arábica com
as seguintes características:

Teores no solo:

Camada de 0 – 20 cm de profundidade:
P-rem P1/ K1/ Al3+ Ca2+ Mg2+ H+Al SB t T V
mg/L ----- mg/dm3 ---- -------------------- -- cmolc/dm3 -------------------------- %
9,4 8 78 0,8 0,8 0,2 7,8 1,2 2,00 9,00 13,33
1/
Extrator Mehlich – 1.

Camada de 20 – 40 cm de profundidade:
P-rem P1/ K1/ Al3+ Ca2+ Mg2+ H+Al SB t T V
3 3
mg/L ----- mg/dm ---- -------------------- -- cmolc/dm -------------------------- %
10,5 2 39 1,0 0,6 0,1 8,0 0,8 1,8 8,8 9,09
1/
Extrator Mehlich – 1.

 Idade da lavoura: 5 anos.

 Plantas por hectare: 5.000 plantas (espaçamento: 2 x 1 m).

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 Teor de N nas folhas: 2,8 dag/kg de N.

 Produtividade esperada: 31 a 40 sacas/hectare.


Cálculo da necessidade de calagem (amostra de 0 – 20 cm de profundidade):

a) Método da neutralização do Al3+ e elevação de Ca2+ e Mg2+

NC = Y x Al3+ + X – (Ca2+ + Mg2+)

Pelo P-rem (9,4 mg/L), Y = 3,0 (Módulo III).

Para café X = 3,5 (Módulo III).


Então:

NC = 3 x 0,8 + 3,5 – (0,8 +0,2) = 4,9 t/ha de calcário, PRNT = 100 %.

b) Método da saturação por bases

NC = T(Ve – Va)/100

Para o café Ve = 60 % (Módulo III).


Então:

NC = 9 x (60 – 13,33)/100 = 4,2 t/ha de calcário, PRNT = 100 %.

c) Escolha da menor dose

A menor dose entre as duas calculadas é 4,2 t/ha de calcário.

a) Comparação com (X – (Ca2+ + Mg2+))

(X – (Ca2+ + Mg2+)) = 3,5 – (0,8 + 0,2) = 2,5; logo:

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4,2 > 2,5 → aceita-se a dose de 4,2 t/ha de calcário; PRNT 100 %.
e) Comparação com T

T = 9 cmolc/dm3; logo:

4,2 < 9 → aceita-se a dose de 4,2 t/ha de calcário; PRNT 100 %.

A Necessidade de calagem ideal é: 4,2 t/ha de calcário; PRNT 100 %.

Cálculo da Quantidade de Calcário

Como o café é adulto e o calcário será aplicado em cobertura, iremos considerar


uma profundidade de influência do calcário (PF) de 7 cm e uma superfície coberta (SC) de
75 %. O Calcário apresenta PRNT = 90 %.
Utilizando a equação 3 do Módulo II, tem-se:

QC = NC x (SC/100) x (PF/20) x (100/PRNT)


QC = 4,2 x (75/100) x (7/20) x (100/90)

QC = 1,225 t/ha de calcário; PRNT 90 %.

Como o espaçamento é 2 x 1 m, pode-se considerar 50 linhas de plantio de 100 m, em


um hectare.
1,225 t ÷ 50 = 24,5 kg de calcário/faixa de 100 m; 24,5 kg ÷ 10 = 2,5 kg de calcário para
cada 10 m de faixa.

Essa dose de calcário deve ser aplicada de uma só vez, em cobertura, a cada 10 m
das linhas de plantio.

Cálculo da necessidade de Gesso (amostra de 20 – 40 cm de profundidade):


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a) Método da neutralização do Al3+ e elevação de Ca2+ e Mg2+

NC = Y x Al3+ + X – (Ca2+ + Mg2+)


Pelo P-rem (10,5 mg/L), Y = 2,8 (Módulo III).

Para café X = 3,5 (Módulo III).


Então:

NC = 2,8 x 1,0 + 3,5 – (0,6 + 0,1) = 5,6 t/ha de calcário, PRNT = 100 %.

b) Método da saturação por bases

NC = T(Ve – Va)/100

Para o café Ve = 60 % (Módulo III).


Então:

NC = 8,8 x (60 – 9,09)/100 = 4,48 t/ha de calcário, PRNT = 100 %.

NG = NC x 0,3
NG = 4,48 t/ha x 0,3 = 1,344 t/ha de Gesso.

Cálculo da quantidade de Gesso

QG = NG x (SC/100) x (PF/20); Sendo:

SC = 75 % e PF = 20, pois a camada a ser corrigida é de 20 a 40 cm. Então:


QG = 1,344 t/ha x (75/100) x (20/20) = 1,0 t/ha de Gesso.

Como o espaçamento é 2 x 1 m, pode-se considerar 50 linhas de plantio de 100 m,


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em um hectare.
1,0 t ÷ 50 = 20,0 kg de Gesso/faixa de 100 m; 20,0 kg ÷ 10 = 2,0 kg de Gesso para cada
10 m de faixa.

Adubação N-P-K

Classes de Fertilidade:

P → Boa (Tabela 9; Módulo II).


K → Média (Tabela 9; Módulo II).
Lembrar que as folhas apresentam 2,8 dag/kg de N.

Pela Tabela 15; módulo IV, temos:

N = 280 kg/ha/ano de N.
P = 25 kg/ha/ano de P2O5.
K = 225 kg/ha/ano de K2O.

Dividindo pelo número de plantas, temos:

N = 280 kg/ha/ano de N ÷ 5.000 Pl = 56 g/planta/ano de N.


P = 25 kg/ha/ano de P2O5 ÷ 5.000 Pl = 5 g/planta/ano de P2O5.
K = 225 kg/ha/ano de K2O ÷ 5.000 Pl = 45 g/planta/ano de K2O.

→ Lembrar que a dose de P2O5 será aplicada de uma só vez e as doses de N e K 2O


serão parceladas em três aplicações, ou seja, as doses por planta serão divididas por
três.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

DADALTO, G.G.; FULLIN, E.A. Manual de recomendação de calagem e adubação para o


estado do Espírito Santo. 4ª aproximação. Vitória, ES: SEEA/INCAPER, 2001. 266p.

MALAVOLTA, E. Manual de calagem e adubação das principais culturas. São Paulo,


CERES, 1987. 496p.

RAIJ, B.van. Fertilidade do Solo e Adubação. Piracicaba, CERES, Potafos, 1991. 343p.

RIBEIRO, A.C. Nutrição do cafeeiro. IN: ZAMBOLIM, L. (e.d.). Estado da arte de


tecnologias na produção de café. Viçosa-MG, UFV, 2002. p.499–520.

RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ V., V.H. (Eds). Recomendações para o
uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais; 5ª aproximação. COMISSÃO DE
FERTILIDE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, Viçosa, 1999. 359p.

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Módulo 5 – Fertilizantes e sua aplicação


D.Sc. André Guarçoni Martins
______________________________________________________________________

Nesse Módulo iremos tratar de fertilizantes nitrogenados, fosfatados e potássicos.


A fonte primária de cálcio e magnésio é o calcário e como veremos, o enxofre é
componente do sulfato de amônio, do superfosfato simples e do sulfato de potássio, que
são fontes primárias de nitrogênio, fósforo e potássio, respectivamente. O manejo
adequado dessas três fontes irá fornecer enxofre em quantidade mais que suficiente para
o cafeeiro. Os micronutrientes, dada sua complexidade, requerem um curso ou palestra
exclusiva.

V.1) Composição mínima de fertilizantes

Nitrogênio

O nitrogênio é o nutriente mais absorvido pelo cafeeiro. Além disso, é o nutriente


perdido em maiores proporções do sistema solo:planta. Por conseguinte, as quantidades
aplicadas de fertilizantes nitrogenados são sempre elevadas. Existem diversos tipos de
fertilizantes nitrogenados, que contêm concentrações variáveis de nitrogênio. Alguns
exemplos são mostrados na Tabela 17.

Tabela 17 – Garantias mínimas e especificações de alguns fertilizantes nitrogenados

Fertilizante Garantia mínima Forma do nutriente Observações


Nitrato de amônio 32 % de N 50 % (NH4+) e 50 % (NO3-) -
Nitrato de cálcio 14 % de N NO3- e até 1,5 % (NH4+) 18 a 19 % de Ca e 0,5 a
1,5 % de Mg
Nitrato de sódio 15 % de N NO3- Perclorato de sódio não
poderá exceder 1 %

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Sulfato de amônio 20 % de N NH4+ 22 a 24 % de S


Uréia 44 % de N NH2
Uréia – Sulfato de 40 % de N 88 % (NH2) e 12 % (NH4+)
amônio
Fonte: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais – CFSEMG, 1999.
Na Tabela 17 são mostrados os fertilizantes nitrogenados mais encontrados no
mercado. Existem muitos outros, mas estes são os mais importantes. Ademais, não
podemos citar o nome comercial de determinados produtos.
A uréia é o fertilizante nitrogenado mais concentrado (Tabela 17). Entretanto, por
conter o nutriente na forma amídica (NH2), pode vir a apresentar elevadas perdas quando
aplicada em cobertura. A transformação enzimática do NH2 em NH4+ eleva muito o pH
próximo do grânulo de uréia, favorecendo a transformação do NH 4+ em NH3 (amônia), que
é um gás e se perde para a atmosfera. Essas perdas devem ser levadas em consideração
na hora de se escolher o fertilizante. Entretanto, se for aplicada uma camada de 4 cm de
terra sobre a uréia, com expectativa de chuva próxima, as perdas são insignificantes.
A concentração de nitrogênio no sulfato de amônio não é elevada. Mas esse
fertilizante perde pouco nitrogênio por volatilização, especialmente se não for aplicado
sobre folhas caídas no chão. Por outro lado, o sulfato de amônio acidifica o solo em
demasia, formando, após a reação de nitrificação (formação de NO 3- a partir de NH4+),
dois H+ para cada NH4+ adicionado. Como vimos, solos ácidos (baixo pH) facilitam as
perdas da maioria dos nutrientes aplicados. Por outro lado, o sulfato de amônio contém
mais enxofre do que nitrogênio e quando aplicado para fornecer este nutriente às plantas,
adiciona enxofre em quantidade mais que suficiente para o cafeeiro.
O nitrato de cálcio é o fertilizante com a menor concentração de nitrogênio entre os
mostrados na Tabela 17. A forma do nutriente neste fertilizante é o nitrato (NO 3-). Por
isso, o nitrato de cálcio não perde nitrogênio por volatilização, nem acidifica o solo. No
entanto, podem ocorrer elevadas perdas de nitrogênio por lixiviação, caso a adição desse
fertilizante não seja parcelada em diversas aplicações. Três parcelamentos são
insuficientes para reduzir as perdas por lixiviação, quando se aplica este fertilizante.
O nitrato de amônio é um fertilizante nitrogenado que apresenta, em média, 50 %
de N na forma amoniacal (NH4+) e 50 % na forma nítrica (NO3-). Por isso, pode perder

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nitrogênio tanto por volatilização (NH4+), se aplicado sobre folhas caídas no chão, quanto
por lixiviação (NO3-), se a ocorrência de chuvas for elevada e as aplicações não forem
parceladas.
Como visto, todos os fertilizantes nitrogenados apresentam algum grau de
limitação. Não existe fertilizante milagroso, e isso deve ser levado em consideração no
momento da escolha do fertilizante.

Fósforo

O fósforo é um nutriente muito importante para o cafeeiro, apesar de ser absorvido


em menores quantidades do que nitrogênio e potássio. Este nutriente tem sido
negligenciado na cafeicultura. As fontes de fósforo podem ser industrializadas (fosfato
solúvel em água) ou não (fosfato natural) (Tabela 18). Os fosfatos naturais são separados
em fosfatos reativos (que apresentam uma fração solúvel) e fosfatos não-reativos
(pequena solubilidade). Essa característica é de grande importância para a nutrição das
plantas.

Tabela 18 – Garantias mínimas e especificações de alguns fertilizantes fosfatados


Fertilizante Tipo Garantia mínima Observações
MAP Solúvel 48 % de P2O5 9 % de N
DAP Solúvel 45 % de P2O5 16 % de N
Nitrofosfato Solúvel 18 % de P2O5 14 % de N
Superfosfato simples Solúvel 18 % de P2O5 18 a 20 % de Ca e 10 a 12 %
de S
Superfosfato triplo Solúvel 41 % de P2O5 12 a 14 % de Ca
Termofosfato magnesiano Parcialmente 17 % de P2O5 7 % de Mg e 18 a 20 % de Ca
solúvel
Fosfato natural reativo Natural 28 % de P2O5 30 a 34 % de Ca
Fosfato natural Natural 24 % de P2O5 23 a 27 % de Ca
Fonte: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais – CFSEMG, 1999.

