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23/09/23, 21:07 Texto e discurso

Texto e discurso
Prof. Luís Cláudio Dallier Saldanha

Descrição

Os conceitos de texto e de discurso, a distinção e a complementaridade


entre eles, bem como uma caracterização dos gêneros textuais e alguns
cuidados necessários na produção e leitura de textos.

Propósito

Compreender o conceito de texto, discurso e gênero textual para


identificar estratégias e cuidados necessários à elaboração e à leitura de
um texto.

Objetivos
Módulo 1

Conceitos de texto e de discurso


Distinguir os conceitos de texto e de discurso.

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Módulo 2

A elaboração do texto
Identificar aspectos da distinção entre texto e discurso na produção
textual.

Módulo 3

Gêneros textuais
Reconhecer o conceito de gêneros textuais e suas implicações na
leitura de textos.

Introdução
A escrita e a leitura são duas práticas fundamentais na vida
acadêmica e profissional. Vivemos num mundo letrado, em
ambientes físicos ou virtuais que são povoados por textos. Cada
texto desempenha uma determinada função, atende a um objetivo,
está relacionado com certa prática social ou situação de
comunicação e interação.

Escrevemos textos para serem lidos e lemos textos que foram


escritos com determinadas intenções. Tudo isso nos conduz à
relação entre texto, discurso e gêneros textuais. Por isso, vamos
estudar esses conceitos e conhecer algumas recomendações para
ler e escrever melhor.

Vamos aos estudos!

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1 - Conceitos de texto e de discurso


Ao final deste módulo, você será capaz de distinguir os conceitos de
texto e de discurso.

Introdução
Todas as vezes em que você se comunica ou interage com alguém, há
sempre uma intenção ao falar ou ao escrever.

Dependendo dessa intenção ou da finalidade do ato de comunicação,


haverá maneiras diferentes de construir sua fala e sua escrita, ou seja,
você acabará usando modos específicos para se expressar ou interagir
por meio da língua.

As formas características do uso da língua se


manifestam em determinadas estruturas, isto é, dito de
outra forma, aparecem em modos peculiares de
organizar o discurso ou o ato de comunicação.
Independentemente da finalidade, sua escrita ou sua

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fala se organizam a partir de estruturas definidas, que


muitas vezes até passam despercebidas.

Vejamos a seguinte situação:

Imagine que Rodrigo chegou em casa ansioso por contar algo que
aconteceu no trabalho, uma situação ocorrida que lhe deu muita
esperança de ser promovido.

Falamos e escrevemos com as mais diferentes intenções, adequando


nosso ato de comunicação a partir delas, por isso devemos concluir que
há diversas formas de organizar o discurso. Isso também implica dizer
que existem diversos gêneros textuais, além daquelas moda­lidades que
você deve ter aprendido na escola, como narração, descrição e
dissertação.

No diálogo acima, qual modalidade você acha que


Rodrigo utilizou para contar o fato ocorrido?

Digite sua resposta aqui

Chave de respostaexpand_more

Narração

Ao contar o episódio, tentando mostrar as chances de ter uma


promoção, ele utilizou aspectos característicos da narração, que é
um tipo específico de se organizar o discurso, assim como nós
fazemos comumente no dia a dia.

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Enquanto ele contava sua história, provavelmente nem se deu


conta de elementos típicos da narração, como: personagem,
espaço, tempo etc.

Para compreender tudo isso e identificar possíveis aplicações no uso da


língua, você aprenderá os conceitos de discurso e de texto para, então,
verificar como o conhecimento dos diferentes gêneros textuais o
ajudará a escrever e a ler melhor.

Conceitos de texto e de
discurso
Para distinguir texto e discurso, primeiramente é preciso conceituá-los,
além de identificar a utilidade dessa distinção. Mas, em vez de começar
logo com uma definição, vamos pensar um pouco sobre a prática, ou
seja, vamos considerar uma situação concreta de uso da língua. Imagine
que alguém diga a um colega o seguinte:

A resposta "sei" provavelmente frustrou quem perguntou. A decepção ou


mesmo o estranhamento diante de tal resposta ocorre porque a
intenção de quem pergunta não é obter uma informação sobre o
conhecimento ou não do horário, mas pedir um dado que traga sentido,
referência e clareza.

A intenção de quem pergunta é um elemento


fundamental na enunciação, assim como a forma
como o texto é recebido pelo enunciatário.

Enunciação
O termo enunciação refere-se à atividade social e interacional em que a
língua é colocada em funcionamento por um enunciador (aquele que fala

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ou escreve), tendo em vista um enunciatário (aquele para quem se fala ou


se escreve).

O produto da enunciação é chamado enunciado. No campo dos estudos


da linguagem, o conceito de enunciação, assim como tantos outros,
apresenta variações na forma como é definido, conforme a abordagem
teórica em que seja tomado.

A enunciação está presente na maioria dos textos. No caso da nossa


hipotética situação de comunicação, pode-se imaginar a presença
explícita dessa enunciação do seguinte modo:

É possível que um texto não explicite as intenções do autor, ou seja, a


enunciação pode estar implícita. Nesse caso, será preciso ouvir ou ler o
texto, entendê-lo e perceber as intenções do autor. Teremos, então, uma
decodificação desse texto.

Além da intenção, que pode estar implícita ou explícita na interação por


meio da linguagem, temos sujeitos que interagem em determinado
tempo ou contexto a partir de um texto ou mensagem.

Os aspectos relacionados com a pessoa (quem


fala/ouve ou quem escreve/lê) e com o tempo (em que
momento ou contexto a comunicação se dá) também
fazem parte da enunciação.

