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GRAMÁTICA APLICADA A TEXTOS TÉCNICOS DO TCEPR

SUMÁRIO

TEORIA DA COMUNICAÇÃO ......................................................................... 2


CONTRATO ..................................................................................................... 5
INFORMAÇÃO ................................................................................................ 7
INSTRUMENTOS CONVOCATÓRIOS (CONVITE, CONVOCAÇÃO) ........... 7
CONVITE ................................................................................................................. 7
CONVOCAÇÃO ..................................................................................................... 8
RELATÓRIO .................................................................................................... 8
DECISÕES (PARECER, DESPACHO) ......................................................... 13
PARECER ..............................................................................................................13
DESPACHO ...........................................................................................................15
TERMO DE REFERÊNCIA ou PROJETO BÁSICO ..................................... 15
CUIDADOS GRAMATICAIS NA REDAÇÃO DE TEXTOS TÉCNICOS ....... 17
ELEMENTOS PARA A ORGANIZAÇÃO DE TEXTO ................................... 19
ELEMENTOS DE COESÃO...................................................................................20
PRONOMES .......................................................................................................... 21
ASPECTOS GRAMATICAIS DA LÍNGUA PORTUGUESA .......................... 26
CONCORDÂNCIA.................................................................................................. 26
REGÊNCIA ............................................................................................................30
PONTUAÇÃO ........................................................................................................ 32
MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS ............................................................................34
ABREVIATURAS ................................................................................................... 36
SIGLAS ..................................................................................................................36
ATOS NORMATIVOS ............................................................................................36
CRASE ...................................................................................................................37
PORQUÊS .............................................................................................................38
OUTRAS QUESTÕES DO DIA A DIA ................................................................... 39
NOVA ORTOGRAFIA ............................................................................................41
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 43

PROF. ADRIANE CRISTINA RIBAS SETTI


GRAMÁTICA APLICADA A TEXTOS TÉCNICOS
DO TRIBUNAL DE CONTAS
Prof. Adriane Cristina Ribas Setti

TEORIA DA COMUNICAÇÃO

A comunicação é uma capacidade inata do ser humano. Por meio de


sinais (corporal, gestual, facial, sinais de fumaça, dentre outros) ou do
conjunto de signos que conhecer, a pessoa expressa sentimentos, ideias,
entendimento ou compreensão de algo, mantém contato ou ligação com
outros, dentre tantas funções.
Para isso, é importante também que se conheçam e considerem os
elementos envolvidos num processo comunicativo, independentemente da
situação em que a comunicação ocorra.
Em um processo comunicativo, existem, no mínimo, seis elementos
envolvidos: emissor - quem emite a mensagem; receptor - a quem a
mensagem é direcionada; mensagem - o que é comunicado; canal - meio
físico pelo qual a mensagem é enviada; código - grupo de sinais, linguagem
utilizada para enviar a mensagem; referente - assunto sobre o qual versa a
mensagem (Bakhtin; Saussure; Chomsky; Wittgenstein).

Além desses elementos, devem ser observadas algumas condições


necessárias para uma comunicação provocar os efeitos desejados (Wilbur
Schramm):
a. A mensagem deve chamar a atenção do destinatário
b. A mensagem deve empregar os signos comuns tanto da parte
do comunicador como do receptor
c. A mensagem deve suscitar o interesse do receptor
d. A mensagem deve levar em consideração o grupo no qual o
receptor se encontra, no momento em que ele a receber

PROF. ADRIANE CRISTINA RIBAS SETTI


Elementos da Comunicação
Referente

Canal

Mensagem

Emissor Receptor

Código

A comunicação técnica, diferentemente de um texto jornalístico ou de


um literário, por exemplo, tem como princípio fundamental uma resposta
objetiva àquilo que é transmitido. A essa característica dá-se o nome de
eficácia. (GOLD, 2010)
As características de um texto eficaz são:
- concisão;
- objetividade;
- clareza;
- coerência;
- adequação linguística;
- correção gramatical.

As características de textos técnicos são corroboradas pelo Manual de


Redação Oficial e pela Lei que orienta a redação de textos legais, conforme
se observa a seguir.

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De acordo com o Manual de Redação Oficial da Presidência da
República (2012), a redação oficial deve se caracterizar por:
- impessoalidade;
- uso da norma padrão da linguagem;
- clareza;
- concisão;
- formalidade;
- uniformidade.

No que diz respeito à redação dos textos de lei, a Lei Complementar


no. 95, de 26 de fevereiro de 1998, estabelece que deve haver clareza,
precisão e ordem lógica, observando, dentre vários pontos:
- palavras e expressões em seu sentido comum, exceto quando se
tratar de assunto técnico;
- frases curtas e concisas;
- orações na ordem direta, sem preciosismo, neologismo, adjetivações;
- termos com significado nacional, sem regionalismos.

De acordo com o Manual de Comunicação Escrita Oficial (PARANÁ,


2014),

Ao elaborar um texto, deve-se ter em mente o que, para quem e


com que finalidade se pretende comunicar. Quando se tem clara a
função desses elementos da situação de comunicação, o próximo
passo é encontrar a melhor forma de expressar aquilo que precisa
ser comunicado.
Para ter o que dizer, o autor do texto precisa conhecer o assunto
sobre o qual vai escrever e dispor das informações necessárias
para a comunicação que pretende realizar. Isso requer leitura e
pesquisa.
Para saber como dizer, além de conhecer a função dos ele- mentos
envolvidos no ato comunicativo (quem fala, para quem se fala, o
que se fala, por que se fala), é preciso conhecer as normas de
funcionamento da modalidade escrita da língua e dispor de um
vocabulário que possibilite expressar aquilo que se pretende
comunicar.

Assim, há de se considerar os elementos que constituem um texto:


palavras, frases, parágrafos. Sobre eles, assim orienta o Manual (PARANÁ,
2014):

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O elemento essencial de um texto verbal é a palavra. Mas um
simples agrupamento de palavras não constitui um texto. É preciso
que elas estejam inter-relacionadas, estabelecendo sentido entre
si. Quando um conjunto de palavras é organizado de modo a
formar uma unidade com sentido, tem-se uma frase.
A frase é a unidade básica de um texto. Em determinadas
situações de comunicação, uma única palavra pode ser
considerada uma frase e uma única frase pode ser considerada um
texto, desde que constitua uma unidade com sentido.
O parágrafo é um bloco de informações/ideias constituído de uma
ou mais frases. Embora possam existir textos com um único
parágrafo, de um modo geral, são formados por vários parágrafos.
A divisão de um texto em parágrafos está relacionada à mudança
de enfoque do assunto. Assim, ao tratar de outro aspecto
relacionado ao assunto, deve-se iniciar um novo parágrafo. Para
organizar os parágrafos de forma adequada, é necessário estar
atento ao encadeamento lógico das informações/ideias contidas no
texto.

Observa-se, então, que não basta ter em mente o tema a ser


comunicado e conhecer o documento que servirá de canal; é necessário
escolher as palavras adequadas para formar as frases coerentes e organizar
os subtemas em parágrafos a fim de garantir clareza da comunicação.
Vamos ver a seguir alguns textos técnicos usados no Tribunal de
Contas do Estado do Paraná: contrato, informação, instrumentos
convocatórios (convocação, convite), relatório, decisões (parecer, despacho),
termo de referência ou projeto básico.

CONTRATO

Contrato é o acordo de vontades com a finalidade de criar, modificar


ou extinguir direitos e obrigações.
De acordo com o Manual de Comunicação Escrita Oficial do Estado do
Paraná (2014), os contratos celebrados compreendem, quanto ao regime
jurídico, duas modalidades:
a) os contratos de direito privado, como a compra e venda, a doação, o
comodato, regidos pelo Código Civil, parcialmente derrogados por normas
publicistas;
b) os contratos administrativos, dentre os quais se incluem:

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- os tipicamente administrativos, sem paralelo no direito privado e
inteiramente regidos pelo direito público, como a concessão de serviços, de
obras e de uso de bem público;
- os que têm paralelo no direito privado, mas também são regidos pelo direito
público, como o mandato, o empréstimo, o depósito, a empreitada.

