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Solos e
Fertilidade

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Título:
Fertilizantes: adubos e corretivos – Apresentação de apoio ao estudo (módulo 6)

Curso:
Solos e Fertilidade

Data da última atualização:


13 de fevereiro de 2023

Propriedade e edição:
Espaço Visual – Consultores de Engenharia Agronómica, Lda.

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Índice
1. Origem e importância do solo

2. Constituição do solo

3. Caraterização do solo

4. Erosão e conservação

5. Nutrição vegetal

6. Fertilizantes: adubos e corretivos

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6. Fertilizantes: adubos
e corretivos
6.1 Classificação dos fertilizantes

6.2 Adubos

6.3 Corretivos

6.4 Formas de aplicação

6.5 Cálculos de fertilizações


6.1 Classificação dos fertilizantes

FERTILIZANTES

Adubos Corretivos

Minerais Orgânicos Organominerais Minerais Orgânicos Condicionadores

Elementares Azotados Fosfatados Potássicos Acidificantes

Compostos Binários Ternários Alcalinizantes

Especiais

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.1 Classificação dos fertilizantes

A aplicação de fertilizantes é realizada na agricultura já


Consumo de fertilizantes Produção de trigo
há muitos anos. Inicialmente, apenas por via de resíduos Anos
minerais/ha (kg/ha)
naturais e orgânicos, como o caso do estrume. Com a
1840 — 650
evolução científica e industrial, os fertilizantes minerais
começaram a ganhar força na área, uma vez que as respostas 1950 50 1!500
das culturas são mais rápidas e mais específicas, permitindo
que o produtor aplique apenas o mineral que a planta ou 1960 75 1!750

o solo necessitam. 1970 170 2!500

Esta evolução teve um forte papel, por exemplo, na produção 1980 220 4!000
de trigo na Europa. Nos últimos anos, tem-se estudado o
efeito no ambiente das fortes aplicações destes fertilizantes, 1990 230 4!800

pelo que os fertilizantes orgânicos têm sido novamente 1998 200 5!000
estudados e aconselhados, por serem menos poluidores.
Evolução das produções de trigo na Europa. Retirada de:
Fertilização – Fundamentos da Utilização dos Adubos e Corretivos, J. Quelhas dos Santos, 2002.

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6. Fertilizantes: adubos
e corretivos
6.1 Classificação dos fertilizantes

6.2 Adubos

6.3 Corretivos

6.4 Formas de aplicação

6.5 Cálculos de fertilizações


6.2 Adubos

Adubos

São produtos que, devido ao seu elevado teor em


nutrientes (especialmente macronutrientes), atuam
sobre a nutrição das plantas.

Porém, os adubos podem ser classificados de acordo


com a sua origem e caraterísticas.

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.2 Adubos

Adubos orgânicos e organominerais

Adubo orgânico:
• Oriundo de matérias orgânicas (MO);
• Teor de MO acima dos 50%;
• A soma dos teores de Azoto, Fósforo e Potássio
tem de ser igual ou superior a 10%.

Adubo organo-mineral:
• Oriundo da mistura de matérias orgânicas e minerais;
• Teor de MO acima dos 25%;
• A soma dos teores de Azoto, Fósforo e Potássio
tem de ser igual ou superior a 15%.

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.2 Adubos

Adubos minerais

A aplicação de adubos minerais no solo ou nas folhas das Exemplo


plantas deverá ser pensada não só pela sua composição
Um adubo NPK 15-10-35 contém:
como também pelas propriedades destes, nomeadamente
• 15 kg de Azoto em 100 kg de adubo;
a solubilidade, a salinidade, a higroscopicidade, a reação
• 10 kg de Fósforo em 100 kg de adubo;
fisiológica e a possível mistura de produtos.
• 35 kg de Potássio em 100 kg de adubo.
• Oriundos de matérias minerais;
Neste adubo NPK 15-10-35 é equivalente também
• São sempre expressos em NPK dizer que há 15, 10 e 35 Unidades de Fertilizante e
[Azoto (N) – Fósforo (P) – Potássio (K)]; azoto, fósforo e potássio.

• Uma unidade fertilizante corresponde à


percentagem presente do nutriente no adubo.

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.2 Adubos

Solubilidade

Salinidade

PROPRIEDADES
Higroscopicidade
DOS ADUBOS

Reação (pH)

Misturas

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.2 Adubos

Solubilidade

Esta propriedade consiste na capacidade do produto ser A maior ou menor solubilidade dos adubos influenciam a forma
ou não dissolvido em água. O teste à solubilidade é realizado como estes chegam ao produtor, afetando a sua granulometria.
em laboratório do seguinte modo:
A granulometria diz respeito à forma e ao tamanho que as
partículas dos adubos podem tomar, que por sua vez, influenciam
ut o a rapidez e a facilidade de absorção. Partículas mais finas
r o d
d e p
1 k g s t a r são mais facilmente absorvidas, enquanto partículas de
a te
granulometria mais grosseira são absorvidas mais lentamente.
100 L
água
Deste modo:
• Fertilizantes muito solúveis são, na sua maioria, apresentados
sob a forma de granulometria mais grosseira;

• Fertilizantes pouco solúveis, sendo mais facilmente absorvidos,


Os adubos existentes no mercado com a maior taxa de
devem, de preferência, apresentar uma forma de granulometria fina.
solubilidade são, por exemplo, a ureia e o nitrato de cálcio.

