3a AVALIAÇÃO

Exercı́cio 1 [30 pontos]: Calcule a transformada de Fourier, sem usar o método da

convolução, para a seguinte função:

 1 − |x − 2|, se |x − 2| ≤ 1,
f (x) =
 0, se |x − 2| > 1.

S OLUÇ ÃO : Seja 

 1 − | x |, se | x | ≤ 1,
g(x) =
 0, se | x | > 1.
Como a função dada é

 1 − | x − 2|, se | x − 2| ≤ 1,
f (x) =
 0, se | x − 2| > 1.

então basta observar que f (x) = g(x − 2).

Pela fórmula da linha 9 da tabela, tomando x0 = 2, tem-se que

(1) F(ω ) = F[ f (x)] = F[g(x − 2)] = e −2i ω · G(ω ),

onde G(ω ) = F[g(x)].

Por outro lado, o exemplo 3.4 do capı́tulo 3 da apostila, mostrou-se que a transformada
de Fourier para a função

 1 − | x |,

se | x | ≤ b,
h(x) = b
 0, se | x | > b,

é dada por 
2 1 − cos(b ω ) ,
 b√ 2π · para ω 6= 0,


ω2

H(ω ) =
b
 √ ,

para ω = 0.


2π
Observe-se que, ao fazer b = 1 em h(x), tem-se que a mesma coincide com g(x). Além
disso, segue-se daı́ que a transformada de Fourier para a função g(x) é igual a transformada
H(ω ), mas também fazendo b = 1. Logo,

2 1 − cos ω ,
 √2π · para ω 6= 0,


ω2

G(ω ) =
1
 √ ,

para ω = 0.


2π

1
que levado em (1) resulta em

−2i ω 2 1 − cos ω ,
 e ·√ · para ω 6= 0,


ω2

2π
F(ω ) =
1
 √ ,

para ω = 0,


2π
ou seja,
2 e −2i ω (1 − cos ω ) ,

√ · para ω 6= 0,


ω2

2π

F(ω ) =
 1
 √ , para ω = 0,


2π
que é a resposta esperada.

Exercı́cio 2 [35 pontos]: Determine a função f : R → R, sem usar o método da convolução,

cuja transformada de Fourier é dada por
1
F(ω ) = ·
4 + 2iω − ω 2
S OLUÇ ÃO : Observe que o denominador de F(ω ) pode ser visto como um polinômio na
variável ω . Assim, determina-se as suas raı́zes e depois o fatora. As raı́zes do denominador
de F(ω ) são obtidas da seguinte forma:
4 + 2iω − ω 2 = 0 ⇒ ω 2 − 2iω − 4 = 0,
donde p
2i ± (−2i)2 − 4 · (1) · (−4) ,
ω=
2
ou seja, √ √ √
2i ± −4 + 16 2i ± 12 2i ± 2 3 √
ω= = = = i ± 3.
2√ 2√ 2
Logo, as raı́zes são ω1 = − 3 + i e ω2 = 3 + i da equação ω 2 − 2iω − 4 = 0. Assim,
F(ω ) pode ser reescrita na forma
1 1
F(ω ) = =
4 + 2iω − ω 2 − (ω 2 − 2iω − 4)
1 1
= = 2
−(ω − ω1 )(ω − ω2) i (ω − ω1)(ω − ω2)
1
=
[i(ω − ω1 )] · [(iω − ω2)]
1
= √   √ 
i(ω + 3 − i) · i(ω − 3 − i)

1
= √
√
·
iω + 1 + 3 i · iω + 1 − 3 i

2
Agora aplica-se frações parciais. Tem-se:
1 A B
√
√
= √ + √
iω + 1 + 3 i · iω + 1 − 3 i iω + 1 + 3 i iω + 1 − 3 i
√
√

A iω + 1 − 3 i + B iω + 1 3 i
= √
√

iω + 1 + 3 i · iω + 1 − 3 i
√
√

(iA + iB)ω + 1 − 3 i A + 1 + 3 i B
= √
√
·
iω + 1 + 3 i · iω + 1 − 3 i

Portanto, deve-se resolver o seguinte sistema linear:


 iA + iB = 0,
√
√

 1 − 3 i A + 1 + 3 i B = 1.

Da primeira linha segue-se que B = −A. Substituindo na segunda linha, encontra-se

 √   √ 
1 − 3i A− 1 + 3i A = 1
√ √
A − 3 Ai − A − 3 Ai = 1
√ 1
− 2 3 Ai = 1 ⇒ A=− √
2 3i
1 −i i
A=− √ · ⇒ A= √ ·
2 3 i −i 2 3
Logo,
i i
A= √ e B=− √ ·
2 3 2 3
Portanto, segue-se daı́ que F(ω ) é pode ser escrita na forma

1
F(ω ) = √
√

iω + 1 + 3 i · iω + 1 − 3 i

A B
= √ + √
iω + 1 + 3 i iω + 1 − 3 i
√ √
i/2 3 −i/2 3
= √ + √
iω + 1 + 3 i iω + 1 − 3 i
 
i 1 1
= √ √ − √
2 3 iω + 1 + 3 i iω + 1 − 3 i
" #
i 1 1
= √ √
− √
·
2 3 1+i ω + 3 1+i ω − 3

3
 Faça
i 1 i 1
G(ω ) = √ · e H(ω ) = − √ · ·
2 3 1 + iω 2 3 1 + iω
Agora observe que
 √   √ 
F(ω ) = G ω + 3 + H ω − 3 .