Contrato Administrativo é um documento firmado entre órgãos da


Administração Pública e pessoa ou empresa particular para a realização de
serviço, execução de obra, ou obtenção de qualquer outra prestação de
interesse público nas condições estabelecidas pela própria Administração.
Por se tratar de um documento regido por normas específicas, a
elaboração de contrato na Administração Pública do Paraná obedece às
determinações contidas na Lei Federal no. 8.666, de 21 de junho de 1993, e
na Lei Estadual no. 15.608, de 16 de agosto de 2007, disponível no portal do
governo do Estado do Paraná www.pr.gov.br, no link legislação. (PARANÁ,
2014)

ESTRUTURA:
a) título em letras maiúsculas, centralizado acima do texto;
b) ementa: resumo do assunto do contrato, colocada no alto da página, à
direita, com recuo, em espaço simples;
c) introdução: nomes e qualificação de contratante e contratado;
d) cláusulas contratuais, contendo a matéria específica do contrato. Podem
ser divididas, se necessário, em parágrafos e alíneas;
e) termo ou fecho [“E, por estarem de acordo com o ajustado e contratado, as
partes, por seus representantes, firmam o presente contrato, em 2 (duas) vias
de igual teor e forma na presença de duas testemunhas.”];
f) local e data (dia, mês e ano) da assinatura do contrato;
g) assinatura de contratante (com respectivo cargo ou representação) e de
contratado (com respectivo cargo ou representação);
h) testemunhas, que assinam à esquerda, abaixo de contratante e
contratado.

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E a Instrução Normativa no. 5, de 26 de maio de 2017, dispõe sobre as
regras e diretrizes do procedimento de contratação de serviços sob o regime
de execução indireta no âmbito da Administração Pública federal direta,
autárquica e fundacional.

INFORMAÇÃO

Documento emitido por um servidor, sobre certo fato ou pedido, com o


objetivo de instruir um processo e subsidiar a tomada de decisão. Além de
ser concisa, deve indicar possível solução. (PARANÁ, 2014)

ESTRUTURA:
a) título: a palavra INFORMAÇÃO, em letras maiúsculas, seguida do número
de ordem e ano;
b) ementa: resumo do assunto da informação. A ementa deve ser sintética. A
ementa será alinhada à direita, com nove centímetros, em itálico;
c) corpo do texto: introdução (histórico), esclarecimentos (análise do fato) e
conclusão clara e objetiva do assunto;
d) fecho: denominação do órgão (este, geralmente, em forma de sigla), data
(dia, mês e ano) e assinatura (nome e cargo ou função de quem emite a
informação).

INSTRUMENTOS CONVOCATÓRIOS (CONVITE, CONVOCAÇÃO)

Convite e Convocação são mensagens escritas que formalizam o ato


de chamar alguém para um evento. Desses instrumentos convocatórios, o
primeiro é apenas uma solicitação e o segundo é uma exigência de
comparecimento. (PARANÁ, 2014)

ESTRUTURA
CONVITE
a) título do documento;

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b) texto:
- quem convida (pessoa ou instituição);
- a quem é dirigido o convite (geralmente denominado por um
pronome de tratamento, escrito por extenso; em alguns casos, utiliza-
se o cargo ou função);
- dados do evento: título, programação, data, hora, local;
- indicação do meio para informações e confirmação de presença
(opcional).

CONVOCAÇÃO
a) título do documento;
b) endereçamento;
c) vocativo; a quem é dirigida a convocação (geralmente denominado por um
pronome de tratamento, escrito por extenso; em alguns casos, utiliza-
se o cargo ou função);
d) texto:
- dados do evento: título, programação, data, hora, local;
- indicação do meio para informações e confirmação de presença
(opcional);
- quem convoca (nome e cargo).

RELATÓRIO

Narração ou exposição, escrita ou oral, de atividade ou fato,


discriminando-se todos seus aspectos e elementos, analisados com o
objetivo de orientar o servidor interessado ou o superior imediato, para
determinada ação.
“Do ponto de vista da Administração Pública, é um documento oficial
no qual uma autoridade expõe a atividade de uma repartição ou presta conta
de seus atos a uma autoridade de nível superior.” (PARANÁ, 2014)
Então, a primeira coisa a ser feita é organizar as ideias, focando nos
objetivos do texto: Argumentar? Informar? Persuadir? Orientar?

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A estrutura do texto (narrativa, relato) deve seguir uma ordem de
cronologia ou de grau de importância. E o texto dissertativo deve conter
obrigatoriamente:
§ Introdução (objeto, objetivo, justificativa)
§ Desenvolvimento (argumentos, explicações e exemplos)
§ Conclusão (indicação objetiva e clara de ação/posicionamento)

Tanto Relatório quanto Parecer devem conter algumas informações


básicas:
O quê? Quem? Quando? Onde? Como? Quais ações? Por quê?

E poderão seguir uma lógica:


1) Problema
2) Causa
3) Efeito
4) Soluções

ATENÇÃO:
• A delimitação das unidades do texto deve ser observada (divisão em
parágrafos/tópicos/itens).
• O foco na ideia principal deve ser mantido (inter-relação das ideias).
• As informações devem servir para fundamentar tomadas de decisão.
• A extensão varia de acordo com a importância dos fatos relatados.
• Os parágrafos podem ser numerados, a partir do segundo (com
algarismos arábicos) e, se necessário, divididos em alíneas; a numeração é
recomendável principalmente em relatórios mais extensos, pois, além de dar
maior destaque às diferentes partes do texto, facilita as eventuais referências
que a elas se queiram fazer.

CARACTERÍSTICAS
Ø adequação às circunstâncias e finalidades
Ø demonstração apoiada em fatos
Ø objetividade e imparcialidade

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Ø uso de palavras simples e precisas
Ø uso de frases curtas e sem chavões

De acordo com o Manual de Redação Oficial do Estado do Paraná


(2014), a estrutura recomendada para um Relatório é:

1. Título
- denominação do documento
2. Vocativo
- tratamento e cargo ou função da autoridade a quem é dirigido o relatório
3. Introdução
- referência à disposição legal ou à ordem superior que motivou ou
determinou a apresentação do relatório
- breve menção ao assunto ou objeto
- motivo por que o relatório foi feito
- indicação dos problemas ou fatos examinados
4. Análise
- apreciação do assunto, com informações e esclarecimentos que se
façam necessários à sua compreensão
- análise honesta, objetiva e imparcial
- registro de fatos de conhecimento direto, ou por meio de fontes seguras,
sem divagações ou apreciações subjetivas sobre fatos desconhecidos ou
pouco conhecidos
- quando necessário, apresentação de tabelas, gráficos, fotografias e
outros elementos que possam contribuir para o esclarecimento dos fatos e
sua melhor compreensão por parte da autoridade a quem se destina o
documento (esses elementos podem ser colocados no corpo do relatório
ou, se muito extensos, em anexo)
5. Conclusão
- conclusões, sempre deduzidas da argumentação que as precede, sem
acréscimos ou reduções da análise já apresentada
- sugestões ou recomendações sobre medidas a serem tomadas, em
decorrência do que constatou e concluiu
- decisões sugeridas ou recomendadas apresentadas de forma precisa,

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prática e concreta, relacionadas com a análise anteriormente feita
6. Local e data
- local
- dia, mês e ano
7. Assinatura
- assinatura
- nome completo
- cargo/função da autoridade ou servidor que apresenta o relatório

ESTRUTURA SIMPLIFICADA DE RELATÓRIO


Ä Apresentação
- cabeçalho: lugar e data
- remetente: autor do relatório (nome, função)
- destinatário (nome, função)
- assunto: síntese do conteúdo
Ä Texto
- exposição do(s) fato(s)
- apreciação do(s) fato(s)
- conclusões e sugestões
Ä Fecho
- fórmula de cortesia
- assinatura do autor
Ä Anexos
- informações complementares: quadros, esquemas, tabelas, fotos

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COMO FAZER UM BOM RELATÓRIO

Em primeiro lugar, é necessário definir OS OBJETIVOS do que pretende escrever:


- você vai DESCREVER algo?
- NARRAR algum fato?
- DAR OPINIÃO sobre um tema?

