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METODOLOGIA DA

PESQUISA 5
O RELATÓRIO CIENTÍFICO
APRESEN TAÇÃO
Anteriormente foram abordados os aspectos mais relevantes para a
construção de um projeto de pesquisa. E também foram abordadas as principais
diferenças que existem entre o projeto (aquilo que se pretende estudar) e
o relatório científico ou artigo. Nesse último, apresentamos os resultados
alcançados e também discutimos sobre nossas conquistas, comparando os
mesmos com os obtidos por outros na mesma área de conhecimento.

Também foi abordada a questão de escrita, quando reforçamos que, no


projeto, a linguagem está sempre no futuro do presente, e por fim, quando
finalizamos a pesquisa, a abordagem será sempre no passado. Chamamos
ainda a atenção para o fato de que o item resultados e discussão não cabe em
um projeto. Mas agora, em um relatório científico, é hora de apresentarmos
esses itens. E é basicamente essa a única diferença entre o que consta em
um projeto e em um artigo ou relatório. E não importa se estamos falando
de uma pesquisa de graduação, de mestrado ou doutorado, ou ainda, se os
resultados apresentados são de pesquisadores seniores com muitos anos de
estrada.

Organização Reitor da Pró-Reitora do EAD Edição Gráfica Autor


UNIASSELVI e Revisão
Elisabeth Penzlien Prof.ª Francieli Stano Luis Augusto
Tafner Prof. Hermínio Kloch Torres UNIASSELVI Ebert
.05
O RELATÓRIO
CIENTÍFICO
INTRODUÇÃO
Anteriormente foram abordados os aspectos mais relevantes para a
construção de um projeto de pesquisa. E também foram abordadas as principais
diferenças que existem entre o projeto (aquilo que se pretende estudar) e
o relatório científico ou artigo. Nesse último, apresentamos os resultados
alcançados e também discutimos sobre nossas conquistas, comparando os
mesmos com os obtidos por outros na mesma área de conhecimento.

Também foi abordada a questão de escrita, quando reforçamos que, no


projeto, a linguagem está sempre no futuro do presente, e por fim, quando
finalizamos a pesquisa, a abordagem será sempre no passado. Chamamos
ainda a atenção para o fato de que o item resultados e discussão não cabe em
um projeto. Mas agora, em um relatório científico, é hora de apresentarmos
esses itens. E é basicamente essa a única diferença entre o que consta em
um projeto e em um artigo ou relatório. E não importa se estamos falando
de uma pesquisa de graduação, de mestrado ou doutorado, ou ainda, se os
resultados apresentados são de pesquisadores seniores com muitos anos de
estrada.

Então, quando apresentamos os nossos resultados, através de relatórios


ou artigos (papers, do inglês), basicamente a única diferença que se tem
entre os projetos e artigos é a inclusão do item resultados e, na sequência,
discussões. As dissertações de mestrado e teses de doutorado também são
estruturadas assim. Nessa etapa, de realização dos relatórios, é pertinente a
exclusão da justificativa (você não precisa mais justificar a importância do
projeto), os objetivos (você já alcançou ou não as metas propostas), e, por
fim, o cronograma físico-financeiro, visto que as ações previstas também já
foram realizadas.

Uma parte importante do artigo ou relatório deve ser a apresentação de


um resumo. Muitas revistas exigem o “abstract”, ou seja, o mesmo resumo, mas
na língua inglesa, o que facilita a busca de outros pesquisadores, visto que

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esta é tida como língua universal. No resumo, é preciso apresentar em poucas
palavras (até 250 – depende do tipo da revista), uma pequena introdução, a
metodologia, os resultados alcançados e a discussão. Veja que isso ocorre
na inserção de parágrafos, de forma contínua, que serve para dar uma base
do estudo realizado para o público de interesse.

Assim, essa unidade visa abordar as principais formas de socializamos os


resultados, frutos das pesquisas concebidas através de projetos de pesquisa.
Iremos abordar os congressos, colóquios, seminários e também a publicação
em artigos das diferentes revistas especializadas que temos ao redor do
mundo.

