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Língua Portuguesa

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COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ............................................ 3


1.1. Compreensão e interpretação de texto de gêneros variados ........................... 3
1.2. Compreensão e interpretação de texto de gêneros variados ........................... 9
1.3. Compreensão e interpretação de textos: linguagem e vocabulário ................ 17
1.4. Pressupostos e subentendidos ...................................................................... 27
1.5. Tipos textuais ................................................................................................. 29
1.6. Reconhecimento de gêneros textuais ............................................................ 42
Questões ............................................................................................................... 59

Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para
Concursos Públicos e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso,
recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.

Bons estudos, Equipe Ceisc.

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COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

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@profa.luanaporto

1.1. Compreensão e interpretação de texto de gêneros variados


Ao se realizar a prova de língua portuguesa, o texto precisa ser observado com leitura
atenta, distinguindo-se dois processos: análise e interpretação.

Compreensão: Interpretação:
- Análise e decodificação do que está - Conclusões do leitor com base no
escrito no texto texto
- Objetividade analítica - Análise reflexiva
- Observação e elementos linguísticos - Observação a elementos
linguísticos e extralinguísticos

Leia os textos a seguir:


Texto 1

Disponível em: <https://www.revistacaminhoneiro.com.br/maio-faca-bonito-e-proteja-infancia/>.


Acesso em: 30 jun. 2019.
Texto constante na prova da banca INSTITUTO AOCP - 2019 - UFRB - Farmacêutico –
Bioquímico

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Texto 2

Feliz Dia da Árvore. Fonte: https://twitter.com/de_armandinho

Na prova de língua portuguesa, a leitura é cobrada praticamente por todas as bancas. Para isso,
é preciso desenvolver:

a) Habilidade de ler: exige compreensão do tema, das ideias principal e secundárias do texto;
b) Conhecer os traços dos textos: implica identificar como o texto é construído e que
estratégias discursivas adota;
c) Conhecer os gêneros: requer identificação dos traços de intencionalidade e composição
de cada estrutura participar de escrita (carta, ofício, meme, cartum etc);
d) Identificar a tipologia textual: associa-se à identificação da fora geral de estruturação do
texto (narração, descrição, dissertação, argumentação, injunção, etc)
e) Identificar a estrutura dos textos: requer a compreensão da forma como se dá a
progressão temática do texto e das partes que o constituem;
f) Apreender a intencionalidade do texto: implica identificar o objetivo de comunicação do
autor do texto bem como a sua intenção ao produzir o texto;
g) Analisar aspectos linguísticos e semânticos do texto: associa-se à análise de termos que
estabelecem coesão e coerência ao texto, assim como ao emprego de palavras, seu
sentido no texto e possibilidade de inserção, retirada ou mudança de expressões em um
dado enunciado.

Habilidade de ler: exige compreensão do tema, das ideias principal e secundárias do texto.

Ler significa atribuir sentido ao texto. Para desenvolver uma leitura adequada, é preciso
conseguir responder à pergunta essencial sobre o texto: O que o texto quer dizer?
Para isso, algumas ações de leitura fundamentais:
a) Avaliar o contexto de produção: Quem escreveu o texto? Em que veículo foi publicado?
Quanto foi publicado?
b) Identificar conhecimento prévio sobre o tema;
c) Relacionar as informações novas do texto às conhecidas;
d) Marcar em cada parte do texto a informação ou ideia essencial.

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ATENÇÃO

Ler globalmente o texto;


Ler as questões sobre o texto;
Retomar a leitura do texto, focando na busca por informações e ideias essenciais para
responder às questões.

Conhecer os traços dos textos: implica identificar como o texto é construído e que estratégias
discursivas adota.
Conhecer os gêneros: requer identificação dos traços de intencionalidade e composição de cada
estrutura participar de escrita (carta, ofício, meme, cartum etc).
Identificar a tipologia textual: associa-se à identificação da fora geral de estruturação do texto
(narração, descrição, dissertação, argumentação, injunção, etc).

ATENÇÃO

Ao se analisar e interpretar um texto, deve-se buscar respostas para as seguintes questões:


Qual a ideia central?
Quais as ideias secundárias?

A resposta para essas perguntas deve ser amparada em alguns procedimentos que
contribuem para melhor compreensão do texto:

Observar palavras de
Acionar conhecimento Destacar partes
coesão no texto e seu
prévio importantes do texto
sentido

Exemplo:

O fenômeno conhecido como judicialização da saúde é multifacetado. Por um lado, as


ações judiciais comprometem uma parcela significativa do orçamento para atender demandas
específicas de alguns pacientes; por outro, podem significar o único caminho para salvar ou
prolongar a vida de pacientes, especialmente de pessoas com doenças raras ou crônicas, como
diabetes e câncer, que dependem de medicamentos de alto custo. Há também o uso desse
recurso extremo para medicamentos equivalentes aos disponíveis no sistema público de saúde
e, até mesmo, para a compra de produtos como fraldas ou água de coco — sempre com receita
médica.
A preocupação com o impacto da judicialização nos municípios é justificável. Há casos em
que uma única ação pode comprometer todo o orçamento da saúde de uma cidade de pequeno
porte. Algumas iniciativas buscam contornar esse obstáculo por meio de arranjos institucionais.
Um dos exemplos mais lembrados é o de Santa Catarina. Em 1997, 25 municípios do entorno
da cidade de Lages, a 200 quilômetros de Florianópolis, uniram-se para encontrar melhores

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formas de administrar os recursos para a saúde, frequentemente afetados pela judicialização.


Os prefeitos e gestores dos municípios perceberam que, isoladamente, era mais complicado
enfrentar as decisões judiciais. Por meio do consórcio intermunicipal, criou-se um padrão comum
de atuação, que evitou sobreposições de pedidos e racionalizou gastos e investimentos.
Bruno De Pierro. Demandas crescentes. In: Revista Pesquisa FAPESP, 18 (252), fev. 2017, p.
18-22 (com adaptações).
Texto constante em: CESPE / CEBRASPE - 2021 - TCE-RJ - Analista de Controle Externo -
Especialidade: Ciências Contábeis

O processo de intepretação textual também exige do leitor a observação a indícios de


autoria, ou seja, identificação de “vozes” que “falam” no texto. Tais vozes podem ser do autor ou
de autores/pensadores/autoridades que o autor cita.

Voz do autor versus outras vozes no texto

Opinião do autor Opiniões citadas


pelo autor

Essas outras vozes citadas pelo autor podem ser vozes de concordância com seus
posicionamentos ou de discordância. E isso pode estar explícito ou não no texto.

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Exemplo:
Desde os anos 1988, o Brasil assegura, por meio de sua Carta Magna, que
todos são iguais perante a lei, independentemente de cor, sexo, religião,
gênero. Entretanto, essa prerrogativa legal não tem sido vivenciada por um
Apresentação
grupo social: os negros. Estes ainda são objeto de zombaria e discriminação do tema e do
que mostra que o país não é uma nação tão cordial como inicialmente se ponto de vista
atestou. Aqui, matam- se mais negros do que brancos, há mais vagas para do autor do texto
estes em detrimento daqueles e, ainda, os descendentes africanos têm
menos espaço no mercado de trabalho embora sejam maioria na sociedade
brasileira. Tais observações são sinal claro de que os direitos legais não são
assegurados à parcela dos negros brasileiros, o que provoca marginalização
social e, também, fortalecimento do racismo.
Nessa perspectiva, é notório que o Brasil não tem conseguido dar à sua
população negra condições de vida dignas. Mesmo com a lei de cotas, que Referência a
possibilitou a entrada de mais negros e, também, pobres em universidades dados de
pesquisa
e concursos públicos, ainda é menor o espaço deles em postos de trabalho,
assim como lhes é dificultada a formação qualificada, pois, infelizmente, a
maioria da população negra é pobre. E, quando se associam pobreza e cor,
Inserção de
o quadro se torna mais desigual, pois dados do Mapa da violência de 2015 ideia de outro
atestam que a maioria dos crimes de homicídio no Brasil e cometida contra autor
pessoas negras.
Tal dado sinaliza o negro no Brasil é vítima de discriminação e exclusão
social, o que permite compreender que ele vive uma situação de “cidadania
Concordância
de papel”. Este termo, usado pelo sociólogo José Antônio Segatto, aponta autor do texto
para a ideia de que o país é palco de desigualdades sociais gritantes e com o citado
descumprimento – inclusive por parte do Estado – de leis fundamentais,
como a que garante que todos no país devam ser tratados como iguais.
A posição do autor é muito clara e adequada para se “ler” a realidade brasileira marcada por
exclusões e discriminações. Logo, fazer cumprir a lei assim dignificar a condição de ser negro
no país é medida que se impõe como urgente para que a cidadania possa ser real e não
ficcional.

Os textos que são apresentados na prova de língua portuguesa podem ser de vários tipos,
propósitos, formas:

textos técnico-
textos literários
científicos entrevistas texto verbo-visuais
prosa
- fragmentos de - tema geral - tema geral
verso ensaios, livros, artigos

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Textos literários: exploram linguagem conotativa e a função poética da linguagem, assim como
a ficcionalidade e a subjetividade; adotam a plurissignificação.

Exemplo:

(...)
Às vezes eu falo com a vida
Às vezes é ela quem diz
Qual a paz que eu não quero
Conservar para tentar ser feliz

As grades do condomínio
São para trazer proteção
Mas também trazem a dúvida
Se é você que está nessa prisão
Me abrace e me dê um beijo
Faça um filho comigo
Mas não me deixe sentar
Na poltrona no dia de domingo.
(...) O Rappa. Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero). In: Álbum Lado B Lado A. Warner Music
Group, 1999 (com adaptações).
Texto constante na prova para Delegado de Polícia. CESPE - 2018 - PC-SE

Textos técnico-científicos: expõem resultados de pesquisas, teses; apresentam pontos de vista


sobre os mais variados temas; são normalmente escritos por pesquisadoras, cientistas,
intelectuais; abordam algum conceito ou teoria, amparando-se em conhecimento científico; são
produzidos com uso de linguagem científica.

Exemplo:
As crianças de hoje estão crescendo numa nova realidade, na qual estão conectadas mais a
máquinas e menos a pessoas, de uma maneira que jamais aconteceu na história da humanidade.
A nova safra de nativos do mundo digital pode ser muito hábil nos teclados, mas encontra
dificuldades quando se trata de interpretar comportamentos alheios frente a frente, em tempo
real. Um estudante universitário observa a solidão e o isolamento que acompanham uma vida
reclusa ao mundo virtual de atualizações de status e “postagens de fotos do meu jantar”. Ele
lembra que seus colegas estão perdendo a habilidade de manter uma conversa, sem falar nas
discussões profundas, capazes de enriquecer os anos de universidade. E acrescenta: “Nenhum
aniversário, show, encontro ou festa pode ser desfrutado sem que você se distancie do que está
fazendo”, para que aqueles no seu mundo virtual saibam instantaneamente como está se
divertindo. De algumas maneiras, as intermináveis horas que os jovens passam olhando
fixamente para aparelhos eletrônicos podem ajudá-los a adquirir habilidades cognitivas
específicas. Mas há preocupações e questões sobre como essas mesmas horas podem levar a
déficits de habilidades emocionais, sociais e cognitivas essenciais. Adaptado de: GOLEMAN,

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Daniel. Foco: a atenção e seu papel fundamental para o sucesso. Trad. Cássia Zanon. Rio de
Janeiro, Objetiva, 2013, p. 29-30)
Texto constante na prova para Técnico do judiciário - FCC - 2017 – TER – SP

Ideia principal e ideias secundárias

Ideia principal Ideias secundárias


Associada ao ponto de - reforço da tese
vista do autor - informação
Apresentação da tese complementar

1.2. Compreensão e interpretação de texto de gêneros variados


As provas de concurso público normalmente exploram textos dissertativo- argumentativos,
que, ao defenderem determinado ponto de visa, podem servir-se de diferentes estratégias de
composição para fundamentar uma tese, entre as quais:
a) Comparação ou contraste
b) Exemplificação
c) Causas e/ou efeito
d) Testemunho de autoridade
e) Alusão histórica
f) Dados concretos

Exemplos:
Texto 1

O século XX, Era dos Extremos

O século XX deixou um legado inegável de questões e impasses. Para o grande historiador Eric
Hobsbawm, neste livro Era dos Extremos − o breve século XX − 1914-1991, esse século foi breve
e extremado: sua história e suas possibilidades edificaram-se sobre catástrofes,
incertezas e crises, decompondo o que fora construído no longo século XIX.
Hobsbawm divide a história do século XX em três “eras”. A primeira, “da catástrofe”, é marcada
pelas duas grandes guerras, pelas ondas de revolução global em que o sistema político e
econômico da URSS surgia como alternativa histórica para o capitalismo e pela virulência da
crise econômica de 1929. Também nesse período os fascismos e o descrédito das democracias
liberais surgem como proposta mundial.
A segunda “era” são os anos dourados das décadas de 1950 e 1960 que, em sua paz congelada,
viram a viabilização e a estabilização do capitalismo, responsável pela promoção de uma
extraordinária expansão econômica e profundas transformações sociais. Por fim, entre 1970 e
1991, dá-se o “desmoronamento” final, em que caem por terra os sistemas institucionais que

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previnem e limitam o barbarismo contemporâneo, dando lugar à brutalização da política e à


irresponsabilidade teórica da ortodoxia econômica, abrindo as portas para um futuro incerto.
(Adaptado da “orelha”, sem indicação autoral, do livro de Eric Hobsbawm acima referido, editado
em São Paulo pela Companhia das Letras, em 1995)
Texto constante em: FCC - 2020 - AL-AP - Analista Legislativo – Administrador

Texto 2

Um dos hábitos de Churcill era o de pintar telas a óleo como hobby, hábito que ele levou muito
a sério. Especialistas veem em seus quadros influências de Monet, Turner e Van Gogh. Para ele,
ainda que representasse diversão ou evasão da realidade, a arte era fundamental.
E como tinha língua afiada e pena precisa, ele mesmo escreveu a respeito de seu interesse
pelas artes plásticas: “A pintura é uma amiga que não faz exigências desmedidas, que não
incita a buscas exaustivas, que mantém marcha constante ainda que a passos lentos, e que
ergue sua tela como uma cortina entre nós e o olhar invejoso do tempo”.

(Fábio Altman. “Champanhe, vinho e pinceladas.” Veja, 17 de fevereiro de 2021. Adaptado)


VUNESP - 2021 - Prefeitura de Guarulhos - SP - Especialista em Saúde (Biologia)

Texto argumentativo
Não basta informar sobre o tema;
É preciso mostrar ponto de vista sobre o que solicitado, enfim, justificar ideias e proposições

Exemplo:

Texto 1
A voz das celebridades

A propósito dos modismos jornalísticos: na ânsia de surpreender o leitor, houve a voga de colher
opiniões de figuras públicas sobre assuntos que fugiam às suas especialidades. Botar o cirurgião
célebre, por exemplo, para falar de arte cinematográfica, ou o jogador de futebol para comentar
uma portaria do Banco Central. Quem vamos ouvir sobre este assunto? − perguntava-se nas
redações, em sôfrega procura pelo enfoque “original”. Logo se destacaram, no picadeiro
midiático, umas tantas figuras sempre prontas a deitar falação sobre o que quer que fosse. A tal
ponto que um dia, na revista em que trabalhava, resolveu-se juntar os falastrões numa só
matéria, onde se expusessem ao ridículo. O que se viu foi um economista palpitando sobre balé
e um bailarino a discursar sobre finanças. Deu a maior confusão, naturalmente. Mas a matéria
deixou exposto um modismo jornalístico inaceitável. (Adaptado de: WERNECK, Humberto. Esse
inferno vai acabar. Porto Alegre, Arquipélago Editorial, 2011, p. 102-103)
Texto constante na prova: FCC - 2018 - SEGEP-MA - Analista Executivo - Programador de
Sistemas

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Texto 2

Na década de cinquenta, cresceu a participação feminina no mercado de trabalho, especialmente


no setor de serviços de consumo coletivo, em escritórios, no comércio ou em serviços públicos.
Surgiram então mais oportunidades de emprego em profissões como as de enfermeira,
professora, funcionária burocrática, médica, assistente social, vendedora, as quais exigiam das
mulheres certa qualificação e, em contrapartida, tornavam-nas profissionais remuneradas. Essa
tendência demandou maior escolaridade feminina e provocou, sem dúvida, mudanças no status
social das mulheres. Entretanto, eram nítidos os preconceitos que cercavam o trabalho feminino
nessa época. Como as mulheres ainda eram vistas prioritariamente como donas de casa e mães,
a ideia da incompatibilidade entre casamento e vida profissional tinha grande força no imaginário
social. Um dos principais argumentos dos que viam com ressalvas o trabalho feminino era o de
que, trabalhando, a mulher deixaria de lado seus afazeres domésticos e suas atenções e
cuidados para com o marido: ameaças não só à organização doméstica como também à
estabilidade do matrimônio.
Carla Bassanezi. Mulheres dos anos dourados. In: História das mulheres no Brasil. 8. ed. São Paulo: Contexto, 2004
(com adaptações).