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.2 Adubos

Salinidade

Existem alguns produtos disponíveis no mercado que contêm


níveis altos de sais. É necessário um cuidado redobrado com
estes produtos, uma vez que podem reduzir a absorção de
nutrientes e água por parte das plantas, devido ao aumento
da pressão osmótica. Essa pressão é responsável pelo correto
equilíbrio de sais e água no meio e, existindo um desequilíbrio, +

vai funcionar de forma “tampão” para a entrada e saída de


elementos do solo para as raízes das plantas.

Elevada Diminuição de
Elevada pressão
quantidade absorção de água
osmótica
de sais e nutrientes

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.2 Adubos

Higroscopicidade

Esta caraterística está relacionada com a capacidade


do adubo absorver ou não humidade, como se fosse
uma esponja. As embalagens onde são os produtos
acondicionados dependem desta propriedade.

• Adubos mais solúveis são mais fáceis de trabalhar


+
em condições elevadas sem entupir os filtros;

• Adubos com coeficientes de higroscopicidade


superiores são mais difíceis de acondicionar
e armazenar – apresentam maior tendência
para o empedramento, entre outros.

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.2 Adubos

Reação fisiológica

A reação dos produtos ao meio onde serão aplicados,


depende dos seus constituintes químicos e do pH. Produtos Tornam o solo Aplicar em
Estes adaptam o seu pH de forma contrária ao pH acidificantes mais ácido solos alcalinos

do solo.

Assim sendo, deveremos ter em atenção as reações +


Produtos Não interferem Todo o tipo
indicadas no esquema.
neutros no pH do solo de solos

Produtos Tornam o solo Aplicar em


alcalinizantes mais alcalino solos ácidos

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.2 Adubos

Mistura de produtos

Em determinadas situações, um adubo apenas pode


MISTURAS
não ser suficiente para as necessidades da cultura. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ADUBO

Podemos e devemos misturar produtos principalmente


se usarmos adubos elementares. Contudo, é necessário
ter em conta as possíveis reações e compatibilidades. +
ADUBOS
ADUBOS ADUBOS
O não cumprimento e respeito da compatibilidade de COMPATÍVEIS
COMPATÍVEIS INCOMPATÍVEIS
CONDICIONAIS
nutrientes pode resultar em perda de nutrientes por:
• Volatilização;
• Insolubilização; Podem misturar-se Podem misturar-se Não se podem
sem restrições desde que sejam misturar
• Aquisição de estados físicos que não permitem logo incorporados
a sua distribuição fácil e homogénea.

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.2 Adubos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

1 ! ! ! ! ! ! !
1- Nitrato de sódio

2- Nitrato de cálcio
2
Compatibilidade da ! ! ! ! ! !

3- Sulfato de amónio
mistura de fertilizantes 3 !

4- Nitrato de amónio
4 !
e suas diluições
5 !
5- Sulfonitrato de amónio
e suas diluições
6 ! ! !

6- Cianamida cálcica
7 ! ! ! ! !
7- Ureia
8 ! !
8- Superfosfatos
9 ! ! ! !
9- Fosfato Thomas
Legenda:
10 ! ! ! !
10- Fosfatos moídos

Fonte: Santos (1996)


Podem misturar-se e armazenar 11 ! !
11- Sulfato de potássio
Podem misturar-se; 12 ! ! ! !
!
aplicar imediatamente 12- Cloreto de potássio
Não devem misturar-se
13 ! !
13- Adubos orgânicos

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.2 Adubos

Classificação dos adubos minerais

ADUBOS MINERAIS

ELEMENTARES COMPOSTOS ESPECIAIS

AZOTADOS BINÁRIOS

FOSFATADOS TERNÁRIOS

POTÁSSICOS

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.2 Adubos

Adubos minerais elementares

Estáveis, podem provocar intoxicação em solos alagados ou perdidos


AMONIACAIS
quando aplicados em solos alcalinos.

Ação lenta, recomendados para adubação de fundo ou de cobertura


SULFATO DE AMÓNIO
no inverno.

NÍTRICOS Ação mais rápida, sujeitos a perdas por lixiviação.


ADUBOS
AZOTADOS Elevadas quantidades de cálcio, podem ser aplicados em solos
NITRATO DE CÁLCIO
com pouca humidade.

Solúveis e acidificantes. Contêm risco de explosão, o que diminui


NITRATO DE AMÓNIO
a sua utilização.

Maiores teores de azoto em comparação aos anteriores. Têm ação


UREIA
muito rápida sobre a vegetação. Sujeitos a perdas por lixiviação.

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.2 Adubos

Adubos minerais elementares

Principal diferença com base no processo de obtenção.

É um mineral naturalmente presente nos solos portugueses (são


SUPERFOSFATOS maioritariamente obtidos a partir de rochas fosfatadas – apatites)
ADUBOS em formas indisponíveis às plantas.
FOSFATADOS
FOSFATOS A sua disponibilidade pode ser alcançada através da utilização
de fosfobactérias.

Nutriente reciclável.

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.2 Adubos

Adubos minerais elementares

CLORETO DE POTÁSSIO
Disponíveis nos solos portugueses em forma assimilável.

ADUBOS Ação pouco evidente na vegetação, com resultados mais visíveis


SULFATO DE POTÁSSIO
POTÁSSICOS ao nível da qualidade dos frutos.

São geralmente facultados através de adubos compostos.


