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GRAZIANO - 1980 - O Que É Questão Agrária - Primeiros Pa - Caderno de Anotações - Documentos Google
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GRAZIANO_1980_O Que é Questão Agrária_Primeiros Pa - Caderno de anotações - Documentos Google
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p rodução em si mesma: o que se produz, onde seproduzequantoseproduz.
Jáaquestãoagráriaesta
ligada às transformaçõesnasrelaçõessociaisetrabalhistasprodução:comoseproduz,dequeformase
Caderno de anotações para produz.
GRAZIANO_1980_O Que é Questão Agrária_Primeiros Passos_livro completo estaque (amarelo) - Página 7
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Noequacionamentodaquestãoagrícolaasvariáveisimportantessãoasquantidadeseospreçosdosbens
Iris K@rine produzidos. Os principais indicadores da questão agrária são outros: a maneira como se 5 organiza o
trabalho e a produção; Qualidade de renda e emprego dos trabalhadores rurais, a progressividade das
pessoas ocupadas no campo, etc.
Citation (APA): K@rine, I. (2023). GRAZIANO_1980_O Que é Questão Agrária_Primeiros
assos_livro completo[Kindle Android version]. Retrieved from Amazon.com
P estaque (amarelo) - Página 8
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Em outras palavras, amaneiracomoopaístemconseguidoaumentarasuaproduçãoagropecuáriatem
causado impactos negativos sobre o nível de renda e de emprego da sua população rural.
Prefácio
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D acriseagráriabrasileira,comotambémjáhavianotadoRangel,jáestavadesdeoiníciodosanossessenta
Nesse período, que ficou conhecido comoodo"milagrebrasileiro",poucosefaloudaquestãoagrária. ligada a uma liberação excessiva de população rural. Eram milhares de pequenos camponeses que,
Em parte porque a repressão política não deixava falar de quase nada. Mas em parte também porque expulsosdocampo,nãoconseguiamencontrartrabalhoprodutivonascidadesedaíoscrescentesíndices
muitosachavamqueaquestãoagráriatinhasidoresolvidacomoaumentodaproduçãoagrícolaocorrido de migrações, de subemprego, para não falar na mendicância, prostituição e criminalidade das
no período do milagre. Embora todos reconhecessem que esse aumento vinha beneficiando os então metrópoles brasileiras.
chamados "produtos deexportação"(comoocafé,asoja,etc.),emdetrimentodoschamados"produtos
alimentícios" (como o feijão, arroz, etc.), contra- argumentavam alguns que isso era um desajuste estaque (amarelo) - Página 8
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passageiro que logo se normalizaria. Outros diziam ainda que não haveria problema se pudéssemos Ofatoéqueaexpansãodagrandeempresacapitalistanaagropecuáriabrasileiranasdécadasdesessenta
continuarexportandosoja-queeramaislucrativa-e,comosrecursosobtidos,comprarofeijãodeque e setenta foi ainda muito mais acelerado que em períodos anteriores. E essa expansão destruiu outros
necessitávamos. milhares de pequenas unidades de produção, onde o trabalhador rural obtinhanãoapenaspartedasua
própriaalimentação,comotambémalgunsprodutosquevendianascidades.Éessamesmaexpansãoque
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D transformou o colono em bóia- fria, que agravou os conflitos entre grileiroseposseiros,fazendeirose
Maso"milagre"acabou.Passadaaeuforiainicial,muitoscomeçaramasedarcontadequeosfrutosdo índios, e que concentrou ainda mais a propriedade da terra.
crescimentoaceleradodoperíodo1967/73tinhambeneficiadoapenasumaminoriaprivilegiada.E,entre
os que tinham sido penalizados, estavam os trabalhadores em geral, e, de modo particular, os estaque (amarelo) - Página 10
D
trabalhadores rurais. Querdizer,osentidodastransformaçõescapitalistaséelevaraprodutividadedotrabalho.Issosignifica
fazercadapessoaocupadanosetoragrícolaproduzirmais,oquesóseconsegueaumentandoajornadae
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D o ritmo de trabalho das pessoas, e intensificando a produção agropecuária. E para conseguir isso o
muito interessante observar que em 1978 muitas coisas voltam a ser discutidas, com o início de uma sistemacapitalistalançamãodosprodutosdasuaindústria:adubos,máquinas,defensivos,etc.Ouseja,o
relativa abertura política no país. E, entre elas, retoma- se com pleno vigor o debate sobre a questão desenvolvimento das relações de produção capitalistas no campo se faz "industrializando" a própria
agrária, novamente dentro do contexto mais geral das crises do sistema econômico capitalista. agricultura.
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D estaque (amarelo) - Página 10
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Evidentemente não é bem um "ressurgimento da questão agrária", pois ela não foi resolvida O importante de seentenderéqueédessamaneiraqueasbarreirasimpostaspelaNaturezaàprodução
anteriormente. De um lado, ela havia sido esquecida ou deixara de ser um tema da moda da grande agropecuária vão sendo gradativamente superadas. Como se o sistema capitalista passasse afabricara
imprensa. Do outro lado - da parte daqueles que não a podiam esquecer, porque aquestãoagráriafaz natureza que fosse adequada à produção de maiores lucros. Assim, se umadeterminadaregiãoéseca,
parte da sua vida diária, os trabalhadores rurais - ela fora silenciada. Para isso foi necessário fechar tomeláumairrigaçãopararesolverafaltadeágua;seéumbrejo,lávaiumadragaresolveroproblema
sindicatos,prenderematarlíderescamponeses,alémdeoutrasériedeviolênciasquetodosconhecemou do excesso de água; se terra não é fértil, aduba- se e assim por diante.
pelo menos imaginam.
