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CAPÍTULO |

A CAMPANHA REPUBLICANA
E A QUEDA DO REGIME MONÁRQUICO

A difusão das idéias republicanas no Espírito Santo se fez sobretudo através da imprensa Grupo de republicanos
e de clubes republicanos, fundados em vários locais do Estado. históricos capixabas

No dia 23 de maio de 1887, foi fundado o primeiro clube republicano, na vila de São
2 Cláudio. Afonso. História
Pedro de Cachoeiro de Itapemirim, hoje, a cidade de Cachoeiro de Itapemirim. À convoca- da propaganda republicana
ção para a reunião foi publicada no periódico “O Cachoeirano”, e realizada na residência de no Espírito Santo [introdu-

Joaquim Pires de Amorim, eleito, na ocasião, presidente do clube. Para secretário, foi eleito ção e organização de Esti-
laque Ferreira dos Santos).
Antônio Aguirre e para tesoureiro, Henrique Wanderley. Esse clube tinha à frente, além Virória: Gráfica Espírito
dos já citados, os seguintes adeptos: Coelho Lisboa, Afonso Cláudio, Bernardo Horta de Santo, 2002.

Araújo, Guilherme Schwartz, Sizenando de Matos Bourguignon e Wagner Pires de Amorim.


3 O movimento republica-
Foi sem dúvida muito importante o papel desempenhado pelos cachoeirenses na propa- no sempre se fez mais forte

ganda republicana. Foi Cachoeiro a sede do Primeiro Congresso Republicano Provincial, na região sul do Espírito
Santo. Ali funcionaram os
realizado no dia 16 de setembro de 1888. E foi também a cidade que mais festivamente mais ativos clubes e Jor-
comemorou a proclamação da República. São palavras de Afonso Cláudio: “Tudo fazia crer nais republicanos. O jornal

que o eixo da política democrática não se deslocaria do Cachoeiro de Itapemirim, onde se “O Cachoeirano”,
proprietário e redator era
cujo

erguera o primeiro clube republicano da província, onde tinham a sua sede, a Comissão João Loyola, desde a sua

Permanente e o primeiro jornal do partido”. criação adotou uma linha

A fundação do clube republicano de Cachoeiro teve ampla repercussão em toda a provin- republicana,
e
fez oposição
propaganda do regime
cia: em pouco tempo, outros clubes foram sendo fundados em vários locais do Estado: São republicano. Além dele,

José do Calçado, Alegre, Rio Pardo (Iúna), Anchieta, São Pedro de Itabapoana, Conceição na região Sul existia ainda
outro jornal republicano,
do Muqui, Espírito Santo (Vila Velha), Vitória, Freguesia de Santa Izabel, Guandu, Alfre- “A Tribuna”. 'da cidade de

do Chaves, Vila de Itapemirim. Em Benevente (Anchieta), foi fundado o segundo jornal Benevente, atual Anchieta,
que pertencia ao José Horá-
republicano. “A Tribuna? 3
18

temas diversos, como sistemas de gove


| | Hul) S IC di savam conferências abordando à ê Ino
, o 1 R
iu > « ARM NAS
a V - “ >
sempre
políticos, a oportunidad
x HICa, visando di ulgação de idéi. S
Ç : da Repúl E P
DP tléllsS
, essas conferências eram acessíveis a todas as cl
| Segundo Afonso € lúudio ade prévia, o
ASSseç

na imprensa local, do dia e da hora


. .
Vo.
WO!) nas.

"nao se efetuavam
sem publicid » do
orador o d o local em
que aconteceriam.
republicana no Ee.
do nome do
centralizou a campanha
» 'á vimos, Cachoeiro de ltapemirim
Lisboa, advogado e brilhante
lá se diri giu o par aib ano Coe lho
nirito Santo. Por isso, para República. Publicou
rador. vera no Rio Grande do Sul, empenhado na causa da
que já esti
Santo, tendo visitado Rio Pardo
“O Cachocirano” e fez viagens pelo Espírito,
“em pre com
Pedro de Itabapoana, Castelo, Rio Novo, Benevente Guarapari e Vitória, sem
3

lembrarmos das imensas dificul-


nam | TI

dade de proferir conferências repu blicanas. Se nos


=

seu trabalho de
Sal transporte e comunicação da ép oca, daremos ainda mais valor ao
a de Benevente, à qual
eis
naista
2
la República. As conferências mais notáveis foram
izada em praça pública,
puseram as autoridades locais, e a da vila de Itapemirim, real
para
nbem coma oposição das autoridades, que trataram de policiar fortemente a praça
idar O povo.
através d:
xo dia 9 de abril de 1888, os republicanos Moniz Freire e Afonso Cláudio,
Jetim impresso e espalhado pelas ruas da capital, conclamaram o povo a se reunir em frentc
nt:
“Clube Comercial, na rua General Osório, centro de Vitória, para solicitar ao preside
FO
l ncia. Antônio Leite Ribeiro de Almeida, que fossem tomadas medidas para melhora
'

aDaste cimento
pa e di
de água da cidade e a iluminação pública. Esses líderes certamente querian
var
IZeT
mr
jtir adao povo que, numa república democrática, todos teriam direito de ir às rua
SCenttr

rar
tal por melhor
mc es condições de vida. A cidade não possuía uma boa distribuição de águ
“ra muito mal iluminada. A iluminação era feita com lampiões de gás. No contrato co!
encarregada do serviço, havia uma cláusula que permitia não acender os lampiôo:
- ae
firma
4

CD
drslid

o o.
m noites de lua cheia. Muitas vezes, as condições climáticas não permitiam que se v
ISS€

1a, mas, mesmo assim, os lampiões não eram acesos.


O local escolhido para a reunião popular recebeu forte policiamento, tendo o delegado «
olícia e o comandante das forças policiais tentado impedir a realização do comício. Segun(
stemunhas da época, cerca de mil e oitocentas pessoas compareceram à rua General Oso!
A REPÚBLICA E O ESPÍRITO SANTO 19

Dali dirigiram-se para o palácio do governo, onde os líderes foram recebidos pelo pre-
sidente, que prometeu tomar as providências cabíveis.
Não obstante a intensificação da campanha para que a República
. .
pudesse ser im-
, .

plantada, seria necessário, porém, que as bases de sustentação do regime monárquico


ad 4 E 4
1 axis E.

se fossem desgastando.

1.1 O IMPÉRIO EM DECLÍNIO

Sabemos que no final do século XIX, graças sobretudo à produção cafeeira, o Brasil
co Espírito Santo, em particular, passaram por profundas transformações. Acelerou-se
o processo de urbanização, houve a expansão do comércio e da indústria, e a agricultura
tradicional do Vale do Paraíba e nordestina estava em fase de plena decadência. À provín-
cia de São Paulo começava a se transformar no centro econômico do país, caminhando
para suplantar até mesmo a capital do Império, o Rio de Janeiro. Com isso, o país e
as elites passaram a desejar mudanças e é com o projeto dos republicanos que mais se
identificavam. Os republicanos eram os únicos que apresentavam uma proposta nova,
principalmente no que diz respeito à instalação do federalismo, que garantiria uma maior
autonomia das províncias, em contraste com o centralismo do Império.

1.2 O POVO NÃO PARTICIPA DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

A proclamação da República foi um ato dos militares, e foram os militares que ocu-
param o cargo de presidente até 1894. Fatores diversos, como baixo nível de instrução e
conscientização política, deficiência dos meios de comunicação, entre outros, fizeram 4 Carvalho, José Mui

com que o povo ficasse à margem do episódio. Nem mesmo a população do Rio de de. Os bestializados: o |
de Janeiro e a Repúbl
Janeiro, ao assistir à movimentação das tropas do Exército, entendeu o que se passava: que não foi. São Pau
. ditar
acreditaram tratar-se de mais uma parada militar. Companhia das Leu
1987.
REGINA HEES / SEB

20

A
1.3 À PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLIC
d a na m a n h ã de 1 5 de novembro de 1889 pelo Marechal
foi procla m a
A República assum
re ce be u a ad e são da maioria dos militares. Ao Iro governo
nseca, qu re
Deodoro da Fo
ca ti nh a po de re s ditatoriais. Dado o golpe CIOU-se a nova
da Fonse io.
provisório, Deodoro governo provisór
in
om ast al aç ão d e u m
direção do país, € Janeiro
oc la ma ça ão da Re pú bl ica, ocorrida no Rio de gou aVitóri;
not íci a da pr
Estado do Espírito Santo não houve
A
dia , pel a tar de. Na cap «tal do
o mesmo
rá ve l ou co nt rá ri a à proclamação da República. Em Cachoeiro de
de manifestação favo
no ent ant o, OS re pu bl ic an os promoveram festivas passeatas em co memo Taçã(
Ira pemirim,
do acontecido foi afixa da na porta da estação telegráfica
ao fato e a notícia
ra m ai nd a ma ni fe st aç õe s pú blicas n as seguintes localidades: Bar ra de Itapemi
Ocorre saiu às ruas ao som d
uaçuí) e Santa Leopoldina. O povo
rim, Castelo, Alegre, Veado (G
a Marselhesa.
bandas, soltando foguetes e cant ando
íncia do Espírito Santo” que recebe u, na tarde d
Segundo Freire, foi o jornal “A Prov
da República:
dia 15 de novembro, a notícia da proclamação
a República.
O exército reunido na Praça da Aclamação, Proclamou
in Consta nt, presidente [si
Governo Provisório: - Marechal Deodoro, Quintino Bocayuva e o Dr. Benjam
O movimento começou as 6 horas da manhã.
mente ferido.
Ministério preso. O Barão de Ladário, Ministro da Marinha, tentou resistir e foi grave
O Exército percorreu as ruas da cidade.
Nenhum ato de hostilidade tem aparecido contra a Familia Imperial, que se acha em Perrópolis.
“Imensa afluencia de povo na cidade”
lodas as repartições já recebem ordens do Governo Provisório(...]
Espiritos tranquilos.
A REPÚBLICA E O ESPÍRITO SANTO 21

Na mesma edição publicava ainda reportagem dizendo:

No Espírito Santo, dissolvida a Assembléia Legislativa no dia 16, os principais líderes


republicanos reúnem-se para escolher o novo chefe do Governo Provisório; a opção foi o
a
nome de Affonso Cláudio.

A notícia da posse de Affonso Cláudio foi dada por um jornal local, no


lia 21 de novembro:

Hontem, pelas 10 horas da manhã, começou a fazer-se grande concorrência pública


nas cercanias da Câmara Municipal, em consequência dos convites Officiaes anunciando a
posse do governador Dr. Affonso Cláudio de Freitas Rosa.
A hora aprazada, em presença das autoridades civis, judiciárias, militares, ecclesiásticas
representantes da imprensa e povo, leu o governador perante a Câmara Municipal a sua
mensagem prestando em acto seguido nas mãos do respectivo presidente o cidadão Joaquim
Corréa de Lyrio, o juramento pelo qual se obrigava, sob palavra de honra, servir bem e
sinceramente aos interesses do Estado, que lhe foi confiado, mantendo a paz, a justiça ea
igualdade entre todos os cidadãos.“

Afonso Cláudio

S Freire, Mário Aristides.


A República no Espírito
Santo. [Vitória] “A vida
Capichaba”, 1939.

6 Jornal A Folha da Victo-


ria, 21.11.1889.
capíÍTULO II

A CONSOLIDAÇÃO DA REPÚBLICA

2.] A VITÓRIA DAS ELITES REGIONAIS

Instalada a República, iniciou-se uma nova fase na história do país, que vai de 188!
a 1930, quando ocorreu o movimento conhecido por Revolução de 30. Esse período
como se sabe, ficou conhecido como “Primeira República”.
A vitória da República significou a hegemonia das elites regionais contra o cen
rralismo do Império. O País foi dividido em estados e o conjunto destes formava.
federação do Brasil. Cada estado da federação passou a ter maior autonomia, podend.
escolher seus governantes, constituir forças policiais, arrecadar impostos, operacio
nalizar gastos, de acordo com suas necessidades.
Os primeiros anos da República foram muito difíceis.” Os diversos grupos repu
blicanos que brigavam pelo poder entre si; os conflitos armados, como a Revoluçã.
Federalista; a Guerra de Canudos; as revoltas populares, como a da Vacina;"'a
greves operárias;'!o descontentamento dos tenentes, que buscavam maior espaçi
de participação política,'? e a crise financeira ocasionada pela política adotada pel:
ministro da Fazenda Rui Barbosa'º contribuíram para a instabilidade que o país vive!
nesse período.
A fase inicial, da instalação da República até o período de 1930, foi, portanto, contur
bada. Muitos adeptos da República, que lutaram para a sua implantação, se desgostaran
rigues Alves
10 O presidente Rod
a assessoria do
(1902-1906), com
Cruz, elaborou
cientista Osvaldo
ear o Rio de
um projeto para san
e epi dem ias como à de
Janeiro, ond
iam anu almente
febre amarela faz
execução do
muitas vítimas. A
ção de casas
projeto, com demoli
inv asã o de domicílios
e cortiços,
eir a autoritária
etc., foi feita de man
ando a ira da
e violenta, provoc
s à obrigato-
população, que se opô
ina con tra a varíola,
riedade da vac
ou barricadas,
foi paraas ruas. levant
fez depredações.
strialização
11 No processo de indu
nto operário
do Brasil, o movime
te entre 1917
cresceu, principalmen
qua ndo ecl odiram greves
e 1920,
s cid ade s do pais.
nas principai
vindicavam
Os trabalhadores rei um
condições de vida,
melhores
protestavam
mínimo de direitos, e
care stia sob retudo dos
contra a
gêneros alimentícios.
movimento
12 O tenentismo foium
por jovens ohci
desencadeado
nem sem-
do Exército. Suas idéias,
elitistas,
pre muito precisas, eram
itári as, cons erva dora s € refle-
autor
República
tiam insatisfação com a
igarquias
vigente. Opunham-se àsol
gover-
estaduais e defendiam um
a guerra
no central forte. Desde
passou à
do Paraguai, o Exército
salvador
avocar para si O papel de
dade de
da Pátria ca responsabili
do país,
manter a ordem ea defesa
imiscuin do-s e na polít ica.
do Mi-
13 Rui Barbosa, à frente
antou
nistério da Fazenda, impl
polít ica econ ômic a conh ecida
a
ilha ment o”. Essa polít ica
por “Enc
udos
Sobreviventes do massac re de Can fundamentava-se no aume
nto da
zada
emissão de moedas, então reali
do
por bancos em quatro regiões
tendo como lastro não mais o
país,
ca
ouro, mas títulos da dívida públi
no
federal. Gerou intensa jogatina
ou a
mercado de títulos é desvaloriz
-
moeda de maneira abrupta, provo
cando polêmicas.

e» a asi a tes
TS
ação
Canudos: um lugar para viver e ficar livre da explor
mara EEE Aeee raça
REGINA
a
HEES / SEBASTIÃO PIMENTEL FRANCO
ge SC SR io oo
24 - o |

a eufor Í uiu-se
Í uma fase de d escontentament o
ver os pro . .
com ostu OS “ “ . .
tomados
mos regime pelá Strpotes
seé mostrou eficaz
inefica para reso ouço on blemas da nação. O desânimo, as def.
Maca
vez > que queoO regime pais
e pensadores, qu e foram afastados dos p OSTOS p principais
uma

|
1usoes, tomaram
toma conta« dos Ê homens públicos
tbli
n

.
]

completamente decepcionados com o que viam, cederam lugar


do. e t
a velhos políticos
uu O comail
históricos, 8
NIStOTICOS,

experientes e radicados na vida pp do Ds LO «revelaram a existência de uma


Apesar de as revoltas terem sido dominadas
pel dm os oponentes do regime pertencentes
profunda insatisfação entre os militares, elas encorajar (cão política”, contrária às política
às classes média e alta a iniciar a criação de uma genuína
a 15 P
do Estado dominado pelos latifundiários e a próprio Afonso Cláudio, que
O Espírito Santo também passou por uma crise in . fes E
fo: escolhido governador, ficou poucos meses no poder. Os governam C a. de 189]
demonstra a confusão em que vivia a República nos primeiros anos.
A e Ee
foi modificada com menos de um ano de vigência, demonstrando claramente as incertezas que
Y igorava m entre os comandantes do poder. .
mi is
“Nesse período, predominou a política do café com leite, que possibilitou a supremacia: de São
Ra
Paulo (grande produtor de café) e Minas Gerais (grande produtor de leite), no cenário nacional
revezando-se na ocupação da presidência da República. Localmente, o poder estava concentrado
nas mãos dos chefes regionais, que controlavam o processo eleitoral, manipulando o resultado da:
cleições sempre em favor das elites rurais. À inexistência do voto secreto permitia que os poderoso:
tocais, chamados de “coronéis”
16, fraudassem as eleições com o “voto de cabresto”. Esses “co
ronéis eram chefes políticos (fazendeiros, comerciantes
etc.) que controlavam o voto de un
determinado número de eleitores, sob sua
influência e dep endência, sobretudo econômica
Como o voto não era secreto, esses
| íderes determinavam em quem os eleitores deveriam vo
tar. Assim, predominava o poder
das oligarquias, afastando da participação política os demal
segmentos da sociedade.'?
No Espírito S anto, como
nos demais est ados do Brasil duran
domino
| u o pode r de um te a Primeira República, pre
a oligarquia, aqui
Economicamente, r epresentada pela família Monteiro.
oca fé foi a nossa maior riqu
lização de inúmeras ob eza. Graças a ele, tornou-se possível a rea
ras
A REPÚBLICA E O ESPÍRITO SANTO