O texto argumentativo é caracterizado por elementos linguísticos, como operadores


argumentativos e indicadores de pressuposições, que atestam a existência de um ponto de vista
sobre um tema.

Veja:

Texto 1

O patrimônio histórico de uma nação registra informações sobre a cultura, o povo, a formação
do país e é a principal memória física a ser resguardada. Nesse sentido, em alguns países, existe
política pública capaz de fomentar a preservação de museus, bibliotecas e memoriais sob pena
de não se perder a história de uma sociedade inteira.

Texto 2

O patrimônio histórico de uma nação registra informações sobre a cultura, o povo, a formação
do país e certamente é a principal memória física a ser resguardada. Tal cuidado deve ser
prioritário porque a omissão em relação à preservação da história de um povo impede a
compreensão de sua formação, de suas possibilidades de desenvolvimento social e cultural e,
sobretudo, de construção de uma memória sobre a própria identidade e evolução da pátria.
Nesse sentido, é imperativo haver política pública capaz de fomentar a preservação de museus,
bibliotecas e memoriais sob pena de não se perder a história de uma sociedade inteira.

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ATENÇÃO PARA A DICA

Elementos essenciais a serem observados no texto argumentativo:


• Tese; estratégias argumentativas; elementos de coesão; marcadores de opinião;
estrutura do texto

Operadores argumentativos

Os operadores argumentativos podem ser compreendidos como expressões que marcam


a forma argumentativa do texto em cada uma das frases que o compõem. Aparecem na forma
de conjunções, advérbios e palavras denotativas (até, inclusive, também, afinal, então, é que,
aliás, etc.).

• Operadores que assinalam o argumento mais forte em uma escala, e que levam ao
sentido de conclusão: INCLUSIVE - ATÉ MESMO – ATÉ – MESMO – AO MENOS – PELO
MENOS – NO MÍNIMO

Exemplo:
Os entraves para a expansão da adoção de crianças e adolescentes no Brasil envolvem tanto
questões de ordem burocrática quanto culturais. Isso porque há muitos documentos e fases para
se concluir uma adoção no país e preconceitos contra perfil de crianças que tornam mais difícil
sua inserção em uma família nova. Nesse sentido, o poder público deve atuar de forma mais
efetiva para viabilizar a adoção e pode, até mesmo, avaliar a possibilidade de flexibilizar regras
para facilitar essa prática.

• Operadores que somam argumento, a favor de uma mesma conclusão: E – TAMBÉM


– NEM – TANTO... COMO – NÃO SÓ... MAS TAMBÉM – ALÉM DISSO

Exemplo:
Os entraves para a expansão da adoção de crianças e adolescentes no Brasil envolvem tanto
questões de ordem burocrática quanto culturais. Isso porque há muitos documentos e fases para
se concluir uma adoção no país e preconceitos contra perfil de crianças que tornam mais difícil
sua inserção em uma família nova, como a predileção por crianças pequenas e brancas. Além
disso, outro impeditivo é a existência de crianças com vários irmãos para adoção e a busca por
famílias que possam adotar todos para favorecer a manutenção de vínculos entre eles, o que
torna mais escasso o perfil dos habilitados a adotar.

• Operadores que introduzem uma conclusão relativamente a argumentos


apresentados em enunciados anteriores: PORTANTO – LOGO – POR
CONSEGUINTE – POIS – EM DECORRÊNCIA – CONSEQUENTEMENTE

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Exemplo:
Os entraves para a expansão da adoção de crianças e adolescentes no Brasil envolvem tanto
questões de ordem burocrática quanto culturais. Isso porque há muitos documentos e fases para
se concluir uma adoção no país e preconceitos contra perfil de crianças que tornam mais difícil
sua inserção em uma família nova. Por conseguinte, faz-se necessário instituir revisão da polícia
nacional de adoção a fim de favorecer que todo sujeito em desenvolvimento possa sair de abrigos
e ser acolhido em uma família nova.

• Operadores que introduzem argumentos alternativos que levam a conclusões


diferentes ou opostas: OU – OU ENTÃO – QUER...QUER – SEJA...SEJA

Exemplo:
Os entraves para a expansão da adoção de crianças e adolescentes no Brasil envolvem tanto
questões de ordem burocrática quanto culturais. Isso porque há muitos documentos e fases para
se concluir uma adoção no país e preconceitos contra perfil de crianças que tornam mais difícil
sua inserção em uma família nova. Por conseguinte, faz-se necessário instituir revisão da polícia
nacional de adoção a fim de favorecer que todo sujeito em desenvolvimento possa sair de abrigos
e ser acolhido em uma família nova. Ou então, as casas de passagem de menores continuarão
lotadas e as crianças e adolescentes, à espera de pai ou mãe afetivos.

• Operadores que estabelecem relação de comparação entre elementos, com vistas a


uma dada conclusão: MAIS QUE – MENOS QUE – TÃO...COMO

Exemplo:
Os entraves para a expansão da adoção de crianças e adolescentes no Brasil envolvem tanto
questões de ordem burocrática quanto culturais. Isso porque há muitos documentos e fases para
se concluir uma adoção no país e preconceitos contra perfil de crianças que tornam mais difícil
sua inserção em uma família nova. Mais do que rever as regras e o tempo do processo de
adoção, é preciso instituir uma cultura de conscientização para esse problema social a fim de
tornar a adoção não um tabu, mas, sim, uma prática desejada por muitas pessoas no país.

• Operadores que introduzem uma justificativa ou explicação relativamente ao


enunciado anterior: PORQUE – QUE – JÁ QUE – POIS

Exemplo:
Os entraves para a expansão da adoção de crianças e adolescentes no Brasil envolvem tanto
questões de ordem burocrática quanto culturais. Isso porque há muitos documentos e fases para
se concluir uma adoção no país e preconceitos contra perfil de crianças que tornam mais difícil
sua inserção em uma família nova.

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• Operadores que contrapõem argumentos orientados para conclusões contrárias:


MAS – PORÉM – CONTUDO – EMBORA – AINDA QUE – POSTO QUE – APESAR DE
QUE

Exemplo:
Os entraves para a expansão da adoção de crianças e adolescentes no Brasil envolvem tanto
questões de ordem burocrática quanto culturais. Isso porque há muitos documentos e fases para
se concluir uma adoção no país e preconceitos contra perfil de crianças que tornam mais difícil
sua inserção em uma família nova. Por conseguinte, faz-se necessário instituir revisão da polícia
nacional de adoção a fim de favorecer que todo sujeito em desenvolvimento possa sair de abrigos
e ser acolhido em uma família nova. No entanto, não se observam ações do poder público nesse
sentido, o que indica um futuro sombrio para crianças e adolescentes que vivem em casas de
passagem à espera de uma nova família.

• Operadores que tem por função introduzir no enunciado conteúdos pressupostos:


AINDA – JÁ – AGORA

Exemplo:
Os entraves para a expansão da adoção de crianças e adolescentes no Brasil envolvem tanto
questões de ordem burocrática quanto culturais. Isso porque há muitos documentos e fases para
se concluir uma adoção no país e preconceitos contra perfil de crianças que tornam mais difícil
sua inserção em uma família nova. Em função disso, o poder público agora propõe uma revisão
da polícia nacional de adoção a fim de favorecer que todo sujeito em desenvolvimento possa sair
de abrigos e ser acolhido em uma família nova, ação ainda em estudo, mas que pode ser útil
para favorecer que milhares de crianças e adolescentes tenham a chance de viver em uma
família.

Relevo argumentativo

• É conveniente destacar que ...


• Destaca-se que ...
• Ressalta-se que...
• Torna-se imprescindível esclarecer que ...
• Convém enaltecer o/a ...
• ..., principalmente, ...
• Sobretudo, ...

Modalizadores argumentativos
São elementos gramaticais ou lexicais que apontam determinadas atitudes e/ou posições
em relação a um conteúdo e/ou tema específicos abordados pelo autor em um texto
argumentativo.

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Há três tipos de modalizadores:

Epistêmicos Deônticos Afetivos


Indicam uma avaliação Indicam uma obrigação ou Indicam emoções do
sobre o valor de verdade permissão. sujeito em relação a suas
de uma proposição. Exemplos: é possível, é proposições.
Exemplos: Felizmente, obrigatório, Exemplos: felizmente,
infelizmente; talvez, é necessariamente, lamentavelmente,
certo, possivelmente etc. obrigatoriamente etc. sinceramente etc.

Veja exemplo de texto com e sem modalizador para avaliar a pertinência da observação a
modalizadores como marcadores de ponto de vista.

Sem modalizador Com modalizador

A adoção poderia ser ampliada no Brasil se Certamente, a adoção poderia ser ampliada no
houvesse diminuição de burocracia para fazê- Brasil se houvesse diminuição de burocracia
la. para fazê-la.

Quanto aos adjetivos e verbos, veja uma lista deles:

Verbos Adjetivos

• poder - possibilidade • óbvio, claro, certo, evidente -


• dever - obrigatoriedade epistêmicos de certeza
• provável, possível, impossível -
epistêmicos de eventualidade ou
incerteza

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Observe verbos que podem ser empregados na redação para indicar a exposição de seu
ponto de vista sobre os temas:
Sentido de contrariedade Sentido de concordância

• contrariar • concordar
• afrontar • ratificar
• refutar • aceitar
• opor • acatar
• infringir • admitir
• estorvar • corroborar
• obstar • consentir

A presença de adjetivos é fundamental para reconhecer o juízo de valor que o autor de


texto constrói em relação ao tema abordado.

Exemplos:
• Para diminuir o número de crianças obesas, algumas medidas são adequadas.
• É necessário adotar medidas para diminuição do número de crianças obesas.
• A realidade das celas em grande parte do sistema carcerário brasileiro é vexatória, pois
coloca os apenados em situação degradante e desumana.

Na composição de um texto argumentativo, o olhar deve se voltar para:


ELEMENTO LINGUÍSTICO DEFINIÇÃO

Pressupostos Ideias implícitas nos enunciados

Marcas de intenções Indícios de interesse do autor em persuadir o interlocutor

Modalizadores Evidenciam o ponto de vista assumido pelo falante e


assegurar o modo como ele elabora o discurso.
São marcados por advérbios, em especial os de modo
Operadores argumentativos Assinalam o argumento por meio de conjunções ou
locuções adverbiais que asseguram a relevância da
proposição

Adjetivação Os adjetivos expressam ponto de vista do autor,


julgamento e apreciação sobre o tema e contribuem
para gerar efeitos de sentido sobre o que se diz

Nas provas de concurso, é comum a abordagem dos seguintes tópicos sobre compreensão e
interpretação textual:

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1.3. Compreensão e interpretação de textos: linguagem e vocabulário

Os textos podem ser construídos com diferentes linguagens, entre as quais:

linguagem
palavra
verbal

linguagem não-
Texto imagem
verbal

linguagem palavra +
mista imagem

Exemplos:

Texto constante em: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia

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Texto constante na prova de língua portuguesa FGV - 2012 - PC-MA - Delegado de Polícia

Fonte: https://twitter.com/de_armandinho. Feliz Dia da Árvore

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Com base nesses exemplos de texto, pode-se apontar que:

linguagem verbal linguagem não-verbal linguagem mista

• Baseada no uso da • Baseada no uso de imagens, • Texto construído com


escrita ou da fala como figuras, desenhos, símbolos, as linguagens verbal e
meio de comunicação; dança, tom de voz, postura não verbal;
• Emprego da palavra; corporal, mímica, pintura, • Usada nos seguintes
• Usada nos seguintes música, escultura e gestos como objetos de interação:
gêneros textuais: texto meio de comunicação; Notícia de jornal (texto
opinativo (editorial), • Ausência de palavra; escrito e imagem,
poema, ata, ofício, • Usada nos seguintes objetos de fotografia), sites da
requerimento, etc. interação: Música instrumental, Internet, história em
dança, pintura, fotografia, quadrinhos, cinema,
escultura, sinalização de teatro, novela.
trânsito, semáforo, logotipos.

Vocabulário
• Sinônimos;
• Palavras pouco usuais;
• Vocabulário amplo.

Nível de linguagem

Níveis de
linguagem

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Língua formal Língua informal

• Registro formal; • É a variedade não-padrão.


• Contextos formais e solenes; • Emprega-se o vocabulário da língua
• Menor familiaridade entre interlocutores comum, não há rigidez na atenção às
normas gramaticais e o discurso
aproxima-se muito da oralidade.

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Exemplos:
Língua formal e culta

Manual de Redação da Presidência da República, 2018, p. 35.

Língua informal e coloquial

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Língua Portuguesa
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Outros níveis de linguagem


Linguagem regional
Linguagem regional: relaciona-se às variações ocorridas, principalmente na fala, nas mais
variadas comunidades linguísticas.

Exemplo:

Trezentas onças
João Simões Lopes Neto
- Eu tropeava, nesse tempo. Duma feita que viajava de escoteiro, com a guaiaca
empanzinada de onças de ouro, vim varar aqui neste mesmo passo, por me ficar mais perto da
estância da Coronilha, onde devia pousar.
Parece que foi ontem!... Era por fevereiro; eu vinha abombado da troteada.
- Olhe, ali, na restinga, à sombra daquela mesma reboleira de mato, que está nos vendo,
na beira do passo, desencilhei; e estendido nos pelegos, a cabeça no lombilho, com o chapéu
sobre os olhos, fiz uma sesteada morruda.

Despertando, ouvindo o ruído manso da água tão limpa e tão fresca rolando sobre o
pedregulho, tive ganas de me banhar; até para quebrar a lombeira… e fui-me à água que nem
capincho!
Debaixo da barranca havia um fundão onde mergulhei umas quantas vezes; e sempre puxei
umas braçadas, poucas, porque não tinha cancha para um bom nado.
E solito e no silêncio, tornei a vestir-me, encilhei o zaino e montei.
Daquela vereda andei como três léguas, chegando à estância cedo ainda, obra assim de
braça e meia de sol.
- Ah!…esqueci de dizer-lhe que andava comigo um cachorrinho brasino, um cusco mui
esperto e boa vigia. Era das crianças, mas às vezes dava-me para acompanhar-me, e depois de
sair a porteira, nem por nada fazia cara-volta, a não ser comigo. E nas viagens dormia sempre
ao meu lado, sobre a ponta da carona, na cabeceira dos arreios.
Por sinal que uma noite...
Mas isto é outra cousa; vamos ao caso.
Durante a troteada bem reparei que volta e meia o cusco parava-se na estrada e latia e
corria pra trás, e olhava-me, olhava-me, e latia de novo e troteava um pouco sobre o rastro; —
parecia que o bichinho estava me chamando!... Mas como eu ia, ele tornava a alcançar-me, para
dai a pouco recomeçar.
- Pois, amigo! Não lhe conto nada! Quando botei o pé em terra na ramada da estância, ao
tempo que dava as — boas-tardes! — ao dono da casa, agüentei um tirão seco no coração...
não senti na cintura o peso da guaiaca!
Tinha perdido trezentas onças de ouro que levava, para pagamento de gados que ia
levantar. (...)
João Simões Lopes Neto. Contos gauchescos. 1912.

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Linguagem literária
Linguagem literária: empregada nos textos literários, marcada por plurissignificação, polissemia,
exploração de figuras de linguagem e conotação.