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D Na hora de vender é a mesma coisa: são grandes compradores, e há muito ovo (lembre- se que essas
Portanto, é possível verificar que a crise agrícola e a crise agrária,alémdeinternamenterelacionadas, galinhas vivem apenas para botar ovos), então o preço é baixo, tão baixo, que ele precisa cuidar de
muitas vezes ocorrem simultaneamente. Mas o importante é que isso não é sempre necessário. Pelo milharesdegalinhasparaconseguirgarantirasuasobrevivênciacomopequenoprodutor.Emresumo,ele
contrário muitas vezes a maneira pela qual se resolve a questão agrícola pode servir para agravar a trabalha mais e ganha relativamente menos. Aquestãoestájustamenteaí:osistematodofoifeitopara
questãoagrária.Empoucaspalavras,aquestãoagrícoladizrespeitoaosaspectosligadosàsmudançasda
que ganhem os grandes capitais e não os pequenos produtores. c lassessociaisbásicas:OsSenhoreseosescravos.Masemtornodeleshaviaumamassaheterogêneade
brancos que não eram senhores, de negros livres, que não eram escravos, de índios e de mestiços, e
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D desempenhavam uma série de atividades. Vários eram "técnicos" empregados latifúndios, como
Essapropostade"voltaaopassado"éequivocada:talcomoD.Quixote,acabamosdestruindoomoinho escreventes, contadores, capatazes, etc. Outros se dedicavam nosprópriosaopequenocomércio,como
de vento pensando quecombatemososgigantes.Aquestãonãoéagalinhaemsi,masosistemaquea mascates,vendedoresambulantes,etc.outrosaindaeramagricultores,ocupavamcertospedaçosdeterra,
orienta: a tecnologia adotada é apropriada aosinteressesdograndecapitalistacontraaosdospequenos ondeproduziamsuasubsistênciaevendiampartedaproduçãonasfeirasdascidades.Aíestáaorigemda
produtores. pequena produção no Brasil e sua estreita ligação com a produção de alimentos.
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D estaque (amarelo) - Página 17
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Mas isso não é próprio do sistema capitalista. É importante voltar a lembrar que o objetivo das Os latifúndios também produziam gêneros alimentícios. Na maioria das vezes essa produção era feita
transformaçõescapitalistasnaagricultura(comoemtodaaeconomiaéodeaumentaraprodutividadedo também porpequenosagricultores,quepagavamumarendaaoproprietário,pelautilizaçãodassuas10
trabalho. Isto é, fazer com que cada pessoa possa produzir mais, durante o tempo em que está terras.Outrasvezes,aproduçãodealimentoserafeitapelosprópriosescravosnosseus"temposlivres"-
trabalhando.Nosistemacapitalista,quandootrabalhadorproduzmais,quemganhaéopatrãoÉeleque domingos,feriadosoudepoisdeterminadaajornadanoeito.Masaproduçãodealimentosdolatifúndio
aumentaseuslucros.Porisso,osistemacapitalistaacumulariquezadeumladoemisériadeoutro.Masa variava muito em função do preço do seu produto principal destinado à exportação.
elevaçãodaprodutividadedotrabalhoéfundamentalemqualquersociedade.Especialmentenumsistema
econômico socialista, onde o trabalhador é o dono dosfrutosdoseuprópriotrabalho.Aí,quandouma estaque (amarelo) - Página 18
D
pessoa produzir mais por dia de serviço, ela ganhará maisepoderáinclusivetrabalharmenosdiaspor sintomáticoquenessemesmoanosecrieumanovalegislaçãodefinindooacessoàpropriedadeaLeide
ano, se isso for conveniente para todos. Terras, como ficaria conhecida que rezava que todas as terras devolutas só poderiam ser apropriadas
mediante a compra e venda, e que o governo destinaria osrendimentosobtidosnessastransaçõespara
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D financiaravindadecolonosdaEuropa.Matavam-se,assim,doiscoelhoscomumasócajadada.Deum
DESENVOLVIMENTO RECENTE DA AGRICULTURA BRASILEIRA A Herança Histórica lado, restringia- se o acesso às terras (devolutas ou não) apenas àqueles que tivessem dinheiro para
Comprá- las. De outro, criavam- se as bases para a organização deummercadodetrabalholivrepara
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D substituir o sistema escravista.
exatamente por ser a terra um meiodeproduçãorelativamentenãoreprodutível-oupelomenos,mais
complicado de ser multiplicado que a forma de sua apropriação histórica ganha uma importância estaque (amarelo) - Página 19
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fundamental. O período que vai da proibição do tráfico e da lei de Terras até a abolição (1850/ 1888) marca a
decadência do sistema latifundiário- escravista.
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Desde que a terra seja apropriada privadamente, o seu dono pode arrogar- se o direito de fazer oque estaque (amarelo) - Página 20
D
quisercomaquelepedaçodechão.Emalgunspaíses,comonocasodoBrasil,oproprietáriodeterratem O período que se estende de 1933 a 1955 marca uma nova fase de transição da economia brasileira.
até mesmo o direito de não utilizá- la produtivamente, isto é, deixá- la abandonada, e de impedirque Nesse período, o setor industrial vai- se consolidando paulatinamente e o centro das atividades
outroautilize.Porissoéqueaestruturaagrária-ouseja,aformacomoaterraestádistribuídatorna-se econômicas começa vagarosamente a se deslocar do setor cafeeiro - exportador. A indústria
assim o '' pano de fundo" sobre o qual se desenrola o processo produtivo na agricultura. gradativamentevaiassumindoocomandodoprocessodeacumulaçãodecapital:opaísvaideixandode
ser "eminentemente agrícola" (como alguns ainda crêem ser a sua "vocação histórica"). Durante essa
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D fase, a industrialização se faz pela "substituição das importações": um determinado produto que era
Seria necessário, portanto, que iniciássemos pelaocupaçãohistórica,inicial,dasterrasnoBrasil,eque compradonoexterior,passaatersuaproduçãoestimuladanopaísatravésdebarreirasalfandegárias,que
fôssemosacompanhandoessedesenvolvimento.Todavia,acreditamosqueostrabalhosexistentessobreo incluíamdesdeimpostoselevadosatéaprópriaproibiçãodaimportação.Masvaificandocadavezmais
tema colocam muito bem a questão fundamental: a propriedade fundiária constituiu o elemento difícil essa substituição. Antes eram tecidos, louças, chapéus; agora são eletrodomésticos, carros, que
fundamental que separava os trabalhadores dos meios de produção na agricultura brasileira. precisamserproduzidosinternamente.Eparaissosefaznecessárioprimeiroimplantaraindústriapesada
nopaís:siderurgia,petroquímica,materialelétrico,etc.-oqueéfeitonoperíodode1955/61.Resolvido
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D o problema da indústria, vai- se iniciar o que se poderia chamar industrialização da agricultura.
