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Ano 2015
http://www.ime.usp.br/~oliveira oliveira@ime.usp.br
1
Capı́tulo 1
NÚMEROS COMPLEXOS
Capı́tulo 2
TOPOLOGIA DO PLANO C
Capı́tulo 3
POLINÔMIOS
Capı́tulo 4
SÉRIES E SOMABILIDADE
Capı́tulo 5
SÉRIES DE POTÊNCIAS
Capı́tulo 6
FUNÇÕES ANALÍTICAS
Capı́tulo 7
EXPONENCIAL, ÍNDICE,
PRINCÍPIO DO ARGUMENTO
E TEOREMA DE ROUCHÉ
Capı́tulo 8
TEOREMA DE CAUCHY
HOMOTÓPICO E
LOGARITMO
Capı́tulo 9
TEOREMA E ESFERA DE
RIEMANN E APLICAÇÕES
CONFORMES
Capı́tulo 10
INTEGRAÇÃO COMPLEXA
Capı́tulo 11
APLICAÇÕES DA
INTEGRAÇÃO COMPLEXA
nos pontos z em que suas partes regular e principal convergem. A parte regular
é uma série de potências e indicamos seu raio de convergência por R1 . Por outro
lado, a parte principal é a série de potências
+∞
∑ a−n wn , em w =
1
z−ζ
,
n=1
[com R2 = +∞ se ρ2 = 0 e R2 = 0 se ρ2 = +∞].
1
R2
Notemos que se R2 = +∞, a parte principal diverge para todo z ∈ C.
13
Ω
R2
R1
ζ
n=−∞
converge uniforme e absolutamente nos compactos no anel de convergência
Ω = A(ζ; R2 ; R1 ) = {z ∈ C ∶ R2 < ∣z − ζ∣ < R1 }.
(b) A função
f (z) = ∑ an (z − ζ)n , onde z ∈ Ω,
n=+∞
n=−∞
é derivável termo a termo e
f ′ (z) = ∑ nan (z − ζ)n−1 .
+∞
n=−∞
(c) Seja γ(θ) = ζ + reiθ , com θ ∈ [0, 2π] e R2 < r < R1 . Então temos
f (z)
an =
1
2πi ∳ (z − ζ)n+1
dz, para todo n em Z.
γ
Prova.
(a) Sejam r1 e r2 tais que R2 < r2 < r1 < R1 . Então,
⎧
⎪
⎪ ∑ an (z − ζ)n converge uniforme e absolutamente em {z ∶ ∣z − ζ∣ ≤ r1 }
+∞
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ n=0
⎨ e
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ ∑ a−n wn converge uniforme e absolutamente em {w ∶ ∣w∣ ≤ r12 < R12 } .
+∞
⎪
⎩ n=1
No compacto {z ∶ r2 ≤ ∣z −ζ∣ ≤ r1 } as séries ∑+∞
n=0 an (z −ζ) e ∑n=1 a−n (z −ζ)
n +∞ −n
14
(b) Trivial, pois a parte regular é uma série de potências ao passo que a parte
principal é uma série de potências composta com a função holomorfa
1
z−ζ
.
γ k∈Z γ
Então, existem duas sequências (bm )m≥1 e (an )n≥0 , de números em C, tais que
f (z) = ∑
+∞ +∞
+ ∑ an (z − ζ)n , para todo z ∈ Ω.
bm
m=1 (z − ζ)
m
n=0
Prova.
Pelo Lema 11.1 basta provar que existe uma série de Laurent para f , em
Ω. A unicidade segue do Lema 11.1 (c). A seguir, representamos f via
Fórmula Integral de Cauchy e então expandimos o integrando em séries.
Fixado um ponto z na coroa Ω = {z ∶ ρ1 < ∣z − ζ∣ < ρ2 }, sejam r1 > 0 e r2 > 0
tais que
ρ1 < r1 < ∣z − ζ∣ < r2 < ρ2 .
{z ∶ r1 < ∣z − ζ∣ < r2 }
15
O ciclo γ2 − γ1 é homólogo a 0 em Ω [cheque].
γ2
ρ2
γ1
ρ1
r1
r2
f (w) f (w)
(11.2.1) f (z) =
1 1
2πi ∫ w−z
dw−
2πi ∫ w−z
dz.
