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COESÃO E COERÊNCIA
TEXTUAL
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1. INTRODUÇÃO
A palavra texto vem do latim textum, que significa, em tradução literal, tecido
organizado de palavras. Trata-se de uma organização lógica, encadeada, que estabelece
comunicação, tanto na fala quanto na escrita, não importando a sua extensão. Segundo
Guimarães (2000, p. 14) “[...] em sentido amplo, a palavra texto designa um enunciado
qualquer, oral ou escrito, longo ou breve, antigo ou moderno. Caracteriza-se, pois, numa cadeia
sintagmática de extensão muito variável, podendo circunscrever-se tanto a um enunciado
único ou a uma palavra”.
Assim, podemos dizer que um texto somente se configura como tal quando é
enunciado de modo articulado, fazendo com que o receptor compreenda a mensagem. Ainda
de acordo com Guimarães (2000), um texto se forma por meio das estruturas internas que o
caracterizam e, também, articula-se em diferentes tipos. Temos, então, um todo organizado,
que visa a um dado objetivo comunicativo. Dessa maneira, escolhemos e privilegiamos aquele
que melhor cabe dentro de cada propósito.
SAIBA MAIS
Para conhecer mais a fundo os tipos textuais e como redigir cada um deles,
leia “Para entender o texto: leitura e redação”, de Francisco Platão Savioli e
José Luis Fiorin. Na obra, os autores trazem uma abordagem inovadora, uma
vez que todo o estudo é realizado com base em exemplos textuais.
Como vimos, o texto é um todo que deve produzir sentido para o leitor. Assim, o texto
precisa ser planejado e construído com base em alguns pressupostos. Segundo Nicola (2014),
os requisitos para a construção do texto são:
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precisam ser “aceitas”. Por isso, as informações contidas em um texto devem ser
baseadas em fatos, que não possam ser refutados;
· Intertextualidade: não existe um texto “puro”, ou seja, que não tenha por referência
outros. A intertextualidade é a relação que um texto mantém com outro. Por
exemplo, uma dissertação apresenta dados que já foram expostos em outras
publicações, os quais serviram de base para a exposição ou defesa de uma tese.
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Disponível em: < http://www.litero.com.br/servicos/revisao-de-texto/>
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3. TIPOS TEXTUAIS
FIQUE ATENTO
Lembre-se de que o uso do texto está diretamente ligado aos fatores que
interferem na construção de qualquer que seja o seu tipo. Assim, os textos
devem ser usados conforme a necessidade comunicativa. Caso a
comunicação exija um texto explicativo, este deverá cumprir esta premissa.
EXEMPLO
Quando temos a intenção comunicativa, oral ou escrita, de defender uma tese, usamos
um tipo de texto que nos permita realizar o objetivo central, que é o de apresentar e defender
uma ideia. Não é possível defender ou expor uma ideia fazendo uso de um tipo que não se
encaixe dentro das características exigidas nesta situação.
Agora, vamos aprofundar nosso estudo nas especificidades dos tipos textuais.
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4. DESCRITIVO
Os adjetivos são muito empregados nos textos descritivos. Por exemplo, quando
vendemos um carro, precisamos descrever os dados para informar detalhadamente o
possível comprador. Veja: “4 portas, bancos de couro, direção hidráulica e rodas de liga leve”.
5. NARRATIVO
O tipo narrativo tem por objetivo contar histórias, narrar ações, sejam elas reais ou
fictícias, que estejam localizadas em um tempo e espaço. As narrações ainda se caracterizam
pela presença de personagens e por um narrador, o qual pode ser também um personagem
da trama (GARCIA, 2010).
FIQUE ATENTO
Nos textos narrativos, há o largo emprego de descrições, uma vez que é impossível
contar uma história sem que se caracterize o ambiente, local, personagens e demais
acontecimentos que permeiam as ações narradas. Podemos afirmar, então, que uma
narração se vale da descrição, mas nem sempre a descrição se vale da narração, em especial
quando ela é técnica.
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Imagem 2 - Descrição e narração: características e finalidades 2
6. DISSERTATIVO
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Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
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FIQUE ATENTO
7. INJUNTIVO
Tipo injuntivo (também conhecido como instrucional) tem por finalidade instruir o
leitor, ou seja, indicar de que forma ele deverá agir. Trata-se de um texto bastante presente
em nosso cotidiano, como em receitas culinárias, manuais de instrução, indicações de rotas,
isto é, todos aqueles que sirvam para dar instruções.
Nos textos injuntivos, usamos os verbos quase sempre no modo imperativo, ou, por
vezes, no infinitivo. Eles também apresentam um tom de persuasão, e por esse motivo há um
predomínio da função apelativa ou conativa da linguagem (MORAES, 2008).
EXEMPLO
O tipo injuntivo é predominante em propagandas, uma vez que ele tem por
objetivo dar uma indicação, ao receptor da mensagem, acerca das atitudes
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que ele deve tomar. Observe que no enunciado “relaxe no verão, mas fique de
olho no mosquito da dengue”, há uma injunção, uma vez que a mensagem
indica que tipo de comportamento o leitor deve ter. Perceba, ainda, o emprego
do modo imperativo.
