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METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

CIENTÍFICA

Universidade Independente de Angola


Organização: Prof. OSVALDO Mendes
Luanda, 2022
Capítulo V - EXECUÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO

Designamos trabalhos técnicos e científicos aos artigos que solicitados no


âmbito de uma Unidade Curricular, englobada num plano de curso, que
poderão auxiliar como instrumentos de avaliação relativamente aos
conteúdos leccionados ou à aquisição das competências, que se prevê
serem atingidas pelos estudantes. Existem vários tipos de trabalhos
técnicos e científicos, dentre eles vamos destacar neste projecto os
artigos de periódicos, e os trabalhos de fim de curso.
Capítulo V - EXECUÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO

5.1. Diferentes tipos de trabalho científico


• Periódicos científicos;
• Periódicos de indexação e resumo;
• Relatório de estágio;
• Monografia;
• Dissertação;
• Tese;
• Anais de encontros científicos.
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5.2. Artigo científico
O artigo científico compreende a apresentação resumida dos resultados
de pesquisas ou estudos bibliográficos realizados a respeito de uma
questão. arte de uma publicação com autoria declarada, que apresenta e
discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas
áreas do conhecimento.

O artigo científico tem como finalidade expor, analisar, interpretar e


discutir determinado assunto, divulgando os resultados de uma pesquisa
científica, bem como, abordar inovações sobre temas já pesquisados
(Castilho, Borges e Pereira, 2014).
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5.2.1. Estrutura material do artigo científico
O artigo científico tem, habitualmente, a seguinte estrutura Azevedo
(200410 Apud Canastra, Haanstra e Vilanculos, 2015).
i. Título do artigo, com a indicação do nome do(s) autor(es), do(s) cargo(s)
que ocupa(m) na instituição onde trabalha e contactos (e-mail e/ou
endereço postal);
ii. O resumo, que deve aparecer num tipo de tamanho inferior ao do tipo
do corpo do artigo (não ultrapassando uma centena ou centena e meia
de palavras). A este propósito importa ter presente que, a maioria das
revistas científicas, exige, também, um resumo em inglês (e, por vezes,
ainda noutras línguas, como por exemplo, em espanhol);
iii. As palavras-chave (três a cinco);
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iv. Introdução, que deve incluir, entre outros aspectos: os objectivos ou o
problema, as motivações/interesses do estudo, contextualização e relevância
do estudo;
v. O quadro teórico, onde se apresentam, de forma sumária, outros estudos
empíricos relacionados com o problema em estudo;
vi. A opção metodológica (tipo de estudo, instrumentos e técnicas
seleccionados, procedimentos metodológicos e amostra / participantes);
vii. Apresentação e discussão dos resultados (que no caso de abordagens
qualitativas se deve, também, justificar a escolha de determinados
participantes ou informantes ou a opção por determinadas unidades de
análise);
viii. Conclusões e recomendações para futuras investigações;
ix. Referências bibliográficas (onde só devem constar às referências citadas no
corpo do artigo). A maioria das revistas científicas adopta, como modelo de
referenciação/citação, o modelo das Normas APA.
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5.3. Artígos de periódicos
Conforme Beuren et al. (2009, p. 31), “independentemente da fase em
que o estudante esteja, […] a confecção de artigos de periódicos é um
requisito imprescindível para a solidificação da formação académica”.
Os artigos de periódicos apresentam resultados de pesquisas,
normalmente bibliográfica ou documental, solicitados pelos professores,
como complemento do programa curricular ou avaliação, e distinguem-se
dos diferentes tipos de trabalhos científicos pela sua reduzida dimensão e
conteúdo.
De acordo com Marconi e Lakatos (2003, p. 259), a estrutura dos artigos
artigos de periódicos “têm a mesma estrutura orgânica exigida para
trabalhos científicos”. Apresenta as seguintes partes:
I. Parte pré textual;
a) Cabeçalho - título (e subtítulo) do trabalho.
b) Autor (es).
c) Credenciais do (s) autor (es).
d) Local de actividades.
e) Resumo e abstract (Até 200 palavras)
f) Sumário (Índice).
II. Parte Textual
a) Introdução - apresentação do assunto, objectivo, metodologia, limitações e
proposição.
b) Texto - exposição, explicação e demonstração do material; avaliação dos
resultados e comparação com obras anteriores.
c) Comentários e Conclusões – dedução lógica, baseada e fundamentada no
texto, de forma resumida.
III. Parte pós textual
a) Bibliografia.
b) Apêndices ou anexos (Facultativos).
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5.4. Trabalhos de fim de curso
O trabalho de fim de curso tem carácter científico, e possui uma estrutura
material que segue normalmente a configuração universal e atende uma
determinada norma, no caso particular da UnIA, às normas da American
Psychological Association (APA). Toda pesquisa tem o seu registro escrito
organizado em três divisões: pré-textual, textual e pós-textual, conforme
apresentado no quadro a seguir:
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5.4.1. Síntese para a elaboração do corpo do texto
Na concepção de Kauark, Manhães e Medeiros (2010, p. 42), a sinopse
dos tópicos e subtópicos que compõe a parte denominada “texto” de um
trabalho científico apresenta as conceituações apresentadas a seguir:
INTRODUÇÃO (O que é?) - ao que se refere a pesquisa.
1. Problemática/Contextualização (Onde?) - deve apresentar o assunto,
demonstrando que este faz parte do contexto vivido pelas pessoas.
2. O problema (O que incomoda? O que pretende descobrir?) - deve ser
dissertado, encerrando com uma ou algumas questões que busquem
responder por que e para que da intervenção.
3. As hipóteses (se... probabilidades) – são respostas afirmativas ou
negativas, que provavelmente serão respondidas após os resultados da
aplicação do projecto.
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4. Os objectivos (Para quê?) – devem descrever acções que se pretendem al-
cançar. Ficar atento aos verbos que devem ser utilizados para a elaboração do
objectivo geral e para os objectivos específicos.
5. A delimitação (Em que lugar? Qual o tempo observável?) – refere-se à
moldura que o autor coloca em seu estudo. É o momento em que se aclara
para o leitor o que fica dentro do estudo e o que fica fora em termos de tempo
e espaço de análise.
5.1. A limitação (Quais foram as dificuldades?) - existe as limitações de tempo,
de fundos e de esforços, que geralmente restringem a extensão e a quantidade
do estudo, aspectos que não podem deixar de ser considerados em trabalhos
desse tipo.
6. Justificativa (Por quê?) – deve, com riqueza de detalhes, apresentar o motivo
que impulsionou a realização do Projecto e definir a importância de tratar e
intervir sobre o assunto abordado na pesquisa.
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REFERENCIAL TEÓRICO (Quem já falou e pode comprovar a respeito?) -
refere-se ao estudo teórico, à abordagem dos autores ou órgãos e
instituições sobre o assunto. Para a escrita e entendimento (leitura)
facilita se for dividido em tópicos e sub-tópicos. Deve-se ainda definir os
termos chave, com o objectivo torná-los claros, compreensivos,
objectivos e adequados.
O problema formulado é o indicador do delineamento da estrutura deste
capítulo, pois os elementos que o compõe precisam encontrar
fundamentação teórica neste capítulo. Sob pena de, quando da
interpretação dos dados colhidos, não ser viável o relacionamento dos
dados empíricos com os fundamentos constantes neste capítulo (Beuren,
Longaray, Colauto, Raupp, & Sousa, 2009).
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A METODOLOGIA DO ESTUDO (como descrever os métodos e técnicas