© É importante saber qual o TIPO DA REDAÇÃO a ser adotado para estabelecer o FOCO:
exposição detalhada de um caso (DESCRIÇÃO) ou opinião e posicionamento - individual
ou coletivo - diante de um assunto (DISSERTAÇÃO).
© Em seguida, verificar PARA QUEM se dirige a comunicação: um Conselho de
profissionais, um diretor ou gerente, um colega. De acordo com o destinatário escolhido,
você vai precisar adotar um ESTILO adequado: protocolar, formal, sintético ou analítico.
© Depois, pensar efetivamente em que deseja comunicar: os principais pontos, os
comentários significativos e os aspectos que podem auxiliar o destinatário a entender
melhor o seu texto. Para estruturar melhor o que pretende escrever, use o esquema do
jornalista: QUEM fez, O QUE fez, POR QUE fez, COMO fez, QUANDO fez e ONDE fez.
Respondidas essas questões, redija a mensagem com COMEÇO, MEIO e FIM.

§ O COMEÇO tem de ser criativo e claro. Você precisa prender a atenção do leitor nas
primeiras dez linhas para que ele se sinta motivado a continuar a leitura.

§ O MEIO tem de ser persuasivo para convencer o leitor a respeito do ponto de vista
que você está desenvolvendo. Reúna fatos, estatísticas, gráficos e depoimentos
para dar consistência ao seu relatório.

§ O FIM, assim como o COMEÇO, precisa ser marcante. No último parágrafo, faça um
resumo do que foi escrito e encontre uma frase expressiva que possa representar
bem a comunicação feita.

§ O número de páginas vai depender da profundidade necessária para tratar o assunto


em pauta. Normalmente, quem escreve sabe QUANTO escrever.

Ø Revise o texto para garantir que não haja erros gramaticais.


Ø Preste muita atenção na ordem das palavras para não mudar o sentido do que você
quer dizer. Prefira a ordem direta (sujeito, predicado e complementos) para não
confundir seus leitores. Fique atento também à cacofonia, que é a junção de duas
palavras formando uma terceira de sentido ridículo (p.ex.: amá-la).
Ø Transmita o que interessa de fato, de forma coerente, sem gírias ou linguagem muito
técnica, e com alto padrão de civilidade. Comunicar é fazer-se entender. Se atingir esse
objetivo, você estará perto do sucesso.
[adaptado de http://comunicageral.forumeiros.com/t160-como fazer-um-bom-
relatorio]

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DECISÕES (PARECER, DESPACHO)

A Lei no. 9784, de 29 de janeiro de 1999, assim dispõe sobre decisões:

Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir


decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou
reclamações, em matéria de sua competência.

PARECER

O parecer é um documento solicitado, pela parte ou por seu


representante legal, a quem tenha competência especial no assunto,
independentemente de qualquer compromisso legal, e que é aceito ou faz fé
pelo renome de quem o subscreve. O parecer não tem uma forma fixa,
seguindo aproximadamente, a mesma sequência do relatório. (BENFICA e
VAZ, 2003)

FINALIDADE
A finalidade de um parecer é apresentar um posicionamento
esclarecedor, por meio da análise técnica de uma situação, identificando e
examinando todos os aspectos relevantes, para apontar as soluções
possíveis com suas respectivas consequências.

ESTRUTURA
Na estrutura do parecer, segundo o Manual de Comunicação Escrita
Oficial do Estado do Paraná (2014), alguns elementos são obrigatórios:
a) número do processo respectivo, ao alto, no centro do papel;
b) título: parecer, seguido do número de ordem, dia, mês e ano;
c) ementa: resumo do assunto do parecer, com alinhamento à direita,
com nove centímetros, em itálico;
d) corpo do texto: introdução (histórico); esclarecimentos (análise do
fato); e conclusão clara e objetiva do assunto;
e) fecho: o local e/ou a denominação do órgão (este, geralmente, em
forma de sigla); a data (dia, mês e ano); e a assinatura (nome e cargo
ou função de quem emite o parecer).

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E a organização lógica é essencial:
1. Introdução
- Identificação das partes
- data de elaboração do parecer
- limites do tema examinado
- descrição completa da situação analisada (com aspectos relevantes para
que o parecer possa elaborado de forma completa)
- objetivo do trabalho
- motivos que tornam o parecer necessário
- indicação das questões/problema relevantes para o esclarecimento das
dúvidas que deram origem ao parecer
- metodologia que será utilizada
2. Desenvolvimento
- análise dos aspectos relevantes, com esclarecimentos técnicos
suficientes para uma tomada de decisão
- organização sistemática dos aspectos, podendo ser sob a forma de
tópicos
- posicionamento técnico claro, sem opiniões ou conhecimento de senso
comum
- referenciação completa dos conceitos técnicos utilizados a fim de permitir
acesso pelas partes
3. Conclusão da análise
- retomada dos principais argumentos
- recomendação clara e pontual de ações e procedimentos possíveis para
tomada uma decisão acurada
4. Fecho
- inventário da composição do parecer (número de folhas, documentos,
anexos)
- local e data
- nome e assinatura e função profissional

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DESPACHO

É a emissão de decisão, pela autoridade, dando encaminhamento ou


solução a um pedido. Os despachos podem ser detalhados ou sucintos
(Aprovo, Autorizo, Indefiro, De acordo, Para providências etc.). (PARANÁ,
2014)

ESTRUTURA
1. Numeração
- número do processo e do documento a que se refere o despacho
quando publicado no Diário Oficial do Estado.
2. Título
- denominação do documento (em maiúsculo), especialmente quando
divulgado em órgão oficial
3. Texto
- explanação do que foi solicitado
- teor da decisão, com objetividade e clareza
- justificativa, quando necessário
4. Local e data
- local e/ou sigla do órgão
- dia, mês e ano
5. Assinatura
- assinatura
- nome completo
- cargo/função da autoridade que assina o despacho

Alguns órgãos da Administração Pública utilizam as chamadas “folhas


de despacho” para dar encaminhamento aos processos.

TERMO DE REFERÊNCIA ou PROJETO BÁSICO

Instrumento obrigatório para toda e qualquer contratação (seja ela por


meio de licitação, dispensa, inexigibilidade e adesão à ata de registro de

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preços), com nível de precisão adequado, elaborado a partir de estudos
técnicos preliminares que reúnem elementos necessários e suficientes para
caracterizar o objeto bem como as condições da licitação e da contratação.
É o documento que contém informações obtidas a partir de vários
levantamentos feitos em relação ao objeto a ser contratado, o que permite
dizer que possui os dados essenciais das contratações pretendidas pela
Administração Pública. Assim, o documento tem por fim guiar o fornecedor na
elaboração da proposta, bem como orientar a Comissão de Licitação no
julgamento das propostas.
Um Termo de Referência, ou Projeto Básico, incompleto ou
inconsistente não permite uma seleção justa de proposta ou de contrato pois
não apresenta mecanismos adequados para a gestão contratual e pode
provocar desperdício de recursos públicos. Uma lista de verificação pode
garantir a efetiva completitude do documento.