Nessa fase, as indústrias se multiplicaram. À economia cresceu, o comércio se desen


volveu (assim como os meios de transporte), surgiram bancos. Ocorreu maior oferta d
empregos, permitindo a ascensão social de um significativo número de pessoas. Nessa época
dando un
foi iniciado o processo de remodelação das cidades, especialmente das capitais,
.
novo aspecto aos centros urbanos, que perderam parte de suas características coloniais
Vitória, a capital do Estado, sofreu profundas transformações, sobretudo a partir d
remodelação de fa
1908, quando ocorreram demolições de casas, alargamento de ruas,
chadas, construções de pontes.
período
Dentre os presidentes que governaram o Estado do Espírito Santo nesse
merecem especial destaque, por suas realizações administrativas, Moniz Freire, Jerônim
Monteiro e Florentino ÁAvidos

2.2 A REPÚBLICA DOS CORONÉIS rs


+ Vista de Vitória (1910)

revolução de 30, predominou n«


Proclamada a República, de 1889 até o advento da
tinham na figura dc
Brasil uma política voltada para Os interesses das elites regionais, que
coronelseu principal expoente. O termo coro nel se origi
nou da patente da Guarda Nacional
ntes. A eles cabia o exercício dc
concedida aos fazendeiros, €, às vezes, também a comercia
poder político.
iais, sendo resultado dc
A origem do coronelismo tem base nos primeiros tempos colon
foram entregues nas mão:
processo de colonização do Brasil. Grandes extensões de terras
os sociais baseados em forte
de proprietários rurais, possibilitando o surgimento de grup
Ç
/ SEBASTIÃO PIMENTEL FRANCO
REGINA HEES TT
TT
o 1

26

sobba proteçaão
so
desses senhores, que, por sua vez,
ca va m
vínculos pessoais. Inc livídu
os se co lo
o As tiv ess e sob sua pro teç ão, maior O prestigio
pess
dac le. Quanto mais
recebiam respeito e solidarie
lidades p pe ssoais e de séseu poder
de
do senhor. a n d e D:
par te de sua s q ua
O voder do coronel dependia em grande de de f forma hereditária. Às vezes
cas , por tan "
to, 10 do do coronel se dava
à sucessão
| erança. Ne
lid m sem pre a
ed ê-lo.
o coronel ind icavava uma uma outraoutr: pessoaa parapar suc
indica mu ito grande. Seu prestígio
ad-
e de pe nd en te s era
A autoridade do coronel sobre parentes da dis tri bui ção de empregos públicos,
fami liar es e ami gos ,
vinha da proteção que assegurava a cargos eletivos, ou ainda por
ser
ian do seus pro teg ido s p ara
dele ei empréstimos de dinheiro, apo
benfeitor de igrejas e patrocinador de festas. es e
tav a que inte ress es eco nôm ico s, políticos e sociais unissem senhor
Esse sistema possibili
seus dependentes.
se desej asse uma união entre o grupo form ado pelo coronel e seus subordinados, não
Embora
grupo.
raro ocorria uma cisão, dando origem à formação de um novo
dificuldades de
Segundo Janotti'*, a organização da administração metropolitana, aliada às
ionalismo
comunicação entre as diferentes regiões do Brasil, combinada coma corrupção do func
real português, permitiu a ascensão do poder privado, e foi este poder privado que possibilitou a
formação de grupos donos do poder formados pelos coronéis.
O poderoso chefe local tinha grandes poderes e “armado, dispondo de uma milícia, senhor
ura dada wivida dos ce indivíduos, sem noção de limites, ele representava o poder. Era um perso-
abentuto
absol
nagem que personificava a vida política no Brasil que não existia sem ele”.!º
A maior arma do coronel era O vOtO, por meio do qual exercia seu poder político. Quanto
mais votos pudesse oferecer, maior o seu poder. Em razão disso, fraudava as eleições, Y 3
institucio-
nalizando o “voto de cabresto”.

1 ( «
o
do ]Norte Epode S esclare cer F bem como funcionava I tt LC a “y t caDi l

[... aa
| assist as manifestações ao senhor é ari
ções a rem Acari [... ]. Amanhã o senhor passará por Currais
apareça ninguém g com o »intultoIntui de manifestação
a ; vai o senhor se hospeda 5 e N IEA os, município
icípio de de que que
ar em casa de meu sobri
obrinho[... ], porque o
senhor anda atrás de votos e não de 'manifestações polia
S a s, tenho no meu m
nãoão tenh a, 800 elei
tenh: le toressa que , [...] são seus de por unicipio o que ourro [...] provavelmente
teira
batida.
27
A REPÚBLICA E O ESPÍRITO SANTO

2.3 O CORONELISMO NO EspíRITO SANTO

Embora o coronelismo apresente características comuns em todo o país, no Espírito


Santo teve características próprias. Suas raízes estariam na estrutura econômica que aqui
vigorou a partir do século XIX, marcada pela monocultura do café. Além disso, aqui existiram
coronéis proprietários de grandes fazendas, principalmente no sul do Estado, e pequenos e
médios fazendeiros no resto do Estado. Devemos citar também os donos de vendas na área
rural, que tinham as mesmas funções e poderes políticos de um coronel fazendeiro.
Os coronéis conseguiam fortalecer sua autoridade graças a uma série de arranjos. O de-
poimento de Carlos Lindenberg, que por duas vezes governou o Estado, torna-os evidentes:

Na época de fazer inscrição eleitoral, nós éramos chamados pelos candidatos para fazer o Constitui. Era
o seguinte: o sujeito passava uma procuração que dizia: constituo meu procurador o coronel [ ...) para fim
de me alistar como eleitor e assinava. Fazíamos isso com a letra de meninos de nove ou dez anos, justamente
porque a letra ruim, confundia-se com as letras de colonos que, geralmente, não era boa.”

As fraudes eleitorais eram uma constante: ganhava o candidato que as forças políticas
mais poderosas desejassem. Quase sempre ganhava o candidato apoiado pelo governo.
Segundo ainda Carlos Lindenberg, “[...] porque as eleições eram feitas nas vésperas ou
nas antevésperas. E nós fazíamos as procurações para alistar as pessoas [...] e obviamente
alistavam seus correligionários”?.
Caso acontecesse de a oposição ganhar as eleições, restava o parecer das Comissões de
Verificações de Poderes, que, em geral, expurgavam candidatos indesejáveis, alegando
que teriam ocorrido fraudes e irregularidades nas eleições, impedindo assim a posse dos
VILOrIOSOS.
Um exemplo ilustrativo ocorreu nas eleições de 4 de março de 1906, quando os adeptos
de Moniz Freire saíram vitoriosos, após terem anulado 47 das 74 seções eleitorais existentes
no Estado.
No Espírito Santo, a partir de 1908, quando foi eleito Jerônimo Monteiro, a oligar-
quia comandada por ele conseguiu se manter no poder até os anos 30, quando ocorreu a
S // E R IÃO E
STM T
ME MA
ENT raNç
EL O
FRa m,
O IGI
RERE NNAA MBHEEESS SEBA PIM

28

es sa su pr em ac| ia de ca iu . Os revo.
anos após a re
volu ção, João Punarç
ses ima À
Durante os primeiros r o E s p í r i t o S a n t o
revolução.
O poder, indicaram para 5 o
verna
lucionarios, ao assumirem
Bley, que não era oriundo do Estado. a ter influência.
aos Monteiro voltou
ia lifá gada
40, a oligarquia
Apos os anos
a
i ICA
A REPÚBL E O ESPÍRITTOO SANTO

capíruLo III

A PRIMEIRA REPÚBLICA: ASPECTOS ECONÔMICOS

3.1] À AGRICULTURA

do colonial e continuaria
Á assicultura era a base da economia do Espírito Santo no perío
cultivo do café e sua rápida
a sé-lo durante a Primeira República. Com a introdução do
não apenas do Estado como
expansão, esse produto tornou-se a maior fonte de renda
também do resto do Brasil.
a, e, no início do século XVI, levado
O café foi descoberto na Etiópia, país do leste da Áfric
decorrer dos séculos XVI «
para a Península Arábica e, depois, Egito, Síria e Turquia. No
no século XVIII já era cultivadc
XVIL seu consumo se espalhou pela Europa. Admite-se que
no Brasil, havendo notí cias do seu comércio no Espír
ito Santo em 1811.%
aqui existia terra abundante.
A cafeicultura no Brasil se exp andiu rapidamente, pois
clima apropriado e mão-de-obra disponível.
o um dos principais produto:
Em meados do século XIX, o café já se destacava com
a cultura da cana-de-açúcar
da província do Espírito Santo, suplantando pouco a pouco
provocada pela demanda inter
A expansão do cultivo se deve sobretudo à alta do preço,
em áreas até entãc
nacional. Os cafezais se estenderam não só pelas terras incultas, mas
em pequenas € mé-
destinadas à cana-de-açúcar e produtos agrícolas diversos, cultivados
implementação
dias propriedades. A carência desses produtos viria a ser um dos fatores da
eram própria:
da imigração estrangeira. Mais tarde constatou-se que nem todas as terras
ltore:
para a cultura do café. Em áreas onde ele não deu os resultados esperados, os agricu
voltaram a plantar cana, mandioca e outros produtos.
REGINA HEES / SEBASTIÃO PIMENTEL FRANCO
30 o o ——————T

era oo
“ciliájáera
O Brasil o exportador
maior mundiall dede cafecafé.
dor mundia
do período republi cano, Aqui
No início es
95% da receita do Espírito Santo eram p
No ano de 1903,
IO S | nte famoso por seu aroma e sabor.
café capit «anja, 3 À
o : :
Ara |qe om o seu cultivo, i
tendo surgido, como em outras
Muitos fazendeiros enriqueceram €
lo Brasil, b uma “nobreza do café”. Eram
do
: fazendei
: ros que
É passaram a formar uma
partes
eles, destacamos
. r e ,

verdadeira aristocracia rural, com muito prestígio social e político. Dentre


, E

os barões de Itapemirim, Aimorés, Timbuí e Guandu. |


O plantio do café exigiu o desmatamento de vastas áreas. Como se praticava a coivara
que consiste na limpeza de terreno a fogo), houve um progressivo desgaste do solo. A
expansão cafeeira teve uma influência decisiva no desenvolvimento do Espírito Santo. O
escoamento da produção impôs uma rápida melhoria das vias de comunicação, abertura
de estradas, caminhos, melhoramento dos portos, desobstrução de rios para o transporte
Juvia!, construção de ferrovias e introdução de barcos a vapor.
Jem disso, provocou o crescimento da arrecadação de impostos, o que permitiu a
realização de obras públicas, além das já citadas, que beneficiaram toda a população: obras
saneamento, iluminação pública, bondes elétricos, escolas, melhor organização do
iço de correios e telégrafos etc.
4 em do caté e do açúcar, produzia-se no Espírito Santo, no período em estudo, o milho,
0,9 arroz, o algodão, o cacau, a mandioca, madeiras, O tabaco, frutas, hortaliças etc.

3 A « VIAS - ç .
2 +45 DE COMUNICAÇÃO: ESTRADAS, PONTES, CAMINHOS, PORTOS E FERROVIAS
3.2.1 Estradas

AÀ ne
nerecoid-
cessidade de €Scoamento
odu ção cafeeira foi
da pr
tura de estradas € cons a motivação maior para a aber-
trução de pontes
podemos citar Bernardino
Monteir o Promovidas Por vários governantes. Dentre eles,
? r 1 Pa

de maio de 1920. » Que 8overnou o Estado de 23 de


maio de 1916 25
A REPÚBLICA E O ESPÍRITO SANTO
—-———-—————————>>—>—>—
———— 31

Esse presidente, em mensagem ao Con gresso Legislativo, datada de


12 de ou-
tubro de 1919, afirmaria “[...] afinal » Lo café], era o resumo da história econômica
do Estado nos dias republicanos”>,
Foram construídas estradas em regiões de topografia acidentada, como entre
Santa Leopoldina e Santa Teresa, Castelo e Muniz Freire. Elas tiveram notável
infuência sobre o desenvolvimento econômico das regiões atravessadas e logo
passaram a ser trafegadas por caminhões de transporte de café . Assim, carros a
motor percorriam o nosso interior antes mesmo de a capital ter recebido os pri-
meiros automóveis.
Durante o governo de Florentino Avidos (23/05/1924 a 30/06/1928), foram
abertas as estradas de Colatina a Nova Venécia, de Vitória a Afonso Cláudio, de
Cariacica a Santa Leopoldina, de Santa Teresa a Colatina, passando por São Joau Caminhões caaspprendo ealé (1918)
de Petrópolis. O trecho de Santa Teresa a São João de Petrópolis é citado por Flo-
rentino Avidos como o mais caro dos que construiu, por atravessar uma região de
Construiu
topografia muito acidentada, especialmente os nove quilômetros da Serra de Timbuí.
São Pedro
também as estradas de Ponte de Itabapoana a São Pedro de Itabapoana e de Mimoso a
do Estado, pois, quando
de Itabapoana. Fez ainda reparos em praticamente toda a rede rodoviária
as condições de conservação.
assumiu o governo, as estradas existentes encontravam-se em pessim

25 Oliveira, José Teixeira


de. op.cit., p. 422.

iro do Itapemirim (1909)


Estrada Vitória a Cachoe
REGINA HEES / SEBASTIÃO PIMENTEL FRANCO

o
3.2.2 Caminhos de penetraçã

ou de caminhos de penetração,
O presidente Avidos abriu ainda o que cham
. Destinavam-se principalmente às
ESTE "a mai or parte deles no município d e Colatina
RÃ dói amento da produção agrícola, sobretudo
tropas de burro, tão importantes para O esco
do café. Mas houve a preocupação de construí-los com possibilidade de adaptação
ives muito fortes.
fácil ao tráfego de veículos, evitando-se decl

3.2.3 Pontes
º .

Essas estradas foram interligadas com a construção de vinte pontes. Estas, em


. .
Ponte sobre o rio Itabapoana (1908)

geral, eram de cimento armado. Algumas, porém, foram feitas de madeira, com
pilares de alvenaria de pedra. Citaremos apenas as mais importantes: ponte sobre
o rio Doce, em Colatina; ponte em Vitória, ligando a ilha ao continente; ponte
interestadual de Bom Jesus, sobre o rio Itabapoana (o custo dessa ponte foi dividido
Santa
com o estado do Rio de Janeiro); ponte de Santa Leopoldina, sobre o rio
Maria, dando acesso à estrada de Santa Leopoldina a Santa Teresa.”
A ponte Florentino Avidos foi uma obra grandiosa, que requereu serviços de
aterro € saneamento nas regiões de acesso, sobretudo na Ilha do Príncipe. À supe
supervisão do engenheiro
Ponte Florentino Auidos Anidos. 2

3.2.4 Portos

Go Aid A costa do Espírito Santo dis o cc.


odo
e nialal,
coloom E facilitand Ootrtra
» que foram utilizados desde o Início
nspo
Sp rte ti mo
mariti de
suarapar,
passageiro merca: do pem m |
Benevente, São Mateus, Santa ( ruz fi
ri Virar
tes vos apena
eco a, OD Vários dos nossos rios era ua co guns desses portos.
e º 12,
0
€omo o ro Doce, o São Mateus, o Santa Mari
, . ..

*
ona DAN

Itapemirim, entre Outros, e di


pisdo

p.205.
a Tr a E

Porto de São Mateus (1908)

a á Ds

Porto Cachoeiro de Santa Leopoldina (1 908


34 REGINA HEES / / SEBASTIÃIÃO PIMENTEL FRANCO

comercial, como o porto de Santa Leopoldina, às margens do rio Santa Maria. Esse porto
recebia a produção de café das áreas vizinhas, que era conduzida até ali por tropas de burros,
e levada em canoas até o porto de Vitória, de onde seguia para o exterior. Com o passar dos
anos, esses rios deixaram de ser navegáveis, em consegiiência do assoreamento dos seus leitos.
O porto marítimo mais importante do sul da costa era o de Itapemirim, cujos valores
de exportação de café chegaram a superar os de Vitória. Em 1885 estava superando Vi.
tória em 45% na exportação do café.”” A importância do porto de Itapemirim derivava
de dois fatores fundamentais para o comércio da época: primeiro, a sua localização, em
uma região grande produtora de café; segundo, a proximidade do Rio de Janeiro. Deve-se
observar que os exportadores remetiam o café para o Rio de Janeiro, de onde era embar-
cado para o exterior.
O porto de Vitória, até início do século XX, não tinha atracadouro para navios, que
operavam ao largo. As mercadorias eram trazidas até os trapiches por meio de chatas ou
flutuantes. Somente embarcações pequenas, os escaleres, acostavam no cais do Imperador,
que se situava junto à atual escadaria do Palácio, e outros, como o cais grande da praça

27 Siqueira, Maria da Pe-

vimento do porto de V
(1870-1940). Vitória, Ita,
1995, p. 47.

