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Estratégias de Leitura e Textualização: Aspectos

linguísticos específicos da construção da textualidade;

ESTRATÉGIAS DE LEITURA
Postado por Esther Santana em 11/03/2021 e atualizado pela última vez em
12/03/2021
Ferramentas importantes para a compreensão do texto

As estratégias de leitura são técnicas utilizadas pelos leitores, para tornar o


texto mais fácil de ser compreendido e assimilado. Esses métodos são
extremamente flexíveis e adaptáveis, isso varia de acordo com o tipo de
texto a ser lido e também qual a sua aplicabilidade.

Por exemplo, as estratégias de leitura utilizadas para assimilar um conteúdo


para concurso ou vestibular podem ser diferentes das que são próprias para
a construção de um artigo científico, ou até mesmo para a leitura de um livro
comum de literatura.

Mas de um modo geral, independentemente das estratégias de leitura


escolhidas, seu principal objetivo continua sendo o de facilitar a
interpretação e compreensão.

Porque é importante desenvolver as habilidades para a leitura

Provavelmente, uma das maiores dificuldades compartilhadas pelos


professores e profissionais da educação em geral, é a de que os estudantes
não conseguem decodificar bem um texto, ou seja, não conseguem
interpretá-lo corretamente. E esse desafio passa pela leitura. Não só pela
possibilidade de saber o que está escrito, mas pelo hábito de ler, de identificar
o que está sendo lido e o que aquilo quer dizer.

Mesmo com diferentes objetivos, seja por prazer, para se informar ou


memorizar um conteúdo, a prática da leitura é essencial para ampliar o
vocabulário, melhorar a escrita, fortalecer o raciocínio e principalmente
desenvolver a habilidade para interpretação de texto.
Independentemente do formato utilizado, seja físico ou impresso, o incentivo
à prática é essencial para a formação de cidadãos mais críticos e mais
conhecedores.

Infelizmente, nem sempre as instituições de ensino conseguem promover


atividades e espaços para que os alunos possam desenvolver suas
competências através da leitura. Na maioria das vezes, os professores têm
que trabalhar a prática dentro da disciplina de Língua Portuguesa
ou Redação, que já deve dar conta de uma infinidade de conteúdos.

Daí o tempo que é reservado para a leitura é muito pouco e quase sempre é
destinado ao estudo dos livros que podem ser utilizados nos vestibulares.
Como a leitura é uma atividade contínua, ela não pode estar limitada a uma
aula de 50 minutos ou iniciada somente quando os estudantes estão próximos
de realizar as provas para ingressar no ensino superior.

A leitura deve fazer parte de todo o processo de escolarização e também deve


ser incentivada fora do ambiente escolar.

As estratégias de leitura são benéficas para todos os grupos: estudantes que têm dificuldades de
compreender e interpretar textos, leitores habituais, professores. (Imagem:Pixabay)

Seis Estratégias de Leitura essenciais

Antes de partir para as estratégias de leitura, algumas dicas importantes:


Mantenha o hábito da leitura - Para dar conta de todos os tipos de texto,
de qualquer gênero textual, e se adaptar às novas exigências que surgem com
o tempo, é necessário praticar. Assim, como em outros contextos, as pessoas
só adquirem habilidades quando as exercitam ao longo do tempo.

Quanto mais tempo se passa cozinhando, melhor se tornam seus pratos.


Quanto mais tempo dirigindo, melhor motorista você se torna. Essa é uma
regra que vale para a leitura também.

Seja paciente - Muitas pessoas dizem que não têm paciência para ler um
livro, preferem saber a história quando a versão for adaptada para um filme.
Mas como tudo é uma questão de hábito, seja paciente, leia aos poucos, até
que essa atividade não se torne um sacrifício.

Procure livros de seu interesse - Nem sempre dá para encontrar prazer na


leitura de livros didáticos, e até mesmo alguns literários. Por isso, busque
obras de interesse, sem necessariamente se preocupar com o conteúdo.
Agora, vamos às estratégias de leitura!

No ano de 2002, os pesquisadores Nell K. Duke e P. David Pearson


desenvolveram um artigo chamado “Effective Practices for Developing
Reading Comprehension” que pode ser traduzido para “Práticas eficazes
para desenvolver a compreensão da leitura”.

Através de uma pesquisa realizada para elaboração da obra, os autores


identificaram seis tipos de estratégias de leitura: predição, pensar em voz
alta, estrutura do texto, representação visual do texto, resumo e
questionamento.