A Lei no. 8.666, de 21 de junho de 1993, assim dispõe no Artigo 6o.,


inciso IX:
IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e
suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar
a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da
licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos
técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o
adequado tratamento do impacto ambiental do
empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da
obra e a definição dos métodos e do prazo de execução,
devendo conter os seguintes elementos:
a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer
visão global da obra e identificar todos os seus elementos
constitutivos com clareza;
b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente
detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de reformulação
ou de variantes durante as fases de elaboração do projeto
executivo e de realização das obras e montagem;
c) identificação dos tipos de serviços a executar e de
materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem como suas
especificações que assegurem os melhores resultados para o
empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo para a sua
execução;
d) informações que possibilitem o estudo e a dedução de
métodos construtivos, instalações provisórias e condições
organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para
a sua execução;
e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão
da obra, compreendendo a sua programação, a estratégia de
suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados necessários
em cada caso;

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f) orçamento detalhado do custo global da obra,
fundamentado em quantitativos de serviços e fornecimentos
propriamente avaliados;

E, no mesmo sentido, a Instrução Normativa no. 5, de 26 de maio de


2017, orienta:

Art. 30. O Termo de Referência ou Projeto Básico deve conter, no


mínimo, o seguinte conteúdo:
I - declaração do objeto;
II - fundamentação da contratação;
III - descrição da solução como um todo;
IV - requisitos da contratação;
V - modelo de execução do objeto;
VI - modelo de gestão do contrato;
VII - critérios de medição e pagamento;
VIII - forma de seleção do fornecedor;
IX - critérios de seleção do fornecedor;
X - estimativas detalhadas dos preços, com ampla pesquisa de
mercado nos termos da Instrução Normativa nº 5, de 27 de junho
de 2014; e
XI - adequação orçamentária.
§ 1º Nas contratações que utilizem especificações padronizadas,
em atenção ao § 4º do art. 20, o responsável pela elaboração do
Termo de Referência ou Projeto Básico produzirá somente os itens
que não forem estabelecidos como padrão.
§ 2º Os documentos que compõem a fase de Planejamento da
Contratação serão parte integrante do processo administrativo da
licitação.

Modelos de documentos e métodos adotados na Administração


Pública podem ser encontrados no site do Arquivo Público do Paraná:
http://www.arquivopublico.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=32

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CUIDADOS GRAMATICAIS NA REDAÇÃO DE TEXTOS TÉCNICOS

Adequação linguística – evitar expressões de duplo sentido ou linguagem


intrincada e obscura que possa prejudicar a compreensão da matéria
envolvida. Além disso, a correção gramatical é imprescindível para garantir
qualidade aos documentos.
Análise crítica – atentar à sustentação de ideias, expondo o posicionamento
técnico com completa fundamentação.

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Argumentação e contra-argumentação – expor elementos favoráveis ao
seu posicionamento, considerando os aspectos contrários, sem ser
desrespeitoso. É importante não se deixar levar por falácias (argumentos
falsos, inconsistentes) e juízos de valor.
Clareza – expor claramente cada situação e a respectiva análise técnica,
considerando quem é o receptor, pois este pode ter referencial diferente do
referencial do emissor.
Coerência – organizar o raciocínio de forma linear e apresentá-lo na ordem
direta, a fim de permitir a interpretação lógica da argumentação.
Coesão – associar ideias, interligando-as. O paralelismo [ideias na sequência
devem estar gramaticalmente idênticas] é mecanismo de coesão que
propicia a apreensão mais rápida da linha de raciocínio.
Concisão – fugir da prolixidade; alguns fatos e ideias podem ser sintetizados
em poucas palavras, sem perder conteúdo. A concisão dá mais força a
vocábulos e expressões, cujo emprego criterioso torna a leitura do texto
menos cansativa e evita a dispersão de raciocínio; atenção para não incorrer
no laconismo (economia de esforços na transmissão de ideias).
Equilíbrio da linguagem – não deixar o texto exageradamente técnico mas
cuidar para que não fique simplório.
Objetividade – atentar exclusivamente ao que é necessário informar, sem
expor opiniões pessoais não alicerçadas em fatos ou sem o competente
fundamento técnico.
Pertinência – ater-se à matéria envolvida na causa, sem tecer considerações
sobre fatos estranhos ao assunto, tais como ocorrências passadas ou
cogitações futuras não alicerçadas tecnicamente.

Além desses cuidados, o profissional que produz um texto técnico


deve ter atenção à circunscrição do objeto do texto e:

- não ir além do necessário, não fugir do objetivo;

- lembrar-se da missão essencial e meramente técnica (o foco não é a


pessoa);

- evitar obscuridade, para não tornar o documento inútil;

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- evitar repetição desnecessária de fatos e alegações [lembrar o consagrado
aforismo dos meios forenses: “quem em juízo escreve muito corre o risco de
não ser lido”;

- evitar neologismos (a menos que no idioma não haja o vocábulo relativo a


determinada ideia);

- evitar estrangeirismos (buscar termo que tenha significado correspondente);

- não passar os limites de sua designação nem emitir opiniões pessoais que
excedam o exame técnico ou científico.

Se e quando necessário, apresentar pesquisas aprofundadas, dados


detalhados, citações bibliográficas, porém em forma de anexos, deixando
para o corpo do trabalho apenas as conclusões ou os trechos específicos que
interessem diretamente ao caso e sejam perfeitamente compreensíveis aos
leigos.

ELEMENTOS PARA A ORGANIZAÇÃO DE TEXTO

Ao se organizar um texto, é necessário que se tenha claramente o


tema (cada texto deve abordar apenas um tema) e que seja observada a
sequência lógica das informações/ideias a serem comunicadas, a fim de
garantir a compreensão do que se quer passar. A isso se dá o nome de
coerência.
O texto, composto por parágrafos, deve apresentar início, meio e fim.
O início, ou introdução, é a parte do texto em que se apresenta o assunto; o
meio, ou desenvolvimento, é a parte na qual se desenvolve o assunto; e o
fim, ou conclusão, é a parte do texto na qual se conclui o tema desenvolvido.
O parágrafo tem a finalidade estética de divisão do texto em partes ou
em blocos para facilitar a leitura. Mas, mais que esse aspecto gráfico, ele tem
a função de apresentar, em unidades encadeadas, as etapas do raciocínio
lógico. Em outras palavras, cada parágrafo apresenta um subtema.

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E, assim, subentende-se que a cada parágrafo deve corresponder uma
e só uma ideia principal relativa ao subtema. A essa ideia principal, ajuntam-
se outras, secundárias, que vão apresentando detalhes de maior ou menor
importância e vão confirmando, corroborando, exemplificando a ideia núcleo.
E as palavras, expressões, ideias devem ser conectadas entre si, a fim
de que o texto fique coeso. Isso permite que o que se diz sobre o tema fique
mais claro ao receptor.

ELEMENTOS DE COESÃO

expressões de articulação de sentenças e parágrafos


Tipo (função) Exemplos
acréscimo, adição e, nem, mas também, mas ainda, senão também, como
também, bem como, tanto como, de igual forma, no mesmo
sentido, além disso, ainda, ademais, também, vale lembrar,
além desse fator
contraste, mas, porém, todavia, contudo, entretanto, senão, ao passo
oposição, que, no entanto, embora, ainda que, mesmo que,
ressalva conquanto, mesmo quando, posto que, ainda quando, por
mais que, pelo menos que, por muito que, se bem que, sem
que (=embora não), apesar de que
alternativa ou...ou, ora...ora, já... já, quer... quer, umas vezes... outras
vezes
logo, portanto, por isso, por conseguinte, assim, então, em
conclusiva vista disso, por fim, pois (posposto ao verbo), enfim, em
síntese, em suma, dessa maneira, dessa forma, destarte,
dessarte, por tais razões, por tudo isso, em razão disso,
posto isso, consequentemente
que, porque, porquanto, por exemplo, a saber, ou seja, pois
explicativa bem, na verdade, de mais a mais, outrossim, de modo geral,
é certo, em verdade, como se nota, como se viu, como se
observa, como vimos, daí porque, com efeito, ao propósito,
a nosso ver, pois, do exposto, pelo exposto
que, porque, pois (antes do verbo), como (=porque),
causal porquanto, visto que, visto como, já que, uma vez que,
desde que, pois que, dados que, sendo que, em virtude de,
graças a, haja vista, na medida em que
como, tal qual, tal e qual, assim como, tão como, feito, o
comparativa mesmo que, mais/maior/menor/melhor/pior que ou do que,
similarmente, analogamente, paralelamente, de igual forma,
do mesmo modo que, da mesma sorte, semelhantemente,
por iguais razões, diferentemente
se, caso, contanto que, desde que, salvo se, a não ser que,
condicional sem que (caso não), a menos que, dado que
conformativa como, conforme, segundo, consoante, da mesma maneira
que, de acordo com