que foram aplicados na prossecução dos objectivos?)
Na concepção de Beuren et al. (2009, p. 66), “a metodologia requer um
detalhamento mais amplo e profundo, a ponto de lhe ser destinado um
capítulo específico, o qual usualmente vem logo após o capítulo da
fundamentação teórica”.
A metodologia é o conjunto de métodos empregues para orientar
determinado processo de maneira eficiente e eficaz a fim de alcançar os
resultados pretendidos.
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5.4.2. Modelo de abordagem ou paradigma de investigação

Não existe uma única via para aceder ao conhecimento científico, uma
vez que há vários paradigmas. Com efeito, se começarmos por nos referir
ao enfoque, em termos de uma investigação tipo-ideal, encontramos três
paradigmas (ou abordagens): Quantitativo, Qualitativo ou Misto.

Na concepção de Moersi (2003, p. 9), do ponto de vista da forma de


abordagem do problema a pesquisa pode ser: Quantitativa ou Qualitativa
ou ainda ser Mista.
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• Pesquisa Quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que
significa traduzir em números as opiniões e informações para classificá-las e
analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas
(percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de
correlação, análise de regressão, etc.).
• Pesquisa Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o
mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo
objectivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em
números. A interpretação dos fenómenos e a atribuição de significados são
básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e
técnicas estatísticas.
• Pesquisa Mista: é uma combinação de instrumentos e técnicas,
habitualmente associadas aos estudos de natureza quantitativa e
qualitativa.
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O capítulo da Metodologia deve apresentar ainda, de acordo com o
modelo de abordagem escolhido:
• Os tipos de pesquisa quanto aos fins e quanto aos meios utilizados,
• O universo (também chamado população) ou ainda os sujeitos da
pesquisa;
• Instrumentos/técnicas de recolha de dados;
• Variáveis (Qual é o campo de variação de cada tipo de dado a ser
pesquisado?) - Trata-se de um conceito que contém ou apresenta
valores tais como quantidades, qualidades, características,
magnitudes.
• Método de tratamento dos dados; e o
• Objecto de estudo (Unidade de análise).
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Apresentação, análise e discussão de resultados

