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crime estabelecido na lei nº 9.610/98 do
Código Penal.

CAPA: Rayink
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AH, mais um livro em que estou aqui com


vocês, escrevendo para vocês e por vocês.
Que felicidade a minha, poder estar pre-
sente em mais uma etapa da sua vida.
Acredite quando eu falo: estou muito feliz
de trazer essas informações e novos insigh-
ts para vocês.
Eu, Emanuel Hallef, me sinto e sei que sou
um homem de muita, muita, muita sorte.
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Eu tenho plena ciência disso, de poder


conversar com vocês a partir do meu Ins-
tagram, dos nossos livros, e ver sempre o
feedback de vocês.
E isso não é algo de vaidade, muito pelo
contrário, é que eu realmente fico feliz de
ajudar você, de saber que você está bem,
de que ficará bem e continuará bem duran-
te muito tempo.
E se, de alguma forma, essas escritas fa-
çam parte de 1% do motivo de vocês con-
seguirem ver a vida diferente... então eu já
fiz a minha parte e estou realizado.
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Sempre escrevo sobre vocês em primei-


ro lugar: as mulheres.
A força da terra, o motivo de todos es-
tarmos aqui.
Mas sempre falamos deles, aqueles que é
ruim com eles e sem eles é pior (mas só se
ele não for um escroto, pois se for, vocês
sabem: É MELHOR ESTAR SOZINHA
MESMO), os homens.
Meu campo de estudo mais árduo, como
homem, é tirar de minhas experiências,
minhas vivências, o necessário para passar
para vocês.
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Para que vocês vejam, vindo de um ho-


mem e de vários outros (como é comple-
tamente notório em meu livro “Por que os
homens mentem – as mentiras que os ho-
mens contam”, para que você tenha a se-
gurança, 100% de certeza que: eu possuo
um local de fala nessa situação e vou con-
tinuar usando da melhor maneira possível.
Eu não me importo nenhum pouco se
isso, todas as coisas que escrevo, deixe al-
guns “homens” irritados.
Se deixa irritado é porque eu estou certo.
E eu sei que estou certo. Vocês sabem
que eu estou certo.
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É a mesma lógica da traição: não se


arrepende de ter traído, mas sim de terem
descoberto.
E quando eles veem ali, palavra por pala-
vra, tudo o que eles falam, tudo o que eles
fazem, cada maneirismo, cada passo deles,
não só descrito, mas desvendado... aí eles
ficam doidos mesmo.
Acredite: já tive diversos caras que me
mandaram mensagens no Instagram.
Eu abria a minha DM, e lá estavam eles:
putos da vida.
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- Obrigado, por sua casa minha namora-


da terminou comigo.
- Valeu aí cara, por conta daquele seu li-
vro de mentiras, minha namorada termi-
nou comigo.
Você não tem ideia de que nem todos os
homens mentem?
Agora por ela achar que eu menti, por
conta de algo que ocorrer há não sei quan-
to tempo atrás, ela terminou comigo.
Obrigado mesmo, seu prego.
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Mas sigo em minha caminhada de contar


histórias.
Esse é meu dom, esse é o meu processo
nessa vida.
E de uma forma muito linda, muito es-
pecial mesmo, eu consigo ajudar você que
está me lendo agora, consigo ajudar outras
mulheres e até alguns homens, a ver como
está a situação, e que ela deve ser mudada.
Se ajuda vocês, eu não me importo que
eles fiquem irritados.
Se faz com que vocês tenham plenitude
na vida... não me importo com eles.
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E eu sabia que meu livro: “As mentiras


que os homens contam, por que os ho-
mens mentem, traria um certo algo, mas
não sabia que seria do nível que foi.
Após a série de vídeos em podcast ser
colocada no perfil então... aí a coisa ficou
fora de controle mesmo.
Eu leio CADA COMENTÁRIO que
vocês colocam lá, e fico com apenas UM
pensamento na cabeça: eu estou fazendo
certo.
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Se faz com que você só se relacione com


homens bons... eu fico é FELIZ DEMAIS,
e que os bobos achem outras mulheres
para enganar.
Vocês não.
Vocês não.
Minhas irmãs mais novas?
Não.
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Com vocês eles não tem chance, vocês


estão bem alfabetizadas quando a situação
é cair no papo aranha, no papo merda, na
conversinha fiada de um “homem” meni-
no, que não sabe fazer nada além de ferrar
com sua cabeça e nem sabe fuder direito.
Só pensa nele sexualmente.
Só pensa no gozo dele.
Só coloca obstáculos impossíveis de se-
rem alcançados por vocês.
Para mim isso nunca funcionou.
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Para mim, isso NUNCA vai funcionar.


Porque eu acredito na força da mulher.
Eu acredito que vocês são as únicas ca-
pazes de serem mães, sejam vocês mulhe-
res biológicas ou mulheres trans.
Vocês mulheres são mulheres, não im-
porta de qual maneira.
E eu sou o irmão mais velho de vocês.
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E como irmão mais velho, eu vou ficar


de olho, eu vou cuidar, e quando eu pu-
der compartilhar... vocês sabem que eu
compartilho.
Quando adolescente, no segundo ano
do ensino médio para ser mais específi-
co, minha cabeça EXPLODIA de histó-
rias e ideias.
Explodia MESMO.
E lá estava eu: sentado, fazendo a lição,
mas COMPLETAMENTE AÉREO de
onde eu estava.
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Eu sabia, SABIA, no mais fundo de


mim mesmo, que eu não pertencia na-
quele lugar.
Sabia que ia ser difícil, mas eu seria um
escritor.
Eu sempre fui um excelente ouvinte,
sempre fui um observador nato.
Eu estudei pessoas desde o ensino
médio.
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Não teria como eu ser outra coisa dife-


rente do que sou hoje: um escritor.
Um observador dos seres humanos,
das pessoas.
Das maneiras com que andam, com que
se comportam, como falam, como agem.
Tudo isso me definiu e define como
pessoa.
E saber que isso, o simples exercício
disto, me faz ter a oportunidade de escre-
ver para vocês, para que vocês possuam
ferramentas que as ajudem em suas vidas
pessoais, em suas vidas amorosas, profis-
sionais e familiares...
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..., mas especialmente na vida afetiva.


Meu objetivo permanece o mesmo, inal-
terado desde o primeiro vídeo que postei,
do primeiro post do meu Instagram, do
primeiro livro até esse, e também para os
próximos que virão (e muitos virão, quan-
to mais eu souber, quanto mais eu puder
compartilhar com todas vocês, as técni-
cas, as maneiras e os ensinamentos para
se livrarem desses tipos de “homem”, eu
farei,) e farei com um sorriso nos lábios,
como faço agora, pois isso aqui não é algo
bobo, não é algo que serve apenas para
enganar pessoas ou desmitificar homens e
suas técnicas.
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Não.
Muito pelo contrário.
O que escrevi até aqui, todos os outros
livros, é para dar a você, o poder de se em-
poderar como mulher.
Como o centro do universo que você é.
É fazer você não só ver, pois eu sei que
demora um tempo para olharmos dentro
de nós mesmos e perceber que, algumas
coisas fazemos errado, alguns caminhos
continuamos a andar sempre nele, mesmo
que não seja vantajoso.
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Eu sei muito bem sobre isso, mais do


que eu gostaria de saber, mais do que eu
gostaria de ter experimentado.
Mas sei quais são, mas senti e os expe-
rimentei.
Andei nos mesmos trilhos.
E como alguém que andou neles, eu os
digito para você nessas páginas, nas que
vieram antes dela, nas que virão após,
para que vocês se livrem deles, desses
comportamentos destrutivos.
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Que você saiba que merece mais e me-


lhor.
Não somente de homens.
Muito pelo contrário: que você merece
mais de si mesma, e que você vai conseguir
isso, desde que não desista.
Eu estou com você, sempre estive.
Vamos comigo em mais essa aventura?
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SEI que sempre ando pelo mesmo cami-


nho: falando sobre os homens, falando de
homens.
Seus comportamentos, suas maneiras de
agir, a falta de comprometimento, todas as
coisas terríveis que eles fazem.
Tenho pleno conhecimento disto.
E sou muito abençoado de, por forma
anônima, trazer histórias para vocês, de
leitoras assim como você que me lê nes-
te momento, que auxilia na visão do que
quero dizer nessas linhas e parágrafos que
escrevo com toda a esperança do mundo.
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A questão desse livro, será um pouco


melhor, um pouco mais centrada em quem
REALMENTE vale a pena: VOCÊ.
VOCÊ MULHER.
Você que me acompanha há muito tem-
po, ou até mesmo você que começou a me
acompanhar não tem muito tempo.
Isso não importa.
O que importa é que, de uma forma ou
outra, você chegou aqui, você conseguiu
encontrar um bom caminho.
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E recomendo a você, em meus livros


passados e em minha página no Instagram,
a procurar fazer o que a gente faz somente
na Netflix e em outros streamings: mara-
tone.
Sim, maratone meu conteúdo, todos os
meus destaques, as caixinhas de perguntas.
Você encontrará lá, respostas para as
mais diversas dúvidas, para todos os gos-
tos e aflições.
O que trago aqui hoje, nada mais é que
um complemento de tudo aquilo que foi
feito lá atrás.
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Mas, eu nunca tinha ido tão fundo.


Não tem como ir tão fundo no Insta-
gram.
Eu precisava de páginas em branco, para
poder colocar aqui, em palavras, todas as
histórias que me são contadas e permitidas
que eu as repita.
Para que você veja que não funciona para
uma ou outra.
Não, funciona para aquelas que se dis-
põe a querer mudar.
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E mesmo que não mude logo de início,


que pelo menos queira tentar, que faça a
tentativa e veja que, se continuar tentando,
tudo na vida corre o risco de dar certo.
Eles, os homens, terão espaço sim em
nosso livro.
Não teria como ser diferente.
Afinal de contas, são meu material de
estudo para fazer com que vocês se deem
bem na vida, afastando os ruins de você.
Mas, o quanto eu já falei de amor pró-
prio, e mesmo quando parece que esgota o
tema, ainda não esgotou?
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Hoje, falarei para você, histórias de mu-


lheres que resolveram ousar.
Que resolveram tentar ser misteriosas
e enigmáticas, e o quanto isso ajudou na
vida delas.
Tanto pessoal, sentimental e até profis-
sional.
Acompanhe comigo as histórias, veja se
consegue se encaixar em alguma, e eu te
prometo, que junto das histórias delas, es-
creverei também dicas, e você se tornará
uma mulher diferente.
Para o melhor.
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O QUE DEFINE UMA


MULHER MISTERIOSA
E ENIGMÁTICA?

Bom, iremos por partes, como sempre


fazemos.
Vamos começar com o mais “fácil”, e
esse fácil entre aspas mesmo, porque é só
uma ilusão de que ser misteriosa é algo fá-
cil.
Não é, ainda mais na era em que vive-
mos, com todas as ferramentas que temos
para nos expor para o mundo todo.
Mas sabemos que, antigamente, nos tem-
pos de nossas avós, a coisa não era assim,
era bem diferente.
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E não precisamos ir muito longe para


isso, não é como se fosse coisa de mais de
100 anos atrás, pelo contrário: podemos
correr apenas 70 anos atrás e já encontra-
mos os problemas que isso ocasionava.
Quero começar este livro com uma com-
paração de histórias e de tempos.
Pegaremos a história da evolução das
mulheres quanto ao mundo: os direitos
que foram conquistados com o tempo, até
os dias de hoje.
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Você acha que 70 anos é pouco?


Não, não é, e você sabe que não é.
Ainda mais quando se trata dos direitos
das mulheres, de tudo o que vocês con-
quistaram, e o quão duro deram para con-
quistar tudo isso.
Parece loucura parar para imaginar que
há 70 anos atrás a mulher, era vista como
um ser inferior.
Sim, inferior.
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Não vou usar analogia de água com açúcar


aqui, não ajudaria em exatamente em nada.
A história não pode e não deve ser
romantizada.
Quando nos esquecemos da história, quan-
do não a contamos, estamos fadados a des-
truir o seu legado.
Estamos fadados a repetir tudo o que já
ocorreu.
E de maneira nenhuma podemos deixar
isso acontecer, ainda mais quando se trata da
história dos direitos das mulheres, dos direi-
tos de vocês, que deram muito duro para isso.
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Falamos com facilidade de 10 anos atrás,


como se tivesse passado voando, e real-
mente passou.
Mas é algo realmente assustador ver que,
70 anos atrás ainda tínhamos mulheres que
eram vistas apenas como um objeto para
os homens: para limpar a casa, um útero,
um simples útero.
Era para isso que eram usadas, e somen-
te por isso.
Faculdade? De jeito nenhum.
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O inteligente e formado era o irmão, o


pai, o marido, nunca a mãe, nunca a irmã,
em ultimo caso de todos, NUNCA, NUN-
CA, JAMAIS A ESPOSA.
Quero contar para vocês uma história
que me é permitida contar, de uma Maria,
tal como outras por aí.
Seu nome foi trocado, ela me permitiu
contar sua história.
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MARIA – A HISTÓRIA
ANTERIOR DAS MULHERES.

Maria se sentou comigo, pois sabia que


eu faria um livro sobre a história das mu-
lheres.
Mas, ao sentar com ela e ouvir toda sua
história, eu cheguei à conclusão de que
precisaria usar as palavras que ela estava
falando para mim.
Ela me deu total permissão, e eu não
uso seu nome verdadeiro, o que é algo que
sempre faço, para proteger estas pessoas.
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Maria me recebeu em seu apartamento


(sou amigo de sua neta).
Era uma tarde de muito calor, como
sempre está fazendo (parece que até quan-
do está fazendo frio, faz calor, não enten-
do isso – sei sobre o aquecimento global,
mas vamos esperar que ele não acabe com
a gente), e sua neta, como disse, é uma
amiga muito querida minha.
Quando comentou com a avó que eu es-
creveria sobre como se tornar uma mulher
misteriosa e enigmática, sua neta me disse
que ela começou a rir.
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E olha, não vou mentir, no começo eu


fiquei até um pouco ofendido, rs.
Mas após isso, ela me disse que sua avó
tinha passado a vida TODA sendo a mu-
lher MAIS MISTERIOSA que ela já ha-
via conhecido em sua vida.
Aquilo me despertou interesse.
- Você amaria conhecer ela. Ela quer te
conhecer, e disse que você pode contar a
história dela.
- Mesmo? Eu não me sinto confortá-
vel em fazer isso. Mesmo quando assi-
nam um papel que confirmem, eu fico
um pouco assim.
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- Não seja bobo, ela te deu permissão to-


tal, só mude o nome dela.
- Tem certeza?
- Eu amo o respeito que você tem por
nós mulheres, amo mesmo, mas acredite
quando eu te falo: minha avó é a mulher
MAIS MISTERIOSA que você vai conhe-
cer em sua vida toda.
- Mesmo?
- Sim, te juro. E sabe o melhor?
- O que?
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- É que ela tem esse magnetismo, pois


acho que um acaba trazendo o outro.
- Ela quer me conhecer mesmo?
- Ela lê algumas coisas suas, outras eu
leio para ela. Ela te adora, dá risada e sem-
pre fala: olha, ele está certo, ouça ele.
- Nossa, que honra, que coisa linda.
- Vai dar esse gosto pra ela?
- Quando eu posso ir?
Cheguei no apartamento dela acompa-
nhado de sua neta.
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Confesso, estava MUITO animado de


ouvir a história de sua vida, estava ansioso
até.
Quando entramos, já vi que o aparta-
mento era muito bem decorado, com plan-
tas, mas nada demasiado.
Muitos retratos, mas alguns quadros sen-
sacionais também.
Você via que tudo aquilo requeria muito
estudo, conhecimento.
Fiquei fascinado.
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Quando ela se aproximou de mim, eu


quase tive um treco: ela é uma senhora
muito bem reservada mesmo.
Me abraçou, agradeceu por eu ter aceita-
do o convite dela.
- Imagina, que eu agradeço, o prazer é
todo meu.
- Eu leio algumas coisas que você escre-
ve. Você cresceu com muitas mulheres ao
seu redor, ou cresceu com muito homem
idiota ao seu lado, não é filho?
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- Olha, a senhora acertou. Mas digo


que foi uma mistura dos dois. Mas é que
eu sou mais observador mesmo, estudio-
so, fuçado...
- É a melhor coisa a ser, a se fazer. Va-
mos para a varanda.
Caminhamos para a varanda, onde três
cadeiras nos esperávamos.
O vento ali na parte de cima, eu con-
sigo senti-lo em meu rosto neste exato
momento.
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Era um vento diferente.


A vista dava para um parque muito arbo-
rizado, onde conseguíamos ver um grande
parque da cidade.
- Gostou da vista?
- É maravilhoso. O vento aqui em cima é
mais fresco que na rua. A senhora fez um
excelente trabalho com as flores e os qua-
dros, as pequenas esculturas.
- Gostou?
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- Eu amei. Eu amo artes em geral, é tudo


muito cuidadoso escolhido, dá para se per-
ceber isso, com toda a certeza.
- Você tem uma aura muito bonita meu
filho.
- Poxa, assim a senhora acaba comigo.
- Só um favor?
- Sim, claro, com certeza.
- Não me chame de senhora mais.
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- Opa, desculpa, não sabia...


-Não precisa se desculpar. É que hoje,
eu não quero ser senhora, hoje quero ser
Maria e contar minha história para você.
Nos sentamos.
- Você gosta de limonada?
- Eu amo. Ainda mais nesse calor.
- Você vai gostar dessa. É uma limonada
rosa que vi a receita na internet, e resol-
vi fazer. Acabou que eu amei e faço quase
que sempre.
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- A senh.... desculpe, Maria, está muito


boa e muito geladinha. Obrigado.
- Se formos até perto das 19h, eu vou te
oferecer um drink.
- Nossa, tirei a sorte grande mesmo. Por
mim sem problemas nenhum, mas, Maria,
queria te perguntar algo.
- Diga, querido.
- Não tem problema mesmo de eu re-
produzir sua história? Não me sinto con-
fortável com isso.
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- Mas quem quer contar ela sou eu. Eu estou


de acordo. Eu até assino um papel se você tiver
trazido ele.
- Eu trouxe, mas...
- Minha neta me contou. Deixa-me te falar
algo: tem duas coisas nesse mundo que a gente
NUNCA deixa passar, de maneira NENHU-
MA, guarde sempre em sua cabeça:
• Uma boa oportunidade de ir para a frente;
• Uma boa história.
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- Fico feliz demais que você tenha esse


cuidado de reprodução, mas acredite quan-
do lhe falo: eu quero contar minha história
há tanto tempo, durante tantas décadas, e
nunca pude.
- Eu posso só imaginar.
- E quando minha neta me disse que
você estava escrevendo um livro sobre
como se tornar uma mulher misteriosa e
enigmática... eu pensei: preciso falar com
esse rapaz. Pois você, você entende os ho-
mens, isso é um fato, mas você tem uma
conexão especial conosco mulheres, você
nos entende mais ainda. E isso, isso meu
filho, isso é algo muito raro hoje em dia.
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Eu tenho muito respeito por um homem


que se dedique a fazer isso, que tira seu
tempo para isso. Anote o que falo: você
apenas ganha com isso, nunca perde.
- Não consigo nem explicar como isso
me deixa feliz, obrigado por lindas pala-
vras como essa. Obrigado mesmo.
- Minha neta desceu?
- Sim, ela só entrou comigo e disse que
volta perto das 20h.
- Ótimo – disse pegando um Marlboro
Light e acendendo. Deu uma longa traga-
da e acompanhou da limonada rosa.
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- Ela não gosta que eu fume. Mas eu


tenho 73 anos, eu cuido de mim mesma,
sempre foi assim, posso confiar em sua
discrição?
- Lógico.
- Quero te levar para 1945. Vamos acom-
panhar comigo.
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MARIA – 1945