γ2 γ1
+∞ ⎛ ⎞
f (w) f (w)
∫ w−z = ∑ ∫ ⎜ ⎟ (z − ζ)n ,
(w −
dw dw
n=0 ⎝ ⎠
ζ)n+1
γ2 γ2
16
11.3 Definição. Seja Ω um aberto em C e ζ ∈ Ω. Se f ∈ H(Ω ∖ {ζ}), dizemos
que f tem uma singularidade isolada em ζ.
Seja ζ uma singularidade isolada de f . Pelo Teorema 11.2, em uma bola “reduzida”
f (z) = ∑
+∞ +∞
+ ∑ an (z − ζ)n ,
bm
m=1 (z − ζ)m
n=0
ν(f ; ζ) = −k.
(e) f é limitada em alguma bola reduzida B ∗ (ζ; r) = B(ζ; r) ∖ {ζ}, com r > 0.
17
Prova.
lim ∣f (z)∣ = ∞.
z→ζ
Prova.
18
(a) (⇒) Temos,
f (z) =
+∞
+ ⋯ + + ∑ an (z − ζ)n , bk ≠ 0 , e
bk b1
(z − ζ)k z − ζ n=0
n=0
Logo,
lim(z − ζ)k f (z) = bk ≠ 0.
z→ζ
(⇐) Se
lim(z − ζ)k f (z) = β ∈ C∗ ,
z→ζ
Donde,
f (z) = ∑ cn (z − ζ)n−k , β ≠ 0,
+∞
+ + ⋯ + +
β c1 ck−1
(z − ζ)k (z − ζ)k−1 z − ζ n=k
o que mostra que ζ é um polo de ordem k.
Logo,
∣(z − ζ)k f (z)∣
lim ∣f (z)∣ = lim = ∞♣
z→ζ z→ζ ∣z − ζ∣k
19
● Dizemos que f é meromorfa no aberto Ω ⊂ C se f é holomorfa em
Ω ∖ P,
(z − ζ)m f (z)
Prova.
f ( B ∗ (ζ; r) ) ⋂ B(w; ǫ) = ∅.
Então temos:
∣f (z) − w∣ ≥ ǫ para todo z ∈ B ∗ (ζ; r),
20
ǫ
f −w = ,
1
g
concluı́mos que ζ é um polo de f , contra a hipótese.
f (z) = w + é holomorfa ☇
1
g
21
11.8 Definição. Dizemos que f tem uma singularidade isolada em ∞ se f é
analı́tica em
○ A ordem de f em ∞ é a ordem de g em 0.
22
De forma mais geral, consideremos um aberto Ω na esfera de Riemann S 2 .
○ Uma função G é dita meromorfa em Ω se G é analı́tica em Ω, exceto um
conjunto (contável) de singularidades isoladas, com todas elas polos.
Comentários. Por favor, cheque as afirmações abaixo sobre funções meromorfas.
● Somas e produtos de meromorfas são meromorfas. Quocientes de meromor-
fas são meromorfas, se o denominador não é a função nula.
b1 = Res(f, ζ) .
Dada uma circunferência γ(θ) = ζ + δeiθ , para θ ∈ [0, 2π] e com 0 < δ < r e
então orientada no sentido anti-horário, pelo Lema 11.1(c) segue
23
11.10 Teorema dos Resı́duos. Seja f holomorfa em Ω ∖ S, com S o conjunto
das singularidades isoladas de f em Ω. Seja Γ um ciclo em Ω ∖ S e homólogo a
0 em Ω. Então,
f (w)dw = ∑ IndΓ (ζ)Res(f ; ζ).
1
2πi ∫Γ ζ∈S
Ω −
γ2 − γm
ζ2
ζn
Γ
γ1−
ζ1
Prova.
Sejam
S ∗ = {ζ ∈ S ∶ Ind(Γ; ζ) ≠ 0}
24
Escrevamos
S ∗ = {ζ1 , . . . , ζn }.
mj = Ind(Γ; ζj ).
Ind(Γ; α) = mk e Ind (∑ mj γj ; α) = mk .
n
j=1
= 2πi ∑ mj Res(f ; ζj )♣
n
j=1
25
11.11 Lema (Propriedades Operatórias para Resı́duos).
Res(f, a) = 0.
g k−1 (a)
Res(f, a) = , onde g(z) = (z − a)k f (z).
