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TÉCNICAS DE EXPRESSÃO JURÍDICA

O QUE É A COMUNICAÇÃO?

Fonte de Informação → Emissor → → Recetor


Mensagem Sinal Sinal recebido


Fonte de Ruído

Código: Trata-se do sistema de comunicação usado. Cada código tem um conjunto de


sinais que se combinam sob regras semânticas e que permitem a interpretação do emissor.
O receptor deve conhecer o código para interpretar a mensagem.
Canal: O meio que possibilita a transmissão da mensagem.
Emissor: Pessoa que tem a intenção e transmite a mensagem.
Receptor: Quem recebe e interpreta a mensagem. Interpreta e decodifica os sinais
enviados pelo emissor;
Mensagem: É o conteúdo da comunicação. Trata-se do conjunto de ideias, sentimentos e
acontecimentos expressos pelo emissor para que sejam captados pelo recetor da maneira
que aquele deseja.
Contexto, situação comunicativa: o espaço em que desenvolve o ato de comunicação. É
o conjunto de circunstâncias e condicionam a interpretação da mensagem.

Função Informativa
Relaciona-se com o contexto e com o mundo extralinguístico do qual se fala
A linguagem é direta e
objetiva
Exemplo: Linguagem utilizada nos livros científicos e nos artigos de jornais

Função poética
Centra-se na mensagem e no trabalho estético da própria linguagem que se torna
sugestiva e metafórica
Recorre a jogos de palavras; combinações de palavras e sentido figurado
Exemplo: obras literárias; letras de músicas; anúncios publicitários

Função emotiva
Centra-se no emissor, predominando a 1.ª pessoa do singular
Prevalecem as interjeições e exclamações
Exemplo: Bibliografias; memórias e poesia lírica

Função Apelativa
Processo de apelo ao recetor
Exemplo: Publicidade; propaganda; discursos

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Função fática
Centra-se no canal, tendo por objetivo testar a sua eficiência ou assegurar o seu
funcionamento
Exemplo: “Está a ouvir?” ou “Percebeu?”

Função Metalinguística
Incide no código usado para comunicar.
Exemplo:
Dicionários

TIPOS DE COMUNICAÇÃO

Características Linguagem Verbal Linguagem Não


verbal
Uso de palavras + -
Conhecimento + -
especializado
Treino formal + -
Estruturação + -
Intuição - +
Dependência de - +
resposta
comportamental
Funcionamento - +
em contexto
Funcionamento - +
no presente

COMUNICAR EM PÚBLICO
1- Preparação do discurso
– estudar e investigar o tema;
– "trabalho de campo" - dominar;
– praticar o discurso (podemos gravar-nos por exemplo)
2- Conhecer a audiência

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3- vencer o medo do palco
– indo até ele;
4- Programação para o sucesso
– acreditar que vai correr bem;
5- Começar e terminar com impacto:
– início, desenvolvimento e conclusão;
– se estivermos no começo, vão ouvir depois;
– acabando bem, vão lembrar-nos
6- ser claro, breve e relevante
– claro para nós perceberem;
– breve porque ninguém mantém atenção durante muito tempo
– relevante porque interessa apenas transmitir o que importa
7- comunicar sem erros
– dá-nos credibilidade
– quando erramos devemos disfarçar
8- colocação da voz
– usar microfone
– "brincar" com a tonalidade da voz
9- ser cativante e inspirador
– inspirador - seguir um exemplo
10- movimentação na medida certa
– olhar para todos os que ouvem
11- vestir adequadamente
– formal

ESTRUTURA E REGRAS DE UM TRABALHO ESCRITO


1-capa 2- folha em branco 3-folha de rosto 4- resumo 5- abstract 6- índice 7- índice de
quadros e tabelas 8- índice de figuras 9- lista de abreviaturas/símbolos

1- capa
Designação da instituição, Logotipo da instituição, Título do trabalho, Nome do autor e Data
(de entrega)

2- folha em branco- —-----------------------------

3-folha de rosto
Design da instituição, título do trabalho, nome do autor, data, declaração mencionando a
que título foi efetuado o respectivo trabalho

4- resumo
O resumo é um elemento obrigatório e deverá apresentar, em 150-250 palavras, a
estrutura do trabalho, sintetizando a argumentação que nela irá ser exposta.
Deverá ser acompanhado por, pelo menos, quatro palavras-chave.
O resumo começará em folha própria e será seguido, também em folha própria, por um
abstract em inglês, que respeitará as mesmas instruções.