Me contou sua história desde seu nas-


cimento.
Nasceu em uma cidade de chão de
terra batida, vermelha, no interior de
São Paulo.
Seus pais não tinham nada, apenas
empregos na lavoura.
- Não se preocupe – me disse – na-
quela época isso era completamente
normal, trabalhar na lavoura.
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A casa deles era um casebre feito de ter-


ra, de barro e alguns pedaços de coisas que
encontravam pelo caminho.
Não cresceu sozinha. Teve uma irmã.
- Ser desprezível. Era antes e ainda é,
sempre foi.
Cresceu e sempre teve que dividir seu
tempo entre ir para o colégio uma semana,
e depois tinha que parar de ir para ajudar
no trabalho.
Na época, tudo era muito, muito escasso
mesmo.
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Só imagina, pós segunda guerra mundial,


em uma cidade do interior, não chega nem
perto de ter qualquer coisa que temos hoje
ao nosso dispor.
Não existia a menor possibilidade de in-
ternet, muito menos de redes sociais.
Ela me mostrou alguns recortes que
guarda em uma caixa, toda de madeira
trabalhada, e lá tem várias coisas de sua
época: panfletos antigos de supermercado,
ingressos do único cinema que tinha na
época, recortes de matérias jornalísticas...
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E então ela começou a me falar de sua


adolescência.
Após a morte de seu pai, sua mãe co-
meçou a receber o que eles chamavam de
pensão.
Elas não passavam necessidades, mas
ainda assim as coisas eram difíceis, até
mesmo para alimentação do dia a dia.
Mas como era uma cidade do interior,
ela fez o máximo para conseguir fazer algo
que sua mãe era totalmente contra: estu-
dar.
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Quando levantou a hipótese para sua


mãe, a mesma recusou, ferozmente.
- Você não é homem. Estudo é coisa de
homens. Você pode muito bem me auxi-
liar em casa, me ajudar a lavar roupas, e
com isso vamos fazer um bom dinheiro.
Por que você é assim? Sempre querendo
ser mais que a gente. Olhe para sua irmã:
ela me ajuda com as roupas, ela não fica
viajando com essas coisas de escola.
- Mas eu posso estudar E te ajudar tam-
bém, mãe. A escola é de tarde. Eu te ajudo
de manhã.
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Mas a mãe era irredutível. E sua irmã não


ajudava muito. Pelo contrário, só atrapalhava.
- E está decidido, você não vai. Daqui 2 anos
se casa com algum rapaz que os pais tem mais
dinheiro e vai fazer o que não fiz: casar bem.
- Tá bom mãe.
- Você aceitou essa imposição de sua mãe?
– Eu estava MUITO curioso para saber mais
sobre a vida dela, sobre o que ela tinha feito,
e como tinha feito isso.
Pois, cá entre nós, estamos com a história
das mulheres em nossas mãos.
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Vocês que me leem, podem não ter pas-


sado por isso, mas suas mães, suas avós,
com certeza devem ter passado por um
momento desse na vida delas.
Pois antigamente, esse era o pensamento,
ainda mais em cidades do interior: ser uma
excelente dona de casa, casar-se com um
homem cuja a conta bancária fosse gorda,
e viver com ele, para ele, por ele.
Não importa se gostasse do homem ou
não, isso realmente não importava.
O que era importante era seguir o mode-
lo de esposa perfeita para a família e para
esses homens.
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Paro e penso, enquanto olho para ela sen-


tada na minha frente: óbvio que ela não dei-
xou isso ocorrer.
A minha amiga, neta dela, disse que ela
estudou TUDO o que ela teve vontade, que
ela não viu problema nenhum em romper
barreiras para fazer isso acontecer.
E eu sói imagino, uma mulher, no meio
dos anos 50, tendo que romper barreiras
contra uma sociedade machista e patriarcal.
Ela sim, elas sim, são super heróis.
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- De maneira nenhuma, meu filho, eu


não me dei por vencida, não mesmo, mas,
precisei dar meu jeito.
- Como assim?
- Muitas vezes, a gente precisa fazer o
que não quer para conseguir fazer o que
quer, não é?
- Sim, com certeza.
- Exato, então eu tentei enganar minha
mãe logo de primeira mão, mas isso não
deu certo, porque ela exigia que eu estives-
se em casa o dia todo.
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- Como a senhora se sentia?


- Devastada. Eu via as filhas do casal vi-
zinho indo para a escola, e naquela época
não tinha isso que vocês tiveram, muito
menos o que as crianças de hoje em dia
têm, era tudo muito simples.
- Eu imagino.
- Então eu tive que bolar um plano.
E me contou, como que, de forma MA-
JESTOSA ela deu seu jeito de estudar.
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Teve que continuar ajudando sua mãe e


sua irmã a lavar roupa, passar e entregar
para as pessoas que contratavam esse ser-
viço delas.
Dizia que o trabalho era grande, exaus-
tivo, mas que sentia que era a única coisa
que tinha para fazer.
Ficou nessa por um ano.
- UM ANO? – exclamei incrédulo
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- Um ano, meu filho, um ano. Eu ia dor-


mir com um peso nas costas, chorava. E
minha irmã, ô sujeitinha ruim, eu posso fa-
lar isso para você, porque se você a conhe-
cer, você verá como aquilo lá é ruim. As
pessoas da família dizem que ela endure-
ceu com o tempo, que ficou mal por conta
de N situações que ocorreram. Não, eles
não sabem da missa o terço. Ela sempre
foi assim: nunca teve ambição nenhuma,
sem ser a de casar-se com um homem rico,
da mesma maneira que a mãe queria que
ela cassasse. Mas, ela não queria isso só
para ela, ela queria que aquilo acontecesse
comigo também.
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E não era um desejo de me ver bem, era


um desejo de me ver igual a ela, na mesma
posição. Porque ela não tinha ambições. E
eu sempre tive. E não vejo isso como uma
coisa muito boa lá com meus 16 anos, pois
isso mais me trazia dor do que qualquer
outra coisa.
- Ela poderia estar querendo proteger
você, talvez?
Ela estava acendendo outro Marlboro
Light, e já tinha pedido para a secretária
do lar trazer uma bebida para a gente.
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- De maneira nenhuma, aquilo lá é o


cão. Eu vou te falar uma coisa, você tem
irmãos? Bom, se tiver, duvido que nunca
teve dificuldades com eles. É isso que ir-
mãos fazem. Mas o caso dela era outro: as
pessoas sempre me elogiavam para meu
pai, para minha mãe, e eu, sempre fui a
mais bonita, sempre.
Eu dizia a ela: não ligue para isso, beleza
não leva para lugar nenhum, a inteligên-
cia sim. Mas não, ela era irredutível. Ela se
virou contra mim por conta disto: por eu
ter pego a parte de beleza dela para mim,
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era exatamente isso que ela falava. Então


ela escolheu que eu deveria ter o mesmo
caminho que o dela: o de alguém feia. E
ela é feia mesmo, só que por dentro. Ela é
horrível por dentro, o que é um desperdí-
cio, pois após os 16 anos ela desabrochou
em uma linda flor: voluptuosa, magnífica,
ela sempre foi linda. Minha beleza era mais
ordinária, mais comum, eu era bem sem
graça para falar a verdade. Mas ela não sa-
bia que, era o fato de eu ser decidida que
me dava aquele ar que ela não tinha.
- A senhora cursou psicologia, certo?
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- Sim, cursei e ainda trabalho na área –


disse com um sorriso de muito bom gosto
e largo.
E ali, naquele exato momento, eu vi
como ela se orgulhava do que tinha arqui-
vado em sua vida.
Ela é, sem brincadeiras, a psicanalista
mais procurada. Ela agora apenas faz men-
torias para poucas pessoas, pois deixou um
legado imenso.
Tudo aquilo que ela é, derivou-se de mui-
tas dificuldades.
- Quer saber como cheguei na faculdade,
não é?
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- Com certeza – disse com um sorriso


largo.
E ela me contou.
Disse que, quando tinha 15 anos, via as
outras crianças ainda indo para a escola, e
ela não tinha tempo para estudar, só ajudar
a mãe.
Disse que, acredita muito que a mãe se
tornou alguém muito dura após a partida
do pai.
E então, um dos filhos do vizinho, co-
meçou a cortejá-la.
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- Cortejar, essa palavra ainda é usada?


- Mas é lógico, é uma palavra muito bonita.
- Me sinto velha falando assim, mas ele corte-
java mesmo, não era nada de dar em cima, ape-
sar de sabermos o que ele queria com aquilo.
Rimos sem parar por uns 30 segundos.
- Homens, desde o começo do mundo são as-
sim, que coisa terrível e grotesca.
- É, parece que a maioria não evoluiu, não é?
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- Mas uma grande parte sim. Veja meu


marido, veja você, vários evoluíram, isso é
uma conquista e tanto.
- Me fale sobre vocês?
Contou que, após ver as filhas da vizinha
(eles tinham uma grande casa comparado
com a casa dela e da mãe, onde viviam com
a irmã) voltando da escola um dia com os
cadernos na mão, ela sentiu muita raiva,
muita raiva mesmo.
Algo como se o mundo fosse injusto, e
realmente era.
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- Eu fiquei muito brava, brava demais.


Eu ia estudar, custasse o que fosse, eu não
ia deixar isso passar por mim. Eu já estava
me sentindo uma planta lá, criando raízes.
- Eu não consigo nem imaginar.
- Então eu comecei a ser isso que você
escreve sobre: misteriosa, enigmática.
- De onde você tirou isso?
- Meu filho, mulher é um ser que per-
muta mesmo, se transforma, somos cama-
leões. Aquilo saiu de dentro de mim, e eu
nem sabia que era possível ter aquilo em
meu corpo, em minha mente.
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- Como começou?
- Eu passei a buscar a roupa na casa do
vizinho, e ele, que dava em cima de mim, é
o homem daquela foto ali.
Apontou para a foto, e deu um sorriso tí-
mido, como quem diz: mandei bem, não é?
- Então você laçou o homem?
- Sim, lacei, mas com muito cuidado,
com muita cautela. Veja bem, nós mulhe-
res, hoje em dia perdemos o fio da meada.
A gente tem que deixá-los acharem que
são eles que estão dando as cartas, que são
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eles que mandam, que eles são os gênios, que


as ideias partiram deles. Mas no fundo, nós im-
plantamos a ideia na cabeça deles, devagar, se-
mente por semente, e então, a gente consegue
o que a gente quer.
- Tudo isso de maneira misteriosa – completei
- E enigmática, pois é preciso deixar muito a
descobrir, muito daquilo que não é dito, não é
falado, nem mesmo sugerido. Isso sim é enig-
mático.
- Entendo 100% o que você quer dizer.
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- Esses dias mesmo, minha neta mais


nova ia sair. 19 anos. Ah, a juventude, a ju-
ventude e tudo o que vem com ela: certe-
zas, medos, inseguranças... ela estava mor-
rendo de medo de perder o namoradinho.
Até eu sentar e conversar com ela, e ver
que esse namoradinho, que é assim que ela
o chamava, não era namoradinho coisa ne-
nhuma. Era apenas um rapaz de quem ela
estava muito afim. E u tive que, como avó,
mas também psicóloga, dar uma ensinada
nela.
- O que a senhora falou?
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- Eu falei a verdade. Perguntei: filha, vo-


cês conversam bem, ele sempre está fa-
lando com você? Pois você parece gostar
muito dele.
- Não vó, ele não me responde, e eu fico
andando pelos mesmos lugares que ele,
para ele me notar.
- Eita.
- Exato. Quando ouvi aquilo, meu cora-
ção se afundou. Eu contei para ela a mes-
ma história que vou te contar agora, que
foi a de como eu conquistei meu marido.
Mas sendo misteriosa, sendo enigmática.
No final das contas, ela nem deu bola mais
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para o rapaz após isso, e depois de um


tempo, ele sim começou a vir atrás dela,
e ela sempre vinha até mim, para eu falar
para ela o que ela devia fazer, de que forma
deveria fazer.
- Isso é fantástico.
- Eu cuido bem das meninas, sempre te-
nho a audácia de conversar com ela sobre
os rapazes com quem estão saindo, para
saber se são coisas boas ou não. Eu tive
um homem muito bom em minha vida,
mas sei que não são todas as mulheres que
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conseguem isso, tenho plena ciência dis-


to, mas no máximo que eu consigo tentar
ajudar, eu ajudo: seja dando um conselho,
seja ouvindo um áudio que elas pedem,
seja dando um toque de como elas devem
agir, eu ajudo no que posso.
Essa mulher, que está sentada logo a mi-
nha frente, é uma figura sensacional.
E é através do relato dela, de sua histó-
ria que coloco aqui nessas linhas, que você
verá, como nas entrelinhas, ela conseguiu
se fazer de misteriosa, e como isso era real-
mente algo enigmático.
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Vou contar a história dela, e conforme


for aparecendo onde ela inseria comentá-
rios sobre, farei para vocês também.
Quando passou a buscar as roupas dos
vizinhos para lavar, já fazia um tempo que
o filho mais velho deles, ficava chamando-
-a para sair, tentando chamar sua atenção.
Mas ela era resistente: não dava bola, não
dava atenção. Apenas pegava as roupas no
saco e saia dali.
Até que um dia, quando ela foi buscar,
teve que esperar na cozinha, para que a
mãe trouxesse as roupas de lá de cima para
ela levar.
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Na cozinha estava ele, na época com 17


anos, e ela 15.
- Oi.
- Oi. Resolveu falar comigo agora, é? –
ele soltou para ela.
- Olá.
- Olá. Nossa, que estranho, você falou oi
duas vezes.
- Hum, o que você está fazendo?
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Mas ela sabia, ela sabia certinho o que


ele estava fazendo. Sentado na longa
mesa de madeira colonial naquela cozi-
nha com cheiro de café moído na hora e
com o sol entrando pela penumbra, re-
fletindo nas panelas de barro, ela sabia
que ele estava estudando.
Havia livros por toda a mesa. 7 livros
no total, e muitos cadernos, onde ele
anotava as coisas.
Aquilo, para ela, era como a visão do
paraíso. Ela ficou maravilhada de estar
tão perto daquilo que sempre quis fazer.
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- Estou estudando.
- Sim, eu percebi.
- Em qual escola você vai? Qual horário
você vai?
E ela ficou quieta. Não porque quis se
fazer de misteriosa naquele momento, mas
pelo simples fato de não frequentar ne-
nhuma escola, nenhum colégio.
Não sabia como reagir, então só conti-
nuou olhando para ele, um olhar profun-
do, mas ainda assim seguro. E não por ser
somente seguro ela deixava de olhar, mas
tinha uma certa ternura nele, como se ela
pedisse desculpas por não poder estar no
mesmo nível que ele.
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- Não quer falar qual é? – ele insistiu.


- Aqui está a roupa – disse a mãe dele
com o saco de roupas para ela.
- Obrigada – e saiu com a roupa sem
nem dar tchau para ele.
- Foi horrível – ela relembra agora me
contando. – Tive que me fazer de for-
te. Ouvi que ele estava correndo atrás, e
mesmo assim apertei o passo, não queria
conversar com ele. Eu estava super enver-
gonhada. Naquela tarde, eu lavei aquelas
roupas com tanta raiva, com tanto ódio, de
mim, de minha mãe, de minha irmã, dele,
do mundo... que cheguei quase a rasgar
uma das peças.
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- A senhora conversou com ele sobre


isso?
- Não, mas eu permiti que ele se aproxi-
masse mais, e eu comecei a deixar ele me
ensinar algumas coisas, mas ele achava que
ele sabia e eu não, mas eu sabia um pouco,
mas ele não precisava saber disto.
- Como isso ocorreu?
- Comecei a fazer joguinhos. Eu sei, é
horrível, mas foi o que tinha para fazer na-
quele momento. Continuei a buscar sem-
pre as roupas, mas isso durou pouco tem-
po.
- Por qual motivo?
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- Porque eu comecei a estudar sozinha.


Fui até onde a professora dava aula em
uma tarde. Lavei roupa aquela manhã
toda, com rapidez e eficiência, e quando
minha mãe começou a costurar fui até ela.
Contou que foi até o grupo, que era
uma pequena sala que a prefeitura dispo-
nibilizava.
Chegou lá e falou que queria falar com
a professora.
- Eu sou a professora, você não é aluna
aqui, é?
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- Não, mas eu quero falar com a se-


nhora. Quero estudar, mas minha mãe
não deixa. Mas eu quero e vou estudar,
de qualquer forma.
- Preciso da autorização da sua mãe
ou pai para isso.
- Meu pai morreu.
- Sinto muito.
- E minha mãe diz que estudar é para
homens, que é perda de tempo. Mas
não é, eu sou mulher e quero estudar,
não vai ser perda de tempo, eu sei muito
bem disto.
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- Queria muito te ajudar, mas não tem


como. Quantos anos você tem?
- Vou fazer 16.
- Mais dois anos e você será legalmente
livre, e então você pode estudar.
- Dois anos é muito tempo para esperar.
- Uau, você REALMENTE quer estu-
dar, não é?
- Mais que tudo.
- Sabe ler?
- Não.
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- Escrever?
- Também não. Preciso estudar para
aprender isso. Eu sei lavar roupa, isso eu
sei muito bem.
- Você ajuda sua mãe então, é isso?
- Exatamente.
Então ela me disse que essa professo-
ra, deu para ela o maior presente que uma
pessoa poderia dar.
Deu a ela a chance de aprender, para ser
alguém na vida. A chance de aprender a
ler, escrever, visar um futuro que seria me-
lhor para ela.
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- Você lava roupas o dia todo?


- Só de tarde. De manhã eu pego as rou-
pas dos vizinhos que pagam minha mãe,
eu e minha irmã para lavar.
- Entendo, qual seu nome?
- Maria.
- Maria, você quer MESMO estudar?
- Sim senhora.
- Então darei um jeito nisso.
Me contou que a professora era mãe de
dois rapazes, que já tinham ido para a capi-
tal para fazer faculdade. Os dois estudan-
do para ser advogados.
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O marido dela era um grande fazendeiro.


- Mas você precisa ter em mente que, na-
quela época, o que eles tinham eram mui-
to. Hoje em dia eles seriam de classe mé-
dia, mas para nós, naquele lugar, naquela
época, eles eram ricos.
- Eu entendo, tudo muda muito rápido
com o tempo, ainda mais quando falamos
de posses, bens, dinheiro.
- Exato, mas naquela época eles tinham
dinheiro, e era isso que importava. Então
ela me fez uma proposta, uma proposta
que eu jamais poderia recusar.
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Me contou que, após conversar com a


professora, a mesma dizia dar aula apenas
no período da tarde, que já tinha pessoas
em sua casa que cuidavam das roupas, da
limpeza do local em si e até mesmo da co-
mida. Que ela se preocupava apenas em
dar aulas.
- Me passe seu endereço, eu vou falar
com sua mãe.
- Não, ela não pode saber que é para eu
estudar, ela vai ficar muito brava. Não pre-
cisa, obrigada.
E saiu correndo de lá.
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Com o coração acelerado, ela correu pela


pequena estrada de terra até chegar em sua
casa. E ficou se achando boba, estúpida.
Ter dado aquele passo que ela deu, era ar-
riscado demais.
E que foi dormir com um peso gigante
na consciência.
Semanas se passaram, e ela continuava
naquela mesma rotina.
Mas, o vizinho, agora com 18 anos, e ela
16, continuava a andar atrás dela.
- Me diz seu nome, pelo menos.
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- Você não precisa saber do meu nome –


respondia ela, sorrindo.
NUNCA RESPONDEU DE FORMA
RÍSPIDA, POR MAIS QUE A VIDA FOS-
SE DURA COM ELA, POR MAIS QUE AS
CIRCUSTÂNCIAS DESSEM A ELA O DI-
REITO DE SER RÍSPIDA E GROSSA.
Disse que não queria ser um espelho da
irmã, nunca quis ser grossa e nunca foi. Não
queria se tornar igual a ela e a mãe. Ela queria
preservar aquilo que ela tinha dela.
- Ano que vem eu vou para a capital, estu-
dar lá para ser advogado – ele disse a ela.
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- Isso é muito legal, parabéns. Quem sabe


depois você volta e vira delegado daqui.
- Deus me livre. Quando eu sair daqui,
é para voltar apenas para visita. Esse lu-
gar não dá futuro para ninguém, eu quero
mais é distância daqui.
Ela o entendia, completamente.
Ela também tinha vontade de sair dali,
nunca mais voltar, apenas estudar.
- Você vai estudar o que? O que quer ser
quando crescer?
E ela não respondia.
- Você é misteriosa, não é? Nunca me
fala nada, só o que quer falar. Eu gosto dis-
so, não vou te dar paz até você me falar.
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NO dia seguinte, logo pela manhã, ela


já estava moendo o café, quando alguém
entrou pela porta e começou a conversar
com a mãe dela.
- Maria, venha cá.
Foi só o que escutou.
Quando foi para a sala, viu a professora
parada lá.
Sentiu todo seu corpo tremer, as mãos
suaram.
Tinha dito para a professora que não era
para ela se envolver nisso, que tinha passa-
do essa coisa de escola.
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Mas não, ali estava ela. E a mãe não ia gos-


tar, por nada.
- Maria, precisamos conversar – disse a mãe.
- Oi Maria, tudo bem? Meu nome é Maria
também, olha só que coincidência. Eu peço
desculpas a vocês – disse virando-se para a
mãe e falando com ela dessa vez.
- Não precisa se desculpar não, no que eu
posso ajudar a senhora?
- Eu procurei muito por vocês, muito mes-
mo. Eu perguntei na cidade, e depois pergun-
tei aqui pelos arredores, e então me falaram
que vocês moravam aqui.
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Maria não podia acreditar no que estava


acontecendo. Ela não podia falar que ela
tinha ido ao grupo pedir para ter aulas.
- É o seguinte: eu moro há alguns qui-
lômetros daqui, meu marido possui uma
grande fazenda, e eu preciso de ajuda com
as coisas de casa. Mais especificamente,
alguém que me ajude com minhas coisas.
Coisas bobas, como lavar algumas peças
de roupas, varrer a casa.
- Certo, e a senhora quer que eu trabalhe
para você? – perguntou a mãe de Maria.
- Então, eu fiquei sabendo que vocês la-
vam roupas, certo?
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- Isso mesmo.
- Mas, a senhora tem bastante clientes
já, pelo que pesquisei. E suas duas filhas a
ajudam bastante.
- Sim, elas ajudam sim, são um presente
de Deus, elas me ajudam o dia todo quase,
o dia todo.
- Pois é, veja bem, eu preciso de uma
pessoa mais nova, com todo o respeito. E
não quero tirar da senhora os clientes que
a senhora já possui, me entende?
- Não sei onde a senhora quer chegar
com isso.
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- Maria é uma boa dona de casa?