Vamosrecapitularrapidamenteessahistória.Oiníciodacolonizaçãodoterritóriobrasileirosefezcoma
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doação de grandes extensões de terras particulares. Denominadas de sesmarias. Daí surgiram os
latifúndios escravistas. Anecessidadedecortaremgrandeescalaeescassezdemãodeobranacolônia O diagnóstico da estrutura agrária como obstáculo à industrialização
uniu- se à existência de um rentávelmercadodetráficodeescravos.Todasasatividadesprodutivasda
colônia giravam em torno da agricultura e do comércio, praticamente não havendo indústrias... O estaque (amarelo) - Página 21
D
latifúndio escravista produzia para exportar, essa era a sua finalidade básica. O produto mudava de Como já dissemos, no final dos anos cinqüenta e início dadécadadossessentaaagriculturabrasileira
acordocomosinteressesdametrópole:primeiroaçúcare,nofimdaescravidão,ocafé.Aexportaçãoda passouaserumdostemascentraisemdiscussão.Osváriosdiagnósticos-entreosmaisprogressistase
produção, aliada à importação de escravos, é que garantia a lucratividade dos capitais comerciais respeitados, diga- se de passagem, como, por exemplo, aqueles inspirados no arcabouço teórico da
metropolitanos. Olatifúndioescravistaeraoeixodeatividadeeconômicadacolônia,definindoasduas Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) - convergiam na tentativa 12 de mostrar quea
ossa estrutura agráriaextremamenteconcentradaeralimitanteaoprocessodeindustrializaçãodopaís.
n orém,oquesignificouamanutençãodessepadrãodeconcentraçãodapropriedadedaterratãoelevado
P
Osargumentosprincipais,dopontodevistadaquelesquepregavamanecessidadedaindustrializaçãodo no Brasil, aliado a uma rápida expansão da fronteira agrícola? Significou que milhares de pequenos
país, diziam respeito à concentração da propriedade (e da posse) da terra nas mãos de uns poucos posseiros, parceiros, arrendatários e mesmo pequenos proprietários que iam perdendo as terras que.
latifúndios, o que para eles representava: a) Um “estrangulamento" na oferta de alimentos aossetores possuíam não tiveram nova oportunidade na agricultura. Em outras palavras, quetiveramdesemudar
urbanos,poisaproduçãoreagiamenosqueproporcionalmenteaocrescimentodospreços(emlinguagem para as cidades em busca de uma nova maneira (nem sempre satisfatória) de ganhar a vida.
econômica, era inelástica).
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D
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D Em resumo, a manutenção de um elevado grau de concentração da terra no país funcionou como um
b) A não ampliação do mercado interno para a indústria nascente. acelerador do processo de urbanização
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D estaque (amarelo) - Página 30
D
Mas a estrutura agrária extremamente concentrada permitia que as grandes fazendas continuassem Queimportânciatemisso?Ora,essaurbanizaçãodapopulaçãoativasignificouexatamenteaampliação
praticamenteauto-suficientes,ouseja,nãoconectadasàeconomiacomoumtodo.Daíodiagnósticode domercadointernoparaaindústria.Opovodacidadetemquecomprarascoisasdequenecessita;não
uma estrutura agrária feudal ou com restos do feudalismo, enquanto outros negavam o feudalismo ao pode produzi- las na sua própria casa, como muitas vezes ocorria nas fazendas. Esse processo de
ressaltar a sua dependência do setor exportador. Mas, de qualquer maneira,odiagnósticocoincidiano urbanização significou também uma transformação nas próprias atividades agrícolas. As fazendas não
seguinte aspecto: a agricultura, de modo geral, não viria a se constituir num mercado para o setor podiam mais ser auto- suficientes na produção de alimentos ededicarem-seapenasàcomercialização
industrial nascente, representando, portanto, um estrangulamento do processo de industrialização do país. dosprodutosdeexportação.Eraprecisoproduzirparaalimentaropovodascidades.Parafazerfrentea
essa demanda crescente do setor urbano, desenvolveu- se uma produção mercantil de alimentos para
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D abastecer o consumo interno do país.
Em resumo, nas épocas favoráveis de expansão da atividadeeconômicaograndeprosperaeengoleos
pequenos a sua volta. Na “crise”, ao contrário,ograndeseretrai.Ouseja,nasépocasdesfavoráveis,a estaque (amarelo) - Página 30
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grande propriedade procura reduzir os seus "custos variáveis" e os seus "riscos", repassando a Querdizer,nãoerammaisfazendasnosentidogenérico,queproduziamtudo,desdeoarroz,oleite,atéa
responsabilidade pela exploração de parte de suas terras para pequenos parceiros e arrendatários. canaeocafé.Agoraeramfazendasdecana,fazendasdecafé,fazendasdeleite,fazendasdearroz,etc.
Importanteressaltarqueessa"crise"dequefalamosnãoénecessariamenteumacrisenosentidodociclo Masnãofoitambémumaespecializaçãoapenasdeprodução:aprópriaconcepçãodaproduçãoagrícola
econômico. Pode ser também uma catástrofe climática (seca, inundação, etc.), por exemplo, ou uma se especializou. Antes, as fazendas produziam tudo o que era necessário à produção: os adubos, os
queda drástica de preços de um determinado produto agrícola, etc. animais e até mesmo alguns instrumentos de trabalho, bem como a própria alimentação dos seus
trabalhadores. Agora, não: os adubos são produzidos pela indústria de adubos; parte dos animais de
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D trabalhofoisubstituídapelasmáquinasproduzidaspelaindústriademáquinaseequipamentosagrícolas,
Foi exatamente isso o que aconteceu nas décadas de sessenta e setenta na agricultura brasileira: um etc.
aumento da concentração fundiária, acompanhado de uma rápida expansão de fronteira agrícola.