Mesmo que esses aspectos nem sempre estejam explicitados ou claros


no texto, a produção textual envolve os seguintes elementos da
enunciação:

intenção;
interlocutores; e

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contexto.

Sobre a enunciação, Antônio Suárez Abreu diz o seguinte:

O entendimento do texto implica a


decodificação da intenção de quem
o produziu, por isso mesmo, às
vezes, pode-se perguntar: mas o que
é que você quis dizer com isso?

Temos, assim, uma pergunta sobre


a enunciação.

(ABREU, 2004, p. 10)

A partir dessa abordagem inicial sobre enunciação, vamos a uma


primeira caracterização de texto e de discurso. Segundo Abreu (2004),
podemos dizer que:

O texto é um produto da enunciação, estático, definitivo e, muitas


vezes, com algumas marcas da enunciação que nos ajudarão na
tarefa de decodificá-lo.

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O discurso, por sua vez, é dinâmico: principia quando o emissor


realiza o processo de codificação e só termina quando o
destinatário cumpre sua tarefa de decodificá-lo. Por isso, também
se afirma que o discurso é histórico.

Quando um texto é escrito, finalizado pelo seu autor, pode ser


considerado algo acabado e estático. No entanto, o discurso teve seu
início juntamente com o texto e vai se completando à medida que o
texto vai sendo lido por seus leitores. Por isso, Abreu nos afirma que o
discurso

[...] é sempre dinâmico e pode ser


repetido infinitamente, sempre de
formas diferentes, dependendo dos
repertórios de seus leitores.

(ABREU, 2004, p. 12)

As concepções de texto e de discurso nos permitem, então, mais do que


fazer uma distinção, perceber que eles são complementares.

Discurso é o texto em atividade comunicativa; vindo a


público e se realizando.

É bom observar que o texto pode ser escrito ou oral, embora


enfatizemos na maioria das vezes o texto escrito. O discurso também
pode se realizar tanto a partir de um texto escrito quanto de um texto
oral.

Atenção
Não confunda discurso com a fala de um orador!

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Compreendendo texto e
discurso
O professor Luís Cláudio Dallier e o linguista Antônio Suárez Abreu
retomam o conceito de texto e discurso com alguns exemplos práticos.

Podemos, então, concluir que todas as vezes que escrevemos ou


falamos temos um texto que se realiza como discurso. Isso acontece
porque quem fala e escreve tem uma intenção ou objetivo contido na
mensagem e até na forma de comunicá-la. Quem ouve e lê precisa
decifrar (compreender) a mensagem e a sua intenção a partir do próprio
conhecimento de mundo e, claro, do próprio texto.

Mas, você pode se perguntar:

Para que serve definir texto e discurso, além de fazer a


distinção entre eles? Qual a utilidade desses
conceitos?

Essas perguntas são muito importantes e serão respondidas na


continuidade deste material. Mas, antes, verifique se você de fato
aprendeu o que é um texto e um discurso realizando as atividades a
seguir.

Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

A enunciação é um conceito importante para compreender o que é


um discurso, além da distinção e complementaridade entre texto e

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discurso. Sobre a enunciação, é correto afirmar que

refere-se à atividade social e interacional em que a


língua é colocada em funcionamento por um
A enunciador (aquele que fala ou escreve), tendo em
vista um enunciatário (aquele para quem se fala ou
se escreve), produzindo um enunciado.

a intenção tem pouca importância na produção do


B texto e, consequentemente, na forma como ele será
lido.

a intenção é um de seus elementos, estando sempre


C
presente no texto de forma explícita.

D o produto da enunciação é chamado enunciatário.

no campo dos estudos da linguagem, assim como


tantas outras noções, a de enunciação apresenta
E uma única forma de ser apresentada, sendo
resumida a dois elementos: enunciador e
enunciatário.

Parabéns! A alternativa A está correta.


A intenção de quem pergunta é um elemento fundamental na
enunciação, assim como a forma como o texto é recebido pelo
enunciatário. O termo enunciação refere-se à atividade social e
interacional em que a língua é colocada em funcionamento por um
enunciador (aquele que fala ou escreve), tendo em vista um
enunciatário (aquele para quem se fala ou se escreve). O produto da
enunciação é chamado enunciado. No campo dos estudos da
linguagem, o conceito de enunciação, assim como tantos outros,
apresenta variações na forma como é definido, conforme a
abordagem teórica em que seja tomado.

Questão 2

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Texto e discurso são conceitos que devem ser compreendidos


como distintos e ao mesmo tempo complementares porque

o texto é a parte abstrata e o discurso é a parte


A
concreta.

B o texto é escrito e o discurso é oral.

o discurso é o texto em atividade comunicativa,


C
vindo a público e se realizando.

o texto é dinâmico e indefinido enquanto o discurso


D
é estático e definitivo.

o texto pode ser repetido infinitamente, sempre de


formas diferentes, dependendo da bagagem cultural
E
de seus leitores, já o discurso pode ser considerado
algo acabado e estático.

Parabéns! A alternativa C está correta.


O texto é um produto da enunciação, estático, definitivo. O discurso,
por sua vez, é dinâmico: principia quando o emissor realiza o
processo de codificação e só termina quando o destinatário cumpre
sua tarefa de decodificá-lo. O discurso é histórico. Quando um texto
é escrito, finalizado pelo seu autor, pode ser considerado algo
acabado e estático. No entanto, o discurso teve seu início
juntamente com o texto e vai se completando à medida que o texto
vai sendo lido por seus leitores. Por isso, o discurso “é sempre
dinâmico e pode ser repetido infinitamente, sempre de formas
diferentes, dependendo do repertório de seus leitores” (ABREU,
2004, p. 12).