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Os fosfatos solúveis são prontamente disponíveis para absorção pelas plantas. Os


fosfatos naturais reativos apresentam uma fração prontamente disponível e uma fração
que será liberada com o passar do tempo. Já os fosfatos naturais não-reativos serão
disponibilizados aos poucos, podendo não satisfazer a taxa de absorção do cafeeiro,
especialmente nos períodos iniciais de crescimento.
As características de cada tipo de fertilizante fosfatado devem ser levadas em
consideração, visando à escolha do produto certo para o manejo da adubação que se
pretende utilizar. Mas, para todos os fertilizantes fosfatados, uma coisa é certa, quanto
menor o volume de solo em contato com os fertilizantes, menores as perdas, exceção
feita à cova de plantio, que deve receber o fertilizante em todo o volume de solo.

Potássio

O potássio é o segundo nutriente mais absorvido pelo cafeeiro. A presença de


potássio na palha do café é elevada. Dessa forma, é importante seu retorno para a
lavoura, visando reduzir a exportação de potássio do reservatório solo. De qualquer
forma, as doses de potássio a serem aplicadas serão sempre elevadas, salvo no caso do
solo apresentar teor adequado de potássio.
Existem diversos tipos de fertilizantes potássicos no mercado e na Tabela 19 são
mostrados os mais importantes.

Tabela 19 – Garantias mínimas e especificações de alguns fertilizantes potássicos

Fertilizante Garantia mínima Observações


Cloreto de potássio 58 % de K2O 45 a 48 % de Cl
Sulfato de potássio 48 % de K2O 15 a 17 % de S
Nitrato de potássio 44 % de K2O 13 % de N (nítrico)
Fonte: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais – CFSEMG, 1999.

Existe muita dúvida, entre técnicos e produtores, em relação ao efeito das fontes
de potássio sobre a produção e a qualidade do café produzido.

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Não há diferença na produção se for aplicada uma mesma dose de K utilizando-se


qualquer um dos três fertilizantes citados na Tabela 19. Obviamente, o sulfato de potássio
e o nitrato de potássio contêm, respectivamente, enxofre e nitrogênio, além de K.
Portanto, para que os três fertilizantes apresentem o mesmo feito na produção, enxofre e,
ou, nitrogênio devem ser fornecidos, sempre que se utilizar uma fonte de K que não os
contenha, visando manter a equivalência entre as fontes. Isso é básico.
Em relação à qualidade do café, há pouca diferença em se utilizar K 2SO4 ou KNO3.
O cloreto de potássio, entretanto, possui, aproximadamente, 47% de cloro, o que leva a
planta a absorver e a acumular elevadas quantidades deste elemento. Admite-se que o
cloreto (Cl-), oriundo do KCl, apresente efeitos negativos diretos e indiretos sobre a
qualidade da bebida.
A melhor qualidade do café está relacionada com uma maior atividade da enzima
cúprica polifenoloxidase. A polifenoloxidase é catalisada pelo micronutriente cobre, mas o
(Cl-) inibe sua atividade, devido à reação com o cobre, podendo gerar uma redução na
qualidade do café produzido. O ânion Cl-, mais que o SO42-, tem, ainda, efeito negativo na
estrutura terciária da proteína (enzima), desnaturando-a. Além disso, o cloreto parece
contribuir para um maior teor de água nos frutos, o que, consequentemente, aumenta a
proliferação de microorganismos, podendo gerar fermentações indesejadas.
Essas informações são fornecidas por pesquisas científicas realizadas sobre o
assunto, apresentando inequívoca confiabilidade. Mas ocorre um questionamento prático:
já se produziu café de qualidade adubando-se com cloreto de potássio (KCl)? A resposta
é: SIM! Os cafés de qualidade superior são obtidos a partir da interação entre fatores
genéticos, ambientais, condições de manejo, incluindo-se a adubação, e processamento
do produto após a colheita.
Nesse sentido, a adubação com sulfato de potássio ou nitrato de potássio não
garante a produção de cafés de melhor qualidade, nem a adubação com cloreto de
potássio promove, sempre, a produção de cafés de qualidade inferior. O que existe, na
realidade, é a “possibilidade” de melhora na qualidade do café produzido ao se aplicar
uma fonte de potássio que não contenha cloreto. Esse fato deve ser levado em
consideração por qualquer técnico ou cafeicultor, uma vez que o preço do kg de K 2O no

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cloreto de potássio é muito menor do que nos outros dois fertilizantes, dada sua elevada
concentração.

V.2) Relações básicas entre nutrientes

Tendo selecionado as doses a serem aplicadas, em determinado talhão, deve-se


calcular as quantidades de fertilizantes NPK a serem aplicadas.

Exemplo: Se a cultura deve ser adubada com 20:80:40 kg/ha de N:P 2O5:K2O,
respectivamente, existem duas alternativas, se há a necessidade de aplicar
conjuntamente NPK:

1a Alternativa: Adquirir fertilizantes simples e fazer a mistura dos mesmos, desde que
sejam compatíveis.(20:80:40)

Uréia (44 % de N); Superfosfato simples (18 % de P2O5);

Cloreto de potássio (58 % de K2O)

Uréia = (100 x 20)/44 = 45,5 kg de Uréia.

Superfosfato simples = (100 x 80)/18 = 444,4 kg de SS.

Cloreto de potássio = (100 x 40)/58 = 69 kg de KCl.

Mistura final a ser aplicada por ha =

45,5 kg de uréia + 444,4 kg de SS + 69 kg de KCl = 558,9 kg/ha de mistura.

2a Alternativa:
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Verificar entre as fórmulas de fertilizantes encontradas no mercado, quais as que


poderiam atender às exigências do fornecimento de 20:80:40 kg/ha de N:P 2O5:K2O.

Para encontrar as relações dos fertilizantes formulados, basta dividir os números


das fórmulas pelo menor deles, que seja diferente de zero. Da mesma forma, para
estabelecer a relação entre kg/ha de N:P2O5:K2O, basta dividir as doses recomendadas
pela menor delas.

Fórmulas encontradas Relações


17:17:17 ÷ 17 1:1:1
10:30:20 ÷ 10 1:3:2
10:10:20 ÷ 10 1:1:2
4:16:8 ÷ 4 1:4:2
24:8:12 ÷ 8 3:1:1,5
27:3:21 ÷ 3 9:1:7
20:5:20 ÷ 5 4:1:4

Divide-se a adubação recomendada (20:80:40) por 20 e obtém-se a relação 


1:4:2 de N:P2O5:K2O = à relação do fertilizante comercial 4:16:8.

