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E. ZONTA / JULIANO S./E.

LIMA
UFRRJ – IA- Depto de Solos

FERTILIDADE DO SOLO
2021.2
Fertilizantes x Adubos
Orgânicos
ou
Minerais ou Sintéticos
Elemento ou substância química compreende a todo e
qualquer elemento que compõe a tabela periódica, sozinho ou

Químico organizado com outros, na forma mineral ou orgânica.

O termo “QUÍMICO” é uma figura de linguagem empregada


erroneamente para nomear fertilizantes minerais ou sintéticos

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Adubos Orgânicos

• Extensa lista de produtos

• Referências:
– Livro do Professor Kiehl
( Fertilizantes Orgânicos)

– Manual de Calagem e Adubação do Estado do Rio de


Janeiro
O adubo orgânico é constituído de resíduos
de origem animal e vegetal e tudo mais que
se decompõem, mineralizando ou
humificando.

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(CO2 + Minerais)
MINERALIZAÇÃO

ADUBO ORGÂNICO

HUMIFICAÇÃO
(“Neoformação” de moléculas orgânicas)
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Diferenças em relação aos minerais
1. Baixos teores em sua composição
2. A liberação de nutrientes depende da
mineralização
(exceto o K).

3. Fornecimento gradual de nutrientes


4. Menor lixiviação
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FINALIDADE e/ou USO dos ADUBOS ORGÂNICOS
Como Adubo/Fertilizante
Objetivo: fornecimento de nutrientes
Interesse em favorecer a mineralização

Para Melhoria da qualidade do solo


Objetivo: elevar teor de matéria orgânica
Interesse em favorecer a humificação

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VANTAGENS NO USO DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA
• Disponibilidade de nutrientes
1. Durante o processo de decomposição, os nutrientes vão sendo
liberados gradativamente, em taxas que podem ser próximas a
taxa de absorção destes pelas plantas.
2. Para suprir a necessidade de uma cultura é necessário a aplicação
em grandes quantidades, e com isso quantidades significativas de
C são adicionadas ao solo.
3. Aumenta a retenção de água
4. Aumenta a CTC do Solo.

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VANTAGENS NO USO DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA

 Diminui a fixação de P

1. Troca de ligantes entre os grupos funcionais OH- dos oxihidróxidos


de Fe e Al e os ânions orgânicos.
2. Formação de complexos estáveis.

Com o Fe e Al imobilizados pelos coloides orgânicos,


aumenta a disponibilidade do P.
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VANTAGENS NO USO DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA

 Diminuição do efeito tóxico do Al

1. Formação de complexos entres os compostos orgânicos e o Al+3

Al

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VANTAGENS NO USO DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA
 Efeitos sobre microrganismos

1. Aumento qualitativo e quantitativo de microrganismos no


solo
2. Os microrganismos associados à matéria orgânica são
benéficos às plantas
3. Exercem importantes funções e mantem o solo em
constante dinamismo.

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IMPORTANTE
ADUBOS ORGÂNICOS:
 Não são inócuos no que tange aos riscos de poluição.

 Não devendo ser usados em exagero.

 A sua quantificação é função da sua qualidade e da expectativa de


liberação dos nutrientes.

 Possível inoculo de patógenos.

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ASPECTOS COMUNS entre os ADUBOS ORGÂNICOS

• Concentração relativamente baixa de nutrientes


 Uso em grandes quantidades

• Ampla diversidade na sua composição


 Necessidade de análise para quantificar uso
(NPK ao menos)

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ASPECTOS COMUNS entre os ADUBOS ORGÂNICOS

• Preços reduzidos ou mesmo a custo zero


(principalmente em propriedades com exploração zootécnica)

• Não desprezar o custo de transporte e aplicação.


(Aplicação de quantidades significativas)

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As RECOMENDAÇÕES de adubação orgânica podem e devem
ser feitas para a quase totalidade dos solos, tendo em vista:

 As características das propriedades e do tipo de exploração predominantes;


 Que os resíduos agrícolas e urbanos são fonte de insumos para aumento da
produtividade agrícola;
 Que a adubação orgânica pode contribuir grandemente para melhorar a
fertilidade dos solos e conseqüentemente aumentar a produtividade dos solos
brasileiros;
 Que pode reduzir os custos de produção de muitas culturas e dar independência
parcial ou total ao agricultor com relação ao insumo-fertilizante.

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Com relação às QUANTIDADES, as doses estão em função do tipo de
adubo, levando-se em consideração o teor de nutrientes.

 PORÉM, o uso da adubação orgânica também depende de outros alguns


fatores:
 Qualidade e quantidade;
 Métodos de aplicação;
 Custo relativo de sua aquisição e aplicação.