NITRATO DE POTÁSSIO

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.2 Adubos

Adubos minerais compostos

Adubos cuja constituição apresenta mais do que um Principais caraterísticas:


macronutriente principal (azoto, fósforo e potássio). • Eficiência dependente de:
• Equilíbrio entre os macronutrientes principais;
• Formas e solubilidades dos macronutrientes;
BINÁRIOS TERNÁRIOS
• Presença de macronutrientes secundários
e/ou micronutrientes;

N–P N–P–K • Dispensam a mistura de adubos;


(Azoto + Fósforo) (Azoto + Fósforo + Potássio)
• Obrigam a realizar adubações completas;
N–K • Permitem a economia no transporte e distribuição;
(Azoto + Potássio)
• São mais restritivos na utilização de outros nutrientes;
P–K • Têm pouca plasticidade na adaptação a diferentes
(Fósforo + Potássio)
tipos de solo.

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6. Fertilizantes: adubos
e corretivos
6.1 Classificação dos fertilizantes

6.2 Adubos

6.3 Corretivos

6.4 Formas de aplicação

6.5 Cálculos de fertilizações


6.3 Corretivos

São produtos que quando aplicados ao solo, beneficiam


as culturas de forma indireta, ao atuar sobre a estrutura
do solo, em parâmetros como o teor de matéria orgânica,
pH, entre outros.

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.3 Corretivos

Corretivos orgânicos

Importância dos corretivos orgânicos: Escolha dos corretivos orgânicos:

Estes produtos de origem animal ou vegetal têm como A escolha do tipo de corretivo e a sua aplicação
objetivo primordial aumentar/manter o teor de matéria vai depender sobretudo de:
orgânica (MO). Os corretivos orgânicos permitem:
• Teor de MO no solo (só aplicar se for < 2,5);
• Melhorar a estabilidade do solo;
• Relação C/N (carbono/azoto);
• Aumentar a capacidade de troca catiónica do solo;
• Rendimento em húmus;
• Melhorar a vida microbiana;
• Teor de elementos minerais;
• Auxiliar a absorção de nutrientes;
• Teor em metais pesados.
• Minorar a toxicidade de alguns metais pesados.

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.3 Corretivos

Corretivos orgânicos

Estrumes e
chorumes

Resultantes de indústrias
CORRETIVOS Lamas de agropecuárias, agrícolas
e florestais
ORGÂNICOS depuração

Turfas

Outros produtos

Algas

Vermicomposto

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.3 Corretivos

Corretivos orgânicos

Estrumes e chorumes:

Os estrumes e chorumes são os corretivos mais comuns


na prática agrícola. A capacidade corretiva destes materiais
vai depender da espécie pecuária, do tipo de estabulação,
da idade e da dieta alimentar a que estavam sujeitos.

Estrume
Mistura de dejetos animais com resíduos vegetais.

Chorume
Estrume diluído.

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Fertilizantes: adubos e corretivos
COMPOSIÇÃO DO ESTRUME POR ESPÉCIE/ESTABULAÇÃO (kg/t)
[adaptado de: Código de Boas Praticas Agrícolas, MADRP, 1997]

Espécie Estabulação Matéria seca Matéria orgânica Azoto total Azoto disponível P 2O 5 K 2O

Bovinos

Leite Semipermanente 220 175 5,0 2,0 - 3,0 2,4 12

Engorda Semipermanente 220 175 4,2 1,7 - 2,5 2,8 7

Suínos

Pocilgas com camas 250 200 9,0 3,6 - 5,4 6,3 7

Galináceos

Poedeiras Bateria com tapete 300 200 14 7,0 - 9,8 11 6

Engorda Solo com camas 650 440 40 16 - 24 18 14

Equinos

220 175 5 2,0 - 3,0 2,5 12,0

Ovinos e caprinos

220 180 5,5 2,2 - 3,3 2,5 12,0

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
COMPOSIÇÃO DO CHORUME POR ESPÉCIE/ESTABULAÇÃO (kg/m3)
[adaptado de: Código de Boas Praticas Agrícolas, MADRP, 1997]

Espécie Estabulação Matéria seca Matéria orgânica Azoto total Azoto disponível P 2O 5 K 2O

Bovinos

Semipermanente com
90 70 4,5 2,5 - 3,4 1,7 9,0
camas profundas

Semipermanente
75 40 5 3,3 - 4,3 1,2 12,0
com plataforma

Semipermanente
Leite 90 70 4,5 2,5 - 3,4 1,7 9,0
com grelha

Semipermanente
Engorda 90 70 3,7 2,0 - 2,8 2,1 5,0
com grelha

Suínos

Pocilgas com camas 60 45 6 3,6 - 4,8 3,5 3,0

Equinos

60 30 6,5 4,6 - 5,9 0,7 18,0

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.3 Corretivos

Corretivos orgânicos

A aplicação de estrumes e chorumes pode ser feita de várias


formas, sendo as mais comuns representadas nas figuras.

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.3 Corretivos

Corretivos orgânicos

Lamas de depuração: ETAR


Estas lamas são corretivos extremamente ricos em matéria Estação de tratamento de águas residuais.
orgânica, relativamente recentes no mercado e provenientes
de resíduos devidamente tratados. Está legislado que a sua
utilização requer licenciamento prévio. Este tipo de corretivo
tem por base os seguinte tipos:

• Provenientes de ETAR;

• Provenientes de fossas sépticas ou outras instalações


de tratamento;

• Provenientes de águas de atividades agropecuárias.