1 A PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS EM REVISTAS OU PERIÓDICOS


ESPECIALIZADOS
Com o projeto aprovado, é hora de colocar a mão na massa, ou seja,
executar aquilo que foi planejado (os objetivos) através da metodologia
proposta. A partir dessa etapa, você irá colher os resultados, que são as
informações referentes ao objeto de estudo. Todas essas informações
podem ser registradas em planilhas específicas ou onde for conveniente ao
pesquisador, e posteriormente analisadas através de softwares específicos
para essa finalidade. As etapas agora descritas frutificam naquilo em que já
chamamos a atenção ao longo das unidades desse curso, que são os resultados
e a discussão. No relatório final da pesquisa ou mesmo no artigo científico
que esse projeto irá originar, não encontraremos mais os itens justificativa,
objetivos geral e específico, assim como o cronograma físico de execução
do projeto.

A s s i m , o s re s u l t a d o s e a d i s c u s s ã o s ã o o r i g i n a d o s a p a r t i r d o
desenvolvimento do experimento. Ou seja, os resultados são compostos
pelos dados e observações do pesquisador, assim como figuras, gráficos,
análises estatísticas e assim por diante. Posteriormente, na discussão, docente
e acadêmico irão dissertar sobre as suas observações, corroborando ou não
com a opinião de outros autores que já publicaram estudos semelhantes.
Essa é uma das partes mais importantes de todo o trabalho, pois é momento
no qual são gerados novos conhecimentos. Ou concordamos em plenitude
com as observações de outros pesquisadores ou discordamos acerca do
tema proposto. Obviamente, inúmeras variáveis contribuem para as análises e
discussões. Por exemplo, podemos executar o mesmo projeto já realizado por
outro autor para um determinado tema, mas os resultados observados podem
ser completamente diferentes, o que faz parte do experimento científico.

Na etapa de discussão também é muito importante que os autores da


pesquisa coloquem o máximo de autores possíveis, visando enriquecer a

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discussão. Por fim, os autores podem ainda inserir uma consideração final ou
conclusão. Nessa parte, a opinião é pessoal dos autores, e em poucas palavras
concluem o que foi observado da pesquisa.

Ao finalizar a pesquisa, através do seu relatório final, esta pode ser


colocada no formato de artigo científico, ou ainda uma monografia, dissertação
ou tese. No nosso caso de artigo científico, este pode seguir diferentes
padrões, como nota curta, ou ainda um artigo completo, a ser publicado
em um periódico que nada mais é do que uma revista com regularidade de
publicação, mensal, semestral ou anual. A estruturação do artigo nessa revista
depende da comissão científica que o analisa, e também da área da revista.

Normalmente, nas ciências exatas, como engenharias, computação e


outros, os artigos são estruturados em título, afiliação dos autores, resumo
(em português) e abstract (em inglês), seguido de introdução, material e
métodos, resultados, discussão, considerações finais e referências. Já nas
áreas da educação, como em cursos de graduação das licenciaturas, como
letras, história e afins, normalmente os artigos começam com o título,
afiliação dos autores, resumo (em português) e abstract (em inglês), seguido
de introdução, fundamentação teórica (itens acerca daquilo que está sendo
estudado e/ou pesquisado), conclusões finais e referências. Nota-se que o
item de considerações finais é sugestivo aos autores da pesquisa, assim como
a nota de agradecimento, no qual os pesquisadores agradecem o apoio de
financiamentos, ou ainda da utilização de laboratórios e mesmo pessoas que
contribuíram de forma plena para a execução do projeto proposto.

Uma vez que o artigo esteja estruturado, os autores devem submetê-


lo para alguma revista. Cada revista dispõe atualmente de diferentes meios
para receber o artigo, sendo ainda muito comum o recebimento por e-mail,
encaminhando diretamente para o editor-chefe da revista. No entanto, outras
plataformas digitais também são utilizadas para o encaminhamento dos
trabalhos, como a Open Journal System (OJS), recomendada pelo Instituto
Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT). A UNIASSELVI
hospeda os artigos desta forma, porém o encaminhamento para os editores
é feito por e-mail.

Por fim, é importante notar que cada revista tem um rigor para a publicação.
Ou seja, revistas internacionais e com elevado critério de qualificação são
aquelas em que apenas pesquisas de ponta são publicadas, pois são vitrine
para todo o mundo. No Brasil, todas as revistas são classificadas de acordo
com essas exigências. Dessa forma, revistas como a Nature são consideradas
como Qualis A1 ou A2. Conforme a exigência vai decrescendo, vamos para
as categorias de B1, B2, B3, B4 e B5 e, por fim, a categoria C. A adoção dessa
nomenclatura foi originada pelo Conselho de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES), uma autarquia do Ministério da Educação (MEC).

