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28/11/2023, 17:48 Aluísio Ximenes de Aragão | História de Boa Viagem

História de Boa Viagem


A história do Município de Boa Viagem em fatos e fotos!
Utilidade Pública, Lei nº 1.305/2016

Aluísio Ximenes de Aragão


Publicado em 19 de janeiro de 2012 por Eliel Rafael da Silva Júnior

Aluísio Ximenes de Aragão nasceu no dia 4 de


março de 1896 no Município de Boa Viagem, que
está localizado no Sertão de Canindé, no Estado
do Ceará, distante 217 quilômetros da cidade de
Fortaleza, sendo filho de Antônio Ximenes de
Aragão e de Ana Benvinda Ximenes.
Os seus avós paternos se chamavam João
Ximenes de Aragão e Perciliana Soares de
Freitas, já os maternos eram Francisco Manoel de
Almeida e Isabel Carneiro Monteiro.
Sobre os primeiros anos de sua infância e
adolescência poucas informações chegaram a
nossa época, mas temos plena certeza das
inúmeras dificuldades enfrentadas pelos seus pais
que, por conta de seu meio de subsistência,
enfrentaram as terríveis secas que aconteceram,
especialmente nos primeiros anos do século XX,
buscando conservar a pequena semente de gado
que teimava em resistir.
Em 1915, aos 19 anos de idade, no governo do
Intendente Salviano de Sousa Leitão, teve a infeliz oportunidade de assistiu a uma das mais
terríveis estiagens que já se abateu sobre a região de nosso Município.
Era à inclemência e a devastação de tudo acima e abaixo da terra, do desespero do homem e da
dizimação dos rebanhos, da fome e da sede que se alastravam em progressão alarmante, das
muitas levas de retirantes que iam aos poucos abandonando o nosso pequeno lugarejo.
Foi nessa longa estiagem que, para impedir que os retirantes se dirigissem à capital, o governo
cearense criou os campos de concentração nos arredores da cidade de Fortaleza, no qual recolhia
os flagelados sertanejos em fuga.
Nessa época, para piorar essa situação, a varíola fazia centenas de mortos no Campo do Alagadiço,
próximo de Fortaleza, onde se espremiam mais de oito mil pessoas e a falta de condições sanitárias
e de comida completavam o trágico quadro de terror.
Esse geralmente era o tema que provocava as conversas, que costumeiramente frequentavam as
rodas de amigos que à noite se reuniam para falar das experiências, atentamente observando o
horizonte na expectativa da vinda de um bom inverno para o nosso Município.
Mas a seca nem sempre dava a última palavra, o solo fértil do Município de Boa Viagem logo

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voltava a verdejar quando as primeiras gotas de chuva tocavam o chão. O riso e a alegria de seus
contemporâneos voltavam à face quando de enxada no ombro, semente no bornal e cabaças
abastecidas se dirigiam aos roçados para garantir a próxima colheita e atentamente acompanhar,
aos poucos, o gado ganhar peso e a reproduzir.
Com a boa quadra invernosa a nossa pequena cidade, aos poucos, voltava a sentir os ares do
progresso quando, em 1919, o intendente municipal, o Coronel José Cândido de Carvalho,
corajosamente, resolveu impulsionar o comércio financiando por sua conta e risco a construção do
Mercado Público Municipal, algum tempo depois denominado de Jessé Alves da Silva.
No ano seguinte, segundo informações existentes no livro B-05, pertencente à secretaria da
Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, tombo nº 3, folha 117, no dia 30 de maio de 1920,
diante do Mons. José Cândido de Queiroz Lima, contraiu matrimônio com Maria Alice Albuquerque
Gomes, que era nascida em 10 de julho de 1898, sendo filha de Trajano Cavalcante de Albuquerque
com Luziânia Ribeiro Gomes.
Pouco tempo depois, segundo informações existentes no livro B-04, pertencente ao Cartório
Geraldina, 1º Ofício, tombo nº 5, folha 64v, no dia 26 de julho, aos 24 anos de idade,
desempenhando a função de coletor estadual, em sua residência, em uma solenidade que foi
dirigida pelo Dr. Manoel Antônio de Macêdo, confirmou os seus votos em uma cerimônia de
casamento civil.

Imagem de Aluísio Ximenes Aragão ao lado de sua


esposa e filhas.

Desse matrimônio foram geradas apenas duas filhas, sendo elas: Alice Albuquerque de Aragão,
conhecida como Aluce; e Alda Albuquerque de Aragão, chamada de Consuelo. Algum tempo depois,
adotou como sua uma criança que foi denominada de Francisca Neves de Aragão.

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Na cidade de Boa Viagem, durante muito tempo, residiu com a sua família na Rua Agronomando
Rangel, nº 463, Centro, endereço que, segundo Antenor Gomes de Barros Leal, costumava estar
sempre muito frequentado:

“Os meus nobres e inesquecíveis hospitaleiros foram os prezados amigos Senhor


Aluísio Ximenes de Aragão e sua inteligente e prendada consorte, D. Maria Alice
Albuquerque de Aragão. Cumpre-me acrescentar que foi em sua mesa que tomei o
primeiro café e as primeiras refeições. Jamais deixarei apagar-se da retina da minha
memória a lhaneza de seu trato. Oportuno ainda é dizer que nessa época não havia
hotel na cidade e a residência de Aluísio, chefe político e coletor estadual, era o ponto
visado, de modo impertinente, para hospedagem de grande parte de amigos,
compadres, correligionários, viajantes comerciais e desconhecidos! Ainda hoje
procuro saber como conseguiu aquele casal sobreviver, suportando tamanha despesa
e extraordinário trabalho.” (BARROS LEAL, 1996: p. 138)

No âmbito político, na época de seu casamento, o chefe do executivo municipal não se chamava
prefeito e sim intendente, que era a figura investida dos poderes policiais e tributários que foi criado
na época do Império e permaneceu até 1930, quando surgiu o formato administrativo como
conhecemos hoje. Até então a intendência era o órgão público administrativo que gerenciava o
Município e a sua chefia estava à disposição de escolha do presidente do Estado, em nossos dias
chamado de governador.
Nessa época, o nosso Município era ainda mais pobre do que é hoje e não possuía um centro
administrativo, em virtude disso o local das decisões da vila eram geralmente tomadas na residência
do gestor municipal.
No plano federal, também nessa época, nosso país andava agitado com as revoltas tenentistas.
Essas rebeliões, de cunho político-militar, eram encabeçadas por jovens oficiais de baixa e média
patente do exército, que no início da década de 1920 estavam descontentes com a situação política
do Brasil.
Eles propunham urgentes e necessárias reformas na estrutura de poder do país, entre as quais se
destacam o fim do voto de cabresto, a instituição do voto secreto e a reforma da educação pública.
Embora esse movimento se concentrasse nos grandes centros do país o Município de Boa Viagem
não estava distante dos efeitos de tudo isso. Nessa época, qualquer agitação em nossa capital
causava um efeito que logo modificava por completo toda a estrutura administrativa dos Municípios
do interior.
Por fim, como sabemos, o movimento tenentista não conseguiu produzir os resultados imediatos na
estrutura política da nação, já que nenhuma de suas tentativas obteve sucesso, mas conseguiu
manter viva a revolta contra o poder das oligarquias estaduais, representada na política do “Café
com Leite”, e preparou o caminho da Revolução de 1930, que alterou definitivamente as estruturas
de poder em nosso país.
Foi nesse bojo de conflitos políticos e sociais que agitavam o Brasil que iniciou o seu engajamento
político, aderindo plenamente ao desejo de seu irmão mais velho, Luís Ximenes de Aragão, que
nesse tempo era vereador, em pleitear o cargo de chefia do Poder Executivo municipal.
Nessa época, como hoje, o controle do Poder Executivo municipal possibilitava as vitórias eleitorais
nas outras esferas do poder. O partido que contasse com o apoio do presidente do Estado
dificilmente perderia uma eleição. A agremiação partidária governista dispunha da polícia, do
pessoal administrativo, das mesas eleitorais e das câmaras apuradoras.
Infelizmente, do primeiro pleito direto para a escolha do intendente de nosso Município, não
dispomos de nenhuma informação concreta, não sabemos a quantidade de eleitores e nem se havia
uma corrente de oposição ao nome de seu irmão:

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“Em 1926, segundo informações dos mais antigos, foi eleito, na nossa primeira eleição
direta para prefeito, o senhor Luís Ximenes de Aragão. Permaneceu até 1930, tempo
em que foi realizada a segunda eleição, com a vitória do senhor Manoel Araújo
Marinho.” (NASCIMENTO, 2002: p. 65)
Dentro do contexto político de seu tempo, o seu irmão procurou se aliar com as principais lideranças
políticas estaduais e, juntamente com a “Oligarquia Araújo”, que dominava o Município naquela
época, ajudou a eleger o advogado Dr. José Carlos de Matos Peixoto à chefia do Governo do
Estado.

“Os Araújos, família rica e filiada a outras das mais antigas do norte do Ceará, vivia
na mesma região [Sertão de Canindé], tendo como sede principal a povoação de Boa
Viagem.” (SIMÃO, 1996: p. 190)

O Dr. José Carlos de Matos Peixoto havia sido secretário do Interior e da Justiça em nosso Estado
no governo do Dr. José Moreira da Rocha, quando teve a oportunidade de fomentar a aprovação da
lei nº 2.367, de 31 de janeiro de 1926, que tratava do voto secreto e obrigatório em nosso país.
Pouco tempo depois, em 1927, foi apresentado como o candidato de conciliação à presidência do
Estado do Ceará pelas facções políticas envolvidas na disputa pelo Poder Executivo estadual.
Depois disso ele governou o nosso Estado desde o dia 12 de julho de 1928 até o dia 8 de outubro
de 1930, quando foi deposto pelo advento da Revolução de 1930.
Em Boa Viagem, pouco tempo antes de ocorrerem esses fatos, as rédeas do Poder Executivo
municipal passaram às mãos de Manoel Araújo Marinho, o seu ex-cunhado, que graças às
agitações políticas no âmbito federal governou Boa Viagem por pouco tempo, pois no dia 28 de
outubro de 1930 foi destituído de seu cargo pelo interventor do Estado, o Dr. Manuel do Nascimento
Fernandes Távora, que nomeou Teodoro Amaro de Oliveira como interventor de nosso Município.
Depois disso, o comerciante Teodoro Amaro de Oliveira governou por menos tempo ainda, pois no
dia 20 de maio de 1931 foi decretada a extinção do Município de Boa Viagem, que perdeu a sua
autonomia política e voltou à condição de simples Distrito do Município de Quixeramobim:

“O interventor federal do Estado do Ceará, Dr. Manuel do Nascimento Fernandes


Távora, considerando que a atual organização municipal deve ser modificada por
não atender ao interesse público; Considerando que, para a constituição de qualquer
Município, se torna necessária uma população nunca menor de quinze mil habitantes,
uma renda anual não inferior a trinta contos de reis e outros fatores de valor;
Considerando que muitos dos atuais Municípios não preenchem esses requisitos,
sendo meras expressões territoriais, sem vida própria. Considerando que, dest’art,
para proporcionar aos Municípios uma existência normal, se impõe a supressão de
alguns deles, decreta: Art. 1º – O território do Estado divide-se, administrativamente;
em 51 Municípios e estes em Distritos. Art. 4º – Ficam extintos os seguintes
Municípios:…. Campos Sales, Conceição do Cariry, Santa Cruz, Várzea Alegre…. Boa
Viagem que passará respectivamente a fazer parte do Município de Quixeramobim…”
(CAVALCANTE MOTA, 1989: p. 38-39)

Segundo as informações do Dr. Tomás Pompeu de Sousa Sobrinho, o Senador Pompeu, nessa
época, sem receber nenhuma ajuda por parte das esferas governamentais para o enfrentamento
das secas, o nosso Município sofria sérios problemas nos períodos de estiagem.
As insuficientes riquezas produzidas e os poucos valores coletados em impostos não cobriam as
despesas da máquina pública de nosso Município, e isso despertou ao Governo Federal a extinguir
aquilo que era taxado na lei como uma “mera extensão territorial”:

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“No Ceará, o Sertão de Boa Viagem, em 1932, conservou-se estéril; 201 milímetros de
chuva não permitiram que a lavoura vingasse e até o pasto nativo foi escasso e
inexistente.” (SOUSA SOBRINHO, 1960: p. 40)
Com o prolongamento das secas, costumeiramente, muitos habitantes de nosso Município,
procurando um meio de sobreviver, decidiram migrar para as outras regiões de nosso país, e nunca
mais voltaram.
Nesse período os seus olhos puderam contemplar a triste fuga de muitos cidadãos que,
transformados em flagelados, em nome da sobrevivência, procuravam refúgio em locais mais
promissores. Algumas dessas fugas visavam se unir as frentes de trabalho do Açude Pompeu
Sobrinho, na cidade de Choró:

“Para os acampamentos do ‘Açude Choró’ foram enviados compulsoriamente cerca de


3 a 5 mil flagelados, especialmente do campo de concentração do Patu. Mas,
espontaneamente chegaram mais de 30.000, sobretudo das regiões de Boa Viagem e
Quixeramobim, bem como do Baixo Jaguaribe, do Rio Grande do Norte, muitos do sul
do Município de Quixadá e dos de Cachoeira [Solonópole], Frade e Morada Nova.”
(SOUSA SOBRINHO, 1960: p. 49)

Embora o nosso Município tenha passado por esse momento de ocaso em sua história política o
nosso valor voltou enfim a ser reconhecido no dia 28 de dezembro de 1936 com a restauração de
nossa desejada autonomia administrativa:

“Com a autonomia de Boa Viagem, mérito e vitória da luta e do esforço de Francisco


Rangel de Araújo, o Agronomando Rangel, que tudo fez para que esta terra voltasse,
novamente, à sua independência.” (NASCIMENTO, 2002: p. 66)

Nessa ocasião, por indicação do Governador Francisco de Menezes Pimentel, interventor do


