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CURSO ENSINO

DINÂMICO DE
CONSTRUÇÃO
TEXTUAL
Instrutor: Paulo César – Licenciado em
Letras e Pós-graduando em Teoria da
Literatura e Produção de Texto
CONCEITOS BÁSICOS SOBRE TEXTUALIDADE
A textualidade é o conjunto de características capaz de garantir que algo seja percebido
como texto. Ela nos fornece os parâmetros necessários para realizar uma boa produção
textual. Por meio da influência de dois fatores – o semântico e o pragmático –, a textualidade
divide-se em diversos elementos, que atuam conjuntamente na elaboração do texto, que é o
seu produto final. Assim, texto e textualidade se relacionam para a produção de discursos
Embora os critérios mencionados sejam um tanto desconhecidos por seus nomes, a função
que cada um estabelece é fundamental para classificarmos um texto ou um aglomerado de
palavras. Afinal, um texto é uma unidade de palavras/frases/sentenças que, postas em
conjunto, formam um significado e produzem sentido ao leitor. Dessa forma, um texto é uma
unidade de sentido maior, utilizada pelas pessoas para diversos fins, como a comunicação e
a expressão
Vejamos a seguir alguns exemplos com e sem textualidade para melhor compreendermos
esse conceito.

Segunda-feira, duas da manhã. Promoção suco supermercado Mais só nesta quinta. Partida
empata. — Alô, mãe? Um minuto. Acordou às nove. Olhei o preço do peixe e perguntei:
“quanto custa?”. Na escola as crianças têm apenas vinte minutos de intervalo. No filme
Matrix, as máquinas dominaram o mundo. Ela está de calça jeans, então o jantar deve
demorar. Contudo, vou aos domingos apenas.
Acordei. Era segunda-feira, duas da manhã. Sobre a mesa, um panfleto: “Promoção! Suco.
Supermercado. Mas só nesta quinta.” De fato, eu precisava ir com urgência ao mercado, não
só pelo suco, mas porque a comida acabou. Enquanto eu me levantava, na TV passava uma
reprise da partida de ontem: 0x0 foi o placar. Vejo meu Whatsapp: duas chamadas perdidas.
Era minha mãe. Pensei em ligar, mas estava muito tarde. Deitei-me novamente e acordei às
nove. O telefone tocava. Atendi: “Alô, mãe! Um minuto.” Pedi um tempo, pois me ajeitava em
uma posição confortável. A ligação foi rápida, e logo saí. Estava com fome. Passei no
mercado, perguntei o preço do peixe e resolvi levar um para o almoço. Na volta, passei em
frente a uma escola. Lembrei que as crianças possuem apenas vinte minutos de intervalo e
foi exatamente neste momento que eu passei. Cheguei em casa e procurei um filme para
assistir enquanto deixei o peixe descongelando. Matrix? Talvez. Gosto dessa ideia de que as
máquinas dominam o mundo. No meio do filme, dormi e acabei tendo um sonho. No sonho,
minha mãe usava jeans, tinha aparência jovial e, por algum motivo, não sei qual, o jantar que
ela preparava para a família demorava. No sonho, era um domingo, e não uma segunda
O exemplo 1 não atende aos critérios de textualidade. Ele parece desordenado, sem
elementos coesivos (conectivos) e, sendo assim, é praticamente impossível construir uma
unidade textual com significado e coerência.

Por outro lado, o exemplo 2 possui sequência lógica, fluidez e elementos coesivos entre as
frases/palavras, e as ideias produzem significados de forma coerente ao leitor. Sabemos que
se trata de uma narrativa em primeira pessoa sobre as atividades cotidianas do personagem.
Ele acorda, dorme novamente, acorda outra vez, conversa com sua mãe, vai ao mercado,
compra comida, assiste a um filme e dorme mais uma vez.
TEXTO, UM ATO COMUNICATIVO

Todo texto é um ato comunicativo, visto que ele só é produzido em


função de uma motivação inicial, um desejo de dizer ou expressar
algo. Para que o texto funcione adequadamente, ele precisa
apresentar essas características, permitindo assim que o ato
comunicativo se estabeleça com eficácia.
VAMOS PENSAR E ESCREVER?

• Relacione quais são os tipos de textos mais presentes no seu


trabalho.
• O que o texto, bem redigido, poderá proporcionar à sua função e ao
seu departamento?
• Quais são as vantagens da comunicação escrita dentro dos
departamentos?
Fatores de textualidade

Os fatores de textualidade são responsáveis por influenciar a produção e a


interpretação dos textos. Eles se dividem em duas categorias:

• Os fatores semânticos;
• Os fatores pragmáticos.

Cada um deles parte de perspectivas diferentes, porém complementares.