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O Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – mantém
a Revista Maiêutica, que aceita anualmente artigos de docentes, tutores,
acadêmicos e comunidade externa. Por ser uma revista jovem e também em
atualização constante, melhorando as suas diretrizes e normas para o aceite
dos artigos, sua classificação é Qualis C. Esses artigos derivam das atividades
de Iniciação Científica desenvolvidas durante os cursos de graduação.

2 O ARTIGO CIENTÍFICO E SUAS ESPECIFICIDADES


Existem muitas diferenças no que tange ao processo de submissão de
artigos científicos para as revistas especializadas. E cada uma destas ainda
possui regras inerentes à sua área de pesquisa. Mas, em resumo, de posse das
regras que cada periódico disponibiliza em seu site, você adéqua o artigo e
faz a submissão via um sistema próprio, ou ainda, por e-mail, diretamente
para o editor. E esse ainda é um processo muito comum. Ocorre que, por
termos várias plataformas para as quais se pode encaminhar os artigos, o
registro de perfil sempre é requerido, e algumas plataformas podem se tornar
um pouco complexas em termos de encaminhamento de um simples paper,
desmotivando os autores a continuarem o processo de submissão.

Uma vez submetido o artigo, é realizada uma análise prévia de conteúdo,


para ver se a pesquisa se encaixa no escopo do periódico e se está dentro das
normas que a revista pede, sendo que, na sequência, um aviso aos autores
deve ser encaminhado, informando do aceite prévio ou não da pesquisa. Isso
não significa que o seu artigo será aceito, mas indica apenas que o mesmo
está dentro daquilo que a revista pede. Posteriormente irá para uma análise
por até três “referees”, ou avaliadores de área. Em teoria, estas pessoas são
contatadas pelo corpo editorial do periódico, ou já fazem parte dele, solicitando
que se faça a revisão da pesquisa submetida. E nessa etapa são realizadas a
verificação dos dados, da metodologia empregada, se a pesquisa está de fato
contribuindo de forma significativa para a ciência e assim por diante.

Mas é aqui que começam a aparecer alguns dos principais problemas.


O chamado conflito de interesses no meio científico e acadêmico é bem
peculiar. Na prática, os avaliadores não devem ter conhecimento dos autores
do trabalho. Por isso, os editores das revistas têm a missão de deixar o artigo
para avaliação sem o nome dos pesquisadores envolvidos. A isso damos o
nome de “avaliação às cegas”. Por que isso ocorre? Vamos imaginar que não
gostamos de determinada pessoa, ou que em algum momento de nossa
vida acadêmica ela nos tratou mal, seja em um congresso, ou mesmo em
nosso curso de mestrado ou por qualquer motivo não simpatizamos com
esse pesquisador e nem ele comigo. E, por trabalharmos na mesma área de
pesquisa, acaba que esse pesquisador recebe minha pesquisa para avaliar a
possibilidade de publicação para determinada revista. Será que a avaliação

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dele ou dela será imparcial? Existe uma probabilidade alta para que isso não
ocorra, e assim, nosso artigo não será recomendado para publicação. Não
que nossa pesquisa seja irrelevante. Mas porque existe a disputa por aquela
área de conhecimento e/ou o conflito de interesses.

E isso é bastante comum nesse ambiente. Apesar de que deveríamos


pensar que estamos contribuindo para o avanço do conhecimento, e que todos
deveriam trabalhar em prol dessa corrente de pensamentos, muita disputa
por quem “descobre” ou “publica” primeiro determinada informação acontece.
Podemos citar exemplos de pesquisas que foram encaminhadas para duas ou
três revistas, sem ser aceitas, e posteriormente, quando encaminhada para
outra, com uma comissão diferente, o artigo era aceito.

Uma vez que temos o parecer favorável de pelo menos dois dos três
avaliadores, eles encaminham um documento para a comissão científica
da revista, e esta, por sua vez, deve solicitar aos pesquisadores do artigo as
alterações que se fazem necessárias, se assim os referees julgarem necessário,
e também nos é solicitada uma declaração de liberação dos direitos autorais da
informação que está no paper. Feito isso, a revista tem um prazo determinado
para tornar públicos os resultados, seja através de plataformas ou mesmo
impressos.

Um item é obrigatório para qualquer periódico científico. O International


Standard Serial Number (ISSN). Esse número indica que o jornal ou revista em
que publicamos os resultados das nossas pesquisas possui uma regularidade
mensal, semestral ou anual, e está registrado junto ao órgão que controla esse
tipo de registro. Há ainda o Digital Objetc Indentifier (DOI), ou identificador
digital de objeto. Na prática, significa que cada artigo tem um “número
rastreador digital”, e através deste, você pode localizar o seu artigo através da
internet ou ainda em bases de dados específicas e que controlam a publicação
das mais prestigiadas revistas.