20
tal/que, tanto/que, tamanho/que, tão/que, de sorte que, de
consecutiva modo que, de forma que, de maneira que
para que, a fim de que, que, de modo que, de maneira que,
finalidade com o fim de que, com o propósito de, com a finalidade de,
com o intuito de
à proporção que, à medida que, ao passo que, quanto mais
proporcional (tanto mais), tanto... quanto
quando, enquanto, logo que, mal, sempre que, assim que,
temporal desde que, antes que, depois que, até que, agora que, toda
vez que, ocasionalmente, às vezes, simultaneamente
exemplificação por exemplo, isto é, a saber, notadamente, em outras
ilustração palavras, assim, tal como/tais como, a seguir
correção, aliás, ou melhor, dito de outro modo, de fato, aliás, ou antes
retificação
enumeração em primeiro lugar... em segundo lugar; finalmente, na
sequência textual sequência, em seguida, em suma, em derradeiro, posto isso
exclusão só, somente, sequer, exceto, senão, apenas, excluindo, tão
somente
realce inclusive, é certo, é inegável, sobremais, aliás
(DAMIÃO & HENRIQUES, 2015- adapt.)

PRONOMES

v PRONOMES RELATIVOS COMO ELEMENTOS COESIVOS


Os pronomes relativos, por retomarem o termo antecedente, são
elementos coesivos.
QUE QUEM O QUAL / OS QUAIS / A QUAL / AS QUAIS
CUJO / CUJOS / CUJA / CUJAS ONDE

Exemplos:
O setor que coordeno... O setor o qual coordeno...
O projeto de que me orgulho... O projeto do qual me orgulho...
A palestra a que assisti... As palestras às quais assisti...
A instituição onde desenvolvi minha pesquisa...
A empresa cujos acionistas são honestos...
O motorista cuja carteira está vencida...
Foi ele quem fez o exame...

21
v PRONOMES DEMONSTRATIVOS NA REDAÇÃO TÉCNICA
è com relação ao espaço
ESTE(S), ESTA(S), ISTO ⇒ o que está perto da 1.ª pessoa (remetente)
Ex.: Convidamos V.S.ª a comparecer a esta Escola, a fim de tratar de
assunto de seu interesse.

ESSE(S), ESSA(S), ISSO ⇒ o que está perto da 2.ª pessoa (destinatário)


Ex.: Solicitamos que nos informe o número de servidores nesse município.

AQUELE(S), AQUELA(S), AQUILO ⇒ o que está longe do remetente e do


destinatário
Ex.: Solicitamos a V. S.ª que, na sua próxima viagem a Palmas, verifique
as condições de instalarmos uma Comissão de Qualidade naquele Município.

è com relação ao tempo


ESTE(S), ESTA(S), ISTO ⇒ tempo atual, que está transcorrendo
Ex.: Já estamos em agosto; este ano passando muito depressa.
ESSE(S), ESSA(S), ISSO ⇒ tempo próximo, de preferência passado
Ex.: Na semana passada, mudamo-nos para novas instalações. Nesse
período, nossos serviços sofreram um pequeno descontrole.

AQUELE(S), AQUELA(S), AQUILO ⇒ tempo anterior mais afastado


Ex.: Há trinta anos, estabeleceram-se em Ponta Grossa. Naquela época,
eram outros os costumes, outro o modo de pensar e de agir.

è com relação às ideias de um contexto


ESSE(S), ESSA(S), ISSO ⇒ o que já se mencionou; é sinônimo de CITADO
Ex.: Essa medida (= exposta acima) visa a evitar que pessoas
irresponsáveis provoquem mais acidentes.
Em vista disso (= do que se mencionou acima), resolvemos suspender
temporariamente o convênio.

22
ESTE(S), ESTA(S), ISTO ⇒ o que se vai mencionar; é sinônimo de
SEGUINTE
Ex.: Para compras a crédito, o cliente deve apresentar estes documentos:
RG, CPF e comprovante de renda.
Muitos aceitam tranquilamente esta afirmação: “a felicidade é
proporcional à renda”.

è com relação a dois termos anteriormente citados


ESTE(S), ESTA(S), ISTO ⇒ indica o que se referiu por último
AQUELA(S), AQUELA(S), AQUILO ⇒ refere-se ao mencionado em primeiro
lugar
Ex.: Ao conversar com o gerente e a tesoureira, notei que esta se mostrava
tranquila, e aquele, excepcionalmente nervoso.

* Havendo uma série de três termos, ESTE designa o citado por último,
ESSE se refere ao penúltimo (o do meio) e AQUELE indica o mencionado em
primeiro lugar [não é uma forma indicada porque pode provocar interpretação
equivocada se não houver domínio da gramática]
Ex.: Estiveram presentes à reunião Pedro, Rosa e Antônio. Este (=
Antônio) representava os jurisdicionados, essa (= Rosa), os vereadores e
aquele (= Pedro), a prefeitura.

v PRONOMES PESSOAIS
Pessoa Retos: Oblíquos:
1a. singular EU ME, MIM, COMIGO
a
2 . singular TU TE, TI, CONTIGO
a
2 . singular VOCÊ SE, SI, CONSIGO, O, A, LHE
3a. singular ELE/ELA SE, SI, CONSIGO, O, A, LHE
1a. plural NÓS NOS, CONOSCO
a
2 . plural VÓS VOS, CONVOSCO
a
2 . plural VOCÊS SE, SI, CONSIGO, OS, AS, LHES
3a. plural ELES/ELAS SE, SI, CONSIGO, OS, AS, LHES

23
Ø Os pronomes oblíquos o, a, os, as assumem as formas lo, la, los, las
depois de verbos terminados em r, s, z (e essas letras, por consequência,
somem); e depois de nasal (m, ão, õe) assumem as formas no, na, nos,
nas.
Ø Os pronomes o, a, os, as desempenham a função de objeto direto; os
pronomes lhe, lhes, a função de objeto indireto.

v COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Localização dos pronomes oblíquos átonos (monossilábicos) com relação ao
verbo.
PRÓCLISE: pronome colocado antes do verbo
ÊNCLISE: pronome colocado depois do verbo
MESÓCLISE: pronome colocado no meio do verbo
Exemplos de colocação pronominal
• Não me deram uma caixa de bombons ontem. (próclise)
• Deram-me uma caixa de bombons ontem. (ênclise)
• Dar-me-ão uma caixa de bombons amanhã. (mesóclise)

A mesóclise é usada apenas com verbos no futuro desde que não


haja uma expressão que exija próclise.
A colocação do pronome depois do verbo (ênclise) é a forma clássica,
seguindo a estrutura sintática básica de uma oração: verbo + complemento.
Contudo, o uso da próclise encontra-se generalizado na linguagem falada e
escrita.
A próclise nunca deverá ser utilizada quando o verbo se encontrar no
início das frases. Nessa situação, a forma correta de colocação pronominal é
depois do verbo.
É facultativo o uso da próclise ou da ênclise caso o verbo não esteja
no início da frase nem haja situações que justifiquem o uso específico de
uma forma de colocação pronominal.
A próclise deverá ocorrer apenas quando houver palavras atrativas
que justifiquem o adiantamento do pronome, como:
- Palavras negativas (não, nunca, ninguém, jamais…)
• Não te quero ver nunca mais!

24
• Nunca a esquecerei.

- Conjunções subordinativas (embora, se, conforme, logo,...)


• Embora o faça, sei que é errado.
• Cumpriremos o acordo se nos agradar.

- Pronomes relativos (que, qual, onde…)


• Há professores que nos marcam para sempre.
• Esta é a faculdade onde me formei.

- Pronomes indefinidos (alguém, todos, poucos…)


• Alguém o fará mudar de opinião?
• Poucos nos emocionaram com seus relatos.