Para saber a quantidade do fertilizante a ser aplicada basta dividir a dose recomendada
pelo valor correspondente no formulado comercial e multiplicar por 100:

Para N: (20/4) x 100 = 500 kg/ha do fertilizante 4:16:8, ou

Para P2O5: (80/16) x 100 = 500 kg/ha do fertilizante 4:16:8, ou

Para K2O: (40/8) x 100 = 500 kg/ha do fertilizante 4:16:8.

Como a relação NPK é a mesma, para qualquer destes nutrientes a quantidade


total do fertilizante 4:16:8 será a mesma: 500 kg/ha do fertilizante 4:16:8.

Por planta: espaçamento 2 x 1 m = 5.000 plantas → 500.000 g de 4:16:8 ÷ 5.000


plantas = 100 g/planta de 4:16:8.

Em sulco: espaçamento entre linhas = 2,0 m; isso corresponde a 5.000 m de sulco por
hectare.

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500.000 g de 4:16:8 ÷ 5.000 m = 100 g/m de sulco do fertilizante 4:16:8.

V.3) Escolha do fertilizante ideal (benefício/custo)

A escolha do fertilizante a ser aplicado depende de razões técnicas e econômicas.


As principais razões técnicas para escolha de determinados fertilizantes já foram
apresentadas no tópico anterior. Resta-nos discutir as questões econômicas.
A forma correta de definir qual fertilizante será aplicado leva em consideração o
preço do kg dos nutrientes no fertilizante. Se o preço da saca de determinado fertilizante é
conhecido e sabe-se sua concentração, pode-se calcular o preço do kg do nutriente
facilmente. Na Tabela 20 são mostrados os preços de alguns fertilizantes nitrogenados
obtidos recentemente no mercado.

Tabela 20 – Tipo de fertilizante nitrogenado, concentração de N em cada fertilizante, peso


da saca em que é comercializado e preço da saca

Fertilizante Concentração Saca Preço


% de N kg R$/saca
Uréia 45 50 52,20
Sulfato de amônio 20 50 29,00
Nitrato de cálcio 14 25 39,15

A simples verificação do menor preço, entre os fertilizantes mostrados na Tabela


20, poderia sugerir a escolha do fertilizante que nem sempre é o mais barato.
Considerando apenas o preço da saca dos produtos, tenderíamos a escolher o sulfato de
amônio, que apresenta o menor preço por saca de produto.
Mas, se calcularmos o preço do kg de N nos produtos apresentados, veremos que
não é bem assim.

 Uréia: Se temos 45 % de N na uréia, temos 45 kg de N em 100 kg de uréia ou 22,5


kg de N em uma saca de 50 kg de uréia. Como o preço da saca é de R$ 52,20,
basta dividir esse preço pela quantidade de N contido na saca: R$ 52,20/22,5 kg de
N = R$ 2,32 por kg de N na uréia.

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- Pode-se simplificar os cálculos fazendo duas regras de três para cada fertilizante,
da seguinte forma:
 Uréia
45 kg de N ----------- 100 kg de uréia
X ------------ 50 kg de uréia
X = (45 x 50)/100 = 22,5 kg de N numa saca de 50 kg de uréia

22,5 kg de N ------------ R$ 52,20


1,0 kg de N ------------- X
X = (1,0 x 52,20)/22,5 = R$ 2,32 por kg de N na uréia.
 Sulfato de amônio:
20 kg de N ----------- 100 kg de sulfato de amônio
X ------------ 50 kg de sulfato de amônio
X = (20 x 50)/100 = 10,0 kg de N numa saca de 50 kg de sulfato de amônio

10,0 kg de N ------------ R$ 29,00


1,0 kg de N ------------- X
X = (1,0 x 29,00)/10,0 = R$ 2,90 por kg de N no sulfato de amônio.

 Nitrato de cálcio:
14 kg de N ----------- 100 kg de nitrato de cálcio
X ------------ 25 kg de nitrato de cálcio (peso da saca)
X = (14 x 25)/100 = 3,5 kg de N numa saca de 25 kg de nitrato de cálcio

3,5 kg de N ------------ R$ 39,15


1,0 kg de N ------------- X
X = (1,0 x 39,15)/3,5 = R$ 11,18 por kg de N no nitrato de cálcio.

A partir desses cálculos, podemos construir a Tabela 21, onde é mostrado o preço
do kg de N em cada fertilizante. Pela Tabela 21, pode-se observar que a uréia, mesmo

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apresentando o maior preço por saca, é, na realidade, o fertilizante mais barato, se


formos comparar o preço do kg de N.

Tabela 21 – Tipo de fertilizante nitrogenado, concentração de N em cada fertilizante, peso


da saca em que é comercializado, preço da saca e preço do kg de N.

Fertilizante Concentração Saca Preço Preço


% de N kg R$/saca R$/kg de N
Uréia 45 50 52,20 2,32
Sulfato de amônio 20 50 29,00 2,90
Nitrato de cálcio 14 25 39,15 11,18

Mas a maior justificativa de se utilizar o sulfato de amônio ou o nitrato de cálcio é


baseada nas perdas de N por volatilização, quando se aplica a uréia em cobertura. Além
disso, o sulfato de amônio e o nitrato de cálcio contêm enxofre e cálcio, respectivamente.
Montemos, então, uma Tabela abrangente (Tabela 22) considerando todos esses fatores.
Para isso, devemos reduzir a quantidade de N na saca de uréia, de acordo com as perdas
previstas, e considerar não apenas a concentração de N nos demais fertilizantes, mas a
concentração total de nutrientes nos mesmos.

Tabela 22 – Tipo de fertilizante nitrogenado, concentração total de nutrientes nesses


fertilizantes, peso da saca em que é comercializado, preço da saca e preço do kg de
nutrientes

Fertilizante Perdas1/ Concentração2/ Saca Preço Preço


% % de nutrientes kg R$/saca R$/kg
Uréia 0 45,00 50 52,20 2,32
Uréia 5 42,75 50 52,20 2,44
Uréia 10 40,50 50 52,20 2,58
Uréia 20 36,00 50 52,20 2,90
Sulfato de amônio 0 43,00 50 29,00 1,35
Nitrato de cálcio 0 33,00 25 39,15 4,75
1/ Considerando apenas as perdas por volatilização; 2/ apenas N no caso da uréia, N (20 %) e S (23 %) no
caso do sulfato de amônio e N (14 %) e Ca (19 %) no caso do nitrato de cálcio.

A Tabela 22 permite inúmeras interpretações. Cada interpretação será mais correta


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de acordo com a situação local vivenciada por técnicos e produtores.