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D
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D moral da estória é simples: a própria industrialização criou o mercado de que necessitava para sua
Mas vale a pena apresentar, ainda que rapidamente, os dados mais recentes de que se dispõe sobre a expansão.
distribuição da posse das terras no Brasil. Se ordenarmos os quase 5 milhões de estabelecimentos
agropecuários recenseados em 1975 do menor para o maior (isto é, colocando emordemcrescentede estaque (amarelo) - Página 32
D
tamanho), podemos estabelecer asseguintesconclusões:a)50%dosestabelecimentospossuíamapenas Isso nos leva à conclusão de que quanto maior for a circulação da produção - ou, visto pelo lado da
2,5%daárearecenseada.Ouseja,quase2,5milhõesdepequenosprodutoresseespremiamemcercade oferta, quanto maior o número de fases de processamento do produto final-maioréomercadonuma
8 milhões de hectares,cabendoacadaumapenas3hectaresemmédia;15b)somente1%dosgrandes economia capitalista.
estabelecimentosseapropriavade45%daáreatotal.Ouseja,menosde50milpropriedadeseramdonas
de quase 150 milhões de hectares, estaque (amarelo) - Página 33
D
Finalmente, vale àpenaressaltarqueodesenvolvimentodocapitalismo,emparticularnocampo,éum
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D caminhosemprecheiodecontradições,enãohaviadeserdiferentenocasobrasileiro.Pelocontrário,as
sendo que cada uma delas tinha em média uma área de quase3000hectares;c)assim,sejuntássemos contradições aqui foram acentuadas tanto pelo caráter extremamente desigual do desenvolvimento das
cercade1000dosestabelecimentospequenosprodutores,elesdaquelescaberiamtodosdentrodeapenas várias regiões do país, como pela presença marcante do Estado nesse processo.
uma dessas imensas fazendas. Lembrando que a terra é o item mais importante do valor venal dos
estabelecimentos agrícolas e também que ela é fonte de prestígio e meiodeacessoaoutrasformasde estaque (amarelo) - Página 33
D
riqueza, a relação entre as áreas possuídas pode sertomadacomoumaaproximaçãodopoderpolítico, Questão Agrária nos Anos Setenta
econômico e social do grande fazendeiro em relação aos pequenos produtores, no nosso país.
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D
Destaque (amarelo) - Página 29 arápidaindustrializaçãodaagriculturabrasileiraapartirdosanossessentaagravouaindamaisamiséria
de expressivos contingentes da nossa população. modernização parcial da agricultura emespecialdoCentro-suldopaístráspelomenostrêsgrandes
A
reflexosparaseudesempenhonofuturo.OprimeiroéQueasdisparidadesregionaisseacentuaram,não
estaque (amarelo) - Página 34
D apenas entre as três macros regiões do país– Nordeste,NorteeCentro-sul,mastambémdentrodestas
Para isso selecionamos três grandes modificações ocorridas naúltimadécadaeque,emnossaopinião, regiões.
tenderão a marcar profundamente o comportamento da agricultura brasileira no futuro próximo:
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D
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D Assim, em algumas regiões do país, em certas épocas do ano há uma escassez temporária de mãode-
a)ofechamentodenossasfronteirasagrárias,envolvendoasquestõesdecolonizaçãodaAmazôniaeda obra,enquantoqueemoutrasépocas,naquelasmesmasregiões,háacentuadosíndicesdesubempregoe
participação da grande empresa pecuária deslocando a pequena produção agrícola; b) o Progresso de desemprego aberto. Em outros termos, a modernização parcial da agricultura tem significado não
aceleradodemodernizaçãodaagriculturanoCentro-Suldopaís;c)acrescentepresençadocapitalismo apenas uma menor expansão (ou até mesmo uma redução) dos níveis deemprego,mas,sobretudoum
monopolista no campo ouseja,degrandesempresasindustriaisquepassaramaatuartantodiretamente grande aumento do trabalho temporário no setor agrícola.
na produção agropecuária propriamente dita, como fortaleceram sua presença no setor de
comercialização e de fornecimento de insumos para a agricultura. estaque (amarelo) - Página 41
D
A linha tracejada reflete uma maior sazonalidade do trabalho rural na agricultura moderna, tanto pelo
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D fato de ter reduzido a mão- de- obra necessária nas atividades do plantio e dos tratos culturais e
I) O "fechamento" da fronteira agrícola: aumentadonacolheita,comoporterintroduzidoadescontinuidadedaocupaçãoduranteoanoagrícola,
devido a que a mesma atividade pode ser realizada em menor tempo.
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D
Afronteiranãoénecessariamenteumaregiãodistante,vazianoaspectodemográfico.Elaéfronteirado estaque (amarelo) - Página 42
D
ponto de vista do capital, entendido como relação social de produção. Em outras palavras, caso a modernização da agricultura brasileira se complete ao nível dos ciclos
produtivosdasnossasprincipaisculturastropicais-tendênciasquevêmsedelineandoparacurtoprazo-
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D só teremos agravados os índices depobrezadostrabalhadoresrurais.ÉoportunorelembrarAquiquea
A expansão da fronteira vinha desempenhando pelo menos três funções básicas no "modelo agrícola" "culpa" não deve ser atribuída à mecanização em si, como querem alguns; seria muito bom que os
brasileiro. volantes trabalhassem metadedosdiasdoano,seganhassemosuficienteparaviverosoutrosdiassem
trabalhar.
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D
A primeira, no plano econômico, é que afronteiraeraum"armazém"degênerosalimentíciosbásicos, estaque (amarelo) - Página 43
D
especialmente arroz e feijão. nuncaédemaisrepetirqueéexatamenteessaescasseztemporáriaquerepresentaparaosempresáriosum
estímulo adicional à procura de novas formas de poupar mão- de- obra, o que tenderia a gerar ainda
estaque (amarelo) - Página 36
D menores níveis de emprego no setor agrícola como um todo.
segunda,diríamosnoplanosocialéqueafronteirarepresentavaumaorientaçãodosfluxosmigratórios,
erao"locus"darecriaçãodapequenaprodução,ouseja,odestinodasfamíliascamponesasexpropriadas estaque (amarelo) - Página 43
D
e dos excedentes populacionais. Nesse sentido, é importante salientarqueamodernização,aindaqueparcialdaagriculturabrasileirasó
têmsidopossívelgraçasàfundamentalaçãodoEstado,subsidiandoaaquisiçãodeinsumos,máquinase
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D equipamentos poupadores de mão- de- obra. Enquanto esses produtos chegam endividados com altas
taxasdejurosreaisnegativas(emalgunscasossuperioresa25%a.a.),ossalárioscarregamsobresium
A terceira função, digamos, no plano político é que a fronteira era a "válvula de escape" de tensões
ônus adicional de pelo menos 30% para oempregador.E,comoaindaassimsemostramcompetitivos,
sociais no campo e projetos de colonização no Brasil sempre foram pensados politicamente como
isso nada mais demonstra do que os baixos níveis de remuneração a que estão submetidos os
alternativasaumareformaagráriaquemudasseaestruturadepropriedadedaterranasregiõesNordeste
trabalhadores rurais brasileiros.
e Centro- Sul.