Normalmente, os docentes e pesquisadores que precisam atualizar o seu


currículo Lattes, quando necessitam colocar os artigos que são publicados
todos os anos, a própria plataforma irá exigir o número de ISSN ou mesmo o
DOI. Quando você visualiza o currículo, verá que um ícone próprio irá aparecer
ao lado do seu artigo. Basta clicar sobre ele para ser direcionado ao site ou
à plataforma digital em que o mesmo se encontra hospedado.

Vale destacar o que Barrass (1979) pensa sobre a escrita de um bom artigo,
e que deveria ser aceito pelas revistas, independentemente dos conflitos de
interesses, inerentes a esse tipo de atividade:

a) conhecimento suficiente do assunto;


b) exatidão na exposição e referência fiel às fontes;
c) adaptabilidade;

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d) linguagem acessível ao promédio do público;
e) divulgação e não divulgação;
f) adequado, original, inédito, completo, imparcial;
g) claro, conciso, preciso, coerente, objetivo;
h) equilíbrio, unidade, honestidade e exatidão.

Os autores destacam ainda que se deve avaliar também a metodologia,


as conclusões e a parte referencial, e verificar se a contribuição tem
realmente algum valor. Obviamente que pesquisas de caráter mais simples
podem ser submetidas a revistas que não tenham uma exposição tão alta
e, consequentemente, um rigor muito acentuado. Quando iniciamos nossa
carreira acadêmica é muito comum iniciarmos pela submissão de nossas
primeiras pesquisas em revistas de “baixo impacto”, que é como são conhecidas,
ou ainda dentro do critério da CAPES, revistas com conceito B3, B4 ou B5.
Vale destacar que somente pesquisadores conseguem publicar em revistas A1
ou A2 depois de 15 ou 20 anos de experiência em seu campo profissional, ou
quando dedicam uma vida inteira para determinada área do conhecimento.

3 CARACTERÍSTICAS DOS EVENTOS CIENTÍFICOS


A participação em congressos, feiras, seminários e outros eventos
científicos é muito importante para que outros profissionais e pesquisadores
conheçam nossos trabalhos de pesquisa. Podem ser de prestígio local, regional,
estadual, nacional e até internacional. O fato é que, nos tempos atuais, uma
rede de contatos é muito bem-vinda, apesar de que a internet facilitou muito
a busca pelo conhecimento, como falado anteriormente.

No entanto, estar em todos os eventos custa muito caro, então, precisamos


ser seletivos com relação ao evento. Normalmente, podemos participar apenas
como ouvintes, em cursos ou palestras promovidas, e também submeter
nossas pesquisas para apreciação. Apesar do rigor ser menor para aprovação
em congressos (depende do evento e da sua abrangência), o formato exigido
para que possamos socializar nossos trabalhos varia. Encaminhamos desde
um resumo simples dos resultados observados em nossas pesquisas, até um
resumo completo (introdução, metodologia e resultados/discussão). Outros
congressos irão exigir o artigo completo, ou seja, no mesmo formato exigido
pelas revistas. Esses eventos são os mais prestigiados. Após a aprovação,
nos é solicitada a forma de socializarmos os resultados, que podem ser
orais ou mesmo através de painéis impressos (banners), em que em dias
específicos e estipulados pela organização apresentamos as pesquisas
realizadas. Normalmente, ao fim da exposição, outros profissionais da área
nos questionam ou se aproximam para uma conversa, demonstrando interesse
no trabalho.

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Esse tipo de ação está diretamente relacionado com o grau de influência
que determinado pesquisador tem sobre determinada área de conhecimento.
Ou seja, aquela pessoa que sempre é mais lembrada para uma linha de pesquisa,
é aquela que possui mais prestígio. Será convidada a palestrar em eventos
científicos, escrever livros, orientar pesquisas de mestrado e doutorado, e
assim por diante. O próprio Currículo Lattes tem ligado à sua plataforma um
indicador que gera o “fator de impacto” para o pesquisador, assim como temos
para as revistas. Dessa forma, aquela pessoa mais lembrada, e citada (hoje é
possível rastrear quantas citações um trabalho tem em outras pesquisas), é
aquela que tem maior influência em uma determinada área de conhecimento
e contribui de forma mais significativa para geração de conteúdo.