Porto de Itapemirim (1908)


A REPÚBLICA E O ESPÍRITO SANTO
35

a antos s D Dumont Gunto à atual praça Oito).


| 1 Velha chegavam ao pequeno cais
As lanchas de Vila
do Eden Parque (situado no espaço ocupado hoje pelo cine-teatro G slória).
À construção de um cais e o aparelhamento do porto de Vitóri a eram medidas que se impu
nham para o desenvolvimento econômico do Estado. Durante anos «arrastaram-se os estudos para
a construção do porto. Vários projetos foram elaborados e abandonados. Construir O porto no

contun ente ou na ilha de Vitória foi uma das questões mais debatidas. À escolha de um ou outro
local determinaria o destino econômico, político e soci al da região portuária, seu crescimento c

progresso.

do
Construção porto de Vitória (1912)

: . (IO:
Construção do porto de Vitória

Porto de Vitória (1908)


REGINA HEES / SEBASTIÃO PIMENTEL FRANCO
36

1881 , o enge nhei ro Miln or Robe rts elab orou estudos para a construção do porto,
Em
a sua loca liza ção no cont inen te, do outr o lado da cidade, apontando a vanta-
indicando
e pela viabilidade da construção de
gem do local pela profundidade da bacia marítima por pressão do
o cais. O projeto não foi executado
uma estrada de ferro que penetrasse até
no continente. Tecnicamente, usava-se o
governo estadual, que não aprovava a construção
te fosse mais profunda, possuía maior volume
argumento de que, embora a área do continen
, nece ssit ando de trab alho s de dre nag em que encareceriam o projeto. A área localizada
de lama possivelmente, a maior
na ilha, embora meno s profunda, estava assentada em rochas. Mas,
comerciantes € políticos estava centrada em
preocupação dos governantes capixabas, dos . Certa-
er 0 seu crescimento econômico
manter a supremacia da cidade de Vitória e promov
caso a escolha o tivesse favorecido, e
mente, o progresso teria sido levado para 0 continente,
um novo plano foi aprovado por
Vitória ficaria marginalizada, talvez estagnada. Finalmente,
trução de 855 metros de
meio do decreto 7.994, de 10 de maio de 1910. Determinava a cons
a e outros serviços.
cais, de uma ponte de 199 metros de comprimento, a dragagem da barr
cia da Pri-
Os trabalhos foram iniciados em 1911, mas paralisados em 1914, em decorrên
meira Guerra Mundial. Até aquela data haviam sido concluídos 348 metros do cais. Como
dos
fim da guerra e a melhoria dos recursos financeiros do Estado, em 1925 foram reinicia
os trabalhos e puderam ser construídos os armazéns, a linha férrea, o calçamento. Foram
e
instalados guindastes, pontes rolantes e iluminação elétrica. Os serviços foram novament
interrompidos no dia 16 de outubro de 1930, quando já estavam concluídos 670 metros de
cais, dois armazéns e a ponte de ligação com o continente, além de já haver nove guindastes
montados. Os trabalhos foram retomados no dia 11 de junho de 1935. A primeira seção do

DonfoeMd de bp
e (ou eita em 1937. Os navios passaram então a operar diretamente no porto, cuja

28 Siqueira, Maria da Penha


de Vitóa ria. ” .
SMaZAro. Op.CiL., p.16. ad na partees sul
O p porto ficou situuado E Der
ni da ilha de aVitória, três milhas e meia do mat 1º
tando de canal, ao longo da cidade,
j num local protegido dos ventos pelos morros que
se estendem desde a barra até o ancoradouro.”
Pa ado Brasil Rio de) ci-
ro: O Norte, 1922, p. 209.
A REPÚBLICA E O ESPÍRITO SANTO
37

3.2.5 Ferrovias

Os recursos gerados pela produção cafeeira contribuíram também para


a construção de uma malha ferroviária que escoaria a produção agrícola,
transportaria passageiros, manteria o intercâmbio comercial entre as regiões
percorridas e uniria o Espírito Santo aos estados do Rio de Janeiro e de Minas
Gerais. Traria para o Estado o progresso econômico e social. Determinaria
também o aparecimento de povoações, vilas e cidades, que tiveram toda a
sua história ligada à passagem do trem. Algumas cidades e vilas entraram em
decadência quando as suas estações foram desativadas.
No Espírito Santo, construíram-se duas importantes ferrovias : a Estrada
,. : E a Estrada de Ferro Sul do Espírito Santo
de Ferro Sul do Espírito Santo (depois chamada de Leopoldina Railway), Estação Cariacica (1908)
a pro-
que ligava a capital ao sul do Estado e ao Rio de Janeiro, escoando
, que une a capital ao
dução de café, e a Estrada de Ferro Vitória a Minas
passageiros, produtos
norte do Estado e a Minas Gerais, transportando
urado em 1904. Essa
agrícolas, madeiras etc. Seu primeiro trecho foi inaug
nhia Vale do Rio Doce e transporta,
estrada pertence atualmente à Compa
para Os portos de Vitória.
principalmente, minéri o de ferro de Minas Gerais
do presidente do Estado Moniz
As principais metas do prime iro governo vias férreas. “Durante
Freire eram o povoamento do solo ea c onstruçãoao de
éstimo externo, No valor de
a sua administração Co ntraiu o primeiro empr a de Ferro
: s franceses destinados à construção da Estrad
17.500.000 franco
Sul do Espírito Santo Estrada de Ferro Vitória-Minas (1920)
»3()

no seu gove rno, no dia 13 de julho de 1895, foi inaugurado o


Ainda =
no continente, em frente à
> = %

mei ro tre cho ent re o por to de Arg ola s, situado


pri ferrovias, foram
e a Vil a de Via na Foi con clu ída em 1910. Além dessas duas grandes
capital, las, no trecho de
tras men ore s. Em 188 7 já funcionava a Est. rada de Ferro Carave
uíd as outr
constrruíd de Pombal, mais tarde denominad
a
de Itapemirim e a estação
50 quilômetros entre Ca choeiro
30 Oliveira, José Teixeira
de. op.cit. pod ld.
Reeve
1
38

24 ), co ns tr oe m- se est rad as de ferro de Anchieta


mes (1920-19 Vitória a
Durante o govern
o de Nestor Go
bi a Presiden te Bueno (trecho da
, Sã o Ma te us à Nova Venécia, Caju
À Alfredo Chaves
estradas
Minas). te s ti ve ra m a pr eo cupação de construir
de que vários governan buindo assim para in
terligar
Devemos nos lembrar das via s fér rea s, co nt ri
giões isoladas ao leito a produção agrícola.
dc rodagem ligando re or tu ni da de de es co ar
utor rural a op oeiro de Itapemirim,
populações e dar ao prod way, qu e li ga Vi tó ri a a Ca ch
Ferro Leopoldina Rail região serrana. Deveria
ter
O trecho da Estrada de à pr od uç ão ca fe ei ra da
medida em que caiu giões mais populosas,
de
entrou em decadência na duas cidade s, pa ss an do po r re
roximasse as ndo a opinião de estudi
osos do
sido feito um trajeto que ap me no s ac id en ta da , se gu
culturas diversificadas e com topografia
setor.
3.2.6 Tropas e tropeiros
e
à ex pa ns ão da la vo ur a cafeeira e à necessidad
Foi principalmente graças a utilização de tropas de
burro para
pr od uç ão que se im pô s
de escoamento da av am também milho, feijão e
outros
é. As tro pas ca rr eg
o transporte de caf é. Fo ram utilizadas desde mead
os do
r vo lu me era de caf
produtos, mas O maio iní cio do século XX, principalm
ente
o em nú me ro no
céculo XIX, crescend ano s 40, quando foram aos poucos
en tr an do pel os
nas décadas de 20 e 30,

ama Eeopoldina 1906

31 Desena. du
Baografia de

de Juneno. Pongera
pp 208209

Tropeiros em Santa Leopoldina (1908)


A REPÚBLICA E O ESPÍRITO SANTO

O 39
o
cedendo lugar aos caminhões.
As tropas de burro partiam para | ongas jornadas diárias,
vencendo picadas e caminhos mal
! e estradas lamacentas, esburacadas, ou cheias de poeira, em dias ensolarados
abertos, atoleiros
e quentes, enfrentando a chuva, o frio, o vento ou o calor. Os tropeiros ajudavam também a
conservar Os caminhos, principalmente as trilhas abertas nas matas, facilmente obstruídas pelo
crescimento da vegetação.
Devemos notar ainda que, naqueles anos, o Espírito Santo carecia de estradas e pontes. A
travessia de um rio era, na maior parte das vezes, muito trabalhosa, pois frequentemente só se
encontravam pontes nos pequenos cursos d'água. Deviam então descarregar os animais e deixar
que atravessassem a nado, enquanto a carga era colocada em canoas. Especialmente difícil era o
trecho entre a cidade de Santa Leopoldina e a atual Santa Maria de Jetibá. “Do início deste século
até os anos 30, Santa Leopoldina foi importante empório comercial e um dos maiores centros de
atividade tropeira do Estado”
Seus ricos comerciantes negociavam diretamente com a Europa. Mais ou menos no mesmo
lugar da estrada que liga atualmente Santa Leopoldina a Santa Teresa, existia um caminho que,
por vezes, se transformava em trilha, imprensado entrea montanha e vales profundos. Não poucas
vezes tropeiros perderam animais, que despencaram pelo precipício. Como esse caminho, outros
existiam espalhados pelo Espírito Santo. o
portos marítimos ou
As tropas faziam a conexão entre as fontes produtoras e as cidades, os
Huviais, as estações das estradas de ferro, percorrendo todo o Estado. Levavam a produção agrícola
querosene,
e transportavam devolta para o interior produtos ali inexistentes, como o sal, o açúcar,
domésticas.
ferramentas, bebidas, peixes salgad os, tecidos, calçados, utilidades
e, às vezes, mais um burro
A tropa era formada por dez an imais de carga (burros e bestas)
de cozinha e cama, que conduzia a limentos,
utensílios de cozinha, agasalhos. Havia ainda a
bem enfeitada, que, com um cincerro pendurado ao
madrinha da tropa, égua miúda, sempre
ajudando também a reunir
pescoço, mantinha a tropa reunida, inclusive nos pousos € paradas, Ormand
ser o dono da tropa ou um
32 Moraes,

Os animais soltos no past o. O chefe da tropa era o arreeiro, que podia por
rs e vales do Espir

o devia tocar a tropa, ajudado, às vezes,


a epopéia das trop
empregado dele. Viajava .sempre montado. O tropeir
TO, e tropeiros. Vitória: IH
o com o cozinhei GES, 1989, p. 100.
um menino. Viajava a pé, junto
REGINA HEES / SEBASTIÃO PIMENTEL FRANC
40. O

Cada animal carregava dois sacos ou 120 quilos. Percorria de 20 a 25


quilômetros por dia, numa jornada cuja duração dependia das condições do
caminho e do tempo, de se realizar em subida de serras ou ao longo de baixadas,
podendo ser encurtada ou alongada. | |
Tropeiros e arreeiros passaram a exercer outras funções, além de conduzir
burros: levavam e traziam encomendas, notícias, correspondência, transpor-
tavam valores, compravam remédios. Gozavam de algum prestígio na socie-
dade, pela seriedade e honestidade com que, de modo geral, desempenhavam
essas funções. A chegada da tropa no interior era cercada de certa alegria e
1a Painciras, Cachociro do ltapemirim (1911) movimentação: todos procuravam saber das notícias das cidades, da vinda
das encomendas etc.
As tropas motivaram o aparecimento de várias atividades
lucrativas: a pro-
dução de selas e cangalhas, ferraduras, freios e cabrestos,
estribos, lamparinas,
cincerros, tachos e à compra e venda
de animais.

3.2.7 À industrialização

Ao longo do período colo nial, for


am surgindo no Espírito Santo pequen
fáb ric
fábricasas e indústria é que supriam as
as necessidades básicas da
indústrias artesanais que população. Eram
produziam te cidos grosseiros,
telhas, tijolos, farinha ferramen tas, açúca!,
de mandioca, ciga rros
| cs a de , velas, baús, sabão, colchões, selas,
EE, cr alimentícios etc. O isolamento
distancia em que vivia a população e a gra
da met Ibuí . . nde
masais, mim o a E «op ote RO Par a O apa rec nto dessas indústrias. Algumas cresce
CO ad çucare5tra,
a de far
En inh
et a de mandio. ca,ime a de tecidos. À produção de tecidos era ram
tante grossc: ira e destinada bas-
sobretud O ao uso dos
a exportação do excedente esc r a
ão mai
. ven
o
no A e
poE puladlção ao Pes E PER A ais sao,
podia dA o4
Co
Com os Serviç
.
os de relojoeiros
S, Sape > Mar
E ceneiros,
alfaia
c tes ah carpinteiros, seleiros, oU-
c muitos outros profissionais nad a .
,
res de piano, ferreiros, entalhadores, dourad
a res
o
A REPÚBLICA E O ESPÍRITO S ANT o
41

Com o advento República, h maior liberd ade para a produção


ouve industrial,
que sofrera até então sérias restriçõ ES,
2

es Proa te da metrópole, no período co-


lonial, e depo Ss, na época do Império,q ando rno central retinha a maior parte
dos impostos arrecadad os sobre im por e ortaç ão, limitando assim as rendas das
províncias e suas pos sibilidades de cresce er.
Com a instalação d a e 1 otica aca
a pr omulgaçã o da Constituição provisória de 1891,
os estados passaram a ter Ire o deccon traairemprésti mos no exterior, de decretar impostos
sobre importação e exp o e de ab SO rvê-los
O processo de1 ndustriria +
Espírito Santo teve início no governo de Jerô-
nimo Monteiro d que tomou medidas im
OS= o visando a incentivar o
estabelecimento de indústrir S: con ced eui o de postos, doou terrenos, forneceu
gratultamente energia ri ca et E:
Esse governa nte teve a reo a o de abrir no s fontes de renda para o Estado,
sujeito até então às1 incertezas noc ult ura cafeeira 3 Uma grande seca ocorrida em
1898 e 18994 pre ju safra atéél 901. em 1909 e 1910 os cafezais vol-
taram a sentir os 1refle xo os de um sev ra e ue fes diminuir a exportação em 20%
até 1911. 190 7a 190 édia dae x or pia via sido 727.987 sacas. De 1909
à 1I9ll,arm edi ia al up ar 19. 44 3 aca . De a 1911, café foi responsável por
menos de 60% do tota da re ceita o Est o, em 1893, chegara a atingir 91%
34
sobre o total das renda Sa

O Estado não pod ja con tin uar com a suua economiaa relada aos rendimentos originados
pelo café, sujeito às osc ilações às variaç desde preço no mercado internacional.
safr as €

Jerônimo Monte iro não teria ons eguido exec utar O seu programa de governo
se não
sã nanças do Estado sa neadas pelo se u antecessor, Henrique da Silva
33 Bittencourt, Gabriel.
tivesse encontra
Coutinho (1 20d Em 1907,0 residea te Cout nho, diante das quedas do preço
do café, da grave cr coonô ica queeo É tado atrav ssava € dos compromissos assumi-
Departamento Estadual

dos para a Espadasa da Estiá S da Esp fri to Santo, resolveu privatizar essa de Cultura, 1987, p. 125.

ferrovia e a Estra e Fe rrO ie S. “Essas operaçõe es foram realizadas por Jerônimo


ara
34 Siqueira, Maria da Pe-

Monteiro, então pr ocur or do Es tad o,€ viriam a bene ficiar seu próprio governo. nhaS. op.cit., p. 48.
m o total apoio do Congresso
plantaa das no Estado durante se
u 8overr
Ni
cuteu a , fábrica de tecidos em
| Cach Oeiro
de:
E têxteis do sul do Estado; uma g and
Br eUsina d
fábrica de papel; outra de óleo, e um a
grande serr ara,
m, transformado em em p parque industrial do
Estado. A
is adiantada do Brasil, na época. “L | usi
E E ou OS esses est
ir m rec
recebi
d am e
am elet triciddadade for
ele ornnecida por uma usina hidr abel
elétrica Con
struída

Falta
a “Tea de tanspor
t
«À fábrica de óleo
queda do Preço da Madeir
a industrializada Int
A REPÚBLICA E O ESPÍRITO SANTO 43