Exemplo
de uma ETAR

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.3 Corretivos

Corretivos orgânicos

Lamas de depuração: VALORES LIMITE SOLOS (mg/kg de matéria seca) QUANT. MÁXIMAS
METAIS VALORES APLICADAS AO
PESADOS LIMITE LAMAS SOLO POR LAMAS
Apesar do forte interesse devido pH ! 5,5 5,5 ! pH ! 7,0 7,0 ! pH (g/ha/ano)
à sua composição nutritiva,
Cádmio 1 3 4 20 0,15
devemos ter em atenção que
também são fontes de metais Chumbo 50 300 450 750 15
pesados. Estes níveis devem ser
Cobre 50 100 200 1!000 12
controlados de forma a não criar
toxicidade. A tabela seguinte, Crómio 50 200 300 1!000 4,5

baseada na Portaria nº 176/96,


Mercúrio 1 1,5 2,0 16 0,1
DR – II Série, de 3 de outubro,
demonstra os valores limite de Níquel 30 75 110 300 3

concentração de metais pesados. Zinco 150 300 450 2!500 30

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.3 Corretivos

Corretivos minerais

Os corretivos minerais têm como principal objetivo corrigir


as reações do solo, alterando a acidez ou alcalinidade.

O efeito destes no pH do solo varia com


a seguinte classificação:

Alcanizantes Aumenta o pH
CORRETIVOS
MINERAIS
Acidificantes Diminui o pH

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.3 Corretivos

Corretivos minerais

Corretivos alcalinizantes:

Se aumentarmos o pH dos solos ácidos para níveis ótimos


para a cultura, vamos favorecer o seu correto desenvolvimento
e crescimento. O método vulgarmente conhecido por calagem
consiste na aplicação de elementos à base de calcários.

Os produtos mais comuns a serem aplicados são:


• Cal viva (óxido de cálcio) ou apagada (hidróxido de cálcio)
• Difícil distribuição, não podendo ser aplicada
sobre a cultura e prejudicial à matéria orgânica.
• Calcários calcíticos (simples) ou dolomíticos (compostos):
• Fácil distribuição, podendo ser aplicados
sobre a cultura e são um recurso barato.

Solos e Fertilidade
35
Fertilizantes: adubos e corretivos
6.3 Corretivos

Corretivos minerais
VALOR
Corretivos alcalinizantes: COMPOSTO FÓRMULA NEUTRALIZANTE
(%)
Existem vários produtos disponíveis no mercado, contudo,
Carbonato de cálcio CaCO3 100
deveremos verificar a sua capacidade corretiva comparada
com o carbonato de cálcio puro. Carbonato de magnésio MgCO3 119

Carbonato de cálcio
Esta capacidade é medida pelo valor neutralizante presente e magnésio
CaMg(CO3)2 109
na tabela seguinte.
Hidróxido de cálcio Ca(OH)2 135

Óxido de cálcio CaO 179

Hidróxido de magnésio Mg(OH)2 172

Fonte da tabela: Óxido de magnésio MgO 250


Produtividade dos Solos e Ambiente, Amarilis de Varennes, 2003

Solos e Fertilidade
36
Fertilizantes: adubos e corretivos
6.3 Corretivos

Corretivos minerais

Corretivos alcalinizantes:

A eficácia do corretivo vai depender da percentagem


de CaCO3 e MgCO3 e da granulometria.

Segundo a legislação portuguesa*, os corretivos


alcalinizantes devem cumprir os seguintes requisitos:
• Composição: CaCO3 + MgCO3 " 75%;
• Granulometria: Produto passa totalmente
por um crivo de malha " 2 mm e pelo menos
60% por um crivo de 0,71 mm;
• Calcário magnesiano: teor de MgCO3 " 10%.

* Norma Portuguesa NP 1048-2, Diário da República, III Série, N. 241 de 18-10-1990

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.3 Corretivos

Corretivos minerais

Corretivos alcalinizantes: Exemplo


Para um solo muito ácido, foi recomendada a
A necessidade de cal de um determinado solo expressa
aplicação de 10 t/ha de calcário. É necessário corrigir
a quantidade de carbonato de cálcio puro necessário para
30 cm de solo. Estão disponíveis dois corretivos:
elevar o pH. As recomendações são indicadas para a
Calcário com valor neutralizante de 95 e uma cal
camada superficial (20 cm espessura). Contudo, por vezes
apagada com valor neutralizante de 127.
é necessário aplicar o cálculo, principalmente quando
a espessura de solo variar ou o tipo de corretivo não for Calcário:
o desejado. Esse cálculo realiza-se pela fórmula seguinte:
Q = 10 x 30 x 85 = 13,4 t/ha
20 95
Q – quantidade de corretivo a aplicar (t/ha)
E 85 Cal apagada:
Q = CR x x CR – quantidade de corretivo recomendado (t/ha)

20 VN E – espessura de camada (cm)


VN – valor neutralizantes do corretivo (%) Q = 10 x 30 x 85 = 10 t/ha
20 127

Solos e Fertilidade
38
Fertilizantes: adubos e corretivos
6.3 Corretivos

Corretivos minerais

Corretivos acidificantes:

Devido ao poder tampão de determinados solos, torna-se


difícil ou até mesmo inviável reduzir o pH, sendo uma ação
com custos elevados, especialmente para grandes áreas.

Os corretivos mais baratos e mais utilizados são o enxofre


e o sulfato de alumínio, sendo recomendável a aplicação
ao solo entre 8-10 semanas antes da sementeira/plantação.