(k − 1)!
(R4) Temos,
f (a)
Res ( , a) = ′
f
g (a)
.
g
(R5) Temos,
Res ( , a) = ′
1 1
g (a)
.
g
● (Resı́duo Fracionário) Seja a um polo simples de f . Seja γǫα um arco de
circunferência de ângulo α contida na circunferência de centro a e raio
ǫ > 0, orientada no sentido anti-horário, {z ∶ ∣z − a∣ = ǫ}.
(R6) Temos,
lim ∳ f (z)dz = α i Res(f, a).
ǫ→0 γǫα
Prova.
(R1) Trivial.
f (z) = + ∑ an (z − a)n .
+∞
b1
z − a n=0
26
Logo,
lim(z − a)f (z) = lim (b1 + ∑ an (z − a)n+1 )
+∞
z→a z→a
n=0
= b1
= Res(f, a).
f (z) =
+∞
+ ⋯ + + ∑ an (z − a)n .
bk b1
(z − a)k z − a n=0
Então,
n=0
g (k−1) (a)
b1 =
(k − 1)!
.
(R4) Devido às hipótese temos, para ∣z −a∣ < r, com 0 < r e r pequeno o suficiente,
⎧
⎪
⎪
⎪ f (z) = f (a) + f ′ (a)(z − a) + ⋯ + f n!(a) (z − a)n + ⋯ ,
(n)
⎪
⎪
⎨
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩ g(z) = g (a)(z − a) + ⋯ + n! (z − a) + ⋯ , g (a) ≠ 0.
′ g (n) (a) n ′
f (z) f (a)
= [ ′ + a1 (z − a) + a2 (z − a)2 + ⋯] , se 0 < ∣z − a∣ < ρ.
1
g(z) z − a g (a)
Donde segue
f (a)
Res ( , a) = ′
f
g (a)
.
g
[Uma prova breve (e menos transparente) de (R4), segue da Prop. 11.6 (a).]
27
(R5) Imediato de (R4).
(R6) Escrevamos
⎧
⎪
⎪
⎪ f (z) = z−a + g(z),
⎪
b1
⎪
⎨
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩ com g ∈ H(B(a; r) ), para algum r > 0.
⎪
Encontramos
∫γ α f (z)dz = b1 ∫γ α z − a + ∫γ α g(z)dz.
dz
ǫ ǫ ǫ
Notemos que
θ0 +α iǫeiθ
=∫
dz
∫γǫα z−a θ0 ǫeiθ
dθ
= αi.
Por outro lado, como a função g é contı́nua e portanto limitada por alguma
constante M > 0 em uma vizinhança de a, pela Estimativa M-L segue
∣∫ g(z)dz∣ ≤ M αǫ ÐÐ→ 0.
ǫ→0
γα ǫ
Assim,
∫γ α f (z)dz ÐÐ→ iαb1 .
ǫ→0
28
11.3 - Resı́duos no ponto ∞
A (0; 0; ) .
1
r
Segue então que a série de Laurent de f = f (z) na bola aberta (no plano
estendido) C ∖ D(0; r) e centrada no ponto ∞ é da forma
f (z) = ∑ an z n = ⋯ +
+∞
+ + a0 + a1 z + a2 z 2 + ⋯.
a−2 a−1
n=−∞ z2 z
Atenção. É falso, em geral, que Res(f ; ∞) = Res(g; 0). Por exemplo, para
g(z) = f ( )
1
z
temos
Res ( ; ∞) = −1 mas Res(z; 0) = 0.
1
z
29
Comentário. Expliquemos a frequente desigualdade
Res(f ; ∞) ≠ Res [f ( ) ; 0] .
1
z
Consideremos f holomorfa em C e γ a parametrização usual de uma circunferência
centrada na origem, porém orientada no sentido horário. Definamos
σ(t) =
1
.
γ(t)
σ ′ (t)
=∫ f( ) (− 2 ) dt.
1 1
0 σ(t) σ (t)
A seguir, definamos a função
g(w) = − f ( ).
1 1
w 2 w
Concluı́mos então a identidade
∲γ f (z)dz = ∳σ g(w)dw.