5- índice
O índice deverá conter todos os elementos que lhe sucedem e não os que lhe antecedem.

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Terá de ter formatação justificada e deverá ser feito de forma automática, para prevenir
erros de
numeração.
A página do próprio índice não aparece listada. As entradas do índice serão compostas
por, no máximo, quatro níveis.

6- lista de abreviaturas
As listas de abreviaturas ou de símbolos são elementos opcionais, dado que só se
justificam se, ao longo do trabalho, forem utilizados abreviaturas ou símbolos.
A lista de abreviaturas inclui também siglas e acrónimos, que deverão ser escritos em
maiúsculas e sem pontuação.
Na primeira vez em que uma abreviatura, uma sigla ou um acrónimo for utilizado no corpo
do texto, terá de ser desenvolvido e seguido pela respetiva abreviatura, sigla ou acrónimo
entre parênteses curvos. Por exemplo: Instituto Superior de Contabilidade e Administração
de Lisboa (ISCAL). Daí em diante, utilizar-se-á sempre a forma abreviada.

PARTE TEXTUAL

Introdução

Desenvolvimento

Conclusão

PARTE PÓS- TEXTUAL


A parte pós-textual é composta por uma secção de Referências Bibliográficas, bem como
por eventuais Apêndices e/ou Anexos.
A ordem dos elementos constitutivos da parte pós-textual da dissertação é a
seguinte:

Referências Bibliográficas

Apêndices

Anexos Nota: dissertação- mestrado


Tese- doutoramento

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Todas as obras que sejam referenciadas ao longo do texto terão obrigatoriamente de
constar na secção de Referências Bibliográficas e vice- versa, ou seja, todas as obras
incluídas na secção de Referências Bibliográficas terão obrigatoriamente de ser referidas
ao longo do texto.
A lista de referências bibliográficas deverá ser ordenada alfabeticamente, segundo o(s)
apelido(s) dos autores — ou, não existindo nome de autor para uma determinada
referência, segundo o título desse documento.
Não deverá ser feita qualquer distinção entre documentos impressos e fontes eletrónicas,
sendo as fontes eletrónicas obrigatoriamente referenciadas utilizando os mesmos
elementos que são utilizados no caso dos documentos impressos.

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Periódico
Apelido, A. A., Apelido, B. B., & Apelido, C. C. (ano de publicação). Título do artigo. Título
do periódico, volume(número), páginas.

Em itálico
Exemplo
Cordeiro, J. (2009). Componentes da gestão estratégica nas empresas do sector
automóvel. Revista Portuguesa e Brasileira de Gestão, 8(3), 55-65.

Não-periódico
Apelido, A. A. (ano de publicação). Título da obra (edição). Local: Editora.

Em itálico

Exemplo:
Stewart, T. A. (1999). Capital intelectual: A nova riqueza das organizações (2ª ed.). Lisboa:
Edições Sílabo.

Parte de um não-periódico
Apelido, A. A. (ano de publicação). Título do capítulo. In A.A. Apelido (Ed.). Título da obra
(páginas). Local: Editora.

Exemplo:
Lucas, U., & Mladenovic (2014). Perceptions of accounting. In R. M. S. Wilson (Ed.). The
Routledge companion to accounting education (pp. 125-144). Nova Iorque: Routledge.

Teses, dissertações e outras provas académicas


Autor, A. A. (ano de publicação). Título da dissertação ou da tese
(Tipo de
documento, Instituição, Cidade, País). Disponível em URL.

Exemplo:
Roberts, R. A. (2015). Goodwill impairment: A study of Australian companies 2007-2013
(Tese de doutoramento, The University of Sydney Business School, Sydney, Austrália).
Disponível em https://ses.library.usyd.edu.au/handle/2123/13748

Legislação
Designação do diploma legal número/ano. Diário da República. Número (data de
publicação) páginas.

