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Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC

Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas - ESAG


Departamento de Administração Pública
Professor Thiago Chaves
Alunos: João Gabriel Gomes, Mariana de Oliveira, Sophia Myron e Thalia Farinon

Líder: Antonieta de Barros


Quem foi Antonieta

Antonieta de Barros nascida em 11 de julho de 1901, em Florianópolis, Santa


Catarina. Mulher e preta, tornou-se uma das mais importantes de todos os tempos.
Teve sua alfabetização precoce comparada às demais crianas, aos 5 anos - sendo
ainda, a primeira mulher negra até então alfabetizada em Santa Catarina. Finalizou
os estudos primários na Escola Lauro Müller e, aos 17 anos, ingressou na Escola
Normal Catarinense - atual IEE -, onde então realizou o curso equivalente ao Ensino
Médio. Ela foi a primeira da família a ter o ciclo escolar completo.
Por ser mulher e principalmente preta, já sofria de diversos estigmas,
contudo, foi a primeira a ser eleita deputada estadual no país, professora de
formação, criadora de um centro educacional (a escola hoje desativada Antonieta de
Barros, situada no centro de Florianópolis), um jornal e uma revista onde escrevia
com o pseudônimo Maria da Ilha.

Trajetória

Antonieta teve uma contribuição sem igual para a educação e a política, seus
principais legados. Em 1937, publicou seu livro (Farrapos de ideias) foi fiel a sua luta
de vida pelo direito das mulheres e dos negros.
Apesar de ser um grande nome entre educadores e formadores da área da
educação, a maior contribuição de Antonieta, sem dúvida, é política. Era um tempo
ainda era um tempo extremamente difícil principalmente para mulheres no Brasil,
mas, ainda sim ela foi a primeira mulher eleita para o legislativo de Santa Catarina,
sendo os demais todos homens. Como disse o historiador, Marcos Canetta Rufino,
“Negra, pobre e filha de escravos determinou questões da literatura, educação,
política e funcionalismo público, eu tenho que imaginar as dificuldades que ela
passou” (Reportagem NDmais, 2019).
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O legado de Antonieta reflete até hoje. Ela dá nome a edifício, túnel, colégio e
ainda um mural em sua homenagem, o qual foi pintado no Centro de Florianópolis
em 2019. Sua vida foi de dedicação e conquistas até o seu falecimento, em março
de 1952.

Curta-Mulheres: Antonieta

O curta documental da cineasta Flávia Person, de Santa Catarina, emociona


e informa a trajetória da primeira mulher negra a assumir um mandato popular no
país. Compõe uma série que traz um curta-metragem por semana ao longo de 12
meses, todos dirigidos por mulheres. Trata-se de uma obra de aproximadamente 15
minutos que documenta a vida, trajetória, dificuldades, superações e conquistas
defendidas por Antonieta. Embora trate-se de uma figura de suma importância ao
país, houve dificuldade em encontrar obras mais ricas sobre sua personalidade em
formato de audiovisual, é de merecimento haver maior destaque à quem foi
Antonieta. Sua biografia foi publicada em 2021, no livro intitulado “Antonieta de
Barros: professora, escritora, jornalista, primeira deputada catarinense e negra do
Brasil”, da professora Jeruse Romão.

Principais eventos de liderança

Antonieta de Barros exerceu funções de liderança cruciais para a obtenção


de diversos direitos, tanto no âmbito do movimento negro quanto no tocante a
defesa dos direitos das mulheres.
Antes mesmo de se formar, iniciou sua atuação com apenas 17 anos, na
alfabetização de adultos carentes, além de criar um curso para a preparação de
estudantes para o exame de admissão na escola. Presencia a mudança gradativa
da educação até se tornar uma de suas protagonistas. Assim, sua fama de
professora ganha respeito até entre as famílias mais tradicionais da Ilha. Foi
pioneira na defesa pelo direito à educação, promovendo ações e a publicação de
artigos que denunciavam a falta de políticas públicas na área para os pobres, assim
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como a escassez de oportunidades para as mulheres alcançarem os níveis mais


elevados de instrução. Sua crença era de que a única arma capaz de libertar os
desfavorecidos da servidão, era a educação. Lutou fielmente contra o racismo e a
segregação racial, defendendo a inclusão social e educacional. Antonieta teve um
papel fundamental no acesso a educação para todos, visando a luta pela
implementação do Salário-Educação em Santa Catarina, o que garantia recursos
para a educação básica, de extrema importância, tornou-se lei (nº 9766/98), a qual
foi sancionada apenas após a sua morte.
Nesse mesmo cenário, de 1922 a 1927, desempenhou o papel de fundadora
e diretora do jornal "A Semana". Por meio de crônicas, manifestava seus princípios,
advogando pelas causas da educação, política, emancipação feminina e combate
ao racismo.
Na década de 30, em Santa Catarina, Antonieta destacou-se como membro
do Partido Liberal Catarinense, associado à Aliança Liberal liderada por Nereu
Ramos. Entre as suas ações como parlamentar, está o auxílio na elaboração da
Constituição do estado em 1935, tendo escrito os capítulos “Educação e Cultura” e
“Funcionalismo”. Além disso, desempenhou um papel crucial na conclamação das
mulheres a exercerem o recém-conquistado direito ao voto. No ano de 1945, foi
eleita como suplente de deputada estadual. Assumiu o cargo em 1947, exercendo o
mandato até 1951, sendo a primeira mulher negra eleita.