Duas novas usinas deaçúcar surgem no final da Primeira Guerra Mundial: a Usina Cascata,
inaugurada em 1918, e a Jabaquara, em 1919. Entretanto, o café continuaria a ser a maior
fonte de renda do Estado. Em 1918, ele era responsável por 60% da receita total do Espírito
Santo. Exportavam-se também nesse mesmo ano: madeiras, feijão, farinha, milho, tecidos,
areias monaziticas, couros, arroz e açúcar.
Na década de 1920, a Fábrica de Tecidos de Cachoeiro de Itapemirim foiarrendada à firma
Ferreira Guimarães e Cia. Sua produção de tecidos de algodão chegava a quase dois milhões de
metros por ano, dos quais 1.600.000 eram exportados. Possuía então 161 teares e empregava
287 operários (101 homens e 186 mulheres).”
Nessa mesma década, observa-se certo esforço do governo estadual em busca do desenvolvi
mento industrial, inclusive fomentando a produção de matérias-primas como o algodão, cujos
pequenos produtores recebiam incentivos e assistência técnica da Secretaria de Agricultura,
Terras e Obras.
Paralelamente, surgiram várias pequenas indústrias de material de construção em Cachoeiro
de Itapemirim, como a de cal, na Fazenda Aquidabã, de ladrilhos, telhas “francesas”, manilhas de
cimento, cerâmica, de produção de meias, além de uma usina de beneficiamento de café. O apa-
recimento dessas indústrias deveu-se, provavelmente, à presença da fábrica de cimento. Devemos
assinalar também que, em Cachoeiro, na época, existiam algumas pequenas indústrias de mobílias,
calçados e tamancos, e uma fábrica de “pios de pássaros”, feitos de madeira, que se tornaram
tradicionais, sendo produzidos até hoje.
Mas, então, ocorreram mudanças significativas no cenário das indústrias do Estado.
No
governo de Nestor Gomes (1920-1924), a fábrica de papel de Cachoeiro de Itapemirim, havia
vários anos parada, teve o seu maquinário desmontado e vendido.
Seu prédio foi aproveitado
para a instalação de um estabelecimento de ensino, o Liceu Moniz Freire.
Afábrica de óleo, cujas atividades também estavam suspensas, foi desmembrada da Serraria
Industrial de Cachoeiro de Itapemirim e levada para o barracão da Fábrica Sílico-Calcário, em 37 Ribeiro, Do
Ubaldo Lopes. 4/
Vila Velha, também parada. de Cachoeiro de |

Ainda na década de 1920, foi feita uma tentativa de exploração industrial de minerais repe: suas terras, sº
seu progresso, su:
metálicos a serem retirados das areias monazíticas de Guarapari. Para isso, aqui se
instalou a Rio de Janeiro: Pat
1928.p. 98.
“REGINA HEES / SEBASTIÃO PIMENTEL FRANCO
, mi ceara
44

norte
esilienne, que fez importantes investimentos ao
Companhia Miniére Fran co-Br crise internacional,
de Guarapari. Mas, em julho de 1929, pouco antes da grande
da do mercado externo pela
Hidlo . 4vV,

suas atividades cessaram, apesar da crescente deman


deveu-se à disputa entre a União eo
produção. Pelo que se pode avaliar, O fracasso
Estado por questões tributárias.
ão de uma
a, o Estado fez numerosas concesso es para a implantaç
Por essa époc
sul do Estado.
serraria industrial em Ponte de Itabapoana, no
florescer. O
As indústrias no Espírito Santo levariam ainda algum tempo para
ica agrícola, por
Estado, na década de 1930, continuava com uma base econôm
estados
diversos fatores. Além dos já citados, podemos apontar a concorrência com
vizinhos, mais prósperos e com maior desenvolvimento industrial, como o Rio de
| Janeiro e São Paulo; a falta de infra-estrutura, a deficiência de transporte.”

3.2.8 O comércio

O desenvolvimento comercial do Espírito Santo, na Primeira República, está


| ligado à produção do café, o nosso produto agrícola mais rentável, base econômica
do Estado durante um longo período. Além de café, exportávamos cacau, algodão, açúcar, milho
arroz, feijão, tecidos, couros, madeiras, areias monazíticas, álcool, aguardente a | |
(O) comércio exterior era feito sobretudo com os Estados Unidos, vários países da Europa e
a Argentina.
g |
Dentre í
os paises
)
europeus com quem mantínhamos um comércio mais intenso,
lestacava-sea Itália,5 deon desei im portavam vinhos,
l =
queijos, :
licores, manteiga, salame, conservas,
cervejas. Tão signi Í 5 $rci
tória
cm; E Vitória, gnificativo comerciaiso
d de quatro casastornou-se comércio
itali
com: a Itália que acabou motivando a abertura
tais italianas: Fiori l nO: ,
Amadeo Gonela. ita Cia., Camuyrano Cia., Pisoni Cia. e
o Dentre as firmas e casas comerciais do Es
ima a >, as mais importantes eram: Lisandro Nicol pírito Santo do século XIX até meados do século
o Wma de Po Guimarães, Cruz Duarte & Cia, Casa Verde
E Guimarães, A. Prado & Cia, Antenor
otel Magestic, Café Globo, Flor de Maio, Joalheria
nb Petrochi, , Neffa: & Irmãos. C ;
1908 1999 rmãos, Casa Busatto, Far, mácia Roubach, Hotel Europa, Empório Capixaba,
A REPÚBLICA E O ESPÍRITO SANTO
45

A Principal, À Mimosa, Casa das Meias, Casa das Linhas, Casa Madame Prado, ,
A Queimamade deira, Estúdio Fotográfico Mazzei, Estúdio
Fotográfico Otávio Paes.
No interior, destacavam-se as firmas: Elias Pádua, Nemer, Perim, Ceotto,
Biase
& Cia,J. Reiser & Cia » Vervloet Irmãos & Cia, C. Miiller, José Eugen
io Vervloete
outras. Nessa época, 40% dos produtos importados eram tecido
s; 30%, bebidas;
20%, gêneros alimentícios; 10%, diversos produtos.”
Em 1900, já existiam em Vitória dois estabelecimentos bancários: o Banco
Espírito-Santense e o Banco da Vitória. Em 1910, o Banco Inglês é instalado na
rua da Alfândega. Durante o governo de Jerônimo Monteiro, no dia 1º de junho |
de 1911, foi inaugurado o Banco Hipotecário e Agrícola do Espírito Santo, como
já dissemos anteriormente. Aos poucos, outros bancos foram surgindo. Em 1909,
um grupo de destacados comerciantes fundou a Associação Comercial de Vitória,
que, em 1917, foi reconhecida de utilidade pública. Tinha como finalidade básica
defender os interesses da classe comercial.
À Primeira Guerra Mundial (1914-1918) afetou a nossa economia eo comércio
exterior, com o fechamento de vários portos europeus. Teve também repercussão
sobre a agricultura e a indústria e paralisou obras, como a do porto de Vitória.
Além de ser o principal produto de exportação, o café promoveu também o
desenvolvimento do interior do Estado e seu povoamento. À comercialização desse
produto deu vida a portos marítimos e fluviais, estações de trens, movimentou
estradas e caminhos, provocou o aparecimento de povoados, vilas e cidades. Com Casa Verde, Vitória (1910)

o crescimento da população urbana, multiplicaram-se as pequenas vendas de secos


e molhados e, depois, os grandes armazéns, os quais, além de produtos alimentícios, vendiam
39 Torres Filho, Arthur
ferramentas, sementes, selas, utensílios domésticos etc. Aos poucos, surgiram também farmá-
cias, armarinhos, lojas de tecidos, bares etc.
econômico. Rio de|
Para manter bem abastecidas as casas comerciais, era muito importante o trabalho dos Pimenta e Mello,

viajantes, denominados “cometas”, que receberam esse nome por só aparecerem de tempos em p. 55.

tempos. Eram homens que percorriam O interior com os seus mostruários e se hospedavam 40 Moraes, Or
nos “hotéis dos viajantes”, quase sempre existentes nas cidades por onde passavam. História dos ba
rito Santo. Nuória. LHGES.
REGINA HEES / SEBASTIÃO PIMENTEL FRANCO
46

Naqueles tempos, as comunicações eram difíceis, as viagens, muito mais longas. Assim, 2»

a se aventurar
«

muitos comerciantes preferiam fazer as encomendas de produtos aos cometas


a viajar ao Rio de Janeiro ou São Paulo, onde fariam suas compras. Havia inclusive o temor de
serem ludibriados. Os “cometas”, sempre bem-vindos, traziam jornais e revistas e colocavam os
comerciantes a par das novidades das grandes cidades.
Não podemos deixar de mencionar também os mascates, geralmente sírios
ou libaneses, conhecidos como “turcos”, que percorriam o Interior, com os
seus burros, vendendo tecidos, perfumes, jóias, bijuterias e os mais diversos
produtos, à vista ou a prazo.”
Até a década de 30, o café foi transportado sobretudo pelas tropas de burro.
As tropas levavam a produção até os portos fluviais ou marítimos, até as esta-
ções ferroviárias e, nas viagens para o interior, os burros eram carregados com
produtos das cidades, movimentando o comércio.

Cervejaria Van de Namp, Santa Leopoldina (1908)

pobre,
ba

par

Vitória, [JSN, 1987.

ETR
Comercial Teixeira &
Guimarães, Vitória
(1910)
47

CaríruLO IV

TRÊS PRESIDENTES DE ESTADO NA PRIMEIRA REPÚBLICA:


MONIZ FREIRE, JERÔNIMO MONTEIRO E FLORENTINO AVIDOS

Do. presidentes que governaram o Espírito Santo na Primeira República, três se destacaram
por suas realizações administrativas no que se refere ao conjunto de obras que executaram,
modificando substancialmente as características urbanísticas, sobretudo da capital do estado,
Vitória.
As ações desses presidentes seguiam um padrão de modernidade que se iniciou na Europa,
no final do século XIX, e que tomou vulto no Brasil, a partir dos primeiros anos do século XX.
Esses governantes foram bem-sucedidos graças, principalmente, aos recursos advindos da
produção e expansão do café, que, após uma fase de dificuldades e queda de preços, recuperou
importância no mercado nacional e internacional, e aos seus dotes de bons administradores.
Esses políticos fizeram parte de uma oligarquia poderosa que se revezou no poder, do-
minando a política local durante toda a Primeira República, sobretudo Jerônimo Monteiro,
principal líder dessa fase.

4.1 José DE MELLO CARVALHO MONIZ FREIRE

José de Mello Carvalho Moniz Freire nasceu em Vitória, no dia 13 de julho de 1861. Estu-
dou no Atheneu Provincial de Vitória, tendo desde cedo demonstrado forte tendência para o
Peixoto,
jornalismo. Junto com os seus colegas de Atheneu, Afonso Cláudio e João Monteiro
fundou o jornal literário “A Aurora”. Em 1877 transferiu-se para Pernambuco, onde se matri-
culou no curso jurídico da Faculdade de Recife, um dos melhores do Brasil na época. Em Recife José de Mello Carvalho
Moniz Freire
continuou a pôr em prática sua vocação jornalística, criando o jornal “A Gazeta Acadêmica”.
z af ' / . . . c A : »”»
REGINA HEES / SEBASTIÃO PIMENTEL FRANCO
TOO

nsf eri u-s e par a São Pau lo, ond e se tornou redator chete Ea
Três anos mais tard
e tra da E
o curso jurídico, oras
Em 1881 conclutu
“Liberal Acadêmico”. Nunes, n a o no iá-
to com Clero
No dia 15 de março de 1882, jun consegu projeção fora ER
to - Esse jorna
. y no
a “Província do Espírito San
vários intelectuais, entre eles Jo-
] sta S
gn s de
z Fre ire re ce be u elo gio
trabalho po de Moni a se chamar “Estado
Estado: O
da nto” passou
aquim Nabuco. Mais tarde “À p rovíncia do Espírito
do Espírito Santo. pau-
com Co latina de Azevedo Muniz, filha de
Ercire constituiu família, casando-se
listas, com quem teve 9 filhos. e TER e
Ao longo da segunda metade do século XIX, várias reivindicações do Espírito Santo,
governo imperial.
cadas cobretudo à economia provincial, vinham sendo negadas pelo
nando a
Diante
IJJalite disso, Moniz Freire enviou ao imperador uma série de sete cartas, exter
QUIS.

satisfação do povo do Espírito Santo e expondo as necessidades mais urgentes a serem


cendidas: construção de estradas de ferro, navegação no rio Doce, navegação entre os
mortos da província, incentivo à imigração. Essas cartas devem ter contribuído para a
á+

realização de muitas obras que tinham sido preteridas.


Moniz Freire sempre atuou na vida política do Espírito Santo. Em maio de 1890,0
Partido Republicano se reuniu em Vitória, com a presença de representantes de vinte
: po É o: o. E
InraliAad ec
ocalidades. ares
Havia, no seioE do partido, sérias divergências. Uma ala dissidente fundou,
na ocasião, um novo partido, a União Republicana do Espírito Santo. Os que permane-
U
ceram fiéis ao situacionismo e parte dos conservadores fundaram .
o Partido :
Republicano
Construtor, chefiado por Moniz Freire.
Para
e mdelaborar o projeto de u ma novaà coc nsttuição
itui q republicana,
I Afonso Cláudio, pre-
tudi )
| Es | destBnou uma comissão da qual fez
ida a parte Moni
missão, a Assembléia Constituinte
«osMEtante d decretou a Carta Constitucional
Ca no dia 2 de maio de
1892.2. No mesmdoo dia d: a promulgaçãoã
| da C onstiItui
tuiçã
para a presidência do Estado. iz Freire
Ed elegeu Moniz er
Para governar o Espírito Santo
o do , Moniz Z Frei
Freire el aborou um programa de governo que >
dnh ad dois objetivi s básicoLOSs: constrru
ucã ç
ção de vias férreas e povoamento do solo. Sua admi
À :

nis
A REPÚBLICA E O ESPÍRITO SANTO
ist meses
meme
metem —
o 49

gi ão foi| beneficiada
cnettad Mi por um período
«4
de prosperidade, graças aos bons preços do
café e ao
ve ume de exportações desse produto. Em 18
foram exportados 21.763.930 quilos, ; um
número recorde.
gundo Carlos Teixeir o
des Carlos Teixeira, o Programa de Freire visava a transformar Vitória num grande
centro populacional e comercial, de onde seria expo
rtada a produção, sobretudo de café, das
regiões proximas inclusive parte de Minas Gerais.?
Freire procurou entrar em contato
com Afonso Pena, então presidente de Minas, para
juntos estudarem problemas ligados aos dois esta
dos. Um dos principais projetos discutidos
pelos dois presidentes foi a construção de
um a estrada de ferro unindo Minas e Espírito
Santo. Desse entendimento resultou a assinatur a, em Vitória
, do convênio para a construção
)
da citada ferrovia, cujas obras começaram em seguida.
Durante o governo Moniz Freire, o estado contraiu o primeiro emprés
timo externo,
no valor de 17.500.000 francos franceses, para a construção da Estrada de Ferro Sul do
Espírito Santo, que ligaria Vitória a Cachoeiro de Itapemirim. Quando foi proclamada a
República, já existia a Estrada de Ferro Caravelas, que unia Cachoeiro a Alegre.
Seguindo a outra meta do seu governo, Freire promoveu a introdução de 20.000 italianos
direcionados para a lavoura.
A prosperidade advinda da boa fase da produção e comercialização do café tinha reflexos
em toda a vida econômica do Estado. O comércio, de um modo geral, prosperava. Vitória e,
sobretudo, Santa Leopoldina, importavam diretamente da Europa manufaturados, enlatados,
bebidas erc. A boa fase econômica permitiu a realização de obras como o teatro Melpômene,
inaugurado em 1896, construído em pinho de riga, no largo da Conceição, atual praça Costa
Pereira, que comportava 1.200 pessoas. ,
Foram também estabelecidos contratos para a construção de um engenho central em
Itapemirim, e de fábricas de tecidos em Vila Velha e Benevente. .
Nesse período foi inaugurado o primeiro trecho da Estrada de Ferro Sul do Espírito Santo, 42 Campos Junior
entre o porto de Argolas, fronteiro à capital, e a então vila de Viana. | lt
| plantou também a navegação a vapor no rio Doce, feita por pequenas Vitória, Secretaria
oniz Ereire
Mania Freire im
embarcações, que ficaram conhecidas como “gaiolas”, para o transporte de carga e passageiros.
cipal de Cultura c
>
mo. 1996, p. 148.
REGINA HEES / SEBASTIÃO PIMENTEL FRANC o

o escoamento da
[sso trouxe muitos benefícios para os habitantes da região, contribuindo para
la e facili tando a comun icaçã o com regiões até então isoladas.
produção agríco
10.000 habitantes, imprensada
Vitória, nessa época, era uma pequena cidade, com cerca de
ampliar sua área de ocupação a fim
entre as montanhas co mar, com poucos meios disponíveis para
saneamento continuava propiciaro
de suportar a expansão populacional. Além disso, a falta de
a serem enfrentados. No
aparecimento de epidemias, que faziam muitas vítimas. Eram problemas
a solução seria a extensão
que diz respeito à ampliação da área urbana, pensou Moniz Freire que
objetivo, encarregou o
da cidade em direção às planícies situadas a nordeste da baía. Com esse
estudar o assunto. Essa
engenheiro sanitarista Saturnino de Brito de presidir uma comissão para
o Novo Arra-
comissão decidiu que fosse elaborado um projeto para a construção de um bairro,
novo bairro
balde, que ocuparia uma área equivalente a cinco ou seis vezes a área da capital. O
com
seria ligado por trilhos de ferro à parte antiga de Vitória. Embora a cidade não contasse ainda
trânsito de veículos, o projeto era uma obra-prima de urbanismo, com amplas avenidas e ótimas
condições de tráfego. Foi previsto o saneamento de toda a área, assim como O fornecimento de
água e iluminação a gás. Porém, com a crise que se instalou no Espírito Santo em consequência
da queda dos preços do café, as obras na capital foram paralisadas e a área destinada ao Novo Ar-
rabalde não recebeu nenhuma infra-estrutura: construiu-se apenas uma estrada ligando o bairro
ao Centro. O Novo Arrabalde só receberia estímulos para a sua ocupação na década de 1920,
durante Os governos de Nestor Gomes e, principalmente no governo de Florentino Avidos, que
construiu o serviço de canalização de água potável e calçou e drenou ruas e avenidas, despertando
o ritenesse pela ocupação da área. Para isso contribuíram o progresso econômico e o aumento
populacional que ocorreram naquela época.
Em 23 de maio de 1896, Moniz Freire deixou à presidência do Estado. Em julho do mesmo
E Rap Issã do Estado, sendo sucedido no governo
ça para desempenharalta comissão
por Graciano dos Santos Neves.
A REPÚBLICA E O ESPÍRITO SANTO
51