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2 - A elaboração do texto
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar aspectos da
distinção entre texto e discurso na produção textual.

Cuidados na elaboração do
texto
Compreender a relação entre texto e discurso deve levá-lo a
determinados cuidados na produção do texto e na sua leitura.

Em relação à leitura, você deve lembrar que o discurso é um conceito


relacionado com as intenções presentes no texto (de forma explícita ou
implícita) e outros elementos da comunicação como:

quem escreve;
quem lê;
em que contexto o texto foi produzido; e
o momento em que o texto é lido.

Isso quer dizer que o discurso é algo situado, ou seja, ele é produzido
por alguém, com determinada intenção, em algum contexto e tendo em

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vista o interlocutor.

Para a compreensão ou interpretação adequada do


texto, será preciso considerar também esses
elementos ou aspectos, muitas vezes escondidos nas
entrelinhas.

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Cuidados na elaboração do
texto
O linguista Antônio Suárez Abreu fala sobre cuidados na elaboração do
texto a partir da noção de discurso.

Uma longa tradição escolar analisou


textos ou enunciados sem
considerar quando foram proferidos,
por quem o foram, contra ou a favor
de quais outros enunciados. Isso
implicava basicamente uma análise
da forma do texto e de seu
conteúdo. Mas levar em conta a
situação e o contexto histórico
permite compreender melhor como
um texto funciona — o que significa,
se apoia ou critica outros etc. Esses

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fatores explicam por que algo foi


dito [...] e qual é o sentido do que foi
dito.

Considerar o discurso é contrapor-


se a só considerar o texto e os
elementos que o compõem: quantos
parágrafos tem? a qual gênero
pertence? Ou a só perguntar pelos
sentidos gerais do texto: em ‘o
menino leu o livro’, o que fez o
menino? quem leu o livro? O
principal efeito pedagógico desta
concepção é ir além da leitura do
conteúdo expresso para descobrir o
que eventualmente está implícito no
texto: se é uma informação, uma
resposta, a quem se dirige [...].

(POSSENTI, 2014, n. p., grifo do autor)

Você certamente percebeu o quão importante é a construção do


discurso e a relevância de refletir sobre ele. Mas sejamos um pouco
mais práticos, trataremos agora da elaboração do texto.

Elaboração do texto
Ao elaborar um texto, você deve ter em mente que não escreve para si
mesmo, pois seu texto é produzido para que outros o leiam, ele se
transformará em discurso. Por isso, deve haver cuidado na elaboração,
na forma pela qual suas intenções estarão marcadas ou presentes na
mensagem.

Se escrevemos e falamos para que outros nos entendam ou mesmo


atendam aos objetivos de nossa comunicação, precisamos nos esforçar
para irmos além da simples expressão do que temos em mente. Isso
tem a ver com um importante mecanismo da comunicação, que foi
resumido pelo professor Blikstein (1990), em seu livro Técnicas de
comunicação escrita. Estes seriam os princípios do mecanismo da
comunicação:

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looks_one Toda comunicação escrita deve gerar uma resposta


a uma determinada ideia ou necessidade que
temos em mente.

looks_two A comunicação escrita será correta e eficaz se


produzir uma resposta igualmente correta.

looks_3 Resposta correta é a que esperamos, isto é, aquela


que corresponde à ideia ou necessidade que temos
em mente.

looks_4 Para avaliarmos a correção e a eficácia de uma


comunicação escrita, temos que verificar sempre
se houve uma resposta e se ela corresponde à ideia
ou necessidade que queremos passar ao leitor.

Veja o exemplo:

É preciso, então, cuidado em relação a vários aspectos no uso da língua


nas situações de comunicação.

Vejamos três deles:

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1. Vocabulário

Devemos optar por palavras e expressões que, além de expressar o que


pensamos, ajudem o leitor ou ouvinte a identificar a nossa intenção ou o
objetivo do texto. Palavras pouco conhecidas ou rebuscadas, termos
técnicos e vocabulário restrito a uma área diferente da do nosso
interlocutor podem oferecer alguma dificuldade.

O vocabulário sempre deve estar adequado ao contexto em que


comunicamos nossa mensagem e ao nosso interlocutor. Se
precisarmos usar uma palavra difícil ou pouco conhecida, é
recomendável que ela venha acompanhada de alguma explicação,
evitando deixar o texto pedante ou pretensioso. Não é um vocabulário
excessivamente formal ou com preciosismos que vai demonstrar nosso
domínio da língua.

2. Adequação da linguagem às
situações e aos leitores que temos
em vista
O estilo e o nível de linguagem que usamos em nossa escrita ou fala
devem estar adequados ao contexto da comunicação, ao objetivo ou à
intenção da nossa mensagem e ao interlocutor (o receptor, a pessoa
com quem nos comunicamos):

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Se o objetivo, por exemplo, for escrever um manual com


procedimentos e orientações para o uso de um celular, o texto
deverá ter um estilo que respeite a língua culta, mas que seja
simples, objetivo e claro, com predomínio de verbos no
imperativo ou infinitivo, além de descrições e outras
características desse gênero textual.

Se escrevermos um bilhete ou enviarmos um recado por um


aplicativo de mensagens, usaremos uma linguagem mais
coloquial, um tom pessoal e talvez algumas abreviaturas, entre
outras características.

Mais adiante você aprenderá outros aspectos importantes na produção


e na elaboração do texto em função de seu gênero.

3. Construção das fra­ses e


correção gramatical
Organizar cada parágrafo do texto, os períodos e as frases que o
compõem é uma forma de deixar o texto claro, coeso e coerente.