Exemplo:

Amor é fogo que arde sem se ver,


é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;


é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;


é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor


nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor
(Camões)

Gíria
Gíria: estilo linguístico que está integrado à linguagem popular. Ela está relacionada ao cotidiano
de certos grupos sociais, em especial os estudantes, os esportistas e, também, os ladrões, por
exemplo. Utilizada como meio de expressão cotidiana, a gíria existe dentro de grupos para
diferenciá-los, pois só os inseridos naquele determinado contexto sabem o seu significado.

Linguagem técnica
Linguagem técnica: usada em textos técnicos, científicos, marcada por uso de vocabulário
específico de uma dada área.

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Exemplo:

Fonte: Manual de Redação da Presidência da República, 2018, p. 35.

Significação das palavras


• Importância do contexto para apreensão do significado das palavras;
• Importância do conhecimento prévio do leitor para decifração do sentido dos termos dos
textos:
o Conhecimento linguístico;
o Conhecimento extralinguístico.

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Denotação Conotação
é o significado estável de uma palavra, é um é constituída pelos elementos subjetivos que
elemento não subjetivo e analisável fora do variam de acordo com o contexto
contexto. comunicativo.

É chamada também de linguagem É chamada também de linguagem figurada.


referencial, literal.
“Se, entretanto, a significação de uma palavra
“Quando uma palavra é tomada no seu não é a mesma para mim e para você, leitor,
sentido usual, no sentido dito “próprio”, isto é, talvez não o seja também para todos os
não figurado, não metafórico, no sentido membros da coletividade de que ambos
“primeiro” que dela nos dão os dicionários, fazemos parte, e não o é por causa da
quando é empregada de tal como que interpretação que cada um de nós lhe possa
signifique a mesma coisa para mim e para dar, se a palavra não remete a um objeto do
você, leitor, como para todos os membros da mundo extralinguístico mas, sobretudo,
comunidade sócio-linguística de que ambos sugere, evoca, por associação, outra(s)
fazemos parte, então se diz que essa palavra ideia(s) de ordem abstrata, de natureza
tem sentido denotativo ou referencial, porque afetiva ou emocional, então se diz que seu
denota, remete ou se refere a um objeto do valor, seu sentido, é conotativo ou afetivo.”
mundo extralinguístico, objeto real ou (GARCIA, 2002, p. 179)
imaginário.” (GARCIA, 2002, p. 179)

Exemplos:

• A casa pegou fogo.


• Aquele policial é fogo.
• Um homem tomou um fogo na festa ontem.

Veja outros exemplos:

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Amor é fogo que arde sem se ver (Luís de Camões) Sentido conotativo
Sentido conotativo

“(…) Sentido conotativo


É de laço e de nó
De gibeira o jiló
Dessa vida, cumprida a sol (…)”
(Renato Teixeira. Romaria. Kuarup Discos. setembro de 1992.)
O amor é sentimento que une as pessoas. Sentido denotativo
A bateria do carro precisa ser substituída... O carro não liga mais... Sentido denotativo
O Sol é uma estrela em torno da Terra. Sentido denotativo

Para anotar/memorizar...

Denotação e conotação
Expressões similares:
• Sentido denotativo = sentido literal.
• Sentido conotativo = sentido figurado.

26
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1.4. Pressupostos e subentendidos


Informações explícitas versus informações implícitas
Informações expressas no Divididas normalmente em
texto, evidentes, pressupostos e
decodificadas subentendidos

Inferência

Conclusão ou indução formulada em decorrência de sua ligação com outras já


reconhecidas como verdadeiras.
Inferência é o processo de raciocínio segundo o qual se conclui alguma coisa a partir de
outra já conhecida.

É a captação de informação implícita.

Exemplos:
João ainda não corrigiu as provas.
Inferência: ele deverá corrigir

João sempre chega atrasado para reunião.


Inferência: ele descuida do horário.

Veja:

“O feriado de Páscoa foi menos violento este ano.” Conhecimento da


Inferência 1 – houve campanhas de esclarecimento à população; realidade brasileira e do
Inferência 2 – o maior policiamento nas ruas evitou a violência; contexto sociocultural-
Inferência 3 – o governo se empenhou mais na proteção ao cidadão econômico contribui
etc. para a formulação de
inferências

Pressuposto
Um pressuposto é uma ideia clara que pode ser presumida, que é possível supor.
É uma informação implícita.
É uma informação prévia, autorizada pelo texto, verdadeira, irrefutável.

É marcado por alguma expressão no enunciado, ou seja, há um marcador de


pressuposição.
Exemplos:
• Maria está cansada de ser médica.
• O carro de Pedro parou de dar problema.
• João não está mais namorando.

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• Até João foi à festa.


• Até João traiu o chefe.
• O professor continua estudando língua inglesa.

Atenção!
1) Os conteúdos veiculados em pressuposições correspondem, normalmente, a realidades
já conhecidas e admitidas pelo destinatário.
2) Informar o pressuposto é uma forma de explicitar o óbvio, o que está “dentro” do
enunciado.

Exemplo:
João parou de bater na mulher.
• Posto: João parou de bater na mulher
• Pressuposto: João batia na mulher.

Atenção!

Dominar pressuposto e inferência é fundamental para:


Atividades de leitura e interpretação;
Construção de raciocínio lógico e argumentativo;
Construção do pensamento crítico;
Capacidade de avaliação de informações e ideias.

EM SÍNTESE

Interpretação de texto

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1.5. Tipos textuais


No processo de análise global do texto, é importante sua organização discursiva para
interpretá-lo de forma mais adequada. Assim, é preciso saber o que é uma tipologia textual e o
que é um gênero textual. Em relação à tipologia textual, um texto pode ser narrativo, descritivo,
dissertativo, argumentativo, injuntivo, etc.
Texto narrativo
É “aquele que relata mudanças progressivas de estado que vão ocorrendo com as pessoas
e as coisas através do tempo.” (FIORIN; SAVIOLI, 2007, p. 289). Relata diversos acontecimentos
reais ou fictícios que formam a história que é contada. O texto narrativo tem os episódios e relatos
organizados de forma que fique estabelecida uma relação de anterioridade ou posterioridade
entre os episódios/acontecimentos.

Exemplo:

Mulher é atingida por bala perdida dentro de casa e morre


A vítima foi socorrida ao Hospital Estadual Alberto Torres, no Colubandê, em São Gonçalo; o tiro
atingiu o tórax, perfurando o pulmão, e a vítima teve falência múltipla dos órgãos
Daniela Amorim
13 DEZ 2020
12h24 atualizado às 12h33
RIO - Uma mulher morreu depois de ser atingida em casa por uma bala perdida na tarde deste
sábado, 12, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio. Eunice Veiga estava na cozinha
de sua casa, no Bairro da Amendoeira, quando foi atingida.
A vítima foi socorrida ao Hospital Estadual Alberto Torres, no Colubandê, também em São
Gonçalo. Eunice chegou a ser atendida pelos médicos da unidade, mas não resistiu aos
ferimentos. O tiro atingiu o tórax, perfurando o pulmão, e a vítima teve falência múltipla dos
órgãos,
segundo informações da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro.
Agentes do 7° Batalhão da Polícia Militar, de São Gonçalo, chegaram a ser acionados para
checar a ocorrência no hospital, porque Eunice deu entrada na unidade ferida por disparo de
arma de fogo. Policiais da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí realizaram
uma perícia na casa da vítima para determinar a origem do disparo.
Segundo a Polícia Civil, as investigações estão em andamento para localizar o autor do
tiro. Fonte: https://www.terra.com.br/noticias/brasil/cidades/mulher-e-atingida-por-bala-perdida-
dentro-de-casa-e-morre,d0239fa317f1643ff102fde185c3ee8f2t008isr.html Acesso em: 13 dez.
2020.

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Gêneros textuais que


exploram a narração:

notícia,
reportagem

romance, conto e
crônica;

poema, letra de
música;

petição,
depoimento etc.

Texto descritivo

É aquele texto que apresenta “as características de uma pessoa, de um objeto ou de uma
situação qualquer, inscritos em um certo momento estático do tempo” (FIORIN; SAVIOLI, 2007,
p. 297). Não apresenta, como o texto narrativo, uma mudança de estado de pessoas ou coisas.

Exemplo:
O que é Mediação?
A mediação é um processo voluntário que oferece àqueles que estão vivenciando uma situação
de conflito a oportunidade e o espaço adequados para conseguir buscar uma solução que atenda
a todos os envolvidos.
Na mediação as partes expor seu pensamento e terão uma oportunidade de solucionar questões
importantes de um modo cooperativo e construtivo. O objetivo da mediação é prestar assistência
na obtenção de acordos, que poderá construir um modelo de conduta para futuras relações, num
ambiente colaborativo em que as partes possam dialogar produtivamente sobre seus interesses
e necessidades.
Fonte: http://www.tjrj.jus.br/web/guest/institucional/mediacao/estrutura-administrativa/o-que-e-
mediacao . Acesso: 29 abr. 2020.

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Gêneros
que exploram a
descrição:

romance, conto
e crônica;

classificado

petição etc.

Texto dissertativo

É “o tipo de texto que analisa e interpreta dados da realidade por meio de conceitos
abstratos” (FIORIN; SAVIOLI, 2007, p. 298). Ao explorar conceitos abstratos, o texto dissertativo
referência o mundo real através de “conceitos amplos, de modelos genéricos, muitas vezes
abstraídos do tempo e do espaço” (FIORIN; SAVIOLI, 2007, p. 299). O texto dissertativo é
bastante frequente em discursos da ciência e da filosofia.

Exemplo:
Ócio: coligado à produção

O que dentro da Idade Contemporânea é visto, muitas das vezes, com olhos negativos,
como procrastinação e improdutividade, para filósofos gregos, como Aristóteles, o ócio era
entendido como o estado de um indivíduo livre da necessidade de trabalhar. Para eles, o trabalho
era muitas vezes visto como expressão da miséria humana, e por isso era desprezado pela elite,
deixando o ócio como um dado marcante na vida da elite grega.
“A perfeição do cidadão não qualifica o homem livre, mas só aquele que é isento das tarefas
necessárias das quais se incumbem servos, artesãos e trabalhadores não especializados; estes
últimos não serão cidadãos, se a constituição conceder os cargos públicos à virtude e ao mérito,
pois não se pode praticar a virtude levando-se uma vida de um trabalhador braçal.” Aristóteles.
Desse modo, a atividade dos homens livres era o ócio produtivo, que os permitia refletir
sobre a sociedade e o mundo, além de participarem da vida política, apresentando o ócio como
um trabalho intelectual necessário para a sociedade. Enquanto isso, como havia uma elite livre

31
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para não trabalhar, quem fazia o trabalho braçal eram os escravos, inferiores a qualquer outra
parcela da população dentro da hierarquia.
Atualmente, diante desta visão pejorativa em relação ao tempo ocioso, o que se nota é que
os indivíduos que se destacam em todos os âmbitos são aqueles que conseguem equacionar de
maneira inteligente a atividade profissional e o lazer, evitando, assim, uma sobrecarga mental.
Fonte: https://academiamedica.com.br/blog/ocio-coligada-da-producao . Acesso em: 28
maio 2020.

Gêneros textuais que


exploram a dissertação:

artigo científico;
reportagem;

resumo, resenha
etc.

Importante saber!

32
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Texto argumentativo
É o tipo de texto que tem como propósito central, com base em uma discussão com
apresentação de argumentos, formar opinião, objetivando que o outro acredite na tese defendida.
É focado na persuasão do leitor sobre o ponto de vista do autor a respeito do assunto tratado e
embasado na defesa de uma tese fundamentada em argumentos.

Exemplo:
O erro da Oxfam
Os controles sobre a conduta ética dos funcionários falharam

Há condutas que sempre são reprováveis, mas são ainda mais quando ocorrem no seio de
uma organização que tem como fundamento de sua existência os valores e princípios éticos. É
totalmente inaceitável que membros da Oxfam contratassem prostitutas e organizassem orgias
em 2011 enquanto estavam em missão humanitária no Haiti depois do terrível terremoto que
assolou a ilha. O fato é especialmente grave quando se leva em conta que o responsável pela
missão já havia tido uma conduta semelhante no Chade em 2006. A repetição indica que, pelo
menos nesse momento, os controles internos sobre a conduta ética do pessoal eram frágeis ou
inexistentes.
A organização expressa agora sua “tristeza, indignação e vergonha”, e é bom que entoe
um mea culpa sincero. E também que em consequência do escândalo tenham apresentado sua
demissão altos dirigentes da entidade. Mas o mais importante é garantir que algo assim nunca
mais se repita. Embora esteja claro que a conduta reprovável é imputável a uma ínfima parte de
seus 10.000 trabalhadores, tem consequências devastadoras para todo o setor das ONG. Fatos
como esse não só afetam o prestígio de uma organização humanitária que opera em 90 países,
tem mais de 2.000 programas em curso e conta com milhões de voluntários; também causam
um dano direto irreparável aos milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade que podem
beneficiar-se da solidariedade internacional por intermédio desse tipo de organização.
Temos de aplaudir a determinação da Oxfam de recuperar a confiança dos cidadãos e
celebrar seu anúncio de que aplicará medidas de controle interno rigorosas e eficazes para evitar
que fatos tão graves se repitam. Isso vai requerer um grande esforço e muita transparência. Não
há outro caminho para recuperar a credibilidade de uma organização que, como as demais
ONGs, é e continuará sendo muito necessária.
Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/14/opinion/1518635280_270833.html Acesso: 20
fev. 2018.

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Gêneros textuais que


exploram a
argumentação:

artigo de opinião,
editorial, carta ao
leitor;

petição, discurso
político, sermão
etc.

Texto injuntivo

É o tipo de texto que está focado na explicação para realização de uma ação, como a de
fazer um bolo, administrar um remédio ou instalar um equipamento doméstico. É o texto que
apresenta o método para realizar algo, é, portanto, um texto para instruir.

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Exemplos:

Fonte: https://www.lg.com/br/products/documents/MFL59166617_BBTV_SERIES_REV00.pdf

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Brigadeiro
INGREDIENTES

• 1 caixa de leite condensado


• 1 colher (sopa) de margarina sem sal
• 7 colheres (sopa) de achocolatado ou 4 colheres (sopa) de chocolate em pó
• chocolate granulado

MODO DE PREPARO
Em uma panela funda, acrescente o leite condensado, a margarina e o chocolate em pó. Cozinhe
em fogo médio e mexa até que o brigadeiro comece a desgrudar da panela.
Deixe esfriar e faça pequenas bolas com a mão passando a massa no chocolate granulado.
Fonte: https://www.tudogostoso.com.br/receita/114-brigadeiro.html. Acesso em: 28 maio 2020.

que exploram a
injunção:

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Texto preditivo
Texto que tem a função de indicar uma previsão, dar uma informação sobre o futuro, de
forma a antecipar os eventos que, segundo o enunciador, deverão ocorrer.
Traços:
verbos de ação;
modos e tempos verbais: futuro do indicativo e imperativo; exploração do verbo no tempo futuro;
forma de tratamento “você”, dado que o destinatário é o leitor e geral Exemplo:

Fonte: https://horoscopo.gshow.globo.com/signos/touro?utm_source=globo.com&utm_medium=
widget&utm_campaign=horoscopo.

Profecia de Nostradamus

Uma nova seita de filósofos,


Que desprezam a morte, o ouro, as honras e as riquezas, Nascerá nas fronteiras da Alemanha,
E os que a seguirem terão apoio e audiência.
(III, 67)

O primeiro do III* fará pior do que Nero.


Ele será também valente para derramar o sangue humano. Ele fará construir fornos.
A prosperidade terá fim e esse novo chefe será a causa de grandes escândalos.
*A Alemanha nazista era chamada de 3° Reich.
(IV, 17)

O novo Nero fará jogar nos três fornos os jovens, para queimá-los vivos. Feliz aquele que estiver
longe desses atos.
Três do seu sangue o vigiarão para fazê-lo perecer.
(IX, 53)
Fonte: https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/horoscopo/profecias-nostradamus/

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Texto prescritivo
Texto que tem a função de prescrever algo, de indicar o que deve ser seguido à risca.
Indica uma ação obrigatória, sobre à qual se deve obediência.