4.1.1 Segundo governo de Moniz Freire

RR o e pa e
, muito distante da que ele encontrara no início do
seu primeiro governo: forte seca se abatia sobre o Estado, caíam tanto o preço do café quanto o
volume da produção. Diante dessa difícil situação financeira, decidiu-se que o Estado pediria
moratória aos credores estrangeiros.
Para atravessar a crise, Moniz Freire estabeleceu um regime de austeridade e cortes nos gastos
públicos: fechou escolas, reduziu a força pública, reduziu o número de funcionários, tornou mais
à continuação
eficiente a arrecadação de impostos. Mas, apesar dos cortes nos gastos, autorizou
que as obras levariam a estrada
da construção da Estrada de Ferro Sul do Espírito Santo, alegando
verbas com essa destinação, oriundas
até as zonas de produção mais importantes e que existiam
de empréstimos feitos na França pelo seu antecessor.
1902, a situação econômi ca deu sinais de melhoras com o aumento da produção de café.
Em
Moniz Freire poucas obras consegui u realizar durante o seu segundo mandato.
Entretan to,
quando assumiu o vice-presidente eleito, Argeu
Ele deixou o poder e m 23 de maio de 1904,
dim , no imp ed imen to do coro nel Hen rique da Silva Coutinho, que só assu-
Hortêncio Monjar
miria o poder no dia 11 de julho.
a
Mo ni z Fre ire deixa o gov ern o mas permanece na vida públic
41.2

Es ta do , Mon iz Frei re se elegeu senador. No senado, apre-


do
Após deixar o governo d est aca a proposta de tornar O voto Secr |
eto.
e os qu ais Sé
sentou vários projet os, entr trumento
o ap oi as se m, po r entender em que ele se tornaria ins
Embora muitos políticos mocratizando o voto € torn
ando mais
ica na ci on al , de
de transformação da vida polít re Os
O proje to não foi aprovado naquele momento. Ent
lícito o processo de votação, B arb osa , que foi o primeiro a felicitar Moniz
a-se Rui
senadores que o apoiaram destac
Freire pela iniciativa.
HEES / SEBASTIÃO PIMENTEL FRANCO
REGINA

r ao jornalismo: no jornal
ando a se de. dica
10) í | 1 4re deixo
u,o senado,
a ado,
po
P ass
publicou artigos, sob o pseudônimo
. Aa

1914 Moniz fre estígIO no ÍS


pais;
r PI
CoOTrcCIio da
y
Manha”, entao O de maio

juskzo 3 de abril de 1918.


ro, no dia
Mo
N
niREz] E TCIICÇ faleceu no Rio de Janei

> IrróxiIMO DE SOUZA MONTEIRO

de maio de 1908, go-


imo Monteiro assumiu a presidência do Estado no dia 23
ndo até 23 de maio de 1912. o
cendência portuguesa (seus bisavós paternos nasceram na regiao de Braga, norte de
“etambém português era seu avô materno), Jerônimo de Souza Monteiro nasceu
“dc junho de 1870, na casa grande da fazenda Monte Líbano, próxima a Cachoeiro
pemirim. Seus pais, Francisco de Sousa Monteiro e Henriqueta Rios de Sousa, ti-
1 tiihos. Dois deles foram presidentes do Estado (Jerônimo e Bernardino) e um,
não, tornou-se bispo,
“ernando foi o segundo bis
bispo do Es pírito Santo, tendo chegado a Vitó
1902 , cm
ria no
março de substituição a Dom João Neri.
Faleceu em 23 de março de
tendo, portanto, exercido a funçãoção epis
copal durante o governo do irm
episco
irmãão Jerôni
ôni mo

cCcasa

ca Monte Líbanoano,
| -Se f ormou na $
próspera
| prosperc
Pratarias e crista;
Stais.de,Além
luxuosame
dos salõnte mobiliada
. e decorada,a, qu que
e demais dependêne:
109S
E Es com ricos | ustres e grande
Ja por Jardins s
ctodo
COMEN au.
tavam que .
os faze dr dos anos e ma capela e era
le |
Outra
Culturas,
de ali foram :
CU, aviári eo
os » Currais, o mpE - Além dos cafezais
pocil
ta, Olaria, forno
A REPÚBLICA E O ESPÍRITO SANTO
—————— a
em pe
me

Ê s

Em 1885, Jerônimo viai à uantE


ara Minas Gerais o Com Os irmãos para estudar no colégio dos padres lazaristas, no
É” .
«ao J

a Re sc 15 diasa cavalo da fazenda Do Monte Líbano.


; Mas não ) seadaptou
e lá estudou
depois apenas
para São Pauloum (ca ano.pial| r ansferiu-se
a E
então para o colégio São Luís, em Itu (São Paulo), e
epois para São P; capital), a fim de cursar a Faculdade de Direito, em que se formou, em
1894. Já em 1895, elegeu-se deputado do congresso estadual do Espírito Santo. No dia 25 de
março de ] 897, casou-se com Cecília Bastos, filha do comendador Cícero Bastos,
em Piracicaba
(SP) - Em jairo daquele mesmo ano, foi eleito deputado federal. Por ter-se atritado com o grupo
político do presidente Moniz Freire, foi excluído da chapa de deputados federais para a legislatura
de 1900-1904. Inconformado, fundou o Partido da Lavoura, que teve como candidato à presi-
dência do Estado o coronel Ramiro de Barros Conceição, em oposição ao próprio Moniz Freire.
Derrotado, foi para Monte Líbano, onde adoeceu de tifo, depois de procurar ouro e pedras
preciosas no córrego do Macaco. Quase perdeu a vida. Restabelecido, exerceu a advocacia em
Cachoeiro até 1903, quando se transferiu para Santa Rita de Passa Quatro, em São Paulo, para
também advogar. Trabalhou ainda como jornalista na redação da “União Municipal”. Já tinha
então 4 filhos: Francisco, Henriqueta, Jerônimo e Darci. Depois nasceram Dail, Zoé, no período
presidencial, Nice. Cícero foi o oitavo filho do casal.
A bem-sucedida atuação de Jerônimo Monteiro como advogado contratado pelo presidente
Henrique Coutinho para a tarefa de equilibrar as contas públicas projetou-o no Estado como
homem hábil, capaz de resolver sérios problemas econômicos, com bom trânsito nas áreas esta-
duais e federais. Qualidades sem dúvida desejáveis para um bom governante.
| |
Mas vejamos como foi lançada a sua candidatura.
No final do governo do cel. Henrique da Silva Coutinho (1904-1908), surgiu a questão
da indicação de um nome para sucedê-lo. Havia inquietação entreas lideranças políticas, divi-
inho. O domínio de Moniz
didas entre os partidários de Moniz Freire e o cel. Henrique Cout
O
Freire vinha prevalecendo desde 1892, quando tomara posse como presidente do Estado.
cel. Henrique Coutinho fora seu aliado e tinha na vice-presidência Argeu Monjardim, genro
de Freire, com o qual, por motivos políticos, se atritou logo no início do seu governo. Isso
presidente da República, Afonso Pena. O cel.
criou um impasse que acabou envolvendo até o
bispo D. Fernando para
Henrique Coutinho visualizou uma saída para o impasse ao convidaro
nciliar os ânimos. Depois de alguma hesitação, D.
ser o seu candidato. Só ele seria capaz de co
EES / O
SEBA STIÃO P PIMENTE
NTEL FRANCO
REGINA H

| . esidi do

indi Do! local, ele te ria boas chances com o candidato


a upolío tica
Hernando recusou o convite, mas indico
t1OT«
1 ido st
dc IdO Ca astad( c le ,
ripla polítICO
Ai jomento o É tico. a Partido Repu blicano Cons-
aquele venção do
No diadit o | bro
16 de outubro de
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1907, foi realizada a con ua 6 us
do Estado. As eleiçõ es foram
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Baniiade Monjardim....... eternos E oro


losé Belo de Amorim vísia Bis aérea aja ibid SÃO DSi AJA é josó E35 UHE SATO IG SE O VOLO

Para vice-presidente:

lenrique ÀAlves
Henrique ves dede Cerqueira
q Lima ..... 7.746 votos
] OAQUIDA
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LATIO: ee.
sas pu ima ais emsma dE EMA EIS es
did dio e E A 6.727 votos
Tasé |
losé ( oelho dos Santos Sata sfeipisio sferaMaTo HE ENTE AIG IE S/S easvê ra 5 . 746 votos

vitória esmagadora evidencia a prática do coroneli


ESSsa Vl
smo e do voto de cabresto que se
implantou na política do Brasil e do Espírito Santo.
Jerônimo Monteiro tomou posse no dia =
À ssum
23 de maio de 1908, no Congresso Legislati-
o.
iu um Estado em
A

condição financeira (a receita difícil


com
Ro
sorte de problemas a serem enfrenta
1
ã menor que as despesas) e
dos. Vitória possuía na época
toda

abitantes. eo Espírito Santo, 250.000, cerca de 12.000


presumivelmente. Havia carência de escolas, hospitai
stradas, saneamento básico s,
etc . Vit ória era des provida
1
minação pública adequada de rede de esgotos, água encanada
11
, energia el étrica. ,
A limpeza das ruas acon
tecia apenas, invy ar
ou por motivações po iavelmente, quando ocorria
líticas. O usu al, po
rtanto, m as festas religiosas
fal ta de sancamento
provocava sur tos de
er a às ru as encon trarem-se sempre sujas.
cólera, febre am À
arel à, peste bubônica,
cen
dl
Jerônimo Mont
! JO
cz Com (
Testa que
eiro, ao assu varíola. Esse
mir o go Yerno,
se preocupasse com essa
mmmemtememo a
A REPÚBLICA E O ESPÍRITO SANTO

questão. SobreE isso, fez o seguinte coment po.


ário na Exposição
é ua
sobre os negócios do
estado do Espírito Santo:

Abastece-la d'agua, provêl-a de


bom SEIVI
servico
ÇO d de exgottos, saneal-a e crear para ella
hygiene, capaz de prevenira Irupção um serviço de
e 1 de qua
ua esquer epidi emiai s ou combatel-as ituiio
com sucesso, constitu
logo a mais sincera preocupação do me
u governo.

Às primeiras tarefas de Jerônimo Mo


nteiro foram reorganizar a máqui-
na administrativa e sanear as finanças, o que o obrigou a tomar medidas
bastante impopulares. Visando a equilibrar as finanças, diminuiu
em dez
por cento os ordenados dos servidores públicos, impediu o acúmulo de
cargos públicos, fez demissões, conforme informa em seu relató
rio final
de governo:

Por me parecer de suma importância a questão da separação e independência de poderes, logo


depois
p de empossado
P do cargo
go de dep presidente deste Estado, julguei ser meu primeiro dever P promover
com todo empenho o restabelecimento do principio constitucional relativo a harmonia e indepen-
dência dos órgãos da ação política do Estado, a meu ver seriamente comprometidos pela pratica que
encontrei de se confiarem a um mesmo cidadão funções publicas afectas a poderes differentes.'

. .. Construção da Santa Casa


Muitos dos seus auxiliares de confiança que exerciam um mandato legisla- qe Misericórdia (1910)
tivo, por exemplo, tiveram de fazer uma escolha. Houve velada oposição a esta
44 Espírito Santo (Esta-
medida, que provocou perdas econ Ô cas para muitos. do). Presidente (1908-
Eid: Merieica. Ha
Uma das mais importantes obras deJe rônimo Monteiro foi a reforma da educação, que sição sobre os negócios do
teve como principal alvo a escola p rimária. Para isso convidou o educador Carlos Gomes a estado no quatriennto de
Ê j
Cardim, de São Paulo, para o cargo dei nspetor de ensino. Tudo foi reformula do: edifícios, 1908 à 1912 pelo Exmo.
disciplina, metodologia, magistério etc. O número de escolas cresceu de
à ya é. 12 em 1 08
125, 908, E rs
teo mesmo período. Niória,
para 27 1 m 1 9 1 2
193.13
à Biblioteca Pública e a Escola de Belas Artes. Fundou também o
E 5 913, ps 130.
» ,
Em 1909 ; fundou
1IUD
Arquivo Público. Foram feitas a catalogação e a classificação de grande número de docu- sm pas.
S / SEBASTIÃO
HEEe PIMENTEL FRANCO
REGINA

cias da antiga
ncontrav
am amontoados em dependên
Importantes, qu CsSeC e
stig io da velha estrut
ura educacional
C| apéis ão de ix ou ve
mentos
sino “n ejada,
São liago. A reforma do en
pa lm at ór ia . Ae scola passou a ser des
ad eptos
da eficácia da
le DI cores autodidatas,

o nº 455, de 7 de
;
pIulL
infant.
ue »46
ce nt ro de at ra çã o . Pe lo de cr et
ornou-se do es ta do
criador dos sí mbolos da mesma data, Insti-
imo Monteiro for o de cr et o nú me ro 45 6,
ituído o Grande Selo; o | iden| cial.
etembro de 1909, foi “nst ze mb ro de 19 1 0, 0 Distintivo Pres
Estado; co de 5 de de
vo Escudo das Armas do ia”. Segundo a historra iadora
me sm a div isa do Estado: «Trabalha e conf
Loss simb
mo olkos
bol tra zia m a
ins pir ou- se nu ma fra se aprendida com os jesuítas
tei ro
: Stella 1a Q de Novaes, Jerônimo Mon pe nd es se de ti; confia como se tudo
lha , co mo se tud o de
To Co
'o São Luís, em Itu: “Traba e rosa. Eram as cores de um
os símb olos traz iam as core s azul
“e de Deus”. Todos m Era
o na campanha republicana.
UC

bolicionista de Benevente que se havia empenhad


padroeira da capital do Estado, de
mm
“e cores das vestes de Nossa Senhora da Vitória,
nde devoção na época.”
cidade de Vitória. A
bras do governo Jerônimo Monteiro iriam mudar o aspecto da
'o Campinho (atual Parque Moscoso) era invadida pela maré alta e ficava inundada em
le chuva. A área recebeu drenagem e aterro e depois foi entregue a Paulo Motta para
jnada e enfeitada com lagos, pontes, fontes luminosas etc. Paulo Motta, mesmo não
É | d cito carso superior, foi paisagista, jardinista e desenhista (é de sua autoria, por exemplo,

ro armado, cransformou-se ra avenida Re Rea oncoso: ua cana (o! Fon o o


| da antiga Santa Casa, que isso aterli a lhõe PAi consenn do
ões. O engenheiro paulista
no mesmo loca
para a execução das obr vo por
uugusto Ramos foi contratado
sgoto da cidade de Vitória é para a construçã o ; cê astectmento de água e coleta de
nar
maca período,
No o inesmo ção da hidrelétrica do rio Jucu.
organizou-se também o serviço regular de limpeza pública. Vitória foi
arm: a à. :
embelazad
embele
szada
a com jardins, jarque Dmeioa as
toi um desapropriadas om fins de asa As matas fronteiriças à rua Sete de Setembro
ção; alarg aram-se ruas, construíram-se novos edifi-
CIOS
nouve melhoria da iluminação
eh Ve al $ í . 5

- Ce pública.a. Umd o s mais importantes auxiliares de Jerônimo


Monnt
Mo tei
eiro foi
ro foi Cecci
ili *cili: lianAl
o bel de Almeid| da, que
ocupo uo cargo de diretor da Reparrição de Obras
A REPÚBLICA E O ESPIRITO SAN
TO
aC
ea
Daur
— 000 CTT [>>
57
57
e Empreendimentos Públicos.
E Ele seria non
icado primeiro refeito da
a Bei gp ci Ler
de Vitória, pela lei nº 82
No dia j 5 de setem b ro , de 14 de de se rt de
de 1909, Nauguravam-se otenada
possuía iluminação pública, os ser viç os de água e luz. Desde
em bora 1837, Vitória
precária. Nesse ano foi ina ugur
com 40 lampiões a azeite de ado o serviço de iluminação,
peixe, localizados nos pontos
substituIu-se o azeite pelo quer mais importantes da cidade.
osene e em 187 Em 1865,
9, o futuro barão de Monjardim,
de Estado, inaugurou a ilu minaçã então presidente
o a gás. Um detalhe pitoresco: não se
noites assinaladas “de luar”, ainda que acendiam os lampiões em
o mau tempo as tornasse escuras.
No dia 29 de
junho de 1910,0 presidente Nilo Peç
anha esteve em Vitória parao lançament
da pedra fundamental das obras
do porto,
o
que até então não tinha atracadouro
para navios.