Exemplo:
Decreto-lei n.º 74/2006. D.R. I Série-A. 60 (20-03-2006) 2242-2257

APÊNDICES E ANEXOS
Consideram-se apêndices os documentos produzidos pelo(a) autor(a) da dissertação que
não figuram no corpo do mesmo, mas que deverão ser tidos em conta aquando da sua

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análise. Por exemplo: sequências extensas de tabelas, inquéritos, guiões de entrevistas.
Os apêndices serão identificados por letras maiúsculas.

Por anexos, entendem-se todos os documentos utilizados na elaboração do trabalho cujo


conhecimento seja de extrema relevância para a interpretação do mesmo, e que não sejam
produzidos pelo(a) autor(a) da dissertação. Por exemplo: decretos-leis, correspondência,
dados importados de uma base preexistente. Os anexos serão identificados por numeração
árabe sequencial.

FORMATAÇÃO
Tipo e tamanho de letra
Os trabalhos poderão ser efetuados com os seguintes tipos e tamanhos de letra:
Times New Roman, tamanho 12
Garamond, tamanho 12
Arial, tamanho 11

HIERARQUIA DOS TÍTULOS

Hierarquia
Título 1 Título do capítulo Centrado, letra
tamanho 14,
expandido por 1
pto, negrito, 6 pto
antes e 18 pto
depois, início de
página.
Título 2 Secção do Justificado à
capítulo esquerda, letra
tamanho 13,
expandido por 1
pto, negrito, 18 pto
antes e 12 pto
depois.
Título 3 Subsecção do Justificado à
capítulo esquerda, letra
tamanho 12,

6
expandido por 1
pto, negrito, 12 pto
antes e 12 pto
depois.
Título 4 Sub-subsecção Justificado à
do capítulo esquerda, letra
tamanho 12,
expandido por 1
pto, negrito e
itálico, 12 pto antes
e 12 pto depois.

Parágrafos
Os parágrafos deverão ser justificados e não deverão incluir qualquer tabulação na primeira
linha, contendo um espaçamento entre parágrafos de 6 pontos antes e 6 pontos depois. Só
existirão espaçamentos maiores entre parágrafos em caso de ligeira interrupção no
assunto que assim o justifique, sem exigir alteração de secção ou subsecção.

O espaçamento entre linhas deverá ser de 1,5 linha no corpo da dissertação, exceto nos
quadros, nas tabelas e nas notas de rodapé, onde será um espaçamento simples. Os
quadros terão um espaçamento entre parágrafos de 3 pontos antes e 3 pontos depois e as
notas de rodapé terão um espaçamento de 0 ponyos antes e depois.

Margens
As margens deverão ser de 2,5 cm em cima, em baixo e à direita; e de 3 cm à esquerda,
para permitir a encadernação do trabalho.

Tabelas, quadros e figuras


As tabelas, os quadros e as figuras deverão ser colocados no corpo do trabalho, no local
pertinente.

Deverão ser antecedidos e seguidos de um parágrafo (com o espaçamento de 3 pontos


antes e 3 pontos depois) e nunca encaixados no texto, ou seja, o texto não poderá formar
uma moldura em redor dos objetos, já que estes ficarão destacados ao centro da página.

No caso de existirem muitos quadros, muitas tabelas ou muitas figuras, poderá ser
conveniente remetê-los para um apêndice, fazendo menção ao seu número no corpo do
trabalho, ou destacando, no corpo do trabalho, apenas as células relevantes de uma tabela
ou de um quadro ou as figuras mais importantes numa sequência de figuras.
Notas de rodapé

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As notas de rodapé deverão utilizar o mesmo tipo de letra do corpo do trabalho, mas dois
pontos abaixo do tamanho escolhido para o corpo do trabalho.

É de evitar uma grande proliferação de notas de rodapé, estas só devem ser utilizadas se,
de facto, se justificar.