Exemplo:
DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO
Publicado em: 30/10/2019 | Edição: 210 | Seção: 1 | Página: 166
Órgão: Entidades de Fiscalização do Exercício das Profissões Liberais/Conselho Regional de
Educação Física da 11ª Região

PORTARIA Nº 172, DE 21 DE OUTUBRO DO 2019

Dispõe sobre a utilização dos veículos oficiais de


propriedade do Conselho Regional de Educação
Física da 11ª Região - CREF11/MS

O PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA 11ª REGIÃO,


no uso de suas atribuições legais e estatutárias;
Considerando a existência da frota de veículos automotivos para fins específicos de
condução dos servidores/condutores, dos membros eleitos do CREF11/MS e para eventos
esporádicos previamente autorizados pelo Presidente do CREF11/MS ou por quem este
designar,
Considerando a atribuição estatutária da Diretoria do CREF11/MS de zelar pela integridade
do patrimônio do Conselho;
Considerando o disposto nos incisos V e X, do art. 40 do Estatuto do CREF11/MS;
Considerando a necessidade de se estabelecer um procedimento padronizado a ser
adotado pelos empregados do CREF11/MS em casos de sinistros envolvendo a frota de veículos
deste Conselho, para fins de evitar prejuízos ao patrimônio deste;
Considerando a implantação de sistema de gestão de combustível; Considerando a
deliberação ocorrida na 80ª Reunião Plenária;, resolve:
CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º. Para efeito deste Ato, consideram-se: I - veículos automotores oficiais: os de
propriedade do CREF11/MS utilizados pelos integrantes da equipe de fiscalização e das
unidades administrativas, no desempenho das atividades; II - frota: o conjunto de veículos
necessários aos serviços do CREF11/MS; III - usuário: o integrante ou pessoa, devidamente
autorizada, pela Diretoria que deva utilizar veículo oficial para deslocamento, quando em
execução de serviço público e em razão do seu exercício; IV - condutor: o servidor que tenha por
autorização específica dirigir veículo oficial.
(...)
CAPÍTULO V DA GUARDA DOS VEÍCULOS
Art. 13. Os veículos oficiais serão recolhidos diariamente nas respectivas garagens, sob
pena de responsabilidade. § 1º.Em casos excepcionais e devidamente motivados, a Diretoria

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Executiva poderá autorizar, por escrito, a guarda do veículo em outras garagens.§ 3º. O
recolhimento dos veículos de representação far-se-á após a sua liberação pelas autoridades
usuárias.§ 4º. O recolhimento dos veículos de serviço será feito após o atendimento à última
requisição do dia. § 5º. O veículo recolhido à garagem não poderá ser retirado sem ordem da
autoridade usuária ou sem a competente requisição.
Art. 14. É proibida a guarda de veículos oficiais em garagem residencial, ressalvados os
casos em que a garagem oficial ficar situada a grande distância da residência de quem conduzirá
o veículo nas viagens realizadas fora do horário de expediente, cuja autorização deverá ser
previamente concedida pelo chefe imediato ou Diretora Executiva.
CAPÍTULO VI DA UTILIZAÇÃO E CONDUÇÃO
Art. 15. Os veículos oficiais deverão ser utilizados, exclusivamente, em serviço, nos dias
úteis, das sete horas e trinta minutos às dezoito horas. § 1°. É expressamente vedada a
circulação de veículos de serviço em dias não úteis ou fora do horário de expediente, exceto se
a serviço. § 2°. Fora dos horários autorizados, os veículos permanecerão, obrigatoriamente, nas
respectivas garagens ou locais autorizados, sob pena de responsabilidade. § 3°. Em casos
excepcionais, comprovada a necessidade do serviço, o chefe imediato ou a Diretora Executiva
poderá autorizar o uso de veículo fora do horário fixado no caput, cabendo ao usuário e ao
condutor a responsabilidade pelo excesso verificado. § 4°. O uso de veículo de departamento
diverso do condutor, bem como o deslocamento do veículo para fora da comarca deverá ser
precedido de autorização do responsável pelo veículo ou pelo chefe imediato ou pela Diretora
Executiva.
Art. 16. É proibida a utilização de veículos oficiais: I - para transporte a casas de diversões,
supermercados, estabelecimentos comerciais e de ensino, exceto quando em objeto de serviço;
II - em excursões ou passeios; III - no transporte de familiares de usuários; IV - no oferecimento
de "carona", mesmo não havendo desvio de rota; V - nas viagens de caráter pessoal para
deslocamento de usuários; VI - para buscar ou levar usuários em suas residências, em
diligências dentro da região metropolitana, salvo se previamente autorizado pelo Chefe imediato
ou Diretora Executiva.
Fonte: https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-172-de-21-de-outubro-do-2019-224421488

Gêneros textuais que exploram a


tipologia prescritiva:

leis

edital

portaria e despachos etc.

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ATENÇÃO

Fiorin e Savioli (2007) destacam que não existe uma pureza na tipologia textual em uma
produção discursiva, já que um mesmo texto pode apresentar narração, descrição,
dissertação e argumentação:
É bem verdade que, na maioria das vezes, não encontramos um texto em estado puro, já
que o descritivo, o narrativo e o dissertativo podem interpolar-se num único texto. (FIORIN;
SAVIOLI, 2007, p. 289)

Para diferenciar tipo de gênero textual, observe as anotações do quadro a seguir:

Tipo textual Gênero textual


Sequências linguísticas determinadas pela Sequências linguísticas e formais determinadas
linguagem. pela intenção comunicativa.
Conjunto limitado de categorias teóricas Conjunto aberto e praticamente ilimitado de
marcadas por traços lexicais, sintáticos, expressões concretas determinadas pelo canal,
relações lógicas, tempo verbal. estilo, conteúdo, composição e função
comunicativa.
Designações teóricas dos tipos: narração, Exemplos: telefonema, sermão, carta comercial,
argumentação, descrição, injunção e carta pessoal, oficio, memorando, aviso, romance,
exposição/dissertação. bilhete, aula expositiva, reunião de condomínio,
horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista
de compras, cardápio, instruções de uso, outdoor,
inquérito policial, resenha, edital de concurso,
piada, conversação espontânea, conferência,
mensagem eletrônica, bate-papo virtual

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EM SÍNTESE

Tipos textuais

Identificação Apreensão de Associação entre


Traços do tipo
tipologia tipologia em tipologia e
textual
predominante parte do texto gênero textual

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1.6. Reconhecimento de gêneros textuais


No estudo dos gêneros textuais, é importante diferenciar gênero de tipo textual.

Tipo textual Gênero textual

• Estrutura do texto; • Uso das estruturas para finalidades


• Macroestrutura do texto específicas;
• Uso cotidiano do texto (função social);
• Microestrutura do texto

Veja um exemplo da diferença com a alusão a textos:


* Para todos verem: esquema

Os gêneros textuais são classificados de acordo com:


(A) objetivo
(B) linguagem
(C) conteúdo
Moldam-se em estruturas relativamente estáveis.

42
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Gêneros textuais: esfera jornalística

Piada/anedota
Trata-se de um texto narrativo simples em que geralmente há presença de enredo,
personagens, tempo, espaço.
É um texto popular que vai sendo contado em ambientes informais.
Geralmente não possui um autor.

Exemplo:
“O garoto apanhou da vizinha, e a mãe furiosa foi tomar satisfação: Por que a senhora bateu no
meu filho? Ele foi mal-educado, e me chamou de gorda. E a senhora acha que vai emagrecer
batendo nele?”
Fonte: https://www.todamateria.com.br/genero-textual-anedota/. Acesso em: 25 fev. 2019.

Receita culinária
Texto em que se explica, de forma objetiva e com passo a passo, como é o preparo de
receitas culinárias, como doces, bolos, pães, tortas, biscoitos, pratos salgados (lasanha, pizza,
macarrão ao pesto, etc)

Fonte: https://www.comidaereceitas.com.br/saladas/salada-tropical.html

Editorial
O texto editorial é um tipo de texto jornalístico que geralmente aparece no início das
colunas. Diferente dos outros textos que compõem um jornal, de caráter informativo, os editoriais
são textos opinativos.
Embora sejam textos de caráter subjetivo, eles podem apresentar certa objetividade. Isso
porque são os editoriais que apresentam os assuntos que serão abordados em cada seção do
jornal, ou seja, Política, Economia, Cultura, Esporte, Turismo, País, Cidade, Classificados, entre
outros.

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Exemplo:

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Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2020/03/telemedicina-ja.shtml. Acesso em: 19 mar.


2020.

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Artigo de opinião
É um tipo de texto dissertativo-argumentativo onde o autor tem a finalidade de apresentar
determinado tema e seu ponto de vista.
É um gênero discursivo no qual se busca convencer o outro sobre determinada ideia,
influenciando-o e transformando seus valores por meio da argumentação a favor de uma posição,
e de refutação de possíveis opiniões divergentes.

Exemplo:

Texto constante na prova de língua portuguesa para cargo de Administrativo Financeiro – 2015
– SERCOMTEL – CONSULPAM

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Notícia
Texto informativo sobre um tema atual ou algum acontecimento real, sem indicar a opinião
do redator da notícia sobre o fato relatado.
Busca informar leitores e espectadores sobre temas atuais, buscando a objetividade e a
clareza na comunicação de informações.

Exemplo:
PRF em Minas Gerais apreende mais de 1 tonelada de cocaína
A apreensão ocorreu durante procedimento de fiscalização na altura do quilômetro 637, da
Rodovia Fernão Dias (BR 381)
Polícia Rodoviária Federal (PRF) realizou sua maior apreensão de cocaína deste ano. Mais de
1 tonelada da droga foi encontrada dentro de uma carreta estacionada no pátio de um posto de
combustível, na altura do quilômetro 637, da Rodovia Fernão Dias (BR 381), em Santo Antônio
do Amparo, em Minas Gerais, nessa segunda-feira (16).
A apreensão ocorreu durante procedimento de fiscalização, depois que os policiais rodoviários
desconfiaram de dois veículos com placas de Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, que
faziam pernoite no local. Ao fazerem a abordagem dos condutores, os agentes perceberam
várias contradições nas informações repassadas, como o motivo do automóvel estar fazendo a
viagem junto com a carreta.
Ao vistoriarem o carro e a carreta, que transportava luvas para procedimentos cirúrgicos, os
policiais rodoviários localizaram no baú da carreta cerca de 1.120 tabletes de cocaína escondidos
dentro de 34 bolsas de viagem, com peso total de aproximadamente 1.120 kg da droga.
Após a identificação da droga os dois motoristas foram detidos e confessaram estar juntos
porque o automóvel fazia a escolta da carreta com intuito de informar sobre possíveis ações
policiais no decorrer da viagem, que saiu do interior de Santa Catarina e iria para a Itabuna, na
Bahia.
A cocaína foi apreendida e os dois motoristas detidos e encaminhados para a Polícia Federal em
Belo Horizonte.
Com informações da Agência Brasil
Fonte: https://www.noticiasaominuto.com.br/justica/1339040/prf-em-minas-gerais- apreende-
mais-de-1-tonelada-de-cocaina . Acesso: 5 abr.2019.

Cartaz publicitário
O objetivo do cartaz é estabelecer uma interação com o receptor da mensagem, é
comunicar algo a alguém, que pode ser simplesmente uma informação acerca de um evento -
nesse caso é utilizada a função informativa.
Objetiva convencer alguém, persuadir o receptor a adquirir um produto, por exemplo. Nesse
caso, é utilizada a função apelativa, muito comum na linguagem publicitária.

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Exemplos:

Fonte: http://files.cantinhoevt.webnode.pt/200000115-360e836582/cartaz_loga_p.jpg Acesso


em: 19 mar. 2020.

http://www.ccms.saude.gov.br/revolta/images/cartazes/Cartaz-VacinacaoG.jpg Acesso em: 19


mar. 2020.

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Crônica
É uma narrativa que explora fatos do cotidiano para, a partir deles, imprimi uma reflexão
crítica, uma sátira ou uma visão irônica. Publicada especialmente em jornais e revistas, é um
texto breve, com linguagem simples e próxima da oralidade.
Exemplos:
Contra a pirataria
Moacyr Scliar
Dupla assalta joalheria e escolhe marcas de relógio para levar. Um dos ladrões abordou uma
vendedora de uma joalheria que inspecionava a vitrine; o assaltante levantou sua blusa,
mostrando uma arma à vendedora. Dentro da loja, outras vendedoras foram rendidas e obrigadas
a recolher relógios das marcas Breitling, Omega e Mont Blanc da vitrine.
Os dois assaltantes, um alto e robusto, outro baixo e magrinho, eram experientes e organizados.
Sabiam exatamente as marcas de relógio que queriam; coisa fina, nada de despertadores
baratos. Examinavam cada relógio que era trazido da vitrine pelas vendedoras, antes de colocá-
los numa valise. Lá pelas tantas surgiu um problema. Olhando um caríssimo relógio Breitling, o
alto e robusto, que aparentemente era o chefe, teve uma súbita suspeição:
Acho que este aqui é falso.
Mostrou ao colega, que ficou em dúvida: podia ser falso ou não. Na dúvida chamaram a
vendedora-chefe. Que ficou indignada:
Falso, em nossa relojoaria? A loja mais famosa da cidade? Uma loja que está há 30 anos no
ramo, que tem clientes famosos? Ora, façam-me o favor, amigos. Assalto, sim; ofensa, não.
Levem tudo, mas nos respeitem.
Os assaltantes não se deixaram impressionar pela retórica. Afinal, como disse o baixinho, a
pirataria campeava. Se CDs eram pirateados, por que não relógios, mercadoria mais valiosa e
cobiçada? Queriam provas de que o Breitling era verdadeiro. A vendedora-chefe pediu licença,
foi até o escritório e voltou com um documento escrito em inglês. - O que é isto, perguntou o alto.
É um certificado de autenticidade. Acompanha o relógio.
Os dois miraram o papel com desconfiança. Não sabiam inglês; além disso, quem lhes garantia
que o certificado de autenticidade era autêntico, e não uma falsificação? Resolveram convocar
o dono da relojoaria para esclarecer a questão.
A vendedora-chefe resistiu o quanto pôde, mas, com um revólver encostado no crânio, não teve
outro jeito: ligou para o dono, que aliás morava ali perto, pediu que viesse para atender "dois
clientes muito importantes". Vinte minutos depois o homem chegava, esbaforido. Apesar da
visível perturbação das vendedoras, não desconfiou de nada, mesmo porque os assaltantes,
bem vestidos, e com as armas agora ocultas, pareciam mesmo clientes, e clientes muito cordiais.
Eu tenho este relógio Breitling -disse o alto- que estou pretendendo trocar. Queria sua valiosa
opinião: é falso ou verdadeiro?
Para o dono da loja, um veterano no ramo, bastou um olhar: é falso, proclamou. E aí mostrou o
relógio que tinha no pulso:
Este, sim, é verdadeiro.
Escusado dizer que os assaltantes levaram o Breitling verdadeiro. E o fizeram com absoluta
tranqüilidade. Deve-se confiar na palavra de quem entende do assunto.
Folha de São Paulo (São Paulo) 24/10/2005.
Disponível em: http://www.academia.org.br/artigos/contra-pirataria. Acesso em 28 maio 2020.

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Artigo de divulgação científica


Texto de caráter expositivo e argumentativo que reproduz resultados de pesquisas
científicas com o objetivo de “popularizar a ciência”.

Meme
É um gênero textual, na forma de vídeo, imagem, frase, ideia, música e etc, que se espalha
rapidamente na internet, alcançando muita popularidade. Meme é também uma forma de
imitação. Normalmente, explora humor e sátira.
Exemplo:

Charge
É uma ilustração humorística, muitas vezes marcada por caricatura de um ou mais
personagens, feita com o objetivo de satirizar algum acontecimento da atualidade. É texto com
viés crítico.

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Fonte: http://clicfolha.com.br/charge/1093/manchas-de-petroleo-no-nordeste-podem-ser-da-
venezuela---cazo-2019

Tira
É um gênero textual apresentado em três ou quatro quadrinhos, normalmente mesclando
linguagem verbal e visual para abordar temas gerais. Normalmente, há recorrência de
personagens nas tiras. O tema pode ter tom humorístico, social ou político, metafísicas, ou até
erótico.