Contudo, é necessário distinguir dois tipos de solos


que podem ser corrigidos: solos calcários e solos salinos.

Solos e Fertilidade
39
Fertilizantes: adubos e corretivos
6.3 Corretivos

Corretivos minerais

Corretivos acidificantes:

No caso de solos calcários, a carência de nutrientes pode A quantidade de enxofre elementar (S) a aplicar
ser de tal forma elevada que o processo economicamente segue a fórmula seguinte:
mais rentável será a aplicação/correção direta dos mesmos.
No entanto, caso seja efetivamente importante corrigir % saturação em % saturação em
bases atual
- bases desejada
o pH do solo, é recomendado aplicar: S = CTC x 0,16 x
• Áreas pequenas – turfas ácidas, serraduras
100
de madeira, sulfatos de ferro ou alumínio;
S – quantidade de enxofre a aplicar (g de S/kg de solo)
• Áreas grandes – Enxofre elementar (S). CTC – Capacidade de Troca Catiónica

Solos e Fertilidade
40
Fertilizantes: adubos e corretivos
6.3 Corretivos

Corretivos minerais

Corretivos acidificantes:

Exemplo As quantidades recomendadas de aplicação estão


Para um solo com CTC igual a 20 cmol/kg apresentadas na tabela seguinte:
e um Grau de Saturação em Bases de 95%,
se pretendermos baixar o Grau de Saturação Quantidade de Enxofre a aplicar (t/ha)
em Bases para 75% teremos de adicionar: pH
Solos arenosos Solos argilosos
95 - 75
S = 20 x 0,16 x = 0,64 g/kg 7,5 0,5 0,9
100
8 1,25 1,75

8,5 1,75 1,75

Fonte: Produtividade dos Solos e Ambiente, Amarilisde Varennes, 2003.

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.3 Corretivos

Corretivos minerais

Corretivos acidificantes:

No caso de solos salinos, o objetivo principal é a substituição


de Sódio (Na) por Cálcio (Ca) no complexo de troca.

Este processo pode ser economicamente inviável,


contudo, caso seja incontornável, podemos aplicar:

• Água com baixo teor de sais;

• Criação de condições favoráveis à drenagem;

• Gesso moído.

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.3 Corretivos

Portanto, os corretivos são produtos químicos ou não


químicos, aplicáveis ao solo com o objetivo de melhorar CORRETIVOS
as suas caraterísticas físicas, químicas e biológicas, nível
de reação do solo, teores de sódio, estrutura e retenção
de água.
ORGÂNICOS MINERAIS CONDICIONADORES
Estes produtos distinguem-se como está representado
no esquema.

Origem vegetal/animal Origem mineral Atuam nas


componentes físicas
do solo
Atuam nas Atuam nas
componentes químicas, componentes químicas
físicas e biológicas solo e biológicas do solo

Solos e Fertilidade
43
Fertilizantes: adubos e corretivos
6. Fertilizantes: adubos
e corretivos
6.1 Classificação dos fertilizantes

6.2 Adubos

6.3 Corretivos

6.4 Formas de aplicação

6.5 Cálculos de fertilizações


6.4 Formas de aplicação

A aplicação de fertilizantes, tanto minerais como


orgânicos, pode ser realizada de diferentes modos
tendo em conta a máxima eficiência dos mesmos.

Distinguem-se assim os principais métodos:

Pré ou
Fertilização
pós-sementeira
de fundo ou plantação
APLICAÇÃO DE
FERTILIZANTES
Fertilização
Pós-plantação
de cobertura

Solos e Fertilidade
45
Fertilizantes: adubos e corretivos
6.4 Formas de aplicação

Época de aplicação Método de aplicação

A época de aplicação dos fertilizantes vai depender O tipo de método de aplicação a ser utilizado deverá
dos seguintes fatores: estar de acordo com:

• Condições meteorológicas; • Cultura;

• Disponibilidade temporal para proceder à operação; • Mobilidade dos nutrientes no solo;

• Aplicação no momento exato de necessidade/benefício • Quantidade a aplicar;


máximo para a cultura;
• Toxicidade;
• Evitar excessos de algum nutriente
• Disponibilidade de água no solo;
por aplicação de outros;
• Custo da operação;
• Estado de desenvolvimento das plantas.
• Equipamento disponível.

Solos e Fertilidade
46
Fertilizantes: adubos e corretivos
6.4 Formas de aplicação

Todos estes fatores devem ser ponderados para


que a aplicação de fertilizantes seja eficaz, evitando
desperdícios ou riscos para a cultura e o ambiente.
Relativamente aos métodos apresentados, estes
podem distinguir-se nas seguintes categorias:

A lanço
FERTILIZAÇÃO
DE FUNDO
Na linha ou em bandas (localizada)

Aplicação foliar
FERTILIZAÇÃO
DE COBERTURA
Aplicação à semente

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.4 Formas de aplicação

Fertilização de fundo

A fertilização por este método, mais comum no meio A lanço:


agrícola, permite repor no solo maiores quantidades
• Aplicação de grandes quantidades de adubo,
de produto, quer por mobilização mais profunda do
sobretudo macronutrientes (N/P/K);
solo, quer por aplicação superficial que será transferida
ao solo pela água da chuva ou pela rega. • Fertilizante espalhado por todo o terreno de cultivo:

• Fertilizantes mais usados:


• Corretivos alcalinizantes/acidificantes;
• Corretivos orgânicos;
• Alguns tipos de fosfatos naturais
e adubos fosfatados;
• Adubos contendo azoto;
• Adubos potássicos.