As notas de rodapé não servem para fazer as referências das citações, essas serão feitas
no corpo do texto, junto à própria citação, exceção feita às citações em segunda mão ou a
trabalhos de natureza jurídica.

Paginação
O conjunto «Capa, Folha em branco e Folha de rosto» não deverá ser numerado, embora
conte para a numeração.
A primeira página em que aparece o número de página será aquela que se segue à folha
de rosto.
O primeiro número de página a aparecer será o «iv», ou seja, numeração romana
minúscula.
A numeração romana continuará até à Introdução, sendo essa necessariamente a página
n.º 1. Começa aqui a numeração árabe, que será continuada, sequencialmente, até ao final
dos apêndices e/ou dos anexos.

Cor
A utilização de cores será permitida apenas nos objetos (tabelas, quadros e figuras), não
sendo permitida no corpo do texto da dissertação, nem nos títulos.

Citações
Citações diretas
As citações diretas deverão reproduzir ipsis verbis o texto original. Apresentarão,
obrigatoriamente, a indicação do autor, da data de publicação da obra e o número de
página. Deverão estar no corpo do texto, e não em nota de rodapé, seguindo o formato
Autor, Ano.

As citações serão obrigatoriamente referidas entre aspas (exceto no caso das citações
longas), utilizando-se as aspas francesas (« »). Se a citação já contiver aspas, estas serão
mantidas no local original com a notação de aspas duplas (“ ”).

Exemplo
Franco (2001, p. 143) define o sector público como o «conjunto das atividades económicas
de qualquer natureza exercidas pelas entidades públicas […] quer assentes na
representatividade e na descentralização democrática, quer resultantes da funcionalidade
tecnocrata e da desconcertação por eficiência».

Citações indiretas
As citações indiretas correspondem a paráfrases, ou seja, são situações em que o autor do
trabalho usa as suas próprias palavras para se referir a uma ideia que viu em um ou mais
autores.

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Não são apresentadas entre aspas e não carecem de número de páginas (sendo este, no
entanto, facultativo). As restantes informações (autor e ano) são obrigatórias.

Exemplo
Craswell (1999) e Gore et al. (2001) referem que a evidência empírica quanto ao facto de
os serviços de não auditoria deteriorarem ou não a independência é inconclusiva. Como
exemplo, Craswell (1999) refere as conclusões contraditórias de estudos australianos sobre
o impacto das retribuições dos honorários dos serviços de não auditoria nas decisões dos
pareceres dos auditores, levados a cabo por Barkess e Simnett (1994) e Wines (1994).
Craswell (1999) refere que enquanto os primeiros autores não conseguiram encontrar
qualquer relação, já Wines (1994) conseguiu fazê-lo.

Extensão das citações

Extensão→ citações breves



Citações longas

Citações breves
As citações breves têm até três linhas e deverão vir no corpo do
trabalho, seguidas da indicação da referência.

Exemplo
O estudo de caso que propomos enquadra-se mais nesta última tipologia dado que estes,
visam «estabelecer o diagnóstico de uma organização ou fazer a sua avaliação, seja
porque procuram prescrever uma terapêutica ou mudar uma organização» (Bruyne et al.,
1991, p. 225).

Citações longas
As citações longas têm mais de três linhas e deverão vir em parágrafo à parte, com
espaçamento do lado esquerdo e do lado direito de 1cm e um ponto de letra abaixo do do
corpo do texto.
Este tipo de citação não vem entre aspas. A referência pode encontrar-se antes, no corpo
do texto, ou depois, no final da própria citação.

Exemplo

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O DISCURSO E O ARGUMENTO
- O Caminho da Persuassão

O nosso propósito como juristas é persuadir o outro


Persuadir é uma arte performativa, temos de treinar, praticar e falhar.

O que é o Discurso?
Sequência expositiva ordenada de ideias e argumentos com vista a um fim
A parte importante do discurso é o fim
O discurso tem de ter um fim
O fim tem de estar para além do discurso

Pode ser apenas uma sequência de ideias – Poesia


Pode ser apenas uma exposição, uma sequência, de ideias fácticas –
História
Pode ser apenas argumentação – Prática Sofista ou as “discussões lá de
casa”.