A primeira vista, escolheremos o sulfato de amônio, o qual apresenta o preço do kg
de nutrientes mais baixo, e essa escolha é correta em muitos casos. Porém, se o solo já
apresentar teores adequados de enxofre, ou, principalmente, se já tivessem sido
aplicados superfosfato simples ou gesso (ambos fontes de enxofre), a necessidade de
enxofre já estaria satisfeita, voltando o fertilizante sulfato de amônio à etapa inicial
mostrada na Tabela 21 (R$ 2,90/kg de N). Nesse caso, ele iria se equiparar à uréia que
sofresse 20 % de perdas de N por volatilização (Tabela 22). Vale lembrar que, uréia bem
aplicada raramente perde 20 % de N por volatilização.
O nitrato de cálcio continuaria sendo o fertilizante mais caro, mesmo considerando
a concentração de cálcio presente neste fertilizante. Além disso, se a calagem e/ou a
gessagem já tivessem sido realizadas, as plantas já estariam supridas adequadamente
com cálcio, elevando o preço do nitrato de cálcio para R$ 11,18/kg de N (Tabela 21).
Como visto, a escolha correta do fertilizante é laboriosa, e muitas vezes parece
complicada, mas é uma forma importante de se reduzir os custos com a adubação do
cafeeiro.

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aumentar a lucratividade do cafezal

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

LARA CABEZAS, W.A.R. et al. Volatilização de N-NH3 na cultura de milho: I. Efeito da


irrigação e substituição parcial da uréia por sulfato de amônio. R. Bras. Ci. Solo, 21:481-
487, 1997.

LARA CABEZAS, W.A.R. et al. Volatilização de N-NH3 na cultura de milho: II. Avaliação
de fontes sólidas e fluídas em sistema de plantio direto e convencional. R. Bras. Ci. Solo,
21:489-496, 1997.

NOVAIS, R.F.; SMYTH, T.J. Fósforo em solo e planta em condições tropicais. Viçosa,
MG: UFV, 1999. 399p.

RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ V., V.H. (Eds). Recomendações para o
uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais; 5ª aproximação. COMISSÃO DE
FERTILIDE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, Viçosa, 1999. 359p.

ROS, C.O.; AITA, C.; GIACOMINI, S.J. Volatilização de amônia com aplicação de uréia na
superfície do solo, no sistema plantio direto. Ciência Rural, 35:799-805, 2005.

TRIVELIN, P.C.O.; OLIVEIRA, M.W.; VITTI, A.C.; GAVA, G.J.C.; BENDASSOLLI, J.A.
Perdas do nitrogênio da uréia no sistema solo-planta em dois ciclos de cana-de-açúcar.
Pesq. Agropec. Bras., Brasília, 37:193-201, 2002.

SILVA, E.B.; NOGUEIRA, F.D.; GUIMARÃES, P.T.G.; CHAGAS, S.J.R.; COSTA, L.


Fontes e doses de potássio na produção e qualidade do grão de café beneficiado. Pesq.
agropec. bras., Brasília, 34:335-345, 1999.

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111
CURSOS ONLINE
AGRIPOINT

Exercícios

AGRIPOINT
Curso Online: Correção do Solo e Adubação
para Aumentar a Lucratividade do Cafezal

Módulo 1 – Solo, fertilidade e princípios da adubação

D.Sc. André Guarçoni Martins

1) O solo é formado por quatro fases: sólida, líquida, gasosa e orgânica.


A afirmação acima é:
a) ( ) Verdadeira
b) ( ) Falsa

2) Os fatores de formação do solo são: clima, relevo, organismos, material de


origem e tempo cronológico.
A afirmação acima é:
a) ( ) Verdadeira
b) ( ) Falsa

3) Solos de regiões tropicais, como os do Brasil, tendem a ser mais férteis do que
solos de regiões temperadas.
A afirmação acima é:
a) ( ) Verdadeira
b) ( ) Falsa

4) As transformações no solo são de natureza física, química e biológica.


A afirmação acima é:
a) ( ) Verdadeira
b) ( ) Falsa

5) Um solo pobre nunca poderá ser transformado em um solo fértil.


A afirmação acima é:

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a) ( ) Verdadeira
b) ( ) Falsa

6) Marque a alternativa correta:


a) Fertilidade é a capacidade do solo de ceder água para as plantas.
b) A fertilidade do solo pode ser dividida em: natural, atual, espacial e operacional.
c) Os macronutrientes primários são absorvidos em maiores quantidades do que os
macronutrientes secundários.
d) Os macronutrientes são mais importantes, para as plantas, do que os
micronutrientes.
e) Os macronutrientes são absorvidos em maiores quantidades do que os
micronutrientes.

7) Um elemento químico só pode ser considerado um nutriente de plantas se:


(Marque a alternativa errada).
a) Na ausência do elemento químico a planta não é capaz de completar seu ciclo de
vida.
b) O elemento químico é insubstituível, ou seja, na sua ausência a deficiência só pode
ser corrigida através do seu fornecimento.
c) O elemento químico é substituível, ou seja, na sua ausência, a deficiência pode ser
corrigida através do fornecimento de outro elemento que tenha a mesma função e a
mesma valência.
d) O elemento químico faz parte de molécula de um constituinte ou reação bioquímica
essencial à planta.

8) A umidade do solo é fundamental para a nutrição das plantas, pois interfere no


transporte dos nutrientes no solo e porque os nutrientes são absorvidos diretamente da
solução do solo.
A afirmação acima é:

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a) ( ) Verdadeira
b) ( ) Falsa

9) Os principais mecanismos de transporte de nutrientes no solo são: fluxo de


massa, difusão e interceptação de raízes.
A afirmação acima é:
a) ( ) Verdadeira
b) ( ) Falsa

10) A difusão é capaz de promover o transporte de nutrientes a maiores distâncias


no solo do que o fluxo de massa.
A afirmação acima é:
a) ( ) Verdadeira
b) ( ) Falsa

11) Os solos arenosos apresentam menor quantidade de nutriente na solução do


solo (fator I), maior quantidade aderida às partículas (fator Q) e maior resistência à
passagem do nutriente da fase sólida para a fase líquida (fator Q/I).
A afirmação acima é:
a) ( ) Verdadeira
b) ( ) Falsa

12) Os solos argilosos apresentam menor quantidade de nutriente na solução do


solo (fator I), maior quantidade aderida às partículas (fator Q) e maior resistência à
passagem do nutriente da fase sólida para a fase líquida (fator Q/I).
A afirmação acima é:
a) ( ) Verdadeira
b) ( ) Falsa

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para Aumentar a Lucratividade do Cafezal

13) Marque a alternativa errada.


a) Um solo arenoso apresenta menor CTC do que um solo argiloso, o que faz com que
as perdas de nutrientes no solo arenoso sejam maiores.
b) Os solos de regiões tropicais, como os do Brasil, apresentam maior número de
cargas elétricas dependentes de pH do que cargas elétricas permanentes.
c) Quanto menor for o pH de um solo, maior será sua CTC.
d) Uma forma de reduzir as perdas de nutrientes em um solo é tentar aproximar sua
CTC efetiva (t) de sua CTC total (T).
e) São leis gerais da adubação: Lei do Mínimo, Lei dos Incrementos Decrescentes e Lei
do Máximo.