- Pronomes demonstrativos (isto, isso, aquilo…)


• Isso me deixou muito abalada.
• Aquilo nos mostrou a verdade.

- Frases interrogativas (quem, qual, que, quando…)


• Quem me chamou?
• Quando nos perguntaram isso?

- Frases exclamativas ou optativas


• Como nos enganaram!
• Deus te guarde!

- Preposição em mais verbo no gerúndio


• Em se tratando de uma novidade, este produto é o indicado.
• Em se falando sobre o assunto, darei minha opinião.

- Advérbios (desde que não haja uma pausa marcada por vírgula)
• Aqui se come muito bem!
• Talvez te espere no fim das aulas.

25
ASPECTOS GRAMATICAIS DA LÍNGUA PORTUGUESA

CONCORDÂNCIA
É o ajuste de número (plural, singular), gênero (feminino, masculino, neutro),
pessoa (primeira, segunda, terceira).
Orientações:
> flexionar o verbo para concordar com o sujeito
> diferenciar entre sujeito e objeto direto, a fim de que ocorra a correta
concordância verbal (muitas vezes o sujeito é colocado após o verbo, dando
a impressão de que o verbo não precisa concordar com ele:
ERRADO: Foi emitido os pareceres.
CERTO: Foram emitidos os pareceres.

CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL

• SE = partícula apassivadora (PA):


→ O verbo concorda com o sujeito
→ Ocorre com verbo transitivo direto (VTD)
A estrutura da frase é: VTD + PA + Sujeito
● Alugam-se casas. ⇒ Casas são alugadas
● Consertam-se sapatos. ⇒ sapatos são consertados

• SE = índice de indeterminação do sujeito (IIS)


→ O verbo fica na terceira pessoa do singular
→ Ocorre com verbo transitivo indireto (VTI), verbo intransitivo (VI) e verbo
de ligação (VL)
A estrutura da frase é: VTI + IIS + OI
● Assistiu-se a belos espetáculos. ⇒ não se especifica quem assistiu
● Precisa-se de estagiários. ⇒ não se especifica quem precisa de
estagiários
A estrutura da frase é: VI + IIS
● Vive-se bem aqui. ⇒ não se determina quem vive bem

26
> Verbo transitivo indireto (VTI) sempre precisa de complemento ligado por
preposição [OI = objeto indireto]
> Verbo intransitivo (VI) não tem complemento
> Verbo de ligação (VL) é acompanhado de predicativo [estado,
característica, definição]; os principais são: ser, estar, parecer, permanecer,
ficar, continuar, andar.

• HAVER = impessoal (não tem sujeito) se estiver com sentido de “existir”


→ O verbo fica na terceira pessoa do singular
● Houve vários casos de fraude. ⇒ Existiram vários casos de fraude
● Vai haver desistências. ⇒ Vão existir desistências
Observe a diferença:
Haver→ é impessoal = fica no singular
Existir→ é pessoal = concorda com sujeito

• FAZER = impessoal se fizer referência a tempo (tempo decorrido)


→ O verbo fica na terceira pessoa do singular
● Vai fazer meses que não aparece.
● Trabalho aqui faz 10 anos.

• DAR / SOAR/ BATER


→ O verbo concorda com o sujeito (sino, relógio, despertador...)
● O relógio da estação deu / soou / bateu três horas.
→ O verbo concorda com o numeral (que é o sujeito)
● Deram seis horas.
● Batiam seis horas no campanário da igreja.
● Soaram oito horas no relógio da matriz.

• SER
→ O verbo concorda com o predicativo
- Nas orações interrogativas iniciadas por pronomes: que e quem
● Que são minutos e que são meses?
● Quem são as testemunhas?

27
- Quando o sujeito é isto, isso, aquilo, tudo, nada
● Tudo eram sonhos.
● Isto são fotos de viagem.
● No carnaval, tudo é festa.
Obs.: Embora não muito comum, também é possível a concordância ser com
o sujeito: Tudo é flores.

- Nas orações impessoais, indicando horas, datas, distância:


● São onze horas da manhã.
● De Curitiba ao litoral, são 100 quilômetros aproximadamente.
● Já era dia 15 de outubro.
Obs.: Embora não muito comum, também é possível a estrutura:
Hoje é (ou são) 15 de outubro.

- Quando o sujeito referir-se a coisa no singular e o predicativo for um


substantivo no plural
● A cama são palhas amontoadas ao canto.
● Vida de craque não são rosas.

- Quando o sujeito indicar medida, quantidade, peso e estiver seguido de


pouco, muito, menos e outros termos similares.
●Dez quilos de feijão é pouco.
●Trezentos reais é muito.

CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA NOMINAL

1. VERBO SER + ADJETIVO


a. Sem artigo ou qualquer outra caracterização (pronome, numeral, adjetivo):
fica invariável.
● É necessário concentração.
● Foi proibido entradas e saídas durante a aula.

28
b. Com artigo ou alguma caracterização (pronome, numeral, adjetivo):
concorda com o sujeito.
● É necessária a concentração.
● Foram proibidas as entradas e as saídas durante a aula.

2. BASTANTE
a. Como advérbio: fica invariável
● Os jovens comentavam bastante sobre o acidente.

b. Como adjetivo: concorda com o substantivo.


● Os analistas fizeram bastantes considerações sobre o assunto.

3. MEIO
a. Como advérbio: invariável
● As laranjas estão meio azedas.
● A turma está meio cansada.

b. Como numeral: concorda com o substantivo


● Sobrou meia torta. (metade da torta)
● Marcaram a reunião para meio-dia e meia. (meia hora)

4. SÓ
a. Como advérbio: invariável.
● Todos fizeram as provas, só ele não fez.

b. Como adjetivo: concorda com o termo a que se refere


● Os jovens permaneceram sós o tempo todo.

5. A SÓS
→ Como é locução adverbial de modo, permanece invariável.
● Os diretores da empresa ficaram a sós para discutir.

6. OBRIGADO
→ Concorda com o emissor

29
─ Muito obrigado, falou o homem.
─ Muito obrigada, respondeu a mulher.

7. ANEXO
a. Como adjetivo: concorda com o substantivo a que se refere
● A crítica segue anexa ao livro.
● Os comentários seguem anexos ao livro.

b. Como locução adverbial (acréscimo da preposição): fica invariável


● As procurações em anexo devem ser assinadas.

8. MENOS – ALERTA – A OLHOS VISTOS – HAJA VISTA


→ Como são advérbios, locução adverbial e conjunção, são invariáveis
● Há menos pessoas aqui do que no palco.
● Mesmo quando estamos cansados, ficamos alerta.
● A menina emagreceu a olhos vistos.
● Haja vista o mau tempo, cancelamos a visita técnica.

REGÊNCIA
É o comportamento de um palavra com relação às informações que lhe
acompanham (uso ou não de preposição)

REGÊNCIA VERBAL: Verbos utilizados com muita frequência no contexto:


- apresentar (VTDI) – apresentar algo a alguém
- assistir (VTD) – dar assistência;
(VTI) – ver
- atender (VTD) – ouvir, responder ou servir;
(VTI) – atender a algo/alguém: acolher, prestar atenção e levar em
consideração
- consistir (VTI) – consistir em algo
- corroborar (VTD) – confirmar, comprovar
- elidir (VTD) – suprimir, eliminar
- implicar (VTD) – ter como consequência

30
- notificar (VTDI) – notificar alguém de algo
- obedecer (VTI) – obedecer a alguém a algo
- proceder (VTI) – proceder a: realizar
- responder (VTDI) – responder algo a alguém;
(VTI) – responder por
- visar (VTI) – visar a algo: pretender;
(VTD) - mirar

REGÊNCIA NOMINAL: Outras palavras utilizadas com frequência:


§ análogo a
§ ansioso para, por
§ apto a, para
§ capaz de, para
§ capacidade de, para
§ constante em, de
§ devido a
§ hábil em
§ incompatível com
§ inerente a
§ interessado em
§ passível de
§ perito em
§ possível de
§ posterior a
§ preferível a
§ relacionado com

VOZ PASSIVA: a voz passiva só é possível com verbos transitivos diretos. O


verbo proceder na acepção de realizar é verbo transitivo indireto [proceder
a], portanto, impossível a frase “Foi procedida a autuação pelo auditor fiscal.”
> O correto é “O auditor fiscal procedeu à autuação.”