Poesia
Discurso que visa provocar um estado emocional…

Narração de Factos
Não tem um objectivo em si, para além da transmissão de descobertas sobre o nosso
Passado, por exemplo…

Discurso diferente de Discussão


O elemento essencial é a destruição da ideia do outro, é o “desconversar”, mesmo quando
parece erudito… A Política, por exemplo, enquanto actividade de conquista do poder (não
de governação)…
Uma discussão não é um diálogo
O Discurso implica a troca de ideias em atenção a um dado fim.
A Discussão é uma troca de ignorâncias, ou seja, eu ignoro os teus argumentos, espero
que faças o mesmo, ou seja, já sei que me vais ignorar e no final ganha quem grita mais…
ou que parte para o uso da força… pois ignora-se o respeito devido um ao outro…

Jogo de poder- eu procuro convencer o outro e o outro a mim


Interjeições de controlo- quando eu mudo o assunto para mim

Contudo…
O Discurso é diverso porque tem um Fim.
A primeira acção a realizar é definir esse mesmo fim, fim este que se pode traduzir no que
pretendemos alcançar após o discurso.
O Discurso não é um fim em si mesmo, mas sim um meio para
alcançar um fim que se encontra sempre para além do Discurso
Esse fim nunca é o do próprio discurso.
O discurso é uma ferramenta, uma arte para chegarmos onde queremos chegar

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Exemplos de Discurso
O Discurso Político (não a discussão…) tem como fim levar as pessoas, os eleitores, a
votarem num dado projecto político.

O Discurso do Vendedor tem como fim fazer com que os consumidores, os clientes,
passem de potenciais a efectivos compradores

O Discurso Religioso tem como fim mudar a forma de pensar dos crentes, ou dos
potenciais crentes, de molde a que venham a fazer parte da congregação

E os exemplos podem, devem, multiplicar-se…

Validade do Discurso
Nenhum Discurso é “mau”

Compete a quem o ouve aferir da sua Validade

A Validade afere-se face ao seu Fim

O que importa é estar atento e descortinar o


fim de quem Discursa

O discurso e a retórica

O Discurso Jurídico implicou o desenvolvimento da Retórica


Por Retórica deve entender-se a Arte de Bem Comunicar ou a Arte da Eloquência
Do latim Rethorica e antes do Grego Rhêtorikê
Parece pacífico que a Retórica abrange as regras da construção do Discurso que visa a
Persuasão.

O que significa Persuasão?


É, realmente, a necessidade da respostas para a Vida em Sociedade que leva ao
desenvolvimento do Discurso porque necessitamos de transmitir conhecimento.

Contudo, há uma parte essencial da Vida e sociedade que não é Conhecimento, é sim
decisão, pois temos que decidir, com base no Passado (informação) o que faremos hoje,
no Presente, (acção) de molde a que o ocorra o que desejamos, no Futuro (o fim a
alcançar).
Se não convencermos hoje, com base no passado, não teremos um futuro diferente.
Foi a Filosofia como reflexão que promoveu a Retórica, na altura, ainda na Grécia e,
curiosamente, foram os Sofistas, exactamente, os Anti-Filosofia, que a desenvolveram.
Eram conhecidos por conseguirem defender “que sim” e convencerem a plateia e,
momentos depois, defender “que não” e conseguirem igual feito…
Sócrates abominava os Sofistas e, há que dizê-lo, um deles, foi o único que o enfrentou
com sucesso, diga-se, devido ao domínio da Retórica.

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Os Sofistas e o Fim do Mito
Protágoras é o primeiro dos Sofistas e introduz um conceito que ainda hoje nos persegue,
pois não é simples fugir dele:

“O Homem é a medida de todas as coisas” é a primeira parte da frase, que veio introduzir o
Relativismo no Mundo do Pensamento

A frase toda é:
"O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são,
enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são."

Esta frase implicou a ruptura extraordinária que o Homem realizou, nesta época, deixando
de acreditar nos Mitos como explicações do que se passou, do que ocorria e do que
deveria ocorrer, pois já não eram os Deuses que governavam a Vida nem Deles era a
Verdade.
O Homem tinha de construir a Sua verdade.
Para tal tinha de convencer os demais, porque a verdade não se encontrava na Natureza,
mas sim nas suas decisões, nas que o Homem tomava.