Donde segue a fórmula abaixo para o resı́duo de f no ponto ∞, a qual é bem útil,
Isto mostra que para definirmos o resı́duo de forma invariante por mudança de
coordenadas, o resı́duo não deve ser associado à função f (z) mas sim ao diferencial
f (z)dz.
Embora f (z) possa ser analı́tica em ∞, o diferencial f (z)dz pode não ser analı́tico
em ∞, como pode ser visto pela mudança de variável 1/z [cheque].
30
11.4 - Princı́pio do Argumento para Funções Meromorfas
Prova.
Res (
f′
; a) = ν.
f
◇ O caso: a um polo. Escrevamos (z − a)−ν f = g, com ν = ν(f ; a) o oposto
(aditivo) da ordem de a como um polo de f e g holomorfa tal que g(a) ≠ 0.
Encontramos g ′ = −ν(z − a)−ν−1 f + (z − a)−ν f ′ e
g′ −ν f′
= +
g z−a f
Assim, como g ′ /g é holomorfa, temos
Res (
f′
; a) = ν ♣
f
11.13 Teorema. Seja Γ um ciclo em Ω e homólogo a 0 em Ω. Seja f meromorfa
em Ω e com um número finito de polos e zeros nos pontos
ζ1 , . . . , ζn ,
dz = ∑ mj ν(f ; ζj ).
n
1 f′
∫
2πi Γ f j=1
31
No resultado a seguir, utilizamos a seguinte notação. Sejam f uma função
meromorfa em um aberto Ω e γ uma curva fechada e C 1 por partes em Ω, com
dz = Z(f ; γ) − P (f ; γ).
1 f′
2πi ∫γ f
Prova. Devido às hipóteses, o conjunto I(γ) está contido no aberto Ω.
Como f é meromorfa, o conjunto dos polos de f não tem ponto de acu-
mulação em Ω. Por hipótese, f não tem polos em Imagem(γ). Logo, o
conjunto dos polos de f no compacto I(γ) ∪ Imagem(γ) [vide Definição
7.16] é finito:
{p1 , . . . , pn }.
{z1 , . . . , zm }.
f′
Então, o conjunto das singularidades de f no aberto I(γ) é dado por
S = {z1 , . . . , zm , p1 , . . . , pn }.
32
11.5 - Cálculo de Integrais
● Se existir, o limite
f (x)dx
b
a→−∞ ∫
lim
a
b→+∞
∫−∞ f (x)dx,
+∞
e dizemos que a integral imprópria converge. Se tal limite não existir, di-
zemos que a integral imprópria diverge.
● Se existir, o limite
lim ∫ f (x)dx
r
r→+∞ −r
Indicamos então,
∫−∞ f (x)dx
+∞
e eles são iguais. É fácil mostrar que o reverso não ocorre (verifique).
33
P (x)
+∞
γ2
γ1
−r 0 r x
Figura 11.5: Ilustração ao Caso I
j=1 γ −r 0
34
Uma condição simples para que o limite à esquerda seja zero é dada por
⎧
⎪
⎪
⎪ existe K > 0 tal que ∣f (reit )∣ ≤ rK2 ,
⎪
⎪
(11.15.1) ⎨
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩ para todo t ∈ [0, π] e para todo r grande o suficiente.
Pois, neste caso, para r suficientemente grande temos
Logo, encontramos
+∞ +∞
∫ f (x)dx = V P ∫ f (x)dx
−∞ −∞
= 2πi ∑ res(f, aj ).
k
j=1
⎧
⎪ f (x) =
⎪
⎪
P (x)
⎪
⎪
⎪
Q(x) ,
⎪
⎪
⎪
⎪
onde
⎪
⎨
⎪
P e Q são polinômios com coeficientes reais,
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
satisfazendo
⎪
⎪
⎪
⎩ grau(Q) ≥ grau(P ) + 2 e Q não tem raı́zes reais.
35
Exemplo para o caso I. Compute
+∞dx
∫−∞ x4 + 1 .
ei 4 = ω e ei 4 = −ω.