Fatores semânticos: são aqueles que privilegiam o estudo da estrutura
textual, a língua, ou seja, a sua concentração está no próprio texto. Dentro
dessa categoria, apresentam-se dois elementos da textualidade: coerência e
coesão. A primeira foca nos sentidos construídos e na não contradição entre
as ideias, e a segunda, nas amarrações do texto, nas relações estabelecidas
entre as partes, para unificar o sentido.

Fatores pragmáticos: referem-se aos aspectos extratextuais, ou seja, a


elementos que estão fora da língua, mas que, no entanto, influenciam tanto a
produção quanto a recepção ou compreensão do texto. Esses fatores
continuam a ser estudados e novos elementos são descobertos, de modo
que novas categorias, nem sempre tão conhecidas, surgem no estudo da
textualidade.
-intencionalidade;

- aceitabilidade;

- informatividade;

- situcionalidade;

- intertextualidade
Intencionalidade: Está direcionada ao protagonista do ato comunicativo (aquele que fala
ou escreve). Trata-se da disposição e empenho de se construir um discurso coerente,
coeso e com grande capacidade de satisfazer determinada audiência. A intencionalidade
são as informações e conhecimentos prévios que o autor tem para chegar a seu público.
Aceitabilidade: É o outro lado da moeda, isto é, está direcionada para o receptor ou leitor
do texto. Refere-se às expectativas com relação ao texto: é um conteúdo coeso? É sobre
algum assunto do meu interesse ou que possa despertar meu interesse? Vai me ensinar
algo?
Situacionalidade: É voltada para o contexto no qual a situação comunicativa está
inserida. Ela se relaciona à adequação ou não do contexto, pois ele pode influenciar no
significado do texto. Um texto inserido em contextos distintos pode produzir significados
completamente diversos.
Informatividade: Nesse fator, consideram-se as informações prévias e as informações
novas obtidas no texto. É preciso que haja equilíbrio entre ambas, pois um texto que
possui apenas informações prévias não traz novidade ao leitor. Já um texto somente com
informações novas pode dificultar a compreensão de uma leitura.
Intertextualidade: É a chamada relação entre textos. Um texto estabelece vínculos com
outros por meio de citações diretas ou indiretas, isto é, ele pode retomar uma narrativa,
um fato, uma imagem ou gráfico, uma ideia ou um conjunto de frases/sentenças
presentes em outros textos, seja para afirmá-los ou refutá-los.
Além desses, novos elementos têm sido acrescentados ao estudo da textualidade.

Contextualizadores: referem-se a informações contextuais que são necessárias à


compreensão dos textos, como data e local.
Consistência: refere-se ao desenvolvimento das ideias, exigindo do texto uma
construção mais sólida e menos contraditória.
Focalização: refere-se à concentração do texto em uma parte do conhecimento ou não,
desse modo, entende que a compreensão do texto passa também pelas áreas do
conhecimento às quais ele recorre.
Diferença entre textualidade e discursividade
As noções de textualidade e discursividade podem se confundir, afinal ambas
compreendem o texto como um produto também contextual. Em outras palavras, os
dois conceitos abarcam os elementos extralinguísticos que influenciam a produção
textual.

Entretanto, apesar desse traço em comum, os estudos da discursividade centram-se na


língua como um ato social, uma ação concreta no mundo, uma “língua viva”. Essa
noção extrapola o estudo da estrutura textual, pertinente à textualidade.
A discursividade centra-se na análise dos valores sociais, identitários, políticos
e culturais que são construídos, combatidos, reconstruídos ou criados a partir
da linguagem. Desse modo, todo discurso possui valor social, que independe
de sua forma cumprir ou não determinados padrões estabelecidos
culturalmente.
ESTRUTURA DO TEXTO

A estrutura do texto pode ser classificada de acordo com os


seguintes tipos principais:

• Narração;
• Argumentação;
• Descrição;
• Injunção;
• Exposição.
Alguns componentes identitários dos textos:

• Lógica estrutural
• Tempos verbais
• Construções de frases
• Vocabulário
ESTRUTURA DO TEXTO (ESQUELETO)

• Introdução

A introdução deve conter todas as ideias que serão apresentadas


no decorrer do texto. Essas ideias devem estar organizadas de
forma simples e que interesse ao leitor
• Desenvolvimento:

É o corpo do texto, onde se organiza o pensamento.


