Você está na página 1de 95

FERRAMENTAS DE DESENVOLVIMENTO

PESSOAL: COMUNICAÇÃO ESCRITA


8 e 10 de fevereiro de 2021

Ana Pereira de Andrade


COMUNICAÇÃO ESCRITA: PARA UMA
COMUNICAÇÃO CLARA, CUIDADA E SEM ERROS.

Ana Pereira de Andrade


“Reading makes a full man;
conference a ready man;
and writing an exact man.”
(Francis Bacon)

(O ler faz um homem completo,


o conferir preparado, o escrever exato)
A Comunicação Escrita

A comunicação escrita (deve) envolve(r):


• Clareza;
• Utilização precisa da linguagem;
• Construção de argumentos lógicos;
• Tirar notas, fazer correções e resumos;
• Atentar nas caraterísticas do destinatário.
Registo
a) clareza – utilização das palavras apropriadas (adequadas ao
destinatário) , colocadas na ordem adequada às relações de sentido
que se quer estabelecer.
b) correção – obediência às regras gramaticais e ao princípio do rigor
(conceitos bem definidos e boa interpretação dos dados obtidos, por
forma a alcançar resultados precisos);
c) pureza – linguagem respeitadora do carácter da língua, sem utilização
abusiva e/ou desnecessária de elementos provindos de outras línguas
e sem coloquialismos.
A Comunicação Escrita
Elementos principais:
• Estrutura (forma como o conteúdo está
configurado, construído);
• Estilo (modo pessoal como é expresso);
• Conteúdo (aquilo sobre que se escreve).

[É relativamente fácil ensinar e aprender questões de


estrutura e estilo; já aprender a escrever conteúdos
de qualidade não é tão imediato.]
A Comunicação Escrita | Estrutura
• Clarificar o que se quer dizer e o objetivo da comunicação antes
de começar a escrever. Na comunicação empresarial, a clareza é
mais importante do que o estilo.

• Identificar as ideias-chave, os factos e os temas.

• Decidir a ordem lógica do que se quer comunicar (Cícero).

• Apostar em introduções e conclusões fortes: as primeiras


garantirão primeiras impressões positivas; as segundas são o
que se manterá presente depois da leitura.
A Comunicação Escrita | Estrutura
• Usar parágrafos e frases curtas, tanto quanto possível:
cada parágrafo deve corresponder a uma ideia, que
deve ser o primeiro elemento a expresser, seguido da
sua sustentação.

• Se adequado, usar títulos e subtítulos, marcas e


numeração, por forma a facilitar a leitura ao
destinatário.
A Comunicação Escrita | Estilo

Deve ter-se a preocupação de escrever de acordo com


o auditório a que a mensagem se destina – esse é um
dos cuidados de qualquer bom comunicador.
• De quanta informação e pormenor necessitam?
• Deveremos usar termos técnicos ou “traduzi-los” no
sentido de sermos entendidos por um leitor mais
generalista?
• Quão formais ou informais deveremos ser?
A Comunicação Escrita | Conteúdo
["A single spelling mistake can cut online sales in half.” – University of Hertfordshire,
UK]

• Verificar cuidadosamente ortografia, pontuação e construção frásica.


• Pensar de antemão no que se quer de facto dizer.
• Estabelecer um objetivo concreto.
• Elencar os pontos essenciais a abordar.
• Certificar-se de que todos os pontos abordados são claros.
• Desenvolver a argumentação de modo lógico.
• Assegurar-se de que o conteúdo é positivo e, sobretudo, construtivo.
• Mostrar interesse no recetor, escrevendo com sensibilidade e sensatez.
• Rever o texto as vezes que forem necessárias, até estar absolutamente
satisfeito com o resultado.
• Se possível, esperar umas horas (ou, até, uma noite) antes de se o enviar:
o distanciamento é, as mais das vezes, assaz benéfico.
A Comunicação Escrita | Conteúdo
As 6 Regras de George Orwell
(1903-1950)

1. Nunca usar uma palavra longa se uma curta servir.


2. Se for possível excluir uma palavra, então exclua-se.
3. Nunca usar a voz passiva (e.g. “ossos são gostados por cães”)
quando se pode usar a voz ativa (“cães gostam de ossos").
4. Jamais usar jargão técnico ou estrangeirismos se se
conseguir pensar num equivalente da linguagem comum
ou no idioma de origem.
5. Cuidado com metáforas e outras figuras de estilo.
6. Quebrar qualquer destas regras se elas levarem a escrever
algo de bárbaro.
(in Politics and English Language, 1946)
Formas de comunicação escrita, usadas no mundo
laboral, internamente

• Memorandos;
• Relatórios;
• Boletins/Revistas;
• Perfis profissionais (ofertas de emprego);
• Manuais (para determinada função);
• Mensagens de correio eletrónico (e-mails);
• Mensagens instantâneas (chats/intramail);
Formas de comunicação escrita, usadas
externamente, no mundo laboral:

• Email; • Faxes
• Páginas de internet; • Postais (Natal, etc.);
• Cartas; • Contratos;
• Propostas de ordem • Anúncios/Publicidade;
diversa; • Brochuras;
• Telegramas • Novos lançamentos;
• Redes sociais da • Etc.
empresa
Formas de comunicação escrita
complementares ao mundo laboral:

• Dissertações de mestrado
• Teses de doutoramento
• Livros
• Artigos científicos
• Crónicas de opinião
• Redes sociais
• Blogues
• Livros de reclamações
Algumas vantagens da comunicação escrita