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D
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D
III) A crescente presença do capital monopolista no campo
II) Modernização do Centro- Sul
estaque (amarelo) - Página 44
D
estaque (amarelo) - Página 38
D
Aterceiraimportantemodificaçãonaagriculturabrasileira,equetendearefletirprofundamentesobreo
Deumporqueessamodernizaçãoserestringeaalgunsprodutoseregiões.Nãoénecessáriorepetirque
seu comportamento no futuro próximo, é a crescente presença dos grandes capitais no campo. Essa
em função disso o café, a cana- de- açúcar, a soja, o trigo, etc., são chamados de "culturas de rico",
presença aumentou tanto do ponto devistadesuaparticipaçãonaproduçãoagropecuáriapropriamente
ficando o feijão, o leite, a fava, grande parte do arroz e do milho conhecidos como "culturas de pobre".
dita, como também do ponto de vista da sua participação controlando o processamento dos produtos
agrícolas e a venda dos insumos adquiridos pelos agricultores.
Destaque (amarelo) - Página 39
estaque (amarelo) - Página 45
D E, para ajudar a remover as pedras desse caminho, precisamos reconhecer hoje a necessidade de
Valeapenaenfatizarqueesseaumentodograudeconcentraçãofundiáriasedeueminúmeroscasospela a utonomia e liberdade da estrutura sindical, para que os trabalhadores possam falar por eles mesmos.
utilizaçãodaterranãocomomeiodeprodução,masfundamentalmentecomoreservadevaloremeiode
acesso ao crédito rural e aos incentivos fiscais, ou, simplesmente, como especulação imobiliária. estaque (amarelo) - Página 52
D
Finalmente, é preciso ressaltar que da mesma maneira que não esta mos diante de nenhum impasse,
estaque (amarelo) - Página 46
D tampouco estamos diante de nenhum milagre agrícola, nem há nenhuma solução tecnocrática para a
Essaarticulaçãoentrevendedoresdeinsumos,pequenosprodutoresegrandescompradoresdosprodutos miséria dos pequenos produtores e trabalhadores rurais.
agrícolasocorresobasmaisvariadasformas.Porvezeséocasodasredesdesupermercadosquepassam
a comprar diretamente dos produtores ou das cooperativas, que desempenham também aí o papel de estaque (amarelo) - Página 53
D
vendedoras de insumos, como acontece nos hortifrutigranjeiros em geral. Outras vezes é o caso das OS TRABALHADORES DA AGRICULTURA BRASILEIRA E SUA ORGANIZAÇÃO SINDICAL
agroindústrias que estabelecem contratos diretamente com os pequenos produtores, como é o caso do Os distintos grupos de trabalhadores rurais
tomate,dofumoedeoutrasatividadesdealtoriscoequesãobastanteexigentesemtermosdemão-de-
obra por ocasião dos tratos culturais. estaque (amarelo) - Página 54
D
Deoutrolado,essacomplexidadedecorredoimbricamentoqueexisteentreosdiferentesgrupossociais
estaque (amarelo) - Página 46
D engajados diretamente nas atividades produtivas. Só para exemplificar, grande parte dos trabalhadores
Essa articulação entre o grande capital industrial e/ ou comercial e a pequena produção modifica que se assalariam temporariamente sãotambémpequenosprodutoresdemercadorias,vivenciandouma
fundamentalmenteopapelqueatéentãoestadesempenhavanaagriculturabrasileira.Deumlado,esses dupla referência de "operários - camponeses".
pequenosprodutoresdeixamdeserprodutoresdesubsistência,nosentidodeofertaremo25"excedente"
e passam aproduzirfundamentalmenteparaomercado.Eagora,comopequenosprodutoresmercantis, estaque (amarelo) - Página 54
D
nãoseligamnecessariamenteàproduçãodegênerosdesubsistência,dedicando-semuitasvezestambém Como se isso não bastasse para complicar os esquemas tradicionais, podemos acrescentar outra dupla
às chamadas "culturas de rico". referênciaigualmentecontraditória,ade"empregadoseempregadores".Apenasatítulodeilustração,de
acordocomoRecadastramentodoINCRAde1972,osminifundistassãoresponsáveispelacontratação
estaque (amarelo) - Página 48
D de mais de 40% da força de trabalho temporária ocupada na agricultura brasileira. Ou seja, aqueles
Agora, entretanto, o pequeno produtor mercantil tem custos monetários elevados, devido aos insumos mesmospequenosprodutoresquesãoobrigadosaseassalariaremtemporariamenteemcertasépocasdo
modernosquenecessitautilizar.Elenãopodemaisvenderasuaprodução"aQualquerpreço",comona ano,vistoserimpossívelgarantiremsuasobrevivênciaapenascomosprecáriosmeiosdeproduçãoque
economia do "excedente", pois tem agora um custo mínimo a cobrir. Em outras palavras, o fato de a possuem,constituemumdosgruposquemaisempregamassalariadosnaépocadepicodeatividadesdo
agricultura se transformar numa crescente consumidora de insumos industriais tem implicado um imóvel, geralmente a colheita.
crescimento mais rápido dos preços dos produtos agrícolas, sem que necessariamente o produtor se
beneficie desses acréscimos. estaque (amarelo) - Página 55
D
Gostaríamos de deixar explicito que, ao separar os diversos grupos de trabalhadores rurais, estamos
estaque (amarelo) - Página 49
D buscando apenas uma primeiraaproximação,aindaquegrosseira,dasdiferentesformassobasquaisse
Mas, se a pequena produção perde importância como ofertante de gênerosalimentícios,paralelamente organiza o trabalho na agricultura brasileira.