Se queremos elaborar uma mensagem objetiva e que


demande uma resposta clara do nosso leitor, é melhor
colocar as orações na ordem direta, sem muita
inversão, e reservar para cada parágrafo uma ideia ou
um aspecto do que queremos tratar.

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Escrever e falar sem incorreções gramaticais também contribui para o


melhor entendimento da mensagem, além de dar credibilidade ao autor
em virtude do seu domínio da língua padrão.

Há outros cuidados na elaboração do texto que destacamos para ajudá-


lo a escrever melhor. São aspectos que o auxiliarão a perceber
características que devem estar presentes em todos os textos e, além
disso, a aprender uma outra forma de definir o que é um texto. Vamos,
então, conhecer quatro importantes recomendações que você precisa
considerar ao escrever e ao ler um texto:

Não confunda texto com a mera soma ou aglomerado de


frases expand_more

Um texto deve ser um todo orgânico com encadeamentos que


interliguem as suas partes. Isso im­plica, na leitura, que não
devemos tomar as frases ou partes do texto isoladamen­te, sem
considerar o seu contexto.

Se o texto é um todo orgânico, então sua com­preensão não pode


se basear apenas em um fragmento isolado do contexto.

Delimite o seu texto! expand_more

Os professores Fiorin e Savioli (2003, p. 17) nos lembram, em


seu livro Lições de texto: leitura e redação, que o texto deve ser
“delimitado por dois espaços de não sentido, dois brancos, um
antes de começar o texto e outro depois”, ou seja, tem início e
fim, está delimitado num determinado espaço. Isso implica uma
organização textual. Se o texto é uma unidade, ele deve ter
começo, meio e fim.

Faça com que seu texto seja um gerador de sentido expand_more

O que você escreve tem que fazer sentido para quem vai ler.
Caso isso não aconteça, não se produzirá um discurso, o texto
não se realizará.

Os sentidos têm de ser marcados pela coerência; devem ser,


também, confirmados a partir de seu contexto.

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Esteja atento a elementos do contexto durante a produção expand_more

De acordo com Fiorin e Savioli (2003, p. 17), o texto é o produto


de um sujeito que pertence “a um grupo social num tempo e num
espaço”, alguém que expõe em seus textos as ideias, os anseios,
os temores, as expectativas de seu tempo e de seu grupo social.

Assim, é necessário entender as concepções existentes na


época e na sociedade em que o texto foi produzido para não
correr o risco de compreendê-lo de maneira distorcida.

Esses cuidados na elaboração do texto correspondem a uma forma de


entender o que é um texto. Por isso, é hora de apresentar a seguinte
definição:

o texto é um todo orgânico gerador de


sentido.

Essa definição nos ajuda a perceber que um texto tem que fazer sentido
e possui princípio e fim, mesmo que ele seja um texto muito pequeno.

Imagine que alguém, diante de um princípio de incêndio, grite:


“Fogo!”.

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Ou vamos supor que uma professora, diante de uma sala de aula


muito barulhenta, escreva numa lousa a palavra: “Silêncio”.

Nos dois casos temos um exemplo de texto, por menor que seja sua
estrutura. Isso acontece porque nessas situações de comunicação
existe uma unidade linguística delimitada e que produz sentido a partir
da intenção de quem fala ou escreve.

Linguística
Estudo científico da linguagem e das línguas naturais. A utilização deste
termo depende das perspectivas metodológicas, das teorias e das
disciplinas que estudam os diferentes fenômenos.

(Portal da Língua Portuguesa)

Todo falante de uma língua tem a


capacidade de distinguir um texto
coerente de um aglomerado
incoerente de enunciados e essa
competência é linguística [...] O
texto consiste, então, em qualquer
passagem falada ou escrita que
forma um todo significativo
independentemente de sua
extensão.

(FÁVERO, 1998, p. 6-7)

Compreender que o texto é um todo orgânico que produz sentido


também traz como desdobramento estabelecer correspondência e
articulação entre suas partes. As frases não podem ser soltas ou
simplesmente amontoadas numa sequência sem sentido e sem
unidade.

Dica
A palavra texto está relacionada, em sua origem, com a palavra tecido.
Daí que podemos falar na "tecitura de um texto", em "tecer um texto". É

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preciso tecer os fios, ou tecer as palavras, de tal forma que o texto se


apresente coeso e orgânico: uma unidade articulada.

O processo de articulação do texto, que permite a integração entre suas


partes, é chamado de encadeamento semântico (semântico = sentido).
Ele é que produz a textualidade ou a “trama semântica”. A coesão,
segundo Abreu (2004), é exatamente esse processo de encadeamento
que produz a textualidade, que cuida da estruturação da sequência
superficial do texto.

Conforme nos ensinam Fiorin e Savioli (2003, p. 370), podemos também


dizer que a coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre as
palavras, expressões ou frases do texto, por meio de “elementos
formais que assinalam o vínculo entre os componentes do texto”.
Quando um conteúdo escrito apresenta repetições desnecessárias,
retomando uma palavra ou ideia sempre com o mesmo termo, temos
um caso de falta de coesão. O exemplo a seguir, retirado do livro Curso
de redação, do professor Antônio Suárez Abreu, é uma boa oportunidade
para verificar a falta de coesão num texto.

"As revendedoras de automóveis não estão mais


equipando os automóveis para vender os automóveis
mais caro. O cliente vai à revendedora de automóveis
com pouco dinheiro e, se tiver que pagar mais caro o
automóvel, desiste de comprar o automóvel e as
revendedoras de automóveis têm prejuízo." (ABREU,
2004, p. 24).