Outras plataformas também existem para ranquear a produção científica


no mundo. Uma delas é o “Research Gate”. É uma rede social, na qual
pesquisadores de todo o mundo se conectam para ter acesso irrestrito aos
trabalhos publicados, ou apenas aqueles do seu interesse. Em tempo real,
fornece o número de citações que os nossos trabalhos recebem, e qual
cientista possui maior ou menor fator de impacto. Por ser uma ferramenta
poderosa para determinação da qualidade das pesquisas realizadas, vem
gradativamente substituindo eventos de encontro. Mas não é uma regra. Outras
plataformas, como o “Google Acadêmico”, também permitem a indexação dos
nossos trabalhos, permitindo estatísticas das mais variadas, sendo utilizadas
para várias finalidades, mas, em comum, entender como cada pesquisador
contribui de forma efetiva para seu campo de atuação.

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RESUMO
Nesta etapa, vimos:

• As diferentes maneiras de relatar uma pesquisa científica, seja através de


revistas ou eventos acadêmicos.

• A estrutura de artigos científicos e sua especificidade, ou seja, como são


estruturados para posterior submissão a revistas especializadas.

• Peculiaridades de cada processo de submissão dos artigos para os jornais


ou revistas científicas.

• Os eventos científicos e suas particularidades no que tange à socialização


do conhecimento produzido através de pesquisas acadêmicas.

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LEITURA COMPLEMENTAR
Revistas acadêmicas de alto impacto revelam segredos do crescimento

Rankings internacionais avaliam o impacto de publicações científicas


com base no número de vezes que seus artigos são citados em textos de
outros periódicos. Publicar estudos relevantes o suficiente para conseguir um
número grande de menções é uma das metas dos autores – e das revistas.

Em julho deste ano a Thomson Reuters divulgou o 2011 Journal Citation


Reports, com os fatores de impacto das principais revistas científicas no
mundo. Elas estão divididas em edições separadas para “Ciência” e “Ciências
Sociais”, num total de 10.677 periódicos de 2.552 editores em 82 países.

Três revistas da USP conseguiram índices acima de um: a Clinics,


do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FMUSP) está em
segundo na relação. A Revista de Saúde Pública, publicada pela Faculdade
de Saúde Pública (FSP), ocupa a quinta posição, e a Revista do Instituto de
Medicina Tropical de São Paulo, a décima sexta. As mais bem colocadas são
as famosas Nature, com altíssimos 36,280 (a média mundial é de 2,5), e a
Science, com 31,201. A Memórias do Instituto Oswaldo Cruz é a mais bem
colocada brasileira, com 2,147.

“Há 10 anos, era impensável ter revistas brasileiras com índices acima
de dois na área de medicina”.

É o que aponta o professor da FMUSP e editor da Clinics Maurício Rocha


e Silva. “Isso mudou muito com os meios de veiculação on-line, por sites
como o SciELO e a oferta gratuita de artigos brasileiros”, esclarece. Os índices
não podem ser comparados entre áreas diferentes de estudo. “Uma revista
com dois pontos em um campo e outra com menos de um e outro podem
ter a mesma relevância. O importante é tentar ficar acima da média de sua
própria área”, explica o professor.

1. O idioma de publicação é o inglês, que é o padrão para as ciências exatas,


biológicas e da saúde.

2. Um sistema on-line eficiente para recebimento e revisão de artigos, com


controle preciso do fluxo pelos editores. A publicação também está inteira
na internet, sem volumes impressos. “Foi assim que atraímos pesquisadores
estrangeiros. Hoje contamos com muitos colaboradores de países como
China e Turquia”, afirma o professor.

3. Controle rígido do que é publicado, com índice de rejeição de pelo menos


60% - no caso da Clinics, são recebidos cerca de 1 mil papers por ano, dos
quais apenas 200 em média saem na revista. Para isso, é preciso contar
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com um grande número de revisores qualificados. “Todo mundo está sendo
avaliado constantemente. Além dos artigos que recebemos, a própria revisão
feita recebe notas dos colegas. Assim garantimos a qualidade”, diz.

4. “O título é o outdoor do artigo e o resumo é a vitrine”, compara Rocha e


Silva. Ou seja, é preciso caprichar nos dois para atrair a atenção dos leitores
e não deixar um bom conteúdo se perder pela falha na apresentação. “Títulos
e resumos bons são aqueles que deixam claro, de modo organizado, o que
está no artigo. Ninguém entra numa loja com a vitrine toda bagunçada,
certo?”

