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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE ENGENHARIA
Teste: Primeiro Cursos: Engenharias
Disciplina: Análise Matemática III Ano: Segundo
Data: 05 de Abril de 2019 Duração: 100 minutos
CORRECÇÃO

1. (4.0 v.) Sejam z1 = (−1+
3
1−i
3i)
e z2 = eiα , com α ∈ [0, π[. Determine os valores de α, de
modo que z1 · z22 seja um número imaginário puro.
Resolução:
√ √
Escrevendo −1 + 3i na forma polartemos −1 + 3i = ρeiθ , onde:
√ √ √ √ √
• ρ=|−1+ 3i| = (−1)2 + ( 3)2 = 1 + 3 = 4 = 2

• θ = arctan −13 = π − π3 = 2π3 .
√ 2π
Assim, −1 + 3i = 2ei( 3 ) .
√ ( 2π
)3
Pelo que (−1 + 3i)3 = 2ei( 3 ) = 8e2πi = 8e0·i = 8.
Escrevendo 1 − i na forma polar temos 1 − i = φeiβ , onde:
√ √ √
• φ = |1 − i| = 12 + (−1)2 = 1 + 1 = 2
• β = arctan −11 = −4.
π

√ π
Assim, 1 − i = 2ei( 4 ) .
Atenção: Houve uma falha em alguns enunciados, por isso as partes nais terão
duas variantes (uma para eα e outra para eiα ).
VARIANTE 1
Calculando as potências, o quociente e o produto na forma polar para eα , vem:
(√ √ )
8 8 π √ π √ π √ 2 2
z1 ·z22 = √ i( π ) ·(eα )2 = √ ei( 4 ) ·e2α = 4 2ei( 4 ) ·e2α = 4 2eα ei 4 = 4 2eα +i .
2e 4 2 2 2

Daqui percebemos que para qualquer valor de α pertencente a [0, π[ temos a prevalência
da parte real. Isto implica que não existem os valores de α tais que z1 · z22 é um número
imaginário puro.
VARIANTE 2
Calculando as potências, o quociente e o produto na forma polar para eiα , vem:
8 8 π √ π √ π
z1 · z22 = √ i( π4 )
· (eiα )2 = √ ei( 4 ) · e2αi = 4 2ei( 4 ) · e2αi = 4 2ei( 4 +2α) .
2e 2

Logo, para que z1 · z22 seja imaginário puro, temos que arg(z1 · z22 ) = π
2 + kπ, k ∈ Z.
Pelo que:

π π π π kπ
+ 2α = + kπ, k ∈ Z ⇔ 2α = + kπ, k ∈ Z ⇔ α = + , k ∈ Z.
4 2 4 8 2
Como α ∈ [0, π[, concretizando os valores de k, temos que α = π8 (k = 0) e α = π8 + π2 =
8 (k = 1) são os únicos valores de α ∈ [0, π[, para os quais z1 · z2 é um imaginário puro.
5π 2

1
2. (4.0 v.) Prove que a função

v(x, y) = sinh 3x · sin 3y + e2x cos 2y

é parte imaginária de uma certa função analítica. Restabeleça-a de modo que f (0) = 1 + i.
Resolução:

Vericando se a função v(x, y) satisfaz a condição de Laplace:

′ ′′
Vx = 3 cosh 3x · sin 3y + 2e2x cos 2y ⇒ Vxx = 9 sinh 3x · sin 3y + 4e2x cos 2y

′ ′′
Vy = 3 sinh 3x · cos 3y − 2e2x sin 2y ⇒ Vyy = −9 sinh 3x · sin 3y − 4e2x cos 2y

′′ ′′
Vxx + Vyy = 9 sinh 3x · sin 3y + 4e2x cos 2y + (−9 sinh 3x · sin 3y − 4e2x cos 2y) = 0

Então, a função v(x, y) satisfaz a condição de Laplace, por isso é parte imaginaria de uma
função analítica f (z) = u(x, y) + iv(x, y).
Achemos a parte real u(x, y):

u′x = vy′ = 3 sinh 3x · cos 3y − 2e2x sin 2y


⇒ u(x, y) = 3 sinh 3x · cos 3y − 2e2x sin 2ydx = cosh 3x · cos 3y − e2x sin 2y + φ(y).

