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Escrevendo a introdução do seu projeto

Lilian Bacich

Disciplina: Metodologia científica

Quando definir seu tema e problema de pesquisa, você fará o levantamento de pesquisas e estará na
hora de organizar a introdução de seu projeto, para que fique claro o que você pretende fazer em sua
investigação. Lembre-se de que o projeto, poderá ser alterado durante o desenvolvimento da
pesquisa, mas uma introdução bem estruturada, irá ajudar a traçar rumos bem mais consistentes! Ao
trabalho, então!

Em seu texto de Introdução devem aparecer os seguintes itens:

1) Problema de pesquisa: qual seu objetivo nessa pesquisa? O problema de pesquisa é um


recorte de seu tema, bem específico.
2) Por que escolheu esse tema e, especificamente, esse problema? Essa é a justificativa, use
informações que relacionem sua vida (acadêmica ou pessoal) com o tema. Essa parte pode
ser escrita em primeira pessoa e tem o objetivo de mostrar sua proximidade com o tema, sua
necessidade de compreendê-lo.
3) O que já foi publicado sobre o assunto? Essa etapa é chamada de revisão da literatura, e está
baseada na pesquisa de artigos científicos. A escrita do texto de revisão da literatura segue
um certo padrão e está orientada a seguir.
4) Relevância: por que é importante o estudo desse problema de pesquisa? Por que é importante
uma investigação para construir e compartilhar conhecimentos em relação a esse tema ou,
mais especificamente, a esse problema? Você vai mostrar essa relevância articulando com a
sua revisão da literatura.

A ordem em que esses aspectos aparecerão no texto de introdução depende de seu estilo pessoal.
Será um texto único, com a sequência que você preferir. O último parágrafo da introdução vai
apresentar a seguinte informação: Como será constituído seu projeto?

Este último parágrafo só será feito depois que você e seu orientador tiverem clareza sobre os
encaminhamentos que pretende dar à sua pesquisa e poderá assumir diferentes estruturas!
Vamos exercitar a escrita do texto de revisão da literatura?

O texto de revisão da literatura será feito com a pesquisa primordialmente dos artigos científicos que
você pesquisou. Sugere-se que sejam utilizados no mínimo 5 artigos quando você for construir seu
TCC!

Depois de confirmados quais artigos serão utilizados em seu texto, verifique se você preencheu o
quadro “Como ler os artigos”. O quadro poderá ser um apoio para sua escrita! Não se esqueça de
anotar as referências de acordo com a ABNT. Se não souber fazer as referências, avise!

Agora, comece a escrever seu texto:

1. Inicie com um parágrafo introdutório com o intuito de apresentar ao seu leitor o assunto que
está sendo apresentado nas pesquisas. Você pode incluir, nesse momento, sua justificativa
para essa escolha.
2. O segundo parágrafo já pode ser a apresentação do primeiro artigo, procure apresentar na
ordem cronológica, dos mais antigos para os mais novos, lembre-se você estará contando a
história dos resultados científicos sobre o assunto que escolheu. Inicie apresentando o(s)
pesquisador (es), o ano da pesquisa, o objetivo da pesquisa e finalize apresentando os
resultados alcançados que interessam PARA A SUA PESQUISA.
3. Elabore um ou dois parágrafos para cada artigo. Utilize citações diretas curtas ou indiretas.
Você também pode usar paráfrases. E crie um “gancho” entre os parágrafos.
4. Ao final da apresentação de cada artigo ou ao final da apresentação de todos, construa uma
análise sobre os “achados”, ou seja, faça a sua conclusão sobre os resultados.
5. Para finalizar a Revisão de Literatura elabore mais um parágrafo agora relacionando os
resultados das pesquisas apresentadas com o seu problema de pesquisa, e por fim apresente,
agora com mais segurança, qual o seu objetivo de pesquisa e a relevância dessa pesquisa.

Não se esqueça de anotar todas as referências bibliográficas e colocá-las no texto.

Veja, no exemplo abaixo:

Em vermelho: os autores consultados

Em amarelo: os elementos de ligação

Em rosa: o que o autor do artigo pesquisado pensa/expõe.