- Ela é excelente, ela limpa toda a casa, toda
a roupa nossa, faz a comida a maioria das ve-
zes. Ela está sendo criada para isso mesmo,
para ser a melhor dona de casa, para arrumar
um bom marido e dar orgulho para ele.
- Podemos conversar sobre ela me ajudar
em casa?
Como podia? Ela poderia ter falado qual-
quer coisa, mas leva-la dali, para limpar a casa
dela? Seu mundo caiu naquele momento.
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- Eu pago bem. Pago o suficiente para


vocês não terem que ter muitos outros
clientes além de mim.
- Está fechado, senhora, Maria vai na sua
casa amanhã mesmo.
- Ótimo, te espero lá amanhã Maria, no
período da tarde, depois do almoço até as
6 da tarde.
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MARIA passou a noite chorando. Mas


chorando escondida. Não podia acreditar
naquilo.
Tudo o que ela queria tinha ido por água
abaixo.
Mas no outro dia, após o almoço, ela se
colocou a caminhar para a casa da profes-
sora, que agora, seria sua patroa.
Quando lá chegou, a professora a cum-
primentou e pediu que ela entrasse.
- Por onde eu começo, dona?
- Vamos começar lá na sala, onde tem
todo aquele sol e uma mesa grande.
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Então quando entrou na sala, viu que a


mesa estava com livros e cadernos.
A professora olhou para ela e disse:
- Eu falei que ia dar um jeito.
- Não estou entendendo.
- Eu vou pagar para te dar aulas. Você não
vai precisar limpar nada aqui, isso foi só uma
desculpa, mas sua mãe não pode saber.
- Mas, a senhora vai dar dinheiro para mi-
nha mãe, sem eu fazer nada? Isso não é certo.
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- Maria, muitas poucas mulheres querem


desbravar o mundo e aprender. Eu fiz uma
promessa para mim mesma, de que iria te
ajudar a estudar. Eu vou te ensinar a ler,
escrever, ler textos, livros, e você mesma
escrever.
- Mas e o dinheiro, dona?
- Meu marido é um homem com dinhei-
ro, eu posso dar conta disso. Não dará falta
para nós, e além de tudo isso, eu sempre
dei aulas para meus filhos, e agora eles es-
tão estudando na capital para serem advo-
gados. O dinheiro não nos fará falta, e eu
vejo isso como um investimento em você.
Se depender de sua mãe, e eu vi com meus
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próprios olhos, você será apenas mais uma


dona de casa aqui, uma mulher que vive do
marido e para o marido.
- Eu não quero isso nunca – esbravejou
- Pode até ser que tenha um marido al-
gum dia, mas, antes de você ser nós, você
será eu. Você vem na frente de tudo, an-
tes de tudo: das vontades dele, do quer ele
quer fazer, até mesmo do dinheiro dele.
Você terá uma profissão, terá dinheiro que
é só seu, e aí sim você pode se casar, como
eu fiz. Mas antes disso, você não vai de-
pender de homem nenhum dizendo que
você só deve ser uma dona de casa. Você
tem garra, gana para ter muito mais que
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isso. E no que depender de mim, eu vou te


ensinar o começo, o básico, até você estar
preparada para ir estudar lá fora também.
Maria não sabia o que fazer, o que fa-
lar, e então, em um impulso juvenil, apenas
abraçou-a, fortemente.
- Sabe, meu filho, ela que me deu a opor-
tunidade de ser alguém na vida. Ela me
ensinou tudo o que sei hoje, até mesmo
como ser misteriosa e enigmática.
- Isso é fantástico, fantástico mesmo.
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- Ela me deu aula durante um ano todo,


e eu nem me lembro de ter visto o vizinho
ir embora para a capital. O estudo era mais
importante que qualquer coisa que ele pu-
desse me oferecer.
- Com certeza.
- Mas quando completei 18 anos, eu já
estava letrada: sabia ler, sabia escrever,
conseguia ler livros, apesar de não ter onde
comprar, eu lia os livros na casa dela, sem-
pre que ela colocava um na minha frente.
E ela me apresentou algumas coisas que
me rachavam a cabeça naquela época.
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- Escritores clássicos?
- Sim. Foi ela quem me apresentou para
a escrita do Dostoievsky. E quando entrei
em contato com a escrita dele, fiquei fasci-
nada como ele conseguia desenvolver per-
sonagens que entravam na mente da gente,
e não somente isso, como ele fazia, com
maestria, os personagens terem vidas tão
miseráveis, e como isso agia no psicológico
deles, como é o caso de Crime e Castigo.
- Eu sei, eu sou fascinado pela escrita
dele também.
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- Então, eu fiquei abismada com tudo


aquilo. Assustada, devo confessar, mas co-
mecei a pensar os motivos que levariam
uma pessoa a ter certos tipos de compor-
tamento. O que ocasionaria aquilo: será
que foi algo que ocorreu na infância dele?
Será que foi algo na adolescência? E passei
a perguntar tudo aquilo para ela, já que ela
me fazia fazer redações de cada livro que
eu lia, para desenvolver essa questão da es-
crita, e não somente da escrita, mas tam-
bém do senso crítico e da análise profunda
da obra. De realmente interpretar aquele
texto que estava ali na minha frente.
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- Isso se aproxima muito da psicologia,


aliás, isso tudo é psicologia, não é?
- Sim, isso tudo é explicado pela psicolo-
gia, mas muito mais aprofundado na psica-
nálise. E foi aí, justo nesse dia, que ela me
falou que existia uma faculdade disso, mas
que ficava na capital também. E eu que-
ria fazer isso, mas, se minha mãe não sabia
nem que eu tinha o estudo necessário para
a faculdade, como ela deixaria isso aconte-
cer?
- Mas você conseguiu diploma? Para po-
der entrar na universidade?
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- Sim, consegui sim o diploma do en-


sino médio, apesar de não ter esse nome
na época. Sabe, eles, ela e o marido, eram
muito influentes naquela cidade, influentes
demais. Tudo sempre tinha um jeito de ser
dado, de ser resolvido. E ela conseguiu meu
diploma: fiz uma prova para isso, e quan-
do passei, eu mal podia acreditar. Assim
como os filhos dela, assim como o filho
dos vizinhos, eu tinha a chance de ir para a
faculdade, mas convencer minha mãe dis-
so, seria um pouco mais difícil, na verdade
foi impossível.
- E o que você fez?
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- Eu fugi de casa.
Ela me contou que, teve que fugir, não
tinha outra alternativa.
Conversou com a mãe, e quando contou
que queria ir para a capital, para estudar
Psicologia, a mãe dela não fazia nem ideia
do que era isso.
E isso é de se entender, tendo em vista
que estávamos no começo dos anos 50. Só
imaginem isso.
Quando a mãe falou que ela precisaria
estudar primeiro, e que se ela tivesse que
fazer isso, seria somente sob o cadáver
dela, ela disse que havia aprendido.
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- Com quem?
- Sozinha.
- Quando?
- Quando eu buscava roupas. Eu catava
os papéis na rua e de vez em quando ficava
um pouco na praça e pedia ajuda de um ou
de outro para juntar as palavras.
- Isso é vergonhoso. Você não tem vergo-
nha de pedir para as pessoas te ajudarem?
- Mãe, eu tenho vergonha de morrer aqui,
apodrecer aqui nessa terra, vivendo uma
vida que eu sei que não é minha.
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- Sua irmã vai se casar.


- Que bom para ela, foi o que ela sempre quis.
- Você vai ser uma solteirona, as pessoas vão
falar pela cidade toda: a solteirona que não gos-
ta de homem e foi para o outro lado da cidade,
na capital. É assim que você quer ser vista?
- Sim, não me incomoda nenhum pouco ser
vista dessa maneira. Eu vou estudar, trabalhar
e poder ter uma vida boa, poder te ajudar mãe,
você tem que ver isso.
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- Eu não quero sua ajuda. Estou bem com


o que tenho. Nunca mais quero outro ho-
mem, seu pai foi o único na minha vida, e
estaria arrasado se visse você dessa forma.
- Pois eu acho que ele estaria orgulhoso.
Se ele estivesse aqui, ele estaria torcendo
por mim, não ia querer que eu ficasse sendo
esposa de ninguém, gostaria que eu pensas-
se em minha vida primeiro.
- Ainda bem que ele não está, então. Pois
eu morro de vergonha disso, de você, do
que você está fazendo. Eu te criei bem, é
para você ser uma esposa, perfeita.
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- Não é isso que eu quero para a mi-


nha vida, mãe. Eu quero poder estudar
como os filhos das outras pessoas aqui
fazem, quero poder trabalhar.
- Não conte comigo nisso.
E simplesmente saiu da cozinha.
Na semana seguinte ela foi para a capi-
tal fazer a prova.
Passou.
Quando saiu o resultado, contou para
sua mãe, que apenas desligou o fogo e
foi deitar-se.
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Sem parabéns, sem nada.


Era o dia de seu aniversário.
Na mesma noite ela pegou um ônibus
para a capital e nunca mais olhou para trás.
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QUANDO iniciou seus estudos na capi-


tal, se sentia bem. Deslocada, óbvio, mas
dividia um quarto de pensão com outras
duas colegas de classe, que os pais aprova-
vam os estudos.
Pagava a pensão com o dinheiro que
ganhava como garçonete, e sempre dizia
para si mesmo que aquela era uma situação
temporária, que não ficaria daquela manei-
ra ali para sempre.
Porém, me disse que, seu poder de sedu-
ção como uma mulher misteriosa, cresceu
ao longo dos anos, quando ela começou a
ter mais contato com o sexo oposto.
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No meio dos anos 50, era esperado


que mulheres se comportassem de ma-
neira misteriosa.
Na verdade, elas deviam se compor-
tar como animais: sem falar, sem sentir,
nada que você fale ou sinta tem algum
valor aqui para nós.
E os homens daquela época achavam
isso interessante. Ficavam instigados
por aquilo.
O primeiro contato que teve com um
homem, foi como garçonete.
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Servia mesas nesse restaurante de um ho-


tel que trabalhava, e quando foi atender uma
mesa de executivos, notou um, mais novo,
mais bonito, mais simpático.
Ele era o único que agradecia sempre que
ela levava algo, sempre que tirava algo, era o
único que não fumava e que sempre bebia
com moderação.
Em uma dessas noites que ela pegou o tur-
no da noite, ele estava lá, sentado após uma
reunião, como se tivesse sido derrotado.
- O de sempre? – perguntou ela.
- Oi, olá, sim, o de sempre. Você se lembra
do que sempre peço aqui?
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- Sim, me recordo sim. Trago em alguns


minutos.
E saiu.
Oi, olá.
Aquilo não saia da cabeça dela, e ela não
entendia o motivo, apenas achou muito
engraçado, muito engraçado mesmo. Al-
guém cumprimentar com oi e olá na mes-
ma frase.
- Aqui está – disse ela. – Se precisar, é só
me chamar.
- Você poderia me fazer companhia?
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- Se precisar de algum serviço que realizo aqui


no hotel, como garçonete, é só me chamar, se-
nhor, com licença – e saiu dali.
Ele foi até o balcão onde ela ficava, e a viu
lendo um livro, chamado Três ensaios sobre a
teoria da sexualidade, de Sigmund Freud.
- O que você está lendo? – perguntou para ela
Ela abaixou o livro, não para fazer mistério,
mas por medo, não podia ser pega lendo em
horário de trabalho. Não importa se tinha tem-
po em mãos para matar, ela simplesmente não
podia.
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- No que posso lhe auxiliar, senhor?


- Por favor, me chame de Guti, é como
todos meus amigos me chamam, pode
chamar de Guti. Eu quero saber mais so-
bre você. Eu te vi pelo campus da universi-
dade já, agora me lembro de onde te vi, de
onde te conheço. Você estuda o que?
Ela permanecia em silêncio.
- Não quer falar ou não pode?
E ela permaneceu em silêncio.
- Você é toda misteriosa, não é?
O silêncio era palpável, dava para sentir
no ar.
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- Me fale sobre você, eu venho vendo


você, acompanhando você durante sema-
nas. Sempre que venho aqui, você está aí,
e vejo que você me olha também. Mas, eu,
eu sei que vocês, mulheres, eles gostam de
imaginar, eles homens – ele estava bêba-
do já – gosta de imaginar que vocês foram
feitas para servir, eu sei disso. Mas eu não
acho. Eu acho muito legal que vocês estu-
dem, que trabalhem. Poucos lugares con-
tratam mulheres.
- Eu sei disso, e como sei – foi o que se
limitou a dizer.
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- Minha mãe foi uma mulher como você:


autodidata. Não sabia nada de nada quan-
do se casou. E sabe o pior? Ela se casou
forçada, casamento arranjado. Eu venho lá
do sertão, sabe? Eu cresci em uma fazen-
da, e meu pai sempre foi rico, o pai dele era
rico e assim seguiu.
Ela apenas o observava, mas não com
tanto afinco.
- As mulheres que chegam em mim,
chegam apenas pelo dinheiro, pelo status.
Querem casar. Eu não quero casar, pelo
menos não agora.
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- O senhor deseja mais uma dose?


- Gu, me chama de Gu.
- O senhor deseja mais uma dose?
- Me fala de você, me fala seu nome, de
onde veio, como é sua família. Eu me sinto
tão sozinho nessa cidade. Isso aqui é horrí-
vel. Lá tínhamos cachorros, animais, plan-
tas, arvores. Aqui só tem concreto, isso é
um pesadelo.
- Certo – se limitou a dizer.
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- Não vai mesmo me falar nada sobre


você? Eu não quero uma dose, não quero
que você me sirva mais. Não quero ser
igual ao meu pai, não quero que você seja
igual a minha mãe, que era livre na rua
mas dentro de casa era uma prisioneira
dele. Eu vou embora. Obrigado e descul-
pa alguma coisa.
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QUANDO temos contato com a histó-


ria de Maria, conseguimos ver um paralelo
com a história de vida de mulheres, lá dos
anos 50, para os dias de hoje.
A diferença é gigante: ela largou a família
(teve que fazer assim), para poder estudar,
e 70 anos depois, temos famílias que implo-
ram para que as filhas estudem, entrem para
a faculdade.
Mas, Maria não foi apenas pioneira.
Ela mantinha em si uma áurea de mistério
e magnetismo mesmo em uma época onde
mulheres não deveriam ter uma opinião.
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Ela manteve nela essa coisa da mulher


que deixa os homens pensativos.
Me contou que, esse rapaz sempre a
acompanhava pelo campus, sempre per-
guntando seu nome, sempre chamando-a
para sair.
E ela nunca disse.
Pois ela gostava de ser misteriosa.
Não tinha muito o que falar.
O passado já não importava mais, o que
importa é o presente e o futuro, é o que ela
se limitava a dizer para ele.
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E ele não mediu esforços: a chamou para


sair e jantar diversas vezes, a oferecia caro-
na, queria apenas contato e conversar, mas
ela sempre se manteve resguardada.
Nos anos 50, as mulheres ainda eram vis-
tas como objetos pela sociedade machista
e patriarcal.
Maria começou a sentir algumas mudan-
ças apenas no começo dos anos 60, quan-
do Marilyn Monroe, o símbolo de mistério
e sensualidade, chegou até o Brasil com
sua fama.
Ela tinha 22 anos, e queria sempre estar a
um passo a frente quando o que importava
era sua imagem e seus estudos.
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Estava indo muito bem na faculdade,


no trabalho, mas tinha vontade de atrair a
atenção dos homens, pois ela gostava deles,
gostava demais.
E ela nos dá algumas nuances de que, na
época era muito difícil uma mulher ser mis-
teriosa, enigmática e ainda assim estar em
plena conformidade com sua sexualidade.
Mas Marilyn Monroe facilitou tudo isso
para ela.
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Ela sentia como se Marilyn fosse sua


mãe, e ela pudesse fazer tudo que sempre
teve vontade de fazer, então começou a
dar mais abertura para o rapaz que gostava
de ser chamado de Gu.
Obviamente ela teceu uma teia em que,
ela dizia apenas o que ela queria que ele
soubesse, nunca nada além disto.
Mas também deu liberdade para seu cor-
po, para sua mente.
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- Naquela época, fazer isso? Sexo no pri-


meiro encontro? Era um tabu, era quase
como um crime – ela me disse. – Até hoje
não sei o que se passou em minha mente,
mas teve uma hora que eu me dei conta de
que realmente nunca iria me casar, e que eu
precisava perder minha virgindade, pois eu
me sentia presa em casa ainda. Sei que era
coisa da minha cabeça, mas mesmo assim.
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- ESTOU muito feliz que tenha aceita-


do jantar comigo.
- Eu agradeço o convite.
- Essa é minha casa- disse Gu – mos-
trando para ela o pequeno sobrado no
qual morava. – É modesto, eu sei, mas
estou fazendo tudo com meu próprio di-
nheiro. Não quero nada do meu pai.
- Certo, mas é lindo aqui, tem bastante
plantas e uma arvore gigante no terreno
da frente.
- Sim, fiz questão daqui por conta das
folhas, faz eu me sentir um pouco mais
em casa.
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- Isso é ótimo.
- Você se sente em casa?
- Onde?
- Aqui, na capital.
- Sim.
- E aqui?
- Também?
- Você mão tem raízes em nenhum lugar?
- Minhas raízes estão em meu coração, e
ele está aqui, então onde eu estiver, estarei
em casa.
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- Você está linda, muito linda.