Determinemos φ(y) :

u′y = −vx′ ⇒ −3 cosh 3x · sin 3y − 2e2x cos 2y + φ′ (y) = −(3 cosh 3x · sin 3y + 2e2x cos 2y)

⇒ φ′ (y) = 0 ⇒ φ(y) = C.

Portanto, u(x, y) = cosh 3x · cos 3y − e3x sin 2y + C.


Então, f (x + iy) = (cosh 3x · cos 3y − e2x sin 2y + C) + i(sinh 3x · sin 3y + e2x cos 2y). De
f (0) = 1 + i, segue-se que C = 0. Daqui temos

f (x + iy) = (cosh 3x · cos 3y − e2x sin 2y + C) + i(sinh 3x · sin 3y + e2x cos 2y).

Transformando da forma algébrica obtida para a forma complexa, dependente da variável


complexa z temos:

f (x + iy) = (cosh 3x · sin 3y + i sinh 3x · sin 3y) + ie2x (cos 2y + i sin 3y)
= (cosh 3x·cosh 3iy+sinh 3x·sinh 3iy)+ie2x ·e2y = cosh 3(x+iy)+ie2(x+iy) = cosh 3z +ie2z

Portanto, f (z) = cosh 3z + ie2z .

2
3. (4.0 v.+4.0 v.)Calcule os seguintes integrais:

1
a) dz sobre os pontos da semicircunferência de centro 2 e de raio 1 com parte real
z
superior a 2 e percorrida no sentido negativo.
Resolução: A circunferência descrita pode ser dada pela equação |z − 2| = 1 (Figura 1).

Com o auxílio das coordenadas polares obtemos z − 2 = eiθ . Sendo percorrido no sentido
negativo temos:
π π
z = e−iθ + 2 = 2 + cos θ − i sin θ, − ≤ θ ≤ e dz = (− sin θ − i cos θ)dθ.
2 2
Substituindo obtemos

∫ ∫ π ∫ π
1 2 1 2 (− sin θ − i cos θ)(2 + cos θ + i sin θ)
dz = (− sin θ−i cos θ)dθ = dθ
z − π2 2 + cos θ − i sin θ − π2 (2 + cos θ − i sin θ)(2 + cos θ + i sin θ)

∫ π ∫ π
2 −2 sin θ − 2i cos θ − i 2 −2 sin θ − i(2 cos θ − 1)
= dθ = dθ
− π2 (2 + cos θ)2 + sin2 θ − π2 5 + 4 cos θ
∫ π ∫ π
2 −2 sin θ 2 2 cos θ − 1
= dθ − i dθ.
− π2 5 + 4 cos θ) − π2 5 + 4 cos θ

Efectuando a mudança de variável no segundo integral tan 2θ = t, temos cos θ = 1−t2


1+t2
e
2 dt. Obtemos então,
2
dθ = 1+t

∫ ∫ 2 ∫
1 1 π 1 2 1−t
1+t2
−1 2 1 1
1 − 3t2 1
dz = ln(5+4 cos θ) 2
− π2 −i 2 2
dt = (ln 5−ln 5)−2i dt
z 2 −1 5 + 4 1−t 1+t 2 −1 t2 + 9 1 + t2
1+t2

∫ 1 ( ) [ ]1
1 7 1 7 3
= −2i 2
− 2
dt = −2i arctan t + arctan
−1 2(t + 1) 2(t + 9) 2 6 t −1
( )
1 7 1 7
= −2i arctan 1 + arctan 3 − arctan(−1) − arctan(−3)
2 6 2 6
( ) ( )
π π 7 π 14
= −2i + + 2 · arctan 3 = − − arctan 3 i.
8 8 6 2 3
I
iz
b) dz, onde C é dado por
C (2z − i)3

2zz + (2 − i)z = 2 − (2 + i)z.