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Módulo 2 – Diagnóstico das necessidades de correção e


adubação

D.Sc. André Guarçoni Martins

1) Com base nas sentenças abaixo assinale a alternativa correta:


I. Nos laboratórios que seguem as diretrizes do estado de São Paulo, o fósforo é
extraído pela resina trocadora de ânions.
II. Nos laboratórios que seguem as diretrizes do estado de Minas Gerais, o fósforo
é extraído com o extrator Mehlich – 1.
III. Os teores de fósforo no solo determinados com a resina trocadora de ânions e
com o Mehlich – 1 são sempre iguais.
IV. O pH determinado com CaCl2 geralmente é maior do que o pH determinado em
H2O.
V. O potássio expresso em mg/dm3 tem a mesma magnitude (valor) do potássio
expresso em mmolc/dm3.

a) As sentenças I, IV e V são falsas


b) As sentenças I e II são verdadeiras
c) As sentenças IV e V são verdadeiras
d) As sentenças II e III são falsas

2) Com base nas sentenças abaixo assinale a alternativa correta:


I. Na análise foliar, o valor dos teores de nutrientes expressos em dag/kg são dez
vezes maiores do que o valor dos teores expressos em g/kg.
II. 10 % = 100 dag/kg.
III. 10 mg/dm3 = 10 mg/kg.
IV. 10 cmolc/dm3 = 1 meq/100 cm3.

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V. 10 dag/kg = 10 mg/dm3.
a) As sentenças I, II e III são verdadeiras
b) As sentenças IV é verdadeira
c) As sentenças II e V são falsas
d) As sentenças I, III e V são falsas

3) Marque a alternativa errada:


a) 1,2 dag/kg de MO x 10 = 12 g/kg de MO.
b) 100 kg/ha de P x 0,5 = 50 mg/dm3 de P.
c) 100 mg/dm3 de K = 2,56 mmolc/dm3 de K = 0,256 cmolc/dm3 de K.
d) 500 kg/ha de K = 0,5 t/ha de K.
e) 10 mg/dm3 de K = 10 mmolc/dm3 de K

4) Marque a alternativa correta


a) pH em H2O, com valores entre 6,1 – 7,0 é classificado como bom.
b) Quanto maior a saturação de bases de um solo (V), menor o seu pH.
c) Teores de cálcio (Ca2+) no solo entre 1,21 e 2,40 cmolc/dm3 são classificados como
médios.
d) Teores de magnésio (Mg2+) no solo entre 1,21 e 2,40 cmolc/dm3 são classificados
como médios.
e) O cafeeiro, na fase de muda, necessita de menores teores de P no solo, uma vez
que seu sistema radicular é pouco desenvolvido.

5) Marque a alternativa correta:


a) O valor do P-rem significa a quantidade de fósforo no solo disponível para as plantas.
b) Quanto menor o valor do P-rem, maior a capacidade tampão do solo e maior o
desgaste do extrator Mehlich – 1.
c) Na fase de implantação do café, um teor de 20 mg/dm3, extraído com Mehlich – 1, é
classificado como bom, em um solo que apresente P-rem entre 5 – 10 mg/L.

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d) Na fase de implantação do café, um teor de 20 mg/dm3, extraído com a resina


trocadora de ânions, é classificado como alto.
e) Um teor foliar de 9,0 g/kg de cálcio é adequado para o café arábica.

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Módulo 3 – Corretivos de solos: uso eficiente

D.Sc. André Guarçoni Martins

1) Com base nas sentenças abaixo assinale a alternativa correta:


I. A maioria dos solos utilizados para o cultivo do café no Brasil apresenta, em
geral, características químicas adequadas para o pleno desenvolvimento das
plantas e para a obtenção de elevadas produtividades, ou seja, podem ser
considerados solos férteis.
II. A maioria dos micronutrientes fica mais disponível em pH elevado.
III. A aplicação de Gesso eleva o pH do solo.
IV. Quanto maiores os teores de argila e de matéria orgânica do solo, maior
quantidade de calcário deve ser utilizada para corrigi-lo.
V. Para se estimar a necessidade de calagem (NC) os métodos mais utilizados são:
“Método da neutralização do Al3+ e da elevação dos teores de Ca2+ e Mg2+
trocáveis” e o “Método da saturação de bases”.
a) As sentenças I, IV e V são falsas
b) As sentenças I e II são verdadeiras
c) As sentenças IV e V são verdadeiras
d) As sentenças II e V são falsas

2) Marque a alternativa errada:


a) Existem duas características que estimam a capacidade tampão da acidez: o teor de
argila e o fósforo remanescente (P-rem).
b) Al3+, Ca2+ e Mg2+ devem ser expressos em cmolc/dm3 para utilização na seguinte
fórmula de cálculo da necessidade de calagem: NC = Y x Al3+ + [X – (Ca2+ + Mg2+)].
c) O valor de Y é variável de acordo com a capacidade tampão de pH do solo.
d) O valor de X, para a cultura do café, é igual a 2,5.

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e) Na fórmula NC = T(Ve – Va)/100, a saturação por bases esperada (Ve), para a


cultura do café é igual a 60 %.

3) Marque a alternativa correta:


a) O resultado da necessidade de calagem (NC) é dado em kg/ha.
b) A NC calculada indica a quantidade de calcário com PRNT = 100 % a ser
incorporado por hectare, na camada de 0 a 20 cm de profundidade.
c) Para aplicação de calcário em cobertura, sem incorporação, utiliza-se PF = 20 cm.
d) Utilizar, sempre, a maior dose de calcário calculada por qualquer um dos métodos.
e) Para aplicação de calcário em covas de 50 x 50 x 50 cm, deve-se utilizar a seguinte
fórmula: QC = NC x 32 x (100/PRNT).

4) Marque a alternativa falsa:


a) Geralmente, a dose calculada pelo método da saturação por bases é menor do que a
calculada pelo método da neutralização do Al3+ e elevação de Ca2+ e Mg2+.
b) Se a dose de calcário calculada for maior que o valor da CTC a pH 7 (T), deve-se
utilizar como NC o próprio valor da CTC a pH 7, em t/ha.
c) A partir da necessidade de calagem (NC, t/ha), deve-se, ainda, calcular a quantidade
de calcário (QC, t/ha).
d) A quantidade de calcário (QC) é sempre maior do que a necessidade decalagem
(NC).

