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Marcas de Textualidade

O que é textualidade?
A textualidade é o conjunto de características básicas
de todo texto. Ela é responsável por garantir que, em uma
situação comunicativa, algo seja compreendido como um
texto, e não um aglomerado de palavras e frases
justapostas. Os princípios da textualidade embasam toda
produção textual, logo é essencial compreendê-los e dominá-
los.
Vejamos um exemplo. A expressão “Fogo!”, sem contexto
comunicativo, representa uma palavra da língua portuguesa
acompanhada do ponto exclamativo. Entretanto, se pensamos
em uma situação cotidiana, onde um morador grita “Fogo!”,
isso pode se configurar como um texto, por quê?
O texto não é composto apenas pela base material
(palavras e frases), mas também por elementos pragmáticos,
ou seja, extratextuais. No exemplo citado, a aplicação a um
contexto indica que, ao gritar “Fogo!”, essa única palavra
ganha valor de texto, pois comunica uma situação de perigo,
bem como solicita ajuda.
Sendo assim, o ouvinte/leitor reconhece, em uma
situação real, que essa expressão transmite uma mensagem
maior, mas que, devido às próprias características do
contexto, não pode ser explicada em longas frases. O estudo
da textualidade explica quais fatores fazem com que “Fogo!”
possa ser um texto.

Quais são os elementos da textualidade?


Os elementos da textualidade são características
superficiais que se aplicam à matéria textual (palavras e
frases). Eles são responsáveis por auxiliar na construção
do sentido, garantindo a compreensão e interpretação do
leitor. Falamos em três elementos principais, que se
relacionam internamente no texto.

Clareza das palavras: refere-se à boa escolha


vocabular. Toda palavra possui um significado denotativo,
mas também diversos outros significados simbólicos. Na hora
de escolher quais expressões utilizar, é importante atentar
a quais outros sentidos elas podem evocar, evitando toda
escolha que for prejudicial ao sentido. É importante que o
vocabulário seja preciso e objetivo.
Expressividade: é o complemento da clareza vocabular.
Ela se concentra no modo geral como o autor trabalha com as
palavras, escolhe-as com objetividade e organiza-as com
estratégia e direcionamento, permitindo que o sentido
esteja acessível ao leitor. Por exemplo: no texto
jornalístico, a expressividade avaliaria aspectos como
objetividade, formalidade e impessoalidade no sentido do
texto; já em um texto literário, a expressividade se
voltaria ao aspecto estético utilizado para atingir o
leitor.
Originalidade: refere-se ao aspecto autoral das
produções textuais. Nenhum texto é totalmente novo, mas
repetir informações conhecidas ou reproduzir ideias não é
interessante ao texto. Sendo assim, é importante adicionar
sua própria perspectiva tanto no trabalho conceitual do
tema quanto na forma de organizar e expressar a mensagem.

Quais são os fatores de textualidade?


Todo texto existe no centro de uma relação linguística
e pragmática.
Os fatores da textualidade são os elementos essenciais
a toda produção textual, pois são as características
básicas que abarcam os elementos textuais e contextuais,
imbricados em toda comunicação. São sete os fatores da
textualidade, dois linguísticos e cinco pragmáticos:
coerência, coesão, intencionalidade, aceitabilidade,
situacionalidade, informatividade, intertextualidade.

Coerência: trabalha no aspecto lógico, semântico e


cognitivo do texto. Ela é a propriedade que garante a
construção de um novo sentido, a partir das relações entre
diferentes ideias e conceitos utilizados. Um texto coerente
apresenta ideias conectadas e explicadas, bem como evita
contradições.

Coesão: é a materialização da coerência, por meio dos


elementos conectivos (conjunções, pronomes, preposições,
etc.), responsáveis por estabelecer e caracterizar a
natureza das relações entre as ideias do texto. O texto que
apresenta muitas informações, mas não estabelece relações
linguísticas entre elas, acaba deixando as frases soltas e
o sentido total comprometido.

Intencionalidade: refere-se ao esforço linguístico do


locutor (escritor/falante) em expressar a sua mensagem, por
meio de um texto coerente e coeso. Todo texto é produzido
com algum intuito comunicativo. Quando organizamos bem o
sentido, a intenção do autor se faz mais evidente e
contribui na compreensão do leitor/ouvinte.

Aceitabilidade: é o fator referente ao interlocutor


(ouvinte/leitor), pois indica a expectativa do receptor em
compreender a mensagem do texto. O sentido não se constrói
somente pela intenção do autor, mas também pela abertura e
conhecimento de mundo do leitor. Sendo assim, esse fator
interfere na compreensão de um produto como texto.
Situacionalidade: indica o contexto no qual o texto está
inserido, analisando a pertinência ou não da produção
textual para a situação comunicativa. Um texto só pode ser
reconhecido como tal se ele estiver contextualizado
adequadamente.

Informatividade: é o fator que avalia o equilíbrio entre as


novas informações e as informações já conhecidas. Nenhum
texto produz um sentido totalmente novo, pois sempre
considera conhecimentos já existentes. Entretanto, o texto
que somente repete dados conhecidos não acrescenta nada de
novo, apresenta-se mais como cópia. O autor, desse modo,
deve balancear os conhecimentos que serão retomados e quais
novos serão apresentados.

Intertextualidade: refere-se à presença de marcas,


semânticas ou formais, de textos produzidos anteriormente
no novo texto. Como dito anteriormente, o texto não pode
apresentar informações totalmente novas, por isso nos
referimos a outros textos para acrescentarmos ou
criticarmos seu sentido. Todo texto apresenta
intertextualidade, mas nem sempre ela vem indicada
explicitamente.

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