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Oficina de Multimédia B Tipos de media estáticos – Texto

O texto é uma das principais formas de comunicação assíncrona entre seres humanos. São
exemplo os livros, os jornais, as revistas, etc. Mais recentemente, podemos dar como
exemplo as mensagens SMS (Short Messaging System), o E-Mail (Electronic Mail), etc.

Num Computador e na Interacção Homem-Máquina (IHM), o texto pode assumir três


formas possíveis:

Texto não formatado (plain text) – mediante o conjunto de caracteres escolhido (character
set) os caracteres disponíveis vão ser condicionados no seu número. Para além desta
limitação, a dimensão é fixa e apenas existe uma forma e um estilo disponíveis, é exemplo o
Bloco de Notas (Notepad) no Windows.

Texto formatado (rich text) – já existe a possibilidade de no mesmo texto utilizar fontes
diferentes, tamanhos e formatação (negrito, itálico, sublinhado, justificação ao centro, etc).
A aparência do texto no monitor pode ser idêntica à de páginas impressas. Como exemplo
temos o WordPad no Windows.

Hipertexto – trata-se de texto com hiperligações acrescentadas e define-se como texto


não-linear. Esta forma de texto permite navegar instantaneamente para partes do mesmo
texto ou de textos diferentes, dentro do mesmo documento ou em documentos diferentes.
Chamam-se nós (nodes) a esses pontos de contacto entre partes distintas do texto ou textos
e a sua passagem ou ligação, é feita através das já citadas hiperligações (hyperlinks ou
simplesmente links).

1 – Representação de texto
O texto tem uma natureza dupla sendo simultaneamente um código (conteúdo léxico) e
um elemento gráfico (aparência visual). Na sua primeira qualidade, o texto pode assumir
diferentes códigos dependendo do idioma falado a que corresponde (português, russo,
japonês, etc). Na segunda qualidade, o texto pode variar o seu aspecto visual dependendo
da fonte utilizada e da formatação dada ao texto (espaçamentos, justificação, parágrafos,
etc).

Quando falamos de caracteres é útil dividir, nomear e distinguir dois conceitos: carácter
abstracto; representação gráfica.

Utilizando uma linguagem metafórica, o carácter abstracto é a alma e a representação


gráfica é o corpo. Utilizando uma linguagem científica dizemos que, o carácter abstracto é o
código digital binário que corresponde à representação gráfica de uma letra do alfabeto.

A partir desta distinção, podemos dividir o texto em duas qualidades distintas: conteúdo;
aparência.

“De uma forma geral, o conteúdo é a parte do texto que transmite o seu significado, ou a
sua semântica, ao passo que a aparência é um atributo superficial que pode afectar a
facilidade com que o texto é lido, ou a agradabilidade, mas não altera substancialmente o
seu significado.”1

1 Ribeiro, Nuno (2004). Multimédia e tecnologias interactivas. FCA – Editora de informática, Lda. (pág. 76) ISBN – 972-722-415-6

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1.1 – Primeira qualidade do Texto – Conteúdo textual


Em termo digitais, cada código lexical é constituído por um conjunto de caracteres
abstractos que, uma vez agrupados, vão ser chamados alfabetos. Acrescente-se a cada um
deste grupos sinais de pontuação, numerais, símbolos matemáticos e outros. Como
estamos a falar de representações digitais de caracteres, convém lembrar que uma letra
minúscula é representada por um carácter abstracto diferente de uma letra maiúscula.

É necessário agora falar de mapeamento de caracteres. Neste mapeamento, tal como


anteriormente referido, a cada carácter abstracto corresponde um valor independentemente
da fonte usada ou sistema operativo (Linux; MacOS; Windows). O mapeamento é feito
através da atribuição a cada um dos caracteres, de um código numérico e em simultâneo de
um código HTML.

Esta necessidade de mapeamento fez com que se criassem normas de uniformização.


Existem várias normas que foram surgindo ao longo do tempo, fruto da necessidade de
representar um número cada vez maior de caracteres para que pudessem abranger o
máximo de idiomas nacionais. De uma forma muito sintetizada e incompleta, nomeamos
aqui por ordem cronológica algumas das normas mais importantes e utilizadas.

O primeiro conjunto de caracteres a ser normalizado foi o ASCII (American Standard


Code for Information Interchange). O ASCII, tem sido desenvolvido nos EUA desde
1970, mas tem um reportório de caracteres que apenas se adequa à língua Inglesa. Daí a
necessidade de adoptar uma norma que abrangesse um maior número de caracteres que
abarcasse uma maior variedade de idiomas. Surge então a norma criada em 1972 pela ISO
(Internacional Standards Organization) denominada ISO 646. Esta norma era nada mais
que a adopção da norma ASCII ampliada.

