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COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL


1. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 4
2. FATORES QUE INTERFEREM NA CONSTRUÇÃO DE UM TEXTO ......................... 4
3. TIPOS TEXTUAIS ..................................................................................................... 6
4. DESCRITIVO ............................................................................................................. 7
5. NARRATIVO ............................................................................................................. 7
6. DISSERTATIVO ........................................................................................................ 8
7. INJUNTIVO ............................................................................................................... 9
8. EXPOSITIVO ........................................................................................................... 10
Coerência ....................................................................................................... 11
9. OS TIPOS DE COERÊNCIA..................................................................................... 12
10. A COERÊNCIA E O TEXTO ................................................................................... 13
11. A COERÊNCIA E O SENTIDO DO TEXTO ............................................................ 14
12. REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 17
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AULA 2

COESÃO E COERÊNCIA
TEXTUAL

Compreender o conceito de coerência;

Reconhecer os tipos de coerência textual;

Conhecer a definição de texto;

Entender o que são tipos textuais;

Compreender quais são as peculiaridades de cada tipo textual;

Conhecer os tipos: descritivo; narrativo; dissertativo; injuntivo;


e expositivo.

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1. INTRODUÇÃO

A palavra texto vem do latim textum, que significa, em tradução literal, tecido
organizado de palavras. Trata-se de uma organização lógica, encadeada, que estabelece
comunicação, tanto na fala quanto na escrita, não importando a sua extensão. Segundo
Guimarães (2000, p. 14) “[...] em sentido amplo, a palavra texto designa um enunciado
qualquer, oral ou escrito, longo ou breve, antigo ou moderno. Caracteriza-se, pois, numa cadeia
sintagmática de extensão muito variável, podendo circunscrever-se tanto a um enunciado
único ou a uma palavra”.

Assim, podemos dizer que um texto somente se configura como tal quando é
enunciado de modo articulado, fazendo com que o receptor compreenda a mensagem. Ainda
de acordo com Guimarães (2000), um texto se forma por meio das estruturas internas que o
caracterizam e, também, articula-se em diferentes tipos. Temos, então, um todo organizado,
que visa a um dado objetivo comunicativo. Dessa maneira, escolhemos e privilegiamos aquele
que melhor cabe dentro de cada propósito.

SAIBA MAIS

Para conhecer mais a fundo os tipos textuais e como redigir cada um deles,
leia “Para entender o texto: leitura e redação”, de Francisco Platão Savioli e
José Luis Fiorin. Na obra, os autores trazem uma abordagem inovadora, uma
vez que todo o estudo é realizado com base em exemplos textuais.

2. FATORES QUE INTERFEREM NA CONSTRUÇÃO DE UM TEXTO

Como vimos, o texto é um todo que deve produzir sentido para o leitor. Assim, o texto
precisa ser planejado e construído com base em alguns pressupostos. Segundo Nicola (2014),
os requisitos para a construção do texto são:

· Intencionalidade: está associada às intenções do produtor do texto em relação ao


objeto comunicativo. Por exemplo, quando a intenção é persuadir, convencer, o
texto deverá ser organizado com base nestas intenções;
· Aceitabilidade: a mensagem transmitida pelo texto, que é construído pelo autor,
deve ser tomada pelo receptor como verdadeira, ou seja, as intenções do texto

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precisam ser “aceitas”. Por isso, as informações contidas em um texto devem ser
baseadas em fatos, que não possam ser refutados;

· Situacionalidade: o texto, ao ser produzido, precisa estar adequado à situação


comunicativa. Não cabe, por exemplo, construir um texto com linguagem
extremamente formal em uma situação em que a formalidade não é exigida.
Numa conversa entre amigos, a linguagem usada, intencionalmente, é mais solta,
leve; já em uma entrevista de trabalho, a linguagem precisa ser mais formal,
adequada ao contexto situacional, respeitando as normas gramaticais;

· Informatividade: um texto precisa trazer informações ao receptor. Não se


compreende como texto um enunciado que não agregue qualquer tipo de
informação para quem lê. Vale salientar que o critério para a utilização do nível de
informatividade dependerá da situacionalidade e da aceitabilidade;

· Intertextualidade: não existe um texto “puro”, ou seja, que não tenha por referência
outros. A intertextualidade é a relação que um texto mantém com outro. Por
exemplo, uma dissertação apresenta dados que já foram expostos em outras
publicações, os quais serviram de base para a exposição ou defesa de uma tese.

