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Universidade do Minho

Licenciatura em Matemática
Departamento de Matemática

Análise Complexa
Exame de recurso 12 de Fevereiro de 2021

1. Temos
 2 −2z+1−2 i
  2 
ez − 1 (z 6 + 8 i) = 0 ⇐⇒ ez −2z+1−2 i − 1 = 0 ou z 6 + 8 i = 0
 2 
⇐⇒ ez −2z+1−2 i = 1 ou z 6 = −8 i
⇐= z 2 − 2z + 1 − 2 i = 0 ou z 6 = −8 i .


π √ π kπ
As soluções de z 6 = −8 i, ou seja, de z 6 = 8e−i 2 são 6
8ei(− 12 + 3 ) i , com k ∈ {0, 1, 2, 3, 4, 5}.
2+∆
As soluções de z 2 − 2z + 1 − 2 i = 0 são z = 2 em que ∆2 = 8i. Daqui obtemos ∆ = ±(2 + 2i) e
portanto z = 1 + i ou z = −i.

2. Foi feito nas aulas um exercı́cio quase igual. Ver ficheiro Acetatos_Analise_Complexa_1.pdf, página
59. Nesse exemplo, no lugar de sen (x) e cos(x) está x e y, respectivamente.
Sejam u e v definidas por u(x, y) = sen 2 (x) − sen 2 (y) e v(x, y) = 2 |x y|. É claro que ux (0, 0) =
uy (0, 0) = 0 (basta derivar e substituir no ponto) e que vx (0, 0) = vy (0, 0) = 0 (aqui é preciso ir pela
definição, como aparece no ficheiro referido acima).
Uma vez que u é de classe C ∞ , f é derivavel em 0 se e só se

|v(x, y) − v(0, 0) − ∇v(0, 0) · (x − 0, y − 0)| 2 |xy|


lim p = 0 ou seja lim p = 0.
(x,y)→(0,0) (x − 0)2 + (y − 0)2 (x,y)→(0,0) x2 + y 2

Isto é verdade porque

|y|
0 ≤ 2|x| p = 0.
x2 + y 2
| {z }
≤1

Em relação ao ponto i o que está no ficheiro referido chega e sobra (página 60).

3. Considere f : C \ {1, 0, −1} −→ C.


sen (π z)
z 7→ z 3 (z 2 −1)
a) Desenhe um caminho fechado C tal que Ind (C, 0) = 3, Ind (C, 1) = 1 e Ind (C, −1) = −1.
Z
b) Calcule f (z) dz em que C é o caminho encontrado na alı́nea anterior.
C
Z +∞
cos(x) π
4. Mostre que 2 2
dx = .
−∞ (x + 1) e
b→C
5. Defina uma transformação de Möbius T : C b que envia o semi-plano Im(z) ≤ 0 no disco D(1, 1).
Qual a imagem por T do eixo imaginário?

6. Seja f : C → C derivável tal que lim |f (z)| = ∞. Mostre que f é um polinómio.


|z|→∞

Opções: Sempre com metade da cotação da pergunta que substitui.

A1. Se z é um zero de p então z não é um zero simples se p(z) = p0 (z) = 0. Temos assim, sucessivamente

z 6 + 12 z 2 + 10 z 6 + 12 z 2 + 10 z 6 + 12 z 2 + 10 z 6 + 12 z 2 + 10
    
=0 =0 =0 =0
ou
6z 5 + 2z =0 z(3z 4 + 1) =0 z =0 3z 4 + 1 =0

É claro que o sistema vermelho não tem solução. Quanto ao sistema azul há várias maneiras de o
resolver. Podemos tirar o valor de z na equação de baixo e substituir na de cima; ou (melhor ainda)
tirar o valor de z 2 na equação de baixo e substituir na de cima; ou (melhor ainda) tirar z 4 = − 13 da
equação de baixo e substituir na equação de cima obtendo − 13 z 2 + 12z 2 + 10 = 0, ou seja, z 2 = − 30
35 o
4 302
que implica z = 352 , o que é absurdo.
Para a segunda parte da pergunta vamos aplicar o teorema de Rouché, comparando p(z) com q(z) = z 6 ,
no caminho C(0, r), sendo r um número a escolher. Note-se que ambos os polinómios têm 6 zeros
(contando com a multiplicidade.
Temos, para z ∈ C(0, r), ou seja, |z| = r,