ela ganha destaque como reservatório de braços para as atividades capitalistas.
estaque (amarelo) - Página 57
D
estaque (amarelo) - Página 50
D Proprietários minifundistas:
risco de uma "urbanização precoce" nessa região torna- se bastante real na medida em que para lá
continuam a se dirigir grandes levas de população que já não têm acesso à terra. Surgem, então, estaque (amarelo) - Página 57
D
verdadeiras cidades nomeiodaselva,comosecostumadizer,obrigandooPoderPúblicoacorreratrás Em resumo, são pequenos proprietários, com áreas quase sempre inferiores a 50 há. São os pequenos
desses fluxos migratórios, para garantir as condições mínimas à sua sobrevivência urbana. proprietáriospobres,comumvalorbrutodeproduçãoequivalentesaumaquantiadeumounomáximo
dois salários mínimos.
estaque (amarelo) - Página 51
D
Mascertamenteessesaumentosdeprodutividadevirãoacompanhadosdeumapresençacadavezmaior estaque (amarelo) - Página 57
D
de capitais monopolistas controlando tanto a venda dos insumos básicos como a comercialização e o Dessas características fundamentais decorrem a necessidade imperiosaquetêmdeseassalariarforade
processamento dos produtos agrícolas. E será submetido a esse estreito controle oligopolista e suas propriedades para completar a subsistência da família.
monopsônicoqueopequenoagricultorteráqueorganizaroseuorçamento,incorporandocadavezmais
o trabalho dos membros da família, tanto na própria produção, comonaformadetrabalhoassalariado estaque (amarelo) - Página 58
D
alugadotemporariamente.Parece-nosevidente,portanto,quea"velha"agricultura,entendidacomoum Aorganizaçãodotrabalhonessaspequenasunidadesseassentabasicamentesobreafamília,incluindoo
"setor autônomo" tende gradativamente a desaparecer. A próprio proprietário e seus dependentes que aí prestam serviços sem remuneração.
Destaque (amarelo) - Página 52 Destaque (amarelo) - Página 58
Ainda segundo o INCRA, os imóveis classificados como minifúndios representavam 72% das assalariados temporários contratados ou não por empreitadas.
ropriedades cadastradas em 1972, mas ocupavam apenas 12% da área.
p
estaque (amarelo) - Página 64
D
estaque (amarelo) - Página 58
D Sindicalismo Rural Brasileiro
Mesmo assim, eram responsáveis por cercade50%daáreacolhidanoBrasilcomprodutosbásicosde
alimentação 32 (arroz, feijão, fava,mandiocaemilho),bemcomo,porestranhoquepossaparecer,por estaque (amarelo) - Página 64
D
mais de 30% da área colhida com produtos de transformação industrial (destacando- se o algodão, Aestruturadosindicalismoruralbrasileiroécompostaatualmentedeumaconfederaçãoanívelnacional,
amendoim,cacau,café,chá,fumoemamona).Ouseja,ospequenosproprietáriosminifundistasnãotêm 21federações(alémdedelegacianoAcre)anívelestadualemaisde2000sindicatosanívelmunicipal.
apenasimportâncianaproduçãodealimentosbásicos,consideradas"culturasdepobre",mastambémnas O seu m odelo de inspiração, como, aliás, o de toda a estrutura sindical brasileira, foi a “corporação
matérias- primas industriais de origem agrícola, tidas como "culturas de rico". fascista” de Mussolini, tendo sofrido nesses anos todos apenas modificações com o objetivodetornar
esses órgãos de classe ainda mais atrelados ao Estado.
estaque (amarelo) - Página 59
D
b) Pequenos posseiros: estaque (amarelo) - Página 66
D
Em resumo, a ação da CONTAG, segundo seus críticos, tem sido a de "encaminhar as questões às
estaque (amarelo) - Página 59
D autoridades competentes", sem exercer uma forte pressão reivindicatória por outros meios. Isso se
Inicialmenteéprecisodistinguirosverdadeirosposseirososquais,regrageral,sãopequenosprodutores justificaempartepelofatodeaCONTAGnãodispordemaiorsustentaçãonassuasprópriasbases,eem
quebuscamumpedaçodeterraprasubsistirdosfalsosposseiros.Estesúltimos,conhecidosporgrileiros, parte pela falta de apoio sistemático de outros setores da sociedade brasileira nesses anos todos de
aquelesqueForçamavalorizaçãodasterras.Principalmenteemondeaberturadeestradasecaptaçãode repressão.
incentivos fiscais e, aproveitando- se da inexistência de Títulos em mãos dos pequenos posseiros,
tomam- lhas as terras que cultivam. estaque (amarelo) - Página 66
D
Sendoounãoessascríticasprocedentes-ealgumasrealmenteosão-,nãosepodedeixardedestacaros
estaque (amarelo) - Página 60
D méritos da CONTAG. O maior deles, sem dúvida, é o de ter mantido acesa a chama da luta dos
Os pequenos posseiros têm uma forma de ocupação de trabalho tambémbaseadonaforçafamiliar,de trabalhadores rurais brasileiros contra o monopólio da terra.
modo semelhante ao dos proprietários minifundistas. Sua especificidade é dada pelo fato de deterem
apenasaposse,masnãoapropriedadedaterra;emoutraspalavras,usufruematerrasemquedetenhama estaque (amarelo) - Página 67
D
propriedade jurídica da mesma, o que os coloca como alvo predileto das ações de grilagem. Mais do que manter acesa achamadalutadostrabalhadoresruraispelaReformaAgrária,aCONTAG
acumulou, nesses anos todos de repressão ao movimento sindical, importantes vitórias. Ela soube
estaque (amarelo) - Página 61
D avançar, embora de "maneira sempre"muitoprecavida,nosmomentosemqueaconjunturapolíticado
c) Pequenos rendeiros país assim o permitiu.