• Não há necessidade de contacto pessoal, o que muitas


vezes é uma benesse;
• É muito mais económico do que efetuar uma chamada de
longa distância;
• Poupa tempo (de reuniões, por exemplo);
• Faz prova do que foi dito e de quando foi dito;
• É duradoura: permite o recurso posterior, em caso de
necessidade.
• Uma vez enviada, e se tivermos prova de receção, o
destinatário não pode alegar desconhecimento.
Algumas desvantagens da comunicação escrita
• Cria um hiato na comunicação: nada garante que o
destinatário leia de imediato;
• Ausência de secretismo: uma vez enviada ou publicada, não
controlamos quem lê;
• O que está escrito, fica escrito para sempre;
• Pode ser oneroso: se o emissor e o recetor estiverem sentados
lado a lado, tem de se pagar na mesma o serviço de internet
ou o selo de correio;
• Uso exclusive da linguagem verbal (que pode levar a mal-
entendidos).
• Uma vez enviada, não permite correções ou explicações.
A redação de trabalhos científicos | componentes
• Capa • Componente textual:
• Página de rosto introdução + corpo de
• (Dedicatória) texto + notas de rodapé +
• (Epígrafe) conclusão
• (Agradecimentos) • (Notas finais)
• Resumo/Abstract • (Posfácio/epílogo)
• Sumário/Índice • Apêndices (autor)
• (Advertência) • Anexos (outros autores)
• (Lista de siglas e • Bibliografia
abreviaturas/Glossário) • Índices (remissivos, de
• (Prefácio/prólogo) imagens, etc.)
Citações
A citação é uma marca do dialogismo linguístico, feita para
sustentar uma hipótese, reforçar uma ideia ou ilustrar um
raciocínio. Oferece ao leitor fundamento para que possa
comprovar a veracidade das informações fornecidas e
também possibilitar seu aprofundamento.
Ressalva-se que a referência bibliográfica (dados que
identificam uma publicação citada, tais como autor, título,
editora) deve aparecer no final do trabalho sob o título de
"referências", pois, desta maneira, o leitor poderá identificar
a obra, facilitando sua localização em catálogos, índices
bibliográficos, bibliotecas, Internet, entre outros.
Referenciação bibliográfica

• Há várias normas segundo as quais se pode elaborar as


referências bibliográficas ou bibliografia.

• É importante perceber qual deve ser usada (APA? Norma


Portuguesa? Harvard International?)

• Manter a consistência, qualquer que seja a norma escolhida.

• O ponto de partida é sempre a referência a um livro e, a partir


daí, constroem-se as demais, com a mesma lógica subjacente.
Referenciação bibliográfica | Exemplos
1. Livro

RIBEIRO, Bernardim (1982) - Obras Completas. Vol. 2, 3.ª ed., col. “Clássicos Sá da Costa”,
Lisboa: Sá da Costa, pp. 24-37.
SUSSAMS, John E. (1987) - Como Fazer um Relatório. Trad. Júlio Soares Pereira, col. “Biblioteca
de Gestão Moderna”, Lisboa: Editorial Presença.
AA.VV. (2015) – O Independente: A Máquina de Triturar Políticos. Lisboa, Matéria Prima.

Capítulo de um livro

BLOOM, Harold (2001) - “The One With the Beard Is God, the Other Is the Devil”, in Portuguese
Literary & Culture Studies – On Saramago, vol. 6, University of Massachussets Dortmouth.

Artigo em revista científica


Ducasse, C. J. – “Critique of Hume’s Conception of Causality”, Journal of Philosophy, 63 (1966),
141-148
Materiais em suporte eletrónico
CAMPOS, I. F., “O Cybervoyeurismo”, Vício: No Limite da Dependência, 5/jul/2000.
www.vircio.org/cyber, consult. em 20/Out/2015
Referenciação bibliográfica | Exemplos
Documentos de Áudio e Vídeo

Os novos meninos da rua. Emissão da Antena 1 de 15 de Janeiro de 2003, apresentação de João Lourenço, 17:30h-19h.
BBC, As empresas nómadas. Emissão da SIC de 15 de Janeiro de 2003, 23h-24h.
SARAIVA, José Hermano, "O Castelo de Guimarães". Horizontes da Memória, 15 de Janeiro de 2003, RTP2.
"Código de ética para o futebol".
. Fórum TSF, 15 de Janeiro de 2003, TSF.

Documentos Governamentais e Literatura Cinzenta


Dado que a natureza dos documentos públicos, em particular, e da literatura cinzenta, em geral, é tão variada, o modelo de citação destes documentos não pode ser
estandardizado. A regra essencial a adotar nestes casos é facultar, na citação, a informação suficiente para que o leitor possa localizar facilmente a referência.

Ministério da Economia (1998), As Novas Energias Não Poluentes ao Serviço do Desenvolvimento das Empresas. Lisboa,
Gabinete de estudos prospetivos do Ministério da Economia.
Direção Geral do Turismo, "Dados preliminares sobre os fluxos turísticos registados em Portugal em 2000". Brochura da
Direção Geral do Turismo, Lisboa, 2001.

Teses e Dissertações
MENDES, José Manuel (1999) - Do Ressentimento ao Reconhecimento: Vozes, Identidades e Processos Políticos nos
Açores: 1974-1996, Tese de doutoramento em Sociologia. Coimbra, Faculdade de Economia da Universidade de
Coimbra.
Filmes
Realizador (data), Título. País(es) de produção, Produtora. (outros elementos facultativos: intérpretes, argumento,
especificação do tipo de suporte [DVD, Blu-ray, etc.])
Referenciação bibliográfica | Notas importantes