5. Divulgar a publicação em simpósios, conferências e outros meios


acadêmicos, para que, aos poucos, o reconhecimento nas comunidades
brasileira e internacional seja alcançado.

Divulgação é fundamental!

As sugestões acima podem variar de acordo com as especificidades das


áreas. Na Saúde Pública, por exemplo, o professor da FSP e editor da Revista de
Saúde Pública José Leopoldo Ferreira Antunes acredita ser importante publicar
artigos também em português, e não só em língua estrangeira. “Queremos
impacto científico e social aqui no Brasil”, explica. Muitas pesquisas nesse
campo de estudo são interessantes para leigos e podem afetar, por exemplo,
políticas públicas.

O importante, diz Antunes, é desenvolver estratégias de diminuir


custos de edição e publicação sem deixar de investir na divulgação. “Muitas
revistas atrasam e têm problemas de periodicidade pela falta de recursos. Isso
prejudica”, diz.

O Brasil ainda gasta pouco com ciência, o que se reflete diretamente nas
revistas científicas. Nós investimos cerca de dez vezes menos que os Estados
Unidos, segundo dados da Unesco referentes a 2007. E não é questão apenas
de ter menos recursos – em termos comparativos, participamos com 2,8% do
Produto Interno Bruto (PIB) mundial e apenas 1,8% nos gastos com ciência
e desenvolvimento. Nos EUA, a relação é inversa. Eles têm uma participação
maior nos gastos mundiais com ciência, com 32,6%, que no PIB, com 20,7%.

A maneira de driblar a falta de recursos, segundo Antunes e Rocha e


Silva, é usar as plataformas digitais como aliadas. Elas ajudam a eliminar, por
exemplo, os gastos com impressão e envio, ao mesmo tempo que levam os
periódicos aos mais diversos pontos do planeta.

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Humanas correm atrás!

As Ciências Humanas são as que mais têm problemas para ampliar a


divulgação de suas publicações. Se as biológicas já pensam alto – Rocha e Silva
prevê publicações brasileiras com índices acima de três para os próximos dez
anos –, áreas como Ciências Sociais e Comunicações encontram dificuldades
ainda em questões básicas, como disponibilizar conteúdos na web e publicar
em línguas estrangeiras.

O conteúdo dos estudos, por exemplo, torna as traduções mais


c ompl i c a da s . A t ra d i ção d e co m pa r tilh a r re sulta d o s na co m u n idade
internacional também não é tão forte como nas outras ciências.

Uma das que tenta reverter o quadro é a Scientiae Studia, publicada por
pesquisadores do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras
e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e mantida pela Associação Filosófica
Scientiæ Studia. São veiculados em meio impresso e on-line artigos em
português e espanhol para aumentar a integração na comunidade acadêmica
latino-americana. Segundo o fundador e presidente da associação, Pablo
Mariconda, a revista já se tornou referência na Argentina. “Muitos artigos são
reescritos e ficam até um ano e meio para chegar no ponto que consideramos
adequado”, comenta Mariconda, que também é professor do Departamento de
Filosofia. A Scientiæ Studia está indexada no SciELO e no Qualis, da Capes, no
qual tem nota A2 – a segunda mais alta na escala – em Filosofia e Teologia.
“A Manuscrito, de Campinas, tem a nota máxima, mas é uma revista com 30
anos. A nossa conseguiu em dez anos chegar a esse patamar”, compara o
professor.

A publicação começou em 2003. Um grupo de professores, pesquisadores


e estudantes de pós do projeto temático “Estudos de Filosofia e História da
Ciência” decidiu criar uma revista científica sobre o assunto. A dificuldade
em manter o projeto financeiramente levou à fundação da associação, que
também publica livros e promove palestras e eventos de divulgação científica.

Fonte: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2017. Revistas acadêmicas de alto impacto revelam segredos do
crescimento. Disponível em: <http://www5.usp.br/15615/revistas-academicas-de-alto-impacto-revelam-
segredos-do-crescimento/>. Acesso em: 28 maio 2017.

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REFERÊNCIAS
BARRASS, Robert. Os cientistas precisam escrever: guia de redação para
cientistas, engenheiros e estudantes. São Paulo: T. A. Queiroz: EDUSP, 1979.

LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina A. Metodologia científica. São Paulo:


Atlas S. A., 1991.

SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia: elementos de


metodologia do trabalho científico. 2. ed. Belo Horizonte: Interlivros, 1972.

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