Construção do Parque Moscoso (1910)


REGINA HEES / SEBASTIÃO PIMENTEL FRANCO
ani cesariana nr te E aci,

( Í
V
, AL
o E o

fabricação
ilha de defhonte ] hollandeza. A descarga dos exgottos, é feita fóra do
ral e as derivações são dei nan do forte de São João, havendo em pontos convenientes
bahi às
urbano da clic Jade, num pc
a onto da
; º
nidos de bombas para a elevação das materias ao nivel necessario
; , .

nocos construídos de cimento arm ado, mu é - .

»1 de junho de 1911, foi iniciado o serviço elérricos,


intónio ao Suá, e outra, circular, que unia a cidade baixa à cidade alta.
as to de maio de 1912, o cemitério de Santo Antônio foi inaugurado e estabeleceu-se o
“e bonde. com um carro levando o ataúde e outro, os acompanhantes. Logo se estabele-
nbém o casamento de bonde.
'sonimo Monteiro revelou-se um grande incentivador da agricultura. Organizou a fazenda-
'o Sapucaia, próxima a Cariacica, onde meninos pobres recebiam assistência e orientação
59 no campo, e os agricultores, sementes selecionadas, empréstimo de reprodutores
era melhoria do rebanho bovino, e orientação para a mecanização da lavoura e manejo
1d «ericolas. Ele reduziu o preço de terras públicas, simplificou o processo de medição
OT

cão e distribuiu pequenas propriedades em torno de Vitória,


com o ob jetivo de incen-
proprietários a fornecer legumes e frutas para a
população da cidade, embrião do que
seria chamado de “cinturão verde”.
ra imbater as epidemias, além das)
ácitadas obras de Saneamento, contratou
verney Campelo, par a montar um técnico,
o Gabinete de Bacter
initário. FoiFoi organizado
anitário. oroan:- , 1ologia, anexo ao Departamento do
também um serviço de vi
sitas para desinfecção e inspeção em
o do junho de 1911,
o foi inaugur ado o Banco Hipote
Que encampou os cervi
Pou ;
os servi ços de 7 dpua, ,
lu 2, CS
cário e Agrícol a do Espírito Santo,
BOtO S E, depois, o de
ieromino Monteiro abriu. es bondes.
trad
1Y

Criou
o ) De“DparartaE ment
de
o Segurança Pica Ts e canais, remodelou o serviço policial,
Fomentou também o e stab
recendo finan elec| imento de indásera cteforma no Quartel Cent
ciamento ral de Polícia.
ci lergia elétrica e «
utras faci1 lida
7 OM uma política intervencionis
ta, ofe-
3

des para implantá-las.


Em seu governo.
p REPUBLICA E O ESPIRITO SANTO
O

O
59
foram fundadas, co
mo já vimos, fábri
cimento, de material sílico
-calcário.A us; de Paineira em joItapemirim,
ejá maio r partea des
dissemos, do B rasil, à
avançada
maisssf adisaissese transtroo no Iã
de eos tornou-se, como
aregião de Cachoeiro de Itapemiraim concentrou
num nascente pólo industrial. . Todas
Lodasas indú
Itapemir
valale Édo ida im ,recebia sia das oia indússtri
tri as do
política io io elétrica da hidrelétrica de Fruteiras, como também já foi dito.
liar de Jerôni
dito
v
Bernardino Monteiro nimo Monteiro foi marcada pelas desavenças com seu irmão
Es do da escolha d q ue Egover nou o Estado de 19164 1920. Essas desavenças se exacerbaram
uan a do ca A = É
q dino ind; ndidato à sucessão de Bernardi no na chefia do governo do Estado.
2
mn A.
Bernardino E para sucedê lo Henrique Novaes, seu sobrinho e desafeto de Jerônimo.
Pops ss Jerônimo fez a indicação de Abner Mourão. Não concordando com essa indicação,
Bernardino entrou em guerra declarada contra o seu irmão, chegando inclusive a demitir todos
os funcionários que este havia nomeado.
Membros da oligarquia tentaram mediar o conflito, o que, a princípio, foi conseguido. Os
irmãos chegaram a um acordo quanto a indicação de um novo nome. O escolhido foi Nestor
Gomes.
Esse acordo inicial, no entanto, acabou sendo rompido em razão da atitude de Bernardino,
que continuou demitindo do governo os amigos de Jerônimo, que então, desistiu do acordo e
lançou a candidatura de Abner Mourão. Graças ao controle do voto de cabresto, o candidato de
| e edu
Bernardino, Nestor Gomes, foi eleito.
pelo Congresso Legislativo,
Vencedor das eleições, Nestor Gomes precisava ser reconhecido
onde Jerônimo possuía maioria.
tiros ocorreu entre os grupos antagônicos. O
À disputa chegou às vias de fato: até t rocaacede
Epitá cio Pessoa reconheceu Nestor (Gomes como
caso só foi encerrado quando o presidente
governador eleito.
rôn imo Mon tei ro foi a destruição de templos antigas
Um ponto negativo do governo Je par a a construção de novos edifícios. As-
valor his tór icoe ,
obras de arquitetura de inigualável Pal áci o, par a a ampliação desse edifício. O
El
: a igreja de São Tiago, a
ão T i nexa a a i
Sim, . desapropriou E dado em 1591, foito o remodelado, per
dendo a sua forma
antigo convento do Carmo, funda RAE ção do edifício da Assembléia
Original. À igreja da Misericó! la simos apenas pouco exemplos. Para alguns,
oucos
ln ed Ed
Palácio. Isso o p para
Legislativa, em frente ao
REGINA HEES / SEBASTIÃO PIMENTEL FRANCO
60 CU

c ficável
tentado inquali , cometido contra os testemunhos históricos da cidade
, um erro
“foi o1 um atent c
»49
sacrílego, que germinaria frutos amargos
e arquitetos de então não tinham os critérios
A seu favor temos a dizer que os governantes
históricos e os valores artísticos atuais.
Jerônimo de Souza Monteiro deixo u o governo no dia 23 de maio de 1912. Dedicou-se
? ?
à advocacia e depois ao comércio, com uma papelaria, e | a tipografia Santa Helena. Ainda em
1912, foi nomeado representante da Fazenda Nacional junto à Inspetoria dos Portos, Rios e
Canais. Em 1913, elegeu-se deputado estadual; em 1914, deputado federal e, em 1918, sena-
dor Novamente candidato ao senado em 1927, foi derrotado. Mas, em 1933, elegeu-se outra
vez deputado federal. Não chegou a exercer o mandato: faleceu, no Rio de Janeiro, no dia 23
de outubro daquele ano.
Como última homenagem a Jerônimo Monteiro, o desembargador Augusto Botelho,
presidente do Tribunal Eleitoral, não quis receber oficialmente a notícia do óbito, a fim de que
pudesse entregar o diploma de deputado ao procurador do Dr. Jerônimo.
Para muitos, Jerônimo Monteiro foi um dos maiores políticos e administradores que o Esta-
do do Espírito Santo conheceu. Outros o criticam abertamente por considerarem que as obras
realizadas em seu governo descaracterizaram a beleza colonial da cidade de Vitória. Políticos
de seu tempo foram também ferozes ao criticá-lo, sobretudo pelos empréstimos que assumiu
pelo domínio oligárquico com que comandou à política local, em parceria com seus irmãos
n
%ernardino Monteiro e, principalmente, com o bispo Dom Fernando de
Souza Monteiro. Dom
D

Hernando fora nomeado, em 1902, tendo sido o


segundo bis po da diocese, como já dissemos,
co primeiro nascido no Espírito Santo. Com
grande influé ncia política, era frequentemente
solicita do nas horas de decisões im
m que a grande maioria da popula-
Po tinha um peso ponderável, e sua palavra, força de lei.
>
E V nessa se pol d Í
|
immitentmetos
A REPÚBLICA E O ESPÍRITO SANTO

avançadas, à frente do seu tempo.


Nos meses
programa de governo, viajou a São P
'
realizações administrativas daq
uele Estado |;

Vitória. Em Minas, visitou fazendas experi


na presidência João Pinheiro. Lá conhec
í
Par
ar a criarÚ condições de governabi
lid ade e afastar empecilhos para a execução de seus projetos
administrativos, habilmente articulou as diversas correntes polític
as oriundas do Partido Cons-
trutor e do Partido Republicano Federal, fundando o Partido Republicano
Espírito-Santense,
no dia 4 de dezembro de 1908. À frente desse partido, a convite do próprio Jerônimo
Monteiro,
foi colocado Paulo de Melo, que ocupava o cargo de presidente do Congresso Legislativo. Tendo
em seu bojo as mais diversas facções políticas do Estado, o recém-criado partido elegeu a bancada
federal na eleição realizada em 16 de janeiro de 1909, quando o irmão de Jerônimo Monteiro,
Bernardino, elegeu-se senador.
Com o apoio maciço das bancadas federal e estadual, Jerônimo Monteiro conseguiu o aval para
arealização de obras que estavam muito além das possibilidades econômicas estaduais. “Autorizado

“ar:
pela le; 638, de 21 de dezembro de 1909, o governo estadual emitiu títulos da dívida pública num à
é
valor total de 4.000:000$000 (quatro mil contos de réis). As receitas previstas no orçamento de &
1908 eram de 2.403:056$401.7*º
Em 1908, as dívidas contraídas por Jerônimo Monteiro alcançavam a cifra de 24.000:000$000
(vinte e quatro mil contos de réis), dez vezes as receitas fiscais do exercício.
Ele deixou o governo como chefe político incontestável do Espírito Santo, tendo feito o
seu sucessor, Marcondes Alves de Souza, que recebeu a árdua tarefa de administrar um Estado e. |
endividado. Florentinc

4.3 FLORENTINO AVIDOS


|
rito Santo de 19 24 a 192 8.
Gov o nome, nasceu em Portugal,
e emigrou
Tinhan raízes portuguesas, P ois seu pai de me sm 2.4
ptel. Vitória,
vendo do

g
,

de Janei
Rioarem ro. Era prátic a comu m de — sppejui as.1995 ,p.159.
parasese noinici
os ando-
Para o Brasil aos 11 anos de ida de, e, , r radic o. dade
na ativi comercialli junto a
famílias portuguesas enviarem seus filh
REGINA O HEES
=
/ SEBASTIÃO PIMENTEL FRANCO
me

62
da Silva em sua obra
mc aponta Marta Beatriz Nizza
os aqui no Bras
il, conforme . Janeiro, trabalhou no comércio, embora sua
colonial. No
rua ie par
ld tlno Brasil
A
abel, uma O
moç a de família de classe média alta que se havia
conheceu lz ela.”
re 4 música;
om ia pe l 1 Sor bon | em Paris, e casou-se com
ne,
, em Matematica « Astron
an te e da s co nd iç ões quea família de Izabel poderia oferecer
com er ci
| pesoar de prosperar como Im | pé ri o, re so lve u jun | ias às da
tar suas econom
cer na capital do
| nara se estabele
li za da no in te ri or do Rio de Janeiro.
ca
m

nda Graciosa, lo
Cas

rr uma propriedade: a faze


em 18 de novembro de 1870,
os. Florentino Avidos nasceu
criaram seus nove filh
CC O UC to tc-asal.

formação acadêmica, Izabel, apesar de trabalhar juntamente com os filhos


ua
E 4h
na
proc o instruí-los, ensinando-os em casa. Dos filhos, Florentino Avidos foi quem
veitou as aulas ministradas por sua mãe. Apesar de não ter frequentado escolas ou
í aratórios. ele se deslocou até a cidade do Rio de Janeiro, a im de se submeter a exame
Escola Politécnica Nacional, onde acabaria recebendo o grau pleno em Engenharia.
cs opção de Florentino pela área de Engenharia deve ter acontecido em razão da forte
«encia de sua mãe sobre ele, Prestou exame e foi aprovado no serviço público, ingressando
| jo da Agricultura, Viação e Obras Públicas. É designado para executar as obras da
a usina da Luz, em Cachoeiro de Itapemirim.
outubro de | 897, Florentino casou-se com Henriqueta, ligando-se assim
à família dos
(Onteiro, que, a partir dos primeiros anos do
século XX, se constituiria numa oligarquia
uinaria a política local até o advento da revolu ção de
to, nasceram quatro filhos.
30, revezando-se no poder. Desse
OS c oUsados pro) ct
os de engenharia fora
mm entregues para execução a Florentino Avidos,
a Construção da estrada
de ferro que |
crais. nas obbrras da
NY
ga Vitória ao Rio de Janeiro, e um ramal para
es trada d eferro, co
Limiteso te n
1 cnol| ógicos
d à Época, o viad “TuIU, apesar das dificuldades de acesso ao local
uto do Soturno, que
haria nacional. é considerado uma obra-prima
o
Entre 1914€ | 1919 ),
a vij da pesssso:oa
posa contra l de q Florenr: passou por um grande rev
iu tuberculose
Ele alug U e és, po”
uma casa em
Bel o Horizont e pass
e ou a dividir sua
A REPÚBLICA E O ESPÍRITO SANTO
mm mm
= mm
e 63

vida profissional
“ entre aquela cidade e O
Espírito Santo. À doença era
faleceu. Com isso, isa incurável e Henriqueta
Florentino pen sou em se mudar
para o Rio de Janeiro, mas foi convencido
a mudar-se para Vitória,
Na época do governo de Nestor
Go mes, por convite, passou a chefiar o setor
Melhoramentos de Vitória. do Serviço de
Foi indicado para suceder a Nestor
Gomes n o governo do Estado, resolvendo um grande
impasse na convenção do Partido Re
publicano, extremamente dividido quanto à indicação do
sucessor. À escolha de Florentino Avi dos pegou
a todos de surpresa e serviu para unir os Monteiro
e evitar uma disputa entre eles para indicar um candidato.
Em 23 de maio de 1924, assumiu
o governo do Estado, até junho de 1928, quando encerrou seu manda
to fazendo seu sucessor.
No ano seguinte, foi eleito senador da República, mudando-se para o Rio
de Janeiro. Com
a deposição de Washington Luiz, a instalação do governo provisório e o fechamento
do Con-
gresso Nacional, extinguiu-se o seu mandato de senador, terminando, assim, a sua vida política.
Sem espaço com os novos donos de poder, Avidos ficou isolado, no ostracismo, sem con-
dições nem mesmo de desenvolver seus projetos como servidor do Ministério da Agricultura,
Viação e Obras Públicas, tendo sido colocado em disponibilidade remunerada.
Começou então a passar por graves dificuldades financeiras. Transferiu-se para a cidade
de Campos, no Rio de Janeiro, onde viveu em um modesto hotel. Passou a receber, de forma
velada, ajuda de seus filhos, que já eram adultos. Em Campos, levou uma vida que não o satis-
fazia. A perda dos filhos Moacyr, em 1932, e Silvio, em 1945, abalaram-no profundamente.
Morreu em 1956, no Rio de Janeiro.