 Lugar de publicação | quando se trata da referência de uma obra estrangeira (na


língua original ou em tradução portuguesa), deve referir-se o local de publicação em
português, desde que exista tradução do nome para português: Londres, em vez de
London; já no caso de não haver referência ao local de publicação, deve usar-se o
s.l., (sine loco). Por exemplo: FRANÇA, José Augusto (1996) - A Arte em Portugal no
séc. XIX. 2 vols, s.l.: Bertrand Editora).
 O nome da editora | não deve ser abreviado; se se tratar de uma edição de autor, esse
facto deve ser referenciado como tal: Edição de Autor. Na ausência de qualquer
indicação, utilizar s.n. (sine nomine).
 Data de publicação | se não estiver indicada, deve utilizar-se a abreviatura s.d. (sine
data); mas se, apesar disso, for possível apurar a data da publicação, deve fazer-se
como se segue: s.d. [1888].
Referenciação bibliográfica | Notas importantes

 Por forma a utilizar menos caracteres, é possível adotar, no corpo do texto, e em


substituição do sistema nota de rodapé (com a referência completa da obra citada ou
parafraseada), o sistema autor, data – ou autor, data, página. Assim: “citação”
(Habermas, 1996) ou “citação” (Habermas, 1996, p.57). Poderá, ainda, usar-se o
sistema autor, data em nota de rodapé.
 Na referência bibliográfica, não são grafados em itálico mas escritos entre aspas os
títulos: de poemas (ou o seu primeiro verso, no caso de não terem título); de
capítulos de um livro; de contos integrantes de um livro; de textos pertencentes a
uma antologia; de ensaios; de artigos de revistas e jornais (em suporte de papel ou
online); de entradas em blogues.
Referenciação bibliográfica | Notas importantes

 Não é desejável que, num trabalho científico (ou qualquer outro, de resto), se citem
fontes secundárias; ainda assim, caso não se consiga (de todo) aceder à bibliografia
que se pretende usar, em primeira mão, e se encontre a passagem pretendida em obra
que a cita, a solução é a utilização de apud ou cit. por. Imagine-se que se quer citar
uma passagem de um autor e não se tem acesso à obra onde ele a escreveu, mas
apenas à obra de um outro autor, que o referencia. Nesse caso, coloca-se primeiro a
referência completa do autor que se quer citar, seguido de apud/cit. por, seguido da
referência completa (com página) do livro onde se encontrou a citação.
Referenciação bibliográfica | Notas importantes (autor)

 Quando a obra tem dois ou mais autores, deve fazer-se a inversão do nome
próprio/apelido do primeiro e escrever sem inversão o(s) seguinte(s), mantendo o(s)
apelido(s) em maiúsculas pequenas.
 Quando a obra apresenta mais do que três autores, refere-se o nome do primeiro,
seguido de et al. (abreviatura de et alii, expressão latina que significa “e outros”).
 Na referência de uma obra coletiva, o lugar destinado ao nome do autor será
preenchido com AA. VV. (Autores Vários).
 Quando a obra não tem autor, ou tem vários autores, mas há um diretor ou
organizador, deve utilizar-se o nome deste no lugar do autor, colocando-se entre
parênteses as abreviaturas correspondentes: (dir.) ou (org.), conforme o caso.
Referenciação bibliográfica | Notas importantes (obra)

 Quando, para além do título, a obra apresenta subtítulo, também este é grafado em
itálico e separado do título por ponto final, travessão ou dois pontos.
 Quando o título de uma obra integra o título de outra (ex.: A Análise da Crença em
“O Crime do Padre Amaro”), todo o título é escrito em itálico, mas o título inserido
apresenta-se entre as aspas.
 As edições revistas ou aumentadas são referenciadas, respetivamente, com as
seguintes abreviaturas: ed. rev.; ed. aum..
Referenciação bibliográfica | Notas importantes
(construção da bibliografia)

 Na referência de várias obras do mesmo autor (na bibliografia final), o seu nome não
necessita de ser repetido: basta colocar, no seu lugar, um traço seguido de um ponto.
 As referências bibliográficas devem ser ordenadas alfabeticamente pelo último nome
do primeiro autor da obra e, em caso de coincidência de apelidos, pelas iniciais do
primeiro autor, pelos nomes de outros autores da obra, pelo ano e pelo nome da obra
(por esta ordem).
 A disposição gráfica tem a forma de parágrafo invertido: a primeira linha de cada
referida sai em relação às linhas seguintes (cerca de 0,5cm), que aparecem retraídas.
 A consistência é, relembra-se, a regra mais importante a ter em conta, quer na lista de
referências, quer nas outras formalidades do texto.
Citações
 As citações devem ser grafadas entre aspas e não em negrito, itálico ou sublinhado,
excetuando os casos em que o texto original tenha essas formas de realce.
 Quando o termo da citação coincidir com o final do período, o ponto final aparece a
seguir às aspas que fecham o trecho citado. Se, porventura, o período for totalmente
preenchido pela citação, as aspas abrem e fecham o período, incluindo o ponto final,
não havendo lugar a outro ponto final, depois das aspas de fecho.
 As citações curtas (até 3 linhas) devem ser colocadas no corpo do texto entre aspas.
 As citações longas (mais de 3 linhas) devem constituir um parágrafo único, recuado
um centímetro em relação às margens esquerda e direita do texto, com um tamanho
de letra inferior (11, por exemplo, se o tamanho da fonte no corpo de texto for 12),
devendo o espaçamento das linhas ser menor, em texto redondo ou em itálico, não
devendo estar colocadas entre aspas.
Citações

 Sempre que se omite parte do texto transcrito devem ser usadas reticências entre parênteses
(ou entre parênteses retos) no lugar exato onde se suprimiu o texto que não era relevante, desde
que o ato não altere o sentido original da frase.
 Sempre que é necessário intercalar ou acrescentar palavras para esclarecer o sentido da
citação, essas palavras devem ser colocadas entre colchetes (parênteses retos). Exemplo: “O
processo de regionalização [português] estava assim condenado a morrer à nascença.”
 Quando é citada uma parte de um texto que contém incorreções, deve colocar-se
imediatamente a seguir à incorreção, entre parênteses ou colchetes, a expressão latina sic de
modo a serem externalizadas as responsabilidades da incorreção, Exemplo: “O ex-Presidente da
República Portuguesa, António Guterres [sic], foi reeleito presidente da Internacional
Socialista.”
Citações

 Quando pretendemos pôr em relevo (dar destaque) algumas palavras ou trechos da citação,
devemos sublinhá-las (com sublinhado, negrito ou itálico), indicando que somos os
responsáveis pelo sublinhado. Para isso, utiliza-se a expressão “sublinhado nosso”
(normalmente em rodapé). No caso de as palavras ou passagens estarem destacadas pelo autor
que citamos, deve assinalar-se isso mesmo, empregando a frase “sublinhado do autor” (idem).

