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Linguagem e Argumentação - Lícia - UNIGRAN

Aula 07

O RELATÓRIO
Caro(a) Acadêmico(a),
Abordaremos nesta aula um gênero textual que, além de circular na esfera aca-
dêmica, também é utilizado na esfera pública, comercial, industrial, etc. Esse tipo de texto
funciona como um documento analítico-expositivo de prestação de contas sobre determi-
nado evento e, embora você pense que ele seja bastante simples, é importante que entenda
que existem vários tipos de relatórios e que esse “modelo” de texto possui uma estrutura
específica.
Convém que você se aprimore nesse tipo de produção, pois o mundo moderno com-
porta cada vez mais muitos tipos de relatórios e, adquirindo competência na elaboração
desse tipo de texto, você terá muita chance de expor seus conhecimentos de forma eficiente.
Profa. Lícia

Objetivos de aprendizagem:

Ao término desta aula, você será capaz de:

• Compreender o conteúdo de um relatório;


• Conhecer a estrutura e a linguagem de um relatório;
• Formatar um relatório dentro das normas da ABNT;
• Elaborar um relatório.

Seções de estudo

Seção 1 – O que é um relatório


Seção 2 – Estrutura de um relatório

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SEÇÃO 1 – O QUE É UM RELATÓRIO

Começamos esta seção perguntando se você já participou de um evento como, por


exemplo, uma palestra, um seminário, uma oficina e, como exposição dos resultados obtidos
nesse evento, teve que redigir um texto que serviu como uma espécie de “prestação de con-
tas” sobre sua participação? Caso sua resposta seja afirmativa, você já elaborou um relatório.
Porém, talvez você tenha feito isso sem a devida orientação sobre esse gênero textual.
Os relatórios são documentos mais complexos que as resenhas, tendo como carac-
terística principal o caráter descritivo para apresentação de resultados obtidos em pesquisas,
eventos como palestras, seminários, oficinas, como também de atividades profissionais, visi-
tas técnicas, viagens técnicas, experiências ou serviços.

Veja as considerações de Ferreira (2010, p. 255) sobre esse tipo de texto:

O que é um relatório?

Na administração pública, em empresas e em institutos de pesquisa científica, a


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discussão das ações e seu planejamento têm por base projetos previstos para execução a cur-
to, médio e longo prazo. Ao final de sua realização ou após o cumprimento de cada etapa,
produzem-se relatórios que explicitam o que aconteceu, tecendo observações, comentários e
avaliações.
O mundo moderno comporta muitos tipos de relatórios, desde os produzidos, por
exemplo, por um professor, que avalia suas aulas de acordo com o planejamento realizado e
os encaminha para a coordenação pedagógica da escola, até os extensos relatórios divulgados
pela mídia, realizados por organismos internacionais, como FMI e OMS, sobre temas como
pobreza, violência urbana, crise econômica mundial, etc., e cujos temas interessam à popu-
lação em geral.
Os relatórios funcionam como um documento analítico-expositivo de prestação de
contas. [...]
Existem vários tipos de relatórios. Entre outros, relatórios de gestão, feitos por exe-
cutivos e empresários; relatórios de atividades, feitos por professores universitários e estu-
dantes de pós-graduação; relatórios de pesquisa, feitos por cientistas e pesquisadores; relató-
rios de inquérito, feitos por autoridades policiais.
Textos de relatórios são encontrados em sites de instituições públicas e particula-
res. Os resultados de relatórios produzidos por organismos renomados e que se referem a
questões políticas, econômicas e sociais são frequentemente comentados pelas agências de
notícias internacionais e reproduzidos em todos os quadrantes do mundo. [...]

FERREIRA, Marina. Redação: palavra & arte. São Paulo: Atual, 2010. p. 255

Você deve ter notado que, o tipo de relatório que diz respeito a sua experiência como
acadêmico, hoje, é o relatório de atividades e, mais tarde, talvez um relatório de pesquisa.
Esse último é denominado de relatório técnico de pesquisa ou, simplesmente, relatório aca-
dêmico.

Vejamos qual é a diferença que existe entre eles:

1. Relatório de atividades

Os relatórios de atividade servem para expor uma atividade ou evento de forma


ordenada e pormenorizada, iniciando-se pela indicação do local, data de início e término do
fato observado. Em casos de palestras, seminários, congressos, etc. deve-se elucidar a carga
horária do evento. Em seguida, o texto deve informar o(s) objetivo(s) alcançado(s), bem
como uma síntese do conteúdo da atividade observada, abordando seus principais pontos.
É importante que você exponha os dados da observação, fundamentando-os com a
teoria adquirida nas aulas das disciplinas de seu curso, ou seja, caso você faça um relatório
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sobre a observação de uma aula prática em um laboratório da instituição em que você estuda,
ao organizar seu texto, você deve fundamentar o que lhe chamou a atenção durante a aula
com um referencial teórico, isto é, utilizar citações de teóricos que discutem o ponto descrito.
Esse tipo de texto deve ser finalizado com a informação dos avanços que a referida atividade
proporcionou a você como acadêmico.

2. Relatório técnico de pesquisa

Segundo Severino (2007), os relatórios técnicos de pesquisa podem ser solicitados


para apresentar conteúdo sobre andamento ou conclusão de pesquisa em andamento e já con-
cluída. Veja as considerações do autor sobre isso:
Os relatórios de pesquisa, assim como os Relatórios de outras atividades, não
devem ser confundidos com o Memorial. O Relatório, além de se referir a um
projeto ou a um período em particular, visa pura e simplesmente historiar seu
desenvolvimento, muito mais no sentido de apresentar os caminhos percorri-
dos, de descrever as atividades realizadas e de apreciar os resultados – parciais
e finais – obtidos. Obviamente deve sintetizar suas conclusões e os resultados
até então conseguidos, sem, no entanto, a necessidade de conter análises e
reflexões mais desenvolvidas, como é o caso no Memorial.

