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A VIAGEM DO LORD NELSON

2014

Rio de Janeiro > Recife

ESCOTEIROS DO MAR
Urso Polar
MENSAGEM

26 de novembro de 2014.

Quando recebi o telefonema do


Comandante Castro, de que existia a
possibilidade de embarcarmos cinco
dos nossos rapazes em um
inesquecível cruzeiro marítimo o
primeiro pensamento foi: “não
podemos perder essa oportunidade”.
O segundo, levando em consideração
que o embarque se daria em três
dias, foi: “ao trabalho”.

É certo que os jovens merecem todo


o empenho que os Chefes de
Escoteiros do Mar podem lhes dar, para proporcionar as melhores experiências. Por isso, todos os adultos que se envolveram,
fizeram a sua parte sem demoras e pensaram na belíssima oportunidade que nos foi apresentada.

Aos Comandantes da Marinha do Brasil Marcos Castro e Sergio Esteves que pensaram nos nossos garotos oferecendo a
oportunidade, fica um agradecimento do tamanho de um porta-aviões. Aos diretores e pais dos Grupos de Escoteiros do Mar
que estiveram envolvidos nessa aventura maravilhosa, fica o nosso parabéns, pois essa foi mais uma vitória ! Ao médico Ricardo
Azedo L. Montes, que sendo um escoteiro do mar dos melhores que já passaram na minha mão como Chefe de Tropa, e que
mais uma vez colocou seu serviço profissional gratuitamente a disposição do escotismo um aperto de canhota pela boa
sabatinada sobre História do Brasil, Vida de B-P e a Lei e Promessa que fez com os rapazes antes dos exames.

Que Bons Ventos nos levem, com todo o entusiasmo que enche as nossas almas de esperança, até o mar azul dos nossos sonhos.

URSO POLAR
Andre Torricelli F. da Rosa
Coordenação Nacional dos
ESCOTEIROS DO MAR
UNIÃO DOS ESCOTEIROS DO BRASIL
“ Respondem-nos ALERTA, as vozes do oceano ! “ 2ª Edição – DEZ.2017
Na noite do dia 27 de maio cinco jovens Escoteiros do Mar se dirigiram até a Marina da Glória, acompanhados de
seus Chefes Escoteiros do Mar e do Cmte Esteves, para visitar o Navio Escola Lord Nelson de bandeira inglesa.
Garbosamente uniformizados foram apresentados ao Comandante do Navio, Christopher Phillips, que os
conduziu para conhecer o pessoal que faria parte de uma aventura de dezessete dias pela costa brasileira, do
Rio de Janeiro a Recife. Os jovens receberam as instruções iniciais para o embarque e conheceram suas equipes
de serviço a bordo. Em casa naquela noite, véspera do embarque, os sonhos de navegação permearam o
imaginário, como os relatos testemunharam. Os Chefes orientaram que pesquisassem um pouco da historia do
patrono que dá nome ao navio antes do descanso, o que foi feito pelos adolescentes que no dia seguinte, a
caminho do embarque, discutiam com ânimo a história do almirante inglês.

Na noite do dia 27, véspera do embarque, visitamos o Navio para conhecer o Comandante. Foram entregues presentes
escoteiros e a Bandeira do Brasil, já que ele estaria conduzindo os 5 escoteiros do mar. Nossa grata surpresa foi que, dentre os
ingleses a bordo, a maioria haviam sido ‘sea scouts’ na Inglaterra quando jovens, incluindo o Comandante que nos dá sua
saudação nesta foto – ao lado do Daniel. (1)
O Navio Lord Nelson se trata de um ‘Tall Ship’ a vela de 60 metros de comprimento, 1024 m² de área velica, 3
mastros e leva uma tripulação de 40 pessoas. Remonta o estilo das embarcações que realizaram as grandes
navegações comerciais do passado até a invenção dos navios a vapor.