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.4 Formas de aplicação

Fertilização de fundo

Em linha ou bandas:

• Objetivo: aplicação de nutrientes mais • Risco de salinidade: evitar quantidades elevadas


facilmente disponíveis/assimiláveis, ótimo de fertilizante;
para um desenvolvimento inicial mais rápido;
• Aplicação em linha afastada 5 cm em profundidade
• Benéfico no caso de solos muito ácidos e largura, relativamente às sementes.
relativamente ao fósforo, ou calcários
relativamente ao ferro e ao zinco;

• Adubos líquidos minerais/orgânicos, aplicados


em faixas nos sistemas e mobilização reduzida;
5 cm 5 cm
• Desvantagens: requer equipamento específico
e sementeira mais demorada; 5 cm 5 cm

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.4 Formas de aplicação

Fertilização de cobertura

Aplicação foliar: Aplicação à semente:

• Método baseado na necessidade específica da cultura; • Menos frequente por ser um método
muito recente e pouco conhecido;
• Evitar doses elevadas para evitar queimar as folhas;
• Por embebição – sementes mergulhadas
• Aplicar em dias encobertos ou manhã cedo/fim do dia,
em soluções nutritivas;
de modo a reduzir a evaporação do produto nas horas
de maior calor ou até mesmo queimar as folhas. • Por revestimento – sementes cobertas
com nutrientes em pó ou líquido adesivo;

• É necessário ter muito cuidado com o


manuseamento, pois a quantidade e a
forma de aplicar pode danificar as sementes.

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.4 Formas de aplicação

Precauções na aplicação de adubos

Dado o aumento da utilização de adubos no mundo agrícola, PERIGOS POLUIÇÃO COM AZOTO:
têm-se verificado alguns problemas a nível ambiental. • Tumores nos animais;
Criando poluição aquática, atmosférica ou terrestre, • Poluição terrestre – chuvas ácidas e deposição
a agricultura torna-se uma das fontes responsáveis pelas de amoníaco;
consequências ambientais. • Poluição atmosférica – aquecimento global;
• Poluição aquática – eutrofização das águas.
Os poluentes, materiais que se encontram em níveis acima
do aconselhado, produzem efeitos negativos na natureza,
Eutrofização
entrando num ciclo por onde o ser humano intervém tanto
como causador como mais uma vítima. “Presença excessiva de nutrientes, sobretudo
fosfatos e nitratos, em massas de água como mares,
lagos, etc., que origina desenvolvimento excessivo de
matéria orgânica.”
Segundo o dicionário PRIBERAM

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.4 Formas de aplicação

Precauções na aplicação de adubos

É imperativo ter em atenção as fontes de poluição, tomando É possível reduzir o impacto de N seguindo alguns cuidados:
precauções que estão ao nosso alcance no meio produtivo, • Efetuar análises ao solo e a água regularmente;
como por exemplo, no domínio do macronutriente Azoto (N),
• Calcular corretamente a quantidade de N a aplicar,
capaz de ser poluente na forma de nitrato.
mediante a produção esperada, a cultura em causa
e a presença deste elemento na água da rega;
• Fracionar a aplicação de azoto e aplicar estes
fertilizantes tendo em conta a época adequada;
• Evitar grandes períodos do solo descoberto
de vegetação, recorrendo a culturas intercalares
que funcionem como fontes naturais de azoto;
• Evitar a utilização de dejetos com níveis elevados
de nitratos (ex.: explorações suínas).

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.4 Formas de aplicação

PRINCIPAIS CONTAMINANTES, RESPETIVOS MEIOS AFETADOS E POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS

MEIO AFETADO

CONTAMINANTE EXEMPLOS ÁGUA CONSEQUÊNCIAS


SOLO AR
SUBTERRÂNEA SUPERFICIAL

Nutrientes e sedimentos N; P; Partículas de solo + + + – Eutrofização; Contaminação da água potável

Agroquímicos; Combustíveis;
Compostos orgânicos
Solventes + + + + Contaminação da água potável; Riscos ecológicos

Cádmio; Chumbo;
Elementos vestigiais
Mercúrio; Arsénio + + + + Saúde humana afetada; Riscos ecológicos

Metano; Óxidos de azoto; Aquecimento global; Chuvas ácidas;


Gases
Enxofre + – + + Destruição da camada de ozono

Organismos patogénicos Bactérias; Vírus + + + – Saúde humana afetada

LEGENDA: + Contamina – Não contamina


Fonte: Produtividade dos Solos e Ambiente, Amarilis de Varennes, 2003

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.4 Formas de aplicação

Precauções na aplicação de adubos

Apesar de ser mais frequente a contaminação por nitratos, Exemplo histórico


forma poluente do azoto, a poluição por metais pesados No Japão, na época da II Guerra Mundial, surgiu
é sem dúvida a mais preocupante e mais grave. uma doença que afetou os agricultores na bacia
do rio Jinzu, conhecida como “itai–itai” (expressão
Estes metais são, por exemplo, o cádmio, o chumbo,
para ai ou ui). Esta doença, fortemente dolorosa que
o cobre, o crómio, o mercúrio, o níquel e o zinco e estão
afetava e deformava os ossos, estava relacionada
presentes nos fertilizantes minerais e/ou orgânicos
com a intoxicação pelo elemento Cádmio. A cultura
dependendo da sua origem. É necessário ter bastante
de arroz, base da alimentação japonesa, estava
cuidado, pois são facilmente absorvidos pelos alimentos,
contaminada com este metal pesado, devido
entrando nas cadeias alimentares de forma direta
à extração mineral próxima das zonas de cultivo.
ou indireta.