Estado, José Rangel de Araújo, pai de Francisco Rangel de Araújo, o Agronomando Rangel,
assumiu à Prefeitura de Boa Viagem.
Ainda nessa época, embora satisfeito com essa importante vitória, juntamente com os seus
conterrâneos, se vestiu de luto com a prematura morte de seu querido irmão e ex-intendente desse
Município, que ocorreu no dia 2 de maio de 1939.
Pouco tempo depois, no dia 26 de novembro de 1941, ainda na administração do Prefeito José
Rangel de Araújo, por ser funcionário público estadual, foi indicado pelo juiz do Município a servir
como perito em um imbróglio existente entre o Governo Municipal e o cidadão José Inácio de
Carvalho:

“O José Inácio, que era líder da oposição à nossa situação, entendeu de construir a
sua casa residencial…, quase colada à Matriz. A prefeitura embargou a obra. Ele foi
ao juiz e eu fui designado como perito. O laudo que lavrei foi o seguinte: ‘intimado de
ordem do Sr. Dr. juiz de Direito da Comarca, para esclarecer o 2º quesito – (esse
terreno é de todo imprestável para construção de qualquer edifício ou prédio, nos
termos e na conformidade das leis municipais (Código de Posturas?) – na qualidade
de perito nomeado na ação executiva movida pela prefeitura dessa cidade contra o
cidadão José Inácio de Carvalho, passo a prestar os seguintes esclarecimentos: 1° – O
terreno em apreço está cercado por José Inácio de Carvalho, fica dentro da área
urbana e mede 61,50 metros de frente por 132 metros de fundo, sendo que na parte da
frente (virada para o sul) apenas 17 metros obedece ao alinhamento da rua e se presta
para a construção, o restante, 44,50 metros fica um pouco afastado do referido
alinhamento por ter sido este, interrompido com a construção da Igreja Matriz desta

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cidade e, em parte, é banhado por um riacho, dentro do qual no terreno se acham


construídos um cacimbão e um banheiro; 2º – Na parte correspondente aos 132
metros (frente para o nascente) obedecendo ao alinhamento da travessa, também se
presta para construção, exceto a parte banhada pelo dito riacho, calculadamente de
20 a 30 metros. Julgando assim desempenhada a espinhosa missão de que fui
incumbido, dou fido ao presente laudo.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 11)
Algum tempo depois, no dia 17 de maio de 1944, outra perda irreparável assolou a sua vida, a sua
genitora, que aos 81 anos de idade pereceu deixando o seu velho pai desconsolado.

Imagem da residência de José Inácio de Carvalho, em 2013.

Sem desanimar frente a esses problemas, deu continuidade ao legado deixado pelo seu irmão e, no
dia 21 de dezembro de 1945, assumiu às rédeas do Poder Executivo municipal no lugar de Enedina
de Carvalho como interventor indicado pelo Dr. Benedito Augusto Carvalho do Santos, Interventor
Federal do Estado.
Nessa ocasião, em sua primeira passagem pela chefia do executivo municipal, enfrentou uma forte
perseguição política de José Inácio de Carvalho, principal articulador da oposição, que o acusou de
irregularidades à frente da prefeitura:

“A adesão do Coronel José Inácio de Carvalho às correntes partidárias que apoiam a


candidatura do general, fez com que o ódio dos elementos olavistas se voltasse contra
o Coronel José Inácio. E, segundo informações que colhemos de fontes fidedignas,
nesta Capital, houve uma desinteligência entre o Coronel Inácio e o ex-prefeito
daquela cidade, Dr. Aluísio, por causa de irregularidades na administração daquele
cidadão. Denúncias que foram apresentadas ao Exmo. Sr. interventor federal e parece
que a veracidade das mesmas foram apuradas, porque, sexta-feira passada, foi
lavrado o ato de demissão daquele cavalheiro.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 58)

O pomo da cizânia para essa denúncia partiu de problemas ligados à locação de uma propriedade
particular nos arredores da cidade de Boa Viagem:

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“No verão de 1945, José Inácio de Carvalho arrendou a propriedade de Antônio


Gonçalo, nos arredores da cidade, e nela soltou reses sua. Ocorre que, todo ano a
mesma propriedade era arrendada a Delfino de Alencar Araújo. Vendo a pastagem
ser destruída pelo gado do adversário, Delfino conseguiu com o Interventor Aluísio
Ximenes de Aragão, prender o gado com fundamento numa portaria do secretário de
Justiça do Interventor no Estado, Luís [Cavalcante] Sucupira. José Inácio foi a
Fortaleza e conseguiu revogar a portaria, originando uma rixa de graves
consequências entre os três: José Inácio, Delfino e Aluísio.” (CAVALCANTE MOTA,
1995: p. 64-65)
Nesse meio tempo, na cidade de Fortaleza, os ares da política estadual estavam passando por
mudanças. Nessa época, quando um grupo ascendia ao poder, operava-se uma faxina na máquina
pública, magistratura, servidores, destacamento policial, tudo era removido sem nenhum tipo de
justificativa:

“Não havia suspiro para os que não concordavam com o Estado Novo implantado no
país em 1937. O interventor do Ceará era nomeado pelo ministro da justiça…, seus
seguidores nos Municípios implantavam o regime do terror usando e abusando dos
delegados de polícia, dos juízes corruptos e dos coletores de impostos sem escrúpulos.
Quase não havia organização. O interventor estadual nomeava o prefeito, o coletor, o
delegado de polícia, não havia Câmara Municipal e os frustrados em seus pleitos não
tinham para quem apelar.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 25)

Para quem saia do poder o seu destino já estava traçado: as demissões em massa, as remoções
injustas, as destituições violentas multiplicavam-se no dia-a-dia; tudo para acomodar parentes,
correligionários e amigos de quem estava no poder, e agora chegava à vez do Coronel José Inácio
de Carvalho:

“Boa Viagem, finalmente, entregou-se à sua liderança [José Inácio de Carvalho]


depois de dez anos de oposição à família Araújo, do PSP.” (CAVALCANTE MOTA,
1995: p. 55)

Logo após essas denúncias, no dia 28 de novembro de 1946, foi destituído do cargo e, em seu
lugar, no intuito de apaziguar os mais exaltados, assumiu a interventoria do Município o Tenente
José Silvino da Silva, que era ligado diretamente ao grupo denunciante:

“Era tudo uma manobra. Em novembro de 1946, para liquidar com a força política do
Senador Olavo Oliveira, o Interventor [José] Machado Lopes demitiu todos os
prefeitos do PSP, inclusive Aluísio Ximenes de Aragão, de Boa Viagem. Em Boa
Viagem o interventor cooptou o Coronel José Inácio de Carvalho para fundar o PSD,
dando-lhe todos os poderes políticos inerentes à nova chefia que surgia em apoio à
candidatura do General Onofre Muniz [Gomes da Silva]. A família Araújo e Aluísio
continuaram a apoiar a candidatura do Desembargador Faustino de Albuquerque [e
Sousa]. Demitindo Aluísio, para o seu lugar foi nomeado o Tenente José Silvino [da
Silva], com o aval político da liderança emergente, José Inácio de Carvalho.”
(CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 60-61)