Exemplo:

Gêneros textuais: esfera acadêmica

Gêneros que circulam na esfera acadêmica:


• Entrevista
• Editorial
• Artigo científico
• Resumo
• Resenha
• Ensaio

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Resumo
O resumo é um tipo de trabalho científico que apresenta a síntese de um livro, de uma
coleção, de um artigo, de um filme, de uma pesquisa, etc e que exige seleção de ideias e
concisão.
O resumo é um texto em que são dispostos e apresentados os pontos essenciais, ideias ou
fatos principais que foram desenvolvidos no decorrer de outro texto – o que é objeto de resumo.

Fonte: www.revistas.usp.br/cpst/article/download. Acesso em: 29 abr. 2020;

Artigo científico
• Resultado de pesquisa científica;
• Publicação em Anais, Acta ou Revista científica;
• Linguagem impessoal;
• Análise e discussão e dados;
• Referencial teórico;
• Partes: resumo, introdução, desenvolvimento, conclusão e referências.

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Exemplo:

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Resenha
Comumente solicitada por professores em disciplinas de cursos de graduação e pós-
graduação, a resenha tem sido utilizada como meio de estimular os estudantes à leitura e à
capacidade de entendimento, síntese e crítica.

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Fonte: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/direitopub/article/view/36567/26696. Acesso em:


29 abr. 2020.

Verbete
Texto de caráter informativo, registrado pela escrita, para explicar conceito, significado de
termo.
Exemplo:

Fonte: https://www.dicio.com.br/empoderamento/ Acesso em: 29 abr. 2020.

Conto
É narrativa literária breve e concisa, contendo um só conflito, uma única ação (com espaço
ger. limitado a um ambiente), unidade de tempo, e número restrito de personagens.
Exemplo:
Feliz aniversário
A família foi pouco a pouco chegando. Os que vieram de Olaria estavam muito bem vestidos
porque a visita significava ao mesmo tempo um passeio a Copacabana. A nora de Olaria
apareceu de azul-marinho, com enfeite de paetês e um drapeado disfarçando a barriga sem
cinta. O marido não veio por razões óbvias: não queria ver os irmãos. Mas mandara sua mulher
para que nem todos os laços fossem cortados — e esta vinha com o seu melhor vestido para
mostrar que não precisava de nenhum deles, acompanhada dos três filhos: duas meninas já de
peito nascendo, infantilizadas em babados cor-de-rosa e anáguas engomadas, e o menino
acovardado pelo terno novo e pela gravata.Tendo Zilda — a filha com quem a aniversariante
morava — disposto cadeiras unidas ao longo das paredes, como numa festa em que se vai
dançar, a nora de Olaria, depois de cumprimentar com cara fechada aos de casa, aboletou-se
numa das cadeiras e emudeceu, a boca em bico, mantendo sua posição de ultrajada. “Vim para
não deixar de vir”, dissera ela a Zilda, e em seguida sentara-se ofendida. As duas mocinhas de
cor-de-rosa e o menino, amarelos e de cabelo penteado, não sabiam bem que atitude tomar e
ficaram de pé ao lado da mãe, impressionados com seu vestido azul-marinho e com os paetês.
(...)

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— Oitenta e nove anos, sim senhor! disse José, filho mais velho agora que Jonga tinha
morrido. — Oitenta e nove anos, sim senhora! disse esfregando as mãos em admiração pública
e como sinal imperceptível para todos.
Todos se interromperam atentos e olharam a aniversariante de um modo mais oficial.
Alguns abanaram a cabeça em admiração como a um recorde. Cada ano vencido pela
aniversariante era uma vaga etapa da família toda. Sim senhor! disseram alguns sorrindo
timidamente.
(...)
Enquanto isso, lá em cima, sobre escadas e contingências, estava a aniversariante sentada
à cabeceira da mesa, erecta, definitiva, maior do que ela mesma. Será que hoje não vai ter jantar,
meditava ela. A morte era o seu mistério.
LISPECTOR, Clarice. Laços de Família. Rio de Janeiro: Rocco, 1960.

Carta
É um tipo de correspondência que pode ter linguagem variada, de acordo com a
relação entre emissões e receptor.
Assunto é amplo e também variado.
Exemplo:

Discurso
• Exposição metódica sobre algum assunto.
• Deve-se observar se se trata de:
o uma informação; ou
o uma resposta.
o Deve-se observar:
• a quem se dirige (há jornais e revistas para grupos sociais diferentes, por
exemplo).

Exemplo:

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“Como presidente dos Estados Unidos, eu fiz um apelo ao nosso Congresso para derrubar
o embargo. É um fardo antiquado para o povo cubano. É um fardo para os americanos que
querem trabalhar e fazer negócios ou investir aqui em Cuba. Chegou a hora de derrubar o
embargo.
Deixei claro que os Estados Unidos não têm nem a capacidade, nem a intenção de impor
mudanças em Cuba. O que vai mudar vai depender do povo cubano. Não vamos impor nosso
sistema político e econômico em vocês. (...) Mas tendo removido a sombra da história da nossa
relação, devo falar honestamente sobre as coisas em que eu acredito – as coisas em que nós,
americanos, acreditamos. (...) Eu acredito que todo ser humano deve ser igual perante a lei. Que
toda criança merece a dignidade que vem da educação, e cuidados de saúde e comida na mesa
e teto sobre suas cabeças. Acredito que os cidadãos devem ser livres para falar o que pensam
sem medo – para se organizar, e para criticar seu governo, e para protestar pacificamente, e isso
não deve incluir detenções arbitrárias de pessoas que exercem seus direitos. Eu acredito que
todo ser humano deve ter a liberdade de praticar sua fé pacificamente e publicamente. E sim, eu
acredito que os eleitores devem ter o direito de escolher seus governos em votações livres e
democráticas.”
A história dos Estados Unidos e de Cuba abrange revolução e conflito; luta e sacrifício;
retribuição e, agora, reconciliação. É hora, agora, de deixarmos o passado para trás. É hora de
olharmos para o futuro juntos – um futuro de esperança. E não será fácil, e haverá contratempos.
Levará tempo. Mas meu tempo aqui em Cuba renova minha esperança e minha confiança no
que o povo cubano vai fazer. Podemos percorrer esse caminho como amigos, e como vizinhos,
e como uma família – juntos. ‘Si se puede’.
Visita a Cuba (22 de março de 2016) - Barack Obama
Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/veja-8-discursos-historicos-de-obama-e-um-de-michelle.ghtml. Acesso
em: 19 mar. 2020.

EM SÍNTESE

Gêneros textuais

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Questões

Identificação de
Identificação de Identificação da Verificação dos marcas
tipologia textual tese do texto argumentos linguísticas de
argumentação

QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES – NÍVEL MÉDIO


Leia o texto a seguir para responder às questões 1 e 2.

Óculos com luz e joia no rosto são novas armas contra reconhecimento facial
Letícia Naísa

A indústria fashion começa a oferecer produtos para quem não quer ser reconhecido por câmeras
de vigilância. Podem ser óculos que emitem luz, joias que confundem o scanner facial ou
máscaras que distorcem as feições. A rápida expansão da tecnologia de reconhecimento inspirou
a artista polonesa Ewa Nowak a criar máscaras para driblar as autoridades. Feitas de metal, as
joias prometem embaralhar os algoritmos e impedir que os rostos sejam reconhecidos por
câmeras.
O projeto foi chamado de "Incognito" e consiste em um tipo de óculos que cobre parte da testa e
das maçãs do rosto. "Este projeto foi precedido por um estudo de longo prazo sobre forma,
tamanho e localização dos elementos da máscara para que ela realmente cumprisse sua tarefa",
escreve Nowak em sua página. Segundo ela, a máscara foi testada no algoritmo DeepFace, do
Facebook, e passou na prova: seu rosto não foi reconhecido.
Ainda há muito debate e muita pesquisa em torno da eficiência da tecnologia de reconhecimento
facial, especialmente com os falsos positivos: a câmera diz que uma pessoa é, na verdade, outra.
Especialistas apontam que ainda há muitas falhas em reconhecer rostos fora do padrão de
homens brancos. "Se a gente aplica essas tecnologias de maneira errônea e ela indica que o
meu rosto é de uma pessoa suspeita, a tendência é que oficiais deem crédito ao equívoco, e
abre-se margem a abuso policial, porque tem indício de que você é uma pessoa suspeita e aí
pode-se inverter o princípio da inocência, que é fundamental", afirma Joana Varon, diretora
executiva da Coding Rights, organização de defesa dos direitos humanos na internet.
A preocupação com o reconhecimento facial tem crescido nos últimos anos, visto que a
tecnologia tem sido usada para fins de segurança pública e privada e de marketing. No Brasil, a
novidade já chegou. Durante o carnaval deste ano, um homem foi preso depois de ser
reconhecido por uma câmera, e a ViaQuatro do metrô paulista foi impedida de usar o
reconhecimento facial. O debate sobre a regulamentação da tecnologia está previsto na Lei Geral
de Proteção de Dados, que entrará em vigor em agosto de 2020.
Para Pollyana Ferrari, professora da PUC-SP e pesquisadora de mídias sociais, é preciso que
os governos regulamentem o uso de nossas "pegadas digitais", sejam likes, compras, navegação

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ou biometria. "Os riscos da tecnologia são os usos não declarados; na maior parte das vezes,
não sabemos o que será feito da nossa biometria", diz. "Cada vez a driblamos menos", afirma.
Quanto à eficiência do Incognito, as especialistas ainda são céticas, mas Varon reconhece que
há uma tendência na tentativa de hackear o sistema de vigilância da tecnologia de
reconhecimento facial. O próprio "Incognito" foi inspirado em um projeto japonês que criou óculos
com luzes que impedem a tecnologia de reconhecer rostos. Em Hong Kong, durante a onda de
protestos na China, os jovens usaram máscaras, lenços e lasers para enganar as câmeras.
Para Varon, a via legislativa e moratórias para uso da tecnologia são vias eficientes. Nos Estados
Unidos, algumas cidades já baniram o uso de reconhecimento facial na segurança e impediram
empresas que desenvolvem softwares de venderem para esse fim. "O que funciona é ter uma
visão crítica e ampliar o debate sobre quão nocivo pode ser o uso dessa tecnologia, seja por
discriminação de pessoas, seja por coleta abusiva de expressões faciais, sentimentos, humores,
visando manipular mentes, e o debate sobre o guardo e o compartilhamento desses dados, que
são extremamente sensíveis", afirma.
Para Ferrari, o projeto enquanto artístico é válido. "O papel da arte sempre foi nos tirar da zona
de conforto. Então, esse movimento que se declara contra a vigilância governamental e
corporativa, com joias, óculos de LED e máscaras, é bem oportuno, pois nos alerta para algo
que já nos afeta diariamente", opina.
Disponível em: https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2019/10/30/artista -cria-mascara- anti-reconhecimento-
facial.htm. Acesso em: 27 jan. 2020. [Adaptado]

1. (COMPERVE - 2020 - TJ-RN - Técnico de Suporte Sênior)


O propósito comunicativo central do texto é
(A) informar sobre os mecanismos atualmente existentes para a proteção da privacidade.
(B) informar sobre a criação de acessórios para driblar as tecnologias de reconhecimento
facial.
(C) opinar sobre os perigos causados pelo uso irrestrito das tecnologias de reconhecimento
facial.
(D) opinar sobre o papel da arte na criação de mecanismos de proteção à privacidade.

2. (COMPERVE - 2020 - TJ-RN - Técnico de Suporte Sênior)


Do texto, infere-se que
(A) a iniciativa da indústria da moda é bem-vinda embora não se possa garantir sua total
eficiência.
(B) as tecnologias de reconhecimento facial são perigosas na maioria das situações testadas.
(C) os algoritmos utilizados pelas tecnologias de reconhecimento facial comumente
apresentam erros.
(D) a indústria da moda é o caminho mais eficiente para garantir a privacidade aos cidadãos.

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Leia o texto a seguir para responder às questões 3 e 4.

Projeto brasileiro pretende mapear genoma de 15 mil pessoas para prever e tratar doenças
Por Filipe Domingues, G1/ 10/12/2019 12h00

Um projeto liderado por uma cientista brasileira vai identificar as principais características
genéticas dos brasileiros para prever doenças e antecipar tratamentos. Lançada nesta terça-feira
(10), em São Paulo, a iniciativa "DNA do Brasil" quer mapear o genoma de 15 mil pessoas de 35
a 74 anos de idade e se tornar o maior levantamento do tipo já realizado no país. A ideia é que
em cinco anos já se tenham os primeiros resultados. "O desafio é entender quais variações
genéticas estão associadas a quais características das pessoas", disse a pesquisadora Lygia da
Veiga Pereira, da Universidade de São Paulo (USP), na abertura do projeto. "Nós somos o
resultado do nosso genoma mais o nosso estilo de vida. O genoma é a receita do nosso corpo."
Além da geneticista, estão envolvidos na parceria o Ministério da Saúde que oferecerá
dados epidemiológicos da população brasileira por meio do projeto ELSA Brasil; organizações
privadas como a Dasa, empresa da área de saúde, que financiará e realizará o sequenciamento
das primeiras 3 mil amostras; a Illumina que vai fornecer os insumos e a Google Cloud que fará
o armazenamento e proteção dos dados. As descobertas que os cientistas fizerem poderão ser
traduzidas em inovações tanto na área de pesquisa genética quanto nos diagnósticos e
tratamentos de doenças como o câncer, a hipertensão, o diabetes, depressão, esquizofrenia e
algumas doenças raras. Ao descobrir que determinada proteína presente no corpo de uma
pessoa permite manter o colesterol baixo, é possível "editar" o DNA do paciente para imitar o
comportamento deste elemento. [...]
O diretor médico da Dasa, Gustavo Campana, lembrou que 80% das 8 mil doenças
consideradas raras têm origem genética. Já os cânceres hereditários são de 5 a 12% dos casos.
Portanto, além da previsão de tais doenças, o mapeamento dos genes e sua associação com as
características da população brasileira podem permitir avanços em "terapêutica gênica", ou seja,
métodos de tratamento que atuam diretamente nos genes ± o mais famoso deles é o CRISPR,
a técnica de edição do DNA. "Esse projeto é um marco da genética populacional no Brasil," disse
Campana.[...]

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3. (IBFC - 2020 - TRE-PA - Técnico Judiciário – Administrativa)


De acordo com o texto, assinale a alternativa correta.
(A) Há um projeto liderado por brasileiros que vai identificar as principais características
genéticas humanas, em pacientes da USP, para curar doenças hereditárias.
(B) As descobertas poderão ser inovações tanto na área de empirismo genético quanto nos
diagnósticos e tratamentos de doenças.
(C) A Illumina financiará e realizará o sequenciamento das primeiras 3 mil amostras dos dados
epidemiológicos da população.
(D) O estudo será realizado em adultos e idosos com o intuito de reconhecer, pelo perfil
genético, a possibilidade de futuras doenças e preceder tratamentos.

4. (IBFC - 2020 - TRE-PA - Técnico Judiciário – Administrativa)


Analise as afirmativas e assinale a alternativa correta.
I. A Dasa é uma empresa da área de saúde que financiará e realizará a cessação das primeiras
3 mil amostras.
II. O Ministério da Saúde oferecerá dados epidemiológicos da população brasileira através do
projeto ELSA Brasil.
III. A Google Cloud que fará o armazenamento e a derrelição dos dados.
IV.
(A) Apenas a afirmativa III está correta.
(B) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
(C) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
(D) Apenas a afirmativa II está correta.