Pela fórmula 10 da tabela, tem-se que

−1
h  √ i √ h  √ i √
F G ω + 3 = e −i 3x · g(x) e F −1
H ω + 3 = e i 3x · h(x),
√
 √

pois é possı́vel escrever G ω + 3 = G ω − − 3 .
O próximo passo consiste em encontrar g(x) e h(x). Para isso usar-se-a a fórmula 4 da
tabela:
√
 
−1 1
F = 2π · e −α x · u0(x).
α + iω
Fazendo α = 1, obtém-se que
   
−1 i 1 i −1 1
g(x) = F √ · = √ ·F
2 3 1 + iω 2 3 1 + iω
i h√ i
= √ 2π · e −x · u0(x) .
2 3
Para h(x), também fazendo α = 1 na fórmula, obtém-se
   
−1 i 1 i −1 1
h(x) = F − √ · = − √ ·F
2 3 1 + iω 2 3 1 + iω
i h√ i
=− √ 2π · e −x · u0(x) .
2 3
Desse modo, segue-se que
√ i √ i √
h   
−1 −i 3x −x
F G ω− 3 =e · √ 2π · e · u0(x)
2 3
e
√ i √ i √
h   
−1 i 3x −x
F H ω+ 3 =e · − √ 2π · e · u0 (x) .
2 3
Com as duas últimas fórmulas é possı́vel determinar f (x). De fato,

−1 −1
h  √   √ i
f (x) = F [F(ω )] = F G ω + 3 +H ω − 3
h  √ i h  √ i
= F−1 G ω + 3 + F−1 H ω − 3

√ i √ √ i √
   
−i 3x −x i 3x −x
=e · √ 2π · e · u0 (x) + e · − √ 2π · e · u0(x)
2 3 2 3

4
 √ √
i 2π −(1+√3i)x i 2π −(1−√3)x
= √ ·e · u0(x) − √ · e · u0 (x)
2 3 2 3
√ √
i 6π −(1+√3i)x i 6π −(1−√3)x
= ·e · u0(x) − ·e · u0 (x)
6 6
√
i 6π h −(1+√3)x √ i
= e − e −(1− 3)x u0 (x),
6
que é o resultado desejado.

Exercı́cio 3 [35 pontos]: Use o método da convolução para resolver a seguinte equação
integral
1 ,
Z ∞
y(u) du
2 2
= 2 (0 < a < b)
−∞ (x − u) + a x + b2
e mostre que a solução é dada por

(b − a) · a
y(x) = ·
bπ · [ x2 + (b − a)2]

S OLUÇ ÃO : Faça

1
f (x) =
x2 + a2
e observe que a equação dada pode ser reescrita na forma
1 1 ,
Z ∞
y(u) · du =
−∞ (x − u)2 + a2 x2 + b2

ou ainda,
1
(2) (y ∗ f )(x) = ·
x2 + b2
Pela fórmula 6 da tabela, tem-se que
  √   √
1 2π −a|ω | 1 2π −b|ω |
(3) F 2 2
= ·e e F 2 = ·e .
x +a 2a x + b2 2b

Aplicando a transformada de Fourier em ambos os membros de (2) e aplicando o teorema

da convolução no tempo (capı́tulo 3), obtém-se
√
   
1 1
F [(y ∗ f )(x)] = F 2 ⇒ 2π · Y (ω ) · F(ω ) = F 2 ·
x + b2 x + b2

Usando (3) na última expressão acima, resulta

√ ! √
√ 2π −a|ω | 2π −b|ω |
2π · Y (ω ) · ·e = ·e .
2a 2b

5
 Resolvendo em termos de Y (ω ), encontra-se
√
2π −a|ω | 1 a
·e · Y (ω ) = · e −b|ω | ⇒ e −a|ω | · Y (ω ) = · e −b|ω |
a b b
a a
e −a|ω | · Y (ω ) = √ · e −b|ω | ⇒ Y (ω ) = √ · e −b|ω | · e a|ω |
b 2π b 2π
√ √
a 2π −b|ω | a|ω | a 2π −(b−a)|ω |
Y (ω ) = √ · √ · e ·e = · ·e ,
b 2π 2π bπ 2

ou seja, "√ #
a 2π −(b−a)|ω |
Y (s) = ·e .
bπ 2
Aplicando a transformada inversa em ambos os membros e usando a fórmula 6 da tabela,
√ !
2π −α |ω | α ,
F−1 ·e = 2 (α > 0),
2 x + α2

com α = b − a, obtém-se
( "√ #)
a 2π −(b−a)|ω |
y(x) = F−1 [Y (ω )] = F−1 ·e
bπ 2
"√ #
a 2π −(b−a)|ω |
= · F−1 ·e
bπ 2

= (fórmula 6 da tabela)

a b−a
= · 2
bπ x + (b − a)2

(b − a) · a ,
=
bπ · [ x2 + (b − a)2]

que é a solução da equação dada.