 Sempre que se citam trabalhos em língua estrangeira, deve ter-se o cuidado de traduzir para
português o trecho citado (podendo manter-se o original em rodapé). Se no trabalho forem
transcritos muitos trechos traduzidos de línguas estrangeiras deve ser mencionado na introdução
que as traduções são da autoria de quem redige o texto. Em alternativa, sempre que se cita um
trecho traduzido de línguas estrangeiras, deve referir-se, na sequência do trecho ou em nota de
rodapé, que a tradução é da nossa responsabilidade.
Estilo

 O uso da língua é expressamente marcado por características determinadas


por fatores pessoais, de intenção estética ou outras, ou por particularidades
derivadas de adequação a circunstâncias específicas de comunicação. A
redação de textos de ordem diversa e de trabalhos científicos, embora
dependa de fatores vários (como o tipo de texto, o tema versado e a
finalidade com que é escrito), deve obedecer a princípios que evitem a
ambiguidade e que garantam a correta compreensão do assunto que se
pretende comunicar, por mais complexo que seja.
A pessoa do discurso
• A pessoa geralmente utilizada nos trabalhos científicos é a 1.ª pessoa do plural (nós) dos
verbos e pronomes. Assim, cria-se o efeito de expressão de um pensamento coletivo (é o
chamado “plural da modéstia”), suavizando o modo impositivo das afirmações – para além de
que a linguagem se afigura como mais curial. Exemplo: Queremos, com isto, dizer, que é nossa
intenção demonstrar cientificamente o nosso ponto de vista.

• O uso da forma impessoal também está bastante generalizado e pode ser adotado em
alternativa ao uso da 1.ª pessoa do plural. Ex.: Passa-se então à fase seguinte e formula-se uma
nova teoria.

• O trabalho escrito, sem prejuízo da sua objetividade, admite não só a 1.ª pessoa do plural (nós)
mas também a 1.ª pessoa do singular (eu), para descrever, formular uma opinião ou um
julgamento. Exemplo.: Expus(emos) os metais a elevadas temperaturas, para determinar o seu
ponto de fusão. Esta forma de expressão é usada primordialmente em crónicas de opinião,
blogues, relatórios, etc.
O destinatário do discurso
• O destinatário (leitor ou ouvinte) de um discurso condiciona as
estratégias de comunicação utilizadas na apresentação de um
trabalho, designadamente as características do discurso, a linguagem
e o estilo.

• Assim, enquanto um trabalho destinado a uma comunidade científica


deve privilegiar o rigor e adotar uma terminologia científica e uma
estrutura minuciosa, um trabalho destinado a um público menos
restrito deve, sobretudo, preocupar-se com a clareza e recorrer a uma
estrutura e terminologia simplificadas.
A não fazer

 utilizar um discurso excessivamente erudito e hermético, sob pena de comprometer


a inteligibilidade do texto; deve, portanto, evitar: arcaísmos, neologismos,
eruditismos e estrangeirismos (estes, a existirem, devem estar grafados em itálico,
como por exemplo: ex novo ou a priori);
 empregar um vocabulário vulgar ou recorrer a provincianismos e plebeísmos;
 usar construções sintáticas excessivamente longas e desnecessariamente
complicadas, a saber: períodos demasiado longos, intercalações muito frequentes e
parêntesis muito frequentes ou muito extensos, inversões de ordem sintática
desnecessárias e multiplicação excessiva do número de aspas;
A não fazer

 abusar de adjetivos (sobretudo aqueles que se tornaram lugares-comuns) e de


advérbios de modo;
 colocar o artigo antes de um nome próprio (exemplo: o Einstein ou o Tolstoi).
 personalizar o discurso científico, abusando da primeira pessoa; deve, ao invés,
optar por expressões mais impessoais;
 utilizar qualquer sigla sem antes a explicitar (daí em diante, pode usar unicamente a
sigla);
 usar a numeração indo-árabe abaixo de 10 (nesses casos, deve escrever o algarismo
por extenso).
Cuidados a incluir na revisão final do texto

• Páginas | As páginas estão numeradas e ordenadas? Há concordância com as referências das


páginas feitas no(s) índices e, eventualmente, ao longo do trabalho?

• Citações | Respeitaram-se as regras relativas às citações no corpo do texto? Fecharam-se todas


as aspas que se abriram? Fizeram-se remeter todas as citações para uma nota ou, em
alternativa, utilizou-se o sistema autor+data(+página) para cada uma delas?

• Notas | Estão numeradas sequencialmente e todas estão corretamente remetidas do texto?