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5. (CESPE - 2020 - TJ-PA - Auxiliar Judiciário)


O peso de Eurídice se estabilizou, assim como a rotina da família Gusmão Campelo. Antenor
saía para o trabalho, os filhos saíam para a escola e Eurídice ficava em casa, moendo carne e
remoendo os pensamentos estéreis que faziam da sua vida infeliz. Ela não tinha emprego, ela já
tinha ido para a escola, e como preencher as horas do dia depois de arrumar as camas, regar as
plantas, varrer a sala, lavar a roupa, temperar o feijão, refogar o arroz, preparar o suflê e fritar os
bifes? Porque Eurídice, vejam vocês, era uma mulher brilhante. Se lhe dessem cálculos
elaborados, ela projetaria pontes. Se lhe dessem um laboratório, ela inventaria vacinas. Se lhe
dessem páginas brancas, ela escreveria clássicos. No entanto, o que lhe deram foram cuecas
sujas, que Eurídice lavou muito rápido e muito bem, sentando- se em seguida no sofá, olhando
as unhas e pensando no que deveria pensar. E foi assim que concluiu que não deveria pensar,
e que, para não pensar, deveria se manter ocupada todas as horas do dia, e que a única atividade
caseira que oferecia tal benefício era aquela que apresentava o dom de ser quase infinita em
suas demandas diárias: a culinária. Eurídice jamais seria uma engenheira, nunca poria os pés
em um laboratório e não ousaria escrever versos, mas essa mulher se dedicou à única atividade
permitida que tinha um certo quê de engenharia, ciência e poesia. Todas as manhãs, depois de
despertar, preparar, alimentar e se livrar do marido e dos filhos, Eurídice abria o livro de receitas
da Tia Palmira.
Martha Batalha. A vida invisível de Eurídice Gusmão. 1.ª ed. São Paulo: Companhia das Letras,
2016 (com adaptações)

A personagem Eurídice é expressamente caracterizada no texto CG4A1-I como uma mulher


(A) introspectiva.
(B) ousada.
(C) infeliz.
(D) proativa.
(E) brilhante.

63
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QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES – NÍVEL SUPERIOR

Leia o texto a seguir para responder às questões 6 a 8.

A ideia de cultura foi cunhada e batizada no terceiro quartel do século XVIII como termo
sintético para designar a administração do pensamento e do comportamento humanos. A palavra
“cultura” não nasceu como um termo descritivo, uma forma reduzida para as já alcançadas,
observadas e registradas regras de conduta de toda uma população. Só cerca de um século
mais tarde, quando os gerentes da cultura olharam em retrospecto para aquilo que tinham
passado a ver como criação sua e, seguindo o exemplo de Deus na criação do mundo, com
carga positiva, é que “cultura” passou a significar a forma como um tipo regular e
“normativamente regulado” de conduta humana diferia de outro, sob outro gerenciamento. A ideia
de 13 cultura nasceu com uma declaração de intenções.
O termo “cultura” entrou no vocabulário como o nome de uma atividade intencional. No
limiar da Era Moderna, homens e mulheres, não mais aceitos como “um dado não
problematizado”, como elos preordenados na cadeia da criação divina (“divina” como algo
inegociável e com o qual não devemos nos imiscuir), indispensáveis, ainda que sórdidos, torpes
e deixando muito a desejar, passaram a ser vistos ao mesmo tempo como maleáveis e
terrivelmente carentes de ajustes e melhoras. O termo “cultura” foi concebido no interior de uma
família de conceitos que incluía expressões como “cultivo”, “lavoura”, “criação” — todos
significando aperfeiçoamento, seja na prevenção de um prejuízo, seja na interrupção e reversão
da deterioração. O que o agricultor fazia com a semente por meio de atenção cuidadosa, desde
a semeadura até a colheita, podia e devia ser feito com os incipientes seres humanos pela
educação e pelo treinamento. As pessoas não nasciam, eram feitas. Precisavam tornar-se
humanas — e, nesse processo de se tornar humanas (uma trajetória cheia de obstáculos e
armadilhas que elas não seriam capazes de evitar nem poderiam negociar, caso fossem
deixadas por sua própria conta), teriam de ser guiadas por outros seres humanos, educados e
treinados na arte de educar e treinar seres humanos.
O termo “cultura” apareceu no vocabulário menos de cem anos depois de outro conceito
moderno crucial, o de “gerenciar”, que significa, segundo o Oxford English Dictionary: “forçar
(pessoas, animais etc.) a se submeter ao controle de alguém”, “exercer efeito sobre”, “ter sucesso
em realizar”. E mais de cem anos antes de outro sintético, de “gerenciamento”, o de “obter
sucesso ou sair-se bem”. Gerenciar, em suma, significava conseguir que as coisas fossem feitas
de uma forma que as pessoas não fariam por conta própria e sem ajuda. Significava redirecionar
eventos segundo motivos e desejo próprios. Em outras palavras, “gerenciar” (controlar o fluxo de
eventos) veio a significar a manipulação de probabilidades: fazer a ocorrência de certas condutas
(iniciais ou reativas) de “pessoas, animais etc.” mais provável, ou, de preferência, totalmente
improvável a ocorrência de outros movimentos. Em última instância, “gerenciar” significa limitar
a liberdade do gerenciado.

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6. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - TCE-RJ - Analista de Controle Externo - Especialidade:


Ciências Contábeis)
De acordo com o texto, o conceito de gerenciar é mais antigo que o termo cultura, que só
apareceu no vocabulário quase um século depois daquele.

7. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - TCE-RJ - Analista de Controle Externo - Especialidade:


Ciências Contábeis)
Segundo o texto, a primeira acepção de cultura era relacionada à noção de agricultura: o
processo de tornar as pessoas humanas por meio da educação e do treinamento é comparável
ao trabalho do agricultor.

8. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - TCE-RJ - Analista de Controle Externo - Especialidade:


Ciências Contábeis)
A ideia principal do texto consiste em mostrar a evolução da noção de cultura até o surgimento
de outra noção, que a aperfeiçoa: a de gerenciamento.

Leia o texto a seguir para responder às questões 9 e 10.

Como se estrutura uma sociedade?


A pergunta formulada acima é uma constância da história social. Alguns antropólogos têm
afirmado que a estrutura social é a rede de todas as relações de pessoa- a-pessoa, numa dada
sociedade. Mas tal definição é por demais ampla. Não estabelece distinção entre os elementos
efêmeros e os mais persistentes na atividade social, e torna quase impossível distinguir a noção
de estrutura de uma sociedade da totalidade da própria sociedade.
No extremo oposto, está a noção de estrutura social compreendendo, somente, as relações
entre os grupos principais na sociedade, que persistem por muitas gerações, mas exclui outros
como a família, que se dissolve de uma geração para outra. Essa definição é limitada demais.
Uma terceira noção de estrutura social enfatiza não tanto as relações reais entre pessoas
ou grupos, mas as relações esperadas ou mesmo as relações ideais. De acordo com esse ponto
de vista, o que realmente dá à sociedade sua forma e permite a seus membros exercerem suas
atividades são as expectativas ou mesmo as crenças idealizadas do que está feito, ou do que
deverá ser feito pelos outros membros. Não falta quem veja tal formulação como bastante
insatisfatória.
Em vez de respostas prontas à pergunta aqui tratada, será preciso sempre reconhecer que
a validade de qualquer uma delas estará presa à validação do critério que a sustenta. (Adaptado
de: FIRTH, Raymond. In: VV.AA. Homem e sociedade. Trad. Amadeu José Duarte Lanna. São
Paulo: Nacional, 1975, p. 35-36)

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9. (FCC - 2019 - TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área Judiciária)


Deve-se entender da leitura do texto que, ao se considerar a pergunta formulada no título,
(A) a definição dada no primeiro parágrafo não satisfaz porque, em sua amplitude, formula
ideais de conduta coletiva em vez de analisar práticas individuais.
(B) a noção aventada no segundo parágrafo pecaria por não distinguir entre os elementos
transitórios e os elementos duradouros de uma sociedade.
(C) a hipótese levantada no terceiro parágrafo é dada como insatisfatória porque valoriza as
relações pragmáticas já estabelecidas numa sociedade.
(D) o reconhecimento de um parâmetro válido para a definição do que seja uma estrutura
social é indispensável para que se aceite essa definição.
(E) a validação do conceito mesmo de estrutura social deve preceder toda e qualquer análise
de caso que se proponha numa fundamentação aceitável.

10. (FCC - 2019 - TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área Judiciária)


Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento do texto em:
(A) rede de todas as relações de pessoa-a-pessoa (1o parágrafo) = somatória de todas as
individualidades.
(B) persistem por muitas gerações (2o parágrafo) = difundem uma permanência gerativa.
(C) enfatiza não tanto as relações reais (3o parágrafo) = releva sobremaneira as conexões
efetivas.
(D) permite a seus membros exercerem (3o parágrafo) = faculta o desmembramento do
exercício.
(E) estará presa à validação do critério (4o parágrafo) = dependerá da aceitabilidade do
parâmetro.

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Língua Portuguesa
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Identificação de Avaliação da
Identificação do enunciado com adequação da Preenchimento de
nível de linguagem desvio da norma- linguagem ao lacunas
padrão contexto do texto

QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES – NÍVEL MÉDIO


11. (FUNDATEC – DEPE-SC – Analista técnico – 2018)

Sobre a linguagem utilizada no texto, afirma-se que:


I.Na frase os efeitos práticos dessa busca são palpáveis (l.06 e 07), o autor utilizou a
linguagem denotativa, em especial no que se refere ao adjetivo palpáveis.

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Língua Portuguesa
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II.Ao utilizar as expressões edição genética, robótica e inteligência artificial (l.12), o autor tem
a intenção de trazer termos próprios de uma área eminentemente técnica – o dito jargão
profissional.
III.A linguagem predominante no texto é a denotativa.

Quais estão INCORRETAS?


(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas I e II.
(D) Apenas II e III.
(E) I, II e III.

12. (FGV – 2019 – TJ-CE – Técnico Judiciário – Área Judiciária)


A frase abaixo que foi construída exclusivamente por linguagem formal é:
(A) Primeiro a gente enlouquece e depois vê no que dá;
(B) A vida é curta demais para vivê-la ao lado de um filho da mãe;
(C) Tem pessoas que discordam de mim e outras, que são inteligentes;
(D) Me deram como castigo uma pena de dez anos;
(E) Somente o que perdi é meu para sempre.

13. (INSTITUTO AOCP – 2020 – Prefeitura de Cariacica – ES – Assistente de CMEI I)

Cachorrinhos quase humanos


Clara Braga
Observei que ultimamente o termo “pais de pets” tem se popularizado e eu acho isso muito
legal! Eu mesma me considero mãe de pet, tenho uma cadelinha linda, que é uma companheira
da família, principalmente do meu filho.
Mas, uma coisa me preocupou em relação a algumas pessoas com quem conversei nos
últimos dias. Não foi uma ou duas, foram algumas várias pessoas que compartilharam do mesmo
pensamento. Todas disseram que decidiram ter um cachorro ou um gato para ver se levavam
jeito para serem pais e, então, decidirem se teriam ou não filhos humanos!
Lembrei-me do dia que minha cadelinha chegou em casa: coloquei água, ração, deixei um
brinquedinho à disposição e fui trabalhar. Então, lembrei-me de quando meu filho chegou: choro
de 3 em 3 horas, peito rachado por causa da amamentação, pacotes e mais pacotes de fraldas
e, para sair de casa, parecia que estávamos de mudança. Lembrei-me das cólicas que minha
cadela nunca teve, das febres altas e viroses que ela nunca experimentou, dos quilos de roupas
golfadas que nunca precisei lavar dela e dos banhos que são apenas semanais e não diários!
A gente ama os pets como se fossem filhos, eles são da família, aparecem nas fotos de
natal, têm seu próprio book, dormem na nossa cama, estão sempre do nosso lado, se ficam
doentes, a gente sofre, mas mesmo doentes não dão o trabalho que uma criança dá!
Comparar as situações é injusto até com o pet, já que ele também não sabe se está
preparado para a chegada de um mini humano. Só o pet sabe o que é ter seu rabo puxado

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constantemente, ver seu pote de água sendo virado, ver brinquedos espalhados no chão e não
poder brincar, enfim, aposto que eles também têm suas dúvidas!
E sabe quem mais tem dúvida? Quem já é pai e mãe, pois eles sabem que tudo que
funcionou com um pode não funcionar com o segundo, então bate o pânico de novo! Ou seja,
nada se compara a ter um filho, nem ter um filho!
Verdade seja dita, nós nunca estamos preparados, contudo damos um jeito. Depois de um
dia difícil, segurar seu filho no colo, ganhar um beijo e um sorriso, faz você entender todo o resto.
Não te faz esquecer, não te deixa menos cansado, não faz você levantar e sair cantando e
dançando como se estivesse em um musical, mas faz você entender, principalmente se junto
você tiver seu pet pronto para também ganhar e dar carinho para todo mundo.

Adaptado de: http//www.cronicadodia.com.br/2019/12/cachorrinhos-quase-humanos- clara-


braga.html. Acesso em: 10 dez. 2019.

(A) A variante linguística empregada na maior parte no texto é


(B) formal, pois não há desvios em relação à norma culta da Língua Portuguesa.
(C) informal, pois a linguagem é descontraída, dado que a autora aborda sua própria
experiência de vida.
(D) formal, já que há o uso de termos rebuscados e complexos, que não se aproximam da
fala do dia a dia das pessoas.
(E) informal, tendo em vista que se aproxima muito da fala cotidiana da maioria das pessoas.

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14. (FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2020 - Prefeitura de Catas Altas - MG - Auxiliar de


Consultório Dentário)

São características presentes nesse texto, exceto:


(A) Linguagem verbal.
(B) Linguagem não verbal.
(C) Linguagem culta.
(D) Linguagem coloquial.

15. (FCC - 2019 - Câmara de Fortaleza - CE - Consultor Técnico Jurídico)

Falso mar, falso mundo

O mundo anda cada vez mais complicado, o que não é bom. O frágil corpo humano não foi
feito para competir com a máquina, conviver com a máquina e explorá-la. A cada adiantamento
técnico-científico, o conflito fica mais duro para o nosso lado.
Mas nesta semana vi na TV uma reportagem que me horrorizou como prova de que, a cada
dia, mais renunciamos às nossas prerrogativas de seres vivos e nos tornamos robotizados. Foi
a “praia artificial” no Japão (logo no Japão, arquipélago penetrado e cercado de mar por todos
os lados!).
É um galpão imenso, maior que qualquer aeroporto, coberto por uma espécie de cúpula
oblonga, de plástico. E filas à entrada, lá dentro um guichê, o pessoal paga a entrada, que é
cara, e some. Deve entrar no vestiário, ou antes, no despiário, pois surgem já convenientemente
seminus, como se faz na praia. Pois que debaixo daquele imenso teto de plástico está um mar,
com a sua praia. Mar que, na tela, aparece bem azul com ondas de verdade, coroadas de
espuma branca; ondas tão fortes que chegam a derrubar as pessoas e sobre as quais jovens
atletas surfam e rebolam. E um falso sol, de luz e calor graduáveis; e a praia é de areia composta
por pedrinhas de mármore.
Não sei se pelo comportamento dos figurantes, a gente tinha a impressão absoluta de que
assistia a uma cena de animação figurada em computador. A única presença viva, destacando-
se no elenco de bonecos, era a repórter, apresentadora do espetáculo. Já se viu! Se fosse uma
honesta piscina de água morna, tudo bem. Mas fingir as ondas, falsificar um sol bronzeando, de

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trinta e cinco graus, e toda aquela gente se deitando com a simulação e depois voltando para a
rua vestida nos seus casacos! Me deu pena, horror, sei lá. Aquilo não pode deixar de ser pecado.
Falsificar com tanta impudência as criações da natureza, e pra quê!
(Adaptado de: QUEIROZ, Rachel. Melhores crônicas. São Paulo: Global Editora, 1994,
edição digital)

Quanto à linguagem do texto, afirma-se corretamente:


(A) No trecho Me deu pena, horror, sei lá, (4o parágrafo) observa-se uso de linguagem
coloquial.
(B) Por se tratar de linguagem escrita, a crônica de Queiroz segue o padrão formal culto da
linguagem.
(C) A expressão “a gente” em a gente tinha a impressão absoluta de que assistia a uma cena
de animação (4o parágrafo) é exemplo de variação regional da linguagem, que ocorre de
acordo com o local geográfico onde o falante se encontra.
(D) Para criar sensação de intimidade com o leitor, a autora recorre a gírias, como no trecho
Falsificar com tanta impudência as criações da natureza, e pra quê! (final do texto)
(E) Por se tratar de linguagem informal, o emprego das vírgulas desrespeita as normas
gramaticais no trecho É um galpão imenso, maior do que qualquer aeroporto, coberto por
uma espécie de cúpula oblonga, de plástico (3o parágrafo).