- Obrigada.
E ela estava. Me mostrou uma foto
do vestido, usado em outra ocasião fora
aquela: era um vestido parecido com o de
Marilyn Monroe na cena clássica do tubo
de ar do metrô. Ela realmente tinha capri-
chado. Cabelo preso, a pele reluzindo, e o
sorriso lindo no rosto, aquele sorriso de
juventude, onde tudo é possível, nada está
fora do alcance.
- Pelo menos seu nome eu sei.
- Sim, você sabe.
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- E sei que estuda psicologia, é esse


o nome, não é?
- Sim, é esse o nome.
- Estuda o que?
- O ser humano, nós. Eu, você.
- Isso é interessante. Mas, você pla-
neja o que no futuro com isso?
- Isso é segredo – disse com um
meio sorriso.
- Você é muito enigmática, já te dis-
seram isso?
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- Você já disse.
- Não somente eu. Vários de meus ami-
gos são vidrados em você. Você sabia que,
de todas as meninas, meninas mão, mulhe-
res, de todas as mulheres que conhecemos,
você foi a única que nunca chegou em nós
por interesse?
- Elas chegam por interesse de que?
- Se casar, elas querem se casar, ter um
marido, uma casa.
Nesse momento, ela não conseguia se-
gurar mais, precisava dizer para ele, mas
olhou fundo em seus olhos, e com a maior
doçura e sinceridade, disse:
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- Gu, eu não sou uma mulher que queira


casar. Eu não quero cuidar da sua casa, dos
filhos, da cozinha. Eu quero ser o homem
da minha casa. Eu fico feliz de jantar com
você, mas acredite: eu não estou aqui para
casamento, eu estou aqui por nós, para co-
nhecer melhor você. Você é um bom ra-
paz, bonito, sim, você é bonito e interes-
sante, mas não vai sair casamento daqui.
Não espere isso de mim. Eu sou alguém
igual a você e seus amigos, mas de vestido.
Minha carreira vem em primeiro lugar.
O silêncio reinou novamente. Ela se ser-
viu de uma taça de vinho e deu uma outra
para ele.
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Ela havia aprendido muita coisa com


Marilyn Monroe, e dessa vez, quando ela
deu a taça na mão dele, disse:
- Nada mais bonito que um homem bo-
nito de óculos sem palavras, saúde.
E ao final disso, tomou um pouco do vi-
nho e deu um beijo nele.
O mesmo não conseguia acreditar.
Dormiram juntos pela primeira vez na-
quela noite.
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Mas ainda assim ela tinha medo. Medo


de que ele contasse para os outros, medo
do que poderiam falar dela. Medo de que
isso interferisse em sua carreira, em seu
emprego, em seus estudos e tudo mais
que ela vinha construindo há muito tem-
po.
Quando acordaram no outro dia, um
domingo, ele preparou o café e a acordou.
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Tomaram o café entre conversas e


combinados:
- Ninguém pode saber do que houve,
entende?
- Lógico, Maria, eu não sou um des-
ses homens. Eu já disse, não serei como
meu pai.
- Ótimo.
- Me fala de você, de onde você veio.
Ela chegou perto do ouvido dele,
para dizer:
- Se eu disser, terei que te matar.
Ele riu, ela riu. E se casaram depois
de alguns anos. Ele é o rapaz da foto
que está na sala dela.
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A EXPLOSÃO de sexualidade trazida


nos anos 60, marcou toda uma geração.
Estrelas como Marilyn Monroe, Eli-
zabeth Taylor e outras atrizes que tra-
ziam o sex apeal, se transformou em
algo fora do normal para aquela época
em que tudo era muito controlado.
As mulheres, naquela época não ti-
nham direito a ter uma voz, muito me-
nos serem sexuais.
Mas tudo mudou.
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E trouxe novas formas de ser uma mu-


lher que seduzia, mas que mesmo assim
não deixava de lado o mistério.
Mas o que mais chamava a atenção das
mulheres naquela época, tal como Maria,
era que elas eram enigmáticas: era impos-
sível de se olhar para o lado.
Sempre que uma mulher daquelas estava
por perto, e se comportavam com os ma-
neirismos (que listarei para vocês), trazia
todo um motim de atenção para elas.
Naquela época, ser misteriosa era um
trabalho árduo:
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• Eram mulheres que trabalhavam;


• Estavam em ascensão, mas mesmo
assim tinham que ser vistas e portar
como misteriosas;
• Isso incluía sempre se vestir de ma-
neira sóbria;
• Nunca mostrar nenhuma parte do
corpo, a não ser para alimentar a atenção
dos homens, como uma saia até o meio
das pernas, mas sempre apertada;
• Falar o mínimo possível sobre suas
vidas, mantendo a aura de mistério ao
seu redor.
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Só imagine o trabalho que dava para ser


dessa maneira nos anos 60, e hoje em dia
parece um trabalho quase impossível de
ser feito por conta do tanto de liberdade
e exposição que temos e sofremos, certo?
ERRADO.
Possuímos maneiras muito específicas
para continuar a construir uma aura de
mistério em torno de nossa persona.
Inclusive e mais ainda vocês mulheres.
A história de Maria é uma caminhada ao
passado, para mostrar como, mesmo nos
anos 60, as mulheres já eram misteriosas e
conseguiam ser mais interessantes por ser
dessa maneira.
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Nos próximos capítulos e páginas, volta-


remos ao presente, e apontarei para você
como é vivido hoje em dia nossa realidade,
e como adaptar os ensinamentos antigos
com os novos, para você ser uma mulher
misteriosa e enigmática.
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ANOS 2000 E ATUALIDADE

Os anos 2000, pelo menos no Brasil, foi


quando tivemos a explosão da internet e
do mundo cibernético.
Nos Estados Unidos, a internet e com-
pras pela internet já era algo real desde o
meio dos anos 90.
Portanto, quando chegou aqui, tudo vi-
rou uma novidade.
No meio dos anos 2000, uma rede social
chamada Orkut surgiu por aqui.
Você é do tempo do Orkut?
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Vou apostar minhas fichas que pelo me-


nos 80% de vocês que estão lendo são do
tempo do Orkut, tudo bem?
Quando essa rede social chegou, nós
nem tínhamos internet de banda larga no
Brasil, como ´hoje.
Usávamos na internet discada mesmo.
E sim, era um pesadelo.
Mas o que acho engraçado quando lem-
bro dessa rede social, é que tinha em seu
perfil, no de cada um, algumas coisas que
seus amigos podiam votar, tais como:
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• Sou fã;
• Confiável;
• Muito confiável;
• Super confiável;
• Legal;
• Muito legal;
• Super legal;
• Sexy;
• Muito sexy;
• Super sexy.
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O que acho interessante é que nunca teve


uma opção de misterioso ou enigmático.
Engraçado, não?
E as pessoas, seus amigos te avaliavam
com base nessas coisas.
Mas olha só quer interessante, como
olhando as redes sociais de antes, tais
como o Orkut e sua explosão em 2007,
conseguimos ver como era mais fácil ser
misteriosa e enigmática antes.
A quantidade de fotos que podiam ser
postadas em seu álbum, e era um álbum
só, eram de 12.
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Sim, 12 fotos em um único álbum.


Você consegue imaginar isso hoje em dia?
Depois de um tempo, abriu para mais fotos.
Primeiro começou com 24, depois 48 e de-
pois 100.
Após um tempo e muitos pedidos de brasi-
leiros (éramos 90% do público na rede social
– como sempre, brasileiros tomando conta),
liberaram mais álbuns e um numero quase
que ilimitados de fotos.
Isso casa muito bem com a ideia do Face-
book que tivemos logo após o Orkut.
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O Facebook era difícil de ser acessado,


e diferente do Orkut, ele não precisava de
um convite.
Mas com o tempo, o Facebook se tor-
nou um local que é mais guerra de pensa-
mentos do que qualquer outra coisa.
E daí temos o bum de 2014 no Brasil: ele
mesmo, o queridinho das redes sociais até
hoje em dia: o Instagram.
Para uma rede social que o aplicativo só
podia ser baixado para celulares com siste-
ma operacional IOS, da Apple, o famoso
iPhone, ele fez bastante sucesso.
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Em menos de meses, celulares diversos


com o sistema Android, conseguiu acessar o
aplicativo.
E a motivação do Instagram era somente
uma mesmo: compartilhamento de fotos em
uma rede social onde você conseguia seguir
pessoas que te interessavam.
E lembra de como era no começo: apenas
fotos mesmo, com poucos filtros disponíveis.
Não se parece em nada com o que temos
hoje, não é?
• Filtros;
• Vídeos;
• Lives
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Tudo mais que sua imaginação puder


sentir à vontade de fazer.
Podemos nos comunicar com todos, se-
guir pessoas e curtir suas fotos, não impor-
ta de onde essa pessoa seja: seu vizinho ou
do outro lado do mundo.
Mas, o que isso traz?
Exposição.
E como ser uma mulher misteriosa na
era digital?
Por as redes sociais terem um impacto
gigante em nossas vidas, fica realmente di-
fícil imaginar como conseguir o ato de ser
misteriosa e enigmática nos dias de hoje.
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Pois, pense bem e me responda, e res-


ponda a si mesma: qual foi a ultima vez
que você viu um homem sem camiseta lá
e uma mulher sem se exibir com danças?
Hoje de manhã, não é?
E se você tomou café da manhã, faz
poucos minutos.
A partir do momento que abrimos, ve-
mos fotos de amigos nossos, de conhe-
cidos e até de desconhecidos com quem
nunca conversamos.
E os caras querem mostrar o corpo em
troca do famoso biscoito, e algumas mu-
lheres também.
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Gostam de dançar, se exibirem e sen-


sualizar.
Há algo de errado com isso?
Vou repetir o que eu sempre falo:
NÃO HÁ.
NUNCA HAVERÁ.
Todos são livres para se expressarem,
inclusive sensualmente e através de seus
corpos, desde que com o consentimento
dos outros.
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Mas ali nas redes sociais, em especial o


Instagram, isso se torna algo muito difícil.
Pois a pele está exposta em todos os mo-
mentos: manhã, tarde e noite.
E sabe onde a coisa pega fogo durante o
período da noite?
No aplicativo vizinho: o Twitter.
Após as 18h, é como se fosse liberado
um sinal gigante, e o que você encontra na
sua linha do tempo, nem sempre é o que
você quer ver.
Nem sempre é o que você escolheu se-
guir para ver.
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Sabe como trabalha o algoritmo da in-


ternet, não é?
Eles mostram aquilo que acham que
pode lhe interessar.
Mas nem sempre o algoritmo está certo.
Posso dar alguns exemplos sobre isso,
mas antes quero fazer um desafio simples
para você:
Quero que tire uma foto desta parte do
livro, me marque no Instagram e respon-
da se me encontrou por recomendação, no
explorar, ou porque alguém compartilhou
algum conteúdo meu com você, ou até
mesmo nos stories deles.
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Pois, dessa maneira, eu consigo ver de


qual maneira cheguei até você.
Isso é um indicativo do algoritmo traba-
lhando na forma plena dele também.
Mas, vamos para os dois locais onde a
sexualidade corre solta.
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INSTAGRAM E TWITTER

Antes de qualquer coisa, quero reforçar


o que disse acima: a sexualidade das pes-
soas não é um problema.
Nunca deveria ser.
Se expressar nas redes sociais, também
não.
Então vamos pensar um pouco mais an-
tes de julgar, tudo bem?
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Mas partindo do principio de que, hoje


em dia, no Instagram, temos acesso mui-
to fácil a homens sem camiseta e mulheres
mostrando seus corpos na linha do tempo...
... o que você pensa sobre isso?
Eu mesmo tiro fotos sem camiseta.
Após um período gigante de tempo onde
eu odiava meu próprio corpo, eu fiz as pa-
zes com ele.
Hoje, postar uma foto sem camiseta, para
mim, não é visto como querer atenção.
Mas sim me sentir livre daquelas amarras
que eu tinha antes.
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Da raiva, do ódio, da vergonha que sentia


do meu próprio corpo.
Ele está perfeito? Hoje aos meus olhos, sim.
Pois estou feliz com ele, feliz como ele está.
Mas a verdade nua e crua é uma só: nunca,
nenhum corpo será perfeito.
Nunca.
Por mais filtros que coloque, por mais que
tiramos fotos em poses estratégicas...
... não é algo que vai acontecer.
Pois as redes sociais criaram essa cultura
quase doentia de termos que ser perfeitos.
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E clamo aqui, como clamo pela liberda-


de de ser imperfeito.
E vocês também clamam por isso, eu sei:
são mulheres reais e não mulheres ideais.
Vocês se cuidam, e mesmo assim são jul-
gadas: por homens, por outras mulheres...
é algo realmente muito difícil que ocorre
nas redes sociais hoje em dia.
Mas, como podemos conseguir ser, ao
menos tentar ser, misteriosos em uma rede
social como o Instagram?
Pior ainda, como o Twitter?
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Pois, no Twitter, diferente do Instagram,


a pornografia é completamente permitida,
e isso é algo...
... isso é da escolha de cada um, mas vo-
cês me conhecem.
Vou puxar um assunto daqui para trazer
outro assunto que é conveniente e real tan-
to para os homens quanto para as mulhe-
res.
E tudo tem a ver com o mistério, com
ser enigmática, e como explorar as redes
sociais da melhor maneira.
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A EXPOSIÇÃO NAS REDES


SOCIAIS E A SEXUALIDADE.
• A busca por sua identidade.
Muitas pessoas nas redes sociais hoje em
dia, não buscam apenas mostrar seus corpos.
Elas buscam algo além disso: buscam en-
contrar sua identidade, explorar.
Por isso que é comum demais vermos ho-
mens sem camisetas e mulheres em roupas
bem coladas.
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Eles buscam sua tribo, e conseguem


angariar seguidores com isso.
Isso é um fato.
E tem algo maior em cima de tudo
isso: VENDE.
SEXO VENDE.
SEMPRE VENDEU, SEMPRE
VENDERÁ.
Mas não tem nada de sexo ali, você
pode me dizer.
Explicitamente? Não.
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Mas se olharmos mais aprofundado, algo


sempre leva ao sexo em si, as redes sociais
são apenas os aperitivos.
Espero MESMO que não seja a maioria
de vocês, mas quantas de vocês já recebeu
uma cantada por DM?
Isso é normal hoje em dia, certo?
Sim, a gente curte uma foto, tem outras
nossas curtidas, e podemos contar os mi-
nutos para que uma mensagem em nossas
DMS apareça com um: oi.
E isso é perfeitamente normal.
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Porém, existem caras, e isso eu vou co-


locar nas costas dos homens sim, pois, por
mais que exista mulheres que façam isso,
elas são a menor parte.
Muitos caras são tão sem noção, tão
cretinos, que já chegam mandando nudes.
Sim, você está lá, de boa, na sua, e quan-
do abre a DM, está lá, sem você ter pedido,
sem você nem ao menos ter dado a enten-
der que queria ver: o pau do sujeito.
Me diga: onde está a sedução disso?
Em nenhum lugar, pois não existe.
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As nudes e sexo virtual são assuntos


complicados, e é deles que quero tratar
com vocês em nosso próximo capítulo.
Quando estamos paquerando on-line
(pois é o que temos, ainda mais em tem-
pos de pandemia), é algo super legal de ser
feito.
Tiramos um tempo de nosso dia a dia
cheio para conversar.
Mas, alguns caras acabam com a graça
do negócio.
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Me diga algo, o que é mais sexy para


você:
• Um cara que chega te mandando uma
mensagem e nela já tem uma foto do pau
dele, escrita: GOSTOU?
• Ou um cara misterioso, que segue pou-
cas pessoas, que tem um rosto mais fecha-
do (isso não quer dizer bravo, isso quer di-
zer mais sério), e que conversa de maneira
natural e orgânica com você? Por mais que
ele possa ter uma foto sem camiseta, você
tem plena ciência de que ele não é daque-
les caras que posta:
• O de hoje tá pago;
• Pega o bíceps do pai;
• O pai ta on.
• O golpe tá aí, cai quem quer
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Primeiro: o cara que te envia uma nude


sem sua permissão, sem você pedir... é um
porco.
Segundo: um criminoso. Pois, enviar fo-
tos de órgãos sexuais para as pessoas, sem
a permissão delas, não é algo permitido. É
algo que você pode até mesmo denunciar.
E deixa eu te falar: não se sinta mal de
bloquear o otário e denunciar ele.
Pois se ele faz isso para você, acredite...
ele é porco com as outras mulheres tam-
bém, não é só contigo.
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E sabe o pior? O pau nem vale a pena na


maioria das vezes:
• Foto horrível;
• Iluminação péssima;
• Quarto desarrumado;
• Unhas sujas, grandes, dá para ver a su-
jeira debaixo da unha.
Quem merece uma coisa dessas? Se for
mandar (APENAS QUANDO SOLICI-
TADO), que envie algo bonito pelo me-
nos, certo?
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Mas e quanto ao cara que chega de boa,


conversa, e mantém um papo amistoso?
E sobre ele?
Falamos pouco sobre ele?
Não, esse tipo de cara permanece no ima-
ginário das mulheres HÁ MUITO TEMPO.
E, em 2013 salvo engano, ele ganhou vida
nas páginas de um livro, o primeiro de sua
trilogia, algo chamado de: “50 tons de cinza”.
A história do homem rico, porém ALTA-
MENTE misterioso causou uma onda de
vendas do livro.
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As mulheres começaram a comprar esse


livro e falar dele como se fosse a melhor coi-
sa do mundo.
E olha, eu li.
Sim.
Eu li 50 tons de cinza.
E por mais que torçam o nariz para ele, eu
achei a história interessante.
Eita, o tanto de ódio que receberei por
isso.
Mas, para mim, aquilo também é literatura.
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Por mais que seja viajoso (ficção cien-


tífica também é, e nem por isso fazemos
pouco caso dessas leituras), eu gostei de
toda a história.
Ela é bem formulada, e nosso perso-
nagem principal, o Sr. Grey, possui uma
história que, assim como ele, é muito
misteriosa.
Com o tempo vamos descobrindo mais
sobre ele, isso é um fato, isso ocorre com
todo mundo.
Por mais misteriosos que somos, por
mais misteriosos e enigmáticos, uma
hora isso acaba, para a pessoa que está
ao seu lado.
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Pois você permitiu que ela visse você por


inteiro, todas as coisas que seu lado miste-
rioso não deixava.
Mas você sabe o motivo do livro ter ven-
dido tanto?
Não foi por Marketing, acredite.
Pois ele foi falado de bo a boca, e em
2013, quando lançaram no Brasil, o Insta-
gram não era assim tão popular e gigante
como é hoje.
Foi por conta de apenas uma coisa: o
mistério e a pessoa que se encanta por ele.
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Quem não gosta de um mistério?


Que mulher não gosta de um homem
misterioso?
Isso me lembra uma história que tem
encaixa PERFEITO com essa situação, e
mostra como, o mistério, é sempre o me-
lhor.
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Em um passado um pouco remoto, eu me


atrevi a fazer uma graduação.
Sim, antes de tudo ser por distância como é
hoje em dia (logo voltaremos ao normal), eu
ia nessa graduação presencial.
E até aí, tudo bem, sem problemas.
Eu não conhecia ninguém dali, e ninguém
me conhecia.
No começo eu não estava muito afim de fa-
zer amigos, queria somente aprender mesmo.
Porém, o mundo joga nossas vontades ne-
gadas em nossa cara e nos faz engolir.
E em 6 meses, eu fiz algumas amizades bem
legais e interessantes.
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Tinha uma amiga, que era muito afim de um


rapaz da nossa sala.
E ele era muito, muito, mas MUITO misterio-
so MESMO.
Pois ele chegava um pouco atrasado, e senta
no local dele, onde era de seu agrado, e era sem-
pre na frente.
Não conversava com ninguém;
E quando falo ninguém, é ninguém mesmo.
Rosto sempre sério, sério mesmo, não fechado.
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Bom, convenhamos, muitas vezes ele


tinha cara de bravo mesmo, e isso dava
uma assustada.
Não preciso nem falar o que aconte-
ceu, não é?
Muitas das meninas da sala caiam de 4
por ele. E ele CAGAVA PARA CADA
UMA DELAS.
Elas tentavam puxar papo com ele,
riam para ele, e ele seguia na dele: quieto,
estudando.
Essa minha amiga, por obra do destino,
ficou muito afim dele. Mas afim mesmo.
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O adicionou no Instagram 1x.


Ele recusou o convite.
Mandou novamente.
Nova recusa.
E então ela fez o que qualquer pessoa fa-
ria: correu atrás da humilhação: já que me
recusou 2x, talvez na terceira ele aceite...
Então, pela última vez, solicitou amizade.
E teve a terceira recusa.
Ficou puta com a situação e sempre con-
tava para nós.
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Eu realmente não dava muita bola, pois


ele não era um cara assim tão bonito.
Ele até era, mas o que chamava atenção
nele era o mistério.
Ele ser INATINGIVEL.
Ele escolhia quem ele seguia, quem se-
guia ele.
Era como se ele fosse exclusivo, e quan-
do ele te convidava para entrar no mun-
do dele... você era a mulher mais sortuda
do mundo.
E acha que ele se vestia como um cara
rico, que é o que ele é?
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De maneira nenhuma.
Ele usava o básico do básico: sempre
uma calça jeans de lavagem clara, cami-
seta branca ou preta ou cinza, e um tê-
nis esportivo no pé.
O tênis sempre era ou preto ou bran-
co também.
Raras foram as vezes que vi ele com
um tênis cinza.
E para terminar de matar as meninas,
ele saca de vez em quando de sua mo-
chila... um óculos de grau.
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OVÁRIOS EXPLODIAM QUANDO


ELE COLOCAVA AQUELE ÓCULOS
NO ROSTO.
Ele tem a mandíbula completamente
quadrada, então sim, não tinha como falar
que ele era feio.
E as meninas começaram a associar ele
com o personagem de 50 tons de cinza.
Aí já viu, não é?
Você fazer a projeção de uma pessoa em
outra... não é algo muito bem vindo, quase
que nunca.
Ainda mais em um caso como este.
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Mas elas faziam.


E revezavam para tentar ver onde ele
passava o intervalo.
Era horrível ficar perto delas, pois a vida
delas passou a ser vivida em função de ten-
tarem estar com ele.
Sabiam apenas o nome, nada além disto.
E que ele pilotava uma moto...
Adiciona perigo em um homem miste-
rioso e o fator de uma moto dar o clima e
cara de um bad boy...
Era insuportável estar perto delas.
Só falavam dele.
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Então um dia, durante o intervalo,


fugi delas.
Comprei uma coca cola e me sentei
em um local mais afastado, queria ler,
botar leitura em dia.
Quando do nada, chega ele, senta ao
lado, passa a mão pelos bolsos, com um
cigarro na boca e pergunta:
- Você tem fogo aí?
- Não tenho, eu não fumo.
- Foi mal, achei que você fumasse.
- Não fumo, mas está de boa, não re-
crimino quem faz isso.
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- Problema é nosso, não é?


- Exato.
Rapaz... ele era COMPLETAMENTE
DIFERENTE da pessoa que ele mostrava
ser na sala de aula.
Sim, ele era cheiroso, mas eu também
era, sempre fui.
Mas quando conversei com ele ali (ele
achou o isqueiro dele no bolsinho da cal-
ça), ele de pé, um pouco longe de mim por
conta do cigarro, toda aquela fachada que
as meninas tinham montado dele... foi por
agua abaixo.
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- Que livro é esse?