π 3π
Pela propriedade (R5) [vide Lema 11.11] temos [observemos que ω 4 = −1]
⎧
⎪ (
⎪ 4 +1 ; e 4 ) = Q′ (ω) = 4ω 3 = − 4
⎪
iπ
1 1 1 ω
⎪
Res
⎪
z
⎨ e
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩ Res ( z4 +1 ; e 4 ) = 4(−ω)3 = 4 .
i3π
1 1 ω
Logo,
∫−∞ x4 + 1 = 2 (−ω + ω)
+∞ dx πi
πi √
= (− 2i)
√
2
=
π 2
♣
2
36
F (cos t, sent)dt.
2π
Caso II: ∫0
0 x
∣z∣ = 1, z = ,
1 dz
= iz e
z dt
cos t = (z + ), (z − ) e dt = .
1 1
sin t =
1 1 dz
2 z 2i z iz
Logo,
F (cos t, sin t)dt = ∫ F ( (z + ) , (z − )) .
2π 1 1 1 1 dz
∫0 γ 2 z 2i z iz
Se o integrando à direita não possui polos ao longo de γ, obtemos
com a1 , . . . , an as singularidades de
37
Exemplo 1 para o caso II. Compute
A função
⎡ ⎤
1 ⎢⎢ ⎥
⎥= −2i
f (z) = ⎢
1 2z
⎥ =
iz ⎢ a + 2 (z + z ) ⎥ iz(2az + z + 1) 2az + z 2 + 1
⎣ ⎦
1 1 2
não se anula ao longo da curva γ(θ) = eiθ , onde θ ∈ [0, 2π]. Ainda, temos
√ √
z 2 + 2az + 1 = (z + a)2 − (a2 − 1) = (z + a + a2 − 1)(z + a − a2 − 1).
√ √
Observemos que a + a2 − 1 > 1 e 0 < a − a2 − 1 < 1. Logo, o único polo de f
√
na bola B(0; 1) é
−a + a2 − 1 ∈ B(0; 1).
38
Exemplo 2 para o caso II. Compute
π
I =∫
2 dθ
.
0 1 + sin2 θ
Solução.
Notemos que
I= f (z)dz,
1 2π
= ∫
1 1 dz 1
=
dθ
∫
4 0 1 + sin θ 4 iz 4 ∫
+ [ (z − )]
2 1 1 2
∣z∣=1
1 2i z ∣z∣=1
f (z) =
4iz
= 4
4iz
=
4iz
(z 2 − 1) − 4z z − 6z + 1 [(z − 1) − 2][(z + 1)2 − 2]
2 2 2 2
.
Res(f ; ζ) = √ √ .
4iζ
= = Res(f ; −ζ) =
i i i
e
4ζ 3 − 12ζ ζ 2 − 3 −2 2 −2 2
Por fim, √
√ π
f (z)dz = π 2 =
π 2
♣
dθ
∫∣z∣=1 ∫0
2
e
1 + sin2 θ 4
39
+∞ P (x) +∞ P (x)
Caso III: ∫−∞ Q(x) cos(λx)dx ou ∫−∞ Q(x) sin(λx)dx [λ real].
γ2
γ1
−r 0 r x
Figura 11.8: Ilustração ao Caso III
40
11.16 Exemplo para o caso III. Compute
+∞
∫ 1 + x2 dx = πe , onde λ > 0.
cos λx −λ
−∞
Solução.
A integral imprópria dada converge (cheque). Seja z = x + iy. Definamos
f (z) =
eiλz
1 + z2
.
ζ = i.
Logo,
∣∫ f (z)dz∣ ≤ 2
πa a→+∞
ÐÐÐÐ→ 0.
γ2 a −1
Portanto, obtemos
a eiλx +∞ eiλx +∞ eiλx
2πiRes(f ; i) = lim ∫ = ∫−∞ 1 + x2 = ∫−∞ 1 + x2 dx.
a→+∞ −a 1 + x2
dx V P dx
Donde segue
2
+∞ eiλx eλi
∫−∞ 1 + x2 dx = 2πi 2i = πe .
−λ
(
+∞ cos λx +∞ eiλx
∫−∞ = Re ∫−∞ x2 + 1 dx) = πe ♣
−λ
x2 + 1
dx
41
f (x)dx.
b
Caso IV: VP ∫
a
∫a ∣f (x)∣dx ,
b
∫a ∣f (x)∣dx = +∞.
b
11.18 Definição. Seja f = f (x) contı́nua em [a, x0 ) ∪ (x0 , b]. O valor principal
da integral
∫a f (x)dx
b
⎛ ⎞
x0 −ǫ b
Exercı́cio. O valor principal de uma integral coincide com o valor usual de uma
integral (própria ou imprópria) se o integrando f é absolutamente integrável.