Se você levar em conta que o termo “revendedoras de automóveis” pode


ser substituído por agência, concessionária ou loja, e “automóveis” pode
ser substituído por carros, veículos, produto ou mercadoria, é possível
reescrever o texto estabelecendo a coesão. Veja:

"As revendedoras de automóveis não estão mais


equipando os carros para vendê-los mais caro. O
cliente vai lá com pouco dinheiro e, se tiver que pagar
mais caro pelo produto, desiste e as agências têm
prejuízo."

Perceba que, além de evitar a repetição de “revendedoras de


automóveis” e da palavra “automóveis”, substituindo esses termos por
sinônimos, foram utilizados mecanismos de coesão como a elipse, ou
seja, omissão de um termo.

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Nesse exemplo, na oração desiste de comprar o automóvel, foi omitido


o complemento da forma verbal “desiste”, sem prejuízo à compreensão
do texto. Também se substituiu o termo “os automóveis” na frase para
vender os automóveis mais caro pelo pronome oblíquo átono junto ao
verbo vender: “para vendê-los mais caro”. Outro mecanismo de coesão
utilizado foi a retomada do termo “revendedora de automóveis” valendo-
se de um advérbio, no caso, o advérbio de lugar “lá”: “o cliente vai lá...”.
Há diversas outras formas de articular as partes de um texto, as
sentenças ou frases que formam cada período ou parágrafo, garantindo
a coesão textual.

Se queremos, por exemplo, articular duas sentenças com o sentido de


oposição, podemos usar conectores ou articuladores como:

Mas
Porém
Contudo
No entanto
Todavia

Se a ideia for articular sentenças diferentes com o sentido de


causalidade, usaremos articuladores como:

Porque
Uma vez que
Já que
Visto que
Devido a
Por causa de

Veja o exemplo a seguir:

A diretora da escola convocou os pais e os


responsáveis dos alunos para uma reunião ontem à
tarde, porém poucos compareceram, já que uma forte
chuva inundou os principais acessos ao colégio.

Perceba que duas informações iniciais estão articuladas com a ideia de


oposição: a convocação e o não comparecimento de quem foi
convocado. Em seguida, apresenta-se a causa para o não
comparecimento: a forte chuva. A coesão também se manifesta ao se
evitar a repetição desnecessária da expressão “os pais e os

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responsáveis” na oração: porém poucos compareceram, além de se


retomar o termo “escola” pelo sinônimo “colégio” na última oração.

Tudo isso deve deixar claro que, quando escrevemos, precisamos nos
preocupar com a forma como nosso leitor vai receber o texto.

Se o texto é mal escrito, cheio de repetições


desnecessárias, com ideias truncadas e sem uma
articulação adequada, teremos problemas na sua
compreensão ou mesmo uma má vontade na leitura do
texto, já que ele aparenta certo descuido com a língua
e falta de preocupação com o interlocutor.

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Entendendo a coesão
textual
Confira outras explicações e exemplos sobre coesão textual com o
linguista Antônio Suárez Abreu.

Dica
O Quiz de Português é um aplicativo de perguntas e respostas que
abrangem as divisões da gramática e as regras gerais de construção
textual, como os recursos de coerência e coesão.

É voltado para todos que querem melhorar ou apenas testar o seu


conhecimento na língua portuguesa, além de educadores e alunos da
área.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Compreender que o texto é um todo organizado que produz sentido


implica afirmar que, na leitura e na produção textual, é
recomendável

basear a leitura em fragmentos e partes isoladas do


A
texto, sem levar em conta o contexto.

não identificar como texto aquelas produções muito


curtas, de apenas uma única palavra, como no
B
exemplo em que alguém grita “Fogo!”, diante de um
princípio de incêndio.

estabelecer correspondência e articulação entre as


partes do texto, pois as frases não podem ser soltas
C
ou simplesmente amontoadas numa sequência sem
sentido e sem unidade

dar pouca ou mesmo nenhuma importância à forma


D
como o leitor vai receber o texto.

não delimitar o texto escrito num determinado


E
espaço, pois a organização textual pouco importa.

Parabéns! A alternativa C está correta.


A opção A está incorreta porque a leitura do texto não deve se
basear em fragmentos ou partes isoladas, sem levar em conta o
contexto. As alternativas B e E estão incorretas porque textos não
se definem por serem grandes ou pequenos, mas por serem
delimitados em algum espaço e produzirem sentido. A opção D está

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incorreta porque a forma como o leitor recebe o texto tem sua


importância na produção textual. A resposta correta é a C por
primar pela coesão textual.

Questão 2

O texto bem escrito deve ter suas partes articuladas


adequadamente, ou seja, deve ter a marca da coesão textual. No
texto abaixo, há graves problemas de coesão textual.

A diretora da escola convocou os pais e os responsáveis dos


alunos da escola para uma reunião de pais e responsáveis dos
alunos ontem à tarde, por isso poucos compareceram, porém, uma
forte chuva inundou os principais acessos ao colégio.

Assinale a alternativa que apresenta o restabelecimento da coesão


textual.

A diretora convocou para uma reunião ontem à


A tarde, pois uma forte chuva inundou os acessos à
escola, uma vez que poucos compareceram.

A diretora da escola convocou os pais e os


responsáveis dos alunos da escola para uma
reunião ontem à tarde na escola, mas poucos pais e
B
responsáveis dos alunos da escola compareceram,
porque uma forte chuva inundou os principais
acessos à escola.

A diretora da escola convocou os pais e os


responsáveis dos alunos para uma reunião ontem à
C
tarde, porque poucos compareceram, mas uma forte
chuva inundou os principais acessos ao colégio.

Uma vez que a diretora da escola convocou os pais


e os responsáveis dos alunos para uma reunião
D ontem à tarde, poucos compareceram, porém, uma
forte chuva inundou os principais acessos ao
colégio.