estaque (amarelo) - Página 61
D estaque (amarelo) - Página 67
D
Este grupo é constituído basicamente pelos pequenos arrendatários e parceiros, bem como pelos Assim,sefizermosumbalançodasatividadesdaCONTAGnoperíodo1968/78,mesmoquesecoloque
subarrendatários, "falsos parceiros", agregados e moradores todosenfim,quepagamaoproprietárioda emdúvidasemaispoderiatersidofeito,restaráacertezadequeelaconservouautenticidadedalutados
terra, renda em trabalho, renda em produtos, oumesmoumarendaemdinheiro(emproporçãofixaou trabalhadores rurais brasileiros. Em outras, palavras, há um saldo, positivo ao nível das contradições
variável da sua produção), mas onde é sempre presente a uma forma de coerção extraeconômica. externas da CONTAG, ou seja, na defesa dos trabalhadores rurais contra oEstado,personificadonum
governo autoritário que representa os interesses dos grandes proprietários rurais e do grande capital.
estaque (amarelo) - Página 61
D
Éprecisodestacarqueagrandemaioriadosarrendatárioseparceirosexistentesnopaíséconstituídapor estaque (amarelo) - Página 68
D
pequenos produtores baseados fundamentalmente na mão- de- obra familiar, que se utilizam de O desenvolvimento do capitalismo no campo, na medida em que incorporou máquinas, defensivos,
trabalhadores assalariados temporários unicamente como um complemento no período de maiores fertilizantes e outros insumos modernos, modificou profundamente a base técnica da produção de
atividades agrícolas. algumas regiões do Brasil,especialmentenoCentro-sul.Oresultadofoiumaalteraçãonasrelaçõesde
trabalhoexistentesnocampo,traduzidosnadisseminaçãodoassalariamentotemporárioportodoopaíse
estaque (amarelo) - Página 62
D tipos de propriedades.
d) Empregados assalariados
estaque (amarelo) - Página 68
D
estaque (amarelo) - Página 62
D Assim é que, hoje, de um lado, coloca- se um contingente significativo de trabalhadores rurais
De acordo com a Tabela 1, os empregados assalariados representam cerca de 4,9 milhões de pessoas completamenteseparadosdosmeiosdeprodução;deoutro,trabalhadoresruraisqueaindapossuemuma
ocupadas, ou seja, cerca de umterçodaforçadetrabalhoempregadanaagriculturabrasileira.Esteéo dupla condição de "empregados- empregadores", como já salientamos anteriormente. Ou seja, de um
grupo mais heterogêneo dos apresentados na Tabela 1. Inclui desde o que o Censo considera como lado,opequenoprodutor(sejaeleposseiro,parceiro,arrendatáriooupequenoproprietário)quecontrata
empregados permanentes (tratoristas, feitores, retireiros, mensalistas) até os classificados como assalariados temporários apenas no momentodepicodesuasatividadesequenãosepersonificacomo
"patrão", considerando seus contratados como "ajudantes". De outro, porém, o assalariado temporário estaque (amarelo) - Página 73
D
c ontratado que se sente um trabalhador explorado pelo patrão. O problema fundamental aí, do ponto de vista dos trabalhadores rurais em particular, está em que as
políticas agrícolas permanecem orientadas de acordo com os interesses mais imediatos dos grandes
estaque (amarelo) - Página 69
D capitais, em particular da indústria e dos bancos.
Essa dupla condição de "empregado- empregador" dos pequenos produtores em muitas zonas do país
leva, no plano da representação sindical, a situaçõesesdrúxulas.Àsvezes,porexemplo,osindicatose estaque (amarelo) - Página 74
D
transforma numa verdadeira "Junta de Conciliação", decidindo sobre pendências entre seus próprios A política de crédito rural subsidiado ilustra bem essa tríplice aliança entre indústria, bancos e
associados,asquaissãoverdadeirasaçõestrabalhistasdeempregadocontrapatrão.Emoutraspalavras, latifundiários, hoje, no Brasil. Como regra,apenasosgrandesproprietáriostêmacessoaocrédito,pelo
pequenos patrões e seus operários muitas vezes convivem num mesmo órgão de representação - o menos naqueles programas que são mais vantajosos.
sindicato rural.
estaque (amarelo) - Página 75
D
estaque (amarelo) - Página 70
D Assim,emboraexistaumconsensodequeasgarantiasoferecidaspeloEstatutodoTrabalhadorRurale
Em resumo, em algumas regiões do país, devido às modificações na base técnica da produção e suas legislaçãocomplementarsãoinsuficientes,oproblemafundamentalenfrentadopelosassalariadosrurais
conseqüentes alterações nas relações de trabalho, vem crescendo a participação relativa dos operários nomomentoresidenodesrespeitoàpróprialegislaçãovigente.Emoutraspalavras,alémdepouco,oque
rurais completamente separados da terra na força de trabalho agrícola. Acentuam- se, assim, as existe em benefício do trabalhador rural não é cumprido.
"contradições internas" na base da estrutura sindical brasileira, colocando- se hoje a questão da
conveniência ou não da separação em um sindicato apenas de trabalhadores assalariados e outro de estaque (amarelo) - Página 76
D
pequenos produtores. Emresumo,agrandemaioriadoscontratosdeparceriaearrendamentonoBrasildesrespeitaalei,tanto
no que se refere a condições especiais não permitidas, quanto à porcentagem máxima cobrada do
estaque (amarelo) - Página 71
D parceiro e aos preços do arrendamento das terras.
