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POR
QUE A
REFORMA
AINDA É
IMPORTANTE?
MICHAEL REEVES
& TIM CHESTER
R332p Reeves, Michael (Michael D.)
Por que a Reforma ainda é importante / Michael Reeves e
Tim Chester ; [tradução: Elizabeth Gomes]. – São José dos
Campos, SP: Fiel, 2017.
248 p.
Tradução de: Why the Reformation still matters.
Inclui referências bibliográficas e índices.
ISBN 9788581324081
CDD: 270.6
2 Martinho Lutero, “The Diet of Worms: Luther’s Final Answer”, citado em Henry Bettenson e Chris
Maunder, Documents of the Christian Church, 4th ed. (Oxford: Oxford University Press, 2011), 214.
POR QUE A REFORMA AINDA É IMPORTANTE?
5 Mark A. Noll e Carolyn Nystrom, Is the Reformation Over? An Evangelical Assessment of Contemporary
Roman Catholicism (Grand Rapids, MI: Baker, 2005), 231.
Introdução
21 Catecismo da Igreja Católica (Londres: Geoffrey Chapman, 1994). Acesso em: 6 out. 2015. Disponível
em: http:// www.vatican.va/arhive/ccc/index.htm.
22 Alister McGrath, Reformation Thought: An Introduction (Oxford: Blackwell, 1988), 95.
Escritura
Como Deus fala conosco?
De volta às fontes
No início do período medieval, a maioria dos teólogos e líde-
res da igreja via a Bíblia como única fonte confiável da verdade
cristã. Onde a Escritura se calava, as pessoas podiam tentar de-
senvolver as implicações da Escritura. Mas esses juízos eram
sempre secundários à própria Escritura. Porém, durante os
séculos XIV e XV, um entendimento diferente da tradição se de-
senvolveu, de Tradição com letra T maiúscula. Presumia-se que
a Tradição não escrita ia até os primeiros apóstolos, suplemen-
tando a Bíblia e provendo de verdade autoritária as questões
sobre as quais a Bíblia se silencia. Em 1546, o Concílio Católico
Romano de Trento declarou: “Todas as verdades salvadoras e
23 Lutero’s Works, 51:76-77.
POR QUE A REFORMA AINDA É IMPORTANTE?
de Deus, não é ele quem ensina, mas Deus quem ensina a ele”. E
também adverte: “Se ele ensinar de acordo com os próprios pen-
samentos e a própria mente, seu ensino será falso” (90).
O que acontece se eu não me sinto iluminado ao ler a Bí-
blia? Primeiro, Zuínglio nos conclama a nos humilhar para que
não sejamos como aqueles que, “embora, ouçam, não escutam”.
Então, ele nos convida a orar, pedindo o esclarecimento do Es-
pírito de Deus enquanto lemos a Palavra de Deus. Como, então,
devemos nos aproximar das Escrituras?
30 Lutero, “Against the Heavenly Prophets in the Manner of Images and Sacraments” (1525), em Luther’s
Works, 40:213.
31 João Calvino, “Short Treatise on the Supper of Our Lord”, em Selected Works of Calvin: Tracts and Let-
ters, ed. e tradução de Henry Beveridge, v. 2 (Edimburgo: Calvin Translation Society, 1849; repr., Grand
Rapids, MI: Baker, 1983), 166.
Escritura
Como Deus fala conosco?
A voz de Cristo
Quando a Palavra de Deus é pregada, o que nós ouvimos é
a voz de Deus. Lutero diz:
A presença de Cristo
Os reformadores foram ainda mais longe. Imagine uma
menina pequena que acorda no meio da noite. Ela chora cha-
mando por seu pai. Está escuro. Ela está confusa. Está com
medo. Então, ela escuta a voz de seu pai: “Está tudo bem, que-
rida. Tudo bem. Você pode voltar para a cama e dormir”. A voz
do pai reafirma sua presença.
Do mesmo modo, os Reformadores diziam que a voz de
Deus na Palavra de Deus é sinal de sua presença. Não somente
ouvimos a voz de Deus em sua Palavra; nós experimentamos
a sua presença. Considere estas citações de Calvino (ênfases
acrescidas):
As Escrituras, o Espírito e a Fé
Como os sacramentos, a Palavra de Deus não opera ex opere ope-
rato. Essa frase latina resume a posição católica sobre a efetividade
dos sacramentos. Significa “pela obra operada”. Eles criam que os
sacramentos operavam por si mesmos, independentemente da fé
dos participantes. Os reformadores, conforme veremos, creem
que os sacramentos são uma promessa ou um pleito para encora-
jar nossa fé. Da mesma forma, Calvino diz das Escrituras:
Temos por certo que essa eficácia não está contida nas
próprias palavras, mas procede do instinto secreto do Es-
pírito [...] Afirmamos a eficácia de seu Espírito, já que é
sua palavra, sem a qual ela seria infrutífera.42
40 Ibid., 173 (art. 5).
41 Luther’s Works, 39:183.
42 Calvino, Comentário, de Ezequiel 2:2. Ver também Comentário, de Atos 14:27.
Escritura
Como Deus fala conosco?
Pregação e pregadores
Assim, Deus está presente quando se lê a Bíblia. E também está
presente quando a Palavra de Deus é pregada no ajuntamento
da igreja. Lutero diz que a Palavra meramente lida “não é tão
frutífera e poderosa quanto o é por meio de um pregador públi-
co a quem Deus tenha ordenado a dizer e pregá-la”.46 Calvino,
por sua vez, assinala:
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