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Gleison Matana
Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep)
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Resumo Os processos logísticos vêm recebendo cada vez mais atenção por parte dos gestores,
devido à sua representatividade em termos de custos e influência nos tempos de ciclo dos
processos produtivos. A automatização dos processos logísticos é uma alternativa promissora,
para torná-los mais eficientes, pois além de reduzir custos e tempos de ciclo das operações
logístcas, permite melhor comunicação entre os sistemas de movimentação e o controle de
materiais. A automatização tem sido aplicada com sucesso em diversos processos logísticos
como na movimentação e manuseio de materiais, com o emprego de robôs e veículos guiados
automaticamente. Um recurso de automação que tem mostrado ganhos de eficiência é o siste-
ma de estocagem vertical automatizado. O objetivo deste trabalho é apresentar os benefícios
da utilização de um sistema automatizado de estocagem de materiais, para itens de classe C.
Para tanto, foi realizado um estudo de caso no qual foram analisadas as alternativas de se adqui-
rir um sistema de estocagem vertical ou alugar um galpão, em função da demanda por espaço
físico. Para a escolha da melhor opção foram considerados fatores como melhoria da eficiência
logística (movimentação e localização dos materiais) e a tomada de decisão foi feita com base
na análise da viabilidade técnico-econômica. O sistema automatizado demonstrou ser a melhor
alternativa por atender aos requisitos da empresa.
Palavras chave: Automação; Logística interna; Estoques verticais; Eficiência logística.
Abstract The logistics processes have been receiving an increasingly attention by managers
because of their representativity in terms of costs and influence on production processes
cycle times. The logistics processes automation is a promising alternative, to make them more
efficient, as well as reducing costs and logistics operations cycle times, allows better com-
I
Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), Piracicaba/SP – Brasil
II
Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), Piracicaba/SP – Brasil
III
Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), Piracicaba/SP – Brasil
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munication between the transportation systems and materials control. Automation has been
successfully applied in many logistics processes such as transportation and materials handling,
with the use of robots and automated guided vehicles. An automation feature that has brou-
ght efficiency gains is the automated vertical storage system. The objective of this study is to
present the benefits of using an automated materials storage system for class C items. For this
purpose, a case study was conducted through an analysis of the technical and economic feasi-
bility of acquiring a vertical storage system, or rent a tent, due to a demand for physical space.
For choosing the best option were considered factors such as logistics efficiency improvement
(transportation and materials location) and decision-making was based on the analysis of the
technical and economic feasibility. The automated system was chosen as the best option due
to meet the company’s requirements.
Keywords: Automation; Internal logistics; Vertical storage; Logistics efficiency.
1. Introdução
As empresas necessitam trabalhar de forma enxuta para garantir a eficiência de seus pro-
cessos, tanto primários quanto de apoio, e se manterem competitivas.
Na jornada da produção enxuta as empresas têm se preocupado bastante com os proces-
sos primários deixando de lado os processos de apoio, por exemplo, a logística. Os processos
logísticos externos e internos são fundamentais para o sincronismo entre os processos primá-
rios das empresas, e sua importância é destacada pela própria missão que é colocar os produtos
ou serviços certos, no lugar certo, no momento certo, nas condições desejadas, a um custo
razoável (BALLOU, 2004).
A logística interna apresenta diversas oportunidades de melhoria para ganho de eficiên-
cia, pois muitas de suas atividades ainda são executadas de forma manual (LAI, 2004). Isso
aumenta a probabilidade de erros, demanda maior volume de mão de obra, causa problemas
ergonômicos aos colaboradores envolvidos no processo e, por fim, impacta negativamente a
eficiência global da empresa (GUPTA; BUZACOTT, 1989).
Uma das alternativas que têm se mostrado eficaz para a melhoria dos processos da logís-
tica interna é a automatização. Nos últimos anos, verifica-se que apenas 10% do total de inves-
timentos em automação (robôs, veículos guiados automaticamente, RFID) são direcionados às
operações logísticas, número esse que, segundo as previsões, tende a aumentar nos próximos
anos (KARABEGOVIĆ et al., 2015).