Solos e Fertilidade
54
Fertilizantes: adubos e corretivos
6. Fertilizantes: adubos
e corretivos
6.1 Classificação dos fertilizantes

6.2 Adubos

6.3 Corretivos

6.4 Formas de aplicação

6.5 Cálculos de fertilizações


6.5 Cálculos de fertilizações

Leitura e interpretação do resultado


de uma análise

A análise de solos é fundamental para conhecer


as caraterísticas do mesmo. A ligação entre
as particularidades do solo e as exigências das
culturas vai permitir otimizar custos de produção,
nomeadamente com a operação de fertilização.

Uma vez que cada cultura tem as suas necessidades


específicas, podemos consultar o livro Manual de
fertilização das culturas, INIAP (2006), para estudar
as recomendações de fertilização.

Solos e Fertilidade
56
Fertilizantes: adubos e corretivos
6.5 Cálculos de fertilizações

Exemplo de ensaio físico-químico para a Cultura de Actinídia (Kiwi)

Análise Resultado Micronutrientes Resultado Complexo de troca Resultado (cmol/kg)

pH (H20) 5,5 Ferro 105 mg/kg Cálcio 2,00

pH (KCl) 4,3 Cobre 9,4 mg/kg Magnésio 0,33

Matéria orgânica 5,03% Manganês 18 mg/kg Potássio 0,39

Fósforo extraível 104 mg/kg P2O2 Zinco 4,4 mg/kg Sódio 0,06

Potássio extraível 425 mg/kg K20 Boro 0,7 mg/kg

Necessidade em cal 15,0 t/ha CaCO3 Carbonatos Negativo Ensaios e métodos Resultado

Cálcio extraível 348 mg/kg Acidez de troca 13,81 cmol/kg

Magnésio extraível 35 mg/kg Soma das bases de troca 2,78 cmol/kg

Textura Média Capacidade de troca catiónica 17,59 cmol/kg


Se for < 50:
solo muito ácido Grau de saturação em bases 15,82%

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.5 Cálculos de fertilizações

Recomendações de fertilização (laboratório)

Correção calcária: Correção orgânica:

Aplicar no período de outono/inverno cerca de Não se justifica atendendo aos teores encontrados
5000 kg/ha de calcário magnesiano, enterrando-o na análise deste solo.
com uma mobilização do solo. Repetir aplicação
• Textura média
nos dois anos seguintes do mesmo tipo de calcário.
• Matéria orgânica > 4,5 = Muito alta
• Corrigir a acidez do solo

• pH favorável (Kiwi): 5,5-6,8

• Terras ligeiras: 3000-6000 kg/ha para elevar o pH

• Resultado de magnésio baixo

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.5 Cálculos de fertilizações

Recomendações de fertilização (laboratório)

Adubação de fundo: Adubação de cobertura:

Aplicar no período de outono/inverno cerca de 40 Aplicar cerca de 100 unidades de azoto/ha repartidas ao
unidades de fósforo (230 kg/ha de superfosfato 18%), longo do ano (ex.: 250 kg/ha de um adubo nitromagnésio
enterrando o adubo com uma mobilização do solo. 20,5% na fase inicial e 250 kg/ha de nitrato de cálcio na
fase final).
• Correção anual do elemento mais fraco
• Correção de azoto de modo fracionado

• Resultado de magnésio baixo

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.5 Cálculos de fertilizações

Determinação de quantidades de adubo


e de unidades de fertilizante

Geralmente, as análises de solo que são pedidas vêm com


recomendações para a cultura pretendida mediante os
resultados obtidos. Contudo, pode ser necessário efetuar
um ou outro cálculo que nos seja útil.

Com base nos resultados do exemplo da análise


de solo da Cultura da Actinídea, podemos determinar
os seguintes parâmetros:
• Soma das bases de troca;
• Grau de saturação em bases;
• Azoto;
• Fósforo.

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.5 Cálculos de fertilizações

Determinação de quantidades de adubo


e de unidades de fertilizante

Soma das bases de troca (conjunto de catiões): Grau de saturação em bases:

SBT = Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+ = GSB (%) = ( SBT x 100 ) : ( CTC total) =
= 2,00 + 0,33 + 0,39 + 0,06 = = ( 2,78 x 100 ) : 17,59 =
= 2,78 cmol/kg = 15,80 %

Resultados da análise Resultados da análise

Cálcio 2,00 Capacidade de Troca


17,59 cmol/kg
Catiónica
Magnésio 0,33
Grau de saturação
Potássio 0,39 15,82%
em bases

Sódio 0,06

Soma das bases de troca 2,78 cmol/kg

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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.5 Cálculos de fertilizações

Determinação de quantidades de adubo


e de unidades de fertilizante

Azoto (N): Fósforo (P):

Segundo a recomendação de 100 U.F.*, nitromagnésio Segundo a recomendação de 40 U.F.*, superfosfato


a 20,5% (aplicação de regra de três simples): a 18.0% (aplicação de regra de três simples):

20,5 U.F. — 100 kg adubo 18,0 U.F. — 100 kg adubo


500 kg/ha
100 U.F. — X kg adubo 40,0 U.F. — X kg adubo

X = ( 100 x 100 ) : 20,5 X = ( 40 x 100 ) : 18,0


250 kg/ha 250 kg/ha 230 kg/ha
~
~ 487 kg/ha ~
~ 222 kg/ha
Valores recomendados Valor recomendado

* U.F. — Unidades fertilizantes

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.5 Cálculos de fertilizações

Exercício: determinação de quantidades


de adubo e de unidades de fertilizante
Além do exemplo apresentado, existem outros cálculos possíveis
de serem realizados. De seguida é apresentado um exercício resolvido.