A QUESTÃO AGRÁRIA HOJE As Reivindicações dos Trabalhadores Rurais
estaque (amarelo) - Página 77
D
estaque (amarelo) - Página 71
D A questãolevantadapelos"posseirositinerantes"naverdadenãoéapenasdodomíniodasterrasemsi,
Na nossa opinião, essa oposição terra contra salários só aparece quando não se consegue entender a masosentidodasuaocupação.Elenãovalorizaaterracomoumaformadepropriedade,mascomoseu
complexidade das relaçõesdetrabalhonaagriculturabrasileira.Nofundooqueostrabalhadoresrurais instrumentodetrabalho;ouseja,eleprecisadaterraparaviver,assimcomoopedreiroprecisadacolher
querem-comotodosostrabalhadoresemgeral-sãomelhorescondiçõesdevidaedetrabalho.Seissoé eopintordopincel.Éalutadessesposseirosquecolocahojeumdosmaisprofundosquestionamentosà
possívelobtertrabalhandonumpedaçodechãoquenãosejadeoutro,ourecebendoaltossalários,pouco propriedadecapitalistadaterranoBrasil.Éaíqueareivindicação"terraparaquemtrabalha"ganhaasua
importa: o fundamental é que ele obtenha com isso os frutos do seu trabalho. expressão política mais profunda: o que oposseirodaAmazôniaquernãoéapenasassuasterras,mas
que as terras em si deixem de ter valor.
estaque (amarelo) - Página 72
D
Acreditamosqueareivindicaçãomaisgeralaindahojedospequenosproprietários,parceiros,posseirose estaque (amarelo) - Página 78
D
pequenos arrendatários, queconstituemagrandemaioriadostrabalhadoresruraisbrasileiros(conforme Essa regionalizaçãodasreivindicaçõesespecíficasdostrabalhadoresruraisbrasileirosnãosignifica,em
mostramosdadosdaTabela1:a)éareformaagrária.Elaéareivindicaçãomaiordetodosaquelesque absoluto,ainexistênciadeumaunidadenumplanomaisgeral.Oessencialéquetodososgruposcitados,
poderiam ser chamados de “operários- camponeses”, os quais, por terem terra insuficiente e/ ou em maior ou menor intensidade, dependemdavendadesuaforçadetrabalhoparasobreviver,sejapor
condiçõesprecáriasdeacessoamesma,sãoobrigadosaseassalariartemporariamenteparagarantirasua disporem de meiosdeproduçãoinsuficientes(comoéocasodos"operárioscamponeses"),sejapornão
sobrevivência. disporem de nada mais para vender além de sua força detrabalho(comoéocasodosbóias-frias).E,
enquanto trabalhadores rurais, unem- se à luta dos trabalhadores brasileiros em geral, em busca de
estaque (amarelo) - Página 72
D melhores condições de vida.
A reforma agrária que os trabalhadores em geral reivindicam não é a pulverização antieconômica das
terras,ésim,umaredistribuiçãodarenda,depoderededireitos,aparecendoasformasmultifamiliarese estaque (amarelo) - Página 78
D
cooperativas como alternativas viáveis para o não fracionamento da propriedade. Em resumo, não A Retomada da Solução Reforma Agrária
desejamameradistribuiçãodepequenoslotes,oqueapenashabilitariaacontinuaremsendoumaforma
debarateamentodamãodeobraparaasgrandespropriedades,masalmejamumamudançanaestrutura estaque (amarelo) - Página 80
D
política e social s obre o campo, sobre o qual se assentaopoderdosgrandesproprietáriosdeterra.A De maneira resumida, podemos dizer que o desenvolvimento das relações de produção capitalistas na
reformaagráriaéparaostrabalhadoresruraisumaestratégiapararomperomonopóliodaterraepermitir agriculturabrasileiraconseguiugrandesavançosnasoluçãodasquestõesagrícolas,istoé,dosproblemas
que possam se apropriar um dia dos frutos do seu próprio trabalho. Para tal é necessário eliminar o ligados à produção propriamente dita. Mas, esse desenvolvimento só fez agravaraquestãoagrária,ou
latifúndio e incidir sobre dominação parasitária da terra, desde o caso daqueles que deixam 40aterra seja,oníveldemisériadapopulaçãoruralbrasileira.Énessecontextoqueoremédiodareformaagrária
inculta à espera de valorização imobiliária,atéosqueautilizampararepassarrecursosfinanceirosaos ressurgehojenoBrasilemnovaembalagem,comoreaparecesemprenasépocasdecrisedaseconomias
Pequenos produtores rurais. capitalistas.Asolução"reformaagrária"coloca-seespecificamentehojedentrodocontextodeseruma
resoluçãoparaacriseagráriabrasileiraenãomaisparaacriseagrícola:elaéapenasumareivindicação
dos setores populares e não mais da burguesia, se é que o foi algum dia.
estaque (amarelo) - Página 81
D
Isso porque, no sistema capitalista, pouco importa que um pedaço de chão produza soja ou cana-
deaçúcaroufeijão.Oqueinteressaéqueproduzalucros.Nemmesmointeressaseesselucroadvémda
utilização produtiva do solo ou não.
estaque (amarelo) - Página 82
D
Como resultado disso são expulsasdocampo,acadaanoquepassa,milharesdefamílias,quenãotêm
para onde se dirigir a não ser às favelas das periferias das cidades.
estaque (amarelo) - Página 82
D
Por isso que a reforma agrária aparece hojecomoaúnicasoluçãodemocráticapossívelparaaquestão
agrária.Evidentemente,háoutrassoluções,como,porexemplo,deixarosmigrantesmorreremdefome,
continuar confinando esses excedentes de população em novas favelas, etc.
estaque (amarelo) - Página 82
D
A questão agrária se alia hoje a uma série de "outras" questões, como a questãoenergética,aquestão
indígena, a questão ecológica, a questão urbana e a questão das desigualdades regionais. Ou seja, a
questão agrária permeia hoje uma série de problemas fundamentais da sociedadebrasileira.Nofundo,
todos eles têm a ver com o caráter parasitário que atingiu a forma específica como se desenvolveu o
capitalismo neste país.
estaque (amarelo) - Página 82
D
reformaagráriajánãoémaishojenoBrasilumareivindicaçãododesenvolvimentocapitalista,esimum
questionamentodaformaqueassumiuessedesenvolvimento.Porisso,areformaagráriaéhoje-maisdo
quenunca-umaquestãoeminentementepolítica.Elanãovisafundamentalmenteaaumentaraprodução,
embora isso também seja desejável e possível de obter. A reforma agrária é hoje a expressão da
reivindicação dos trabalhadores rurais pela apropriação dos frutos do seu trabalho.
estaque (amarelo) - Página 83
D
A reforma agrária é agora uma bandeira de luta política capaz de unificar não só os trabalhadores do
campo, mas inclusive de se estender aos trabalhadores urbanos.
estaque (amarelo) - Página 83
D
Resumindo em poucas palavras, o futuro da agricultura brasileira depende basicamente do futuro da
democracia brasileira.
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