A atividade de manuseio de materiais classificados como itens C, que dá suporte às ati-
vidades de armazenagem e transporte é, geralmente, executada com baixa ou nenhuma uti-
lização de equipamentos. Como os itens C representam cerca de 75% do total de itens nas
empresas (VIANA, 2000), estes requerem o maior volume de atividades de manuseio. A opção
que tem apresentado resultados satisfatórios é a utilização de sistemas de estocagem verticais
automatizados. Além de facilitar o manuseio, esses sistemas podem trazer ganhos de eficiência,
melhoria da acurácia, vantagens ergonômicas e também ganho de espaço físico, considerando
que a área usada para a instalação desse tipo de equipamento é menor que a área utilizada por
racks e prateleiras com a mesma capacidade.
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O objetivo deste artigo é apresentar os benefícios da utilização de um sistema automa-
tizado de estocagem de materiais, para itens de classe C. Para tanto, foi realizado um estudo
de caso em uma empresa de manufatura. O trabalho é composto de uma revisão da literatura,
método de pesquisa, desenvolvimento do estudo de caso, onde são expostos os passos de de-
senvolvimento do projeto na empresa estudada (desde o planejamento do caso até o controle
do projeto), e a conclusão.
2. Revisão da Literatura
Os processos logísticos internos podem ser definidos como o conjunto de atividades utili-
zadas para prover o material correto, na quantidade correta, na sequência correta, na posição cor-
reta, ao menor custo possível (TOMPKINS et al., 2010; KARANDE; CHAKRABORTY, 2013).
Esses processos, geralmente, são classificados como processos de apoio, pois não têm ação direta
na fabricação ou processamento do produto, porém são relevantes, considerando que podem
representar entre 20% e 50% dos custos operacionais e têm um potencial de impacto direto no
nível de serviços aos clientes, pois podem representar cerca de 60% do tempo de ciclo opera-
cional (WOMACK; JONES, 1992; BEACH et al., 2000; ANTUNES, 2012; DAI; LEE, 2012).
Além da definição e classificação, os processos logísticos são subdivididos em atividades-
chave e atividades de apoio. Nas atividades-chave tem-se processos como transportes, ma-
nutenção de estoques, fluxo de informação, e processamento de pedidos. Já nas atividades
suporte, tem-se a armazenagem, o manuseio de materiais, a aquisição, a embalagem protetora
e a manutenção de informação (BALLOU, 1992).
Com relação, especificamente, à armazenagem e ao manuseio de materiais, existem dife-
rentes níveis de evolução, que iniciam desde o uso excessivo da mão de obra dos colaboradores
na execução dessas atividades, chegando até a utilização de processos mais modernos como a
automatização (BALLOU, 2004; WHITE, 1988).
O manuseio de materiais é definido como o processo de proteção, movimentação, arma-
zenamento e controle de materiais e produtos acabados, dentro das empresas, nas linhas de
montagem e nos centros de distribuição (MHI, 2016).
Já a armazenagem do material consiste na guarda temporária de uma peça ou produto e é
composta por atividades como recebimento, inspeção, endereçamento, estocagem, separação,
embalagem, carregamento, expedição e emissão de documentos (GUARNIERI et al., 2006;
MOURA, 1998).
Ambas as atividades são consideradas atividades que não agregam valor à operação das
empresas de modo que devem ser reduzidas ou eliminadas (WOMACK, 1998; JONES; HI-
NES; RICH, 1997). Existem opções relativas à otimização nos processos de estocagem e
manuseio de materiais que podem trazer melhoria de eficiência, de modo a gerar uma redução
de até 30% nos custos operacionais das empresas (TOMPKINS et al., 2010; KULAK, 2005;
KARANDE; CHAKRABORTY, 2013).
A automatização dos processos logísticos é considerada opção para a melhoria da eficiên-
cia e redução de custo, pois demanda investimento razoável, com pouca alteração no layout e
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rápida implementação (HASSAN, 2010; BRANCO, 2011). A automatização pode trazer resul-
tados financeiros significativos para as atividades logísticas, uma vez que o número de pessoas
envolvidas nessas atividades, como manuseio e estocagem de materiais, pode representar 25%
do total de colaboradores das empresas (TOMPKINS, et al., 2010; KLOTZ et al., 2013).
Assim, a verticalização de estoques é uma das principais estratégias das empresas no
intuito de alcançar os objetivos logísticos, principalmente nas operações de armazenagem de
materiais e produtos prontos para embarque (RAGO, 2002).