 Predição - A predição é o ato de prever ou antecipar o que será


abordado, com base nas informações explícitas do texto (título, autor,
palavras, índices) ou até conhecimento já existente que pode ser útil para
facilitar a compreensão.
 Pensar em voz alta - Enquanto estiver praticando a leitura, verbalize
seus pensamentos. Já percebeu que ao ler um parágrafo e não compreendê-
lo, tendemos a voltar e ler novamente, só que em voz alta? É que a prática
melhora a compreensão. E não só durante a leitura, mas durante a escrita
também. Além de ser uma das estratégias de leitura, essa também é uma
técnica utilizada para quem quer simplificar a escrita.
 Analisar a estrutura do texto - Ao avaliar a estrutura textual,
identificando aspectos como o cenário, personagens, problema, ação, tema,
resultados, todas as características presentes, é possível fazer uma associação
entre esses elementos e o conteúdo estudado.
 Representação visual - Assim como recordar os elementos facilita a
absorção do conteúdo, formar uma imagem mental do que foi lido, auxilia
na compreensão, principalmente quando o texto é muito extenso.
 Sintetizar - O resumo é uma seleção cognitiva. É preciso identificar
quais informações são mais relevantes para a compreensão global do texto e
selecioná-las.
 Questionar - Questionar o texto também implica em fazer
inferências, tentar interpretá-lo e identificar coisas que não estão explícitas.
Para isso, o leitor precisa refletir sobre ele e depois elaborar as questões e
tentar respondê-las.
Segundo Duke e Pearson essas estratégias de leitura devem ser aplicadas
antes, durante e depois da leitura. Mas como? Antes mesmo de iniciar a
leitura do texto, propriamente dito, é possível fazer uma análise, observar as
ilustrações, gráficos, identificar palavras-chaves, termos importantes.

Durante a leitura, algumas informações que podem aparecer negritadas já te


ajudam a compreender qual o assunto será debatido ou o encaminhamento
do autor. Depois da leitura é interessante fazer uma avaliação do texto e
refletir sobre ele, usar outras informações para complementá-lo e chegar a
uma conclusão mais assertiva.

Vale mencionar que essas estratégias de leitura também podem funcionar em


diferentes ordens e até mesmo de forma simultânea. Isso pode variar de
acordo com o tipo de leitura e os critérios do próprio leitor.
Textualidade

A textualidade é o conjunto de características capaz de garantir que algo


seja percebido como texto. Ela nos fornece os parâmetros necessários para
realizar uma boa produção textual. Por meio da influência de dois fatores
– o semântico e o pragmático –, a textualidade divide-se em diversos
elementos, que atuam conjuntamente na elaboração do texto, que é o seu
produto final. Assim, texto e textualidade se relacionam para a produção de
discursos.

O que é textualidade?

A textualidade é o conjunto de características responsáveis por demarcar a


produção de linguagem como texto, ou seja, é o que permite que algo seja
percebido como um texto. Se o texto não é apenas uma justaposição
de frases, é porque ele possui essas características que, em conjunto,
permitem a unidade de sentido textual.
Todo texto é um ato comunicativo, visto que ele só é produzido em função
de uma motivação inicial, um desejo de dizer ou expressar algo. Para que o
texto funcione adequadamente, ele precisa apresentar essas
características, permitindo assim que o ato comunicativo se estabeleça
com eficácia.

Fatores de textualidade

Os fatores de textualidade são responsáveis por influenciar a produção e


a interpretação dos textos. Eles se dividem em duas categorias:

 os fatores semânticos;
 os fatores pragmáticos.

Cada um deles parte de perspectivas diferentes, porém complementares.

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A princípio, no início dos estudos do texto, as pesquisas focavam somente
nos aspectos inerentes à língua. Com o desenvolvimento da linguística,
compreendeu-se que a compreensão de um texto não se explicava
somente por seus aspectos estruturais, mas também contextuais, assim,
consolidaram-se dois fatores de textualidade.

 Fatores semânticos: são aqueles que privilegiam o estudo da estrutura


textual, a língua, ou seja, a sua concentração está no próprio texto. Dentro
dessa categoria, apresentam-se dois elementos da
textualidade: coerência e coesão. A primeira foca nos sentidos construídos e
na não contradição entre as ideias, e a segunda, nas amarrações do texto, nas
relações estabelecidas entre as partes, para unificar o sentido.
 Fatores pragmáticos: referem-se aos aspectos extratextuais, ou seja,
a elementos que estão fora da língua, mas que, no entanto, influenciam tanto
a produção quanto a recepção ou compreensão do texto. Esses fatores
continuam a ser estudados e novos elementos são descobertos, de modo que
novas categorias, nem sempre tão conhecidas, surgem no estudo da
textualidade. As principais e mais reconhecidas são cinco:

- intencionalidade;

- aceitabilidade;

- informatividade;

- situcionalidade;

- intertextualidade.
Elementos da textualidade

A textualidade é composta pela junção de diversos elementos.