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QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES – NÍVEL SUPERIOR


16. (FCC - 2018 - SABESP - Analista de Gestão – Administração)
O que há de mais evidente nas atitudes dos brasileiros diante do “preconceito de cor” é a
tendência a considerá-lo como algo ultrajante (para quem o sofre) e degradante (para quem o
pratique).
Contudo, na situação imperante nos últimos 40 anos (de 1927 até hoje), tem prevalecido
uma considerável ambiguidade axiológica. Os valores vinculados à ordem social tradicionalista
são antes condenados no plano ideal que repelidos no plano da ação concreta e direta. Daí uma
confusa combinação de atitudes e verbalizações ideais que nada têm a ver com as disposições
efetivas de atuação social. Tudo se passa como se o “branco” assumisse maior consciência
parcial de sua responsabilidade na degradação do “negro” e do “mulato” como pessoa mas, ao
mesmo tempo, encontrasse sérias dificuldades em vencer-se a si próprio.
O lado curioso dessa ambígua situação de transição aparece na saída espontânea que se
deu a esse drama de consciência. Sem nenhuma espécie de farisaísmo consciente, tende-se a
uma acomodação contraditória. O “preconceito de cor” é condenado sem reservas, como se
constituísse um mal em si mesmo, mais degradante para quem o pratique do que para quem
seja sua vítima. A liberdade de preservar os antigos ajustamentos discriminatórios e
preconceituosos, porém, é tida como intocável, desde que se mantenha o decoro e suas
manifestações possam ser encobertas ou dissimuladas.
Do ponto de vista e em termos de posição sociocultural do “branco”, o que ganha o centro
do palco não é o “preconceito de cor”, mas uma realidade moral reativa, que bem poderia ser
designada como o “preconceito de não ter preconceito”.
(Adaptado de: FLORESTAN, Fernandes. O Negro no Mundo dos Brancos. São Paulo: Difel,
1972, pp. 23-25)

Considerando-se o contexto, mantêm-se as relações de sentido e a correção gramatical


substituindo-se
(A) verbalizações por “prolixidades” (2o parágrafo)
(B) axiológica por “conceitual” (2o parágrafo)
(C) vencer-se por “derrotar-se” (2o parágrafo)
(D) tende-se por “inclina-se” (3o parágrafo)
(E) ajustamentos por “consensos” (3o parágrafo)

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17. (CESPE / CEBRASPE – 2021 – TC-DF – Auditor de Controle Externo – Objetiva)

No texto, o sentido de “teorizar” (l.33) é equivalente a criar hipóteses.


(..) Certo
(..) Errado

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18. (FCC - 2018 - SP Parcerias - Analista Técnico)


Esportes, negócios
Comecinho dos anos 60, nosso professor de educação física, um homem já encanecido
(por isso, considerado um velho bem velho, na nossa perspectiva de adolescentes), não tinha
dúvida em nos dizer: “Não briguem por causa de futebol. Futebol como esporte não existe mais,
desde que se profissionalizou. Só fazia sentido quando todos eram amadores e jogavam só pelo
prazer do jogo e pelo amor à camisa”. Era uma opinião radical, mas que nos fazia pensar em
sua consistência.
Por certo o professor estava se referindo a experiências de sua meninice e adolescência,
nos anos 30 e 40, quando o futebol ainda era uma espécie de arte pela arte, sem a intromissão
decisiva dos chamados “interesses do mercado”. Às vezes acho que a nostalgia de meu
professor tinha toda a razão de ser: era possível e desejável gostar de um esporte apenas pelas
qualidades intrínsecas desse esporte.
Altos negócios no mundo das atrações de massa supõem muito dinheiro, plena visibilidade
e excesso de celebração. Nada disso falta, hoje, aos esportes de alto rendimento que sejam
também negociáveis, isto é, que constituam matéria de interesse para milhões de consumidores.
Com isso, perde-se aquela dimensão de gratuidade que havia nos esportistas empenhados
numa tarefa em que a competitividade não eliminava o prazer, que por sua vez não se rendia a
poderosos empresários. “O que passou. / Jamais acenderás de novo / o lume / do tempo que
passou”- já desabafou o poeta Ferreira Gullar, num momento de versos céticos. O que é uma
pena, diria nosso velho professor de educação física. (Jayme de Souto Albuquerque, inédito)

Considerando-se o contexto, emprega-se em sentido figurado o seguinte segmento:


(A) um homem já encanecido (1o parágrafo).
(B) todos eram amadores (1o parágrafo).
(C) qualidades intrínsecas desse esporte (2o parágrafo).
(D) o lume / do tempo que passou (3o parágrafo).
(E) a competitividade não eliminava o prazer (3o parágrafo).

19. (CONSULPLAN - 2018 - SEDUC-PA - Professor Classe I – Português)

Alfabeto de emojis
“Paradoxalmente” — escreverá um historiador em 2218 — “foi a disseminação da escrita
como principal forma de comunicação o que criou as condições para a sua própria morte”. O
alfabeto latino, este fantástico conjunto de 26 letras que, combinadas infinitamente, podem
nomear realidades tão distintas quanto “sol”, “cunilingus”, “schadenfreud” e “Argamassa
Cimentcola Quartzolite”, começou sua lenta caminhada em direção ao brejo em setembro de
1982.
Foi ali, não muito depois da derrota do Brasil para a Itália de Paolo Rossi, que o cientista
da computação Scott Fahlman sugeriu a colegas de Carnegie Mellon University, com os quais
se comunicava online, usarem :-) para distinguirem as piadas dos assuntos sérios. Mal sabia o
tal Scott que aquela inocente boca de parêntese era o protótipo da goela que viria a engolir quase
3.000 anos de alfabeto como se fosse uma sopa de letrinhas.

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Os emoticons se espalharam pelo mundo com o ICQ, os chats e, principalmente, os


celulares, mas nem todos os seres humanos aderiram imediatamente à moda. [...]
Emoticons foram o início do fim, mas só o início. O coaxar dos sapos no brejo começou a
incomodar mesmo com a chegada dos emojis. Confesso que, de novo, demorei pra entrar na
onda. Desta vez não por burrice, mas por senso do ridículo. Quando que um adulto como eu iria
mandar pra outro adulto um “smile” bicudo soltando um coração pelo canto da boca, como se
fosse uma bola de chiclete? Nunca! “Nunca”, no caso, revelou-se estar a apenas uns cinco anos
de distância da minha indignação.
Hoje eu mando coração pulsante pra contadora que me lembrou dos documentos do IR,
mando John Travolta de roxo pro amigo que me pergunta se está confirmado o jantar na quinta
e, se eu pagasse imposto sobre cada joia que envio daquele mãozão amarelo, não ia ter coração
pulsante capaz de fazer minha contadora resolver a situação.
“Em meados do século 21” — escreverá o historiador de 2218 — “a humanidade abandonou
o alfabeto e passou a se comunicar só por emojis”. A frase, claro, será toda escrita com emojis.
Haverá tantos, tão variados, que será possível citar Shakespeare usando apenas desenhinhos.
(Shakespeare, aliás, dá pra escrever. Imagem de milk-shake + duas chaves (keys) + pera (pear).
Shake + keys + pear).
Teremos voltado ao tempo dos hieróglifos e não me assombra se as condições de vida
regredirem às do antigo Egito, mas ninguém se importará, cada um de nós hipnotizado pela tela
que tantos apregoaram ser uma nova pedra de Roseta, capaz de traduzir o mundo em nossas
mãos, mas que no fim se revelou só um infernal e escravizante pergaminho. :-(
(Antônio Prata. Folha de S. Paulo, 15 de abril de 2018. Adaptado.)

No 1º§, o suposto enunciado a ser escrito por um historiador no futuro tem seu sentido
estruturado
(A) de modo exclusivamente conotativo.
(B) de modo exclusivamente denotativo.
(C) com base em um sentido denotativo e conotativo.
(D) a partir de uma linguagem em que predomina o exagero.

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20. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - TCE-RJ - Analista de Controle Externo - Especialidade:


Ciências Contábeis)

No trecho “A preocupação com o impacto da judicialização nos municípios é justificável” (l. 12 e


13), o adjetivo “justificável” tem o mesmo sentido da expressão passível de justificativa.
(..) Certo
(..) Errado

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Apreensão de ideia Identificação da


Identificação da ideia
de cada parte do tipologia textual
central do texto
texto predominante

Identificação do
Captação de ideias sentido das
implícitas conjunções (coesão)
e sentido de termos

QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES – NÍVEL MÉDIO


21. (FCC - 2020 - AL-AP - Assistente Legislativo - Assistente Administrativo)

Novas formas de vida?


Uma forma radical de mudar as leis da vida é produzir seres completamente inorgânicos.
Os exemplos mais óbvios são programas de computador e vírus de computador que podem
sofrer evolução independente.
O campo da programação genética é hoje um dos mais interessantes no mundo da ciência
da computação. Esta tenta emular os métodos da evolução genética. Muitos programadores
sonham em criar um programa capaz de aprender e evoluir de maneira totalmente independente
de seu criador. Nesse caso, o programador seria um primum mobile, um primeiro motor, mas
sua criação estaria livre para evoluir em direções que nem seu criador nem qualquer outro
humano jamais poderiam ter imaginado.
Um protótipo de tal programa já existe – chama-se vírus de computador. Conforme se
espalha pela internet, o vírus se replica milhões e milhões de vezes, o tempo todo sendo
perseguido por programas de antivírus predatórios e competindo com outros vírus por um lugar
no ciberespaço. Um dia, quando o vírus se replica, um erro ocorre – uma mutação
computadorizada. Talvez a mutação ocorra porque o engenheiro humano programou o vírus
para, ocasionalmente, cometer erros aleatórios de replicação. Talvez a mutação se deva a um
erro aleatório. Se, por acidente, o vírus modificado for melhor para escapar de programas
antivírus sem perder sua capacidade de invadir outros computadores, vai se espalhar pelo
ciberespaço. Com o passar do tempo, o ciberespaço estará cheio de novos vírus que ninguém
produziu e que passam por uma evolução inorgânica.
Essas são criaturas vivas? Depende do que entendemos por “criaturas vivas”. Mas elas
certamente foram criadas a partir de um novo processo evolutivo, completamente independente
das leis e limitações da evolução orgânica.
(Adaptado de HARARI, Yuval Noah. Sapiens, Uma breve história da humanidade.Trad.
Janaína Marcoantonio. Porto Alegre: L&PM, 38. ed,, 2018, p. 419-420).

No último parágrafo do texto, sugere-se que

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(A) o conceito mesmo de “vida” está entre os poucos fundamentos da ciência que não admite
ser contestado.
(B) o âmbito da biologia e da genética não inclui processos que se possam reconhecer como
propriamente evolutivos.
(C) a ocorrência de uma evolução inorgânica pode condicionar uma nova compreensão do
que seja uma criatura viva.
(D) a evolução orgânica de formas computadorizadas concorre para que os vírus se
propaguem livremente.
(E) a evolução inorgânica está na dependência de que se passe a dominar inteiramente as
leis da genética.

22. (VUNESP - 2018 - Câmara de Campo Limpo Paulista - SP - Controlador Interno)


Em busca do outro
Não é à toa que entendo os que buscam caminho. Como busquei arduamente o meu! E
como hoje busco com sofreguidão e aspereza o meu melhor modo de ser, o meu atalho, já que
não ouso mais falar em caminho. Eu que tinha querido. O Caminho, com letra maiúscula, hoje
me agarro ferozmente à procura de um modo de andar, de um passo certo. Mas o atalho com
sombras refrescantes e reflexo de luz entre as árvores, o atalho onde eu seja finalmente eu, isso
não encontrei. Mas sei de uma coisa: meu caminho não sou eu, é outro, é os outros. Quando eu
puder sentir plenamente o outro estarei salva e pensarei: eis o meu porto de chegada.
(LISPECTOR, Clarice. Aprendendo a viver. Rio de Janeiro, Rocco Digital, 2013, p. 48.)
Da leitura do texto, depreende-se que
(A) o homem não é responsável por suas escolhas.
(B) a liberdade leva ao isolamento do indivíduo.
(C) o destino dos seres humanos é predeterminado.
(D) a busca de si mesmo inclui a busca do outro.
(E) a emoção não deve interferir no exercício da razão.

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23. (FGV – 2019 – MPE-RJ – Oficial do Ministério Público)


“O livro acompanha a humanidade há tempos. Sua história é complexa e envolve inúmeras
mudanças; do livro em rolo ao formato atual, lá se vão 4,5 séculos. Ao longo dessa trajetória,
porém, uma característica perdurou: o livro sempre foi um repositório de conhecimento que
circulava na época – e foi dessa forma que entrou na sala de aula”.

Ao dizer que o livro sempre foi um repositório de conhecimento que circulava na época, a leitura
do texto nos permite concluir que:
(A) há sempre uma necessidade de renovação do livro em razão da contínua evolução dos
conhecimentos;
(B) permanece a procura por um livro didático ideal, já que todos são, por definição,
deficientes;
(C) continua a valorização do livro didático antigo e já experimentado por se ter mostrado útil
através dos tempos;
(D) se trata de um material didático que se caracteriza por seu conservadorismo, por veicular
conhecimentos estabelecidos;
(E) traz a marca histórica de ter veiculado conhecimentos através dos tempos e, por isso,
deve preservar seus conteúdos.

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QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES – NÍVEL SUPERIOR

24. (FGV - 2019 - MPE-RJ - Analista do Ministério Público – Administrativa)


Max Jacob escreveu certa vez que “O bom gosto de um escritor se conhece pela importância de
suas correções”. Nesse caso, escrever bem corresponde à seguinte definição:
(A) escrever de forma adequada à gramática;
(B) escrever de forma culta e elaborada;
(C) escrever como forma visual de bem pensar;
(D) escrever de forma adequada à situação;
(E) escrever de forma simples e clara.

25. (FGV – 2019 – MPE-RJ – Analista do Ministério Público – Administrativa)

Texto 1

Um dicionário de cultos afro-brasileiros termina sua apresentação do seguinte modo:


“Nenhum dicionário, seja o mais exaustivo, poderá dar conta de todo um sistema de significação:
em primeiro lugar, porque os sistemas de significação não são estáticos; em segundo lugar,
porque estes, e principalmente os sistemas religiosos, se fazem mais de regras, isto é, de
gramáticas, que de vocabulários; em terceiro lugar, porque nem todos os elementos significativos
dos sistemas simbólicos se encontram cobertos por termos que os denotem e, finalmente, porque
os significados apreendidos pelos dicionários são apenas pontos de referência para se atingir
significados constantemente variáveis com os contextos em que os sistemas de significação
encontram existência concreta”. (Olga Gudolle Cacciatore, Dicionário de cultos afro-brasileiros,
p. 11)

“...os significados apreendidos pelos dicionários são apenas pontos de referência para se atingir
significados constantemente variáveis com os contextos em que os sistemas de significação
encontram existência concreta” (texto 1).

Deduz-se desse segmento do texto 1 que:


(A) os dicionários procuram indicar referências que podem auxiliar na apreensão dos diversos
significados nos contextos;
(B) os significados das palavras são abstrações, que nunca encontram existência concreta,
em função da diversidade de contextos;
(C) é a existência concreta dos sistemas de significação que se encontra presente nos
melhores dicionários;
(D) como os significados das palavras estão em permanente mudança, os dicionários só
podem indicar previsões para os futuros significados;
(E) todos os significados das palavras encontram-se presentes nos dicionários elaborados
por equipes competentes de lexicógrafos.

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26. (CESPE/CEBRASPE - 2021 - TCE-RJ - Analista de Controle Externo - Especialidade:


Ciências Contábeis)

Infere-se do segundo período do texto que, imediatamente após o artigo “as”, no trecho “as já
alcançadas” (L.5), está omitido o termo palavras.

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Texto para as questões 27 e 28.