Compõem os argumentos que no caso é o posicionamento
adotado. Os argumentos podem se classificar em:
argumento de autoridade, argumento por ilustração,
argumento do pensamento lógico, argumentação de prova
concreta e argumentação de competência linguística.
• CONCLUSÃO :

A conclusão, como o próprio nome diz, é a parte que fecha o texto. Ela
deve conter uma retomada do tema abordado, uma perspectiva sobre
o assunto, a análise final das informações e argumentos utilizados no
texto e possibilidades para serem exploradas futuramente.
Os três princípios do texto:

Princípio da não contradição: um texto coerente é aquele que não usa


ideias contraditórias (posicionar-se a favor da lei seca, por exemplo, mas
depois dizer que tomar só uma cervejinha não é um problema);

Princípio da não tautologia: na hora de construir seu texto, certifique-se de


que você não está sendo redundante, repetindo a mesma ideia várias vezes;

Princípio da relevância: é preciso se ater ao tema proposto e à abordagem


do texto, evitando sempre adicionar assuntos que não têm a ver com o texto
em si.
PROPOSTAS DE ATIVIDADES:

1) Construa um texto injuntivo (informativo) como que para ser divulgado no


grupo de WhatsApp do seu departamento. Você recebeu a incumbência
de informar aos seus colegas sobre a necessidade de atualização
cadastral dos servidores no portal do servidor (site da PJF).

2) Construa um texto descritivo, contendo as características do seu


departamento. Discorra sobre o papel que o setor cumpre na prefeitura,
sobre o local onde funciona (layout, endereço e horários), metas a serem
alcançadas, se há relações com o público externo, falar sobre.
COMO FAZER UMA REVISÃO NOS TEXTOS:
• Passo 1:

Um bom texto começa pelo briefing -


um conjunto de informações ou uma
coleta de dados passados em uma
reunião para o desenvolvimento de um
trabalho ou documento. Esse é um
instrumento muito utilizado em
Administração, Relações Públicas,
Design e na Publicidade.
Briefing de revisão textual

• O que está comunicando?


• Para que comunicar?
• Para quem comunicar?
• Onde comunicar?
• Quando comunicar?
• Passo 2:

Corte sentenças muito grandes. Tudo o que pode ser dito em vinte
palavras na maioria das vezes pode ser dito em dez sem problemas.
Quer um exemplo?
Se dá pra escrever em dez palavras, é melhor cinco. Quer reduzir
mais?
• Passo 3:

Analise a relevância do que está sendo dito e acrescente informações.


Às vezes, nas correrias das demandas institucionais, tornamos nossos
textos concisos demais e acabamos deixando de fora informações
muito importantes para os nossos receptores.
• Passo 4:

Se você está em dúvida quanto à grafia de alguma palavra, procure


substituí-la por outra sinônima. Caso tenha acesso ao dicionário, consulte-
o, entretanto, em processos seletivos você não poderá consultá-lo,
portanto, use os sinônimos.
• Passo 5:

Preocupar-se com a pontuação é fundamental na revisão, pois ela é


responsável pela clareza das afirmações e auxilia na compreensão do texto.
Pra tanto, vale conferir se a pontuação está em excesso ou escassez. Um
exemplo, quando há vírgulas demais no texto, o seu entendimento fica
comprometido. Lembre-se que não se separa com vírgula o sujeito e o
predicado.
• Passo 6:

Colocação dos pronomes. Segundo a norma culta da língua portuguesa,


jamais se inicia período com pronome oblíquo (“Lhe mandei o convite” ⇒
“Mandei-lhe o convite”). Ao reler o texto, procure identificar se os pronomes
oblíquos foram usados corretamente. Recorde que os pronomes o, a, os, as
funcionam como objeto direto e os pronome lhe(s) funciona objeto indireto.
Deslizes comuns: Encontrei ele (o certo: Encontrei-o), Nunca lhe ouvi cantar
(o certo: Nunca o ouvi cantar)
• Passo 7:

Regência verbal e nominal. Na revisão gramatical do texto verifique se as


preposições foram utilizadas de acordo com a regência verbal ou regência
nominal adequada aos termos regentes. Deslizes comuns: As garotas
preferem chocolate do que rosa (o certo: As garotas preferem chocolate a
rosa).
• Passo 8:

Verifique se a concordância entre sujeitos e verbos está correta (concordância


verbal) e se a flexão dos nomes está adequada (concordância nominal). As
concordâncias em um texto são primordiais para a sua compreensão, por isso,
devem estar adequadas. Deslizes comuns: Ela está meia triste com a morte do
marido (o certo: Ela está meio triste com a morte do marido).
Proposta de Atividade:

Faça a revisão e o melhoramento do texto a seguir:

Prezados (as) Senhores (as),

É com muito alegria que nos viemos a lhes mostrar o nosso novo local de departamento
de eventos institucionais. Haverá uma reunião de inauguração com a presença de
ilustres da nossa prefeitura. Temos salas para a realização de reuniões, com
equipamentos a disposição de vocês. O nosso salão (1) está aberto para eventos
grandes, o dois possui um estilo próprio para reuniões dinâmicas (cadeiras móveis) e o
terceiro pode ser usado para comemorações e coffee break. O agendamento só pode
ser feito no telefone 3450-9120.

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