A definição de valor principal, se ou a, ou b, ou ambos: são pontos de descon-
tinuidade de f ou são infinitos ou não pertencem ao domı́nio de f , é análoga à
definição já dada 11.18 (imediatamente acima).
Se f tem um número finito de descontinuidades no intervalo aberto (a, b), o
valor principal da integral de f é computado dividindo (a, b) em sub-intervalos,
cada um contendo um ponto de descontinuidade de f e então computando os
valores principais de cada integral de f restrita a cada sub-intervalo e, finalmente,
somando os valores principais obtidos.
42
11.19 Exemplo para o caso IV.
dx = − √ .
+∞ 1 π
VP ∫
−∞ x3 −1 3
O integrando, próximo de x = 1, é comparável com a função
1
x−1
.
⎛ ⎞
+∞ 1−ǫ +∞
1
dx = lim ∫ 3
1
dx + ∫ 3
1
VP∫ 3
x −1 ǫ→0 ⎝ x −1 x −1 ⎠
dx .
−∞ −∞ 1+ǫ
A função
f (z) =
1
−1
z3
têm três polos de ordem 1, que são as 3 raı́zes cúbicas de z = 1. Integremos f sobre
uma semi-circunferência denteada superior C com base centrada na origem, de
raio R > 1, contornando o polo simples z = 1 e orientada no sentido anti-horário.
y
C
ζ =e
2πi
γǫ−
3
−R 1 R x
43
Res ( Res (
1
, ζ) = 2 = ,
1 1
, 1) =
ζ 1
z3 −1 3ζ 3 z3 −1 3
e
dz = −π i Res ( 3
1 1
, 1) = − i,
π
lim ∫
ǫ→0 γǫ− z3 −1 z −1 3
onde empregamos a parametrização γǫ− com
(11.19.1) = ∫ f (z)dz
e2πi/3
2πi
3 C
1−ǫ R
=∫ 3 +∫ +∫ 3 +∫
dx dz dx dz
x −1 γǫ− z − 1 x −1 ΓR z − 1
3 3
.
−R 1+ǫ
(− + i )= ∫ 3
2πi 1 3
+∫ 3 + ∫
dx dz
⎝ x −1 x − 1⎠ γǫ z − 1
3
,
3 2 2 −
−∞ 1+ǫ
−
π 3 π
− i = VP∫ 3 − i♣
dx π
3 3 x −1 3
−∞
44
+∞ P (x) +∞ P (x)
Caso V: ∫−∞ Q(x)
cos(x)dx ou ∫
−∞ Q(x)
sin(x)dx.
Suponhamos
⎧
⎪ f (x) = Q(x)
⎪
⎪
P (x)
⎪
com P e Q polinômios com coeficientes reais
⎪
⎨
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩ grau(Q) = grau(P ) + 1 .
Notemos que neste caso as integrais (impróprias) são absolutamente divergentes.
11.20 Lema de Jordan. Dado o semi-cı́rculo ΓR (θ) = Reiθ , θ ∈ [0, π], segue
∫Γ ∣e ∣ ∣dz∣ < π.
iz
R
Prova.
y
ΓR
É claro que
No intervalo [0, π2 ], a função sin θ tem a concavidade voltada para baixo e seu
gráfico está acima do reta conectando os pontos (0, 0) e ( π2 , 1).
Logo,
sin θ ≥
2
θ, se θ ∈ [0, ].
π
π 2
Assim,
π π
45
11.21 Exemplo para o caso V. Verifiquemos
+∞ sin x
dx = .
π
∫0 x 2
Abaixo temos o gráfico da função (sin x)/x, definida na variável real x.
sin x
Figura 11.12: O gráfico de x
∣
∣ dx = +∞.
sin x+∞
∫0 x
Ainda, devido à paridade da função em questão temos
sin x 1 +R sin x
dx = ∫
R
∫0 x 2 −R x
dx.
Res(f, 0) = 1.