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A diretora da escola convocou os pais e os


responsáveis dos alunos para uma reunião ontem à
E tarde, mas poucos compareceram devido a uma
forte chuva que inundou os principais acessos ao
colégio.

Parabéns! A alternativa E está correta.


A alternativa correta é a única que apresenta uma versão do texto
em que as repetições desnecessárias são evitadas, o sentido de
oposição entre a primeira e a segunda parte é estabelecido e a
articulação com sentido de causa e efeito é recuperada entre o
último e o segundo período.

3 - Gêneros textuais
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer o conceito de
gêneros textuais e suas implicações na leitura de textos.

Conhecendo os gêneros
textuais
Você já aprendeu que, ao falar ou escrever, a intenção e outros aspectos
se fazem presentes no ato comunicativo, correspondendo a um modo
característico de construção do discurso. Esse modo específico de

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organizar o discurso se constitui num conjunto de características


relativamente estáveis, configurando diferentes textos ou gêneros
textuais.

A noção de gêneros textuais foi desenvolvida por um pensador russo,


Bakhtin (1895-1975), no começo do século XX. Ele usou a palavra
gêneros para se referir aos textos orais ou escritos que elaboramos nas
diversas situações de comunicação.

Exemplo
Um bilhete que alguém deixa para sua mãe, uma piada que se conta na
mesa de um bar, uma ata redigida durante uma reunião ou um artigo de
opinião publicado nas redes sociais são exemplos de gêneros textuais,
pois apresentam um conjunto de caracte­rísticas sociocomunicativas e
uma estrutura específica.

Sociocomunicativas
Diz-se daquilo que está inserido em um contexto social e tem função
comunicativa.

Há gêneros textuais que são típicos da vida acadêmica. Se você tiver


que apresentar os resultados de um trabalho acadêmico ou de uma
pesquisa realizada ao final do curso, provavelmente terá de escrever
uma monografia ou um artigo acadêmico, que constituem também
exemplos de gêneros textuais. Caso queira apresentar os resultados de
uma visita técnica ou de uma inspeção que tenha rea­lizado, poderá
elaborar um relatório, outro exemplo de gênero textual. O e-mail enviado
a um colega também faz parte de um gênero textual. A lista de
exemplos poderia se estender bastante.

O importante é perceber que cada texto exemplificado possui sua


estrutura e suas características comuns, que são linguística e
socialmente reconhecidas.

Cada texto se relaciona com determinadas intenções


comunicativas que, por sua vez, correspondem a
características ou estilos próprios.

Marcuschi oferece a seguinte conceituação de gêneros textuais:

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[...] textos materializados que


encontramos em nossa vida diária e
que apresentam características
sociocomunicativas definidas por
conteúdos, propriedades funcionais,
estilo e composição característica

(MARCUSCHI, 2002, p. 22)

Agora que você já sabe o que é um gênero textual, tenha cuidado para
não cair numa confusão muito comum que alguns estudantes fazem
entre gêneros e tipos tex­tuais. Para ajudá-lo a compreender a diferença
entre eles, veja o quadro a seguir:

Tipos textuais Gêneros textuais

Definem-se por
São realizações linguísticas
propriedades linguís­ticas
concretas definidas por
que vão caracterizar os
propriedades
gêneros: vocabulário,
sociocomunicativas, ou seja,
relações lógicas, tempos
dentro de um contexto cultural
verbais, construções
e com função comunicativa.
frasais etc.

Exemplos: telefonema, sermão,


carta comercial, carta pessoal,
Exemplos: narração, aula expositiva, romance,
argumentação, descrição, reunião de condomínio, lista de
injunção (ordem) e exposi­‐ compras, conversa espontânea,
ção (texto informativo). entrevistas, cardápio, receita
culinária, inquérito policial, blog,
e-mail etc.

Correspondem a um conjunto
pratica­mente ilimitado de
Podem variar entre cinco e
características deter­minadas
nove tipos.
pelo estilo do autor, conteúdo,
composição e função.

Marcuschi, 2002.

De certo modo, nossa experiência de estudo da língua portuguesa na


escola está mais relacionada com os tipos de textos, também

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denominados tipos textuais. Mas precisamos ter cuidado para não


achar que escrever ou ler um texto se resume a compreender os
aspectos gramaticais e linguísticos relacionados com um número
limitado de tipos textuais.

Estes tipos de texto mais conhecidos — descrição, narração,


dissertação/argumentação, exposição e injunção — vem sendo
ensinados e solicitados pela escola há pelo menos uma centena de
anos, o que faz deles também gêneros escolares, que somente na
escola circulam, para ensinar o "bem escrever".

Na escola, escrevemos narrações; na vida, lemos notícias, relatamos


nosso dia, recontamos um filme, lemos romances (gêneros textuais).

Na escola, redigimos uma "composição à vista de gravura" (descrição);


fora dela, contamos como decoramos nosso apartamento, instruímos
uma pessoa sobre como chegar a um lugar desconhecido.

Na escola, dissertamos sobre um tema dado; na vida, lemos artigos de


opinião, apresentamos nossa pesquisa ou relatório, escrevemos uma
carta de leitor discordando de um articulista.

Os gêneros de texto, portanto, não são classes gramaticais para


classificar textos. São entidades da vida, dão nome a uma "família de
textos".

