Você está na página 1de 5

1.

CONCEITO DE PRIVACIDADE DE DADOS


A privacidade de dados é a proteção dos dados pessoais contra aqueles que não deveriam ter
acesso a eles e a capacidade dos indivíduos de determinar quem pode acessar suas informações
pessoais.

A privacidade de dados geralmente significa a capacidade das pessoas determinarem por si


mesmas quando, como e até que ponto as informações pessoais sobre elas são compartilhadas ou
comunicadas a outras pessoas. Essas informações pessoais podem ser nome, localização,
informações de contacto ou comportamento online ou no mundo real. Assim como alguém pode
desejar excluir pessoas de uma conversa particular, muitos usuários online querem controlar ou
evitar certos tipos de coleta de dados pessoais.

À medida que o uso da Internet aumentou ao longo dos anos, também aumentou a importância
da privacidade de dados. Sites, aplicativos e plataformas de redes sociais geralmente precisam
coletar e armazenar dados pessoais sobre usuários para fornecer serviços. No entanto, alguns
aplicativos e plataformas podem exceder as expectativas dos usuários quanto à coleta e uso de
dados, deixando os usuários com menos privacidade do que imaginavam. Outros aplicativos e
plataformas podem não colocar proteções adequadas em torno dos dados que coletam, o que
pode resultar em violação de dados, o que compromete a privacidade do usuário.

Por que a privacidade de dados é importante?

Em muitas jurisdições, a privacidade é considerada um direito humano fundamental e existem


leis de proteção de dados para proteger esse direito. A privacidade de dados também é
importante porque, para que os indivíduos estejam dispostos a se envolver online, eles precisam
confiar que seus dados pessoais serão tratados com cuidado. As organizações usam práticas de
proteção de dados para demonstrar a seus clientes e usuários que podem confiar seus dados
pessoais.

Os dados pessoais podem ser usados indevidamente de várias maneiras, se não forem mantidos
em sigilos ou se as pessoas não tiverem a capacidade de controlar como suas informações são
usadas:

 Os criminosos podem usar dados pessoais para fraudar ou assediar os usuários.

1
 As entidades podem vender dados pessoais a anunciantes ou outras partes
externas sem o consentimento do usuário, o que pode resultar no recebimento de
marketing ou publicidade indesejados pelos usuários.
 Quando as atividades de uma pessoa são rastreados e monitoradas, isso pode
restringir sua capacidade de se expressar livremente, especialmente sob governos
repressivos.
Para os indivíduos, qualquer um desses resultados pode ser prejudicial. Para uma
empresa, esses resultados podem prejudicar irremediavelmente sua reputação,
além de resultar em multas, sanções e outras consequências legais.
Além das implicações no mundo real das violações de privacidade, muitas
pessoas e países afirmam que a privacidade tem um valor intrínseco:
Que a privacidade é um direito humano fundamental para uma sociedade livre,
como o direito à liberdade de expressão.
Quais são as leis que reagem a privacidade dos dados?
À medida que os avanços tecnológicos melhoraram a coleta de dados e os
recursos de vigilância, governos em todo o mundo começaram a aprovar leis que
regulamentam os tipos de dados que podem ser coletados sobre os usuários, como
esses dados podem ser usados e como os dados devem ser armazenados e
protegidos.
Algumas das estruturas regulatórias de privacidade mais importantes e serem
conhecidas incluem:
 Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR): regulamenta como os dados
pessoais dos titulares de dados da União Europeia (UE), ou seja, indivíduos,
podem ser coletados, armazenados e processados e concede aos titulares dos
dados o direito de controlar seus dados pessoais (incluindo um direito ao
esquecimento).
 Leis nacionais de proteção de dados: muitos países, como Canadá, Japão,
Austrália, Singapura e outros, possuem leis abrangentes de proteção de dados de
alguma forma. Alguns, como a Lei Geral de proteção de Dados pessoais do Brasil
e a Lei de proteção de Dados do Reino Unido, são bastante semelhantes ao
GDPR.