46
y
−R −ǫ 0 ǫ R x
Figura 11.13: Ilustração ao Exemplo 11.21
encontramos
(11.21.1) 0 = ∫ f (z)dz = ∫
−ǫ eix eiz R eix eiz
dx + ∫ dz + ∫ dx + ∫ dz.
C −R x γǫ− z ǫ x ΓR z
dz = −π Res ( , 0) = −πi.
eiz eiz
lim ∫
ǫ→0 γǫ− z z
Computando o limite de (11.21.1) para ǫ → 0+ encontramos
eix eiz
0 = VP∫ dx − πi + ∫
R
dz.
−R x ΓR z
dx − π + Im [∫
eiz
0=∫
R sin x
dz] .
−R x ΓR z
Logo,
+∞ sin x
dx = lim ∫
R sin x
VP∫ dx = π♣
−∞ x R→+∞ −R x
47
Caso VI: Ramos - Um contorno buraco de fechadura
48
Notemos que os zero de z 2 + 6z + 8 = (z + 3)2 − 1 no interior de C são
ζ1 = −4 e ζ2 = −2.
Seja √
f (z) = 2 , onde z ∈ C ∖ [0, +∞).
z
z + 6z + 8
Então, temos
∣f (z)∣ ≤
1
se z ≠ 0.
∣z∣ 2
3
49
11.6 - Transformada de Fourier
−∞
fˆ(ξ) = ∫
+∞
e−πx e−2πixξ dx = e−πξ .
2 2
−∞
∫Γ f (z)dz = 0.
R
Logo,
(11.23.1)
−R
0=∫
R ξ 0
e−πx dx+∫ e−π(R+iy) idy+∫ e−π(x+iξ) dx+∫ e−π(−R+iy) dy.
2 2 2 2
−R 0 R ξ
50
As integrais nas “laterais” tendem a 0 se R → +∞. De fato, temos
Donde segue
(11.23.2)
+∞ −∞
∫−∞ e dx+eπξ ∫ e−πx e−2πixξ dx = 0.
−πx 2 2 2
+∞
Por outro lado, pelo teorema de Fubini e por coordenadas polares temos
2
(∫ e−πx dx) = (∫ e−πx dx) (∫
+∞ 2
+∞ 2
+∞ 2
e−πy dy)
−∞ −∞ −∞
=∫
2 +y 2 )
e−π(x dxdy
R2
+∞
=∫
2π
∫0
2
e−πρ ρdρdθ
0
2
∣
e−πρ +∞
= 2π
(−2π) 0
= 1.
Desta forma, reescrevemos (11.23.2) como
+∞
1 − eπξ ∫ e−πx e−2πixξ dx = 0.
2 2
−∞
Isto é,
+∞
∫−∞ e dx = e−πξ , se ξ > 0.
−πx −2πixξ 2 2
e
O caso ξ ≥ 0 está provado.
Para finalizar, mostremos que a função fˆ é par. Notemos que dada qualquer
função g absolutamente integrável em R, a mudança de variável x = −t
fornece
−R
∫−R g(x)dx = ∫R g(−t).(−1)dt = ∫ g(−t)dt, para todo R > 0.
R R
−R
fˆ(ξ) = ∫
+∞ +∞
e−πx e−2πixξ dx = ∫
2 2
e−πt e2πitξ dt
−∞ −∞
−∞
A primeira solução está completa.
51
◇ Segunda Solução (Via Derivação Sob o Sinal de Integração).
Notemos que
+∞
⎧
Temos
⎪
⎪
⎪ ∣F (x, ξ)∣ = e−πx com ∫−∞ e−πx dx < ∞
2 +∞ 2
⎪
⎪
⎨ e
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩ ∣ ∂ξ (x, ξ)∣ = 2π∣x∣e
⎪ ∫−∞ ∣x∣e
∂F −πx2 com +∞ −πx2 dx < ∞.
dξ −∞
−∞ −∞
+∞
= 2πiξ ∫
2
e−πx e−2πixξ dx.
−∞
Donde segue
1 dfˆ
(ξ) = 2πiξ fˆ(ξ)
i dξ
e portanto
dfˆ
(ξ) = −2πξ fˆ(ξ).
dξ
Assim, fˆ satisfaz a edo
g ′ (ξ) = −2πξg(ξ).
fˆ(ξ) = e−πξ ♣
2
52