Tudo parecia estar acontecendo perfeitamente de acordo com o que foi rigorosamente planejado
por José Inácio de Carvalho, o Aluísio estava fora da prefeitura e a família Araújo sem o prestígio do
poder municipal. Era, sem dúvida, uma excelente oportunidade para uma nova liderança que
emergia aparecer com toda força:

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“José Inácio de Carvalho, nos idos de 1940, vivia no auge de sua carreira política. O
interventor do Município, Tenente José Silvino [da Silva], obedecia à sua orientação
política. O Coletor Fausto Costa era da sua grei política. O vigário da Matriz, Padre
Pedro Vitorino Dantas, era seu confidente e orientador espiritual. O juiz, Dr. Lourival
Soares, todo dia passava em sua casa para troca de ideias. A sua casa vivia cheia de
gente do Município e dos coordenadores da candidatura do General Onofre Gomes
Muniz ao governo do Estado. Transbordava de felicidade.” (CAVALCANTE MOTA,
1995: p. 55)

Essa mudança repentina na chefia do executivo municipal poderia também ocasionar em uma
alteração no pleito ao governo estadual que se avizinhava. O fato de sua demissão gerou um forte
descontentamento entre as fileiras de seu grupo:

“A adesão do Coronel Inácio de Carvalho às correntes partidárias que apoiam a


candidatura do general, fez com que o ódio dos elementos olavistas se voltassem
contra o Coronel José Inácio. E segundo informações que colhemos de fontes
fidedignas, nessa capital, houve uma desinteligência entre o Coronel Inácio e o ex-
prefeito daquela cidade, Dr. Aluísio, por causa de irregularidades na administração
daquele cidadão. Denúncias que foram apresentadas ao Exmo. Sr. interventor federal
e parece que a veracidade das mesmas foram apuradas, porque, sexta-feira passada,
foi lavrado o ato de demissão daquele cavalheiro.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 55)

Depois desses acontecimentos, no dia 28 de dezembro de 1946, por volta das 20h30min,
coincidentemente um mês após a sua destituição do cargo de intendente, ocorreu o lamentável
assassinato do Coronel José Inácio de Carvalho. Nessa noite, duas rodas de amigos debatiam
sobre o destino da política estadual quando o tom da conversa subitamente foi interrompido pelo
eco de um disparo.
No primeiro grupo, formado pelos partidários do General Onofre, estavam sentados vizinho à Igreja
Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem, na calçada do Coronel José Inácio de Carvalho, no
segundo grupo, a 100 metros desse, os partidários do Senador Olavo Oliveira, que estavam na
calçada da casa do Vereador Antônio Tupinambá de Araújo e entre estes o ex-intendente Aluísio
Ximenes de Aragão:

“Ouviu-se um estrondo na direção da igreja. Todos se levantaram e instintivamente


olharam na direção da torre da igreja, escassamente iluminada, notando, porém, que
a mesma não caíra. Segundos após, passou um rapaz vindo da casa de José Inácio,
correndo e avisando que ele fora assassinado com um tiro.” (CAVALCANTE MOTA,
1995: p. 56)

Não demorou muito para que a suspeita da encomenda desse bárbaro e bem planejado crime
caísse sobre as suas costas e sobre as de Delfino de Alencar Araújo, seus desafetos:

“Os amigos e familiares sentenciaram desde logo: foram os Araújo que mataram o
José Inácio. A cidade ficou dividida. O policiamento foi reforçado com praças vindos
de Quixeramobim e Canindé.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 57)

Pouco tempo depois desse fato, no dia 30 de dezembro de 1947, na capital do Estado, o jornal
Diário da Tarde estampou na manchete a seguinte notícia:

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“Assassinado barbaramente, em Boa Viagem, o Coronel José Inácio de Carvalho. O


bárbaro e revoltante crime é atribuído aos inimigos políticos do ex-prócer udenista
naquela cidade.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 57)
Logo após esses fatos o interventor do Estado designou o Major Antônio Leite Furtado, que era de
sua plena confiança, com a finalidade de elucidar o misterioso crime. Nos bastidores desse acordo,
entre as recompensas por essa descoberta, estava uma promoção, de um jeito ou de outro, por bem
ou por mau, um culpado tinha de surgir!

“O Major Furtado Leite viajou para Boa Viagem com plenos poderes, na companhia
do escrivão experiente, Aristóteles Carvalho, três investigadores de Polícia Civil,
oficiais e praças da Polícia Militar, ocupando três automóveis. A primeira
providência do major foi mandar prender mais de 27 pessoas ligadas aos Araújo e
apreender todas as armas registradas, além de uma forte busca de armas na cidade e
no Município.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 63-64)

Não fica difícil de imaginar as atrocidades cometidas pelo Major Furtado Leite na condução dessa
investigação. Todos os esforços e atenção da justiça no Município estavam voltados para o
esclarecimento desse misterioso caso:

“Agindo sempre com o assentimento do juiz, Dr. Lourival Soares, que inclusive saiu de
sua casa e passou a morar na própria Pensão da Maria Antônia, para melhor assistir
ao major em suas diligências, o major usava e abusava das truculências muito
comuns na época, tais como: levar as pessoas para o cemitério e mandar abrir sua
própria cova, se não falasse a verdade; alimentar os presos com comida salgada e
não oferecer água durante dias; ameaçar sequestrar os familiares dos presos para
obter depoimento favorável e outras.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 65)

Com as constantes e brutais investidas do oficial militar e temendo por suas vidas, juntamente com
Delfino de Alencar Araújo, resolveu passar um período longe da cidade de Boa Viagem:

“Delfino Alencar Araújo e Aluísio Ximenes de Aragão, por segurança pessoal,


abandonaram Boa Viagem e passaram a morar em [um] sítio de propriedade do
Chagas Araújo, na cidade de Mulungu, na aprazível Serra de Baturité.”
(CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 65)

Em uma das diligências da polícia, não sabemos se por denúncia ou por mera coincidência, surgiu o
primeiro suspeito. O crime, na perspectiva do Major Furtado Leite, já estava esclarecido:

“Surgia a primeira vitória policial, numa busca no lugar ‘Catolé’, na estrada que liga
Boa Viagem a Pedra Branca, na residência do Sr. Francisco Pereira Lima, alcunhado
de Chico Celedônio. Foi apreendido um rifle, marca Winchester, calibre 44 m/n, nº
282.909, com mira branca de metal adaptado para tiro noturno, havendo sido usado
recentemente pelos vestígios de pólvora no cano. Preso, Celedônio confessou que a
arma era de propriedade do comerciante Delfino de Alencar Araújo, ferrenho inimigo
da vítima, a quem lhe era devedor de alentada quantia, conforme exame preliminar
no livro-caixa na firma Araújo. Com relação ao crime negou.” (CAVALCANTE MOTA,
1995: p. 64)

Depois de vários dias de investigação, a conclusão a que chegou o Major Leite Furtado foi apoiada
ainda pelos atritos recentes que haviam envolvido à vítima e um dos principais suspeitos:

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“Associando-se então aos membros da família Araújo, não titubeou em promover


também perseguições políticas a José Inácio de Carvalho, porquanto esse não havia
recebido muito bem a sua nomeação. Apesar da amizade que sempre o ligou a José
Inácio de Carvalho e dos favores que a este devia, Aluísio Ximenes de Aragão, dizem,
ameaçou publicamente de morte àquele.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 83)