Assim, é preciso compreender que há diversos fatores que interferem diretamente na


construção de um texto e que, sem a organização e planejamento deles, a transmissão da
mensagem poderá ficar comprometida.

Imagem 1 - Fatores que interferem na construção do texto 1


Como vimos, para a construção de um texto, é necessário perceber quais são os
fatores que podem interferir diretamente na sua produção. Portanto, não basta apenas
escrever. Além disso, os textos são classificados em estruturas, conforme veremos a seguir.

1
Disponível em: < http://www.litero.com.br/servicos/revisao-de-texto/>

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3. TIPOS TEXTUAIS

Os textos estão organizados em tipologias, ou seja, agrupados e estudados de acordo


com as suas estruturas e finalidades (NICOLA, 2014). De acordo com Garcia (2010), há cinco
tipos de textos (ou categorias textuais), que serão classificados de acordo com seus usos e
estruturas internas. Os tipos textuais são: descritivo, narrativo, dissertativo, injuntivo e
expositivo.

FIQUE ATENTO

Lembre-se de que o uso do texto está diretamente ligado aos fatores que
interferem na construção de qualquer que seja o seu tipo. Assim, os textos
devem ser usados conforme a necessidade comunicativa. Caso a
comunicação exija um texto explicativo, este deverá cumprir esta premissa.

Os tipos textuais se organizam de maneira bastante simples para serem


compreendidos, uma vez que as suas estruturas internas são elaboradas para que tenhamos
um processo comunicativo claro e objetivo (GUIMARÃES, 2000)

EXEMPLO

Quando temos a intenção comunicativa, oral ou escrita, de defender uma


tese, usamos um tipo de texto que nos permita realizar o objetivo central, que
é o de apresentar e defender uma ideia. Não é possível defender ou expor
uma ideia fazendo uso de um tipo que não se encaixe dentro das
características exigidas nesta situação.

Quando temos a intenção comunicativa, oral ou escrita, de defender uma tese, usamos
um tipo de texto que nos permita realizar o objetivo central, que é o de apresentar e defender
uma ideia. Não é possível defender ou expor uma ideia fazendo uso de um tipo que não se
encaixe dentro das características exigidas nesta situação.

Agora, vamos aprofundar nosso estudo nas especificidades dos tipos textuais.

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4. DESCRITIVO

No texto descritivo, a intenção comunicativa é a de caracterizar um ser, local, objeto,


tanto de modo físico quanto psíquico. Ele é largamente utilizado no dia a dia, uma vez que
precisamos descrever com as palavras o mundo que nos cerca. Assim, quando queremos
apresentar uma informação, usamos o tipo descritivo.

Os adjetivos são muito empregados nos textos descritivos. Por exemplo, quando
vendemos um carro, precisamos descrever os dados para informar detalhadamente o
possível comprador. Veja: “4 portas, bancos de couro, direção hidráulica e rodas de liga leve”.

Agora, acompanhe as características do tipo narrativo.

5. NARRATIVO

O tipo narrativo tem por objetivo contar histórias, narrar ações, sejam elas reais ou
fictícias, que estejam localizadas em um tempo e espaço. As narrações ainda se caracterizam
pela presença de personagens e por um narrador, o qual pode ser também um personagem
da trama (GARCIA, 2010).

FIQUE ATENTO

Nos textos narrativos, há o largo emprego de descrições, uma vez que é


impossível contar uma história sem que se caracterize o ambiente, local,
personagens e demais acontecimentos que permeiam as ações narradas.
Podemos afirmar, então, que uma narração se vale da descrição, mas nem
sempre a descrição se vale da narração, em especial quando ela é técnica.