E ELE TINHA UMA PUTA VOZ
GROSSA. Eu daria o mundo para ter uma
voz daquelas, nada mais que aquilo. Pois
impunha respeito.
- É Clarice Lispector.
- Eu já ouvi falar muito, mas nunca li.
- Nada dela?
- Nada sobre nada.
- Como assim?
- Ué?
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- Como assim? Você está na faculdade,


lógico que já leu alguma coisa. Não tem
como você NUNCA ter lido NADA.
- Já li muita coisa da nossa área, mas nun-
ca sobre literatura e essas coisas – deu um
meio sorriso amarelo, como se estivesse
se desculpando por não ter tanto contato
com a literatura quanto eu.
- Isso não é um problema.
- Eu queria ler mais, sabe? – disse isso
soltando a fumaça e tomando o café que
estava em sua mão – eu acho lindo demais
pessoas que leem.
- Não é nada demais – disse a ele.
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- Não, é sim. Vocês desbravam o mundo.


Vocês colocam o nariz no meio dessas pá-
ginas e somem nelas. Isso é fantástico.
- É, pensando bem, é demais mesmo. E
ri. E ele também sorriu
E quando ele sorriu, toda aquela fachada
de moço misterioso, de um homem per-
feito, de um ser inatingível que as minhas
amigas colocavam ao redor dele e eu tanto
ouvia... caiu por terra.
Ele não se deu por vencido, continuou
conversando:
- Você gosta desse livro?
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- Sim, demais.
- Você vive lendo, não é?
- Não sei. Vivo?
- Sim, já vi você na biblioteca, vi você aqui
fora, e vejo você lendo entre os intervalos de
uma aula e outra.
Por qual motivo ele ficava olhando para mim?
- Como você sabe disso?
- Porque eu vejo, oras.
- Mas você não fala com ninguém.
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- Pessoal aqui, a maioria, não vale o que


come. Você é amigo daquelas meninas, não é?
- As que não param de falar sobre você? Sim.
- Elas falam sobre mim?
- Lógico que fala, você sabe que falam, não
se faça de tonto.
- Não estou me fazendo de tonto, só não sei
por qual motivo elas falariam sobre mim.
- Elas acham você misterioso e enigmático.
- Porra, sério?
- Sério?
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- Eu vivo recusando o convite delas no


Instagram.
- Eu fiquei sabendo...
- Elas se importam com isso por que?
- Olha, eu não faço a mínima ideia, por-
que você é um cara normal para mim.
- Porra mano, obrigado.
- Não, sem ofensas...
- Não me ofendi, realmente estou agra-
decendo. O que tem de meninas e ca-
ras que chegam em mim e tentam puxar
papo... não quero me achar, mas é sério,
são muitos.
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- Caras também?
- Sim, muitos.
....
- Eu não sou gay.
- Não disse que era.
- Eu só não sou cuzão. Tem uns caras
que parecem gente fina para amizade.
Você mesmo.
- É, eu sei, eu sou.
E os dois riram.
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Quando voltamos para a sala de aula, ca-


minhamos juntos. Eu era apaixonado por
motos naquela época, e a dele era realmente
de tirar o fôlego.
Mas, por baixa daquele cara misterioso,
tinha um cara legal, um cara muito maneiro.
E eu não entendia o motivo de ele gostar
de ser assim.
Mas conversamos sobre isso no caminho
para a sala.
- Mas você gosta da atenção, não gosta?
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- Porra, e quem não gosta? Mas sem-


pre vem acompanhada de interesse: se-
xual, principalmente.
- E você além de ler... não transa?
Brinquei com ele, que me deu um so-
quinho no ombro
- Idiota, não é isso, é que... é muito ex-
posto. Muito na cara. Isso me faz perder
o interesse.
- Sei bem como é.
- Aquelas meninas lá mesmo que você
conhece e está no grupo de trabalho:
TODAS, me mandaram convite.
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- E você recusou todas.


- Sim, todas.
- Por que?
- Tem dois motivos. Primeiro: eu não
gosto de nada que seja oferecido demais
na minha cara. Perde a graça, pelo menos
para mim. Segundo: geralmente, eu costu-
mo gostar de ser o caçador. E eu faço do
meu jeito.
- Então você caça?
- Só as presas que ficam nas delas, quie-
tinhas. Se chegar mandando mensagens...
perdeu, eu saio fora.
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- Nem mesmo um oi?


-Nem mesmo um A. Eu sei, pareço
ser cuzão.
- Não, não é isso, mas isso é maneiro,
de uma forma meio louca.
- Como assim?
- Pensa bem: você estabeleceu limites
ao seu redor. Só entra quem você per-
mite. E você não tem tempo, paciência
ou gosto por conversinha mole. Acre-
dite em mim, eu entendo PERFEITA-
MENTE o que você está dizendo, mas
veja por esse lado também...
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- Qual lado?
- Isso te torna alguém alheio, um “estra-
nho”, na maneira correta de se dizer.
- Estranho?
- Alguém que não pertence. E isso te trás
essa áurea de misterioso, enigmático. E é
disso que elas gostam.
- Mas eu não gosto delas, de nenhuma.
Só quero estudar.
- Eu te entendo.
- Bora entrar? – disse ele apontando a
sala de aula.
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Quando entrei na sala de aula junto


dele, conversando, as meninas pareciam
que tinham visto um fantasma.
Ficaram com o queixo no chão.
Antes de entrarmos, ele tinha me dito
que o pai, um filósofo, olha só, um FI-
LÓSOFO, ia doar alguns livros, pois ti-
nha alguns que estavam parados, alguns
até no plástico.
- Você gosta de ler.
- Sim, muito, isso ficou claro.
Rimos.
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- Passa em casa amanhã, te chamaria para


ir hoje, mas vai ficar muito tarde. Meu pai
vai doar alguns livros, e isso não é doação
como se a pessoa fosse pobre, é só para ir
nas mãos de gente certa, que vai ler mesmo
e não vender.
- E quem faria isso?
- Ele já doou para duas bibliotecas, livros
no plástico, e o pessoal vendia.
- Mas que bosta.
- Nem fale. Mas passa lá amanhã, uma
hora e meia antes de virmos para a facul-
dade. Eu te dou carona de vinda e volta.
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- Não é necessário.
- Imagina, tem muito livro. Eu venho de
carro, e daí eu ajudo você a deixar eles na
sua casa. Se você quiser, é óbvio.
- Eu aceito sim. Tudo que é livro, aceito.
- Demorou.
E entramos.
Mas a reação delas foi impagável.
Elas me encheram de perguntas (obvia-
mente por WhatsApp), e eu falava: depois
eu falo, depois eu explico.
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No final da última aula, eu ainda estava


arrumando minha mochila, quando ele
chegou perto delas, e de mim, e soltou um:
- Oi
Direcionado para elas, mas logo depois
já falou comigo.
- Te mandei o endereço no Instagram.
Depois você me passa seu WhatsApp, mas
o endereço está lá.
- Ok.
- Lá pelas 17h30, pode ser?
- Tá fechado, é um horário bom.
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- Fechou, daí a gente já desce junto pra cá,


para eu te ajudar depois com todo o peso.
E sorriu.
- Pode deixar.
- Tô indo nessa, abraço.
As meninas me enchem o saco até hoje
sobre o que poderia ter sido aquele encon-
tro, e mal sabem elas que era para compar-
tilhar cultura.
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Só por desencargo de consciência ou al-


guma dúvida que vocês possam ter:
• Não, ele não é gay;
• Ele não estava dando em cima de mim;
• Sim, eu fui para casa com pelo menos
30 livros naquela noite (o pai dele tinha
uma sala, e eu digo uma sala MESMO, que
servia como biblioteca, e metade dos livros
que eu trouxe, muito agradecido, ainda es-
tavam no plástico;
• Continuamos conversando normal até
ele ir embora do nada da faculdade;
• Não sei o que houve com ele;
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• Nunca contei para as meninas como fi-


camos amigos;
• E elas queriam morrer quando, um
tempo depois após o sumiço dele, ele
mandou um livro ser entregue na sala de
aula, com um bilhete escrito: li esse dela e
adorei. Você manda bem. Queria compar-
tilhar isso com você, já que foi você que
me apresentou a ela. E o bilhete estava
grudado em uma edição rara de A Cida-
de Sitiada, de Clarice Lispector, com várias
anotações dele.
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Cheguei ao ponto de relembrar essa anti-


ga história minha (eu também larguei essa
faculdade um tempo depois, caso haja in-
teresse em saber, pois não era realmente o
que eu queria, o que eu procurava, o que eu
via para o meu futuro, sempre soube que
meu futuro era aqui, escrevendo sobre mu-
lheres, para vocês, mulheres), pelo simples
fato de que, podemos tirar várias lições da
história da avó de minha amiga lá nos anos
50, e também desse colega de classe.
E se você não conseguiu ver nas entre-
linhas, eu tenho duas notícias, uma boa e
uma ruim.
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A ruim é que: tudo do mistério e de ser


magnética, está sempre nas entrelinhas.
Nunca está escancarado.
E a notícia boa é que: se você percebeu
que todo esse livro foi escrito já usando
exemplos de como ser misteriosa e enig-
mática, a partir do momento em que eu
relembro histórias e as conto para você,
você já é uma mulher com uma chance
imensa de conseguir entrar nesse mundo
de ser misteriosa e enigmática, pelo sim-
ples fato de conseguir observar quem é, e
copiar aqueles trejeitos, sempre adaptando
para sua realidade, obviamente.
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QUANDO falei algumas páginas atrás


sobre o fenômeno do Twitter e Instagram,
e como eles permitem que o mistério e o
magnetismo se percam, foi para dar exem-
plos para vocês.
O cara que manda uma nude logo de
cara, é um babaca.
Isso é um fato e não há provas ao con-
trário.
O cara que é misterioso, como esse da
história que contei, é aquele que fará com
que, você se interesse super mais por ele.
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Quando vemos os fenômenos de redes


sociais e do mundo atual mesmo, chega-
mos a conclusões que:
• Ser misteriosa, hoje em dia, é basica-
mente você ser alguém muito legal;
• A internet, do jeito que está sendo
usada, está acabado com o imaginário das
pessoas, ainda mais no que se trata de re-
lações pessoais;
• Viver nessa de se expor a todo momen-
to, não te trava apenas de ser misteriosa e
enigmática, mas vai ferrar com seus mais
variados tipos de setores na vida.
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Primeiro ponto: você pode e DEVE adap-


tar os pontos de mistério em sua vida.
E como fazer isso? Isso é certeza de algo?
Posso te dizer, de todo o coração, que SIM.
Fazer o jogo, pois isso é um jogo, ah não
ser que você seja assim naturalmente, o que
é meio difícil, vai te colocar no mundo como
alguém misteriosa e enigmática.
Esse enigma, esse magnetismo, é prove-
niente do mistério que você coloca ao redor
de sua persona.
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Acredite quando eu falo: UM NÃO


ANDA SEM O OUTRO.
Mas primeiro você deve ser misteriosa,
pois a mulher misteriosa ATRAI. E esse
é o que chamamos de magnetismo, de
ser enigmática.
Quando falamos de enigmática, quere-
mos dizer uma mulher que, assim como
um enigma, é difícil de ser estudada.
Isso quer dizer que: além de você ser
misteriosa, o que qualquer pessoa pode
ser, você será enigmática.
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Será difícil te desvendar, e as pessoas vão


ter de você, somente aquilo que VOCÊ as
deixar terem, elas saberem.
No capítulo seguinte, vou colocar alguns
pontos que você deve explorar, e veja com
o tempo, como eles funcionam.
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PRATICANDO O MISTÉRIO
E O SER ENIGMÁTICA

• Fale o menos possível;


Parece que eu estou pedindo algo impos-
sível, não é?
Mas não é não.
A mulher misteriosa, fala somente o ne-
cessário, e nada além disso.
Sabe aquela sua amiga, ou conhecida
de uma amiga, ou a conhecida se não sei
quem, que TODO MUNDO sabe sobre a
vida dela?
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Pois é, ela não é uma mulher misteriosa e


nem enigmática.
Todos sabem sobre os problemas dela,
pois ela tem o PRAZER de explanar na
mesa, o tanto de problemas que ela têm, o
que ela sofre em casa, como o marido a lar-
gou, como o namoro dela está indo bem...
Me diga você mesma: você vê isso de uma
maneira positiva para alguém que ser miste-
riosa e enigmática?
Não, não é.
Minha mãe costuma dizer: temos uma
boca e dois ouvidos. Isso quer dizer: ouvir
mais e falar menos.
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Quanto menos você fala sobre você, mais


a imaginação das pessoas vai funcionar para
tentar te desvendar de alguma forma.
PRONTO. VOCÊ VIROU MISTERIOSA.
Mas sabe o que ocorre quando eles tentam
e tentam te desvendar?
Perguntam sobre sua vida, sobre seus na-
moros, sobre sua casa, sobre sua família...
Sabe o que isso significa?
ENIGMÁTICA.
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Assim como um enigma, vão tentar te


decifrar. E essa é a parte mais legal de tudo
isso, pois eles não têm acesso a tudo que
ocorre com você, somente com o que você
permita que eles saibam.
É difícil fazer isso?
Eu sei, acredite, já passei por isso tam-
bém.
No começo parece algo quase impossí-
vel.
Mas com o tempo, você vai se dar conta
do quão melhor é: para as pessoas, e ob-
viamente para você mesma.
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• Seja alguém mais séria;


Estou te proibindo de se divertir e ser
alguém mais aberta?
De maneira alguma.
Estou apenas dando dicas para você con-
seguir ser uma mulher misteriosa e reser-
vada, tal como Maria, do começo do livro
era, e continua sendo.
Quando você deixa todas aquelas risadas
superficiais de lado, você passa a ser uma
mulher mais observadora.
Não somente com você mesma, mas
com o mundo ao seu redor, e automatica-
mente com outras pessoas também.
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E sabe o que vai acontecer com o tempo?


Você vai passar a ser aquela mulher que ape-
nas sorri quando algo realmente é engraçado
ou te faça feliz.
Não existira mais aquela mulher que ri de
tudo em uma roda de amigos, até mesmo aque-
las risadas forçadas.
Você conhece alguém cuja a risada é forçada?
Não minta para mim.
Sei que veio um nome em sua cabeça.
Na minha vem vários nomes também, e isso
é completamente normal.
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É porque com o tempo, sendo pessoas


misteriosas como somos (viu que já te
inseri nesse clube?) a gente passa a ter um
certo pavor de tudo que é forçado e que
está muito exposto.
É normal esse primeiro estranhamento
ocorrer. Mas sabe a coisa boa disso tudo?
É que você passara a ser mais seletiva,
e não somente isso, você realmente estará
com pessoas melhores quando falamos de
relacionamentos amorosos.
Você vai poder escolher melhor as pes-
soas, pois os caras vão cair aos seus pés,
pois não há nada mais bonito do que
alguém que seja misteriosa e enigmática.
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• Seja reservada;
Sabe aquela roda de amigos que todos
nós temos?
Que conversamos sobre várias coisas?
• Vida pessoal;
• Familiar;
• Sexo;
• Mal de outras pessoas; (ué, todos falamos,
não é? Isso é humano).
• Política;
• Religião;
• Sobre sonhos;
• Aquelas pessoas que choramos no ombro.
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Então, com essas pessoas mais chegadas,


amigas de verdade, há muito tempo, não
tem problema nenhum em sermos mais
abertos com eles.
Em rir alto, em falar bobeira, em falar so-
bre todos os assuntos acima.
Isso é humano.
O intuito aqui é ser uma mulher misterio-
sa para pessoas novas, ser enigmática para
essas pessoas novas também, não para ami-
gos que temos há muito tempo e já viu a
gente no nosso melhor e no nosso pior.
Não descarte esses amigos. Você será
misteriosa e enigmática, e não uma cuzona.
Disse e repito: não vire um homem, pelo
amor de Deus.
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• Redes sociais? Aprenda a se com-


portar nelas;
Aqui está o verdadeiro desafio, hein?
Sabe o motivo?
Qual de nós não possui rede social hoje
em dia?
Muito difícil, não é?
Mas, como você se comporta nelas...
bom, aí será essencial.
Pois pense bem: quando estamos afim
de alguém, o primeiro lugar que vamos
procurar é onde?
Isso mesmo, nas redes sociais.
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E quando achamos, como ficamos?


FELIZES DEMAIS.
Ah, dai vemos que ela ou ele é muito
oferecido, e o pior: tira uma tonelada de
fotos sem roupa, se insinuando, e para
piorar, ainda coloca legendas filosóficas.
Por qual motivo essas marmotas fa-
zem isso?
Um dia eu REALMENTE QUERO
ENTENDER.
Mas, pega comigo o caminho e va-
mos tentar seguir nele:
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Você procura o Instagram daquele cara,


e quando acha, vê que além de fechado, ele
tem apenas 6 postagens.
Você solicita amizade.
Ele libera um ou dois dias depois.
Quando ele libera: NENHUMA FOTO
SEM CAMISETA.
NENHUMA.
ZERO.
Você vê somente a pele do pescoço e
dos braços dele.
Isso te chama a atenção?
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Para de mentir para mim, eu sei que cha-


ma, não tente me enganar, eu dou um baile
em todas vocês.
Agora imagine o contrário:
Ele vai procurar seu Instagram e encon-
tra ele aberto.
P.S: Se for um Instagram profissional,
tudo bem. Trabalho é trabalho, não tem
como fechar ele.
Mas se for pessoal, vamos imaginar a se-
guinte situação:
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Ele entra e vê aquele MONTE de fotos


de você de biquini. Por que você deveria
esconder? Seu corpo é foda e você fica lin-
da de qualquer maneira.
Mas, não é apenas uma foto: são mais de
20 assim.
....
Ele pode até ficar afim de te conhecer
mais, mas será porque ELE JÁ VIU O
QUE VOCÊ GUARDA ALI EMBAI-
XO. AGORA ELE QUER ENTRAR EM
SUAS ENTRANHAS.
Agora imagine a situação ao contrário:
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Ele entra e não tem NENHUMA foto


com o corpo a mostra. Apenas algumas em
que seus seios aparecem um pouco mais.
E você não posta o dia TODO nos sto-
ries, fazendo boomerang com o bico de
ato e colocando TBT e frases de Clarice
Lispector que nem dela é mesmo.
Ele vai ficar interessado.
Isso quer dizer que, para conquistar, você
terá que deixar de ser quem você é?
Tudo isso para homem?
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De jeito nenhum, sou feminista demais


para isso.
Vamos com calma.
Em primeiro lugar: eu estou fazendo
esse livro para VOCÊ QUE QUER SER
MISTERIOSA E ENIGMÁTICA.
Não estou falando para você mudar
quem você é.
Você vai ESCULPIR o diamante que
você é.
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E não, não é em prol de um homem, ou


de vários deles.
Nunca, de maneira nenhuma eu falaria
para qualquer uma de vocês fazer isso.
Isso você está afzendo para si mesma.
O que vier com isso é consequência.
Espero que estejamos bem entendidos
quanto a isso tudo, tudo bem?
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• O mesmo vale para as roupas;


Essa regra aqui, serve mais ou menos
como a de cima. E vou te dar um peque-
no contexto sobre isso.
E como sempre, usaremos os homens
como exemplo.
Eu tenho uma amiga, que não citarei
nomes, pois sei que mesmo que ela deixe
(e ela deixa), ela amaria ser citada em um
livro, e só por isso eu não vou. Quero que
ela continue misteriosa e enigmática.
Brincadeiras a parte... ela tem um Q,
isso é, uma coisa com homens misterio-
sos e enigmáticos.
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SÃO OS PREFERIDOS DELA.