E como se tomam decisões, especialmente em grupo, numa sociedade?


Os Sofistas não eram alheios a este problema, antes pelo contrário.
Exigiam boas ideias e, mais, a sua ainda melhor construção enquanto elemento do
discurso, de forma a poderem convencer os outros.
Embora odiados, eram Mestres. E mesmo os seus detratores, Sócrates, Platão e por fim
Aristóteles, vergaram-se, pois tiveram que utilizar a mesma Arte para os enfrentar… E não
há maior Vitória do que os nossos Inimigos nos adoptarem os meios e as técnicas…

Aristóteles e Cícero – Do Discurso Político para o Jurídico


Aristóteles, mais do que qualquer outro, é o Pai cultural da Civilização Ocidental como a
conhecemos.
É muito difícil encontrarmos, mesmo que não se concorde, um traço do edifício cultural do
Ocidente que não tenha um elemento aristotélico, tal é a influência do Filósofo.
Desde o facto de ter sido o tutor de Alexandre o Grande até ao enorme conjunto de Obras
que nos deixou, em especial, sobre a Retórica e sobre a Justiça.

QUESTÃO ESSENCIAL
Pode a Retórica, como a Arte de Construir o Discurso, ser outra que não através do uso da
Palavra?
A Retórica é Rica …
Porque pode ser Poética; Pode expressar-se na Música; Ou na Pintura bem como no
movimento da Dança. Ou seja, em tudo o que implique Comunicar.

Quais são os Elementos Essenciais?


Logos – O fim que se pretende alcançar, a sua definição e o porquê/para quê do Discurso
Pathos – O apelo às emoções de quem nos ouve, pois quem fala com Paixão convence…
e vence!
Ethos – A integridade ou a superioridade moral de quem nos fala, que abre a porta ao
“convencer”

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Exemplos
Sabemos sempre, com clareza e concisão, o que queremos convencer o outro?
Estamos apaixonados pelo que queremos convencer o outro? Iremos conseguir despertar
a paixão no outro?
Temos “moral” para falar? Não temos “telhados de vidro”? Temos direito a
falar?

Como se usam esses Elementos?


A sequência é rígida e tem a seu favor a experiência comprovada de mais de 26 séculos…

5 Passos ou Momentos da Retórica!

Invenção/Criação ou recolha dos conteúdos


Disposição dos conteúdos (do mais fraco para o mais forte, v.g.)
Elocução ou como expressar os conteúdos
Memorização da estrutura e dos conteúdos
Acção de Exposição, muitas vezes conhecida como Oratória (a oratória é um momento da
Retórica, não se confundem!)

O Discurso Jurídico como Discuso de Legitimidade


A grande mudança cultural que o Direito veio trazer foi a necessidade de Legitimação
A legitimação assenta na diferença entre Validade e Veracidade
O que é válido pode não ser verdadeiro… Em Direito tudo depende da Prova…
O que é, então, legitimar?

O DISCURSO LEGITIMADOR
A Legitimidade é um Juízo de Conformidade
É legítimo o que é válido, conforme com um qualquer critério culturalmente determinado
(legitimidade moral, social, religiosa, política, jurídica, etc).
Como é que sabemos o que é meu? O que é seu? O que é de todos? E o que não é de
ninguém?
Só reconhecendo o critério podemos legitimar a nossa posição

O CRITÉRIO LEGITIMADOR EM DIREITO


O critério Legitimador em Direito é sempre uma (ou mais) norma jurídica
Tenho legitimidade para tratar alguém de forma diferente?
Sim, se a pessoa em questão for diferente! Caso contrário, é um tratamento ilegítimo,
carece de ser legitimado com uma qualquer justificação
Este é um argumento binário, sim ou não, 1 ou 0.

QUAL O PAPEL DA ARGUMENTAÇÃO?