Nos textos narrativos, há o largo emprego de descrições, uma vez que é impossível
contar uma história sem que se caracterize o ambiente, local, personagens e demais
acontecimentos que permeiam as ações narradas. Podemos afirmar, então, que uma
narração se vale da descrição, mas nem sempre a descrição se vale da narração, em especial
quando ela é técnica.

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Imagem 2 - Descrição e narração: características e finalidades 2

A seguir, conheceremos o tipo dissertativo.

6. DISSERTATIVO

A palavra dissertação vem do latim dissertare e significa, literalmente, argumentar com


criticidade (NICOLA, 2014). Logo, dizemos que a intenção do tipo dissertativo é expor ideias
ou defender uma tese, apresentando argumentos, fatos e dados que sejam cabíveis ao tipo
de defesa ou exposição que se pretende. Por exemplo, para defender uma monografia, nos
valemos do tipo dissertativo, que atende às premissas exigidas para a situacionalidade.

O tipo dissertativo é elaborado em uma linguagem culta, redigida na 3ª pessoa. Além


disso, ele é conhecido como tripartido, ou seja, apresenta três partes muito bem definidas. A
primeira parte é a introdução, ou tese, na qual se expõe a ideia que será debatida. A introdução
é construída por meio da apresentação de um tópico frasal, que expõe o tema a ser discutido,
e o ponto de vista do autor acerca do assunto.

Assim, uma elaboração assertiva da introdução irá garantir o sucesso do texto


dissertativo. Por isso, ela deverá ser desenvolvida de modo claro, coeso e coerente, sempre
calcada em argumentos de autoridade (informações válidas, sérias, oficiais), os quais serão
desdobrados na segunda parte do texto (GARCIA, 2010).

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Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

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FIQUE ATENTO

A dissertação é um dos textos mais utilizados no meio acadêmico. Além


disso, é o tipo textual mais exigido em concursos públicos, exames
vestibulares e outros tipos de processos de seleção, inclusive para selecionar
candidatos para vagas de trabalhos.

A segunda parte compreende o desenvolvimento, que, como o próprio nome diz,


apresenta as considerações (exemplos, dados históricos, causas, consequências) utilizadas
para defender a tese inicial. Já a terceira parte é a conclusão, ou fecho, cuja função é retomar
a tese inicial, apresentar uma proposta de intervenção e dar um fechamento para o texto
(GARCIA, 2010).

Veja que a dissertação é um texto cuja estrutura é fixa, independentemente de sua


extensão. Suas partes são bem definidas e, simultaneamente, elencadas, ou seja, caso uma
apresente problemas de coesão, haverá problemas também em outras partes do texto. Agora,
vamos conhecer o tipo injuntivo.

7. INJUNTIVO

Tipo injuntivo (também conhecido como instrucional) tem por finalidade instruir o
leitor, ou seja, indicar de que forma ele deverá agir. Trata-se de um texto bastante presente
em nosso cotidiano, como em receitas culinárias, manuais de instrução, indicações de rotas,
isto é, todos aqueles que sirvam para dar instruções.

Nos textos injuntivos, usamos os verbos quase sempre no modo imperativo, ou, por
vezes, no infinitivo. Eles também apresentam um tom de persuasão, e por esse motivo há um
predomínio da função apelativa ou conativa da linguagem (MORAES, 2008).

EXEMPLO

O tipo injuntivo é predominante em propagandas, uma vez que ele tem por
objetivo dar uma indicação, ao receptor da mensagem, acerca das atitudes

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que ele deve tomar. Observe que no enunciado “relaxe no verão, mas fique de
olho no mosquito da dengue”, há uma injunção, uma vez que a mensagem
indica que tipo de comportamento o leitor deve ter. Perceba, ainda, o emprego
do modo imperativo.

8. EXPOSITIVO

O tipo expositivo tem por objetivo realizar uma apresentação de modo claro, coeso,
explanando informações com objetividade. Neste tipo textual, há o predomínio de exemplos,
fontes, referências e linguagem didática (NICOLA, 2014).