31
PONTUAÇÃO
A pontuação é de base sintática, estrutural, e não auditiva. Não se deve
inserir pontuação apenas pelas pausas de respiração ou ênfase, mas pela
própria estrutura da frase, pois é ela que indica a organização dos elementos
e garante a coerência.
ATENÇÃO: jamais se separa sujeito de verbo ou verbo de seus
complementos (objetos).

Ponto de interrogação
Pergunta direta.
Ponto de exclamação
Entonação exclamativa.
Reticências
Pensamentos inacabados.
Indicação de fragmentos suprimidos (nesse caso, entre parênteses ou
colchetes).
Aspas
Citação direta.
Alteração do sentido de termo, expressão (ironia, antônimo, duplo sentido).
Parênteses
Comentários, informações adicionais.
Travessão
Apresentação de diálogo ou inserção de fala.
Comentários, informações.
Ponto final
Conclusão de frase.
Ponto e vírgula
Pausa intermediária, entre a vírgula e o ponto final. Usa-se, por exemplo:
- quando, dentro de um mesmo raciocínio, há mais de uma ideia/explicação;
- em proposição complexa que apresente subdivisões já com vírgulas;
- entre orações principais curtas com ideias ou pensamentos contrários;
- em enumeração, geralmente separada por alíneas.
Vírgula
Organização de elementos em uma frase.

32
Não se usa:
- antes de etc.
- entre sujeito e verbo
- entre verbo e objeto
Usa-se, dentre várias outras possibilidades:
- diante de algumas conjunções:
> Assim, ficou definido que ninguém sairia mais cedo.
- para isolamento de orações no particípio e no gerúndio:
> Terminado o curso, todos foram para casa.
> Se elaborar o relatório, atendendo solicitação, contribuirá com o
andamento do processo.
- em inversão ou intercalação de orações, conjunções, adjuntos
adverbiais:
> Ontem, resolveram algumas questões administrativas.
> Se for determinado o treinamento, todos farão.
- para esclarecimento, realce ou ênfase de palavras ou expressões:
> Ele ficou só na sala. Ele ficou, só, na sala.
- para supressão de termos:
> Ao X cabe apenas executar a sentença; ao Y, cumpri-la.
- para isolamento de aposto e vocativo:
> Aquele perito, homem renomado na sociedade, não merecia essa
humilhação.
> Certamente, queridos alunos, vocês serão aprovados no curso!
- em orações explicativas e expressões com função explicativa:
> O governo disse que vai ajudar a população, ou seja, vai baixar os juros.

ORAÇÕES EXPLICATIVAS E RESTRITIVAS


Nesses casos, a diferença de sentido está apenas no uso das vírgulas!
Explicativas – explicam o todo
O Juiz, que é falível, pode ser corrigido.
Deus, que é bom, não nos desampara.
Restritivas – referem-se a uma parte do todo
O Juiz que estuda o processo dará boa sentença.
O político que se dedica conquista a confiança da população.

33
MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS

Estado, Município, País

• USO DE MAIÚSCULA: Como entidade de direito público


administrativo ou o conceito filosófico
O homem sente-se sufocado pela presença do Estado.
Para os pensadores anarquistas, o Estado é uma forma organizada de
opressão.

• USO DE MINÚSCULA: Como divisões administrativas


O estado em que eu nasci faz fronteira com o Uruguai.
O estado do Rio de Janeiro tem a capital com o mesmo nome.
A falta de energia pode afetar todos os estados do Sul.

A violência é um problema que assola o Estado do Piauí há muito tempo. (o


governo)

A violência é um problema que assola o estado do Piauí há muito tempo.

O Município de Porto Alegre não tem recursos. (a Prefeitura não tem


recursos)

O município de Porto Alegre não tem recursos turísticos.

O aumento incidirá sobre o salário dos professores do Estado. (quem tem


contrato com a Secretaria de Educação)

O aumento incidirá sobre o salário dos professores do estado. (todos os
professores que atuam neste estado)

USO DE MAIÚSCULAS

• Começo de frase
Regra máxima de pontuação: nunca se separa sujeito de verbo.

• Substantivos próprios (reais ou fictícios), regiões


Pedro Silva, Cinderela, Paraná, Terra do Nunca, Sul

34
• Títulos de periódicos, que retêm o itálico:
Correio do Brasil, O Estado de São Paulo (ou S. Paulo)

• Nomes de festas e festividades


Natal, Páscoa, Ramadã, Carnaval

• Siglas, alguns símbolos e abreviaturas


ONU, K (potássio), Sr. (senhor)

• Nomes de instituições e entidades


Organização das Nações Unidas, Organização do Tratado do Atlântico Norte,
Cruz Vermelha

• Vocativos de documentos oficiais


Senhor Presidente, Senhora Desembargadora...

• Nomes que designam conceitos religiosos, políticos ou


nacionalistas
Igreja (a instituição), Estado, Nação, Pátria, União
Obs.: com inicial minúscula em sentido geral ou indeterminado
Todos amam sua pátria.

USO DE MINÚSCULAS

• Substantivos comuns
aula, relatório, casamento...
• Nomes dos dias, meses, estações do ano, pontos cardeais
segunda-feira, outubro, primavera, norte...

USO FACULTATIVO DE MAIÚSCULA/MINÚSCULA

• Nomes de logradouros públicos, templos e edifícios


Rua da Liberdade ou rua da Liberdade
Igreja do Rosário ou igreja do Rosário
Edifício Asa ou edifício Asa

• Vocábulos que compõem uma citação bibliográfica


Crime e Castigo ou Crime e castigo
Grande Sertão: Veredas ou Grande sertão: veredas
Em Busca do Tempo Perdido ou Em busca do tempo perdido

35
• Formas de tratamento e reverência, nomes sagrados
Governador Mário Covas ou governador Mário Covas
Papa João Paulo II ou papa João Paulo II
Excelentíssimo Senhor Reitor ou excelentíssimo senhor reitor
Santa Maria ou santa Maria

• Nomes que designam domínios de saber, cursos e disciplinas


Português ou português
Línguas e Literaturas Modernas ou línguas e literaturas modernas
História do Brasil ou história do Brasil
Arquitetura ou arquitetura

[Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (www.academia.org.br); Manual de Redação


do TCE (http://www1.tce.pr.gov.br/multimidia/2014/12/pdf/00271450.pdf); Claudio Moreno
(sualingua.com.br)]

ABREVIATURAS
Aos cuidados – a/c ou A/C Litro(s) – l e L Paraná – PR
Hora(s) – h Metro(s) – m Senhor – Sr.
Quilômetro(s) - km Minuto(s) – min Tonelada - t

janeiro – jan. maio – maio setembro – set.


fevereiro – fev. junho – jun. outubro – out.
março – mar. julho – jul. novembro – nov.
abril – abr. agosto – ago. dezembro – dez.

SIGLAS
Sigla é uma modalidade especial de abreviatura reduz substantivos próprios
ou locuções substantivas. A primeira referência no texto deve ser
acompanhada de explicação de seu significado: nome seguido da sigla entre
parênteses; nas próximas referências, basta apenas a sigla.

ATOS NORMATIVOS

Para referência de Atos Normativos, deve-se apresentar o nome e número do


Ato seguido da data completa por extenso na primeira referência; nas
referências seguintes, o Ato Normativo deve vir acompanhado apenas do ano

36
(separado por barra):

- Lei n.° 8.666, de 21 de junho de 1993 (primeira remissão) e Lei n.°


8.666/1993 (demais citações)

- Decreto n.° 4.129, de 22 de maio de 2001 (primeira citação) e Decreto n.°


4.129/2001 (demais citações )

CRASE

(À, ÀS)
É a fusão da preposição A com o artigo A(S); marca-se com o sinal grave.
Observe que o artigo A(S) só acompanha palavras femininas; portanto,
quando a crase ocorre, é só com palavras femininas.