|p(z) − q(z)| = |12z 2 + 10| ≤ 12|z|2 + 10 = 12r2 + 10




|q(z)| = |z|6 = r6

Se escolhermos r tal que 12r2 + 10 < r6 então, se |z| = 2, |p(z) − q(z)| < |q(z)|. Usando o teorema de
Rouché, concluı́mos que o polinómio original tem 6 zeros (contando com a multiplicidade) tem 6 zeros
em B(0, r). Um valor de r que satisfaz a condição é r = 2.
Nota: É claro que poderı́amos ter considerado o polinómio p1 (z) = z 3 + 12z + 10, notando que p e q
não se anulam e que os zeros de p são as raı́zes quadradas das raı́zes de p1 .

A2. A ideia é comparar f com a função g definida por g(z) = z − 3, que tem apenas um zero, que é simples,
na região delimitada por Dr .
Vamos assim mostrar que, se z ∈ Dr então |f (z) − g(z)| < |g(z)|, ou seja, e1− Rez < |z − 3|.

Note-se que: Por outro lado e1− Rez < e < 3;

ˆ se z pertence ao segmento (horizontal) que ˆ de modo análogo, se z pertence ao segmento


une ir a r + ir então |z − 3|, distância de z a (horizontal) que une −ir a r−ir então |z −3|,
3, é maior ou igual a r porque o ponto desse distância de z a 3, é maior ou igual a r porque
segmento que está mais perto de 3 é 3 + r i. o ponto desse segmento que está mais perto
de 3 é 3 − r i. Por outro lado e1− Rez < e < 3;

ˆ se z pertence ao segmento (vertical) que une


−ir a ir então |z − 3|, distância de z a 3, é
maior ou igual a 3 porque o ponto desse seg-
mento que está mais perto de 3 é 0. Por outro
lado e1− Rez = e < 3;

ˆ se z pertence ao segmento (vertical) que une


r − ir a r + ir então |z − 3|, distância de z a 3,
é maior ou igual a r − 3 porque o ponto desse
segmento que está mais perto de 3 é r. Por
outro lado e1− Rez = e1−r < e−4 < 1 < r − 3;

Concluı́mos assim que f admite um e um só zero na região referida.

B1. Opção a 1. O polinómio que aparece no numerador é essencialmente irrelevante para a resolução do
1
exercı́cio, pois o que interessa é desenvolver z 2 +3z+2 . Nas aulas calculamos o desenvovimento da função
1
z 2 −3z+2
, mas nada muda de essencial (em vez de (z − 1)(z + 2) temos (z + 1)(z + 2).
Sendo assim vou colocar apenas a resposta
∞ n+1 − 1 ∞
1 X
n2 z3 X
n2
n+1 − 1
= (−1) zn, = (−1) z n+3
z 2 + 3z + 2 2n+1 z 2 + 3z + 2 2n+1
n=0 n=0

z2 + 1 1
B2. Opção a 2. Encontre o coeficiente de z 100 da série de potências centrada em 0 da função 2
+ .
(z + 1) z−1
C. 0 é a única singularidade de f . Deste modo, como Ind (C(1, 2), 0) = 1
Z
f (z) dz = Res (f, 0).
C(1,2)

Seja (an )n∈N tal que


∞ ∞
X X an
an z n e, portanto, sen 1

sen (z) = z = .
zn
n=0 n=0

(Estou a fazer de conta que não conheço a sucessão (an )n∈N .)


Deste modo
∞ ∞ ∞
X
n−7
X an X 2an 1
f (z) = an z + + + 2.
z n−2 zn z
n=0 n=0 n=0
Isto dá-nos a série de Laurent de f em 0. Deste modo Res (f, 0) é o coeficiente de z1 nesta série. Resta
agora procurar nos 3 somatórios o coeficiente de z1 . Deste modo Res (f, 0) = a6 + a3 + 2a1 . Recorde-se
que, se g é uma função analı́tica em 0 então

g (n) (0)
∀n ∈ N an =
n!
1 11
e, portanto a6 = 0, a1 = 1 e a3 = −1. Deste modo o integral pedido é igual a 0 − 3! + 2, ou seja 6 .

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