Os gêneros textuais podem ser tanto escritos quanto orais. Há gêneros


textuais que são bem tradicionais, como os sermões, as cartas e os
diários pessoais, como podemos ver nos exemplos a seguir:

mark_email_unread Carta pessoal


Numa carta pessoal encontraremos um remetente
escrevendo a um destinatário sobre assuntos
variados, numa linguagem mais afetiva, estilo
menos formal e, às vezes, num tom confessional.

mark_email_read Carta comercial


Já numa carta comercial, a finalidade da
mensagem impõe linguagem e aspectos formais
como a disposição da data e do local; a maneira de
se dirigir ao destinatário (como escrever o vocativo
ou que forma de tratamento escolher); uso de

õ t í ti d á té
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expressões características da área ou até mesmo
jargões profissionais; a forma de o remetente
assinar etc.

Outros gêneros são mais recentes, resultado das tecnologias digitais. O


e-mail, por exemplo, é um gênero textual digital que nos remete às
cartas ou aos bilhetes, enquanto o blog se aproxima mais dos diários
pessoais ou mesmo das crônicas.

Um gênero textual pode conter diferentes tipos


textuais.

Vejamos a seguinte situação:

Vamos supor que você tenha uma página e poste um texto sobre uma
viagem que tenha realizado. Provavelmente haverá um trecho com
relato de algum “perrengue” pelo qual você tenha passado (narração),
outra parte com detalhes dos brinquedos de um parque sensacional que
você conheceu (descrição) e, ao final, a defesa da ideia de que viajar é
uma das melhores coisas da vida (argumentação). Nesse exemplo, a
postagem contém texto narrativo, descritivo e argumentativo.

Vamos praticar?

Que tal ir a alguma de suas redes sociais e fazer dois posts? Em um


deles, utilize os seguintes tipos textuais: narração, descrição e
argumentação. No outro, escolha apenas uma dessas tipologias.

Em seguida, avalie qual dos dois posts produziu mais interações, como
likes e comentários.

Atente para o fato de que o texto para mídias sociais é


um gênero textual digital muito próximo de gêneros
como o diário pessoal e a crônica. A vantagem de estar
num meio digital é a possibilidade de usar não

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somente a escrita, mas se valer também de sons,


imagens, animações e outras linguagens.

Todas essas informações e exemplos sobre os gêneros textuais servem


para deixar muito claro que deveremos ter estratégias de leitura
adequadas a cada gênero textual, pois eles possuem estrutura,
intenções e estilos próprios.

Uma estratégia adequada de leitura passa pela expectativa correta em


relação ao texto ou seu gênero textual. Um leitor competente deve
possuir conhecimentos prévios sobre cada gênero textual para
identificar no texto características próprias de cada gênero. Você não
deve ler um e-mail como lê um blog. A prática de leitura de um romance
é distinta da leitura de uma notícia ou de um artigo no jornal. Não se
deve ouvir um sermão na igreja do mesmo modo que se ouve alguém
numa conversa ao telefone.

Quando lemos um texto, precisamos identificar o gênero textual ao qual


ele pertence. Ninguém deve procurar instruções sobre procedimentos e
informações precisas num gênero textual como o conto ou o poema,
assim como não se deve ler uma receita culinária procurando
expressões poéticas sobre os sentimentos ou mesmo tentando
entender algum enredo de uma história.

Vejamos um exemplo de gênero textual: o anúncio publicitário.

Um gênero textual como o anúncio publicitário, por exemplo,


tem como intenção influenciar o leitor, persuadi-lo a consumir
determinado produto ou levá-lo a aderir ao que está sendo
anunciado. Para atrair a atenção e a adesão do leitor, além de
usar verbos no imperativo e trabalhar com efeitos criativos
como os de humor ou de ironia, as mensagens publicitárias se
valem de elementos visuais e outros recursos para “fisgar” o
leitor.

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O efeito que a peça publicitária provoca está relacionado não


somente com o risco no trânsito, ao se dirigir sob efeito do
álcool, mas se vincula ao próprio contexto do carnaval. A
campanha vai além do mote “Se beber, não dirija!” para mostrar
que o incentivo a brincar no carnaval não se aplica ao brincar
no volante.

Esse tipo de cuidado em relação ao gênero textual pode ajudar a evitar


interpretações equivocadas na leitura de um texto.

Atenção!
Não se deve buscar uma verdade ou fato histórico num texto ficcional,
como no caso de um romance, já num texto científico ou numa bula de
remédio, não é apropriada uma leitura imaginativa e de entretenimento.

Ao ler uma anedota ou piada, nossa expectativa deve ser encontrar


algum efeito de humor. Ao ler o manual de um celular, devemos esperar
descrições objetivas das características do aparelho, assim como
procedimentos sobre sua utilização.

Alguns textos que pertencem a determinado gênero apresentam uma


configuração típica de outro gênero textual, ou seja, assumem a forma
de outro gênero buscando maior impacto sobre o leitor ou efeitos que
não são tão comuns. O nome que se dá a essa fusão de gêneros
textuais é intergenericidade ou intertextualidade de gêneros.

Vamos conhecer alguns exemplos de intergenericidade!