Usa-se crase:
- Em expressões que indicam horas
- Em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas (combinações de
palavras que expressam circunstâncias)
- Na expressão À MODA, mesmo que a palavra MODA esteja subentendida
- Quando a preposição A é seguida dos pronomes demonstrativos
AQUELE(S), AQUELA(S), AQUILO

Exemplos de casos típicos (locuções):


ÀS VEZES À FORÇA ÀS ESCONDIDAS
ÀS tantas HORAS À TARDE À NOITE
À MERCÊ ÀS ESCURAS À MEDIDA QUE
À DISPOSIÇÃO À BEIRA À FRENTE
À DIREITA À ESQUERDA À TOA

NÃO se usa crase:


1. Antes de verbo
2. Antes de palavras no plural com o a no singular
3. Em expressões formadas de palavras repetidas
4. Antes de alguns pronomes:

37
- todos os pessoais
eu, você, ele, nós, elas...
- todos os de tratamento
Vossa Senhoria, Vossa Excelência, Vossa Santidade...
- todos os indefinidos
alguém, ninguém, nada, qualquer, todo...
- todos os demonstrativos
esse(s), essa(s), isso, este(s), esta(s), isto
- relativos
que, quem, o qual, os quais, cujo(s), cuja(s), onde, quanto

Casos facultativos:
- Antes de nome próprio feminino (porque o artigo não é obrigatório)
- Antes de pronome possessivo feminino (porque o artigo não é obrigatório)
- Depois de preposições (porque duas preposições seguidas não são obrigatórias)

Regras práticas:
1. Substitui-se a palavra feminina que ocorre depois do A por uma masculina; se
aparecer AO, haverá crase
Ex.: Foi à missa. Foi ao culto.
2. Substitui-se o A por PARA ou PARA A(S); se ocorrer PARA A(S), a crase é
confirmada
Ex.: Entregou à secretária. Entregou para a secretária.
3. Nomes de lugares: troca-se o verbo (IR, VIAJAR) da oração por VOLTAR, VIR; se
aparecer DA, haverá crase.
Ex.: Vou a Curitiba. Volto de Curitiba. - Irão à Bahia. Virão da Bahia.
Com as palavras casa e terra haverá crase se elas estiverem modificadas
(acompanhadas de qualquer qualificação)
Ex.: Chegou cedo a casa. Chegou tarde à casa da tia.
Ex.: Depois de um belo voo, chegou a terra. Foi à terra de seus antepassados.

PORQUÊS

POR QUE ⇒ quando a frase contém uma interrogativa direta ou indireta:


- Por que não houve a divulgação do despacho?
- Preciso saber por que não houve a divulgação do edital.
⇒ quando pode ser substituído por PELO QUAL e flexões:
- Os objetivos por que ele luta são duvidosos.

38
⇒ quando for possível acrescentar RAZÃO:
- Expliquem por que não haverá mais casamento.
POR QUÊ ⇒ em fim de frase, a acentuação (^) é obrigatória.
PORQUE ⇒ quando a frase é resposta ou explicação:
- Ele foi designado para o caso porque é bom profissional.
PORQUÊ ⇒ substantivo, acompanhado de um determinante (artigo,
pronome, adjetivo, numeral), significando, muitas vezes,
motivo:
- Diante das evidências, os seus porquês não são convincentes.

OUTRAS QUESTÕES DO DIA A DIA

MAU / MAL
- Ele não era um mau aluno.
(adjetivo: modifica o adjetivo)
- Não há mal que sempre dure.
(substantivo)
- O assistente sentiu-se mal.
(advérbio)
- Mal cheguei, ela saiu.
(conjunção)

ONDE / AONDE
- Informamos onde será o evento.
(referência a lugar, com verbo estático)
- Não me disse aonde iria após a sessão.
(referência a lugar, com verbo de movimento)

MAIS / MAS
- Converse menos e trabalhe mais.
(advérbio de intensidade; contrário de menos)
- Ele prometeu apoiá-la, mas na última hora desistiu.

39
(conjunção adversativa)

HÁ / A
- Não o vejo há muitos anos.
(verbo haver = referência a tempo passado)
- Há vários artigos interessantes nesta revista.
(verbo haver = sentido de existir)
- Os rapazes irão à biblioteca daqui a pouco.
(preposição = referência a tempo futuro)
- Morava a quatro quadras daqui.
(preposição = referência a distância)

A FIM DE / AFIM
- Cheguei cedo a fim de terminar o serviço.
- Fez o curso a fim de tirar algumas dúvidas.
(indica finalidade; corresponde a para)
- A matemática e a física são ciências afins.
- Seu posicionamento não é afim ao do grupo.
(indica semelhança, afinidade)

EM VEZ DE / AO INVÉS DE
- Decidimos que o melhor seria definir a pauta da reunião em vez de discutir
as datas.
(significa no lugar de)
- Infelizmente, ao invés de aprovar o projeto, rejeitou-o.
(significa ao contrário de)

DELE / DE ELE
- A decisão é dele, e não há como contestar.
(de + ele = ideia de posse)
- O fato de ele decidir provocou desconforto entre os pares.
(de / ele + verbo)

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HAJA VISTA
- Estava muito confiante haja vista os argumentos apresentados.

NOVA ORTOGRAFIA

• O alfabeto passa a ter 26 letras: inclusão de k, w e y


• O trema desaparece em todas as palavras
[* Fica o acento em nomes próprios]
• O acento agudo some no i e no u fortes depois de ditongos (junção de
duas vogais), em palavras paroxítonas: Baiuca, bocaiuva, feiura
[* Se o i e o u estiverem na última sílaba, o acento continua como em: tuiuiú
ou Piauí]
Observação: as demais regras de acentuação permanecem as mesmas

• O acento agudo some no u forte nos grupos gue, gui, que, qui, de verbos
como averiguar, apaziguar, arguir, redarguir, enxaguar
• O acento diferencial deixa de existir em para, pela, pelo, polo, pera, coa
[* Não some o acento diferencial em pôr (verbo) / por (preposição) e pôde
(pretérito) / pode (presente); fôrma (utensílio) / forma (verbo)]
• O acento dos ditongos abertos éi e ói deixa de existir nas palavras
paroxítonas (as que têm a penúltima sílaba mais forte): Europeia, ideia,
heroico, apoio, boia, asteroide, Coreia, estreia, joia, plateia, paranoia,
jiboia, assembleia
[* Herói, papéis, troféu mantêm o acento (porque têm a última sílaba mais
forte)]

Principais regras do hífen com prefixos:


>> Agro, ante, anti, arqui, auto, contra, extra, infra, intra, macro, mega, micro,
maxi, mini, semi, sobre, supra, tele, ultra...
Quando a palavra seguinte começa com h ou com vogal igual à última do
prefixo: auto-hipnose, auto-observação, anti-herói, anti-imperalista, micro-
ondas, mini-hotel

41
Em todos os demais casos:
autorretrato, autossustentável, autoanálise, autocontrole, antirracista,
antissocial, antivírus, minidicionário, minissaia, minirreforma, ultrassom

>> Hiper, inter, super


Quando a palavra seguinte começa com h ou com r:
super-homem, inter-regional

Em todos os demais casos:


hiperinflação, supersônico

>> Sub
Quando a palavra seguinte começa com b, h ou r:
sub-base, sub-reino, sub-humano

Em todos os demais casos:


subsecretário, subeditor

>> Vice
Sempre: vice-rei, vice-presidente

>> Pan, circum


Quando a palavra seguinte começa com h, m, n ou vogais:
pan-americano, circum-hospitalar

Em todos os demais casos:


pansexual, circuncisão

E lembre-se sempre da clareza da comunicação. Pense em um


roteiro, respeite a linearidade, seja objetivo, considere o receptor e,
acima de tudo, use seu bom senso!

42
BIBLIOGRAFIA

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