Para os processos da logística interna, especificamente para o manuseio e estocagem de
materiais, um dos métodos utilizados é o sistema automatizado de estoque vertical (LITVAK;
VLASIOU, 2010), o qual, em muitos casos, é usado na estocagem de itens de menor valor e
peso, classificados como itens “C”, pois reduz o espaço nobre da empresa utilizado para es-
toque desses itens, melhora a ergonomia dos empregados, melhora a acurácia do registro de
inventário, reduz a necessidade de mão de obra nessa atividade, automatiza o sistema FIFO
(firts-in / first-out), automatiza o processo de requisição de material no ponto de uso e aumenta
a velocidade de abastecimento no ponto de uso (ZOLLINGER, 1999).
Devido aos benefícios já mencionados e também a outros ganhos como a redução de
desperdícios referentes ao excesso de movimentação e o aumento da capacidade de estoque,
esses sistemas verticais, também conhecidos como ASRS (automated storage/retrieval systems), ten-
dem a ter sua aplicação aumentada em empresas (BOYSEN, STEPHAN, 2016).
Para a implementação desse tipo de sistema, alguns itens devem ser definidos, como a
escolha de qual equipamento melhor atende às necessidades da empresa, o método de cálculo
referente ao ganho financeiro para a empresa, o melhor layout para a instalação do equipamen-
to e o método utilizado para planejar e acompanhar a instalação do equipamento (DE LONG;
SUMMERS, 1991).
3. Método de Pesquisa
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Proveniente do seis sigma, o DMAIC (Definir, Medir, Analisar, Melhorar/Improve,
Controlar) é um método utilizado para alterar rotinas já estabelecidas ou criar novas rotinas
(SCHROEDER et al., 2008), ou ainda, na redução da variabilidade de um processo, solução
de um problema ou melhoria de um processo (MCADAM; LAFFERTY, 2004), auxiliando a
atingir os objetivos de projetos.
Na condução do estudo de caso, foram utilizadas as etapas apresentadas na Figura 1,
onde definiu-se uma estrutura conceitual teórica, desenvolveu-se também o planejamento do
caso a ser estudado, dados foram coletados e analisados a fim de se chegar a um relatório para a
conclusão do estudo (MIGUEL, 2007). Esse processo foi combinado ao seis sigma (DMAIC),
para aprimorar a estruturação do projeto, atribuindo maiores informações para suporte à to-
mada de decisão, por parte da administração da empresa.
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4.1 Planejamento do caso
Nesta fase, primeiramente, foi definido o sponsor do projeto, o qual é responsável pelo su-
porte ao time, participação ativa nas decisões e definições do projeto, além da responsabilidade
de aprovação ou não das mudanças de fase do projeto. Além do sponsor, também foi definido o
líder do projeto (Black Belt), responsável pela utilização das ferramentas do seis sigma, prepa-
ração do project charter, descrevendo o caso do negócio (qual o benefício em executar esse pro-
jeto), a oportunidade (delineando o porquê da execução do projeto, qual a necessidade da em-
presa), o objetivo do projeto, o escopo, o plano de execução (as datas de cada fase) e, por fim,
a definição dos membros da equipe, que devem ser colaboradores multifuncionais, para haver
uma visão de pessoas de fora do processo, e ainda garantir que o novo processo mantenha a
interação entre as áreas. Após a conclusão dessas etapas, iniciou-se a fase de coleta dos dados.
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localização onde estavam os itens C ser mais apropriada para a armazenagem dos itens A e B.
Verificou-se também a possibilidade de utilização de uma área externa para a instalação de um
galpão de vinil, com a dimensão de 400 metros quadrados. Essa área fica a, aproximadamente,
130 e 160 metros das linhas de montagem que possuem os maiores volumes de produção, o
que aumentaria o fluxo de transporte de material, consequentemente, trazendo desperdícios
para o processo logístico.
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materiais, considerando que todos esses benefícios seriam alcançados mesmo com a inclusão
de duas novas linhas de montagem.
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de R$2.300,00 por ano, custos referentes ao consumo de energia, no valor de R$10.454,00 por
ano e, por fim, o custo referente ao seguro do galpão, no valor de R$5.800,00 por ano.
Com relação à introdução do sistema automatizado, foi considerado o valor de aquisição do
equipamento de R$615.000,00, mais os custos operacionais que são compostos do salário de um
empregado, no valor de R$39.000,00 por ano, custos com manutenção, no valor de R$3.600,00
por ano e os custos referentes ao consumo de energia, no valor de R$522,00 por ano.