O Relatório pode se iniciar com uma retomada dos objetivos do próprio projeto,
passando, em seguida, à descrição das atividades realizadas e dos resultados
obtidos. Se couber, como no caso dos Relatórios de andamento, deve ser encer-
rado com a programação das próximas etapas da continuidade da pesquisa. E
não basta dizer que a pesquisa terá prosseguimento, é preciso detalhar e discri-
minar as várias atividades distribuídas nas várias etapas desse prosseguimento.
Cópias dos produtos parciais – como transcrições de entrevistas, capítulos já
elaborados, dados registrados e tabulados – podem ser anexadas ao Relatório,
no qual devem ter sido sintetizados, não sendo, pois, necessário que tais produ-
tos integrem o texto do Relatório em si. (SEVERINO, 2007, p. 207-208).

Agora, vamos relacionar as características de um relatório:

• Finalidade: expor a investigação relativa a um fato ou a uma experiência cientí-


fica;
• Interlocutores: o locutor é um acadêmico ou qualquer pessoa que necessite des-
crever uma atividade ou evento; o destinatário é um professor (no caso em que
o locutor é um acadêmico) ou alguém a quem o locutor precise “prestar contas”;
• Veículo: folha de papel.
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• Estrutura: apresenta geralmente introdução, desenvolvimento e conclusão. Cos-


tuma conter descrições, enumerações, exposições narrativas, relatos de fatos,
gráficos, estatísticas, etc.
• Linguagem: objetiva e precisa, admite tanto a pessoalidade quanto a impessoali-
dade e segue a variedade padrão da língua. Os verbos são usados predominante-
mente no pretérito perfeito do indicativo.

SEÇÃO 2 – ESTRUTURA DE UM RELATÓRIO

Embora o texto de um relatório seja relativamente livre, há algumas partes que são
essenciais em sua constituição. Abordaremos inicialmente aquelas que dizem respeito ao seu
aspecto organizacional:
a) Título: deve ser esclarecedor e sugestivo, resumindo a ideia do trabalho. Pode
estar relacionado ao nome do evento ou da atividade;
b) Introdução: parte do texto em que são delimitados o assunto, os objetivos e as
razões da atividade ou evento observado. Essa seção apresenta o assunto como um todo, sem
detalhamento;
c) Desenvolvimento: parte principal do texto em que deve constar a descrição por-
menorizada da atividade ou evento apoiada pela fundamentação teórica relacionada ao con-
teúdo que está sendo exposto. Essa seção pode apresentar subseções, caso necessário.
d) Conclusão: seção em que são apresentadas as conclusões a partir dos resultados
obtidos de forma clara e resumida.
e) Referências: parte em que é registrada a lista das referências consultadas para a
realização do relatório de acordo com a ABNT.
Segundo o aspecto formal, um relatório deve ser organizado, contendo as seguintes
características:
a) formatação conforme as normas da ABNT:

• Papel A4
• Margens: esquerda e superior: 3,0 cm; direita e inferior: 2,0 cm
• Fonte para o corpo do trabalho: Times New Roman, 12 ou Arial 11
• Espaçamento: 1,5
• Títulos e subtítulos destacados em negrito
• Paginação: folhas contadas sequencialmente desde o sumário, mas não numera-
das. A numeração é colocada a partir da introdução o canto direito superior da
página.

b) capa e folha de rosto – dados de identificação


c) sumário;
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d) introdução;
e) desenvolvimento;
f) considerações finais;
g) referências;
h) anexos: (opcional) textos ou documentos não elaborados pelo autor, que contri-
buem para ilustrar, esclarecer ou fundamentar melhor o trabalho, como, por exemplo, leis,
mapas, fotografias,

Finalizando

Finalizamos esta aula com as considerações de Cereja e Cochar (2009, p. 60) sobre
a apresentação de um relatório:

A apresentação de um relatório depende do assunto e de quem


o solicita: um professor, um órgão público, uma instituição de
pesquisa. Em alguns casos, o relatório pode seguir um roteiro
preestabelecido, exigir certo número de páginas e, às vezes, até
uma folha de rosto (título do relatório, nome do autor, entidade
a que se destina), um sumário (relação dos assuntos e do número
das páginas em que são tratados), uma sinopse (resumo geral
do trabalho), introdução, desenvolvimento, conclusão e anexos
(quadros estatísticos, tabelas, material coletado, material de
consulta, etc.).

Nesse gênero, a variedade linguística empregada é a padrão


formal. É admitido o uso da 3ª ou da 1ª pessoa do singular ou até
mesmo da 1ª pessoa do plural.
Como sugestão para a ampliação dos conhecimentos tratados nesta aula, sugerimos
que você consulte um livro de metodologia científica e leia mais sobre o relatório em alguns
sites que sugerimos.

LIVRO

Leia o livro “Metodologia do trabalho científico, de Antonio Joaquim Severino, São


Paulo: Cortez, 2007. Disponível na biblioteca da Faculdade Unigran Capital.

SITES

• Como elaborar um relatório. Disponível em: http://www.mat.uc.pt/~mat0228/


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biblioteca/ComoElaborarUmRelatorio.pdf
• Passos para fazer um relatório escolar. Disponível em: http://prof-marcosale-
xandre.blogspot.com.br/2009/06/passos-para-fazer-um-relatorio-escolar.html
• Técnicas de trabalho: elaborar relatórios. Disponível em: http://www.rbe.min-
-edu.pt/news/newsletter3/como_elaborar_relatorios.pdf

Referências

CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Texto e interação.


São Paulo: Atual, 2009.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cor-


tez, 2007.

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