Apresentação, análise e discussão de resultados, é a fase de organização


das ideias de forma sistematizada, visando à elaboração do relatório final.
Essa fase da pesquisa, analítica e descritiva, prevê a interpretação e a
análise dos dados tabulados, os quais foram organizados na etapa
anterior em profundidade.
A análise deve ser feita a fim de atender aos objectivos da pesquisa e
para comparar e confrontar dados e provas com o objectivo de confirmar
ou rejeitar a (s) hipótese (s) ou os pressupostos da pesquisa.
Capítulo V - EXECUÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO
A análise e a interpretação desenvolvem-se a partir das evidências
observadas, de acordo com a metodologia, com relações feitas através do
referencial teórico e complementadas com o posicionamento do
pesquisador (Prodanov e Freitas, 2013).
Corresponde à parte mais importante do relatório. É aqui que são
transcritos os resultados, agora sob forma de evidências para a
confirmação ou a refutação das hipóteses. Estas se dão segundo a
relevância dos dados, demonstrados na parte anterior. Quando os dados
são irrelevantes, inconclusivos, insuficientes, não se pode nem confirmar
nem refutar a hipótese, e tal facto deve ser apontado agora não apenas
sob o ângulo da análise estatística, mas também correlacionado com a
hipótese enunciada (Marconi e Lakatos, 2003, p. 231).
Capítulo V - EXECUÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO
5.4.3. CONCLUSÃO
A conclusão é o momento em que o pesquisador tem condições de
sintetizar os resultados obtidos com a pesquisa. Na conclusão, retoma-se
o problema inicial lançado na introdução, revendo as principais
contribuições que ele trouxe à pesquisa. Essa secção deve responder a
questão que delimitou o estudo, de forma coerente com o que foi
apresentado na secção introdutória.

A conclusão deverá esclarecer se os objectivos foram atingidos, se a (s)


hipótese (s) ou os pressupostos de pesquisa foram ou não confirmados,
esclarecendo as razões desse resultado.
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5.4.4. Sugestões

As sugestões constituem as indicações práticas extraídas das conclusões


do trabalho de pesquisa. O pesquisador deve basear-se em dados
comprovados e estar fundamentado nos resultados e na discussão do
texto.
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5.4.5. Referências Bibliográficas

As Referências Bibliográficas são um conjunto padronizado de elementos


descritivos, retirados de um documento que possibilita a sua
identificação no todo ou em parte, permitindo dessa forma, que as
informações contidas no texto possam ser efectivamente comprovadas,
quando necessário (Almeida et al. 2016).
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5.4.6. Anexos

Anexos são documentos não elaborados pelo autor, que servem de


fundamentação, comprovação ou ilustração à parte nuclear do trabalho.
Podem-se incluir nos anexos: Respostas de entrevistas, tabelas, projectos,
fotos e outros documentos não elaborados pelo autor.

O título ‘Anexo’ deve aparecer com a inicial maiúscula e as demais


minúsculas centralizado. Se o artigo possui apenas um anexo use apenas
o rótulo ‘Anexo’, se possui dois ou mais, rotule cada um com uma letra
maiúsculas na ordem como são mencionados no texto.
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5.4.7. Apêndices

Apêndices são textos ou documentos elaborados pelo autor, a fim de


complementarem a sua argumentação, sem prejuízo da unidade nuclear
do trabalho. Podem-se incluir nos apêndices: questionários de pesquisas,
tabulação de dados, roteiros de entrevista e outros documentos
preparados pelo autor.

O título ‘Apêndice’ deve aparecer com a inicial maiúscula e as demais


minúsculas centralizado. Se o artigo possui apenas um apêndice use
apenas o rótulo ‘Apêndice’, se possui dois ou mais, rotule cada um com
uma letra maiúsculas na ordem como são mencionados no texto.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Almeida, A. d., Lopes, E. d., Camilo, J. T., & Choi, V. M. (2016). Manual de
normalização para trabalhos académicos e científicos: de acordo com as
normas APA. p. 97.
Arco, A. R., & et., a. (2010). Normas de eçaboração e apresentação de
trabalhos escritos. Porto Alegre: Instituto Politécnico de Portalegre/Escola
Superior de Saúde de Portalegre.
Beuren, I. M., Longaray, A. A., Colauto, R. D., Raupp, F. M., & Sousa, M. A.
(2009). Como elaborar trabalhos de monografia em contabilidade: Teoria
e prática. São Paulo: Atlas.
Canastra, F., Haanstra, F., & Vilanculos, M. (Janeiro de 2015). Manual de
Investigação Científica da Universidade Católica de Moçambique. p. 56.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Castilho, A. P., Borges, N. R., & Tanús, V. (2014). Manual de metodologia
científica: revisada e atualizada (2ª ed.). Itumbiara: ILES/ULBRA.
Gerhardt, T. E., & Silveira, D. T. (2009). Métodos de pesquisa. Porto Alegre:
UFRGS.
Guilherme, J. (2010). Metodologia de pesquisa científica na prática. Curitiba:
Fael.
Kauark, F. d., Manhães, F. C., & Medeiros, C. H. (2010). Metodologia da
pesquisa : guia prático. Itabuna: Via Litterarum.
Lakatos, E. M., & Marconi, M. d. (1993). Fundamentos de metodologia
científica. São Paulo: Atlas.
Lamy, M. (2011). Metodologia da pesquisa jurídica: técnicas de investigação,
argumentação e redação. Rio de Janeiro: Elsevier.
Prodanov, C. C., & Freitas, E. C. (2013). Metodologia do trabalho científico:
métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico (2ª ed.). Novo
Hamburgo: Feevale.

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