Daquela época, ainda hoje, existem alguns grandes veleiros nesse estilo, porém com traços mais modernos. O
diferencial do Lord Nelson, e também de um segundo navio da mesma fundação, o ‘Tenacius’, é ser totalmente
adaptável para o trabalho de deficientes físicos nas vergas e em todos os espaços do navio. Este projeto
começou em 1978 com Christopher Rudd, um professor inglês que criou a Jubilee Sailing Trust pensando
exclusivamente em proporcionar a navegação aos deficientes. Nessa oportunidade o Cmte Sergio Campos
Esteves, que em sua juventude participou de semelhante viagem em um navio ucraniano, o que o levou a estar
sempre apoiando a passagem destes Navios Escola pela nossa costa, juntamente com o Cmte Marcos Augusto
Castro, lotado na DPC, auxiliaram com grande empenho pela inserção dos Escoteiros do Mar nessa oportunidade
exclusiva. (2)
O navio lembra a nossa NAU CAPITÂNIA em termos de proporções, e se diga de passagem também foi tripulada
por Escoteiros do Mar quando da sua chegada ao Rio de Janeiro para a comemoração dos 500 anos dos
descobrimentos, por um pequeno trecho da última pernada até a Marina da Glória. Outro detalhe interessante é
que se trata da segunda volta ao mundo feita pelo Lord Nelson. O trecho cumprido pelos nossos jovens perfaz
um dos últimos da viagem que começou em 2012, ou seja, à volta pra casa. O navio é privado, portanto dispõe
vagas para quaisquer pessoas que desejam ter a experiência de tripular este tipo de embarcação em vários
trechos por períodos de dez dias, no valor aproximado de US$ 2,400 dólares americanos. No caso, nossos
Escoteiros do Mar receberam gratuitamente este benefício para os 17 dias cumpridos, o que possibilitou a
presença dos rapazes fluminenses, de diferentes origens sociais. Foi exigido unicamente, como pré-requisito de
embarque, que estivessem dispostos a conviver e apoiar os portadores de deficiências no navio.

Os adolescentes que foram enviados para a viagem participam cada um, há cerca de cinco anos, com destaque
em suas unidades. Além disso, possuíam especialidades e um bom curriculum de atividades marinheiras dentro
do que possibilita a estrutura do Escotismo do Mar brasileiro hoje em dia. Nomeadamente participam de Grupos
sediados no Clube Naval Piraquê (Arthur Ribeiro, Lucas Castelo Branco e Adrian Hilbert - 123ºGEMAR Alte
Saldanha), na Ilha de Boa Viagem (Daniel Ramos - 4ºGEMAR Gaviões do Mar) e Jurujuba Iate Clube (Alexsander
Tinoco - 7ºGEMAR Benevenuto Cellini). Leve-se em conta que todas as três unidades de Escotismo do Mar
possuem bem mais de cinquenta anos atuando em suas comunidades o que colaborou para o credenciamento ao
convite. Os rapazes saíram de suas sedes com divisões de tarefas entre si já estabelecidas, para coordenarem-
se nas necessidades vindouras a bordo.

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O embarque ocorreu às oito horas do dia 28/07 e de imediato, despedindo-se dos pais e chefes, alocaram seus
objetos no navio e já possuíam em mãos os cartões com as escalas de trabalho. Receberam duas horas de
treinamentos iniciais sobre movimentação nos mastros utilizando os aparelhos de segurança para safar as velas.
Logo, com a faina de desatracar, às 12:30 o navio posicionou-se na boca da barra e lá receberam um
adestramento sobre evacuação e o manuseio dos cabos do velame. De acordo com os rapazes os três primeiros
dias de viagem trataram basicamente do aprendizado da rotina, da adaptação à alimentação tipicamente inglesa
e do organismo ao balanço do barco. Um peculiar treinamento foi o de comer no convés, para ajudar a se
acostumarem com o balanço.

Na metade do primeiro dia no mar houve uma palestra sobre a proposta do Navio Escola e até o final do trecho
cada um teve a experiência de tripular como se fosse cadeirante ou de olhos vendados, vivenciando uma
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restrição visual. A experiência de navegação como uma pessoa com deficiencia foi engrandecedora para os
Escoteiros do Mar. O primeiro a tê-la foi o sênior Daniel Ramos, que no dia 31 de maio esteve utilizando uma
cadeira de rodas, começando pelo posto de observação do mastro. No mesmo dia o pioneiro Alexsander Tinoco
esteve vendado como cego, sendo guiado pelo sênior Adrian Hilbert. Ainda receberam um jogo de missão bem
“escoteiro” de passar um balde com água, de um mastro ao outro, que ocorreu no nono dia a bordo, envolvendo
três equipes de tripulantes.

Todos os tripulantes realizaram diversas manobras de segurança aprendendo a transitar pelas vergas, tal como
colaborar uns com os outros neste tipo de situação.