Os elementos da textualidade são um conjunto de aspectos que constroem


os textos e influenciam seu sentido, tanto no que se refere à produção
quanto à compreensão. Existe um número de elementos já aceitos e
reconhecidos nos estudos do texto, entretanto é importante ressaltar que
pesquisas continuam sendo feitas, propondo a inserção de novos elementos.
Como dito, os elementos provêm dos fatores da textualidade, que se dividem
entre semânticos e pragmáticos. Assim, cada elemento prioriza uma ou outra
perspectiva, mas com um objetivo final comum: a garantia da textualidade.

No que se refere aos elementos de fator semântico, destacam-se:

 coerência: elemento responsável por garantir a fluência, clareza e não


contradição das ideias, foca-se no texto em seu aspecto semântico;
 coesão: elemento responsável por garantir a amarração entre as ideias
do texto, evidenciando as relações estabelecidas e servindo para associar,
retomar e conectar as partes do texto.

No que tange aos elementos de fator pragmático, apresenta-se um número


maior de elementos, alguns considerados os principais, por serem mais
reconhecidos e consagrados, e outros que são novas propostas para ampliar
os estudos. Abaixo segue uma lista com os cinco primeiros elementos de
fator pragmático.

 Intencionalidade: refere-se ao modo ou à forma como o autor


constrói o texto para alcançar determinada intenção. Nesse sentido, cabem
principalmente os textos publicitários, nos quais a linguagem e o texto se
moldam para convencer o consumidor.
 Aceitabilidade: refere-se à recepção do texto, à compreensão do
interlocutor sobre a mensagem.
 Situcionalidade: refere-se ao contexto no qual o texto está inserido,
seja na produção, seja na leitura. Esse elemento interfere no uso da língua,
na escolha e polidez das palavras, no tom de voz, etc. Graças às situações de
uso, um texto pode ter sentido em um contexto e não o ter em outro.
 Informatividade: refere-se aos dados que o texto apresenta, se são
informações novas ou conhecidas. Para que o texto tenha fluência, é
importante que ele balanceie os dois tipos de informação. Se o texto só
apresentar informações conhecidas, pode ser redundante; se apresentar só
informações novas, pode ser incompreensível.
 Intertextualidade: refere-se às relações discursivas entre diferentes
textos. Mesmo que não haja uma intertextualidade explícita no texto, ele
precisa considerar informações prévias à sua produção, desse modo, todo
texto carrega outros textos em sua composição.
Além desses novos elementos têm sido acrescentados ao estudo da
textualidade.
 Contextualizadores: referem-se a informações contextuais que são
necessárias à compreensão dos textos, como data e local.
 Consistência: refere-se ao desenvolvimento das ideias, exigindo do
texto uma construção mais sólida e menos contraditória.
 Focalização: refere-se à concentração do texto em uma parte do
conhecimento ou não, desse modo, entende que a compreensão do texto
passa também pelas áreas do conhecimento às quais ele recorre.

Diferença entre texto e textualidade

Apesar de texto e textualidade estarem no mesmo círculo de estudos e


estarem relacionados, o conceito e aplicação de cada um são diferentes. O
conceito de textualidade, como analisado acima, refere-se às características
presentes em uma produção textual e que são responsáveis por caracterizá-
la como texto.
O texto, diferentemente, é o produto final, ou seja, a própria produção
textual, construída com base nos elementos da textualidade. O texto é uma
unidade de sentido, um ato comunicativo realizado por meio de uma
produção de linguagem, que pode ser somente verbal ou pode ter a utilização
de outras linguagens.