Enunciado:
1. Suponhamos que se pretende incorporar num terreno: a) Que quantidade de adubo composto é necessária
• 90 Unidades Fertilizantes (U.F.) de N; para incorporar as tais 40 U.F. de fósforo?
• 40 U.F. de P;
b) Que quantidade de Nitrolusal a 22% e de Sulfato de
• 60 U.F. de K.
Potássio a 50% é necessária para incorporar no solo
Para o efeito, temos à nossa disposição apenas o adubo e que unidades fertilizantes de azoto e potássio que
5-15-20 (código para valores de NPK). Se a quantidade de estiverem em falta?
adubo composto a aplicar não satisfazer as necessidades
em azoto e potássio, pode-se recorrer aos adubos simples,
Nitrolusal a 22% e Sulfato de potássio a 50%.

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.5 Cálculos de fertilizações

Exercício: determinação de quantidades


de adubo e de unidades de fertilizante

a) Que quantidade de adubo composto é necessária b) Que quantidade de Nitrolusal a 22% e de Sulfato de
para incorporar as tais 40 U.F. de fósforo? Potássio a 50% é necessária para incorporar no solo
e que unidades fertilizantes de azoto e potássio que
15,0 U.F. — 100 kg adubo estiverem em falta?
40,0 U.F. — X kg adubo
1. Calcular as U.F. de azoto que são aplicadas
X = ( 40 x 100 ) : 15,0
~ 267 kg/ha
~ 2. Calcular as U.F. de potássio que são aplicadas

3. Calcular as quantidades de adubos simples


R.: É necessário incorporar 267 kg/ha do adubo 5-15-20.
para corrigir o défice

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
6.5 Cálculos de fertilizações

Exercício: determinação de quantidades


de adubo e de unidades de fertilizante

b) Que quantidade de Nitrolusal a 22% e de Sulfato de 3. Calcular as quantidades de adubos simples


Potássio a 50% é necessária para incorporar no solo para corrigir o défice
e que unidades fertilizantes de azoto e potássio que
estiverem em falta? Azoto: 90 - 13 = 77 U.F. em falta
22 U.F. — 100 kg adubo X = ( 77 x 100 ) : 22 =
77 U.F. — X kg adubo ~
~ 350 kg/ha
1. Calcular as U.F. de azoto que são aplicadas

5,0 U.F. — 100 kg adubo X = ( 267 x 5,0 ) : 100 = Potássio: 60 - 53 = 7 U.F. em falta
X U.F. — 267 kg adubo ~
~ 13,35 U.F. 50 U.F. — 100 kg adubo X = ( 7 x 100 ) : 50 =
7 U.F. — X kg adubo ~~ 14 kg/ha
2. Calcular as U.F. de potássio que são aplicadas

20 U.F. — 100 kg adubo X = ( 267 x 20 ) : 100 = R.: É necessário incorporar 350 kg/ha de Nitrolusal a 22%
X U.F. — 267 kg adubo ~
~ 53,4 U.F. e 14 kg/ha de Sulfato de potássio a 50%.

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
Em resumo…
• Distinguir os tipos de fertilizantes e identificar
as diferenças entre adubos e corretivos;

• Identificar as diferentes caraterísticas dos adubos


a utilizar (solubilidade, reação fisiológica, salinidade,
higroscopicidade e compatibilidade);

• Identificar as épocas, a técnica de aplicação e


as melhores condições de aplicação dos adubos;

• Atender aos princípios estipulados pelo ambiente


para a redução da poluição;

• Conhecer os diferentes objetivos dos adubos orgânicos,


minerais e organo-minerais;

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
Em resumo…
• Conhecer os diferentes objetivos dos corretivos
orgânicos e minerais;

• Identificar as caraterísticas dos corretivos orgânicos


e dos corretivos minerais na escolha dos mesmos;

• Atender às caraterísticas do solo (matéria orgânica, pH,


textura), na determinação das doses a aplicar por hectare;

• Acompanhar a evolução do pH e dos teores de matéria


orgânica do solo, no sentido de estabelecer um correto
plano de manutenção destes parâmetros.

Solos e Fertilidade
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Fertilizantes: adubos e corretivos
Bibliografia recomendada
• GARCIA, Ginése Simón Navarro (2014). Fertilizantes – química e acción.

• MINISTÉRIO AGRICUTURA ESPANHA (2011). Guia prático de fertilización.

• SANTOS, J. Quelhas (1996). Fertilização, fundamentos da utilização dos adubos e correctivos. 2ª edição.

• VARENNES, Amarilis (2003). Produtividade dos solos e ambiente.

• VIVANCOS, Alonso Dominguez (1984). Tratado de fertilización.

• YAGUE, José Luís Fuentes (1999). El suelo y los fertilizantes.


Ministério de Agricultura Pesca y Alimentación, 1999

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Fertilizantes: adubos e corretivos
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