Crônicas contemporâneas
O gênero da crônica, entendida como um texto curto de periódico, que se aplica sobre um
acontecimento pessoal, um fato do dia, uma lembrança, um lance narrativo, uma reflexão, tem
movido escritores e leitores desde os primeiros periódicos. No pequeno espaço de uma crônica
pode caber muito, a depender do cronista. Se ele se chamar Rubem Braga, pode caber tudo:
esse mestre maior dotou a crônica de uma altura tal que pôde dedicar-se exclusivamente a ele
ocupando um lugar entre os nossos maiores escritores, de qualquer gênero.
Jovens cronistas de hoje, com colunas nos grandes jornais, vêm demonstrando muita garra,
equilibrando-se entre as miudezas quase inconfessáveis do cotidiano pessoal, às quais se
apegam sem pudor, e a uma espécie de investigação crítica que pretende ver nelas algo de
grandioso. É como se na padaria da esquina pudesse de repente representar-se uma cena de
Hamlet ou de alguma tragédia grega; é como se, no banheiro do apartamento, o espelhinho do
armário pudesse revelar a imagem-síntese dos brasileiros. Talvez esteja nesse difícil equilíbrio
um sinal dos tempos modernos, quando, como numa crônica, impõe- se combinar a condição
mais pessoal de cada um com a responsabilidade de uma consciência coletivista, que a todos
nos convoca. (Diógenes da Cruz, inédito)

27. (FCC - 2017 - PC-AP - Delegado de Polícia)


Os jovens cronistas de hoje, referidos no segundo parágrafo,
(A) distinguem-se dos cronistas antigos pelo fato de não considerarem os incidentes
domésticos como assunto digno de uma crônica.
(B) devem a Rubem Braga a orientação para se dedicarem exclusivamente ao gênero da
crônica, uma vez que querem tratar de grandes temas universais.
(C) preferem confinar na estreiteza do cotidiano seu espaço de inspiração, em crônicas em
que exercitam uma linguagem de alto teor político.
(D) buscam combinar seu interesse pela realidade pessoal e imediata com o voo mais alto de
uma crônica de maior alcance crítico.
(E) exploram a possibilidade de reduzir os temas mais grandiosos à dimensão risível de um
cotidiano onde eles não possam ter lugar.

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28. (FCC - 2017 - PC-AP - Delegado de Polícia)


Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento do texto em:
(A) dotou a crônica de uma altura tal (1o parágrafo) // elevou o gênero a um patamar tão alto
(B) pôde dedicar-se exclusivamente (1o parágrafo) // fez tudo por merecer exclusividade
(C) miudezas quase inconfessáveis (2o parágrafo) // peripécias praticamente ocultas
(D) às quais se apegam sem pudor (2o parágrafo) // das quais pouca vergonha assimilam
(E) impõe-se combinar (2o parágrafo) // torna-se compulsório negociar

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Identificação do gênero
Traços do gênero textual
textual

QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES – NÍVEL MÉDIO


29. (FEMPERJ - 2012 - TCE-RJ - Técnico de Controle Externo - Técnico de Notificações)

O ÓCIO CRIATIVO – ENTREVISTA DE DOMENICO DE MASI


Roberto Catelli Jr, História em rede

Eu me limito a sustentar, com base em dados estatísticos, que nós, que partimos de uma
sociedade onde uma grande parte da vida das pessoas adultas era dedicada ao trabalho,
estamos caminhando em direção a uma sociedade na qual grande parte do tempo será, e em
parte já é, dedicado a outra coisa. (....) Eu me limito a registrar que estamos caminhando em
direção a uma sociedade fundada não mais no trabalho, mas no tempo vago.
Além disso, sempre com base nas estatísticas, constato que, tanto no tempo em que se
trabalha quanto no tempo vago, nós, seres humanos, fazemos hoje sempre menos coisas com
as mãos e sempre mais coisas com o cérebro, ao contrário do que acontecia até agora, por
milhões de anos.
Mas aqui se dá mais uma passagem: entre as atividades que realizamos com o cérebro, as
mais apreciadas e mais valorizadas no mercado de trabalho são as atividades criativas. Porque
mesmo as atividades intelectuais, como as manuais, quando são repetitivas, podem ser
delegadas às máquinas. Assim sendo, acredito que o foco desta nossa conversa deva ser essa
dupla passagem da espécie humana: da atividade física à intelectual, da atividade repetitiva à
criativa.
Essas duas trajetórias contam a passagem de uma sociedade que foi chamada de
“industrial” a uma sociedade nova. Podemos defini-la como quisermos. Eu, por comodidade, a
chamo de “pós-industrial”.
Quer uma imagem física dessa mudança? Nós, nestes milhões de anos, desenvolvemos
um corpo grande e uma cabeça pequena. Nos próximos séculos, provavelmente reduziremos o
corpo ao mínimo e expandiremos o cérebro. Um pouco como já acontece através do rádio, da
televisão, do computador – a extraordinária série de próteses com as quais aumentamos o poder
da nossa cabeça.
O resultado disso tudo não é o dolce far niente. Com frequência, não fazer nada é menos
doce do que um trabalho criativo.

O texto lido deve ser classificado como:


(A) narrativo, pois mostra várias etapas sucessivas da evolução humana;
(B) descritivo, já que indica características atuais e futuras do ser humano;
(C) dissertativo informativo, visto que mostra fatos desconhecidos ao leitor;
(D) dissertativo didático, porque ensina aspectos novos da realidade;
(E) dissertativo argumentativo, pois há a exposição de uma tese e argumentos.

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30. (UFGD - 2019 - UFGD - Assistente em Administração)

Os gêneros textuais são textos produzidos em uma determinada situação de uso da linguagem
e que se definem por seus conteúdos, estilo, estrutura composicional e, sobretudo, em função
dos objetivos que cumprem na situação comunicativa. Considerando essa afirmação e o texto
acima, assinale a alternativa correta.
(A) O texto possui a estrutura, o estilo e a função social do gênero textual resenha acadêmica.
(B) O texto possui a estrutura composicional e o estilo de uma peça publicitária.
(C) O texto possui a estrutura do gênero sinopse de livro, mas sua função é de resenha crítica.
(D) O texto possui a estrutura do gênero resenha jornalística, mas sua função é de
propaganda.
(E) O texto possui a estrutura do gênero resenha descritiva, mas sua função é de propaganda
institucional.

Leia o texto a seguir para responder as questões 31 e 32.

A indústria do espírito
JORDI SOLER – 23 DEZ 2017 - 21:00

O filósofo Daniel Dennett propõe uma fórmula para alcançar a felicidade: “Procure algo mais
importante que você e dedique sua vida a isso”.
Essa fórmula vai na contracorrente do que propõe a indústria do espírito no século XXI, que
nos diz que não há felicidade maior do que essa que sai de dentro de si mesmo, o que pode ser
verdade no caso de um monge tibetano, mas não para quem é o objeto da indústria do espírito,
o atribulado cidadão comum do Ocidente que costuma encontrar a felicidade do lado de fora, em
outra pessoa, no seu entorno familiar e social, em seu trabalho, em um passatempo, etc. [...]
A indústria do espírito, uma das operações mercantis mais bem-sucedidas de nosso tempo,
cresceu exponencialmente nos últimos anos, é só ver a quantidade de instrutores e pupilos de
mindfulness e de ioga que existem ao nosso redor. Mindfulness e ioga em sua versão pop para
o Ocidente, não precisamente as antigas disciplinas praticadas pelos mestres orientais, mas um
produto prático e de rápida aprendizagem que conserva sua estética, seu merchandising e suas
toxinas culturais. [...]

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Frente ao argumento de que a humanidade, finalmente, tomou consciência de sua vida


interior, por que demoramos tanto em alcançar esse degrau evolutivo?, proporia que, mais
exatamente, a burguesia ocidental é o objetivo de uma grande operação mercantil que tem mais
a ver com a economia do que com o espírito, a saúde e a felicidade da espécie humana. [...]
A indústria do espírito é um produto das sociedades industrializadas em que as pessoas já
têm muito bem resolvidas as necessidades básicas, da moradia à comida até o Netflix e o Spotify.
Uma vez instalada no angustiante vazio produzido pelas necessidades resolvidas, a pessoa se
movimenta para participar de um grupo que lhe procure outra necessidade.
Esse crescente coletivo de pessoas que cavam em si mesmas buscando a felicidade já
conseguiu instalar um novo narcisismo, um egocentrismo new age, um egoísmo raivosamente
autorreferencial que, pelo caminho, veio alterar o famoso equilíbrio latino de mens sana in
corpore sano, desviando-o descaradamente para o corpo. [...]
Esse inovador egocentrismo new age encaixa divinamente nessa compulsão
contemporânea de cultivar o físico, não importa a idade, de se antepor o corpore à mens.
Ao longo da história da humanidade o objetivo havia sido tornar-se mais inteligente à
medida que se envelhecia; os idosos eram sábios, esse era seu valor, mas agora vemos sua
claudicação: os idosos já não querem ser sábios, preferem estar robustos e musculosos, e
deixam a sabedoria nas mãos do primeiro iluminado que se preste a dar cursos. [...]
Parece que o requisito para se salvar no século XXI é inscrever-se em um curso, pagar a
alguém que nos diga o que fazer com nós mesmos e os passos que se deve seguir para viver
cada instante com plena consciência. Seria saudável não perder de vista que o objetivo principal
dessas sessões pagas não é tanto salvar a si mesmo, mas manter estável a economia do espírito
que, sem seus milhões de subscritores, regressaria ao nível que tinha no século XX, aquela
época dourada do hedonismo suicida, em que o mindfulness era patrimônio dos monges, a ioga
era praticada por quatro gatos pingados e o espírito era cultivado lendo livros em gratificante
solidão.
(Adaptado de: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/09/26/opinion/1506452714_976157.html>.
Acesso em 27 mar. 2018)

31. (INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judiciário – Enfermagem)
Sobre tipologia e gêneros textuais, assinale a alternativa correta.
(A) O texto “A indústria do espírito” apresenta, majoritariamente, a tipologia narrativa, a qual
tipicamente emprega verbos no pretérito, como é possível notar neste excerto: “A indústria
do espírito, uma das operações mercantis mais bem-sucedidas de nosso tempo, cresceu
exponencialmente nos últimos anos [...]”.
(B) Não há um número definido de tipologias textuais, uma vez que elas surgem e
desaparecem conforme as necessidades sociodiscursivas de determinada comunidade.
(C) O segundo parágrafo do texto “A indústria do espírito” é composto por períodos simples,
típicos da tipologia injuntiva.
(D) A maneira com que o texto “A indústria do espírito” se inicia, utilizando uma citação, é
comum no gênero textual carta aberta.
(E) O texto “A indústria do espírito” é um exemplar do gênero textual artigo de opinião.

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32. (INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judiciário – Enfermagem)
De acordo com o texto, é correto afirmar que
(A) a fórmula da felicidade proposta por Daniel Dennett vai ao encontro do que propõe a
indústria do espírito no século XXI.
(B) o atribulado cidadão comum do Oriente, assim como um monge tibetano, encontra a
felicidade em si mesmo.
(C) a indústria do espírito tem menos a ver com a felicidade das pessoas do que com a
economia e com o mercado.
(D) o novo narcisismo, decorrente de uma postura intimista, prioriza o espírito em detrimento
do corpo.
(E) a indústria do espírito incentiva a leitura de livros em gratificante solidão.

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33. (AOCP - 2015 - TRE-AC - Técnico Judiciário - Área Administrativa)

Em relação ao texto “Votando em quem? ”, assinale a alternativa correta.


(A) Trata-se de uma caricatura, pois a ilustração enfatiza o exagero referente às
características dos personagens, de forma que o humor se constituiu devido à proporção
atribuída a esses exageros. No caso, os traços característicos dos personagens estão
fortemente delineados nas figuras ilustrativas. Os traços que caracterizam a mãe são
identificados pelo lenço na cabeça e pela ação de uma prática doméstica, e o que
caracteriza o filho é identificado pelo uso do boné.
(B) Trata-se de uma história em quadrinhos em que prevalece a tipologia injuntiva, o que é
possível verificar pelo terceiro quadrinho quando a mãe se posiciona de forma a
demonstrar autoridade, o que pode ser comprovado pela materialidade linguística {formas
verbais) e também pela linguagem não verbal {linguagem corporal da mãe: fisionomia e
gesto de apontamento). Geralmente, o público alvo dessas narrativas em quadrinhos é o
público infantil e familiar.
(C) Trata-se do gênero notícia em forma de tirinha, em que prevalece a tipologia dialogai, pois,
ao perguntar à mãe como foi a votação, o filho pretende obter informações sobre uma
situação já existente, mas que não são ainda de seu conhecimento. Ele obtém, portanto,
as informações quando a mãe, no segundo quadrinho, responde a sua indagação.
(D) Trata-se de uma charge em forma de tirinha, pois, pelo diálogo entre mãe e filho, é
possível identificar a crítica realizada pelo filho, de forma humorística, dada à situação do
momento eleitoral. No caso, houve desinteresse por parte da mãe, que aparenta não
conhecer plenamente o candidato em quem votou, mas depois ela terá de arcar com as
consequências, o que pode ser verificado no terceiro quadrinho.
(E) Trata-se de cartum, pois, de forma humorística, retrata uma crítica a um personagem
definido e conhecido, no caso, a mãe. Além disso, a sátira refere-se a uma situação
cotidiana, o que também pode ser evidenciado pelas atividades habituais dessas pessoas.
No caso, a mãe, em sua atividade doméstica, e o filho, por se pressupor que iria jogar
videogame.

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QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES – NÍVEL SUPERIOR


34. (CESPE - 2019 - TJ-AM - Assistente Judiciário – Programador)

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Como o texto elenca fatos ocorridos ao longo da história da justiça brasileira, é correto classificá-
lo como predominantemente narrativo.
( ) Certo
( ) Errado

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35. (CESPE - 2019 - TJ-AM - Analista Judiciário - Analista de Sistemas)

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Embora o texto seja predominantemente dissertativo, seu terceiro parágrafo é essencialmente


narrativo.
( ) Certo
( ) Errado

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36. (CESPE – 2017 - Polícia Civil/GO – Delegado)

O texto CB1A1AAA é predominantemente


(A) injuntivo.
(B) narrativo.
(C) dissertativo.
(D) exortativo.
(E) descritivo.

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37. (VUNESP – 2019 – TJ-SP – Administrador Judiciário)

Procuram-se especialistas em evitar fraudes


A recente onda de escândalos de corrupção levou as empresas brasileiras a investir em
uma área ainda pouco conhecida no mercado: o compliance.
O profissional que atua nesse setor é responsável por receber denúncias, combater
fraudes, realizar investigações internas e garantir que a companhia cumpra leis, acordos e
regulamentos da sua área de atuação. Ele tem o papel importante de auxiliar a empresa a se
proteger de eventuais problemas de corrupção.
“Nos últimos anos, a área de compliance assumiu protagonismo nas empresas. É uma
profissão com salários altos já que as pessoas com experiência ainda são escassas no mercado”,
diz o advogado Thiago Jabor Pinheiro, 35.
“Como não existem cursos de graduação específicos de compliance, o estudante que se
interesse pela área pode direcionar seu curso para questões de auditoria, prevenção de fraude,
direito administrativo e governança corporativa”, diz Pinheiro.
Apesar de sobrarem vagas nesse mercado, conseguir um emprego não é fácil. “É
fundamental que a pessoa seja atenta aos detalhes, entenda como funciona uma organização e
tenha fluência em inglês porque as melhores práticas vêm de fora do país, sobretudo dos EUA
e da Inglaterra”, diz o advogado.
Para Caroline Cadorin, diretora de uma consultoria, os candidatos precisam ter jogo de
cintura para lidar com as mais diversas situações. “Estamos falando de profissionais com forte
conduta ética, honestidade e que buscam a promoção da transparência. Hoje as empresas estão
cientes de seus papéis ativos no combate à corrupção, especialmente aquelas envolvidas em
projetos de órgãos públicos. As companhias que mantêm departamentos de compliance são
vistas como mais transparentes”, diz Cadorin.
(Larissa Teixeira. Folha de S.Paulo, 28.09.2017. Adaptado) Analisando-se a organização do
quinto parágrafo do texto, conclui-se que ele é:
(A) argumentativo-narrativo.
(B) estritamente argumentativo.
(C) descritivo-narrativo.
(D) estritamente descritivo.
(E) descritivo-argumentativo.

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GABARITO
1.B 2.A 3.D 4.D 5.E 6. Certo 7. Certo 8. Errado 9. D 10. E
11.C 12.E 13.A 14 D 15.A 16.D 17.Certo 18.D 19.C 20. Certo
21 C 22 D 23 A 24.A 25.A 26.Errado 27.D 28.A
29. E 30.D 31.E 32.C 33.D 34. Errado 35. Certo 36. C 37. E

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