• Referências bibliográficas | Foram todos os estudos efetivamente utilizados pelo autor


mencionados na Bibliografia? Manteve-se o mesmo critério na construção das referências
bibliográficas, ao longo de todo o trabalho? Colocou-se um ponto final no final de todas as
referências bibliográficas?
OUTROS CUIDADOS A TER
NA COMUNICAÇÃO ESCRITA

• Não confundir o hífen (parte integrante das palavras) com o


travessão (que pode ser substituído por parêntesis ou por
vírgulas);
• Os curricula vitae são uma forma de comunicação escrita
que funciona como apresentação (cuidado na sua redação);
• Nunca escrever uma palavra que nunca se viu escrita nem
se sabe como se escreve (substituir por sinónimo);
• Nunca escrever o nome de um autor sem consultar a sua
grafia;
• Nunca fazer constar de uma bibliografia obras que não se
usaram num trabalho (sob a forma de citação ou paráfrase).
CUIDADOS A TER NA REDAÇÃO DE E-MAILS
(sobretudo profissionais e de candidatura)

• Atenção redobrada a erros ortográficos, gramaticais e de


pontuação;
• Não usar abreviaturas nem palavras escritas em maiúscula;
• Cordialidade e educação fundamentais (atenção aos títulos
académicos e/ou profissionais!);
• Utilização de linguagem apropriada ao caso concreto;
• Mensagens tão curtas e diretas quanto possível;
• Precisão no campo “assunto”;
• O leitor deve sentir-se importante (atenção às mensagens
mandadas para demasiada gente: cópia para si e
destinatários em CCO/BCC);
CUIDADOS A TER NA REDAÇÃO DE E-MAILS
(sobretudo profissionais e de candidatura)

• Primeiro cuidado: o próprio endereço de e-mail!


• Cuidado com o “responder a todos” e com a ação de dar
conhecimento.
• O destinatário deve ser sempre o último campo a preencher.
• Moderação no uso de pontos de exclamação.
• Cuidado com o humor;
• Responda a todos os e-mails, mesmo os que recebeu por engano:
dê conta disso mesmo.
• Certeza de que a mensagem não pode ser interpretada de forma
incorreta (atenção a vírgulas, construção gramatical e vocábulos
mal usados).
CUIDADOS A TER NA REDAÇÃO DE E-MAILS
(sobretudo profissionais e de candidatura)

• Padrões de introdução: Ex.mo(a) Sr.(a) Dr.(a)/Doutor(a), Caro(a) X,


Prezado(a) X, Estimado(a) X, Caríssimos; Bom dia/tarde; Como está?
• Padrões de despedida: Atenciosamente, Na expectativa de
resposta de V.a Ex.a, Melhores cumprimentos, Cordialmente,
Antecipadamente grato(a), Permaneço(emos) à disposição para
quaisquer esclarecimentos, Muito obrigado/a, Grato/a pela atenção
dispensada.
• Clarificar o que pretende com o seu e-mail:Informar? Pedir alguma
coisa? Vender um produto ou um serviço? Use o verbo central logo
no primeiro parágrafo: “Venho informá-lo de que…”; “Venho
solicitar-lhe…”; “Vimos apresentar-lhe…”.
• “Menos é mais”: poucas palavras, simples e reconhecidas por
todos, frases curtas, voz ativa, texto curto e conciso ― textos longos
e demasiado palavrosos são a desculpa perfeita para o leitor
desistir da leitura.
EXEMPLO DE UM E-MAIL MAL ESCRITO

Assunto: Bom dia!


A respeito do assunto que estivemos a discutir na semana
passada, já tens alguma posição? Preciso mesmo da tua
resposta, já que terei de a usar na reunião que já está
confirmada.

• O conteúdo da mensagem não é de todo claro;


• O remetente parte do princípio de que o destinatário se
recorda do assunto a que se refere ― e não há por que ser
assim;
• Se a mensagem se refere a uma troca de e-mails
anteriores, deve dar-lhes continuidade e não criar um novo.
EXEMPLO DE UM E-MAIL BEM ESCRITO

Assunto: Confirmação de reunião com o cliente X


Bom dia, Y.
O director Z confirmou há pouco a reunião com o cliente X, conforme
discutimos na passada semana; ficou marcada para o dia W, para as
xxhoras. Precisaria de que me garantisse, até ao final do dia de hoje,
que conseguiu agendar o aluguer do material de som e imagem de que
vamos precisar no encontro.
Muito obrigada e até breve,
Margarida

• Mensagem clara, precisa, rigorosa.


• Contém todos os elementos necessários à sua
compreensão: datas, horários, prazos.
• Não tem informação excedentária.
ALGUNS ERROS COMUNS
DE PORTUGUÊS
B IBLIOGRAFIA
www.ciberdúvidas.iscte -iul.pt

D UA RTE T AVA R E S , San dra – 500 Erros Mais Comuns da


Língua Por tuguesa . L is bo a , A Es fe ra do s L iv ro s, 2 0 1 5 .

D UARTE T AVARES , San dra e A LMEIDA L EITE , Sara de –


Pares Difíceis da Língua Por tuguesa . L is bo a , Pla n e t a ,
2015

M ONTEI R O , Manu el – Dicionário de Erros Frequentes da


Língua . L is bo a, So regra Edit o re s, 2 0 1 5 .
OS ADVÉRBIOS DA MODA
L ITERALMENTE
B ASICAMENTE
EVENTUALMENTE

E RROS DA MODA :
PARECIDO A
SUBSCREVER AO CANAL
É hora dele chegar.
A família recebeu as cartas depois
dela ter regressado de férias.
Não se faz contração da preposição
com artigo ou pronome, nos casos
seguidos de verbo principal no
infinitivo:
- É hora de ele chegar.
- A família recebeu as cartas depois
de ela ter regressado de férias.
- Depois de esses factos terem
ocorrido...
A rapariga que ele gosta.
São coisas que só as mulheres
reparam.
As tradições que ele falou.