E ela não dá paz. Ela vê Instagram, Twi-
tter, LinkedIn... vê tudo.
E nunca acha nada.
Uma vez estávamos sentados em um
café, e esse homem, que é uma paixão an-
tiga dela (eles nunca nem ficaram...) por aí
você já vê o nível..., se aproximou de nós
para ficar na fila.
Tudo bem até aí.
Ele pegou o café dele, e um bolinho doce.
Ou era salgado, agora não lembro, só
lembro que ele pegou algo para comer.
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Estava relativamente mais para um tempo


frio do que para o calor, e olha que isso cos-
tuma ser algo bem difícil por aqui.
Ela o observava de canto de olho (depois
de eu IMPLORAR para ela não ser ganço,
ficar esticando o pescoço a todo momento
– ela tem esse hábito as vezes, e creio que ela
nem perceba, é até charmoso da parte dela,
mas os homens achariam desespero, e creio
que seja por isso que muitos fogem dela.).
Ele se sentou em uma mesa na nossa fren-
te, e ficou de lado para ela.
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Continuamos a comer a beber nosso


café, quando, DO NADA, ele se levanta
e tira o moletom que estava usando, para
ficar apenas com a camiseta normal dele,
por baixo.
Quando de pé, ele puxou o moletom...
sua camiseta levantou um pouco.
E ele estava LONGE de ter um tanqui-
nho.
Ele tinha uma barriga normal, com uma
almofadinha ali. E um caminho da felici-
dade mais puxado para o clarinho.
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Eu tive que aguentar ela falar de ter visto


o abdome dele depois de 2 anos (!), duran-
te mais de uma semana.
Foi uma semana bem difícil.
Mas isso é algo que a pessoa misteriosa e
enigmática faz: ela deixa algo para a imagi-
nação, que é o tópico abaixo.
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• Deixe algo para a imaginação. Não


mostre tudo;
Já imaginou que coisa mais legal, a exem-
plo do cara de cima, você fazer o mesmo?
Deixar algo para a imaginação dele?
Você não precisa se mostrar a todo mo-
mento que possui a oportunidade.
Você me acompanha há um bom tempo,
e sei que vai entender o que digo: nós sem-
pre queremos aquilo que não temos, que
não podemos ter, que é difícil de conseguir
ou que é imoral.
Não é a verdade?
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Então, que mal há em dar uma boa limpa-


da em suas redes sociais, tirar todas as fotos
em que você se mostra demais, e dar a opor-
tunidade para VOCÊ MESMA, ser alguém
mais misteriosa?
Eles vão adorar.
Você também vai, pois com o tempo, você
verá que, aquela superexposição não era algo
muito benéfico para você, que agora você se
sente melhor dessa maneira que está.
E repito: não é por validação dos homens.
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Mas, faça uma aposta consigo mesma e


comigo:
Tente colocar isso em prática, por pelo
menos 6 meses.
Me conte depois se não deu resultado.
Pode tirar foto disso aqui e depois me
marcar se não der certo (mas vou querer ver
os prints de todos os passos que passei aqui,
todos realizados, ok?).
O problema da super exposição do cor-
po e como isso afeta sua vida e a chance de
você se tornar uma mulher mistérios
a e enigmática.
Gosto sempre de começar explicando que:
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• Explorar a sexualidade é algo


sempre saudável;
Não é algo ensinado nas escolas, mas
deveria ser, pelo menos a partir do ensi-
no médio.
Freud já escrevia em suas três teorias
sobre a sexualidade que, temos impulsos
sexuais desde a infância.
Isso não quer dizer que somos sexuais
quando crianças.
NÃO É ISSO.
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Mas, temos esses instintos, que COM


O DECORRER DO TEMPO, vai se
tornando o que conhecemos como im-
pulsos sexuais.
Quando entramos no ensino médio,
somos adolescentes.
E acontece tudo aquilo que sabemos:
Nas meninas, os seios se desenvolvem;
O corpo passa a tomar forma e curvas;
Elas passam a ser mais responsáveis
que os homens (nossa, como se a gente
já não soubesse que vocês são superiores
que os homens não é? Mas vocês já são
superiores a nós desde a adolescência.
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Com os meninos, os pelos começam a


aparecer.
O mesmo acontece com as meninas, po-
rém, elas retiram.
Já os meninos, começam a engrossar a voz;
Começam a ter barba ou projetos de barba;
Cresce pelos em todas as partes: pernas,
peitos, axilas e também no púbis;
E o pênis continua crescendo com o tem-
po, até a idade de 18 anos.
E o apetite sexual?
Nossa, nem preciso falar, não é?
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Mas os homens, como sempre, por


questão da biologia, sempre vão um pou-
co mais além: se masturbam mais de 3x ao
dia, querem transar com tudo que passa.
As meninas deveriam ser ensinadas que
está tudo bem em explorar sua sexualidade
também, mas a sociedade, ainda machista,
prefere que elas se abstém disso.
Por isso é importante se descobrir se-
xualmente.
E SEMPRE COM PROTEÇÃO.
Por mais que haja tratamentos hoje em
dia, existem algumas doenças que não pos-
suem cura e nem tratamento, por isso é
importante sempre andar com camisinhas.
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CAMISINHAS NOVAS. Nada de cami-


sinha vendida na carteira.
Mas nessa idade, até os 18 anos, somos
seres humanos com uma carga violenta de
hormônios no corpo.
Isso não é algo que eu acho.
Isso é fato.
Isso é biologia.
E é mais que natural nessa idade querer
explorar a sexualidade:
Sentir vontade de beijar alguém, de tran-
sar com alguém.
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Só que algumas pessoas saem do que é


convencional. Do que é dado como sen-
so comum.
Alguns rapazes sentem tesão e prazer
por outros rapazes.
Algumas meninas sentem tesão e pra-
zer por outras meninas.
Alguns rapazes sentem tesão e prazer
por meninos e meninas.
Algumas meninas sentem tesão e pra-
zer por meninos e meninas também.
E alguns rapazes sentem tesão e prazer
APENAS por meninas.
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E algumas meninas sentem tesão e pra-


zer APENAS por rapazes.
Isso é normal. Isso é básico.
O que não pode ser normal, deveria ser
evitado desde sempre, é querer colocar al-
guém dentro da SUA sexualidade.
Querer que homem goste apenas de mu-
lher e que mulher goste apenas de homens.
E temos também as pessoas transexuais.
Que não se sentem bem no corpo que nas-
ceu, e isso pode ser tanto do sexo masculi-
no quanto o feminino.
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Hoje em dia ouço algumas pessoas fala-


rem: isso é frescura, na minha época não
tinha isso.
Sim, tinha sim, mas tinha que ser escon-
dido, quase como um crime, para você
conseguir continuar vivendo dentro da sua
bolha moral.
As pessoas devem ser LIVRES para ex-
plorarem sua sexualidade, DESDE QUE
AJA CONSENTIMENTO DE AMBAS
AS PARTES.
Lembre-se bem disso: sexo sem consen-
timento é abuso sexual, é estupro, é crime.
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• Que sua vida sexual não diz respei-


to e ninguém;
Isso é algo TÃO ridículo, que pensei 10x
em tirar daqui, mas olha só que coisa: ain-
da tem gente que não entende isso.
Em pleno 2020, ainda tem pessoas que
se incomodam com a orientação sexuaç
das outras pessoas.
Qual o nome que damos a isso?
Enrustidos?
Enrustidas?
Pessoas que não tem o que fazer?
Pode ser qualquer uma das 3 acima, ou
até mesmo as 3 acima combinadas.
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Me explique, por qual motivo, alguém


ficaria INCOMODADO (a) com o que a
outra pessoa faz com a vida sexual dela?
É DELA, E NÃO SUA.
A SUA VOCÊ VIVE E É CERTA
PARA VOCÊ.
ÓTIMO, PARABÉNS.
AGORA DEIXE AS OUTRAS PES-
SOAS VIVEREM AS VIDAS SXUAIS
DELAS EM PAZ.
É muito incomodo para alguém que sai
fora do tradicional, sempre ser perguntado:
Você dormiu com tal cara?
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Você é ativo ou passivo?


Você come mais ou dá mais?
Você chupa?
Mas de vocês dois, quem é a mulher na cama?
Você já tentou transar com uma mulher?
Cu não é para ser comido, é só para cagar.
Mas meu sobrinho, me fale, e as namoradinhas?
Mas você sabe que eu sou sua mãe e quero você
com uma namorada, quero que você me dê netos.
Eu não tenho filho viado.
Isso é falta de apanhar, vou te colocar na linha.
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E para as meninas que gostam de me-


ninas, o buraco é ainda MUITO MAIS
EMBAIXO.
Pois elas lidam com o machismo, assim
como os homens gays lidam, e não só
isso: elas têm quer lidar com o FETICHE
que elas despertam nos homens:
Duas mulheres juntas? Por isso Deus
vai voltar logo.
Você deveria ter um marido.
Isso é falta de levar uma comida bem
boa, de um macho de verdade.
Se tivesse apanhado quando criança,
isso não teria acontecido.
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Por isso que eu não deixo minha filha jo-


gar futebol.
Então você cola velcro é, caminhoneiro?
Mas você não vai dar em cima de mim
não, não é?
Eu posso entrar no meio de vocês duas e
a gente fazer um sanduiche?
Um dedo não é um pinto.
Vocês nunca serão mães de verdade.
É, a lista é longa, extensa mesmo, daria
quilômetros de pérolas que as pessoas que
saem fora do convencional têm que ouvir.
E ainda temos os bissexuais:
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Bissexualismo é apenas uma estrada


para virar gay (no caso de um homem),
ou virar sapatão (no caso de mulheres).
Bissexualidade não existe.
Isso é apenas ganância, querer pegar
tudo e todos.
Aposto que você prefere mais homem
do que mulher, não é? Ou vice versa.
Por qual motivo as pessoas não se
preocupam apenas com AS SUAS PRÓ-
PRIAS VIDAS SEXUAIS.
Pare de perguntar aos outros. Pare de
querer encaixar ele/ela na sua caixinha
tradicional.
Deixe que cada um cuide de sua pró-
pria vida.
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• Quem se conhece sexualmente


não enche o saco dos outros;
Isso não é uma opinião minha, isso é
um fato.
Quem se conhece sexualmente, realmen-
te, a fundo, que sabe do que gosta, do que
não gosta, do que faz, com quem faz... não
enche o saco dos outros.
Pois essas pessoas escolhem viver bem.
Elas escolhem se relacionar com outras
pessoas tais como ela.
Ela não passa tempo TENTANDO EN-
TENDER o porquê você é heterossexual.
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Elas estão ocupadas demais vivendo a


vida delas.
Enquanto aqueles que não se conhe-
cem sexualmente, sempre ficam com
a pulga atras da orelha, e sempre ficam
fazendo estes tipos de perguntas acima
para essas pessoas.
Entenda uma coisa: você é totalmente
livre para se conhecer sexualmente.
Saia, explore.
Mesmo que seja escondido, pois as ve-
zes tem que ser mesmo.
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Mas mesmo que seja assim: saia e explo-


re.
Faça sozinho, sozinha, sem ninguém
precisar saber.
Mas não encha o saco de quem já é bem
resolvido.
O mundo, como o conhecemos hoje, já
é problemático demais para a sua falta do
que fazer.
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• Quem não se explora sexualmente


tem muita coisa a perder, inclusive em
saúde mental e saúde no geral.
Você quer que eu saia chupando buce-
ta? Eu sou mulher e gosto de homem, vou
cair nessa história não.
Você está falando para eu sair dando o
cu, comendo cu, chupando pau e sendo
chupado?
SAI FORA MEU IRMÃO, AQUI É
MACHO. HOMEM COMIGO É QUE
NEM RELÓGIO: SÓ NO BRAÇO.
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NINGUÉM está pedindo que você saia


e transe com pessoas do mesmo sexo que
o seu.
Da mesma maneira que eu repudio com-
pletamente pessoas homossexuais que ten-
tam CONVERTER heterossexuais com
papos, com promessas.
Não façamos isso, nenhum de nós, inde-
pendente de qual seja a orientação sexual.
Mas, uma pessoa que não se conhece se-
xualmente, possui GRANDES chances,
de ser frustrada.
Tanto o homem quanto a mulher.
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Vou fazer uma rápida explicação para


vocês, e conseguirão entender melhor:
Se você não se relaciona com alguém, in-
dependente de quem seja, você não saberá
do que gosta.
Muitas pessoas até são frigidas, broxas,
pelo simples fato de não conseguirem se
relacionar sexualmente com os outros.
Isso ocasionara problemas psicológicos
para essas pessoas.
Pois, querendo ou não, o sexo é da natu-
reza humana.
Não seja radical.
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Viva seu momento e não corra o risco de


fuder com sua vida por conta da sociedade
ou da cabeça fechada dos outros.
A problemática do Instagram para com o
mistério e o ser enigmática, é que eles aca-
bam com todas as chances de isso ocorrer.
Só existe uma maneira de eles não acaba-
rem com isso: se você seguir tudo como falei.
Mas mesmo assim, é um campo minado.
Pois vira e mexe você verá esses vídeos
e fotos.
E não existe mistério e magnetismo naqui-
lo que já foi visto.
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Você consegue se lembrar, de qual foi a


ultima vez que você viu um vídeo ou foto,
que foi postado por um homem sem cami-
seta, oi por uma mulher com roupas justas
e apertadas, que não fosse para se mostrar?
Algo orgânico mesmo: pessoas se diver-
tindo, pessoas na academia apenas posan-
do para uma foto.
Quase não tem como se lembrar disso,
pois o Instagram e tornou essa rede social.
Mesmo que você use somente para tra-
balho, o mistério e magnetismo se acaba-
ram ali.
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E o Twitter?
O Twitter consegue ser pelo menos
100x pior.
Você já entrou no Twitter no horário
noturno?
Obvio que, no Twitter, vai depender
muito de quem você segue, mas o Twit-
ter tem uma coisa MUITO RUIM:
Não importa se você não segue tal pes-
soal, se ela curtir algo, APARECE NA
SUA TELA.
E geralmente são fotos de sexo.
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E quando falo de sexo, é sexo explí-


cito MESMO.
Não existe uma censura no Twitter.
Lá, os usuários colocam suas fotos,
seus vídeos, da maneira que bem en-
tendem quanto a sexualidade.
E você acaba se tornando refém da-
quilo ali.
Pois, um local que era para você sa-
ber informações rápidas, trocar um
papo legal, acabou se tornando uma
rede de sexo.
E não precisa ser só no período da
noite não.
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Durante o dia, durante a tarde, durante a


madrugada, o Porn Twitter está sempre em
pleno funcionamento.
Quando isso existe, tira a graça, deixa de
ser misterioso.
Pois, imagine que aquele cara que você
sempre quis está no Twitter. E você desco-
bre que ele posta lá, fotos do pau dele, ví-
deos dele transando...
Acabou o mistério para você. Acabou a
chance de ser uma mulher misteriosa.
A pornografia acaba com o que é orgânico.
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ONLY FANS

E como se o Twitter e Instagram não


fossem suficientes, surgiu o Only Fans.
Algo que já é do conhecimento de to-
dos vocês:
Pessoas criam contas lá, geralmente
pessoas com corpo de normais a escultu-
rais, e cobram uma mensalidade de você.
Sim, você paga por mês, igual eletrici-
dade, água, internet...
E então você tem acesso a aquilo que a
pessoa produz para você e para os outros
assinantes.
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Nunca, eu pesquisei MUITO antes de vir


aqui, NUNCA eu vi um Only Fans que fosse
APENAS PROVOCATIVO.
Porque as pessoas não pagam para serem
provocadas.
Não, elas pagam para verem tudo: pau,
bunda, rabo, buceta.
Sim, palavras como essas, pois palavras
diferentes dessas, não tem vez nenhuma no
Only Fans.
E existem parceiros, eles fazem parcerias.
Sempre saem vídeos longos, as vezes de
meia hora, 1 hora, 1 hora e meia.
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Daquela pessoa com um parceiro ou par-


ceira, transando.
E não ache que isso rende pouco dinheiro.
Não, rende muito dinheiro.
Como eu disse acima: SEXO VENDE.
SEXO SEMPRE VENDEU E SEMPRE
VAI VENDER.
Mas, o que é ruim nisso tudo, para você mu-
lher que está querendo se tornar alguém mis-
teriosa e enigmática, é que, os caras estão acos-
tumados com o que eles veem na internet.
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Eles estão acostumados com o que eles


veem na tela do celular, quase que 10 horas
por dia.
Eles não possuem nenhum outro referencial.
Para eles, o que existe, é a mulher do pornô.
Só isso.
• Peituda;
• Bunduda;
• Que aguenta anal até o final;
• Que deixa gozar onde ele quer;
• Que apanha e agradece
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E sabemos muito bem o que isso ocasiona,


não é? Uma disparidade emocional.
ELE NÃO CONSEGUE VIVER A REA-
LIDADE MAIS.
E o que ocorre com homens, e até mesmo
mulheres que ficam viciados em pornografia?
Não se engane: não é porque não é uma dro-
ga que você toca na mão que deixa de ser droga.
A pornografia e o vicio em pornografia
on-line é um fenômeno gigante, ao redor de
todo o mundo.
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Existem pessoas que buscam tratamen-


tos para isso, pois não conseguem viver a
vida do cotidiano.
Precisam parar um trabalho para se
masturbar;
Deixam de sair com os amigos para fi-
car se masturbando;
Deixam de conhecer pessoas novas,
pois assinou um novo site e PRECISA
gozar para aquilo que está ali;
E o pior de todos: essas pessoas não
conseguem mais ter relações sexuais com
pessoas reais. Pois ela quer pessoas ideais,
aquelas pessoas que ela vê no filme.
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Isso por si só já é algo completamente


preocupante.
O que preocupa mais, além disso, é o fato
de os homens, em sua grande maioria, achar
que a mulher só tem valor se ela for igual
uma atriz pornô.
Por qual motivo ele sairia com uma mulher
misteriosa, se tem uma que está pronta para
dar tudo para ele?
Esse é o pensamento que acaba ocorrendo.
E em algumas mulheres o mesmo ocorre:
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Querer o homem com a barriga tanqui-


nho, com o pau grande, com aquela pegada
que faça com que ela goze horrores.
Eu sei, são poucas, mas ainda assim existe.
E como podemos evirar que isso ocorra?
A resposta é: não podemos.
Parece triste? Não, bom, pode parecer,
mas sempre temos algumas outras maneiras
de olhar para o copo e ver ele meio cheio
ainda, ainda bem.
Podemos e DEVEMOS estar em contro-
le de nossa própria situação.
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Se você parar para pensar, você se con-


sidera uma mulher que chega perto de ser
viciada em pornografia?
Você acha que, tenta emular os gestos,
gemidos, tudo que elas fazem, e por isso
você não consegue ser uma mulher miste-
riosa e enigmática?
Ou você faz isso, de querer ser igual a
elas, para simplesmente ter mais atenção
dos homens?
Sobre os homens eu nem perguntarei,
esse livro é para vocês e sobre vocês.
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Mas quero dar um aviso: se você estiver


nesse caminho para deixar de ser misterio-
sa e enigmática, só para ser parecida com
uma atriz pornô, para ser uma daquelas
por quem os homens levantam o pau na
hora, que querem comer...
E além disso: faz o que ele mandar. Tudo,
na hora.
Você é submissa.
Se você é assim e gosta de ser assim: eu te
respeito e espero que tudo continue dando
certo para você.
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Como já disse antes: não estou aqui para


julgar ninguém, e nunca julgaria principal-
mente uma mulher pela maneira que ela es-
colhe se expressar, ainda mais sexualmente.
Porém, se você for uma mulher que, se
comporta dessa maneira apenas pela pres-
são que sofre dos homens...
... por que não tentar os passos que ensino
lá acima?
E pense bem, tem um ditado que é velho,
mas sempre será atual: me diga com quem
andas que eu direi quem tu és.
Por qual motivo você está indo atrás de
homens como esses?
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Homens que procuram libertação de


gozo, do prazer ali, instantâneo?
Isso não tem futuro.
Mas, existe um bom balanço entre as
duas coisas:
Você pode ser uma mulher misteriosa
e enigmática, e ainda assim aproveitar de
sua sexualidade.
Isso é algo totalmente perfeito de se fei-
to, e pode ser realizado por qualquer uma
de vocês.
Mas nunca ao mesmo tempo.
Pois você precisa ser misteriosa primei-
ro, para depois conseguir fazer isso.
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Pois, se você fizer logo de cara, você fi-


cará marcada como essa mulher que só
quer isso.
E como eu disse, não existe nenhum
problema se você é uma mulher que quer
somente isso.
Está tudo bem.
Mas só imagina conseguir ser as duas?
Só imagina conseguir ser mais misterio-
sa e enigmática, e assim ficar com os ho-
mens bons?
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Passe a procurar homens certos em


locais certos, se for isso que deseja
para você.
Pois, infelizmente, eles gozam e per-
dem o interesse.
Mas quando se é misteriosa e enigmá-
tica, vocês podem até transar, e mesmo
assim, para ele e para você, você ainda
guardará segredos seus, coisas suas.
E isso continua te mantendo miste-
riosa e enigmática.
E quando isso ocorre, ele não se dará
satisfeito apenas com uma transa, com
uma rapidinha.
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Ele vai querer você sempre, pois ele gos-


tou do que teve, e ele quer mais. E cada vez
que ele está com você, ele descobre algo
novo, algo inusitado, algo que você não ti-
nha trazido para a cama ainda.
Isso fará com que você, além dele, também
acabe se permitindo mais do que já tem.
Você vai selecionar os homens que, ao seu
ver, merecem isso.
Uma mulher misteriosa, mesmo após o
sexo, mesmo após a transa, nunca sai da ca-
beça de um homem.
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Pois, na roda de amigos, ele nunca con-


seguirá falar tudo sobre você, nunca pode-
rá ser 100% compartilhado.
Ele sentirá que aquilo é algo tão bom, tão
especial, tão diferente de todo o restante
que ele já fez, que ele vai preferir guardar
apenas para ele.
Acha que é mentira?
Te garanto que não.
Se tem algo que homem possui pavor, é
de perder uma boa mulher para um ami-
go ou até mesmo outro homem, seja ele
quem for.
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Quando se tratar então de uma mulher


misteriosa e enigmática, ele terá todo o
prazer do mundo de tentar te fisgar, para
estar ao lado dele, para ele mesmo ter a
certeza de que, ele foi o escolhido.
Pois é isso que uma mulher misteriosa
faz, ela escolhe, ela não é escolhida.
Porém, como disse para você nas partes
de trás desse livro, o ser misteriosa e enig-
mática está ficando cada vez mais difícil,
por conta das redes sociais e como elas
mostram as pessoas.
Automaticamente, entramos nesse ema-
ranhado todo também.
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Pois não conseguimos viver sem redes


sociais, nem mesmo para trabalho, espe-
cialmente para trabalho.
Eu pensei muito em dar uma dica para
você, para você limpar seu perfil, deixar
ali, imaculado.
Mas olha só, cheguei a uma conclusão
melhor.
Algo que os jovens fazem hoje em dia,
ainda mais no Instagram.
Você pode criar um perfil fechado ex-
clusivo para você e seus amigos.
Isso é uma boa decisão a se tomar.
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Pois, o perfil que você possui já, pode


ser “limpo”, para ser deixado com um ar
mais de misterioso, e nisso você estará já
há um passo de ser essa mulher misteriosa
e enigmática.
Pelo menos nas redes sociais.
E quanto ao outro perfil, tranque.
Nem precisa colocar uma foto direta-
mente sua. Coloque a foto de algo ou al-
guém que goste, adicione seus amigos e
tranque ele.
Simples assim.
Ali, você poderá ser quem você é com
seus amigos e conhecidos mais chegados.
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Os que chegarem para fuçar, com certeza


não encontrarão ele, e sim o outro perfil.
E quando entrarem verão que não se tra-
ta de uma mulher que é toda aberta, sem-
pre compartilhando as coisas.
Isso fará com que eles se interessem,
porque o mistério já está ali, e a enigmáti-
ca... é o que vai leva-lo atrás de você.
Mas, tome cuidado. Ele pode querer te
adicionar nesse pessoal seu, o dos amigos.
E a resposta será sempre um não.
Rejeitar, recusar.
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Não aceite de maneira nenhuma, não


enquanto vocês ainda não se conhecerem
profundamente.
A ideia é que você se mantenha essa mu-
lher misteriosa, enigmática, que nunca está
totalmente ali, que é difícil de ser decifrada.
Essa é a coisa que procuramos nesse ce-
nário.
Então não o adicione na outra rede, não
aceite.
Caso contrário, muito trabalho terá sido
em vão, e a imagem que você queria tanto
passar... foi pelo ralo.
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MAS É POSSÍVEL SER


MISTERIOSA E ENIGMÁTICA
EM 2022?