Pouco tempo depois do encerramento do inquérito, que dizem ter sido confeccionado através de
torturas e de forte terror psicológico, foi expedido o mandato de prisão com o nome dos principais
envolvidos:

“Com os depoimentos da viúva da vítima, da mulher de Celedônio, da filha de


Celedônio, de José Vieira de Lima, de Fausto Costa e de mais cinco amigos de José
Inácio, o Major Leite representou o Dr. Lourival Soares, juiz de Direito, requerendo a
prisão preventiva para o autor material Francisco Pereira Lima e para autores
intelectuais Delfino de Alencar Araújo e Aluísio Ximenes de Aragão.” (CAVALCANTE
MOTA, 1995: p. 71)

Esse inquérito, alguns dias depois, recebeu ainda o reforço de uma carta escrita pelo Coronel Wicar
Parente de Paula Pessoa, um importante agropecuarista da região que não tinha um bom
relacionamento com os membros da “Oligarquia Araújo” e que via com bons olhos essa
oportunidade de enfraquecer um clã rival:

“Wicar [Parente] de Paula Pessoa sempre foi uma figura folclórica nos Municípios do
Sertão Central do Ceará, principalmente em Quixeramobim e Boa Viagem.
Descendente dos Paula Pessoa da época do Império, cujo chefe era o Senador Paula,
de Sobral, granjeou reputação de respeito e medo pelos métodos que empregava no
seu relacionamento com as pessoas… Entre o Dr. Wicar, como era conhecido, e a
família Araújo existia um distanciamento respeitoso, mas ambos preparados para
uma possível contenda… O crime de José Inácio foi a ocasião propícia para o Dr.
Wicar atingir os Araújo.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 93-94)

Sobre a conclusão dos dados que compuseram o inquérito, assim se expressou o Dr. Raimundo
Gomes de Matos em uma carta enviada ao Secretário de Polícia e Segurança Pública do Estado do
Ceará, o Capitão Atila Viana, no dia 16 de janeiro de 1947:

“Acredita-se nas rodas políticas que as exageradas exigências policiais realizadas em


Boa Viagem, com a prisão de 15 homens dos principais da terra, comerciantes,
agricultores e criadores, com transporte de alguns deles, obedecendo a um plano
político dos pessedistas, a fim de que os perseguidos chefes do eleitorado local não
possam comparecer à frente de seus elementos ao próximo pleito… Quero aludir
agora à atitude, não só facciosa, porém evidentemente criminosa de certos delegados
militares que estão agindo no interior de modo violento e desrespeitando os
magistrados, em diversos Municípios… Já ontem dirigi petição ao presidente do
Tribunal de Justiça, reclamando contra a vinda do inquérito de Boa Viagem, o que
por si só atesta a ignorância dos que o trouxeram, colocando V. Sa. tão mal perante a
sociedade e os que têm o trato da lei.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 73)

Em meio a essa turbulência de acusações, percebendo o abuso por parte de algumas das
autoridades constituídas, o juiz da comarca, o Dr. Moacir Bastos, temendo proferir uma decisão
injusta, resolveu ir ele mesmo à procura de informações sobre o assunto, refazendo a cavalo todo o

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28/11/2023, 17:48 Aluísio Ximenes de Aragão | História de Boa Viagem

trajeto do pretenso “acusado” e coletando uma série de elementos relevantes ao processo que
esclareceram muitas de suas dúvidas.
Dentre esses dados coletados descobriu que José Inácio de Carvalho possuía uma vultosa
quantidade de inimigos, inclusive o nome de pessoas que não constavam nos autos e que poderiam
ter algum tipo de envolvimento, chegando à conclusão de que era impossível encontrar um culpado.

“Antônio de Queiroz Marinho, parente perto do réu, Delfino de Alencar Araújo,


ostentava valentia e sentia exteriorizar seu ódio a vítima, declarando sem reservas
que ainda eliminaria a vítima, José Inácio de Carvalho, adiantando que o tiro para a
sua eliminação seria bem em cima da região peitoral, ou seja, em cima do coração…
Pedro Ribeiro emboscara mais de uma vez, de rifle em punho, a vítima José Inácio de
Carvalho, outro antecedente ao fato verificado na prova dos autos. Ainda outros
antecedentes ao fato e vêm os casos de Altino Gomes, Cícero Lobo e Sargento
Liberalino, em que graves incidentes se deram com a vítima, tudo como consta nos
autos… A mulher da vítima, nos primeiros instantes de desespero, diante da
irrevogável morte, gritava a plenos pulmões, que os criminosos eram os Araújo,
indicando o nome de Antônio de Queiroz Marinho, conhecido por Totonho. José Vieira
de Lima, uma das testemunhas da cena sinistra, revela em suas declarações na polícia
que a vítima certa vez declarara que dos seus inimigos o que mais temia era o
Aluísio.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 99-101)

Diante de tantas informações que compunham aquele complicado quebra-cabeça e da grande


responsabilidade que recaia sobre os ombros do juiz ao proferir a sentença, assim ele se expressou
no dia 12 de novembro de 1948:

“Adoto, desde que ingressei na magistratura, o sistema razoavelmente recomendado


por tradicional princípio de Direito, de não condenar na dúvida. Reconheço a
responsabilidade que me cabe nesse neste momento e por isto é que penetrei o mais
possível meu estudo nos autos… raciocinei, meditei e acabei por não encontrar
indícios fortes e suficientes para a pronuncia dos três réus que igualmente são três
chefes de família que vivem a trabalhar, desconhecendo-se desonra dos mesmos a não
ser a presente acusação… indícios vagos ou remotos que resultem uma autoria são
francamente percorridos em três horas como tenho conhecimento próprio, pois depois
que estou em Boa Viagem, já fiz a cavalo, dita viagem… Decido pela improcedência da
denúncia e pela impronuncia dos réus.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 109-110)

Podemos concluir, sobre esse crime, que nem todas as vertentes foram devidamente exploradas,
tendo em vista que desde o início o desejo de seus investigadores era o de relacionar-lhe as intrigas
políticas:

“O assassinato do José Inácio, líder oposicionista à situação política de Boa Viagem,


ocorrido no dia 28 de dezembro de 1946, à noite, oferece ao pesquisador duas
vertentes: uma política e outra amorosa. No próprio dia do crime Davi gritou: – O
crime é muito parecido como crime de honra. A vertente política foi investigada pela
polícia e pela justiça, concluindo-se pelo arquivamento do processo que envolvia os
políticos como mandantes.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 139)

O escritor e jurista Dr. José Aroldo Cavalcante Mota, em sua obra “Boa Viagem Realidade e Ficção”,
livro que foi publicado sob a responsabilidade do Instituto Jurídico Eleitoral e Histórico, sustenta que
existia ainda a hipótese relacionada a um escândalo descoberto acidentalmente por José Inácio de

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28/11/2023, 17:48 Aluísio Ximenes de Aragão | História de Boa Viagem