5) Marque a alternativa errada:


a) O calcário apresenta baixíssima mobilidade no solo.
b) O gesso (CaSO4) apresenta elevada mobilidade no solo.
c) O gesso não corrige o pH do solo, mas reduz a toxidez de Al3+ em camadas mais
profundas do solo.
d) A toxidez de Al3+ em sub-superfície faz com que as raízes do cafeeiro fiquem
restritas à camada superficial do solo.

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e) para se recomendar o gesso, devem-se levar em consideração os teores de Ca2+ e


Al3+ na camada de 0 – 20 cm de profundidade.

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Módulo 4 – Recomendação de adubação

D.Sc. André Guarçoni Martins

1) Marque a alternativa correta:


a) Nitrogênio, fósforo e potássio são aplicados na cova de plantio.
b) Não se deve aplicar adubo fosfatado junto com o calcário na cova de plantio.
c) Uma boa cova de café deve conter: matéria orgânica, calcário, adubo fosfatado e
adubo fonte de micronutrientes.
d) As doses de micronutrientes são apresentadas em tabelas de recomendação
específicas.
e) No plantio, as doses recomendadas para café arábica e conilon são diferentes.

2) Conforme as sentenças abaixo assinale a alternativa correta:


I. As doses de N e K2O para o primeiro ano pós-plantio são maiores do que
no segundo ano, uma vez que plantas mais novas necessitam de maior
quantidade de nutrientes.
II. O café arábica necessita de menores quantidades de fertilizantes, uma
vez que sua produtividade é bem menor do que a do café conilon.
III. Maiores teores foliares de N indicam necessidade de aplicação de doses
mais elevadas.
IV. O adubo fosfatado deve ser aplicado de uma só vez e os adubos
nitrogenado e potássico devem ser parcelados em, no mínimo, três aplicações.
V. Para o café conilon, quando a classe de P no solo é boa, não se aplica
adubo fosfatado, mesmo que a produção seja elevada.

a) As sentenças I, II, III, IV e V são falsas


b) As sentenças I, II e III são falsas

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c) As sentenças I e V são verdadeiras


d) As sentenças II e III são verdadeira

3) Marque a alternativa errada:


a) O nitrogênio não é determinado, rotineiramente, em laboratórios de analises de solo.
Por isso, as doses de nitrogênio são fixas nas tabelas de recomendação, dependendo
apenas da produtividade esperada e, em alguns casos, da análise foliar.
b) Para a recomendação de micronutrientes, utiliza-se o princípio da segurança, ou
seja, dose elevada que irá garantir elevada produção ou crescimento.
c) A recomendação de doses baseadas nas classes de fertilidade do solo não traz
qualquer benefício em relação à economia de recursos.
d) Após o pegamento da muda, quando o solo apresenta o teor de potássio na classe
boa, deve-se aplicar 10 g/cova/ano de K2O.
e) Na adubação de produção, para encontrar as doses por planta, basta dividir a dose
recomendada pelo número de plantas presentes em um hectare.

4) Marque a alternativa correta:


a) Na adubação de produção para o café conilon, as doses de nitrogênio (N) podem ser
definidas com base no teor foliar de N.
b) Para utilização das tabelas de recomendação, não necessidade de se saber as
classes de fertilidade do solo.
c) Pelas tabelas de recomendação, pode-se concluir que o fósforo é o nutriente exigido
em maior quantidade pelo cafeeiro.
d) Para se produzir de 61 sacas/ha de café arábica, em um solo que apresenta teores
médios de K, devem-se aplicar 340 kg/ha/ano de K2O.
e) Para se produzir 61 sacas/ha de café conilon, em um solo que apresenta teores
médios de K, devem-se aplicar 340 kg/ha/ano de K2O.

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5) Para uma produção de 45 sacas/ha de café arábica, em um solo que apresenta


teores baixos de P e K, numa lavoura com teor foliar de 3,0 dag/kg de N, deve-se
aplicar de N, P2O5 e K2O, respectivamente:
a) 60, 340 e 350 kg/ha/ano.
b) 350, 60 e 340 kg/ha/ano.
c) 340, 350 e 60 kg/ha/ano.
d) 340, 60 e 350 kg/ha/ano.
e) 340, 50 e 350 kg/ha/ano.

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Módulo 5 – Fertilização e sua aplicação

D.Sc. André Guarçoni Martins

1) Quais os dois nutrientes mais absorvidos pelo cafeeiro?


a) Nitrogênio e Fósforo.
b) Fósforo e Potássio.
c) Fósforo e Cálcio.
d) Nitrogênio e Cálcio.
e) Nitrogênio e Potássio.

2) Conforme as sentenças abaixo assinale a alternativa correta:


I. Os fosfatos solúveis são prontamente disponíveis para absorção pelas
plantas.
II. Os fosfatos naturais reativos apresentam uma fração prontamente
disponível e uma fração que será liberada com o passar do tempo.
III. Os fosfatos naturais não-reativos são fixados pelo solo em pequenas
quantidades, uma vez que reagem muito lentamente. Assim, esse tipo de fosfato
tende a liberar mais P para as plantas de café.
IV. Quanto menor o volume de solo em contato com os fertilizantes
fosfatados, menores as perdas.
V. Maiores produções de café são obtidas com aplicação de sulfato de
potássio, em relação à aplicação de cloreto de potássio.

a) As sentenças I, II e IV são verdadeiras


b) As sentenças II e III são falsas
c) A sentença I é falsa
d) As sentenças II e IV são falsas

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3) Dentre os adubos mostrados no curso, qual o adubo nitrogenado com maior


concentração de N e qual com menor concentração, respectivamente?
a) Nitrato de Amônio e Nitrato de Cálcio.
b) Uréia e Sulfato de Amônio.
c) Sulfato de Amônio e Nitrato de Sódio.
d) Nitrato de Cálcio e Uréia.
e) Uréia e Nitrato de Cálcio.

4) Qual a relação entre nutrientes no formulado 4:16:8?


a) 2:8:4
b) 1:8:2
c) 4:16:8
d) 1:4:2
e) 1:4:4

5) Marque a alternativa correta


a) Deve-se adquirir um adubo considerando, apenas, o preço da saca.
b) O fertilizante nitrogenado mais barato é, geralmente, o nitrato de cálcio.
c) Quando o adubo é fonte de vários nutrientes, todos devem ser incluídos no cálculo
do preço do kg de nutrientes.
d) No cálculo do preço do kg de determinado nutriente, não se deve considerar as
possíveis perdas do nutriente, que, por ventura, venham a ocorrer.
e) A forma correta de definir qual adubo será aplicado em uma lavoura não leva em
consideração o preço do kg dos nutrientes, apenas a qualidade final do adubo.