Olha, se a gente for olhar somente com


o olhar das redes sociais, eu tenho que afir-
mar: é difícil.
Não é impossível, mas sim, é um pouco
mais difícil.
Estamos em um mundo plugado, conec-
tado, ligados um ao outro.
Estamos tão perto, e mesmo assim as ve-
zes, tão longe.
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E isso é uma merda, porque todos sa-


bem tudo sobre você.
Lembro que no começo do Facebook,
eles tinham toda uma bateria de perguntas
a serem respondidas:
• Filmes preferidos;
• Músicas preferidas;
• Locais preferidos;
• Quem você admira;
• Locais onde gosta de comer;
• Cor preferida;
• Status civil;
• O que te atrai em uma pessoa.
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Lembra disso? Uma verdadeira tortura,


ainda mais para extrovertidos e pessoas mais
misteriosas.
Mas não acabava nisso. Vinham os status:
Fulano está em tal local com 8 outras pes-
soas se sentindo abençoado.
E aparecia a foto do sujeito, lotado de pes-
soas, e comentários... chovendo comentá-
rios, chovendo emojis.
É algo difícil para se fazer hoje em dia sim,
mas não é nada impossível.
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Isso me fez lembrar de um amigo meu,


do peito, que quando cheguei nessa parte
do livro, liguei para ele e falei: “estou escre-
vendo sobre pessoas que são misteriosas e
detestam redes sociais, e lembrei de você”.
Porque ele realmente DETESTA.
E sabe a maior ironia da VIDA?
ELE TRABALHA COM MARKE-
TING DIGITAL. E ELE É EXCLENE-
TE NO QUE FAZ.
- “Conta minha história lá” – disse ele.
Mas não fala meu nome, quero permane-
cer no mistério.
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QUANDO o conheci, em uma seletiva


para uma vaga nesse local onde hoje ele é
metade sócio (olha como as coisas são – se
eu tivesse conseguido essa vaga, talvez não
estaria aqui escrevendo sobre vocês e para
vocês), ele já era quieto.
Sentado no canto dele.
Todos os outros caras conversavam en-
tre si, e lá estava ele, sentando em um can-
to, lendo.
Lendo um livro mesmo. De papel.
Poderia ser no Kindle, no celular. Mas
não, era no livro comum mesmo.
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A seletiva estava demorando demais, en-


tão descobrimos o motivo: iriam abrir uma
outra vaga e precisavam de pelo menos 2
horas de espera.
Pedir para que esperássemos mais 2 ho-
ras? Já estávamos ali há bastante tempo.
Eu sai do prédio e disse que já voltava,
como a maioria fez.
Eu fiquei na calçada um pouco, pegando
um pouco de ar fresco.
Ele saiu com uma roupa completamen-
te diferente da qual ele estava: ele estava
de camisa social, que não era bem social,
mas servia para aquele momento, mas lisa,
branquinha, uma calça jeans bem clara a
lavagem, e o cabelo todo arrumado.
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Quando o vi do lado de fora, nem pare-


cia a mesma pessoa: ele estava com uma
camiseta branca, um short de moletom
muito bonito, cinza, e os mesmos tênis.
Se dirigiu até uma banca de revistas que
tinha ali ao lado.
Não me cumprimentou. Passou por mim
e não cumprimentou. Pensei que ele era
arrogante e prepotente demais.
Comprou uma lata de Coca Cola, que
estava ESTALANDO DE GELADA, e
um maço de Marlboro Azul. Naquela épo-
ca tinha esse cigarro que era melhor que o
Marlboro Light, segundo ele.
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Sentou na cadeira de uma mesa que tinha


por ali, acendeu o cigarro, e depois limpou a
lata de coca cola antes de abrir.
Assisti fascinado o tanto que ele fumava:
em uma lata de Coca Cola ele fumou pelo
menos 2 cigarros.
Depois notou que eu estava olhando de-
mais para ele.
Mas eu continuei na minha, desviei o olhar
e entrei novamente para o prédio.
Ele apareceu depois de 30 minutos: com a
roupa social, e com o cabelo todo arrumado.
Sentou-se ao meu lado.
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E foi incrível, pois eu não senti nenhum


rastro de cigarro nele: nem na camisa, nem
no hálito, em nada.
Meses depois, quando chegamos a ser
amigos, ele me disse que sempre carregava
na mochila dele uma troca de roupas.
Que mesmo sendo fumante, ele detesta-
va o cheiro de cigarro.
Mas foi muito interessante ver aquele ra-
paz, que não tinha redes sociais, nenhuma,
conseguir a vaga.
Já como amigos, ele me contou como
aconteceu:
- Como você conseguiu aquela vaga?
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- A que fizemos a seletiva juntos?


- É.
- Por conta do meu trabalho, oras.
- Mas era requisito ter redes socias, e
você não tinha, você ainda não tem.
- Eu apresentei minhas campanhas de
maior sucesso, e quando me perguntaram
sobre as redes sociais, eu fui sincero: disse
que não tinha.
- E o que eles falaram?
- Que era obrigatório.
- E aí?
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- Aí que eu usei a carta que sempre uso na


manga. Fui sincero com eles. Disse: sei que
não possuo, e é por eu realmente DETES-
TAR essa exposição que elas trazem. Mas
que eu tinha os melhores casos na minha
mão. Eu consigo trabalhar com Marketing
Digital sem a necessidade de colocar mi-
nha cara na frente de tela nenhuma.
- Como?
- Eu faço gestão de tráfego, não é um
monstro de sete cabeças. Você não precisa
colocar seu rosto para vender seu produto.
Todas as minhas reuniões são presenciais,
e quando não tem como, então abro uma
exceção e falo pelo zoom.
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- Mas eles te deram a vaga mesmo assim?


- De maneira nenhuma, eu tive que ser
muito cara de pau e confiar em mim mesmo.
- O que você fez?
- Fiz uma contraproposta.
- Qual?
- Falei para eles: temos 23 caras lá fora. Eu
tenho certeza absoluta que meu portfólio é
o melhor de todos. Eu trabalho duro para
isso. Com minhas campanhas, já consegui
aplicar 600 reais em anúncios no Facebook
e ter retorno para os clientes de 60 mil reais.
- Caramba.
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-Sim, então falei para eles: vocês têm


duas escolhas: pegarem um cara super di-
nâmico lá fora, que ama falar e se expres-
sar na frente das câmeras, mas que não
tem vendas nem perto da minha, ou vocês
contratam o melhor que tem aqui. Fazer
vocês ganhar dinheiro é uma garantia mi-
nha. Meu portfólio fala por si só.
Mas eu lembrava muito bem que não
tinham escolhido ele para nenhuma das
duas vagas.
As duas vagas eram para monitorar Ins-
tagram de clientes, de fazer reuniões o dia
todo, de gravar vídeos para a empresa.
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- Mas você não conseguiu nenhum das


vagas, lembro que foi para aqueles irmãos,
não foi?
- Exato, deram para eles.
- E aí?
- Agradeci e fui embora. Quando che-
guei no lobby, me ligaram pedindo para
subir novamente. Tinham conversado en-
tre eles, e disseram que abririam uma vaga
só para o meu trabalho, porque a empresa
tinha nome, mas não tinha vendas desse
nível que eu conseguia.
- Eles abriram a vaga exclusivamente
para você?
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- Para o trabalho que eu faço, não para


mim.
- E você aceitou.
- Sim, mas já entrei dando trabalho, e ali
mesmo teve uma leve discussão.
- Por que?
- Porque eu pedi uma mesa separada,
não queria trabalhar perto dos outros. Eu
não funciono em grupo, eu sei disso desde
muito cedo, simplesmente não dá.
- E o que rolou?
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- Rolou que, falaram que eu queria de-


mais, mas depois de 3 semanas vendo-me
com o pessoal, viram que eu não conseguia
me concentrar, daí me deram uma mesa
sozinha em uma sala minúscula.
- E quais foram os resultados?
- Eu os fiz ganharem mais de 300 mil
naquele mês, investindo pouco mais de 10
mil reais.
- Caramba.
- É, foi aí que me deram uma sala nor-
mal, branca, com ar, e dali um tempo eu
consegui cair nas graças deles e acabei vi-
rando sócio. Mas olha só que coisa doida.
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- O que rolou?
- Quando eu estava lá, o pessoal falava
que eu era muito misterioso e enigmático.
Apesar de eu saber separar bem as coisas,
mas teve mulheres lá, estagiárias mesmo,
que nem sabiam meu nome e até sexo oral
ofereciam. Falavam que eu tinha cara de
bravo, de sério, que devia meter com força,
com raiva. Cada coisa doida. De onde elas
tiram essas coisas?
Queria falar para ele que isso não é doi-
dice não, que isso não é uma mentira.
Isso tudo aconteceu pelo fato de ele ser
alguém EXTREMAMENTE misterioso.
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Eu mesmo, até hoje, com mais de 5


anos de amizade que temos, não sei
metade das coisas sobre a vida dele.
E ele também não sabe muito sobre
a minha.
Mas eu quero elencar para vocês essa
preocupação, essa certeza que damos
que é a de que: quando se vira alguém
misterioso, as pessoas começam a ima-
ginar.
Imagine você: alguém que pode ser
tímida, mas sendo misteriosa. As pes-
soas já vão começar a indagar:
• Será que ela é solteira?
• Será que namora?
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• Mas ela não usa aliança;


• Ela usa aliança, mas nunca vimos ela
com ninguém;
• Ela chega e sai daqui sozinha;
• Ela dá bom dia e boa tarde, e um tchau,
só;
• Ela sempre fica super na dela;
• Mas você sentiu o perfume dela? Ca-
ramba, bom demais;
• Ela nunca entra em assuntos sérios;
• E quando entra, ela fala o mínimo pos-
sível;
• E o mínimo possível que ela fala, sem-
pre é algo muito marcante;
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• Será que teria uma chance com ela?


• Por que ela não fala como as outras
mulheres?
•Você viu as redes sociais dela? Todas fe-
chadas. Quero saber o que tem lá, vamos
fazer um fake.
Tudo isso vai ocorrer sim, sabe o moti-
vo? PORQUE AGORA VOCÊ É UMA
MULHER MISTERIOSA.
E vamos responder para você, os moti-
vos deles pensarem dessas maneiras acima.
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• Será que ela é solteira?

Isso já é uma dúvida que a maioria das pes-


soas possuem sobre as outras.
Não é novidade nenhuma.
Mas, vamos lembrar daquela sua amiga, da-
quela conhecida, que coloca nas redes sociais,
escrito bem grande:
SOLTEIRA SIM, SOZINHA NUNCA lol
Não minta para mim que você não conhece
uma amiga assim (ou uma inimiga).
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Todos conhecemos alguém que faz o fa-


vor de deixar MUITO explicito TUDO O
QUE FAZ.
E sempre é no Instagram, seguido de
uma foto bem sensual da pessoa, com le-
gendas filosóficas.
Ok, isso é legal por um lado, a pessoa
passa a se expressar, abre a caixinha ali para
os pretendentes, pois eles verão a mensa-
gem e pensarão:
- Nossa, ela está solteira, mas nunca está
sozinha, então eu tenho é muita chance
com ela.
E manda o papo. E pode ser que consiga
dar uma, duas, três.
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Nunca se sabe.
Mas a diferença dessa pessoa para a mu-
lher misteriosa, é que, para começo de con-
versa, a misteriosa nunca vai postar isso.
Ah não ser que seja aquele perfil que
conversamos lá acima – um perfil privado
somente para ela e os mais chegados -.
Mas quando eles não a veem com nin-
guém, em lugar nenhum, eles começam a
se perguntar, até onde essa mulher que é
misteriosa... vai.
E se vai, com quem vai?
Pois veja o que ocorre: SOBRA ESPA-
ÇO PARA A IMAGINAÇÃO.
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E você sabe como a imaginação é, ela voa


alto, ela alimenta a fantasia das pessoas de
todas as idades (ainda mais de adultos curio-
sos sobre a vida alheia das pessoas).
Então quando você é quieta, na sua, re-
servada, mas ainda assim uma pessoa boa,
que não é grossa e não faz questão de SE
MOSTRAR, foco aqui, a palavra-chave é SE
MOSTRAR, você passa DIRETAMENTE
para outro nível, pelo simples fato de cuidar
de sua própria vida e não precisar anunciar
nos 4 cantos do Instagram.
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Isso é algo bom demais, porque as pes-


soas querem o que não tem, o que não po-
dem ter, o que é difícil.
E nisso vem o magnetismo, de ser al-
guém não só misteriosa, mas COMPLE-
TAMENTE enigmática.
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• Será que namora?

Bom, eu acho que ela é solteira, sei lá, ela


não fala nada sobre isso, para ninguém.
Mas, será que ela namora?
Eu nunca a vi com nenhum cara, e ela não
dá bola para nenhum deles, isso é estranho.
Mas ela não é daquelas mulheres que tem
raiva, ódio dos homens.
Ela trata a todos bem, mas nunca sorri
completamente, sempre um sorriso de can-
to, meio amarelado, fechado.
E ela sabe que a gente é curioso sobre ela,
pois a gente fica olhando e comentando.
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E sabe o melhor?
Ela nem liga para isso, e isso deixa ela mais
interessante ainda.
Mas que caramba, ela namora ou não?
Tem que namorar, que homem deixaria
uma mulher misteriosa dessas passar? E ela
é enigmática também. Certeza que namora.
Assuntos como esses sempre vão surgir,
pois você é uma mulher misteriosa agora.
E eles falarão de você sempre que te ve-
rem: pode ser na pausa do café, pode ser
na hora do almoço... não importa o horário,
eles vão falar sobre você.
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Pode ter certeza que, naquela pausa para


o café, vão ficar se perguntando o que tan-
to você esconde, ou pelo menos o porquê
você é assim, tão quieta, tão na sua.
- Mas repara: ela é na dela, quieta, miste-
riosa, mas ela NUNCA tratou ninguém mal
aqui. Nem homem, nem mulher.
- Eu também já percebi isso.
- Porque tem umas mulheres que odeiam
homens. Mas não, ela é diferente, ela é legal.
- Mas ela nunca está aqui 100%
- Nunca.
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- Mas ela tem esse ar de mulher fatal, não


tem?
- Rapaz, e como tem, daria de tudo para
saber um pouco mais sobre ela, algo além
do que está aqui debaixo de nosso nariz.
Se acostume, conversas como essas se-
rão realmente uma rotina para você, quer
você esteja perto ou não.
Cabe a você, alimentar essa curiosidade
deles, e dessa vez, dar as cartas de verdade,
pois é você quem manda.
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• Mas ela não usa aliança;

- Você já reparou na mão dela? Não tem


aliança, nem na direita e nem na esquerda.
- Mas por qual motivo vocês estão inte-
ressados nisso?
- É porque, se ela namorasse, teria uma
aliança, certo?
- Certo.
- E se fosse casada ou noiva, também
teria uma aliança, não é? Não é assim
que funciona?
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- Geralmente é. Vocês já viram ela


com alguém?
- Ninguém.
- Será que ela é...
- Não importa o que ela seja, isso é o
pior: ela é tão misteriosa, que a gente
não consegue nem saber o que ela é,
o que ela gosta, de quem ela gosta, se
tem alguém...
- Isso é ruim, né?
- Demais. Você já viu as outras mulhe-
res da empresa, do escritório? Já viu?
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- Lógico, todas elas postam fotos no


Instagram, cada mês com um acara novo,
e cada mês elas amam mais eles do que
os últimos.
- Elas colocam aquele emoji de aliança
no perfil e marcam o perfil do cara na
frente, com um coração.
- Que bosta, né rapaz?
- Nem me fale, são desesperadas.
- Mas e no perfil dela?
- É trancado.
- Já pediram para seguir?
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- Já, mas ela não aceitou. Essa é dura na


queda, misteriosa, fortona, teimosa. Gosto
de mulher assim.
- Mas ela com certeza não gosta de caras
do seu tipo, pois se gostasse, teria te acei-
tado lá.
- Bom, isso é verdade.
- Mas e se ela usa a aliança na corrente,
em volta do pescoço?
- Não dá para ver, porque ela usa roupas
que não mostram demais. São ou bem bá-
sicas, mas muito bonitas e profissionais, ou
realmente profissionais somente.
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- Nunca nem conseguimos ver os pei-


tões dela.
- E como você sabe que é peitão?
- Não sei, estou imaginando cara. Não
dá pra saber nada sobre ela, só o que ela
deixa a gente saber.
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• Ela usa aliança, mas nunca vimos ela


com ninguém;

- Ô, chega aí.
- Fala mano.
- O Rodolfo do financeiro falou que viu ela
com uma aliança hoje.
- Sério?
- Sério mesmo, perdemos mano, ela namora.
- Mas calma, pode ser apenas um anel nor-
mal, algo que ela use porque goste.
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- Cara, por que alguém usaria algo assim


ou faria algo como isso? Não faz sentido.
- Porra, a vida é dela, ela pode fazer o
que quiser.
- Mas pensa bem, mesmo que ela use o
anel, aliança, o que quer que seja, quem é
o cara?
- Não sabemos.
- Vocês nunca viram ela com ninguém?
- Nunca.
- MESMO?
- Mesmo.
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- Nem no celular, nem em mensagens,


nem algum áudio, ela nunca comentou
nada com NENHUMA das outras mulhe-
res que trabalham aqui com a gente?
- Nunca. E sabe...
- O que?
- As outras mulheres a odeiam.
- O que? Por que?
- Porque além dela ser misteriosa, ela não
se entrosa com elas. Ela não curte papo fú-
til, ela sempre fala sobre política, finanças,
mas sempre com uma voz ponderada.
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- CARALHO, QUEM É ESSA MU-


LHER? SE AS OUTRAS ODEIAM ELA,
EU JÁ A AMO.
- Calma, rapaz, calma.
- Estou falando sério: ela é misteriosa e
enigmática demais, minha cabeça já está
dando voltas imaginando as coisas.
E ela é comedida, calma, delicada, mas
ainda assim impõe respeito apenas com
um olhar, não é fútil... e conversa conosco
normalmente, só nunca se aprofunda em
nada sobre ela...
- Será que ela tem um passado feio?
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- Acho que não, sei lá.