Na década de oitenta do século XX, com o número crescente de utilização dos


computadores a nível mundial, houve nova necessidade de aumentar o reportório de
caracteres, surgindo desse modo a norma ISO 8859, que se acomodava num conjunto de
dez variantes para idiomas relacionados geograficamente como por exemplo as normas
ISO 8859-1 para a maioria dos países da Europa Ocidental e a norma ISO 8859-7 para o
grego moderno.

Em 1991, a ISO introduz uma nova norma, ISO 10646, ainda mais abrangente que para
além de responder às necessidades, contém espaços vazios para uma possível ampliação.
Como curiosidade, esta norma possibilita mapear 4.294.967.296 de caracteres. Em
simultâneo, um consórcio industrial formado, entre outras empresas, pelas Adobe, Apple,
Microsoft, HP, IBM, Oracle, SAP, SUN e Unisys, introduziu um conjunto de caracteres
designado por Unicode, com a capacidade de representar 65.536 caracteres. Apesar de
conjuntos diferentes, a compatibilidade entre a norma ISO 10646 e o conjunto de
caracteres Unicode é real, já que o Unicode pode ser encarado como um sub conjunto da
ISO 10646. Parece ser no entanto o Unicode o conjunto mais usado, já que as linguagens
de markup HTML (Hyper Text Markup Language), XML (eXtended Markup Language) e a
linguagem de programação Java utilizam o conjunto de caracteres Unicode.

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1.2 – Segunda qualidade do Texto – Aparência do texto


A aparência do texto é condicionada por dois aspectos: pela forma dos caracteres; pela
disposição do conteúdo do texto no monitor ou no papel.

FORMA DOS CARACTERES

Ao código correspondente a um carácter abstracto corresponde uma representação visual,


o glifo. Glifo é então, a forma gráfica do carácter abstracto que visualizamos no nosso
monitor. Como facilmente se percebe, esta forma gráfica pode ter um número infinito de
glifos (a a a a a a a a a).

É importante, perante as inúmeras possibilidades de alteração de um glifo, manter a sua


identidade para que possa ser reconhecido. Estas inúmeras alterações a que podemos
submeter um glifo assenta essencialmente na forma e na dimensão. Estas alterações
respeitam a estrutura dos glifos para permitir a sua organização em conjuntos ou colecções
a que se dá o nome de fontes. Os glifos pertencentes a uma determinada fonte partilham
entre si um conjunto de características visuais comuns. Deste modo, podem combinar
entre si de uma forma harmoniosa, facilitando a legibilidade do texto.

As fontes digitais são ficheiros com a discrição gráfica dos glifos, entendendo-se desse
modo que num editor de texto, quando alteramos a fonte, estamos a utilizar um novo
ficheiro onde é descrito com que formas visuais vão surgir os glifos. É importante
compreender este processo para entender que o cuidado que colocamos no design de uma
página de texto, pode ser completamente destruído se utilizarmos uma fonte que não exista
no sistema do computador onde vai ser visualizado o texto. Mas existe duas formas de
salvaguardar o design original de um texto: utilizar apenas fontes comuns a vários sistemas
operativos (o que limita a criatividade do design); embeber a fonte no texto.

Embeber a fonte, permite visualizar o texto com a fonte utilizada na sua criação, não
destruindo desse modo o design original, mesmo que o computador onde se for visualizar
o texto, não possuir no seu sistema a fonte utilizada.

Embeber uma fonte, significa acrescentar ao ficheiro do texto o ficheiro da fonte, tornando
desse modo mais pesado o ficheiro final do texto.

As fontes podem ser classificadas pelas seguintes características: mono-espaçadas /


proporcionais; serifadas / não serifadas; normal / itálica: pesadas / leves; texto contínuo /
texto isolado.

Fontes mono-espaçadas / proporcionais

Mono-espaçadas são as fontes (por exemplo, a fonte Courier New) onde cada carácter
ocupa o mesmo espaço horizontal, independentemente da sua forma (entenda-se o espaço
horizontal como aquele que o carácter ocupa, mesmo que a sua forma gráfica não o utilize
deixando-o em branco como são exemplo os caracteres “i” e “m”).

Proporcionais são as fontes (por exemplo, a fonte Helvetica) onde o espaço ocupado por
cada carácter depende da forma do mesmo (a fonte utilizada para escrever este texto, é uma
fonte proporcional como são exemplo os caracteres “i” e “m”).

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No aspecto de legibilidade, as fontes proporcionais são mais legíveis do que as fontes


mono-espaçadas.

Fontes serifadas / não serifadas

Urge inicialmente definir o vocábulo serifa ou no plural, serifas. Estas são traços
minúsculos que rematam as extremidades das letras.

São fontes serifadas, aquelas que possuem serifas, sendo mais utilizadas em grandes blocos
de texto. Sendo uma das características humanas ler palavras ao invés de letras individuais,
um texto escrito com uma fonte serifada facilita mais a leitura pois a serifa vai formar uma
linha imaginária entre as letras, tornando a leitura de um conjunto de palavras mais fluida.