4.3.1 O governo de Florentino Avidos

Como já vimos anteriormente, O período de 1924 a 1928 foi um dos mais prósperos
do Espírito Santo. A exportação de café estava a todo vapor, possibilitando a entrada
de grandes divisas. Economicamente, o Estado se estabilizava e, com os recursos prove-
nientes sobretudo da exportação do café e da madeira, muitas obras públicas puderam
ser realizadas.
TT
REGINA HEES / SEBASTIÃO PIMENTEL FRAN
CO

64 ———

tr ab al ho ad mi ni st rativo que deixou


Florentino Avid
os iniciou um ic ul ar. = |
Finanças em ordem, tó ri a, em pa rt
nto do Esta do e da
capital, Vi
vi me ios públicos.
mar cas no de se nv ol dagem e férreas) e edifíc
(de ro
pontes, estr adas
Dedicou-se à construção de ) , ser viç os de telefonia, eletricidade e, acima
de
básico (água e esg oto
Promoveu s ancamento
,

|
tudo. melhoramento s na capita
l do Estado. dedicou-se à
co mu ni ca çõ es ent re as di versas regiões do Estado,
Procurando facilitar as Via na construção de uma rede h ro-
est ada s de ro da ge m. E ii
construção de inúmeras pontes € itiria melhor
entre uma região e outra, O que perm
doviária a possibilidade de interligação ia e O desenvolvi-
escoamento da produção das dive rsas regiões, incrementando a econom
Importantes, quer
cinco estradas. Às mais
mento do Estado. Construiu trinta e
ões econômicas, foram: Vitória
por sua extensão ou por interligarem prósperas regi
ria, Baixo Guandu
à Cariacica, Cariacica a Santa Leopoldina, Santa Teresa a Vitó
unicação
a Afonso Cláudio. Quase todas as regiões do Estado passaram a ter com
entre si. Convém destacar que a construção dessas estradas possibilitou o povoa-
mento de regiões que viviam isoladas.
Sua preocupação com a ocupação de territórios isolados e despovoados era tão
grande que criou os já caos “caminhos de penetração”, que tinham por objetivo

genuitamente cede rua braile chefes de Fasias que prover


possibilitar a colonizaçã : à « ; » né
eiros, chefes de família, que provassem

Entre as inúm pontes que construiu,


.
num total de vinte e nove.
Et
eras
as mais im-
, a Interestadual de Bom Jes 3

us, a pontesobreo rio Do


copoldina, a de Nova Venéci de Santa
a, além da o 2
importante
.
delas foi a Florentino Avidos ou ponte da Passagem. A maisE im pa
Cinco P O 2 «
A ponte Florentino Avidos foi
E ,

Ri as consider “4: com


, o é conhecida.
Vitória ecra uma pacata cidade, co ada na época uma obra gigantesca, pois

» onde foi cons


memmrommmm
A REPÚBLICA E O ESPÍRITO SANTO

Os serviços de montagem da ponte inicia SERA


em 1928 já estavam concluídos. ram-se em 1º de março de 1927 e
Florentino Ávidos Preocupou-se
pr
também com a construção de estradas de
ferro. Algumas
> delas objeti
J etivav a
am a ligação = . .
entre regiões do interior do Estado
como a de Benevente a Alfred redo Chaves e a de Itapemirim. ,
Tinh
ainda construir
dades itorá a
A Estrada
rada d de Ferro do Litoral, que PEMEMD: + inha Por projeto
passaria por diversas locali-
e ES TO o Estado, como Guarapari, Benevente, Piúma, entre outras.
eria uma inha-tronco e serviria para exportar a produção para o sul e oeste
do Espírito Santo e parte dos estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais.
Preocupou-se ainda com a navegação fluvial, tendo feito o seguinte comentário
em sua mensagem final de governo:

Dada a configuração do Espírito Santo com extenso litoral onde vão ter diversos rios franca-
mente navegáveis por pequenas embarcações e a cujas margens já encontramos vários centros de população,
com o seu desenvolvimento retardado em grande parte à falta de meios de transportes regulares, o serviço de
navegação interior, e o de pequena cabotagem se apresentaram dignos de atenção.
grande extensão, atingindo
Nosso estado apresenta uma faixa litorânea que se prolonga para o interiorem
sinuoso dos rios nessa faixa, esses
amais de 30 kcilometros em alguns pontos. Dada a fraca declividade e curso
por vegetação fluctuante que chega ao
são sujeitos a obstrucção com madeiras das matas E marginaes ligadas , s2
nto das águas.
ponto de impedir a passagem de embarcação e o livre escoame

gação (como
ruir rios, abrir canais, criar linhas . de nave ..
im, preocupo
Ássi u-se em desobst
a a Benevente e a do rio Doce) e adquiriu
a São Mat eus , Vit óri
as que ligavam Vitória
cargas €pessoná
barcos para o transporte de rentino Avidos. Existiam as linhas que
eram
paç á de
ão Flo
A telefonia foi out ra pre ocu esse
arrendada sa particulares. Para melhorar
administradas pelo governo € às e ala ral nas linhas, che gando a substituir a
sistema de comunicação; fez uma Teen ação ee icas que se apresentavam em estado
"ais teletônica
bre; [ remodelou centra
52 Espírito Santo (Esta-
fiaçã o de ferro por cobre; o. .
“avestimento na rede ni
telefônica, no ano de do). Presidente (1924-

1928). Mensagem apre-


rui : se ter uma idéia do inve .590$000. sentada pelo Exmo. Sr.
1927 4 pr
ceita foi de 2.720$8300, enquanto a despesa boi
PIMENTEL FRANCO
REGINA HEES / SEBASTIÃO

66
etudo para a
difícios públicos, sobr
tino Avidos da construç oram construídas ou reformadas,
Não se descutdou Floren tas edificações f
ensino. Muit m, OS grupos escolares de Santa Teresa,
instalação de estabelecime ntos de Itap emir i
pd a

,
teiasro)de
coo mo em Cachoeiro iro
colégio Pedro Palácios, de
de
a Itape mirimorc(G.
s),
din
narola
E. asBerEsc s o Rci
Monmid
Cláudio, Itapemirim, Cac hoe na
Vegre Afonso l Oie Gas Via
Castelo (G. E. Nestor
Mun) (G. E. Marcondes de Souza), ginas €
Pau Gigante,
Vi im Baixo Guandu, Santa Leopoldina,
de Paulo (Vitória). executá-
governo Te alizou as maiores obras. Para
Foi, entretanto, na capital do Estado que seu o de diretor era
las, deu grande importância ao Serviço de Melhoramentos de Vitória, cujo carg
ocupado por seu filho Moacyr Avidos.
Engenheiro de formação, Florentino Avidos tinha uma visão de progresso, de evolução, | de
.
estar à frente. Entendia que a cidade de Vitória estava muito atrasada para a condição de capital
justifica o porquê desse atraso e expõe seu pensamento de como visualiza a cidade, ao fazer a
seguinte declaração:

Ascrises advindas após 1912, não permitiram à construção de obras necessárias para o desenvolvimento da nossa
Capital e nem ao menos, a regular conservação dos grandes serviços de abastecimento de água
> ”
esgoto e eletricidade
o
e viação urbana.

É prosseguiu, apontando os problemas urbanos da cidade de Vitória:


[...] ruasapertadas, ladeadas de
vel hos prédios,
prédi ameaçando desabamen to, calçadas em geral
com alvenarias de pedras secas,
rol Iças, sem drenagem,
com
grande part
artee, com fre
; quente
> s
serviços de água e esgotos, defeituosos em
int
Í errupções, quase
todos p
[..] em toda cidade havia falta de calç d "eesando de completa reforma eis a situação
é amento e de dre n agem de águas pluviaes
noEr igal, a
à si1 tuação
a
da cidade era pr
pode am abundantes, ecá fa, as ruas se alagavam quando
colocando em as
ee difi cultava a circul
sobre s Ê o
salto a população. Além disso, eram
ação de b ndes
àdas impediam . As ruas maltraçadas, estreitas
o bom fluxo de
li ulos.
p REPÚBLICA E O ESPIRITO SANTO
e nn
pe E
a a mim
a 67

Procurando resolver o problema,


Florentino al rgou ecalçou ruas, fez
escadarias, corrigiu ali-
nhamentos dando realce às novas fachadas. , con str h
princi uu edifícios públicos modernos. Preocupou-se
palmente com as vias mais import
antes da ci l ade, como as avenidas Capichaba e Jerônimo
Monteiro. Para isso, desapropri 3 a ou -

o Pr OU casas eterrenos, fez escavações, aterros, demoliçõ


prédios, passeios, colocou meios-fos, f , ERES Sa
afEsIPO Eos sanar s, fez drenagem. Alterou a iluminação, substituindo velhos
P «ema de trans ernos; preocupou-se com os serviços de água e esgoto pluviais e com o
5 dio o o (remodelou as linhas de bonde). Realizou obras nas ruas 1º de Março
a
Rosári o, Cleto Nunes, Sete de Setembro, Graciano Neves, Treze de Maio,
uque
q de Caxias, ,
Coronel Mon jardim, Santa Rosa. Remodelou.a praça Costa Pereira e construiu os mercados da
Capichaba e da Vila Rubim e o viaduto Caramuru.
Executou um plano de ampliação da cidade, criando novos bairros. Construiu casas para funcio-
nários públicos e operários, principalmente em Jucutuquara, Ilha de Santa Maria e Santo Antônio.
Essas casas eram vendidas a prestação ou eram permutadas pelas casas demolidas.
O abastecimento
O sistema de água e esgoto foi uma grande preocupação de sua administração. à sua
de água de Vitória naquela época era precário e insuficiente, além de pouco confiável quanto
1911 estava em péssimo estado de conservação,
qualidade. A linha adutora que fora construída em Reformou
feita a captação de água de novos mananciais.
por isso foi construída uma nova li nha e
usi ve um serviço de inspeção.
e ampliou a rede de esgoto, criando incl melhorar as con-
levou a que seu governo se empenhasse em
A exportação de café e madeira do porto com
na € onstrução de cais, armazéns, no aparelhamento de
dições portuárias. Investiu
açõ es, construç ão de linhas férreas. Realizou ainda obras
guindastes e pontes rolantes, embarc
e desloc amento submarino.
ços de drenagem e futurista, Florentino Avid
os
alargamento do cais € servi to em pr ee
pr m
ee nd ed or
pelo seu espíri . o
Pelo conjunto de sua obra, Es pí ri to Sa nt o.
história do
seg uiu dei xar reg ist rado seu nom e na ti co re rr ógrado, um “coronel” de po
uca visão.
con um po
ur lí e)jos
era certamente ções e desese
iraçõ
ndo as aspira
Florentino Avidos não a candae go ve rn av a se gu
uma elite oligir cupação de atender aos
Não obstante, fazia parte de em
oa pr e tev e a pr eo
fosse um autoritário c ico ções das elites dominant
es.
dessa elite. Embora não às asp
rios, privilegiando
interesses dos seus correligioná 53 lb. pp. 17327
68

CAPÍTULO V

R E P Ú B L I C A E O “ESFORÇO”
A PRIMEIRA ZAÇÃO
OLARI
PELA EXPANSÃO DA ESC

regime republicano, iniciou-se um processo de


O ;m o fim da monarquia e a instalação do
bras ilei ra. O pro ble ma do ana lfa bet ismo contiatáva crônico, mas 05
sudanca na educação dro educacional,
luência no qua
irios liberal e positivista, atuando em conjunto, exerceram inf
ítimo para melhorar os homens e
coundo esses ideários, a educação era o único caminho leg
lhes novo destino moral.
O acesso à escola passou a ser visto como fundamento da ascensão social. Acelerou-se, então, a
npanha por escola pública para todos, o que acabou provocando um aumento quantitativo de
« no quadro educacional brasileiro. O crescimento da oferta de escolarização, no entanto,
garantia que a população deixasse de ser marginalizada quanto aos benefícios da escolarização,
Paga tuado índice de repetência e evasão, sobretudo nas séries iniciais, acabava por alijara

O otimis
“ mo pedagó
| gico que tom
tom ou conta do país foi, sem dúvida, responsável pelo aume
| de vagas nas escolas primárias. nto
o início da Rep
cpub
úbllica
ica,ue perm
entre os graves problemas o Beav: a as S autori| dades governamentaisis aa idéi
idé! a
de que,
Eia. as que o Brasil atravessava . ã
'orimportânc Para solucioná-] nn
is sérios e d€
ignatários do Manifesto dj Pie O, acreditava-se que era
: FaE preciso,
ação pc como diriam mais tarde
Mantesto j
al do | dos Pioneiros d: cação Nova, que se organizasse 0 Sist"
cdi ICACIONA ais: era precis o alte da Edu ré
reformas educarians . ' d terar O
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| clas acionai s que comb e tetrógrados métod os de educação
s
€ eterud!
atesse Tr.
] temaneo
de ensino. | mo modelo artificial e verbalista que prevalecia º RO
(
AN anova
educacional popolitica
Uca cmpm favor
£
da am Lars
4“CGONaI como base da Orpani D) lação e melho ss0
al, err aad; . ria. da escolarização, que via O proce lo
S BA DIZAÇ dO soci
Icar o analfabetismo,
ç
e ; visto como cute
obstác!
69

g sso ca e à ev oluçãoã , e como o gra


ao progre
a ser uma prioridade.
nsa 191

cara Além ão Interessar-se pelaabertura nã osó de


formaçdei
oe imári as mas também de escolas normais
escolas primári
ção de pessoal qualificado a ex
e o magistério, o estado republicano preocupou-se em
tr E . ,

promover alterações na estrutura do en o, , fa fato que explica as inúmera


5 nú s reformas educacionais
corridas no período da Primeira República
Nesse cont exto, ao assumi si 5
demgoverno, apontoua precária si do . Espírito Santo, ,
tr a presidência que Coutinh
Henrique Coutinho, em sua
mensasem .
8 precária situação da instrução no Estado. Acreditava, no en
tanto, que isso ocorria porque:

[...] muito dinheiro estava saiaindo dos cofres públicos


áblicos improficuamente
1 pela verba Instrução Publica: pois estou
informando de que que háhá i inumerasÉ escolas onde o professor publico de tudo se ocupa, menos de ensinar meninos, e isso
acontece até em villas e cidades.”

lificação destes e o papel


O problema não era apenasa fa Ita de professores, mas sim a desqua
fato de que grande pa rte dos professores era
que desempenhavam. Isso talvez se explicasse pelo
s locais, n uma clara política de apadrinhamento, bem
indicada e nomeada por chefes político
arquias poderosas da época.
ao gosto do coronelismo € das olig governo, continu va achando que o es-
ique Coutinho,) 4 no final do seu
a
Em 1907, Henr afirmasse ter envidado todos os esfo
rços para
an ec ia pre cár io , emb ora
tado da instrução perm ocidade,* leia-se, aí, dos homen
S.
nd iç ão da ed uc aç ão da m
melhorar a co terio fez uma explanação sobre
55 Mensagem apresentada
, em 190 8, Jer ôni mo Mon
estado
Ao assumir O governo do
ao Congresso Legisl

rou à instrução pública.


na abertura da Primeira
s em que enc ont que
as péssimas cond iç õe se sedimentar: à dos republicanos
Sessão Legislativa, pelo

lin ha q ue co me ça va a
uma Presidente do Estado, Co-
Esse governante seguia vaç ão” par a Os males que afligiam o país. ronel Henrique da silva
de sal
po »

“tá bua
viam na instrução a
em 7 de se-
CC A

É
.
-
Coutinho,
tembro de 1907. Victória,
da cultura geral,
mentos
an to possível os ele
in di sp en sá ve l ampliar tanto qu para exercer
Papelaria e Typographia
der nocraticas é passa aprender epr
eparar-sé
Nelson Costa, 1907
, p. 2.
Nas sociedades me nt os de in strucção onde o povo
le ci
as de estabe
alargand o os programm s o que a Republic
a lhe concede. 56 Ib.
de di re ito
érios
com capacidade e crit
70 +
s de ensino
co mm |
um a tod os, e assim dos estabelecimento
ias, dizer, os elementos
de ser d as escolas primár e resumem, por assim
A cultura geral é a razão das hu ma ni da de s qu
idade se dedic a ao
estudo
«ccundário, onde a moc
= a
essenciais da educação.
eres à aço
com às ref orm as, est aria sendo garantido a no
No entender desse govern ant e, sta om a uma
de 190 9 do ins or geral de ensino, em 190 e
pet
De acordo com o relatório requência
52. 245 cri anç as em ida de esc ola r. Só 10% estavam manero as ef
população de pulação
épo ca, pre val eci a um sis tem a dua l de ensino, em função do quala po
era de 7%. Nessa to as elites
re tin ha ace sso ape nas à ins tru ção pri már ia e, quando muito, à secundária, enquan
pob l e real:
exis tia uma outra situação, ainda mais crue
tinham acesso ao curso superior. Para Soares,

ementação do ensino primário no suplementar e as


[...] as vagas do ensino primário da Escola Modelo, as de compl
as pelos filhos das camadas sociais mais altas.
dos grupos escolares, com quatro anos de estudos, também eram ocupad
ao ensino, restava
Pata a esmagadora maioria das crianças pobres, não havia nem escola. E, quando tinham acesso
para elas as escolas isoladas, com apenas três anos de estudos, ministrados pelos professores que recebiam os piores
salários e lecionavam em salas de aulas precárias.”

Dessa forma, evidencia-se que o novo ensino de que falava Jerônimo Monteiro só era facul-
tado, em verdade, às elites ou a setores da classe média urbana.
| o Ea viesse aumentando o número de crianças que passavam a ter acesso à escola
primária,
primár deve-seadmitira
- procedência
ênci das constatações
a de Soares. O próprio sucessor de Jerônimo
Monteiro, Marcondes
ivesse elogiado Alvesde desouSouza,
o esforço ais embora emÊ sua M ensagem ao Congresso do Espírito
fã Santo
ecessor e a rmado que continuaria se esforçando
: cada vez
“mu Nine done mais para ampliaro acesso a esse tipo de i
nstded
em 3 je dezembro de ução, informava que as escolas iso ladas do interior,
Instr ã 1 €

Marcondes d e Souza atribuí .