Como se gosta de, o correcto é: A


rapariga DE quem ele gosta. Igualmente:
- São coisas EM que só as mulheres reparam.
- As tradições DE que ele falou.
- Os valores POR que me pauto.
- O filme A que assistiu.
- Parto do princípio DE que.
- Estou absolutamente certa DE que.
- Fazem um esforço por trazer bandas EM que
outros festivais não apostariam.
Uma questão de concordância.
Cuidado! Encontrar, numa frase, as
palavras que devem obedecer Às regras
da concordância é fundamental .

Erros comuns:
- Ele salientou que não é admissível soluções
alternativas. (não são admissíveis soluções)
- Vende-se terrenos. (terrenos vendem -se)
- A maioria dos jornalistas aprovaram as ideias.
(o sujeito é “a maioria”)
- Não temos noção da quantidade de pessoas
que assiste ao programa. (pessoas assistem)
- Sendo os jovens a faixa etária que mais
votam… (a faixa etária é singular)
Outros erros de concordância:

Como está correto?

- Um dos homens que mais lutaram


(e não Um dos homens que mais
lutou )

- Uma das coisas que mais saltam à


vist a (e não Uma das coisas que
mais salta à vista )
Aderência ≠ Adesão
Adesão | Usa-se normalmente em relação a
pessoas | Expressa o pensamento, a vontade, o
sentimento de quem adere, de quem aprova, de
quem escolhe. Adere -se, assim, a um tratado, a
uma doutrina ou a um princípio, a um modo de
vida, a uma ideia, a um partido político, a uma
moda, a adesão aos filmes, ao teatro, à
literatura.

Aderência | Refere-se a coisas ou substâncias |


Designa a qualidade do que é aderente, a
ligação de superfícies, a ligação de uma
substância a outra, podendo ser utilizada em
expressões como: a aderência dos pneus à
estrada, da argila ao arado, da sujidade à pele, a
aderência do pó aos móveis.
A Joana Amaral Dias pousou para a
capa da revista da Cristina Ferreira.
Um/a modelo posa (de pose).
Quem pousa é uma ave, um avião,
uma mosca, etc.

Não confundir também iminente (prestes


a acontecer) com eminente (ilustre),
nem tráfico (contrabando) com tráfego
(trânsito).
A mãe perguntou apenas como tinha corrido o
dia, ao qual Alexandra explicou com poucas
palavras.

A fo r m a «ao qu al» , o u « à qu a l» , é u m a fo r m a
va r iá vel do pro n o m e re lat ivo, c o n t ra ída c o m a
prepo s ição a, e po de u s a r - se s ó e m s it u a ç õ e s e m
qu e s e ref ira a u m a pa lav ra, o u a n t e c e de n t e.

O exe m plo qu e apre s e n t a, e m bo ra s e ja c o mu m n a


o ra lidade, n ão o be de c e a e s t a regra , pe lo qu e « a o
qu a l» es tá m al u t iliz ado. C o m e fe it o, o ú n ic o n o m e
n o m as cu lino qu e an tecede o pro n o m e relativo é
« dia » , e «ao qu al» n ã o s e re fe re a « dia » , m a s, s im , a
t o da a o ração «A m ã e pe rgu n t o u ape n a s c o m o t in h a
c o rr ido o dia».
Venha por a mesa.
Pôr, verbo, tem acento circunflexo:
Venha pôr a mesa. O mesmo
ocorre com pôde (passado): Não
pôde vir. Perderam o sinal, no
entanto, todos os verbos
construídos a partir de “pôr”:
impor, expor, transpor.
Ele interviu na discussão.
Eu intervi na conversa.

O verbo “intervir” é composto a partir


do verbo “vir” e não do verbo “ver”.
Logo, diz-se: ele interveio , eu
intervim .
Da mesma forma, interviemos e não
intervimos .
A promoção veio de encontro aos seus
desejos.

Ao encontro de é que expressa uma


situação favorável: A promoção veio
ao encontro dos seus desejos.

De encontro a significa condição


contrária: A queda do nível dos
salários foi de encontro às (foi
contra) expectativas da maioria.
Telefonei-lhe e o mesmo não atendeu.
Verificamos que foi efetuado o
pagamento da sua encomenda, pelo que
vamos iniciar o tratamento da mesma .

Não se emprega o mesmo em vez de


pronome pessoal ou substantivo:
Telefonei-lhe e ele não atendeu.
(…) vamos iniciar o seu tratamento.

O mesmo pode ser usado como pronome


demonstrativo, mas apenas se não houver
melhor opção (e há sempre).
Cerca de 193 pessoas saudaram-no.
“Cerca de” indica arredondamento
e não pode aparecer com números
exactos: Cerca de 200 pessoas
saudaram-no.
Ela é meia louca.

Meio, enquanto advérbio, não varia.


Assim: meio louca, meio esperta, meio
amiga.

(Também: meio incompetentes, meio


desvairadas.)
A morte de Amália Rodrigues foi
uma grande perca na história do
fado.
Perca é peixe (!) e forma do verbo
perder: 1ª. e 3ª. pessoa do singular
do presente do conjuntivo e ainda
do imperativo.
PERDA é o substantivo correto,
enquanto sinónimo de prejuízo,
dano.
Canta-se / Cantasse
Aqui canta-se o fado.
Se ele cantasse bem...

Corresse / corre-se
Esperava que a aula corresse bem
Ali corre-se a grande velocidade

Gravasse / Grava-se
Se ele gravasse um disco, teria a
carreira bem lançada.
Grava-se pedra.

TRUQUE: colocar a frase na negativa.


HÁ, À e Á

Há muito tempo que não viajo.


Há que ser corajoso.

Fui à feira.

Ele dar-se-á bem no curso de


Direito.