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• Estercos
– Curral, Galinha, Suíno....
 Compostos orgânicos
– Composto propriamente dito, resíduos de biodigestores, biofertilizantes...
• Subprodutos da industria e agroindústria
– Vinhaça, Tortas de oleaginosas, de filtros, Terra clarificante, Lodo de ETEI...
• Resíduos urbanos
– Composto de lixo, Lodo de ETE, ...
• Adubos verdes
– Várias espécies...
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Estercos
• Nome genérico aplicado aos excrementos de animais
• Todos os estercos são passíveis de uso

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Esterco de curral
Nome genérico para esterco de bovinos

• Esterco curtido X esterco fresco


• Diferenças na composição;
• Presença de sementes de plantas invasoras;
• Presença de herbicida (Prováveis danos às plantas sensíveis e problemas na
certificação na agricultura orgânica)
• Vantagens: construção de esterqueiras.

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Componentes de alguns adubos orgânicos de bovinos

N P2O5 K2O Ca Mg
Fertilizantes
-----------------------%------------------------

Bovino - Leiteiro 1,1 0,9 1,1 0,7 0,3

Bovino - Curral 1,7 0,7 2,6 1,3 0,6

Bovino - Curral 1,2 1,1 1,5 1,2 0,2


Fonte: Manual de adubação e calagem para o estado do Rio de Janeiro
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Para fins de ter NOÇÃO de QUANTIDADE !!!
(não usar como padrão)

–Adubação leve: 10 t ha-1


–Adubação média: 20 - 30 t ha-1
–Adubação pesada: 50 t ha-1

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Esterco de galinha e cama-de-galinha (ou aviário)
CAMA DE AVIÁRIO
Composto orgânico constituído do substrato (serragem, maravalha ou casca de arroz)
usado no piso dos aviários misturado com os dejetos das aves confinadas.

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Esterco de galinha e cama-de-galinha (ou aviário)

ESTERCO DE GALINHA
Mistura de fezes e urina de aves.

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Esterco de galinha e cama-de-galinha

• Diferenças na composição;

• Presença de antibióticos e anabolizantes (ilegal) pode inviabilizar seu


uso na agricultura orgânica;

• É o esterco que apresenta maior concentração e mais rápida liberação


de nutrientes

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Componentes de alguns adubos orgânicos de aves.
N P2O5 K2O Ca Mg
Fertilizantes
--------------------%----------------------
Galinhas – Esterco 2,7 5,4 4,3 6,7 0,6
Galinhas – Esterco 4,0 1,2 2,1 - -
Galinhas – CAMA 1,9 2,8 1,6 6,5 1,0
Frango – CAMA 3,2 3,9 1,3 - -
Frango – CAMA 2,5 3,7 2,4 2,2 0,5
Fonte: Manual de adubação e calagem para o estado do Rio de Janeiro
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Outros estercos de animais

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Resíduos de biodigestores

• São considerados excelentes adubos orgânicos.

• Possui composição muito variável.


• Efluente consiste de material “concentrado” porque perdeu carbono.

• Se o material biodigerido contiver alta concentração de metais


pesados, esses aparecerão em concentração ainda maior no efluente
e poderão estar biodisponiveis.

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Modelo Chinês

Modelo Indiano
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Modelo Canadense

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Composto orgânico
O que é compostagem ???
• A compostagem é o processo de transformação de resíduos orgânicos
(palhada, estrume, restos de alimentos, etc), em materiais orgânicos utilizáveis na
agricultura.
• Este processo envolve transformações extremamente complexas de
natureza bioquímica (principalmente), promovidas por “milhões” de
microorganismos que têm na matéria orgânica in natura sua fonte de
energia, nutrientes minerais e carbono.
• A fermentação dessas matérias-primas pode ser aeróbia e/ou anaeróbia,
com controle de umidade e aeração.

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COMO FAZER COMPOSTAGEM

A compostagem pode ser feita em forma de PILHAS ou LEIRAS,


onde se dispõe de forma ordenada ou não o material disponível
e/ou selecionado

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COMO FAZER COMPOSTAGEM

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Manejo da Pilha ou Leira

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 A modalidade de compostagem em pilhas e a aeração por revolvimento
manual são impraticáveis para grandes volumes de resíduos.
 Uso de mecanização / aeração forçada

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Fases da Compostagem

Fonte: PEREIRA NETO, 1996


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Composto estabilizado (pronto para uso)
compostagem

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O composto estabilizado, além de ter
temperatura igual à ambiente, apresenta-se
quebradiço quando seco, moldável quando
úmido, não atrai moscas e não tem cheiro
desagradável.

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BIOFERTILIZANTES

• O biofertilizante é um adubo orgânico líquido, proveniente de um processo de


decomposição da matéria orgânica através de fermentação anaeróbica ou aeróbica,
em meio líquido.
• O biofertilizante é utilizado como adubo foliar, complementar a adubação orgânica do
solo, fornecendo micronutrientes principalmente
• O biofertilizante também atua como defensivo natural por ser meio de crescimento de
bactérias benéficas.
• Normalmente o biofertilizante é composto de esterco, água, sais minerais
(micronutrientes), outros resíduos animais, além de melaço e leite.