Carvalho, um romance extraconjugal existente entre pessoas da sociedade boa-viagense que


eventualmente se encontravam em Fortaleza, hipótese desde o início descartada pelo Major Leite
Furtado.
Segundo o texto, essa valiosa descoberta serviu-lhe de trunfo para usar como chantagem e ter
algumas pessoas do meio político em suas mãos, nessa época, em Boa Viagem, um assunto
desses tomava imensas proporções e poderia causar um verdadeiro escarcéu no cenário
administrativo do Município.
Diante disso, ainda hoje, comenta-se entre os mais velhos que o José Inácio de Carvalho gostava
de se envolver com os problemas alheios, logrou a fama de fofoqueiro e terminou tendo a sua vida
ceifada.
Logo após a conclusão do caso de assassinato do José Inácio de Carvalho o curso de vida das
pessoas da cidade de Boa Viagem voltou ao normal até que, no dia 7 de dezembro de 1947,
elegeram como Prefeito Manoel Araújo Marinho, viúvo de Júlia Ximenes de Aragão, irmã de Aluísio:

“Manoel Araújo Marinho governou Boa Viagem de 25 de março de 1948 até o dia 25
de março de 1951. Realizou as seguintes obras: Construção do prédio dos Correios;
Escola de 1º Grau Padre Antônio Correia de Sá; Praça Antônio de Queiroz Marinho;
vários prédios escolares no Município; instalação de um motor para gerar luz elétrica
em toda a cidade, cuja inauguração se deu no dia 6 de janeiro de 1949, em grande
solenidade; primeiro calçamento, de pedra tosca, na Rua Agronomando Rangel;
chafariz e outros.” (NASCIMENTO, 2002: p. 68)

Em seu governo Manoel Araújo Marinho, que era conhecido pelo apelido de Néo Araújo, quase não
sentiu dificuldade para eleger o seu ex-cunhado como sucessor, que no dia 3 de outubro de 1950,
militava nos quadros políticos do PSP, o Partido Social Progressista:

“Em Boa Viagem a coligação governista era representada pela família ‘Araújo’ sob a
liderança do ex-prefeito Manuel Araújo Marinho (PSD) e pelo PSP, que era presidido
pelo Prefeito Aluísio Ximenes de Aragão. Enquanto as oposições coligadas seguiam o
Vereador José Vieira Lima, da UDN.” (CAVALCANTE MOTA, 1995: p. 11)

Nesse pleito, que nos parece bastante confuso por não termos conseguido o registro da votação de
seu concorrente, que era um antigo aliado, sabemos apenas que conseguiu ser eleito recebendo a
confiança de 2.031 eleitores.

“Meu pai, que já exercera três mandatos de vereador e em 1950 disputou o cargo de
prefeito municipal, perdendo para o seu compadre Aluísio Ximenes de Aragão,
enfrentava alguns descontentamentos dentro do seu partido e estava sem ânimo para
continuar na política.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 52)

Dessa campanha, seguindo o ritmo da música “Forró de Mané Vito”, composição de Luiz Gonzaga,
algumas pessoas ainda guardam na memória a quadrinha que foi feita em forma de insulto para o
Vereador José Vieira de Lima pelos eleitores do Aluísio:

“Seu Zé de Lima se esqueça da prefeitura;


ponha a faca na cintura
e vá pra roça trabaiá.”

Depois de tudo isso, em uma grande festa, assumiu o comando da Prefeitura de Boa Viagem em
um segundo mandato, que teve início no dia 25 de março de 1951 e foi encerrado no dia 24 de

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28/11/2023, 17:48 Aluísio Ximenes de Aragão | História de Boa Viagem

março de 1955.
Em seu governo enfrentou uma epidemia de varíola; promoveu uma grande reforma no prédio da
cadeia municipal; comprou o terreno para a construção da barragem do Açude Público José de
Alencar Araújo; adquiriu ferramentas agrícolas, que depois eram doadas aos agricultores; construiu
prédios escolares; construiu a parte central do mercado público; garantiu a manutenção da
iluminação pública urbana; realizou a abertura de estradas vicinais e a pavimentação de algumas
ruas, estando presente na inauguração da Rodovia Estadual CE-168, trecho que liga o Município de
Boa Viagem à cidade de Pedra Branca.
Mesmo com todo esse volume de trabalho, nos parece que manteve um péssimo relacionamento
com os componentes da Câmara Municipal de Vereadores, fato que ficou claramente manifesto em
diversas sessões.
No dia 9 de novembro de 1953, o Vereador Otacílio de Alencar Araújo proferiu um inflamado
discurso onde demonstrou o tom de insatisfação que sentia pela forma de seu governo:

“Senhores vereadores, apreciando as mensagens que ultimamente o Sr. Prefeito


municipal enviou a esta câmara quero vos falar devagarinho para mostrar o que de
verdade vai em todas elas. A primeira mensagem, que trata da criação de escolas, sob
nº 3, criando neste Município oito escolas, e eu mais do que qualquer outro aqui
presente tenho autoridade para dizer de público que o Sr. Prefeito nada mais quer do
que fazer política. Por mais de uma vez pedi pessoalmente ao Sr. Prefeito para criar
escolas municipais para várias localidades deste Município, onde se fazia necessária a
instalação das mesmas. Entretanto, o que eu recebia como resposta era a evasiva nua
e crua de todo aquele que não quer atender as necessidades dos seus munícipes, a
resposta de que o erário público não estava em condições de arcar agora com as
despesas de criação de mais escolas além das 45 que o Sr. Manoel Araújo Marinho
havia criado. Não tinha dinheiro nos cofres da prefeitura para a criação e a
manutenção de nem mais uma só escola. Agora meus senhores, como se aproxima a
época da campanha eleitoral, surge o projeto nº 3 do Sr. Prefeito criando mais oito
escolas municipais. É muito engraçado tudo isso. Porque o Sr. Prefeito não criou
verba no orçamento para 54 a fim de instalar essa oito escolas de que precisa somente
agora. Porque? Simplesmente porque meus amigos queria deixar para que se
aproximasse a época de prometer aos matutos tudo o que no futuro não pode dar e
ajeitar para os tolos. Agora, com nomeação de uma professorinha municipal. Isso o
Sr. Prefeito não pode negar porquanto é sabido que sua senhoria prometeu a ‘a’ e a ‘b’
instalar agora uma escola em sua propriedade em troca de votos. Resta agora saber
se nós, os legisladores de Boa Viagem, estamos dispostos a isto, a esta politicagem
desenfreada do Sr. Prefeito, quando é sabido que anteriormente muito dinheiro
chegou nos cofres municipais e ele nem de leve se abalou para aplicá-lo em coisas
úteis para o Município. Em relação ao projeto de lei nº 4, achamos que ele mais se
parece com uma marmelada do que com um projeto de lei. Eu não posso considerá-lo
como um projeto de lei, mais sim como um abacaxi. É todo cheio de imperfeições e
verdadeiros absurdos. Vamos apreciá-lo também devagarinho; a fim de condená-lo
para todos os efeitos. Primeiro em um só projeto de lei ele, o prefeito de Boa Viagem,
quer suplementar várias dotações orçamentárias em uma importância de quase
200.000,00, duzentos mil cruzeiros, ou seja, quase toda a arrecadação orçamentária
de um ano. Isso está se vendo que é humanamente impossível. Pois assim mais se
parece com outro orçamento no mesmo exercício financeiro e não com projeto de lei
de abertura de crédito. E mesmo assim estamos aqui, nós os vereadores para
defender os interesses do povo e não para ficar de acordo com atos dessa natureza
que vem de encontro aos brios de homens honrados e limpos como somos. Lei