À noite, com bastante chuva e frio, estiveram na escala de serviço no convés. O trabalho efetivo de subir aos
mastros, safar as velas e içar os panos ocorreu em já em alto mar e o relato foi de uma experiência
inacreditável, acima de todas as expectativas, quando puderam sentir a embarcação velejando com os seus
grandes panos. Os dias contavam inicialmente com o sol brilhante e 30º em alto mar. (5)
No quarto dia os jovens receberam pela manhã a tarefa de percorrer todo o navio verificando se os
equipamentos de apoio aos deficientes físicos estavam corretamente ajustados e seguros. Após uma breve
reunião onde passaram para o comando todas as impressões sobre os equipamentos, receberam a ordem de
recolher duas velas tendo em vista que a previsão era de ventos fortes. No final desta noite o monitor Lucas
conta que deixou o “Watch” (posto de observação) com o início de uma tempestade se aproximando a boreste e
que o navio passou a se movimentar muito, com vários tripulantes voltando a ter enjoos leves. No dia seguinte,
31, o tempo melhorou e terminaram o dia sendo seguidos por um grupo de baleias.

Na noite do sétimo dia o Lord Nelson foi fundeado próximo ao Arquipélago de Abrolhos, mas somente pela
manhã do dia seguinte puderam realizar um bom mergulho ao redor do navio, um momento bem esperado pela
tripulação que durou uma hora e meia, incluída participação dos cadeirantes. Em Abrolhos a tripulação recebeu
autorização da Marinha para visitar locais bem exclusivos como o farol e contaram com uma aula sobre a
história local. Estiveram na Ilha de Santa Bárbara e em uma segunda ilha que é bastante preservada para os
pássaros, as espécies marinhas, plantas e desova de tartarugas.

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Quando o navio deixou o lindo arquipélago às 14:00 alguns dos rapazes estavam de serviço na cozinha e se
iniciou a faina de limpeza geral do navio. Lhes foi dada a notícia que não atracariam em Ilhéus, mas em Maceió.
O décimo dia de navegação foi onde os jovens relataram a maior experiência com a propulsão do velame, no
que os ingleses chamam de “best cource the wind”. Aproveitaram o vento a bordo e conseguiram sentir o
máximo da navegação a vela daquela embarcação. No 12º dia receberam um grande presente, que foi a
oportunidade de conhecer os instrumentos da cabine de comando, quando o capitão explicou detalhadamente os
funcionamentos, cálculos e anotações aos curiosos Escoteiros do Mar. No final da tarde realizaram uma grande
manobra da tripulação nos mastros, laborando com os cabos e velas, para colocar o barco na direção de Maceió.
O sênior Adrian Hilbert foi acometido de um vírus que lhe provocou vômitos. Passou todo o 11º dia deitado
utilizando medicamentos e foi levado pelo monitor Lucas para o atendimento médico, que lhes explicou como
tratar e prevenir. A patrulha esteve envolvida com o drama do sênior doente. Às oito horas da manhã do 13º
dia, era possível observar os prédios na costa de Maceió o que deixou a todos bem ansiosos.
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Mais próximo, os tripulantes começaram a ligar seus telefones portáteis para falar com suas famílias após tantos
dias de viagem sem comunicação. O restante do dia, e também o dia seguinte, foram de visitação a cidade,
conhecer a cultura local e fazer umas refeições do cardápio brasileiro.

O Lord Nelson largou do porto de Maceió rumo ao Recife no 15º dia, e todos voltaram à rotina do navio, que
havia sido quebrada com a parada no porto. O relato da garotada é que toda a tripulação se encontrava
bastante ansiosa para chegar ao fim da viagem, com saudades da família. No 16º dia conviveram com alguns
problemas burocráticos para a atracação do navio no porto do Recife, tendo em vista ser de outra nacionalidade.
Todo o trabalho de legalização da documentação, o que viabilizou a atracação do navio, foi feito pelo Presidente
da Região Escoteira do Pernambuco, Renato Cesar, que também recepcionou o navio em meio a procedimentos
de segurança no porto por conta da Copa do Mundo de Futebol que estava acontecendo.

Exatamente, dia 11 de junho, o Dia do Escoteiro do Mar e da Batalha Naval do Riachuelo, nossos jovens
chegaram em terra firme e retornaram a suas casas após uma acolhedora estadia de uma noite na sede
estadual dos escoteiros do Pernambuco. O voo de volta ao Rio de Janeiro, contou com uma calorosa recepção de
seus parentes e outros escoteiros quando da chegada ao aeroporto Galeão.

Certamente essa aventura mudou a vida dos nossos Escoteiros do Mar que tiveram a oportunidade de realizar
este grande Cruzeiro Marítimo do Rio ao Recife e que poderão passar seu conhecimento aos jovens mais novos
dos seus grupos.

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