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http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/organicos/fichas-agroecologicas/
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Ingredientes utilizados para o preparo de biofertilizantes
IAPAR n° 2001 IAPAR n° 2001
Ingredientes Medida
Aeróbico Anaeróbico
Fosfato natural Kg 3 3
Bórax Kg 1,5 1,5
Sulfato de magnésio Kg 1 1
Sulfato de zinco Kg 2 2
Sulfato de cobre Gramas 300 300
Sulfato de manganês Gramas 300 300
Farinha de osso Kg 3 3
Vergamota/Outra fruta Kg 3,0 – 4,0 3,0 – 4,0
Leite Litros 16 2
Esterco fresco bovino Kg 70 – 80 70 – 80
Água Litros 100 100
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Subprodutos da industria e agroindústria
• Genericamente, resultantes dos processos usados na
tecnologia de alimentos.
• Exemplos
– Vinhaças
– Tortas de oleaginosas
– Tortas de filtros
– Terra clarificante
– Farinha de chifre
– Farinha de osso
– Orelha Bovina, ...

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Resíduos da Agroindústria
VINHAÇA
• Resíduo produzido em grande quantidade nas destilarias de
álcool.
• A vinhaça de cana é rica em K e possui teores relativamente
elevados de outros elementos.
• Sua aplicação mais racional deve ser feita com base no teor de K.
• A maioria das aplicações vem sendo feita in natura, em
quantidades que variam de 50 a 200 m3/ha.

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Resíduos da Agroindústria
Outros resíduos
• Resíduos das industrias de café solúvel, que são utilizados após devida
fermentação, diretamente na hortifruticultura.
• Torta de filtro - Resíduo da indústria açucareira oriundo da filtração a vácuo do
lodo retido nos clarificadores.
• Palha de café e casca de arroz aproveitados após decomposição como adubos
orgânicos.

• ...

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Resíduos urbanos
LODO DE ETE e ETEI
• Material sólido orgânico, ou inorgânico, removido das águas residuais
provenientes das residências e estabelecimentos comerciais, etc, nas
estações de tratamento de esgoto.
• A concentração de N, P e K no lodo depende das contribuições recebidas
pelas águas residuais, do tipo de tratamento a que foi submetido e do
manejo entre a sua produção e a sua aplicação no solo.
• O Lodo de Esgoto pode possuir o inconveniente de ser contaminado com
agentes patogênicos e metais pesados.

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ADUBAÇÃO VERDE
• Melhor opção para uso em áreas extensas.
• Assunto de grande importância para o manejo da fertilidade do solo
• A matéria orgânica de origem vegetal poderá vir pela adubação verde em
consórcio e rotação de culturas, delimitação de divisas, cercas-vivas, quebra-
ventos, faixas de contorno, beiras de estrada, restos de cultura e capineiras.
• A produção de biomassa de origem vegetal tem possibilidades ainda
inesgotadas por nós.

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ADOTAR A FILOSOFIA DO:

LIXO/RESÍDUO

ZERO
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• Recomendação de adubos orgânicos com base na recomendação de N
para a cultura e do teor do elemento no adubo:

Nrec (kg/ha)
Dose (N; t/ha) =
IEA x Ntotal (kg/t)
Nrec: Dose de N recomendado para cultura a ser implantada, de acordo com o Manual de Adubação e
Calagem de cada região do país.
IEA: Indice de Eficiência Agronômica do adubo, que poderia variar de 0,4 a 0,9 para o N, em função da
atividade biológica, forma de aplicação, tempo e outros fatores edafoclimáticos, que deve ser justificado
pelo profissional responsável.
Ntotal: Teor de N total, determinado por um método confiável.

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• Recomendação de adubos orgânicos com base na recomendação de K2O
para a cultura e do teor do elemento no adubo

K2Orec (kg/ha)
Dose (K2O; t/ha) =
IEA x Ktotal (kg/t) x 1,2

K2Orec: Dose de K2O recomendado para cultura a ser implantada, de acordo com o Manual de Adubação e
Calagem de cada região do país em função do Teor de K do solo.
IEA: Indice de Eficiência Agronômica do adubo, que poderia variar de 0,4 a 0,7 para o K (+
considerações para o N)
Ktotal: Teor de K total, determinado por um método das metodologias recomendadas.
Obs: 1,2 é o fator de conversão de K para K2O.

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• Recomendação de adubos orgânicos com base na recomendação de P2O5
para a cultura e do teor do elemento no adubo

P2O5rec (kg/ha)
Dose (P2O5; t/ha) =
IEA x Ptotal (kg/t) x 2,3

P2O5rec: Dose de P2O5 recomendado para cultura a ser implantada, de acordo com o Manual de Adubação e Calagem de
cada região do país em função do Teor de P do solo.
IEAL: Indice de Eficiência Agronômica, que poderia variar de 0,4 a 0,7 para o P (mesmo que para o K) (+
considerações para o N e considerando a mineralogia da fração argila – ver obs. 2).
Ptotal: Teor de P total, determinado por um método das metodologias recomendadas.
Obs 1. 2,3 é o fator de conversão de P para P2O5.
Obs 2. A eficiência máxima de 70% para o P é devido a fixação do elementos nos oxihidróxidos de Fe e Al presentes em
nossos solos. Quanto mais rica nestes elementos a fração argila do solo onde o lodo será aplicado, menor o IEA.

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