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28/11/2023, 17:48 Aluísio Ximenes de Aragão | História de Boa Viagem

direcionada ao eleitorado que nos colocou aqui. Se fizermos a aprovação de tudo o


que o Sr. Prefeito quer para encobrir os seus gastos astronômicos na prefeitura. No
projeto de lei nº 4, conforme o artigo 2º, que diz assim: ‘Ficam criados os seguintes
créditos especiais para fazerem face às seguintes despesas do exercício anterior’,
preste bem atenção meus senhores, ‘do exercício anterior’. Como é que o Sr. Prefeito
fez despesa no exercício anterior e não pediu no tempo oportuno a autorização a essa
câmara como manda a lei? E passo a dizer que essas despesas são para pagar
11.500,00 de saldos variados, ora, nós sabemos que no exercício anterior houve foi
saldo dessa verba. Já se vê que aí existe uma grande marmelada como frisei no início.
Quanto ao projeto de lei nº 5, este eu afirmo que efetivamente que se trata de coisa de
grande utilidade, pois prevê a desapropriação para abrir ruas e travessas nos fundos
de alguns quintais e etc… é de muita utilidade sim, mais só quando o Município tiver
condições de suportar no seu orçamento as caríssimas indenizações que a prefeitura
tem de pagar e presentemente a prefeitura não vem pagando nem o professorado em
dia, como quer fazer despesas de desapropriação para abrir novas ruas. É melhor que
a prefeitura cuide em beneficiar as ruas que já estão abertas e que estão sem
calçamento e sem meio fio, muitas delas ainda sem calçada e sem arborização, sem
asseio e outras coisas de melhoramento que uma prefeitura sabe e deve fazer, mas
não criar projetos para abrir ruas e desapropriar terrenos caros, demolir prédios e
muros de terceiros, isso não pode ser aprovado. É o meu voto e acho ser o de todos
nós.”
Pouco depois desse discurso a palavra foi facultada e o projeto foi defendido pelo Vereador Ataciso
Cavalcante Mota, que em breves palavras deu o seu parecer em defesa dos planos do prefeito, que
teve o projeto aprovado em cinco votos contra três.
Pouco tempo mais tarde, o movimento de oposição ao seu governo começou a tomar vulto a partir
da reprovação de suas contas, que aconteceu em uma sessão no dia 31 de março de 1954 e foi
registrada na pagina 52 do livro de atas da Câmara Municipal da seguinte forma:

“Estando presente o prefeito municipal, solicitou este do sr. presidente que lhe fosse
facultada a palavra, o que sendo atendido passou ele a fazer a leitura enfadonha e
massante de suas prestações de contas, ao invés de entregar o balancete a esta casa,
como é de lei e conforme a solicitação do Vereador Otacílio de Alencar Araújo
aprovada na sessão anterior… usou a mesma o Vereador Otacílio de Alencar Araújo
para não só criticar aquela prestação de contas, bem como para comprovar os seus
pareceres anteriores de que a prestação de contas do atual prefeito, sem um exame
cuidadoso de todos os documentos pela Comissão de Finanças não merece aprovação
desta casa, no que foi apoiada pelos demais.”

Na manhã do dia 5 de agosto de 1954, por conta de problemas políticos e pessoais, ocorreu o
assassinato do Vereador Antônio de Queiroz Marinho, potencial candidato na sucessão ao Poder
Executivo, que foi o ponto de desgaste que selou o seu rompimento com a “Oligarquia Araújo”:

“Ainda na década de 1950, o Vereador Antônio de Queiroz Marinho, conhecido como


Totonho, filho do Sr. Néo Araújo, foi assassinado pela manhã cedo na farmácia de seu
irmão, o médico Dr. Solon Ximenes de Araújo, pelo Nogueira, secretário e genro do
prefeito, Sr. Aluísio, que os próprios Araújo ajudaram a eleger.” (VIEIRA FILHO,
2008: p. 52)

Antes disso, depois que a sua prestação de contas foi veementemente reprovada, o clima entre os
dois poderes ficou totalmente desgastado, chegando ao ponto de passar praticamente um ano sem

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28/11/2023, 17:48 Aluísio Ximenes de Aragão | História de Boa Viagem

ter uma única sessão na Câmara, e quando teve os seus trabalhos reiniciados nos deixou o
seguinte registro:

“Aos 22 dias do mês de fevereiro de 1955, às 13 horas, no salão destinado ao


funcionamento da Câmara Municipal de Boa Viagem… em virtude de haver falecido o
sr. presidente desta casa, aliás de maneira trágica e traiçoeiramente, o vereador de
saudosa memória Antônio de Queiroz Marinho… em seguida o sr. presidente usando
da palavra relembrou a atuação benéfica e salutar do presidente extinto, Antônio de
Queiroz Marinho. Concluindo a sua fala solicitou da casa um minuto de silêncio em
memória daquele inesquecível vereador, que tanto soube corresponder ao mandato
que o povo de sua terra lhe confiou e que as forças do mal tramaram covardemente
contra a sua existência.”

Ainda nessa gestão, parte do território do Município de Boa Viagem foi cedido para formação do
Município de Monsenhor Tabosa. Antes dessa decisão o Governo do Estado realizou uma consulta
e sem nenhum critério técnico aglutinou ao território do novo Município a vila de Nossa Senhora do
Livramento, que nessa época estava dentro dos limites do Município de Boa Viagem.
Conta-se que essa decisão foi tomada porque naquela região havia muitos eleitores da “Oligarquia
Araújo” e que ele não tinha o interesse de ceder à região do Jacampari e do Ibuaçu, o seu principal
reduto eleitoral:

“Entre 1936 e 1937 foi criado o Distrito de Monsenhor Tabosa, que já foi chamado de
Forquilha e de Telha, sendo esse Distrito pertencente ao Município de Tamboril. Em
1951 ele foi elevado à categoria de Município, desmembrado de Tamboril, mas só foi
instalado em 1955. Em 1963 foram criados dois Distritos: Nossa Senhora do
Livramento e Barreiros.” (S.N.T)

A sua administração terminou sob muita pressão, mesmo assim, no dia 3 de outubro de 1954, ainda
no PSP, conseguiu migrar para o Poder Legislativo depois de conseguir uma das nove cadeiras da
Câmara de Vereadores, sendo o vereador com a oitava maior votação dessa eleição.
Depois de eleito, por motivação política, foi transferido para coletoria da cidade de Quixeramobim e,
segundo informações do jornal O Povo, edição do dia 20 de julho de 1957, página 11, através do
correspondente Vieira da Costa, mesmo afastado de nosso Município, não deixou à presidência do
PSP, procurando sempre estar presente nos importantes eventos que aconteciam na cidade de Boa
Viagem:

“Encontra-se aqui o Sr. Aluísio Ximenes de Aragão, ex-prefeito de Boa Viagem e


presidente municipal do PSP, atualmente exercendo a função de Coletor Estadual em
Quixeramobim. A visita do chefe pessepista a esta cidade, segundo estamos
seguramente informados se prende ao fato da fundação de uma Associação
Educadora. Acrescentou-nos ainda aquele chefe político que será breve a sua
permanência em nosso meio.”