A argumentação é uma parte da Retórica, nomeadamente, do segundo e do
terceiro momento
Argumentar significa, em Direito, uma afirmação justificada pela lógica, pela experiência ou
por uma norma jurídica/princípio jurídico

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Afirmação justificada pode traduzir-se por uma preposição ou premissa (normalmente
duas) que implicam uma conclusão.

Exemplos de Argumentos – Formal e Material

Os Cavalos morrem
Sócrates, o Filósofo, morreu
Logo (em conclusão), Sócrates é um Cavalo
Premissa ou preposição maior – Os Cavalos Morrem (= à Lei Geral)
Premissa ou preposição menor – Sócrates morreu (= caso concreto)
Conclusão – Sócrates é um cavalo…
--Em termos de Lógica formal, está correcto. O que não está correcta é a validade das
premissas e para isso é necessária a Lógica Material.

Os Cavalos Morrem
Sócrates morreu
Conclusão – Tantos os Cavalos como Sócrates são mortais…
O cuidado da argumentação consiste na construção da Premissa Maior ou preposição
geral, pois o caso concreto vem da Vida…não se pode alterar…

ARGUMENTOS JURÍDICOS
Então, como é que se criam/estruturam os argumentos em Direito?

A Doutrina e a Jurisprudência, ao longo de mais de 20 Séculos, já estilizaram esses
argumentos, que vamos passar a analisar

A lista não é completa, porque a realidade é sempre mais rica do que podemos pensar e
isso apenas significa uma coisa, que o Direito é vivo e pode enriquecer… quem sabe se
não vão criar um novo?!

Argumento da Identidade
O argumento da identidade assenta na ideia que um objecto é sempre igual a ele próprio,
independentemente da situação ou do tempo que tenha passado
É um argumento, dir-se-ia, natural, pois assenta na essência do objecto ou da pessoa em
si, o que exclui todas as outras opções.
Aqui está a sua utilidade, embora por vezes possa parecer quase pueril na sua utilização,
sendo, contudo, convicente…:

Exemplo: O Arguido comprou uma faca com 27 centímetros de extensão e duas lâminas,
uma de cada lado. Embora o Arguido queira fazer o Tribunal crer que a comprou para
cortar melhor a caça ou até o chouriço que tem em casa, nenhuma faca de cozinha, por
longa que seja, tem duas lâminas. Portanto, o Arguido comprou esta faca, em concreto,
porque queria utilizá-la no homicídio de …, como o fez e nunca em legítima defesa.

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Argumento da Contradição ou A contrario
O princípio lógico que lhe está subjacente assenta na violação do argumento anterior, ou
seja, uma coisa, um dado, não pode ser e não ser ao mesmo tempo.
Ou é ou não é. Se não é, então “é” outra coisa…
Os exemplos podem multiplicar-se, mas a mesma pessoa é rica ou pobre, inquilino ou
senhorio, solteiro, casado, divorciado ou viúvo, etc.
Uma qualidade implica a impossibilidade de assumir outra.

Um exemplo especial deste argumento – o Alibi


Em latim, alibi, não tem uma expressão jurídica e em português seria traduzido por
“alhures” ou seja, num, noutro ou em outro lugar (um advérbio, portanto).
Contudo, em Direito veio a assumir uma especial função, neste âmbito da Contradição.
Numa versão simples, funcionaria assim:
Mãe para o filho: Foste tu que comeste o bolo que eu fiz! Filho: Quando teria sido isso?!
Mãe: Hoje de tarde!
Filho: Isso é impossível… estava na escola! Portanto, foi outra pessoa!

Argumento de Autoridade
O argumento de Autoridade não apresenta uma premissa como base nem sequer a lógica
é o seu esteio.
O argumento assenta na qualidade especial do S. Autor.
Sendo o autor reconhecido como uma eminência no campo
do Conhecimento, então o que ele “afirmar” é a premissa.

Exemplo: Segundo Aristóteles, que afirmou ser a Justiça a firme e permanente virtude
assente na acção de entregar a cada um aquilo que é seu, a sua definição do que é Justo
não tem qualquer cabimento.

