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Émilie du Châtelet, a Madame du Châtelet (1706-1749)

Emilie argumenta que é possivel realizar a felicidade; ela propõe:

1- Buscar e enfatizar paixões, mesmo quando gerarem desprazeres, exceto quando


afetarem a saúde.
2- não ter preconceitos, e evitar vícios
Um preconceito não encerra nenhum tipo de verdade. O decoro encerra uma verdade
convencional, o que é suficiente para toda pessoa de bem nunca se permitir
infringi-lo. O respeito rigoroso ao decoro é uma virtude, e para ser feliz, é
preciso ser virtuoso. É aconselhável ser virtuoso porque é impossível levar uma
vida viciosa e ser feliz.
3- cumprir deveres e fazer todo o bem que estiver a nosso alcance
4- admitir ilusões: teatro, espetáculos, etc. como reais, momentaneamente
5- estar bem decidido quanto ao que se quer ser e fazer
6- reparar nossos erros, em vez de ficar "remoendo"
7- evitar pensar no que nos assusta ou nos torna infelizes: morte, etc.
La douleur est un siècle, et la mort est un moment = A dor é um século e a morte é
um instante
8- Autonomia: necessitamos de paixões para sermos felizes, mas devemos colocá-las a
serviço de nossa felicidade; quanto menos nossa felicidade depender dos outros,
mais fácil será para sermos felizes
9- Sobriedade/ moderação: desejar coisas que podemos obter sem muita inquietude e
trabalho, e esse é um ponto que pode nos ajudar a fazer muito por nossa felicidade
10- A alma quer ser sacudida pela esperança ou pelo temor (ex: jogos)
11- O amor paixão talvez seja a única paixão que nos dá vontade de viver e nos
impele a agradecer ao autor da natureza, seja ele quem for, por nos ter concedido a
existência
Devemos amar, é isso que nos sustenta: Porque sem amor é triste ser homem
uma alma amorosa e sensível é feliz tão-somente pelo prazer que sente em amar

Resumo final
12- Tentemos então agir corretamente, não ter preconceitos, cultivar paixões,
colocá-las a serviço de nossa felicidade, substituir nossas paixões por afetos,
preservar ciosamente nossas ilusões, ser virtuosos, jamais nos arrepender, afastar
as ideias tristes e jamais permitir a nosso coração conservar um fiapo de afeto por
alguém indiferente que deixou de nos amar. Afinal, por mais que desafiemos a
velhice, um dia devemos nos despedir do amor, e esse dia deve ser aquele em que ele
não nos faça mais felizes. Nunca deixemos de cultivar o gosto pelo estudo, que faz
nossa felicidade depender apenas de nós mesmos. Preservemos a ambição e, acima de
tudo, saibamos com clareza o que desejamos ser; escolhamos a estrada que queremos
seguir na vida e procuremos semeá-la com flores.

Émilie du Châtelet, a Madame du Châtelet (1706-1749), recebeu uma educação fora do


comum para uma menina da época, aprendendo latim, grego, alemão, italiano e inglês,
além de música, dança e teatro. Aos 19 anos, teve um casamento arranjado com o
marquês de Châtelet, com quem teve três filhos e de quem viveu de modo
independente. Por 15 anos, manteve uma relação com Voltaire, a principal influência
para seus estudos aprofundados em física e matemática, que resultaram em ensaios
sobre suas experiências em laboratório e, ainda, na tradução comentada para o
francês do Principia mathematica, de Newton.

Tradução de André Telles

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