Nunca se diz/escreve: há dez anos


atrás – é redundante!
Outras redundâncias (a não usar)

• Partiu o pão em metades iguais


• Não tens opção de escolha
• Encarei-o de frente
• Na minha opinião pessoal
• Viena de Áustria
• Ela é o elo de ligação entre os pais
• Filme baseado em factos
reais/verídicos
• Foi uma surpresa inesperada
• Planeamento antecipado
Mais redundâncias (a não usar)
• O escritor X vai escrever a minha autobiografia
• Consenso geral
• Entrar para dentro da sala
• Certeza absoluta
• Monopólio exclusivo
• Multidão de pessoas
• Canja de galinha
• Louco da cabeça
• Junto anexo ficheiro (também mau: em anexo
envio)
• Países do mundo
• Clássico intemporal
Erros tragicamente comuns:

Não tenho nada a haver com isso


→ Não tenho nada que ver/a ver
com isso (“ter a haver” significa
“ter a receber”)

Ao tempo que não te via → Há um


tempo que não te via.

Passei por ti ao bocado → Passei


por ti há um bocado
Houveram muitas epidemias
nesse ano.
Haviam muitos meninos naquela
escola.

O correto é:
Houve muitas epidemias...
Havia muitos meninos...

O verbo haver, enquanto sinónimo de


existir é impessoal e NÃO TEM plural!
Do mesmo modo, e pela mesma
razão, é errado dizer:
Vão haver testes nucleares
Devem haver outros locais

O correto é:
Vai haver testes nucleares.
Deve haver outros locais.

(O verbo auxiliar que acompanha o verbo haver


no infinitivo mantém a declinação no singular.)
PORQUE, POR QUE E PORQUÊ

Como se escreve?

• Porque é que o Pedro não foi às aulas?


• Por que é que o Pedro não foi às aulas?
• Porquê que o Pedro não foi às aulas?
PORQUE, POR QUE E PORQUÊ

Escreve-se porque (conjunção causal) quando se oferece


uma razão ou causa: o Pedro não foi às aulas porque
estava doente. (Pode ser substituído por uma vez que.)
Escreve-se por que (locução adverbial interrogativa)
quando se pergunta pela razão ou pela causa em frases
interrogativas. Na prática, esta situação reconhece-se
quando podemos intercalar as palavras razão ou causa
depois do que: Eu sei por que [razão ou causa] o Pedro
não foi às aulas.
O porquê funciona como um substantivo ou um advérbio
interrogativo. Assim (e respetivamente): eu sei o porquê
de o Pedro não ter ido às aulas; o Pedro não foi às aulas
porquê?
OH / Ó

Oh sorte malvada…!
Aqui, “oh” funciona como interjeição
de espanto, alegria ou desejo.

Ó Maria, o que achas?


Ó Paulo, passas-me a salada?
“Ó” é um vocativo que serve para
chamar (invocar)

É diferente dizer Oh, Maria! e Ó


Maria!
Outros erros assustadoramente comuns:
Epá, nem sei o que diga!
C o rre t o: Eh pá (in te rje iç ã o + fo r m a de t rat a m e n t o
in fo r m al). Epá = gela do da Olá .
D o m es m o m o do : nu n ca opa , s em pre oh pá .

Deveria de acontecer.
C o rre t o: D everia ac o n t e c e r.

Não m e acredit o.
C o rre t o: N ão acredit o.
(Dizer “não me acredito” é igual a dizer “eu não acredito em mim”)

Eu namoro para o Francisco.


Nam o ra - se co m o Fran cis co o u , s e qu is erm o s s er
co rre t ís sim o s, n am o ra -se o Fra n c is c o.
CONSTRANGEDOR ≠ CONFRANGEDOR

Confrangedor = angustioso, aflitivo;


Constrangedor = que constrange, isto é:
que obriga, que coage, que violenta, etc.

Exemplos:
É confrangedora a situação daquela
família.
Para uma criança, é constrangedor
qualquer trabalho impróprio para a sua
idade.
As estórias dele ficarão
para a história!

Estória | Narrativa (real ou de f icção), oral ou


escrita; conto, fábula, novela. (Possui o mesmo
significado do inglês story .)

História | Narração escrita dos factos notáveis


ocorridos numa sociedade em particular ou em
várias; ciência que estuda factos passados;
período do desenvolvimento da humanidade
após o aparecimento da escrita. (Tem o mesmo
significado do inglês history .)
O S PARTICÍPIOS PASSADOS

Aceite ou aceitado?
Ganho ou ganhado?
Pago ou pagado?
Limpo ou limpado?
Morto ou matado?
Gasto ou gastado?
Solto ou soltado?
Salvo ou salvado?
Impresso ou imprimido?
As folhas foram impressas e não as
folhas foram imprimidas.

Com os verbos auxiliares ser ou estar,


diz-se: impresso e não imprimido, ganho
e não ganhado – usa-se o particípio
passado irregular.
No entanto, diz-se...

- Ele tinha (ou havia) ganhado a corrida


(e não: ele tinha ganho a corrida.)
- Ela tinha pagado a conta (e não: ela
tinha pago a conta.)

Com os auxiliares ter ou haver , diz-se


ganhado e não ganho , pagado e não
pago – usa-se o particípio passado
regular.
O Particípio Passado:
Exemplos excecionais:

- Ele foi encarregado (e não encarregue)


da organização da festa.
- O termo foi mal empregado (e não
empregue) pela jornalista.
(Com os verbos encarregar e empregar NUNCA se usa o par ticípio
p a s s a d o i r r e g u l a r. )

-Descobriu-se que o mordomo tinha morto


o patrão. (Erradíssimo!)
Particípio passado do verbo matar: MATADO
Particípio passado do verbo morrer: MORTO.
- Pormenor e não promenor.
- Prateleiras (o sítio onde se colocam
os pratos) e não parteleiras .
- Equipa e não equipe ; controlo e não
controle ; bicicleta e não biciclete ,
vitrina e não vitrine .