Diferença entre textualidade e discursividade

As noções de textualidade e discursividade podem se confundir, afinal ambas


compreendem o texto como um produto também contextual. Em outras
palavras, os dois conceitos abarcam os elementos extralinguísticos que
influenciam a produção textual.
Entretanto, apesar desse traço em comum, os estudos da discursividade
centram-se na língua como um ato social, uma ação concreta no mundo,
uma “língua viva”. Essa noção extrapola o estudo da estrutura textual,
pertinente à textualidade.
A discursividade centra-se na análise dos valores sociais, identitários,
políticos e culturais que são construídos, combatidos, reconstruídos ou
criados a partir da linguagem. Desse modo, todo discurso possui valor social,
que independe de sua forma cumprir ou não determinados padrões
estabelecidos culturalmente.
Estratégias de Leitura

As estratégias de leitura reúnem as diversas técnicas e métodos que


facilitam a leitura e, consequentemente, a compreensão dos textos.
Praticamos a leitura com finalidades específicas seja para estudar, aprender,
entreter, obter alguma informação, dentre outros.
Veja abaixo as principais técnicas que auxiliam no processo de leitura.
1. Ler com atenção
Para compreender melhor um texto é importante ressaltar que temos que ler
com calma cada parágrafo.
Se não compreender, volte e releia. E ainda, se aparecer algum termo que
não saiba o significado, o importante é recorrer ao dicionário e voltar ao
texto.
2. Sintetizar as principais ideias do texto
Tal qual um resumo, vale apontar os principais temas e/ou assuntos
abordados pelo texto.
Por isso, a técnica indicada acima é muito importante e complementa esta
técnica. Portanto, leia com atenção, e aos poucos vá assinalando as palavras-
chave do texto.
3. Ler nas entrelinhas
Esse recurso é muito interessante perceber no momento em que estamos
lendo o texto.
Assim, o conceito de “ler nas entrelinhas” define a leitura que fazemos além
do texto, ou seja, baseia-se nas adivinhações e inferências que realizamos e
que não está escrito em palavras no texto.

Por exemplo, podemos perceber a posição de um autor sem que esteja


escrito. Essa estratégia é facilitada a partir dos conhecimentos prévios que já
possuímos.
4. Manter o hábito da leitura
Além da importância da leitura na vida social e para ampliação do universo
cognitivo, adquirir o hábito da leitura facilitará cada vez mais a compreensão
dos textos.
A partir disso, o vocabulário, a imaginação e a criatividade aumentam, e não
somente o texto escrito, mas a produção de texto oral, melhora muito. Em
resumo, quanto mais lemos, melhores leitores nos tornamos.
5. Praticar a leitura em voz alta
Se possível, realize a leitura do texto em voz alta e perceba toda sua
estruturação, desde palavras, virgulas, discursos, etc.
Em muitos casos, isso facilita a leitura e a compreensão dos textos. No
entanto, algumas pessoas preferem ler em silêncio. Portanto, faça o teste e
veja o que você prefere.
6. Variar a leitura dos textos
Outra boa estratégia de leitura é variar o tipo de texto que se lê, de forma que
a abordagem de cada um é diferente bem como seu conteúdo; e isso ampliará
ainda mais sua compreensão.

Assim, leia livros, jornais, revistas, quadrinhos, textos acadêmicos, etc. Isso
também facilitará a interpretação, aumentando seu vocabulário.
Note que a linguagem pode variar de formal para informal, e ainda de verbal
e não-verbal (imagens, fotos, gráficos, etc) dependendo do tipo de texto.
Leia mais sobre os Tipos de Textos.
7. Produzir textos
Não somente a leitura supre as necessidades de nosso cérebro de aumentar
sua capacidade intelectual.
É fato que uma pessoa que tem o hábito da leitura possui mais facilidade para
produzir um texto.
Isso ocorre justamente porque ao lermos estamos aumentando nossa
capacidade de comunicação bem como nosso repertório interpretativo.
Portanto, uma boa dica para facilitar cada vez mais a leitura é a escrita, ou
seja, a produção de textos.

A Importância da Leitura

A leitura e a escrita são práticas sociais muito importantes e que devem ser
desenvolvidas desde a infância. Lembre-se que a leitura é uma atividade
complexa de produção de sentido.
Sua importância reside no desenvolvimento das habilidades mentais, na
compreensão do mundo e na ampliação dos conhecimentos, a partir dos
diversos textos que o compõe (verbal e não-verbal).
Que tal ler mais sobre esse tema?
 A importância da leitura
 Linguagem verbal e não-verbal
 Linguagem formal e informal

A leitura e a interpretação de texto

Note que a interpretação de texto está intimamente relacionada com o ato de


ler, na medida que é considerada uma das principais chaves para seu
entendimento.
Afinal, a leitura só é efetivada com sua interpretação, ou seja, não basta ler
ou decodificar os códigos linguísticos (compreender as palavras), faz-se
necessário interpretar essa leitura construindo uma rede de significados.

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