Custo de Operação
Galpão de Vinil Sistema Automatizado
Item
Custo Anual Custo Anual
Número de Funcionários (2) R$78.000,00 (1) R$39.000,00
Aluguel do Galpão R$ 93.600,00 -
Manutenção R$ 2.300,00 R$ 3.600,00
Consumo de Energia R$ 10.454,40 R$ 522,72
Incremento no valor do Seguro R$ 5.800,00 -
Custo Total R$ 190.154,40 R$ 43.122,72
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Quadro 2 – Análise econômica
Ano 0 1 2 3 4 5
Diferença entre os custos operacionais R$ 147.031,68 R$ 147.031,68 R$ 147.031,68 R$ 147.031,68 R$ 147.031,68
Fluxo de Caixa Final -R$ 615.000,00 R$ 147.031,68 R$ 147.031,68 R$ 147.031,68 R$ 147.031,68 R$ 147.031,68
Fluxo de Caixa Acumulado -R$ 615.000,00 -R$ 467.968,32 -R$ 320.936,64 -R$ 173.904,96 -R$ 26.873,28 R$ 120.158,40
TMA 5%
VPL R$ 21.570,23
TIR 6,26%
Payback Simples Ano = 4 Mês = 2
4.4 Implementação
Os passos importantes para a implementação das atividades foram a compra do equipa-
mento, o planejamento de instalação do equipamento, a alteração dos procedimentos de tra-
balho, métodos e tempos para a execução da operação, treinamento dos operadores e também
o planejamento de migração dos itens do estoque anterior para o novo sistema, sem que a
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produção, nas linhas de montagem, fosse afetada. Para a organização dessas atividades foi uti-
lizado o sistema MS Project, onde foram definidas as datas, atividades e responsáveis (Figura 5).
5. Conclusão
Os processos logísticos vêm ganhando cada vez mais representatividade estratégica nas
empresas, de modo que executá-los de forma eficiente pode transformá-los em um diferencial
competitivo. A automatização das atividades logísticas de manuseio e armazenagem/estoca-
gem é alternativa promissora para torná-los mais eficientes, pois além de reduzir custos e
tempos de ciclo das operações logísticas, permite melhor comunicação entre os sistemas de
movimentação e o controle de materiais.
O objetivo deste artigo foi apresentar os benefícios da utilização de sistemas automatiza-
dos de estocagem de materiais, para itens de classe C.
Para tanto, foi conduzido um estudo de caso no qual avaliou-se a viabilidade técnico-
-econômica da implementação de um sistema vertical automatizado de estocagem. Foi utiliza-
da também a metodologia seis sigma, especificamente o DMAIC, como ferramenta de apoio
à tomada de decisão.
Como alternativa, foi avaliada a possibilidade de instalação de um galpão de vinil, em área
externa, a qual se mostrou inviável devido ao elevado custo operacional além dos impactos ne-
gativos na eficiência dos processos logísticos, como o aumento de 31% na distância de coleta
e entrega de materiais, e consequentemente um aumento de 40% no tempo dessa atividade.
Por meio deste estudo, foi possível identificar os benefícios da automação dos processos
logísticos, de modo a colocá-la como opção vantajosa no que se refere à estocagem de mate-
riais, com melhoria da eficiência: redução de 2% na distância total da rota para coleta/abaste-
cimento e 40% no tempo total de ciclo, melhor controle de inventário, garantindo payback de
4.2 anos, VPL positivo e TIR de 6.26%.
As implicações desse projeto relacionam-se com a possibilidade de aplicação da automa-
tização nos processos de estocagem de materiais de classe C, mostrando os benefícios refe-
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rentes à redução de tempo na seleção e distribuição desse material, aumentando a eficiência
das operações da logística interna. O método de análise dos custos operacionais, bem como a
estruturação para execução do projeto, pode ser replicado para outras empresas que possuam
necessidades de revisão dos seus processos logísticos. Este método ainda pode se tornar um
referencial teórico para futuras pesquisas acadêmicas, em termos de automatização dos pro-
cessos logísticos.
Como oportunidade para trabalhos futuros, recomenda-se a aplicação da automatização
em outras áreas da logística interna como na movimentação de produtos acabados, estoque de
materiais classificados como A e B e em outros sistemas de manuseio de materiais.
Referências
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