Note que este texto que você está lendo, o qual visa dar embasamento teórico sobre
os tipos de textos, é, por suas características, um texto expositivo.

Imagem 3 – Texto Expositivo 3

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Fonte: Disponível em: < https://www.emaze.com/@AWLORWIZ>

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Coerência

Há muitas discussões sobre a conceituação do que é coerência. No entanto, em última


análise, podemos afirmar que a coerência é a relação lógica entre ideias e fatos, entre discurso
e ação, que irá acarretar em uma congruência, em uma coesão, de sentido único (BECHARA,
2008). Em outras palavras, coerência é dar sentido lógico a um texto, formando um todo
compreensível aos leitores, que possa ser assimilado dentro do princípio de interpretabilidade
do receptor em uma situação comunicativa (KOCH, 2015).

FIQUE ATENTO

Para termos coerência em um texto, não podemos escrever um amontoado


de palavras de maneira aleatória, ou seja, que não constituam uma
informação lógica, que faça sentido para o receptor durante o ato
comunicativo.

Para termos coerência em um texto, não podemos escrever um amontoado de


palavras de maneira aleatória, ou seja, que não constituam uma informação lógica, que faça
sentido para o receptor durante o ato comunicativo.

Nestes termos, a coerência é um princípio que deve ser global em um texto, já que ele
forma um todo. Assim, as informações que estiverem elencadas nos diferentes textos podem
estabelecer um sentido unitário global em uma forma de organização superior, relacionando
elementos entre si.

EXEMPLO

Na situação comunicativa, “Mariana tinha feito a comida quando chegamos


e ainda estava fazendo” não é possível estabelecer um todo de sentido
unitário, porque o trecho não foi construído dentro de uma linha de raciocínio
lógica e, portanto, aponta incoerência entre as ações enunciadas.

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Imagem 4 - A coerência atribui sentido ao texto 4.

Agora, para trabalharmos efetivamente o tema da aula, precisamos conhecer quais os


tipos de coerência que podem estar presentes em um texto.

9. OS TIPOS DE COERÊNCIA

Para evitarmos a incoerência nos textos, temos que ficar atentos às construções
textuais e combinações linguísticas. Desta forma, podemos elencar dois tipos de coerência
que devem ser empregadas no momento de realizarmos as produções textuais: a coerência
global, que diz respeito ao texto em sua totalidade; e a coerência local, referente a uma parte
do texto, ou frases sequenciais dentro de um texto.

Segundo Kock (2015), a coerência global é aquela que advém do próprio texto em
sentido unitário, geral. Já a coerência local provém da combinação dos elementos da língua
em sequências menores, para expressar sentidos que possibilitem a realização de uma
intenção comunicativa.

Imagem 5 - A coerência textual pode ser local ou global 5.

4 Fonte: Disponível em: < http://observacaodecampus.blogspot.com.br/2013/11/coesao-e-coerencia-textual.html>


5
Fonte: Disponível em:< http://www.comomontartcc.com.br/como-fazer-tcc/como-fazer-tcc-com-coerencia-e-coesao/>

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Dentro destes dois tipos de coerência, ainda podemos elencar quatro formas de se
realizar a coerência textual. Segundo Koch (2015), estas formas são:

• coerência semântica: realiza-se a partir da relação entre os significados das


palavras, componentes de frases, em sequência, em um texto e/ou entre os
elementos como um todo;
• coerência sintática: refere-se diretamente aos recursos gramaticais utilizados
para expressar coerência semântica, como os conectivos, os pronomes e os
sintagmas nominais definidos e os indefinidos;
• coerência estilística: refere-se aos elementos linguísticos pertencentes ao
mesmo estilo ou registro da língua (no caso de usar a norma culta, ou marcas de
oralidade em um texto);
• coerência pragmática: está diretamente relacionada à sequência de atos de
fala, que podem ser apropriadas ou não à situação comunicativa.