- A priori e A posteriori são


expressões latinas que, como tal, não
carecem de acentuação no “a”.
Escreve-se:

Com certeza e não Concerteza

Bem-vindo e não benvindo ou bem vindo

Connosco e não conosco (conosco é


português do Brasil – e do corretor
automático de alguns dispositivos
eletrónicos.)

13h15min e não 13H15m

Quilograma ou quilo e não kilograma ou kilo


(abreviatura: kg)
D ESPOLETAR /E SPOLETAR

Espoletar | desencadear, proporcionar,


criar condições para, desenvolver (tirar a
espoleta)

Despoletar | impedir, travar (colocar a
espoleta)

Assim, o correto é: A crise humanitária


espoletou (e não despoletou) o racismo e
a xenofobia.
Os plurais dos estrangeirismos

O que significa o apóstrofo em


expressões como CD’s, post’s,
blog´s, picnic’s e afins?

Escreve-se: CDs, posts , blogues (ou


blogs) e piqueniques.
Cantámos ou cantamos?

Ambas estão corretas:

- Cantamos designa a primeira pessoa


do plural, no presente do infinitivo.

- Cantámos diz respeito à mesma


pessoa, mas no pretérito perfeito e deve
ser sempre acentuada.
AS VÍRGULAS!
As vírgulas!

O Pedro, foi às aulas.


NUNCA se separa o sujeito do predicado
de uma frase com uma vírgula.

O Pedro foi, às aulas.


Do mesmo modo, jamais se separa o
complemento (se ele for indispensável
para a compreensão do sentido da frase.
Tratam-se de decisões muito difíceis.
A construção verbal tratar-se de , no sentido de
«estar a falar-se de», só se utiliza no singular:
Trata-se de atletas empenhados.
Trata-se de jogos difíceis.

É o mesmo que dizer estamos a falar de , que


se mantém inalterável independentemente de
ser seguido de um singular ou de um plural:
Estamos a falar de uma equipa, estamos a
falar de jogadores (= trata-se de uma equipa,
trata-se de jogadores).
A lógica trata-se da ciência que estuda a
estruturação e validade do raciocínio. (?!)

Quando a frase tem presente o sujeito,


não podemos usar como predicado o
impessoal “tratar-se de”. Este só faz
sentido se usado numa frase sem sujeito.

Ex.: A lógica é um ramo da filosofia. Trata -


se da área do saber que estuda a
estruturação e validade do raciocínio.
PIOR / MAIS MAL
MELHOR / MAIS BEM

Antes de um adjetivo não deve empregar -


se melhor ou pior , mas mais bem ou mais
mal.
Exemplos:
- Aquela casa está mais bem construída
(e não melhor construída) do que a tua.
- Hoje os bolos estão mais mal feitos (e
não pior feitos) do que ontem.
A fim de (que) ≠ Afim

A fim de | introduz oração final com


verbo no infinito. Ex.: Estudamos a fim
de aprender.

A fim de que | Introduz oração final com


verbo em modo finito (aqui, conjuntivo):
Estudamos a fim de que aprendamos.

Afim | adjetivo que significa parecido,


próximo: ele é meu parente afim /
Serviços médicos e afins.
Aonde/Onde

Aonde | Implica sempre movimento:


aonde vais?

Onde | Usa-se quando a ideia de


movimento não está presente: A
cidade onde moras é muito bonita.
Uso dos verbos reflexos com auxiliares

Quando o verbo auxiliar é ter (ou haver), o


pronome conjuga-se com o verbo auxiliar:
Eu tenho-lhes dado aulas

Nos restantes casos, o pronome deve


constar junto do verbo principal. Assim:
Posso fazer-lhe uma sugestão?
Quero agradecer-te a amabilidade.
A primeira coisa que vou mostrar-vos é o
mar.
Todos os sonhos podem tornar-se
realidade.
TER DE E TER QUE

Ter de
Precisar de, ter necessidade de, dever
qualquer coisa;

Ter que
Ter algo que…, Ter alguma coisa que…

Exemplos:
Tenho de estudar a lição = preciso de estudar
Tenho que comer em casa = tenho O que
comer em casa, isto é, tenho alimentos em
casa
PALAVRAS FREQUENTEMENTE MAL
PRONUNCIADAS

ALCOOLEMIA
BULIMIA
CÁNABIS OU CANNABIS
CARÁTER E CARACTERES
CLÍTORIS
DÍSPAR E DÍSPARES
PUDICO E IMPUDICO
JÚNIOR E JUNI ORES
LIBIDO
RUBRICA
SÉNIOR E SENIORES
PALAVRAS FREQUENTEMENTE MAL GRAFADAS

A fim de que Depressa


Acerca de Descrição/Discrição
Alisar Deslizar
Analisar Devagar
Apesar de Enfim
Assaz Esplêndido
Atrás Espontâneo
Avalizar Há cerca de
Bem-vindo/Mal-feito Obcecado
(eles) Caem Obessivo
Com certeza Prezar
Cônjuge Pejorativo
Debaixo de Preso/(eu) Prezo
Decerto Tão-pouco (sequer) = tampouco ≠
Defronte de tão pouco (ele não é assim tão mau)
Demais
PALAVRAS COM DUPLA GRAFIA

COBARDE E COVARDE
CURRICULUM/CURRICULA E
CURRÍCULO/CURRÍCULOS
DIÓSPIRO E DIOSPIRO
FEBRAS E FÊVERAS
ESPÉCIME/ESPÉCIMES E ESPÉCIMEN/ESPÉCIMENES
FILHÓ/FILHÓS E FILHÓS/FILHOSES
TULIPA E TULIPA

Você também pode gostar