2
 Lei de Privacidade do Consumidor da Califórnia (CCPA): requer que os
consumidores estejam cientes de quais dados pessoais são coletados e dá aos
consumidores o controle sobre seus dados pessoais, incluindo o direito de dizer às
organizações para não venderem seus dados pessoais.

Existem também diretrizes de privacidade específicas do setor em alguns países:


por exemplo, nos Estados Unidos, a lei de Portabilidade e Responsabilidade de
Seguro Saúde (HIPAA) rege como os dados pessoais de saúde devem ser tratados.
No entanto, muitos defensores da privacidade argumentam que os indivíduos
ainda não têm controle suficiente sobre o que acontece com seus dados pessoais.
Governos em todo mundo podem aprovar leis adicionais de privacidade de dados
no futuro.

2. DIREITO A PROTECÇÃO DE DADOS


A atual sociedade digital, por alguns «mundo de vidro» e «pessoas eletrónicas», caracterizada
por avanços tecnológicos sem precedentes, pelo acesso rápido às informações e tratamento
automatizado dos dados, veio alterar significativamente a forma como nós nos relacionamos com
os outros e vemos o mundo.
As redes sociais e as plataformas de compras e pagamentos eletrónicos constituem as faces mais
visíveis desta sociedade digital. Nelas são depositadas diariamente, pelos seus utilizadores,
grandes quantidades de dados pessoais, sem que os seus titulares tenham preocupação com a
segurança dos mesmos, deixando, na maioria dos casos, os seus dados na dependência de
plataformas digitais, acreditando que não farão uso ilícito dos mesmos, colocando em risco o seu
direito à privacidade.
Face a esta nova realidade, a proteção dos dados pessoais e a garantia dos direitos pessoais, com
particular atenção para o direito à privacidade, se afigura entre os maiores desafios das atuais
sociedades políticas e seus poderes, uma vez que os ordenamentos jurídicos terão de encontrar
fronteiras de equilíbrio e conciliar valores, na maioria dos casos, considerados antagónicos,
como a liberdade, a segurança, a privacidade, entre outros.
Com a chegada da Internet, esses desafios tornaram-se ainda mais complexos e ingentes,
porquanto o elemento geográfico do Estado, isto é, as fronteiras físicas diluíram-se, o que requer

3
respostas inovadoras, quer em termos normativos quer em termos institucionais. Veja-se que os
direitos pessoais, particularmente o direito à privacidade, constam da Declaração Universal dos
Direitos Humanos, instituída a 10 de dezembro de 1948, pela Organização das Nações Unidas.
É neste sentido que a maioria das constituições nacionais, no caso particular a Constituição da
República Portuguesa, introduziu tais direitos fundamentais nos seus textos constitucionais. Foi
assim que em 1995, a União Europeia, através do seu Parlamento, aprovou a Diretiva 95/46/CE,
de 24 de outubro, um instrumento importante, na medida em que impele os Estados-membros
para a necessidade e importância de se proteger as informações e garantir os direitos pessoais,
dentro e fora da União Europeia, evitando o tratamento e utilização abusivos dos dados pessoais
por terceiros, acautelando igualmente o direito à privacidade e à vida privada.
Outros instrumentos normativos e instituições igualmente importantes, quais sejam a Lei nº
67/98, de 26 de outubro, a Lei de Proteção de Dados Pessoais, o Regulamento Geral de Proteção
dos Dados e a Comissão Nacional de Proteção de Dados, em Portugal, se apresentaram como
importantes e determinantes em matéria de proteção de dados e, em consequência, na defesa
desses direitos fundamentais. Estes e outros instrumentos, anteriormente referidos, vieram
colmatar algumas lacunas antes existentes, em razão até das características da atual sociedade
digital e de novas realidades, em que os dados se transformaram numa nova matéria-prima,
podendo ser comercializados em mercados transfronteiriços. Pois, as informações se
«converteram na nova matéria-prima» importante para a criação e definição do perfil dos
consumidores.

Você também pode gostar