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Prova

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D.Sc. André Guarçoni Martins

PROVA

1) Assinale a alternativa incorreta:


a) Quanto mais úmido e quente for o clima de uma região, maior a velocidade
de transformações no solo e maiores as chances de perdas de nutrientes.
b) Um solo arenoso pode ser transformado em solo argiloso, desde que sejam
utilizadas as técnicas adequadas.
c) Com a correção e a adubação de um solo pobre, podem-se atingir
elevadas
produções na cafeicultura.
d) A fertilidade natural é igual a fertilidade atual em um solo nunca trabalhado.

2) Fertilidade Operacional do solo é:


a) A fertilidade decorrente do processo de formação do solo.
b) A fertilidade que pode se manifestar a partir de determinadas condições.
c) A fertilidade após a ação do homem.
d) A fertilidade estimada a partir dos teores de nutrientes no solo por
determinados extratores químicos.

3) Marque a alternativa correta:


a) Os macronutrientes primários são o nitrogênio (N), o fósforo (P), o potássio
(K) e o enxofre (S).
b) Os macronutrientes primários são, como o próprio nome diz, mais
importantes do que os secundários.

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c) A difusão é um mecanismo de transporte no solo fundamental para


nutrientes muito móveis, como o nitrogênio.
d) Um solo arenoso apresenta, na maioria das vezes, menor capacidade de
troca catiônica (CTC) do que um solo argiloso.

4) A lei dos incrementos decrescentes ou de Mitscherlich postula que:


a) O crescimento e a produção das lavouras são limitados pelo nutriente que
se encontra em menor quantidade no solo.
b) O excesso de um nutriente no solo reduz a eficácia de outros e, por
conseguinte, pode diminuir o rendimento das colheitas.
c) Quando se aplicam doses crescentes de um nutriente, o aumento na
produção é elevado inicialmente, mas decresce sucessivamente.
d) Nenhuma das afirmativas se refere à lei de Mitscherlich.

5) Marque a alternativa correta:


a) Nos laboratórios que seguem as diretrizes de MG o fósforo é extraído com
a resina trocadora de ânions.
b) As diferenças entre os resultados dos laboratórios de análises que seguem
as diretrizes de MG e SP se devem, apenas, às unidades utilizadas.
c) A resina trocadora de ânions sofre grande influência da capacidade tampão
do solo.
d) O extrator Mehlich-1 sofre grande influência da capacidade tampão do solo.

6) A apresentação de teores em g/kg aumenta os valores dez vezes, em


relação à apresentação em dag/kg.
A afirmação acima é:
a) Verdadeira
b) Falsa

7) Marque a alternativa errada:

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a) 2 dag/kg = 2 %.
b) 3 g/kg = 3.000 mg/dm3.
c) 10 mg/dm3 = 20 kg/ha.
d) 5 dag/kg = 200 t/ha.

8) O pH CaCl2, por ser determinado em solução salina, geralmente é maior


do que o pH em H2O.
A afirmação acima é:
a) Verdadeira
b) Falsa

9) Marque a alternativa errada:


a) A maioria dos micronutrientes fica mais disponível em pH reduzido.
b) A maioria dos macronutrientes fica mais disponível em pH elevado.
c) O resultado da necessidade de calagem é dado em t/ha, sendo que o ha,
nesse caso, corresponde a uma camada de 0 – 20 cm de profundidade.
d) O gesso, além de neutralizar o alumínio em profundidade, eleva o pH do
solo.

10) O valor de X é igual a 3,5 e a saturação por bases esperada (Ve) é igual
a 80 %.
A afirmação acima é:
a) Verdadeira
b) Falsa

11) Solos argilosos (mais tamponados) necessitam de maior quantidade de


calcário para elevar seu pH do que solos arenosos (menos tamponados).
A afirmação acima é:
a) Verdadeira
b) Falsa

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12) Marque a alternativa correta:


a) Por apresentar menor produção, o café arábica necessita de menores
doses de nutrientes do que o café conilon.
b) Para a recomendação de calcário por cova, basta dividir a quantidade de
calcário calculada por hectare (t/ha) pelo número de covas.
c) O adubo fosfatado deve ser misturado no solo da cova e aplicado em
cobertura no primeiro e no segundo ano após o plantio.
d) Os micronutrientes geralmente são aplicados seguindo-se o princípio da
segurança, ou seja, elevada dose que garantirá elevada produção.

13) O teor foliar de nitrogênio (N) não tem qualquer função na definição da
dose a ser aplicada, uma vez que não há influência do teor foliar sobre a
quantidade a ser suprida via solo.
A afirmação acima é:
a) Verdadeira
b) Falsa

14) Marque a alternativa correta:


a) Deve-se preferir, sempre, o sulfato de amônio em relação à uréia, pois esta
perde muito nitrogênio por volatilização.
b) A aplicação de sulfato de potássio (K2SO4) aumenta a produção de café em
comparação com o cloreto de potássio (KCl), pois o cloro é maléfico para as
plantas.
c) Não há diferença em se aplicar fosfatos solúveis (industrializados) ou
fosfatos naturais, uma vez que, em ambos os casos, a taxa de liberação de
fósforo é muito próxima.
d) A relação entre nutrientes no formulado 20 – 5 – 20 é 4:1:4.

15) Marque a alternativa errada:

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a) A relação entre nutrientes no formulado 16 – 8 – 4 é 4:2:1.


b) Deve-se adquirir o adubo considerando o preço do kg de nutrientes, não o
preço da saca.
c) Deve-se levar em consideração as possíveis perdas no cálculo do preço do
kg de nutrientes de determinado adubo.
d) Por ser mais laborioso e complicado, o preço do kg de nutrientes não deve
ser considerado na compra de determinado adubo, pois a economia final é
pequena.

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Gabaritos exercícios
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Gabarito

Módulo1
1–b
2–a
3–b
4–a
5–b
6–e
7–c
8–a
9–a
10 – b
11 – b
12 – a
13 – c

Módulo2
1–b
2–c
3–e
4–c
5–b

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Módulo3
1–c
2–d
3–b
4–d
5–e

Módulo4
1–c
2–b
3–c
4–d
5–d

Módulo5
1–e
2–a
3–e
4–d
5–c

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