FIQUE ATENTO

A relação de sentidos das palavras selecionadas para compor um texto


costuma ser um dos problemas mais graves de coerência, ao lado da
incoerência sintática. Muitas vezes, na produção de textos, há problemas
com a questão do mau uso de conectivos, conjunções, preposições e até
mesmo pontuação, além do uso de palavras, cujos sentidos não se aplicam
ao contexto

Vimos que a coerência textual se dá por meio das combinações de vários elementos,
quer sejam palavras e ou expressões, quer sejam recursos gramaticais específicos. Agora,
vamos tratar da relação existente entre a coerência e o texto.

10. A COERÊNCIA E O TEXTO

O processo de coerência é “subjacente, reticulada, portanto, totalmente linear com as


estruturas articuladas em um texto” (KOCH, 2015, p. 47). Isto significa dizer que a coerência
se relaciona diretamente com a coesão textual. Por coesão, devemos entender a ligação, a
relação, ou seja, as conexões que se estabelecem diretamente por meio de marcas
linguísticas constituintes da tessitura textual (conjunções, preposições, pontuação), visto que

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estas se manifestam integralmente na composição sequencial do texto. Esta relação existe
porque tais marcas são ‘pistas’ fornecidas ao longo da produção textual.

EXEMPLO

No enunciado “João foi à festa, todavia não tinha sido convidado”, não há
coerência entre a primeira oração que compõe a afirmação em relação à
segunda. A incoerência no trecho se deve ao fato de que a conjunção,
“todavia” pressupõe uma ideia de continuidade, que não aconteceu, ou seja,
não está presente no texto. Lembre-se de que as conjunções, mecanismos de
coesão, atribuem coerência ou incoerência ao conjunto de ideias elencadas
em um texto.

No entanto, cabe aqui ressalvar que apenas a coesão (o uso dos elementos
linguísticos adequadamente) não irá garantir a coerência em um texto. Para que isto seja
possível, é necessário utilizar outros recursos exteriores ao texto, como conhecimento de
mundo, conhecimento acerca dos interlocutores, da situação e da aceitabilidade, sobre os
quais trataremos adiante.

11. A COERÊNCIA E O SENTIDO DO TEXTO

A coerência de um texto é decorrente de uma série de fatores que nem sempre estão
ligados diretamente aos elementos linguísticos e que são elencados no momento da
produção textual.

O conhecimento de mundo é um dos primeiros fatores extralinguísticos da coerência.


Este conhecimento deve ser observado com elevado grau de importância (NICOLA, 2014).
Observe que, ao lermos um texto que trata de um assunto totalmente desconhecido, ele nos
parecerá completamente incoerente, pois estará destituído de sentido. O conhecimento de
mundo é adquirido à medida que vamos experenciando vários fatores e, ao armazená-los na
memória, ganham significação.

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SAIBA MAIS

Para compreender com mais profundidade o mecanismo existente entre o


texto e a coerência, leia “O texto e a construção dos sentidos”, de Ingedore
Villaça Koch. No livro, em uma linguagem acessível, a autora aborda os
procedimentos que envolvem a produção textual, dando o enfoque na
coerência.

À medida que vamos adquirindo conhecimento de mundo, vamos também


armazenando informações. Ainda assim, é impossível que duas pessoas tenham experiências
que sejam exatamente simultâneas. Isto acontece porque, em uma mensagem, há uma
interligação entre emissor e receptor, ou seja, eles irão compartilhar conhecimentos comuns,
mas ao marcar a intencionalidade de um texto, o emissor deve considerar o quanto o receptor
conhece sobre tal assunto.

FIQUE ATENTO

Quando se pensa em conhecimento de mundo e conhecimento


compartilhado, quanto maior for a parcela de conhecimentos comum, menor
será a necessidade de explicitude do texto, pois, em caso de haver lacunas
na compreensão, inferências poderão ser realizadas (KOCH, 2015).