As fontes não serifadas são aquelas que não possuem serifas, sendo mais utilizadas para
títulos, chamadas ou pequenos blocos de texto. Ao contrário das fontes serifadas, uma
fonte não serifada vai sugerir que cada palavra pareça mais limpa, dando-lhe mais ênfase
individualmente o que a torna mais presente para o olhar. Torna-se no entanto a fonte mais
indicada para utilizar na Web, porque o facto de as serifas se tornarem de difícil leitura a
baixas resoluções, vai prejudicar a leitura no monitor. Por outro lado, a fonte não serifada
sendo mais limpa, vai tornar-se mais propícia à leitura no monitor.

Fontes normais / itálicas

As fontes normais caracterizam-se por se encontrarem segundo um eixo vertical


perpendicular à sua base e as fontes itálicas caracterizam-se por possuírem uma inclinação
para a direita segundo esse mesmo eixo vertical.

A forma itálica é usada usualmente para identificar palavras e expressões de idiomas


estrangeiros ou para dar realce a uma ideia e é geralmente similar à sua variação normal
(por exemplo, a fonte Verdana normal e Verdana itálica).

Contudo, existem fontes onde a sua forma itálica é distinta da sua forma normal (por
exemplo, a fonte Garamond normal e Garamond itálica). Estas são normalmente criadas para
dar um aspecto mais caligráfico à fonte, dando-lhe assim uma característica mais
humanizada.

Fontes pesadas / leves

O peso de uma fonte é dado pela espessura do traço das suas letras e de outros caracteres.
Ao engrossar os traços das letras, vai dar-se uma aparência mais escura e mais sólida ao
texto.

Normalmente este peso é dado pela troca da forma normal de uma fonte para a forma
negrito. Porém, existem fontes que no seu aspecto normal são mais pesadas ou mais leves
do que outras (por exemplo, Univers 55 e a Trebuchet MS). Temos no entanto fontes
que, na sua família2, possuem variantes mais leves e são apelidadas de light (por exemplo
Din light e a Din regular).

2Diz-se família quando existe um conjunto de variações tipográficas da mesma fonte, mantendo no entanto as suas características
fundamentais.

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É usual utilizar uma fonte em negrito nos cabeçalhos, no destaque de palavras ou conceitos
chave. Não deve ser usada em frases longas e parágrafos completos. Funciona melhor em
monitor, enquanto destaque, do que a forma itálica.

Fontes para texto contínuo / texto isolado

Normalmente diferencia-se o texto contínuo do texto isolado pela sua quantidade, sendo
que o texto contínuo será aquele que nos aparece num livro ou artigo e o texto isolado
aquele que aparece em cabeçalhos e cartazes.

As fontes para texto contínuo devem ser discretas e facilitar a leitura, minimizando a fadiga
quando o texto é lido por longos períodos de tempo. Normalmente pauta-se por ser uma
fonte tradicional, mais reconhecível pelo leitor, vertical, serifada e leve.

As fontes para texto isolado utiliza-se na criação de texto cujo objectivo principal é
transmitir uma mensagem curta, tendendo por isso para serem menos conservadoras e mais
intrusivas. As fontes para texto isolado podem ainda subdividir-se em duas partes: fontes
decorativas; fontes de cabeçalho.

As fontes decorativas são aquelas em que o seu aspecto ornamental é a característica que
mais se revela (por exemplo, a fonte Old English Text MT).

As fontes de cabeçalho são aquelas em que o seu forte destaque, aliado a uma boa leitura, é
a característica que mais se revela (por exemplo a fonte STENCIL).

2 – Disposição do conteúdo textual


Um outro aspecto associado à aparência do texto ou formatação está relacionado com a
forma como coabitam caracteres, palavras, frases, linhas, parágrafos, secções e capítulos,
isto é, a distribuição física do texto e seus elementos pelo documento ou página. Por outras
palavras, o seu layout.

Vimos que temos a possibilidade de escolher entre enumeras fonte a que mais convém ao
layout da página que desejamos, mas é possível alterar muitos outros aspectos num texto.
Podemos alterar numa palavra a distância entre as letras, numa frase a distância entre
palavras e num parágrafo a distância entre linhas ou mesmo o alinhamento destas à
esquerda, à direita, ao centro ou justificadas, que é mesmo que alinhar simultaneamente à
direita e à esquerda.

É ainda possível formatar muitos outros aspectos na estrutura de um texto, tais como
cabeçalhos, títulos, capítulos, parágrafos, listas, notas de rodapé, referências e índices.

Esta versatilidade na formatação do texto vai depender do software usado.

Bibliografia: Ribeiro, Nuno (2004). Multimédia e tecnologias interactivas. FCA – Editora de


informática, Lda. ISBN – 972-722-415-6

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