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Universidade do Minho

Licenciatura em Matemática
Departamento de Matemática

Análise Complexa
Segundo teste 16 de Janeiro de 2023

1. A primeira parte foi feita numa aula e um exemplo aparece no Exemplo 3.19 dos apontamentos. Para
a segunda parte, o mais simples é escolher a e b tais que Ind (C, a) = Ind (C, b) = 0. O teorema dos
resı́duos garante então que o integral pedido é igual a 0.
2. Se z é um zero de p então z não é um zero simples se p(z) = p0 (z) = 0. Temos assim, sucessivamente

z 6 + 12 z 2 + 10 z 6 + 12 z 2 + 10 z 6 + 12 z 2 + 10 z 6 + 12 z 2 + 10
    
=0 =0 =0 =0
ou
6z 5 + 24z =0 z(z 4 + 4) =0 z =0 z4 + 4 =0

É claro que o sistema vermelho não tem solução. Quanto ao sistema azul podemos: tirar o valor de z
na equação de baixo (±1± i) e substituir na de cima; ou (melhor ainda) substituir z 4 = −4 na equação
de cima obtendo −4z 2 + 12z 2 + 10 = 0, ou seja, z 2 = − 45 o que implica z 4 = 25
16 , o que é absurdo.
Para a segunda parte da pergunta vamos aplicar o teorema de Rouché, comparando p(z) com q(z) = z 6 ,
no caminho C(0, r), sendo r um número a escolher. Note-se que ambos os polinómios têm 6 zeros
(contando com a multiplicidade).
Temos, para z ∈ C(0, r), ou seja, |z| = r,

|p(z) − q(z)| = |12z 2 + 10| ≤ 12|z|2 + 10 = 12r2 + 10




|q(z)| = |z|6 = r6

Se escolhermos r tal que 12r2 + 10 < r6 então, se |z| = r, |p(z) − q(z)| < |q(z)|. Usando o teorema de
Rouché, concluı́mos que o polinómio original tem 6 zeros (contando com a multiplicidade) tem 6 zeros
em B(0, r). Um valor de r que satisfaz a condição é r = 2.

3. Comecemos por notar que


z z 1
f (z) = = · . (1)
(z − i)(z + i) z−i z+i

Por outro lado


∞ ∞ ∞ n+1
1 1 1 1 1 X  z − i n i X in n
X i
= = · z−i
= − =− n
(z − i) = − (z − i)n
z+i 2i + (z − i) 2i 1 + 2i 2i 2i 2 2 2n+1
n=0 n=0 n=0

Usando (1) e a igualdade z = i + (z − i) temos


∞ n+1 ∞ n+1 ∞
in
  X
i i n
X i n
X
f (z) = − 1 + · (z − i) = − (z − i) + (z − i)n−1
z−i 2n+1 2n+1 2n+1
n=0 n=0 n=0
∞ n+1 ∞ n+1 ∞  n+1 in+1

X i n
X i n
X i
=− (z − i) + (z − i) = − + (z − i)n
2n+1 2n+2 2n+1 2n+2
n=0 n=−1 n=0
∞ n+1
1 1 X i
= − (z − i)n
2z−i 2n+2
n=0
4. a) A função está definida numva vizinhança do ponto 0. Deste modo Res (f, 0) = 0.
b) Usando a série de Taylor da função seno, sabemos que existe uma função P : C → C derivável
tal que, para todo z ∈ C, sen (z) = z + z 3 P (z). Deste modo
z 3 + z 9 P (z) 1
g(z) = 7
= 4 + z 2 P (z)
z z
e portanto, Res (f, 0) = 0 porque a função z 2 P (z) é analı́tica em C.
c) Como, aplicando a regra de L’Hôpital duas vezes na última igualdade
z2 z z 1 1
lim z
= lim z lim = lim z lim = 1,
z→0 (e − 1) sen (z) z→0 e − 1 z→0 sen (z) z→0 e z→0 cos(z)

concluı́mos que 0 é um pólo de ordem 2 de h. Temos assim que, usando limites calculados acima,
0 0 0 
z2
  
z z z z
Res (h, 0) = lim = lim · +
z→0 (ez − 1) sen (z) z→0 ez − 1 sen (z) ez − 1 sen (z)
ez − 1 − zez z z sen (z) − z cos(z)
= lim · lim + lim z lim
z→0 (ez − 1)2 z→0 sen (z) z→0 e − 1 z→0 sen 2 (z)
−ze z z sen (z) −z z 1
= lim z z
+ lim = lim z
+ lim =− .
z→0 2(e − 1)e z→0 2 sen (z) cos(z) z→0 2(e − 1) z→0 2 cos(z) 2

5. Essencialmente resolvido numa aula. Ver também um ficheiro disponibilizado na blackboard.


f0
6. a) Completando o que é dito na sugestão f = eg se e só se g 0 = f e f (0) = eg(0) .
f0
Como f é uma função derivável definida em C, que é um aberto simplesmente conexo, ela é
f0 f0
primitivável. Seja G : C → C uma primitiva de f . Qualquer primitiva de f é da forma
f (0)
g = G + c para algum c ∈ C. Resta agora encontrar c ∈ C tal que eg(0) = f (0) ou seja ec = eG(0)
.
f (0)
Como a a imagem da função exponencial é C \ {0} e eG(0)
6= 0 então tal c existe.
b) Recorde-se que a função nula é a única função analı́tica definida num aberto conexo que admite
zeros de multiplicidade infinita. E é claro que a função nula é da forma exigida.
Suponhamos agora que f admite apenas um número finito de zeros z1 , . . . , zn com multiplicidades
m1 , . . . , mn ∈ N, respectivamente. Então, por definição de multiplicidade, existe uma função
derivável F : C → C que não se anula e tal que f (z) = (z − z1 )m1 · · · (z − zn )mn F (z). Resta agora
aplicar a alı́nea a) a F .

Opção A primeira condição diz que 0 é singularidade removı́vel ou um pólo de ordem 1 ou 2 de f . Deste
modo existe uma função g : C → C derivável e b1 , b2 ∈ C tais que
b1 b2 b2
∀z ∈ C \ {0} f (z) = g(z) + + 2, zf (z) = zg(z) + b1 +
z z z
Do que é dito no enunciado do Teorema 5.3, concluı́mos que b1 = b2 = 0. Ou então, usando o facto de
g(z) e zg(z), b1 e zb22 serem funções integráveis em domı́nios contendo C temos
Z Z
f (z)dz = 2π ib1 , zf (z)dz = 2π ib2 .
C(0,1) C(0,1)

Poderı́amos ter usado o teorema dos resı́duos notando que Res (f (z), 0) = b1 e Res (zf (z), 0) = b2 ).
Concluı́mos assim que 0 é uma singularidade removı́vel de f .

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