Resolução:

O integral pode ser escrito da seguinte forma


I I
(i − 1)z 1 (i − 1)z
dz = dz.
C (2z − i)3 8 C (z − 2i )3

3
Representando a região de integração:
C ≡ 2zz + (2 − i)z = 2 − (2 + i)z
⇒ 2(x2 + y 2 ) + (2 + i)(x + yi) + (2 − i)(x − yi) = 2
⇒ 2(x2 + y 2 ) + 2x + 2yi + xi − y + 2x − 2yi − xi − y = 2
⇒ 2(x2 + y 2 ) + 4x − 2y = 2 ⇒ x2 + y 2 + 2x − y = 1
⇒ (x + 1)2 + (y − 21 )2 = 94 , isto é, uma circunferência de centro (−1, 21 ) e raio 32 . (Veja a
Figura 2)
Vericando os pontos nos quais o integrando deixa de ser uma função analítica, isto é, os
pontos singulares:

i i
(z − )3 = 0 ⇒ z = .
2 2
Daqui percebe-se que z = 2i tem multiplicidade 3 e pertence ao interior de C . Temos que
derivar duas vezes a função f (z) = iz . Assim:

f ′ (z) = iz ln i ⇒ f ′′ (z) = iz ln2 i.

Substituindo z = i
2 em f ′′ (z) temos:

i π π π2 π
f ′′ ( ) = i 2 ln2 i = e 2 ln i ln2 i = e 2 (ln 1+ 2 i) (ln 1 + i)2 = e− 4 · ( i)2 = − e− 4 .
i i i π π

2 2 2 4
Portanto
I ( 2 )
(i − 1)z 1 2πi ′′ i 1 π −π π2 − π
dz = · f ( ) = · − e 4 = − e 4.
C (2z − i)3 8 2! 2 8 4 32

4. (4.0 v.) Desenvolver w(z) = z+5


z 3 +2z 2
em torno de z = −2 (em uma das partes da sua
convergência).
Resolução:
( ) ( )
z+5 1 z+5 1 3
w(z) = z 3 +2z 2
= z2 z+2 = z2
1+ z+2

Para desenvolver z12 em potências de z + 2 podemos recorrer ao desenvolvimento de 1


z e
fazermos a derivada em ambos membros. Assim temos


1 1 1 (z + 2)n
= = =− , |z + 2| < 2.
z z+2−2 −2(1 − z+2
2 )
2n+1
n=0

Aplicando a derivada teremos:



∑ n(z + 2)n−1
1
= , |z + 2| < 2.
z2 2n+1
n=1

Então ( ) ( )∑

1 3 3 n(z + 2)n−1
w(z) = 2 1+ = 1+
z z+2 z+2 2n+1
n=1

4
( )( )
3 1 2 3 2 n(z + 2)n−1
= 1+ + (z + 2) + 4 (z + 2) + ... + + ...
z+2 22 23 2 2n+1
( )
1 1 3 2 n(z + 2)n−1
= + (z + 2) + (z + 2) + ... + + ...
4 4 16 2n+1

( )
3 1 3 9 3 3 n(z + 2)n−1
+ 2
+ + (z + 2) + (z + 2) + ... + + ... , 0 < |z + 2| < 2
4 z + 2 4 16 8 z+2 2n+1

( ) ( ) ( ) ( )
1 3 1 9 3 3 2 (n − 1)(z + 2)n−2 3n(z + 2)n−2
= + + + (z+2)+ + (z+2) +...+ + +...
4 4 4 16 16 8 2n 2n+1

3 1 13 9 5n − 2
= + 1 + (z + 2) + (z + 2)2 + ... + n+1 (z + 2)n−2 + ...
4z+2 16 16 2
Avaliando os termos deduzimos que

∑ 5n − 2∞ ∑ 5n − 2 ∞
3 1
w(z) = + n+1
(z + 2)n−2 = (z + 2)n−2 , 0 < |z + 2| < 2.
4z+2 2 2n+1
n=2 n=1

Figura 1: Exercicio 3a Figura 2: Exercicio 3b

FIM! Regente: Alexandre Kalashnikov


Assistentes: Alfredo Muxlhanga
Anselmo Cossa

Dário Maxaieie

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