A inferência é outro recurso extralinguístico que permite a coerência em um texto. Mas


ela não acontece aleatoriamente, pois deve estar diretamente ligada às questões de
conhecimento de mundo e conhecimento compartilhado. Realizar a inferência é tentar
compreender e interpretar o texto, ou ainda, buscar segmentos presentes nele, partindo
apenas do conhecimento prévio que temos sobre o assunto. Veja que os textos que lemos
exigem, quase o tempo todo, que façamos algum tipo de inferência.

SAIBA MAIS

O processo de coerência textual é um assunto largamente explorado, devido


à necessidade de entendimento de sua aplicação nas produções de
diferentes tipos e gêneros. Para saber mais sobre o tema, leia o artigo “A
construção do texto; coesão e coerência textuais: conceito de tópico”, de
Maria Lúcia Mexias Simon. Disponível em:
http://www.filologia.org.br/rph/ANO14/40SUP/002.pdf.

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Também existem os fatores de contextualização, os quais auxiliam na decodificação
das mensagens. Todos os textos trazem algum tipo de informação sobre o tipo de texto
(como carta, crônica, entre outros) ou sobre o próprio assunto que será abordado. Ao lado
dos fatores, temos também a situacionalidade, que se refere à situação comunicativa que é
estabelecida pelo texto.

Não podemos deixar de abordar a questão da intertextualidade, que se refere ao


conhecimento prévio de outros textos. Na coerência, por meio da intertextualidade, é
fundamental que haja, por parte de quem decodifica a mensagem, conhecimento de outros
textos que abordem o mesmo tema de formas distintas entre si.

A intencionalidade e a aceitabilidade são, necessariamente, dois mecanismos para


estabelecer coerência textual. A intencionalidade refere-se diretamente à forma como os
emissores usam os textos para conseguir atingir os seus objetivos comunicativos. Assim, a
aceitabilidade acaba sendo parte constituinte da intencionalidade, visto que “é um postulado
básico que rege a comunicação humana, de cooperação, quando duas pessoas interagem por
meio de linguagem, uma vez que elas se esforçam para compreender o sentido do texto”
(KOCH, 2015, p. 98).

Imagem 4 - Fatores de Coerência são a chave para elaboração de um texto 6.

Conhecer os tipos de coerência textuais é fundamental para compreender e transmitir


mensagens com eficiência, visto que esta compreensão garante a comunicação entre as
partes envolvidas em um ato comunicativo.

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Fonte: http://vinhopapelepoesia.blogspot.com/2011/05/coesao-e-coerencia-escrita-em-acao-e.html

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12. REFERÊNCIAS

BECHARA, Evanildo. Dicionário escolar da língua portuguesa / Academia Brasileira de Letras.


2. ed. – São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008.

GARCIA, Othon Moacir. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro, Editora FGV: 2010.
GUIMARÃES, Elisa. A articulação do texto. 8. ed. São Paulo: Ática, 2000.

KOCH, Ingedore Villaça. O texto e a construção dos sentidos. 10. ed. São Paulo: Contexto,
2014.

_______. TRAVAGLIA, Luis Carlos. A coerência textual. 18. ed. São Paulo: Contexto, 2015.

MORAES, Augusta Magalhães Carvalho et al. Enciclopédia do Estudante: redação e


comunicação; técnicas de pesquisa, expressão oral, e escrita. São Paulo: Moderna, 2008.

NICOLA, José de. Gramática e texto. Volume único 1,2,3. São Paulo, Scipione, 2014.

SIMON, Maria Lúcia Mexias. A construção do texto: coesão e coerência textuais: conceito de
tópico. Revista Philologus, ano 14, n. 40, suplemento. Rio de Janeiro: CiFEFiL, jan./abr., 2008.
Disponível em: <http://www. filologia.org.br/rph/ANO14/40SUP/002.pdf>. Acesso em: 28 jul.
2017.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Aspectos da pesquisa sobre tipologia textual. Rev. de estudos da
linguagem. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, v. 20, n. 2, p. 361-387, jul./dez. 2012.
Disponível em: <http://periodicos.letras.ufmg.br/index.php/relin/article/view/2754/2709.
Acesso em: 21 jun. 2017.

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