Não mudou o foco de seus ideais, seguindo com sua atuação na criação de
leis para proteção dos direitos das mulheres e dos negros e também de educadores,
onde em 12 de outubro de 1948, a então deputada instituiu, no dia 15 do mesmo
mês, o Dia do Professor, onde os educadores pudessem ter então a visibilidade
perante a sociedade como grandes agentes de mudança. Somente após 20 anos, o
então Presidente da República – na época, João Goulart – estendeu a data para
toda a nação.

Além de ministrar aulas em diversas escolas, Antonieta fundou sua própria


instituição de ensino, na qual atuou como diretora até o momento de seu
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falecimento (UDESC, 2023).


A atuação proativa e crítica da deputada, educadora, e jornalista aos
governantes que não estavam interessados em promover a educação dos pobres e
negros era classificada de forma preconceituosa como “intriga de senzala”
(Universidade Federal do Ceará, 2022).
Embora sua história seja pouco conhecida e tenha sido de extrema luta, ela
ainda expõe muitos dos desafios que persistem em nossa sociedade, destacando o
quão crucial foi sua liderança para alcançar as conquistas que perduram até hoje.

Suas características como liderança

Antonieta de Barros foi uma figura notável na história do Brasil e uma líder
carismática e transformacional em muitos aspectos. Antonieta foi a primeira mulher
negra a ser eleita deputada estadual no Brasil, representando o estado de Santa
Catarina. Ela desafiou normas sociais e barreiras raciais significativas,
destacando-se como uma voz influente na luta por igualdade e justiça.

Liderança Carismática:
Inspiradora, Antonieta de Barros influenciou muitas pessoas ao desafiar as
expectativas e superar obstáculos para alcançar posições de destaque na política.
Confiança e Carisma Pessoal, sua presença carismática e a confiança que
transmitia ajudaram a criar uma conexão emocional com as pessoas, tornando-a
uma figura respeitada e admirada. Comunicação Eficaz, líderes carismáticos são
frequentemente dotados de habilidades comunicativas excepcionais. Antonieta de
Barros usava sua voz para advogar por igualdade racial e de gênero, transmitindo
suas ideias de maneira convincente.

Liderança Transformacional:
Visão Clara e Inspiradora, tinha uma visão clara de um Brasil mais igualitário
e justo, especialmente em relação às questões raciais e de gênero. Sua visão
inspirou outros a se envolverem na luta por mudanças sociais. Mudança Social e
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Política, ao desafiar as normas e ao se tornar a primeira mulher negra a ocupar um


cargo político importante, Antonieta contribuiu significativamente para a mudança
social e política no Brasil. Empoderamento e Apoio Individualizado, ela também
apoiava o empoderamento de grupos marginalizados, defendendo políticas que
visavam melhorar as condições de vida e oportunidades para afrodescendentes e
mulheres.
Antonieta de Barros pode ser considerada uma líder carismática e
transformacional por seu impacto duradouro na sociedade brasileira, sua habilidade
de inspirar mudanças e sua dedicação à promoção da igualdade e justiça. Ela
quebrou barreiras e deixou um legado importante na história do país.

Referências:

Memória Política de Santa Catarina - Alesc. Antonieta de Barros. Disponível em:


https://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/biografia/68-Antonieta_de_Barros. Acesso
em 10 de nov. de 2023.

SCHMITZ, Paulo Clóvis. História de Antonieta de Barros transforma-se em


documentário com imagens inéditas. Nd Online: Antonieta marcou Florianópolis,
sendo a primeira deputada negra do Brasil, Florianópolis, v. 0, n. 0, p. 1-5, 7 nov.
2015. Disponível em:
https://www1.udesc.br/arquivos/id_submenu/2678/artigo_ndonline___antonieta_de
_barros_.pdf. Acesso em: 10 nov. 2023.

NUNES, Karla Leonora Dahse. ANTONIETA DE BARROS: UMA HISTÓRIA. 2001. 159
f. Monografia (Especialização) - Curso de História, Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2001. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/81514/187558.pdf?sequen
ce=1&isAllowed=y. Acesso em: 10 nov. 2023.

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