Nessa época, por diversas vezes, solicitou de seus companheiros uma licença de sua função,
recebendo resposta negativa de seus companheiros, o que nos leva em acreditar que queriam que
ele renunciasse.
Mais tarde, no dia 23 de dezembro de 1957, enfrentando semanalmente o trajeto entre as duas
cidades e com grande dificuldade para exercer o seu mandato, recebeu autorização de seus
colegas para gozar uma licença de seis meses, período que foi assumido pelo suplente, o
Vereador Luiz Araújo.

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28/11/2023, 17:48 Aluísio Ximenes de Aragão | História de Boa Viagem

Antes disso, quando se dirigia ao seu reduto de eleitores, costumava ficar em um suntuoso casarão
que foi construído na Rua João Raimundo do Nascimento, s/nº, esquina com a Rua Aluísio Ximenes
de Aragão, no Centro da vila de Ibuaçu.

Imagem da casa pertencente ao Sr. João Raimundo do Nascimento, considerado o fundador


da vila.

Depois de tudo isso passou um curto período fora da vida pública, afastando-se das decisões
governamentais na gestão que se seguiu, a do Dr. Gervásio de Queiroz Marinho, que era irmão do
Vereador Antônio de Queiroz Marinho, anteriormente assassinado pelo seu genro.
Algum tempo depois, visando o pleito eleitoral que ocorreu no dia 7 de outubro de 1962, resolveu
retornar ao cenário político municipal colocando o seu nome na disputa ao cargo de vice-prefeito.
Nessa campanha eleitoral ocorreram algumas ironias que só a política partidária é capaz de
produzir: a primeira delas era o apoio do grupo remanescente de José Inácio de Carvalho, que na
época era encabeçado pelo seu filho, o Dr. José Maria Sampaio de Carvalho; a segunda era o fato
da chapa ser desvinculada, o prefeito e o vice concorriam juntos, mas disputavam separados; e por
fim o seu adversário, o jovem José Vieira Filho, conhecido pelo apelido de Mazinho, que era filho do
Vereador José Vieira de Lima, o seu concorrente no pleito de 1950:

“Já para vice-prefeito, voto desvinculado do prefeito, meu concorrente, por ironia do
destino, era o Sr. Aluísio Ximenes de Aragão, ex-prefeito que venceu as eleições que
disputara com meu pai em 1950.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 34)

Essa campanha eleitoral, não diferente das outras em que concorreu, foi muito difícil, principalmente
porque agora, aos 66 anos de idade, exigia muito esforço para superar o fôlego e a empolgação de
um jovem que iniciava a sua brilhante carreira política:

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28/11/2023, 17:48 Aluísio Ximenes de Aragão | História de Boa Viagem

“A campanha era feita de visitas corpo a corpo, pois naquela época no Município não
existia nenhum meio de comunicação a rádio, e o candidato tinha que percorrer casa
por casa, pedindo apoio num município com vasta extensão territorial de 3.254 km², e
de poucas estradas vicinais trafegáveis. Nesse contexto eu, com os meus 22 anos,
levava vantagem física.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 35)
O fim dessa grande expectativa pelo resultado ocorreu quando foram abertas as urnas, de um lado
estavam o prestígio e a experiência de um político já feito, do outro a esperança de renovação de
um jovem que estava se construindo como político:

“Houve a eleição e, quando apuraram os votos, o Dr. Manuel Vieira da Costa


(Nezinho) venceu o Sr. Deodato por uma diferença de 226 votos. Houve mais de 800
votos nulos do Sr. José Vieira Filho, e consegui vencer o Sr. Aluísio com 77 votos a
mais de diferença.” (VIEIRA FILHO, 2008: p. 35)

Foi a sua primeira derrota nas urnas, porém, depois dela, não deixou a vida pública completamente,
permaneceu utilizando a sua influência para por fim a “Oligarquia Araújo”, pois no pleito seguinte
aderiu ao nome de José Vieira Filho, que iniciou um novo ciclo político no Município de Boa Viagem.

Imagem de Aluísio na inauguração da usina de energia elétrica da vila de Guia, em 1968.

Depois disso, nos primeiros anos da década de 1980, já em avançada idade e necessitando de
melhor assistência médica, passou a residir com a sua família na Rua Ildefonso Albano, nº 613, no
Bairro da Aldeota, na cidade de Fortaleza.
Pouco tempo depois, no dia 11 de agosto de 1984, aos 88 anos de idade, padecendo de câncer,
veio a óbito na cidade de Fortaleza, causando grande comoção entre aqueles que o conheciam.
Logo após o seu falecimento, depois das despedidas fúnebres que são de costume, o seu corpo foi
sepultado por seus familiares no Cemitério Parque da Paz, que está localizado na Avenida Juscelino
Kubitschek de Oliveira, nº 4.454, Passaré, na cidade de Fortaleza.

BIBLIOGRAFIA:

https://www.historiadeboaviagem.com.br/aluisio-ximenes-de-aragao/ 17/20
28/11/2023, 17:48 Aluísio Ximenes de Aragão | História de Boa Viagem

1. BARROS LEAL, Antenor Gomes de. Avivando Retalhos. Fortaleza: Henriqueta Galeno, 1983.
2. BARROS LEAL, Antenor Gomes de. Recordações de um Boticário. 2ª ed. Fortaleza: Verdes
Mares, 1996.
3. CAVALCANTE MOTA, José Aroldo. História Política do Ceará, (1930-1945). Fortaleza: Stylus
Comunicações, 1989.
4. CAVALCANTE MOTA, José Aroldo. Boa Viagem, Realidade e Ficção. Fortaleza:
MULTIGRAF, 1995.
5. MARTINS, Laís Almeida. Um século de vida pública na Serra das Matas: ensaio (1900 –
2000). Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2017.
6. NASCIMENTO, Cícero Pinto do. Memórias de Minha Terra. Fortaleza: Encaixe, 2002.
7. SIMÃO, Marum. Quixeramobim, Recompondo a História. Fortaleza: MULTIGRAF, 1996.
8. SOUSA SOBRINHO, Tomás Pompeu. A História das Secas no Século XX. Disponível em
colecaomossoroense.org.br. Acesso no dia 13 de fevereiro de 2015.
9. VIEIRA FILHO, José. Minha História, Contada por Mim. Fortaleza: LCR, 2008.

HOMENAGEM PÓSTUMA:

1. Em sua memória, na gestão do Prefeito José Vieira Filho – o Mazinho, embora ainda sem
legislação, uma das ruas da vila de Ibuaçu, no Município de Boa Viagem, recebeu a sua
nomenclatura.

Publicado em Biografias por Eliel Rafael da Silva Júnior. Marque Link Permanente
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54 PENSOU EM “ALUÍSIO XIMENES DE ARAGÃO”

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