Argumento A Simili
O argumento a simili ad simile, na sua versão completa, traduz a ideia de que deve ter
tratamento igual o que é igual.
É este o fundamento da analogia, prevista no artigo 10.º, n.º 2., do Código Civil.
Temos de fazer o caminho lógico inverso ao do argumento a contrario, isto é, este impõe
tratamento diverso e aquele impõe o tratamento igual.
E.g.: Os homens e as mulheres são diferentes, é um facto. Contudo, perante a Lei, e salvo
alguma previsão legal qualificada pelo género (protecção das grávidas, por exemplo), os
homens e as mulheres são sujeitos face ao Direito e, como tal, as razões da aplicação a
um são as mesmas da aplicação da Lei a todos. Daí se designar Princípio da Igualdade
perante da Lei.

Argumento A Fortiori
Este argumento é mais conhecido na sua versão moderna de “por
maioria de razão”.
É sempre por maioria de razão, seja para garantir uma expansão do âmbito da Lei ou dos
Poderes, seja para restringir, proibir, aquela mesma expansão da Lei ou dos Poderes.
Em latim, as duas expressões são:
- Ad maior ad minus – Quem pode o mais pode o menos;
- A minor ad maius – Quem não pode o menos não pode o mais;

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Um exemplo do primeiro caso seria o facto de, no âmbito de uma
procuração outorgada, poderem comprar “o” apartamento por
100.000 Euros mas, por melhor negociação, acabar por comprar por
95.000 Euros. Pode outorgar a escritura? Se pode o mais pode o
menos?

Um exemplo do segundo caso será a casa arrendada para habitação do inquilino não
poder ser utilizada para subarrendamento a outras, embora tenha a casa toda e esta até
tenha quartos a mais!

Argumento Ad Absurdum
Este argumento também é conhecido por “redução ao absurdo” e tem a sua razão de ser.
É uma redução do número de opções até se concluir que os argumentos utilizados contra
nós, ou na interpretação legal, apenas pode conduzir a um resultado indesejado ou
absurdo, no sentido de estranho ao Direito.
Não é fácil encontrar oportunidades para utilizar este argumento, que é sempre de
destruição dos demais, pois depende, em absoluto, do caso concreto.

Exemplo: A sua interpretação leva à conclusão que os filhos têm todos os direitos e os pais
todos os deveres, o que para além de ser uma inversão inaceitável dos papéis, violar a
natureza das coisas, ainda conduzirá a situações, no futuro, para as quais nenhum Tribunal
estará preparado para julgar! Como poderá o Tribunal condenar o pai se o filho para estar
nesse Tribunal terá de ser representado pelo mesmo pai que pretende condenar?! Isso é
um absurdo, como se antevê!

Argumento com base nos Princípios e/ou Teleológico


Em termos filosóficos, é o argumento dedutivo, isto é, para uma realidade nova, deduzem-
se normas a partir dos Princípios Ordenadores do Sistema.
Também pode ser chamado de Teleológico, isto é, em função dos Fins.
Em regra, serve usualmente como uma justificação de acções em concreto e não
propriamente para a criação de normas.
São exemplos dessa utilização em normas a Legítima Defesa e outras causas de
justificação ou de exculpação/desculpa.
No caso da Legítima Defesa, por exemplo, justifica-se a excepção ao princípio geral de
proibição do uso da força privada com outro princípio, ou seja, o da proteção e da
segurança, que está assente no fim do último do Direito, a paz.

Referência ao EPIQUEREMA
Este é o modelo próprio da argumentação jurídica, concretamente, dos Advogados

A prova é demonstração sensorial de um evento pretérito e então a cada uma das


premissas, ou a ambas, junta uma prova.

Exemplo: O contrato de trabalho implica certos factos, que neste julgamento se


evidenciaram, nos termos do disposto pelo artigo 1154.º do CC, nomeadamente, a
obediência e a constância no local. Isso foi provado. Portanto, o Autor é trabalhador e como
tal tem direito à remuneração, nos termos do artigo supra invocado.

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A forma própria de pensar dos juristas é equiperema.
No direito não interessa a verdade, interessa a validade.
O discurso só é bom se for preparado.

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