8. EXPOSITIVO
O tipo expositivo tem por objetivo realizar uma apresentação de modo claro, coeso,
explanando informações com objetividade. Neste tipo textual, há o predomínio de exemplos,
fontes, referências e linguagem didática (NICOLA, 2014).
Note que este texto que você está lendo, o qual visa dar embasamento teórico sobre
os tipos de textos, é, por suas características, um texto expositivo.
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Fonte: Disponível em: < https://www.emaze.com/@AWLORWIZ>
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Coerência
FIQUE ATENTO
Nestes termos, a coerência é um princípio que deve ser global em um texto, já que ele
forma um todo. Assim, as informações que estiverem elencadas nos diferentes textos podem
estabelecer um sentido unitário global em uma forma de organização superior, relacionando
elementos entre si.
EXEMPLO
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Imagem 4 - A coerência atribui sentido ao texto 4.
9. OS TIPOS DE COERÊNCIA
Para evitarmos a incoerência nos textos, temos que ficar atentos às construções
textuais e combinações linguísticas. Desta forma, podemos elencar dois tipos de coerência
que devem ser empregadas no momento de realizarmos as produções textuais: a coerência
global, que diz respeito ao texto em sua totalidade; e a coerência local, referente a uma parte
do texto, ou frases sequenciais dentro de um texto.
Segundo Kock (2015), a coerência global é aquela que advém do próprio texto em
sentido unitário, geral. Já a coerência local provém da combinação dos elementos da língua
em sequências menores, para expressar sentidos que possibilitem a realização de uma
intenção comunicativa.
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Dentro destes dois tipos de coerência, ainda podemos elencar quatro formas de se
realizar a coerência textual. Segundo Koch (2015), estas formas são:
FIQUE ATENTO
Vimos que a coerência textual se dá por meio das combinações de vários elementos,
quer sejam palavras e ou expressões, quer sejam recursos gramaticais específicos. Agora,
vamos tratar da relação existente entre a coerência e o texto.
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estas se manifestam integralmente na composição sequencial do texto. Esta relação existe
porque tais marcas são ‘pistas’ fornecidas ao longo da produção textual.
EXEMPLO
No enunciado “João foi à festa, todavia não tinha sido convidado”, não há
coerência entre a primeira oração que compõe a afirmação em relação à
segunda. A incoerência no trecho se deve ao fato de que a conjunção,
“todavia” pressupõe uma ideia de continuidade, que não aconteceu, ou seja,
não está presente no texto. Lembre-se de que as conjunções, mecanismos de
coesão, atribuem coerência ou incoerência ao conjunto de ideias elencadas
em um texto.
No entanto, cabe aqui ressalvar que apenas a coesão (o uso dos elementos
linguísticos adequadamente) não irá garantir a coerência em um texto. Para que isto seja
possível, é necessário utilizar outros recursos exteriores ao texto, como conhecimento de
mundo, conhecimento acerca dos interlocutores, da situação e da aceitabilidade, sobre os
quais trataremos adiante.
A coerência de um texto é decorrente de uma série de fatores que nem sempre estão
ligados diretamente aos elementos linguísticos e que são elencados no momento da
produção textual.
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SAIBA MAIS
FIQUE ATENTO
SAIBA MAIS
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Também existem os fatores de contextualização, os quais auxiliam na decodificação
das mensagens. Todos os textos trazem algum tipo de informação sobre o tipo de texto
(como carta, crônica, entre outros) ou sobre o próprio assunto que será abordado. Ao lado
dos fatores, temos também a situacionalidade, que se refere à situação comunicativa que é
estabelecida pelo texto.
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Fonte: http://vinhopapelepoesia.blogspot.com/2011/05/coesao-e-coerencia-escrita-em-acao-e.html
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12. REFERÊNCIAS
GARCIA, Othon Moacir. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro, Editora FGV: 2010.
GUIMARÃES, Elisa. A articulação do texto. 8. ed. São Paulo: Ática, 2000.
KOCH, Ingedore Villaça. O texto e a construção dos sentidos. 10. ed. São Paulo: Contexto,
2014.
_______. TRAVAGLIA, Luis Carlos. A coerência textual. 18. ed. São Paulo: Contexto, 2015.
NICOLA, José de. Gramática e texto. Volume único 1,2,3. São Paulo, Scipione, 2014.
SIMON, Maria Lúcia Mexias. A construção do texto: coesão e coerência textuais: conceito de
tópico. Revista Philologus, ano 14, n. 40, suplemento. Rio de Janeiro: CiFEFiL, jan./abr., 2008.
Disponível em: <http://www. filologia.org.br/rph/ANO14/40SUP/002.pdf>. Acesso em: 28 jul.
2017.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Aspectos da pesquisa sobre tipologia textual. Rev. de estudos da
linguagem. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, v. 20, n. 2, p. 361-387, jul./dez. 2012.
Disponível em: <http://periodicos.letras.ufmg.br/index.php/relin/article/view/2754/2709.
Acesso em: 21 jun. 2017.
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