Paradigma São Paulo: a e à falta de condições f a cosa tação aaa pesados gastos que a Instr a d 7 : dava
exportação da "modelo nanceiras do Estado para solucio d
nar todos os probl ar
. A
da educação.
emas
A REPÚBLICA E O ESPÍRITO SANTO

71

Omitia, no entanto, o fato de


que, para as escolas das áreas mais urbanizadas,
frequentadas pelas camadas s Oclais mais
altas, destinavam-se recursos finan
-
ceiros suficientes para bem e quipá-las e colocá-las em cond
ições de oferecer

err es and o a çõ q
um ensino de boa qualidade.

dd | continuou abrindo novas escolas pelo in-


terior. Entretanto, além da falta de escolas, um outro problema surgia com a
carência de professores habilitados para suprir as vagas que iam sendo criadas,
na medida em que os professores se negavam a assumir cadeiras localizadas no
interior do Estado.
O sucessor de Marcondes Alves de Souza, Bernardino de Souza Monteiro, Grupo Escolar de Vila Velha (1910)
continuou apontando as dificuldades em aperfeiçoar e disseminar o ensino
primário no Estado, embora fizesse referência ao muito que se tinha feito nesse sentido nos
oito anos anteriores ao seu governo.”
Considerou como ideal garantir “farta distribuição de escolas rurais, facilitar às populações
60 A explicação elog
feita por Bernardino
pobres os recursos necessários para que não sejam as crianças subtraídas à escola, pela falta de Souza Monteiro deve-s

livros e de objetos escolares”*. Na prática, efetivamente, não colocou em ação esse ideal.
fato de serem seus ante
sores membros das olij
República conti-
Não obstante a ação dos governantes, a oferta de escolarização na Primeira quias das quais fazia pa

nuou insuficiente: em relação à população do Estado, não passava de 3,8% para matrícula e de Jeronymo Monteiro,
governou de 1908 a 19
matrícula
apenas 2,6% para frequência; em relação à população escolar, chegava a 13,4% para eraseuirmão e Marcor
Alves de Souza, seu tio
ea 11,89% para frequência.
na questão do ensino:
Durante o governo Nestor Gomes (1920-1924), pouca coisa se alterou 61 Mensagemapresent
Á lificação de de p pessoal
rurais, de qualificaç
continuaram os problemas da falta de professores nas áreas ao Congresso Legisla

necessidade de reformas e construção de


do Estado do Espii

do magi stér io, da falta de equi pame ntos , ao lado da Santo, em 12 de outu
| |
2 ê

de 1916. pelo Presid


estabelecimentos de ensino.
Avi dos (1924-1928), em razão de ser uma época
do Estado, Dr. Bernarc
o do pre sid ent e Flo ren tin o
No quarriêni de Souza Monteiro.)
ado, mudanças também ocorreram no que
olvimento econômico no Est
tória, Sociedade de A
de grande desenv Gráficas, 1916.

concerne à educação.
72 REGINA HEES / SEBASTIÃO PIMENTEL FRANCO

scolar de Cachociro do Itapemirim (1912)

Foi uma época significativa para a educação, em relação não só ao número de novas escolas
62 Mensagem final apre- mas também ao de alunos que lograram ter acesso à escolarização primária. O Estado passou a
sentada pelo Exmo. Sr. ter, em 1924, 455 unidades escolares, para um total de 22.121 alunos matriculados e 15.525 de
Presidente do Estado do
E
frequência (8.686 meninos e 6.839 meninas).”
O governo Aristeu Borges de Aguiar (1929-1930), apesar de se ter encerrado antes do final
do mandato, devido à eclosão da Revolução de 30, registrou também reformas na educação,
Le 3,315

de 1928, a qual con ya


dados « ompletos de todos implementadas pelo então secretário da Instrução, Atrílio Vivácqua.é
os serviços realizados no
Na mensagem que Aristeu Borges de Aguiar enviou ao Conselho Legislativo, em setembro de
c E
1930, ficou evidenciada uma visão de educaçãoo diferenciada

daquela que se viu durante grande
parte da Primeira República, O ensino era uma de suas maiores preocupações. Entendia que,
ao Congresso Lepisla
para atendê-lo,
na Segunda Sessão da Dé-
cima Terceira Legislatura, [...]
“) não ia bastaria
tato crcarcrear esescolas a onde já
existi ssem ou fossem
Estr ar id asquis ã defici
, : entes ou aparelhá-las conve
em 22 de setembro de nientemente. Mas que er
p reciso seleci
sele onar "o o profes
profes sorado, velar pela eficiê
1930, pelo Dr. Aris iciênci ncia dos methodos de
ensino, fiscalizar e estimular o cumprimento
Borges de Apuia do dever.
| Accrescentava que, ao lado do ensino primário,
convinha instituirmo so ensino tecnico profissionale agricola
dente do Estado do Espí- e promover o desenvolvimento do escotismo
» como verdadeira escola de civi
nto Santo, p. 69. smo.“

64 Ib.
A REPÚBLICA E O ESPÍRITO SANTO
e
DE ————=em
73

Segundo dados dess: e sa


Õ ssa mensagem, o Espírito Santo possuía, na época, 1.001 esta-
belec iment
nas 816 os de públicas
escolas ensino primá
está a com 49.316 alunos matriculados, sendo 41.213
A (p é uais, 6.754 nas 142 escolas particulares e 1.346 nas 43
escolas municipais.
epa do Estado tinha 75 escolas, nas quais já se encontravam 3.008 meninas
e 2.828 IS num total de 5.836 alunos. Dessas escolas, 43 eram públicas, com
2.020 meninos e 1.661 meninas, e 32 eram particulares, com 1.167 meninos e 988
meninas. O interior apresentava 926 escolas com 43.477 alunos. Dessas, 773 eram
escolas públicas, com um total de 37.532 alunos, sendo 20.981 meninos e 16.551
meninas. Eram 110 as escolas particulares, com 2.588 meninos e 2.011 meninas, um
total de 4.599 alunos. Nas 43 escolas municipais, 812 eram meninos e 534, meninas,
de um total de 1.346 alunos.
A tarefa de expansão da escolaridade por todo o estado não foi fácil. Enormes re-
sistências foram encontradas, sobretudo para que se dotassem as escolas do interior de
pessoal apto para o magistéri o, uma vez que, preferencialmente, as normalistas optavam
foram
por não sair da capital. Existiam também dificuldades financeiras, que sempre
obstáculo à melhoria na educação.
houve um significativo au-
De qualquer forma, no que tange ao ensino primário,
possibilidade da matrícula, ações
mento do número de escolas e de matrículas. Além da
antes, reduzindo-se, assim,
foram implementadas para garantir a frequência dos estud |
CHÃO.
o elevado indice de evasão escolar que ocorta até io de
Passou-se a fiscaliz ar a obrigatoriedade
do ensino, além de se alterarem o horár ia
das zonas rurais, para garantira permanência
aulas co período de férias dos e studantes
o A
deles em sala de aula. foi
garantia de seu acesso à instrução,
Para auxiliar as crianças mais pobres na a compra de
incentivada a criação das caixas escolares, que arrecadaram fundos para
o
alimentos, uniformes € material escolar.
o aos governos munici pais para que apolassem
Foram feitos também esforços junt dos cofres municipais.
toram abel com recur
a ed a Com isso, muit| as €S la
esco
Ucação.
EL FRANCO
REGINA
HEES / SEBASTIÃO PIMENT
————

aà sa s 2atitudes,
nçEão. Essa
,
74
subve
através desivo
coklas
esco particulares, to
rescimen presex da escolarização, entre
ada aa bertura delenes
i
Foi também apoi ul n cr
como col sequencia
conjunto, tiveram crabalho,
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Frequência
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3.672
1908

4.826
6.204
X
190
1911
8.974
12.828
289 15.802
E
22.448
37.642
49.313
1929 1001

Marias. Poucas eram as escolas existentes, o que dificultava muito o acesso da população mais
pobre a esse tipo de instrução. Somente as famílias mais abastadas tinham condições de enviar
«eus filhos para cursar escolas superiores nas outras cidades.
Se, por um lado, não temos como negar que quantitativamente houve uma ampliação da oferta
(“e escolarização primária, por outro, podemos afirmar com certeza que qualitativamente pouca
coisa mudou com o advento da República.
As escolas das áreas mais urbanizad
adas ef etivamente eram as que poderiam oferece
E r um enst-Ê
no ae melhor qualidade por Í
ess

jualificado.
A
áreas Interioranas ficaram entregues
à própria sorte. Nelas, o ensino continuou sendo
rs ró .

FR d ocre. Às populações mais pobres


OCre . - A
contin uar
at :

evad ir-se da escola ou por não con o al 1]


seg Wir Continuar os ijadas zaaççãão, po!
do processo de escolariiz
estudos |
75

CAPÍTULO VI

O PROCESSO IMIG
RATÓRIO NO ES PÍRITO SAN
TO

D urante a maior par te do pe


ríodo colonial, graças a política
tório brasileiro pelos Portug de ocupação do terri-
ueses, não houve u m gr and e fluxo de emigrantes
Brasil. A relação merrópole-colônia para o
impedia a vi nda de indivíduos de outras nações.
Mesmo para os portugueses existiam restrições:
as e ondições impostas por Portugal
nao incentivavam a vinda de pequenos agricultores. À economia agrícola, com base
na monocultura exportadora, na mão-de-obra escrava e nos latifúndios, determinava
que seus proprietários tivessem recursos próprios p ara tocar a empreitada. A Coroa
limitava-se à cessão de terras, títulos nobiliários e de terminados direitos, como cobran-
ça de taxas, entre outros. Além do mais, houve restrições à vinda dos portugueses, em
virtude da baixa densidade demográfica de Portugal, que, no século XVI, não chegava
a contar com dois milhões de habitantes, sendo que muitos já haviam partido em expe-
dições
E
para o Oriente
:
. 6

A maioria dos estrangeiros que aqui chegavam eram negros africanos,


que vinham
na condição de escravos.
to Santo foram os açoria nos, que aqui
Os primeiros imigrante sa chegar ao Espíri 66Sobre oassunto.ler P:

aportara m no início do século XIX e foram estab


elecidos as margens do rio Santo do Júnior. Caio. Hiro?

s da cidade de Vitória.” Eram ao todo trinta


ica do Brasil. 4

o, a cerca de dez oito quilô


| metro
Agostinh Viana, em
ed. São Paulo, Brasilie

em lotes detri nt O es. À povoação recebeu o nome de


a hectar se 1998.
casais assentados Fer -nandes Viana, responsável pela
geral de polícia, Paul
homenagem ao intendente depois des sa leva houve uma interrupção
67 Oliveira, José Teixe!

É Í anos no Brasil
rasil. .“* Mas sea
de. op. cit. p. 257.
introdução dos açori do mesmo século.
gra tór io; , q ue só foi retomado em mea dos
no processo imi
681b.
REGINA HEES / SEBASTIÃO PIMENTEL FRANCO
Do

76 o

“ocorrer entre meados e final do século XIX. Mas a imigração,


de emigrantes v al oc quanto à espontânea, continuariaEaté O fim da id
O Huxo maior Primeira
governamentais
acordoss goverm
NES a poi acordo
tanto a dirigid partir de 1939,
de forma decrescente, especialmente
em 1930,e nosanos posteriores,
República,
cn
em conseqiiência An intria dda Segu nda Grande Gue rra.
do início |
Mas alguns dados levantados em pesquisas
am.“e eetoduzidos no Espírito Santo. Podemos
Não podemos precisar quantos qu chegar
andem qu idéa
fornecer uma uma idéia , de imigran5 es k
vodem tornecer d do número o no .
Arquivo e
Público Estadual, que re.
]
“tar à respeito a pesquisa Es
log feita por Cilmar Fra ncisquett RARA |
ao era
eistrou a entrada da def E ntes € ntre 1847e 1900. Número extremamente significativo,
de 44.510 imigra
de 82.000 habitantes, e, em
se levarmos em conta que em 1872 a população total do esta do era
1890, de 116.000.º no
Vejamos agora as principais razões determinantes da emigração. =
A população européia em meados do século XIX vivia séria crise provocada pela consolidação
do modo de produção capitalista. A mecanização da lavoura ea concentração da terra em grandes
propriedades abalaram as antigas estruturas fundiárias, provocando o êxodo rural. Já nos pri-
meiros anos do século XIX, começou a surgir o que podemos chamar de uma classe trabalhadora
industrial, Mas, nas cidades que se industrializavam, os trabalhadores encontravam condições
subumanas de trabalho: jornadas diárias de 15 a 16 horas, em péssimas condições ambientais e
com baixa remuneração. Até mesmo crianças de 5 e 6 anos trabalhavam em fábricas de fiar, nas
minas, em indústrias diversas.
[ssa conjuntura socioeconômica contribuiu
de maneira decisiva para que milhares de indi-
víduos, geralmente chefes de família, não
vissem outra saída senão e migrar.
No século XIX, o principal produto de
ex
mão-de-obra escrava. Com a proibição portação do Brasil era o café, que dependia de
do tráf, CO negreiro, em 1850, e a aprovação de leis que
apontavam para gradativa extinção
da escravid ão, como a Lei do Sexagenário, de
do Ventre Livre, de 1871, houve 1865, ea Lei
elevaç ão no a questão d
io-de- obra para a lavoura
mão-de- preço do escravo, o que transformou
num sério probl em
latifundiários de modo ger & Não só para os grandes produtores de caféa c
q 4
al » mas também |
Uma d as soluções enco p ara O governo imperial.
ntr adas foi a pr
preencher vazios om ocã
demográfi cos e
fomentar ;
A REPÚBLICA E O ESP SANTO

cessida de, dos im populações citadinnas eram


tão carentes
as

foram outras raz es para se fomentar aa emigração


.
O Espír o,em1 856, deacordo com
o recennseamento
feito pelo c 5 Pol ícia da província, possuí
a 4 092 habi-
tantes, dos qua 6.823 livres e 12.269 escravos 7º
a a popu-
lação estav ama o ída, existindo várias extensões de terr
a
de abadia
praticamente de Sobretudo nasr regiões montanhosas.
Devem os ass aalar também que, na Euuropa do século XIX,
predomina vam teo rias racistas que imputava
m aos negros es-
cravos eaosas táticos uma pecha de inferioridade em relação aos
,.

europeus. Essas teo rias tiveram grande penetração no Brasil. A


elite econô mica e ntelectual do país creditaava O atraso em que
Família de imigrantes italianos (1918)
se encontr ava annação ao f ato de a maioria dos seus habitantes
70 Novaes, Maria Stella de. Cita
ser negra ou misc gs enada, defendendo a imigração eur opéia, para embranquecer a população e
Oliveira, José Teixeira de. op. cit.,
torná-la ma s labor osa. 71
As maio res evas de imigrantes chegados ao Espírito Santo foram de italianos
71 Sobre temas racistas indicamos:
de Readers, Georges. O nº
e alemães vieram também holandeses austríacos, suíços, luxemburgueses, Brasil: o conde de Gobineau no

poloneses libane ses, franceses, portugueses e em número men or, orientais.


Gobineau chefiou, de ab il de
maio de 1870, a delegação diplc
>

A chega 580 imigrantes poloneses em 1872, erece enfoq ue especial pois da França no Brasil. Por suas cont

conhe cidos os estudos sobre o tema


sobre a discriminação racial, é por
sao pouco
considerado como um teórico dor
rmentini, depois de cuidadosa pesquisa, registrou
no seu traabalho
Edega rà Certamente, suas idéias a respeito

co de Santo Antônio de Canaã, a en


trada desses imigrantes. negra influenciaram a sociedade b
Resumo His daquela época e tambem das g
ado em Vitória. Da
primeiro grupo io no navio Zorida, tendo de sembarca seguintes. Entre suas teses racistas

foram an dedos canoas para Santa Leoopoldina, e lá divididos n quatro mestiçagem no Brasil estava a de «

rústica que o nú cleo dispunha.


estaria fadada a debilitar a raça,
o comaa comodação
grupos, de acor brasileiros estariam condenadosà
de picadas
im igrante s poloneses trabalharam para o Governo na abertuta recerem. Gobineau defendia a su
Os os por um
demarcação de suas terras. Eram pa
dade da raça ariana, considerando-
nas matas enqu nto aguada a nobre de todas as raças. Segundo e!
credenciados onde faziam as
os comerciantes brasileira estava perdida para sen
tema de es razão dos casamentos com indivse

compras
REGINA HEES / SEBASTIÃO PIMENTEL FRANCO

nos navios Marie


No ano seguinte, chegaram duas novas levas de poloneses,
a e a exploração provocaram
Haydern e Guttenberg. A fome, a falta de assistênci sarem
de revolta, o que obrigou as autoridades a apres
ainda nesse ano um início
a demarcação dos lotes.
poucas marcas da presença polonesa.
A dispersão pelos lotes recebidos deixou
grupo, em 1876, às margens do rio
A mais marcante foi o estabelecimento de um
Canaã, em Santa Teresa. Os colonos
Cinco de Novembro, que forma o Vale do teve
de Santo Antônio de Canaã, mas que
receberam lotes no que éhoje o distrito
dos Polacos.
a primeira designinação de Patrimônio
madeira e nela entronizaram uma
Católicos, construíram uma capela de seu
um imigrante. Lá faziam
imagem de Santo Antônio, trazida e conservada por
culto aos domingos.
chegar os ita lianos, que ocuparam a maior parte da
Pouco depois, começarama
aram num acordo com o po loneses:
“extensa área do vale. Também católicos, entr
em domingos alternados, cada um fazia o culto em sua língua.
São numerosos, ainda hoje, os sobrenomes de origem polonesa.
ano Carlo Naga,
No final do século XIX, com base no relatório do cônsul itali
Itália, através de
narrando as dificuldades vividas pelos imigrantes, o governo da
,
um decreto, proibiu a emigração para o Espírito Santo. O presidente do Estado
Moniz Freire, contestou as denúncias contidas no relatório de Nagar, alegando
Cláudio,
que “o Cônsul não teve tempo de formar juízo seguro sobre as queixas desarrazo-
Núcleo de imigrantes italianos (Afonso ho,
910) adas daqueles seus patrícios, que não tendo a necessária persistência no trabal
m seu
ou tendo perdido as ilusões da vida fácil que esperavam encontrar, lançava
desapontamento à conta do Estado
»72

72 Nagar. Carlo. O sado do


Apesar dessa proibição, a entrada de imigrantes italianos não cessou, mas diminuiu consi-
deravelmente.
o O fator mais decisivo para a redução do fluxo de entrada, não só de italianos mas de outros
imigrantes, foi a crise financeira que ocorreu no iníciô do século XX, com a queda do preço do
1995. p. 19.
café, produto que constituía a base da economia do Estado, como já dissemos. Naquela epoc%
Estadual.

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