Um poema pode ser escrito como se fosse uma notícia de jornal. Aliás,
isso é o que encontramos no poema de Manuel Bandeira:

Poema tirado de uma notícia de jornal expand_more

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no Morro da


Babilônia num barracão sem número

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Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro


Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
(BANDEIRA, M. Antologia poética. 12. ed. Rio de Janeiro: J.
Olympio, 1981. p. 73)

Renato Russo também nos dá um interessante exemplo de fusão de


dois gêneros distintos: letra de música e receita culinária. Estamos nos
referindo à canção a seguir:

Os anjos expand_more

[...] Hoje não dá


Hoje não dá
Não sei mais o que dizer
E nem o que pensar
Hoje não dá
Hoje não dá
A maldade humana agora não tem nome
Hoje não dá
Pegue duas medidas de estupidez
Junte trinta e quatro partes de mentira
Coloque tudo numa forma
Untada previamente
Com promessas não cumpridas
Adicione a seguir o ódio e a inveja
As dez colheres cheias de burrice
Mexa tudo e misture bem
E não se esqueça: antes de levar ao forno
Temperar com essência de espírito de porco,
Duas xícaras de indiferença
E um tablete e meio de preguiça [...]”.
(Os anjos, de Renato Russo e Dado Villa Lobos, 1993)

Outro exemplo interessante de fusão de diferentes gêneros textuais


pode ser identificado numa campanha de mídia realizada pelo Ministério
do Turismo nas redes sociais. Veja:

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Trata-se de um post, gênero textual digital, que simula um bilhete


manuscrito, com linguagem característica desse tipo de gênero.

Além disso, ao final há uma intertextualidade com o conhecido meme


do “bilete”, nascido de um bilhete escrito de forma muito rudimentar por
um menino de 5 anos que não queria ir à escola.

Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Os gêneros textuais devem ser corretamente identificados com

textos presentes em nosso dia a dia e que


apresentam características sociocomunicativas
A
definidas por conteúdos, propriedades funcionais,
estilo e composição característica.

um conjunto limitado de características deter­‐


B minadas por propriedades linguísticas e
gramaticais.

a classificação que tipifica os textos em narração,


C
descrição, argumentação, injunção e exposição.

os textos exclusivamente produzidos por meio da


D
escrita.

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E os textos exclusivamente orais.

Parabéns! A alternativa A está correta.


As opções B e C correspondem a características dos tipos textuais.
As alternativas D e E estão incorretas porque os gêneros textuais se
realizam tanto em textos escritos quanto em orais.

Questão 2

6. (ENEM – 2013)

A diva
Vamos ao teatro, Maria José?
Quem me dera,
desmanchei em rosca quinze kilos de farinha,
tou podre. Outro dia a gente vamos.
Falou meio triste, culpada,
e um pouco alegre por recusar com orgulho.
TEATRO! Disse no espelho.
TEATRO! Mais alto, desgrenhada.
TEATRO! E os cacos voaram
sem nenhum aplauso.
Perfeita.

(PRADO, A. Oráculos de maio. São Paulo: Siciliano, 1999)

Os diferentes gêneros textuais desempenham funções sociais


diversas, reconhecidas pelo leitor com base em suas características
específicas, bem como na situação comunicativa em que ele é
produzido. Assim, o texto A diva

A narra um fato vivido por Maria José.

B surpreende o leitor pelo seu efeito poético.

C relata uma experiência teatral profissional.

descreve uma ação típica de uma mulher


D
sonhadora.

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defende um ponto de vista relativo ao exercício


E
teatral.

Parabéns! A alternativa B está correta.


A cena descrita no poema narrativo A diva leva o leitor a imaginar a
experiência teatral através do diálogo expresso no texto. Ao chegar
ao final do poema, o leitor é surpreendido pela função poética, que
transforma a simples Maria José em uma diva pela sua atuação
dramática espontânea.

Considerações finais
Quando temos familiaridade com os diferentes gêneros textuais, as
possiblidades de leitura se ampliam e se tornam mais aderentes com as
características formais e sociocomunicativas do texto que estamos
lendo. Por isso, quanto mais textos diferentes e leituras diversas, mais
enriquecido ficará seu repertório e suas novas leituras. É o círculo
virtuoso da leitura!

headset
Podcast
Neste podcast, temos uma conversa entre os especialistas sobre os
principais tópicos abordados sobre texto e discurso.

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Para se aprofundar na compreensão dos gêneros textuais,
conhecer mais exemplos e entender como eles se realizam
inclusive a partir das tecnologias digitais, leia o artigo Gêneros
textuais: definição e funcionalidade, do professor e linguista Luiz
Antônio Marcuschi.

Você pode aprender mais sobre a articulação entre as partes de


um texto estudando alguns mecanismos de coesão textual.

Referências
ABREU, A. S. Curso de redação. 12. ed. São Paulo: Ática, 2004.

ASSIS, J. A. Enunciação, enunciado. In: FRADE, I. C. A. da S.; VAL, M. da


G. C.; BREGUNCI, M. das G. de C. (org.). Glossário CEALE: termos de
alfabetização, leitura e escrita para educadores [on-line]. Belo Horizonte:
CAELE, 2014. Consultado na internet em: 25 mar. 2022.

BLIKSTEIN, I. Técnicas de comunicação escrita. 8. ed. São Paulo: Ática,


1990.

FÁVERO, L. L. Coesão e coerência textuais. 8. ed. São Paulo: Ática: 1998.

FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Lições de texto: leitura e redação. 4 ed. São


Paulo: Ática, 2003.

MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In:


DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (org.). Gêneros
textuais & ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. p. 19-36.

POSSENTI, S. Discurso. In: FRADE, I. C. A. da S.; VAL, M. da G. C.;


BREGUNCI, M. das G. de C. (org.). Glossário CEALE: termos de
alfabetização, leitura e escrita para educadores [on-line]. Belo Horizonte:
CAELE, 2014. Consultado na internet em: 25 mar. 2022.

ROJO, R. Gêneros e tipos textuais. In: FRADE, I. C. A. da S.; VAL, M. da G.


C.; BREGUNCI, M. das G. de C. (org.). Glossário CEALE: termos de

https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00234/index.html#imprimir 37/38
23/09/23, 21:07 Texto e discurso

alfabetização, leitura e escrita para educadores [on-line]. Belo Horizonte:


CAELE, 2014. Consultado na internet em: 25 mar. 2022.

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