Em verde: parágrafos que abrem e fecham o texto de revisão da literatura

As concepções alternativas são definidas como concepções inibidoras


da aprendizagem, consideradas estáveis e resistentes a mudanças,
mesmo após a aprendizagem dita 'científica', a que posteriormente o
aluno é submetida. Isso se comprova em vários estudos, graças a
avaliações realizadas algum tempo após a conclusão do ensino
formal, demonstrando a permanência das concepções alternativas dos
alunos após a apresentação do conteúdo formal de ciências.

Santos (1998) considera os grandes teóricos Piaget e Ausubel os


precursores do Movimento das Concepções Alternativas (MCA).
Ambos defendem que o sujeito bem como suas ações determinarão a
organização e estruturação de seu conhecimento. O sujeito é parte
ativa do processo de desenvolvimento da estrutura cognitiva; é parte
atuante e essencial no processo de construção do conhecimento, com
sua visão acerca do mundo, pois é o alvo de interesse nesse
processo. Sem sua participação efetiva, a construção dos conceitos
não ocorre, portanto não haverá aprendizagem, apenas transmissão
de conhecimentos que se apresentam desvinculados da realidade.

De acordo com Oliveira (2000), as pesquisas sobre concepções


alternativas são constituídas por levantamentos de idéias,
pensamentos e expressões espontâneas apresentadas por estudantes
com relação aos fenômenos ou conceitos científicos. Tais pesquisas
referem os mais diversos fenômenos e conceitos, e as amostragens
nelas utilizadas incluem sujeitos de diferentes faixas etárias, desde o
ensino infantil até o universitário. São várias as metodologias de
pesquisa para a coleta de dados: questionários, entrevistas
individuais e coletivas, observação direta, composição e desenho
livre.

Por outro lado, há indicações sugeridas por Martins (2000), de que


as concepções alternativas, geralmente consideradas incorretas ou
inadequadas, possuem coerência e lógica próprias. A grande
preocupação relaciona-se com os métodos tradicionais de ensino, os
quais freqüentemente não promovem o rompimento com os
conteúdos do ensino tradicional, permitindo a preservação da
concepção alternativa.

Já para Bastos (1991) a mudança conceitual das práticas pedagógicas


só se converte em efeitos desejados se o projeto envolver trabalho e
planejamento. O ensino escolar deve proporcionar situações de
conflito cognitivo, nas quais o estudante se sentirá obrigado a
abandonar antigas concepções, substituindo-as por conceitos mais
adequados. A mudança conceitual só ocorrerá se o aluno estiver
convencido de que suas concepções atuais são insuficientes para
prosseguir no processo de novas aquisições conceituais.

Oliveira (2002) também contraria algumas dessas posições


apresentadas afirmando que a alfabetização em ciências não significa
uma simples distribuição do conhecimento acumulado, mas sim
capacitar cidadãos não apenas a memorizar conteúdos, como também
a entender os princípios básicos de como as coisas funcionam,
adquirir habilidades cada vez mais criativas e estabelecer conexões
entre o abstrato e os fenômenos, resultando numa visão analítica da
ciência.

Mortimer (1995) ressalta que a importância de diferentes formas de


saber – cotidiano, científico, filosófico etc. – impõe a tarefa de buscar
"um modelo teórico alternativo para analisar a evolução conceitual em
sala de aula" (p.56-87). Confirmado pela posição de diferentes
autores pesquisados (CRUZ, 2003; SILVA, 2000; RAPOSO, 2003), e
acordo com essa noção, as novas idéias adquiridas no processo de
ensino e aprendizagem passam a conviver com as ideais anteriores, e
como conseqüência temos um indivíduo que pode apresentar duas ou
mais versões para o mesmo conceito. Mortimer (2000) acrescenta em
seus estudos que o saber cotidiano e o saber científico coexistem, e
os indivíduos não precisam transformar ou abandonar antigas
concepções para a construção do novo saber.

Nesse sentido, de acordo com pesquisas na área, há lacunas a serem


investigadas em relação à evolução dos estudantes durante o
processo de escolarização e a hipótese de que esta se daria através
de mudanças nos perfis conceituais. O professor e a escola passariam
a ter a tarefa de discutir os contextos específicos em que as
diferentes versões de um mesmo conceito tornam-se mais ou menos
apropriadas. Para formar um cidadão crítico e autônomo, que saiba
exercer seus direitos e deveres voltados ao bem-estar social, é
necessário que o ensino de ciências contribua para tomadas de
decisão, e que a adoção de hábitos saudáveis seja apreendida como
um dos aspectos básicos de qualidade de vida.

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