Se prepare. Às vezes acharão isso, que
seu passado é feio ou algo terrível acon-
teceu. Mas essa é só mais uma das coisas
que passam na cabeça deles, que eles não
levam adiante.
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• Ela chega e sai daqui sozinha;

Vai virar consenso entre todos: vão querer


MESMO saber se você está com alguém.
E mesmo que saibam que você usa uma
aliança, a dúvida ainda vai pairar no ar:

- Quem é esse namorado dela?


- Não tenho a menor ideia de quem seja.
- Você já reparou em algo?
- No que?
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- Ela SEMPRE chega aqui no horário


certinho. E sempre vai embora na hora
certa também.
- Tá, e o que isso tem a ver?
- Tem a ver que, quando ela faz uma hora
extra ou surge algo de última hora, eu tam-
bém estou por aqui.
- E?
- E que eu NUNCA a vi chegando aqui
com alguém, com ninguém, mesmo.
- Tá, mas e daí?
- E daí que eu também NUNCA vi ela
saindo com ninguém. Ela sempre chega
sozinha e sai sozinha.
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- E onde isso é problema?


- Isso não é um problema, está longe de
ser um problema, só estou comentando.
- Você realmente está vidrado nela, não
está? Caramba, eu nunca te vi assim, nunca
te vi assim com ninguém.
- É, isso é doido demais, mas tem algo
nela ali. Tem algo. Esse mistério todo, me
deixa doido.
- Para com isso.
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- Estou falando sério. Me responda na


sinceridade: você nunca ficou curioso por
ela? Onde mora, o que faz, o que gosta de
fazer, se ela namora, se é noiva, se é casada,
se mora sozinha, onde sai, se tem muitas
amigas? Nunca parou para pensar nisso?
- Olha, ela deixa um mistério grande no
ar, não é difícil imaginar essas coisas, eu
imagino sim, mas não tão profundamente
quanto você, você está obcecado por ela.
- É, eu estou.
- E com tanta mulher dando mole pra
você...
- ... e eu quero justo essa enigmática, a
misteriosa.
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• Ela dá bom dia e boa tarde, e um


tchau, só

- Você já reparou nisso?


- No que?
- Ela sempre cumprimenta a todos, e
sempre com um MEIO SORRISO no ros-
to.
- E daí?
- E daí, por que um MEIO SORRISO?
- Porque ela é assim, por que você está
tão interessado nela assim?
- Não é interesse, é que ela desperta essa
curiosidade. Porque, veja bem uma coisa.
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- Diga lá.
- Tem muitas mulheres, muitas mulhe-
res MESMO, que AMAM fazer joguinhos,
amam essa merda. Elas se arrumam, se pro-
duzem, e sempre tentam passar para você,
para elas mesmas e para o mundo, de que
elas não precisam de homem para nada, de
que elas são o suficiente e que os homens
são os inimigos.
O que acontece? Elas nem cumprimentam
os homens, ficam naquela coisa de feminis-
mo isso, feminismo aquilo. Está certo até aí,
porque sempre tem uma puta que está pron-
ta para dar para a gente, que mulher em são
consciência iria recusar um pau grosso des-
se, um corpo maneiro, e dinheiro?
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Mas ela... ela não é NADA igual a essas


mulheres. Ela não colocou homens como
inimigos. Pelo contrário: ela cumprimen-
ta a todos nós, e quando é alguma coisa
de trabalho, ela sempre está à disposição,
sempre executando ou pedindo algo.
E não tem conto a maior de todas ainda.
- Manda bala.
- Ela participa das conversas de vez em
quando, mas SOMENTE NAS QUE ELA
JULGA SER INTERESSANTE. MAS
ELA NUNCA, NUNCA MESMO, FAZ
CARA DE DESINTERESSADA.
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Ela apenas acompanha a conversa, con-


corda ou discorda com uma cara ou outra
(e foram raras as vezes que vi isso), e quan-
do ela dá uma opinião, ela sempre fala algo
muito forte, algo que fica em nossa cabeça
por muito tempo depois. Isso, quer dizer:
ela gosta de todos nós, ela só é super in-
teressante, pois nunca vi mulher nenhuma
fazer isso que ela faz.
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• Ela sempre fica super na dela

- Você com certeza percebeu isso, não


percebeu?
- Que ela SEMPRE está na dela, sempre
de boa.
- Sim, você acabou de me falar, não tem
nem dois minutos isso.
- Mas esse na dela, é diferente.
- Como assim, diferente?
- Sabe como as outras mulheres ficam na
delas, mas ficam sempre no celular, sempre
tirando uma foto ou no feed do Instagram
por horas até?
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- Como sei, minha namorada é assim.


- Então, ela fica na dela só. Ela nunca
está com o celular na mão, ah não ser que
seja para resolver problemas do trabalho,
como eu já vi acontecer algumas vezes.
- Mas e daí? O que isso tem a ver? Por
qual motivo isso a torna assim tão miste-
riosa, tão enigmática?
- Presta atenção, seu burro. Ela está
SEMPRE na dela, MAS quando ela tem
uma opinião sobre algo... ela opina. Você
já percebeu isso?
- De vez em quando.
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- Ela SEMPRE opina, e as opiniões dela


não são mesquinhas, nem de lacração, nem
de extremos: ela opina com estudo em
mente, e sempre fala coisas legais, coisas
de boa. Mas ela NUNCA deixa se transpa-
recer por inteiro.
- Entendi.
- Entendeu agora?
- Entendi, isso realmente faz a gente ima-
ginar as coisas sobre ela, porque eu já a ouvi
dando opinião uma vez sobre um assunto,
e enquanto TODAS as outras mulheres fa-
lavam de traumas, parecia até um campeo-
nato para saber quem tinha sido chifrada
mais, quem era a mais corna, quem tinha
mais orgulho disso, ela simplesmente não
disse nada sobre os relacionamentos dela.
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- Sério?
- Sério, ela apenas disse algo como: a
gente resolve dar a importância para um
assunto se ele é importante para a gente,
não existe muito segredo. E saiu, toda fina,
SEM ARROGÂNCIA NENHUMA.
- CARALHO. E as outras?
- Ficaram lá, falando mal dela.
- Falando nela... você já sentiu?
- AH JÁ, NEM PRECISA TERMINAR
A FRASE.
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• Mas você sentiu o perfume dela?


Caramba, bom demais;

- Cara...
- Não tem nem o que falar.
- Você sentiu?
- Se eu senti? Puta que pariu amigo, todo
mundo sentiu.
- Que coisa divina.
- Nem me fale.
- Que cheiro tu acha que é aquele?
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- Não sei, realmente não sei, só sei de


uma coisa...
- .. que é gostoso e sexy pra caralho?
- Mais que isso, faz a gente ficar imagi-
nando, e eu nunca fui de imaginar, você
me conhece, mano.
- Sei como é, sou do mesmo jeito, somos
cachorros, não tem o que fazer sobre isso.
- É isso aí irmão, mas então, eu me pe-
guei pensando nela, tudo por causa desse
maldito perfume, acredita?
- Porra, lógico que acredito, comigo foi a
mesma coisa.
- Não é nacional não, viu?
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- Eu ouvi as meninas comentando sobre,


na sala do xerox, acho que foi semana pas-
sada.
- E aí?
- Daí que estão com inveja, né? Tem algo
que aquelas barangas não tenham inveja?
- Elas têm inveja de tudo e falam mal de
todo mundo, ta doido.
- É, mas dessa não tem o que falar mal,
porque elas não sabem anda sobre ela, e
elas falam mal mesmo ela sendo super de
boa com elas, nunca vi ela dando uma pa-
tada em ninguém, sendo grossa, ríspida,
nem mesmo inatingível.
- Elas falaram mais o que?
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- Falaram que ela é o pior tipo de mulher


que existe.
- Como assim?
- Falaram que ela é misteriosa, e só por
isso, ela é um perigo só.
- Sério mesmo?
- Sério, e depois eu ouvi a Shirley e a Ro-
sana, na hora do café, falando que vão ten-
tar ser como elas, porque todos os homens
estão caindo por ela.
- Puff, boa sorte para elas.
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• Ela nunca entra em assuntos sérios

- Você ouviu ou pelo menos viu o que


aconteceu ontem no horário de almoço?
- Sim, ficamos todos aqui, resolvemos
pedir algo pra comer, lógico que eu vi, eu
estava aqui.
- Não, paspalho, estou falando da confu-
são que deu aquele assunto.
- O da política?
- Sim.
- Lógico que eu vi e ouvi, eu estava no
meio, como eu não veria ou ouviria?
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- Aquilo foi um grande erro.


- Você acha? Já cansei de falar: religião, po-
lítica e futebol não se discutem, sempre aca-
ba dando briga, isso é um fato, todo mundo
sabe, não sei porque insistem nisso ainda.
- Exato, eu já cansei de falar para eles aqui
também: parem de discutir sobre essas coi-
sas, sempre acaba dando merda.
- Mas você viu quem não abriu a boca?
Não deu nenhum pio sobre o assunto?
- Sim, a nossa misteriosa.
- Ela ficou super na dela. Não esboçou ne-
nhuma reação.
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- Eu percebi isso, todo mundo percebeu.


- Você viu que depois ficaram falando
mal dela por conta disso?
- Mas por que?
- Porque disseram que quem não defen-
de nenhum lado, sempre está do lado que
está fazendo as coisas ruins.
- Olha, na minha opinião, ela foi bem
sensata de ficar na dela, porque acabou so-
brando mesmo ela não falando exatamen-
te NADA.
- Exato. O pessoal fica doido se você de-
fende, fica doido se você não defende, e
no final acabam ficando doido se você fica
quieto, o que é o mais sensato a se fazer
em situações como essas.
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- Elas têm inveja dela, ficam imaginando


que ela ou não deve gostar de política ou
defende um dos dois caras, ou algo assim.
E o pior, ninguém nunca vai saber de qual
lado ela está, porque a gente nem tem onde
procurar por isso.
- Mas ela está certa. Não tem nada mais
bonito, mais enigmático em uma mulher,
até em uma pessoa no geral, do que não
falar nada em uma situação como a de on-
tem.
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• E quando entra, ela fala o mínimo


possível

- Mas nem sempre é assim, você já per-


cebeu isso?
- O que está querendo dizer?
- Lembra que na semana após esse ne-
gócio da política, tivemos algumas discus-
sões sobre...
- Porra mano, seja mais específico, dis-
cussões é o que mais tem nesse escritório.
- Estou falando sobre a discussão pela
sala da Ana, de quem ficaria com a sala.
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- Lembro, que bosta, esse pessoal sempre


arruma alguma coisa para brigar.
- Na MINHA opinião: quem deveria ficar
com a sala é quem tem o melhor desempe-
nho e ainda não tem uma sala.
- Eu concordo.
- Mas você sabe que não é sempre que
funciona assim, não é?
- Lógico que sei, aqui está cheio de mereci-
dinhos do papai, pessoas que são indicadas.
- Foi por isso a briga, porque iriam colocar
o Rafael lá, e ele não é alguém super grande
aqui dentro, em questão de mostrar serviço,
você sabe disso.
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- Eu sei disso, sei sim.


- Só sei que, pela primeira vez eu a vi
opinar em algo, e foi logo quando per-
guntaram para ela.
- Sério? Onde eu estava essa hora?
- Sério, você devia estar em reunião,
algo assim.
- O que ela disse?
- Ela foi curta e grossa. Mas quando
digo curta e grossa, quero dizer que ela
não ficou fazendo rodeios. Ela disse o
que estava na mente dela, mas com toda a
educação, até a voz dela estava suave, não
se alterou em nada.
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- Porra, fala logo o que ela disse.


- O Javas perguntou pra ela o que ela
achava, e ela simplesmente disse:
- O que eu acho não vai interferir em
nada disso. Eu acho que todos deveríamos
continuar fazendo o que nos é dado, e ape-
nas torcer para o melhor, não é como se
nada na vida tivesse garantia.
- Sério que ela mandou essa?
- Sério.
- Pessoal falou o que para ela?
- Nada.
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• E o mínimo possível que ela fala,


sempre é algo muito marcante

- Está vendo cara? É disso que eu estou


falando: ela quase não fala, quase não dá pal-
pites, quase não expõe a opinião dela, mas
quando expõe, ela fala pouco, e fala bonito.
- Lógico, porque ela é reservada. Porque
ela é não só enigmática e misteriosa, mas ela
tem cérebro, diferente da maioria daqui.
- O pessoal não falou nada depois para
ela mesmo?
- Nada.
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- Caramba, ela bota banca mesmo, e sem


querer botar, apenas com uma frase dessa.
- Apenas com uma frase dessa.
- Mas com certeza o pessoal falou mal
dela depois, pelas costas dela, eu tenho
certeza disso.
- Mas é lógico, se tem algo que esse pes-
soal aqui faz é isso: ouvem algo e transfor-
mam em algo totalmente diferente.
- Lembra daquela vez que ela ainda ten-
tava ser mais chegada das outras meninas
e deu a confusão?
- EXATO. Era isso que eu ia falar agora.
Eu lembro que elas ficaram putas, mas eu
não lembro o assunto.
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- A Karina estava falando sobre ter sido


traída, PARA TODO MUNDO QUE
QUISESSE OUVIR. E as meninas esta-
vam lá do lado dela né, fazendo uma mé-
dia, dando uma força aqui, outra ali, mas
no final das contas, você sabe, nenhuma
delas liga realmente.
- Sei bem como é.
- Então, daí perguntaram para ela, o por-
que ela achava que os homens traiam.
- Eu lembro que ela respondeu: pelo
mesmo motivo que os cachorros lambe-
rem as próprias bolas: porque eles podem.
- EXATO HAHAHAHAHAHA.
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- Elas acharam que ela estava dando um


passe livre para os homens trair, explican-
do, mas não era isso. Ela quis dizer que,
assim como os cachorros fazem por sim-
plesmente CONSEGUIREM fazer, os
homens fazem a mesma coisa. Não por-
que pode de PODER, mas porque CON-
SEGUEM FAZER.
- Eu lembro disso.
- E depois foram tirar satisfação com ela,
você lembra? Chegaram nela e pergunta-
ram o motivo dela ter falado aquilo, que
foi desnecessário, que a Karina já estava
machucada.
- Ela disse o que?
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- Ela disse: vocês sabem exatamente o


que quis dizer, não façam o assunto ser
maior do que é. Não façam isso, não esta-
mos no ensino médio. E saiu.
- Caramba, ela é foda.
- Se é. Isso sim é uma mulher de verdade.
- Mas me fica uma dúvida na mente ago-
ra...
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• Será que teria uma chance com ela?

- Será que eu teria?


- Ah cara, não sei.
- Como assim não sabe?
- Não sei mano, você tem que chegar
nela e perguntar, não perguntar para mim.
- Mas do que você vê dela, do que você
observa.
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- Não sei. Ela é enigmática, isso eu tenho


que concordar com todo mundo: ela hip-
notiza. As roupas, o perfume, como ela se
porta, o fato de nunca dar a opinião dela
em uma briga grande. Mais que isso: ela se
porta como alguém alheia a isso, mas nun-
ca é grossa, nunca é ríspida, mal educada.
- Exato.
- E não para por aí: ela sempre está pron-
ta para ajudar, mesmo se falaram mal dela,
como já aconteceu. E ela sorri. Pouco, mas
ela sorri. Geralmente quando está lendo
um livro no horário que sobra do almoço.
- Eu percebi isso uma vez.
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- Quer dizer, QUEM LÊ LIVROS AIN-


DA? E QUEM SORRI LENDO UM LI-
VRO PESADO?
- Você foi pesquisar o livro?
- Só a sinopse, e não parece ser algo hi-
lário não, é uma história pesada sobre um
cara que... dane-se, o que importa é: não
sabemos se ela namora, se não namora,
se é casada, noiva, de nada. Não sabemos
nem quem são os amigos dela ou o lugar
que ela frequenta.
- É, isso diminui muito nossas chances.
- Demais.
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- E outra: eu nunca tinha visto uma


mulher tão misteriosa quanto ela. Em
um mundo ontem todo mundo quer ser
o primeiro, se mostrar como o melhor,
principalmente as mulheres, ela fica na
dela, ela nunca está no meio do bando,
ela sempre está de boa na dela.
- Isso é verdade.
- Que chances dois tontos como nós
teríamos com uma mulher como ela?
Quer dizer...
- Se ao menos a gente descobrisse o
que ela pensa, o que ela gosta, qual o tipo
de cara dela...
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- É, mas nem isso, nem isso mesmo, por-


que ela não divide nenhuma dessas infor-
mações com as meninas.
- Elas conversam sempre?
- Nem sempre, nem sempre.
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• Por que ela não fala como as ou-


tras mulheres?

- Por que você acha que ela nunca fala


com as outras mulheres daqui do trabalho?
- Não é que ela NUNCA fala, ela con-
versa, mas as meninas resolveram excluir
ela.
- E por qual motivo?
- Uma delas falou que é porque ela “se
acha demais”.
- Eu nunca vi isso.
- Eu também não.
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- Ah, saquei o que é já.


- Sério?
- Sim. Funciona assim: ela nunca falou
sobre a vida pessoal dela para as meninas,
ela só fala sobre trabalho. As meninas já
disseram que ela fala sobre músicas, algum
filme que assistiu no final de semana, essas
coisas mais bobinhas, mas NUNCA sobre
vida pessoa.
- Nada?
- NADA. Nem família, nem amigos,
nem namorados, ficantes, noivo, marido,
NADA, absolutamente NADA.
- Eu imagino o quanto isso deve ter dei-
xado elas putas.
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- Pois é exatamente o que aconteceu,


porque elas levaram pelo lado errado.
- Como sempre.
- Elas acham que ela faz isso de propó-
sito, mas não é. Eu sei como isso funciona
mais ou menos: tem pessoas, assim como
ela, que tem mesmo essa áurea de mais
enigmática, misteriosa. E muitas vezes a
pessoa ou nasce com isso, ou dá um duro
danado para que isso aconteça. O proble-
ma não é isso. É que, quando essa pessoa
vê e entra nesse mundo, ela começa a per-
ceber que, os papos tontos, as conversas
sem sentido, falar mal dos outros, expor a
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própria vida: cada ganho, cada perda, cada


foto, cada like, cada filtro.... qualquer coisa
dessas, vira algo sem valor para essa pes-
soa, porque ela passa a valorizar as coisas
que são importantes mesmo. Coisas como
família, amigos, passar tempo de qualida-
de com essas pessoas, são isso que elas
focam, é esse o ponto delas, de mulheres
como elas.
- Mas as meninas são muito adolescentes,
não é? Tem 30 anos e parece que saíram de
um filme de colegial, que coisa grotesca.
- Exato, viram que ela pensa diferente, e
acabaram parando de falar com ela.
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- Ela correu atrás das meninas?


- De jeito nenhum, só ficou mais na dela,
nem se importou. Porque para ela, isso
realmente não tem a menor importância.
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• Você viu as redes sociais dela? To-


das fechadas. Quero saber o que tem
lá, vamos fazer um fake.

- Você chegou a ver alguma rede social


dela?
- Não, nenhuma.
- Nada?
- Não. Quer dizer, eu tentei, mas TO-
DAS, TODAS são fechadas.
- Tem uma que não é.
- Eu sei, o LinkedIn.
- Exato.
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- Mas o LinkedIn é só de coisas de


trabalho.
- Eu sei, queria saber mais sobre ela,
mas nem isso conseguimos.
- E se tentarmos um fake?
- Não adianta, já tentei e não rolou de
jeito nenhum, ela só aceita conhecidos e
quem ela quer.
- Aí fudeu.
Os diálogos acima, representam situa-
ções inusitadas, mas que ocorrem com
muita frequência, quando você é uma
mulher misteriosa.
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Pense só comigo: você se tornou miste-


riosa com todas as dicas que eu dei.
Você teve a história da Maria, que no
começo do livro, nos mostra exatamente
como era ser uma mulher misteriosa nos
anos 50/60.
Mas daí você pode me questionar: poxa,
mas e ela ficou com aquele cara e você não
vai contar para a gente?
SABIA que vocês iam querer o final da
história dela.
Vou ser breve com vocês, para que eu
possa concluir o raciocínio de todo o livro
em si.
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Maria me contou que, mesmo sendo nos


anos 50 e 60, onde era basicamente uma
OBRIGAÇÃO as mulheres serem miste-
riosas (ela diz que elas não podiam ter uma
voz, e eu concordo plenamente com isso).
Nunca vou tirar a voz de uma pessoa que
viver aquilo, ainda mais sendo mulher.
Mesmo com toda essa coisa de ser miste-
riosa, ela sempre foi a frente de seu tempo.
Quando resolveu namorar o rapaz, não
contou tudo de sua vida para ele, isso mes-
mo, o Gu.
Eles passavam a maior parte do tempo
juntos, e ele também queria esquecer a
vida dele, lá no passado.
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Mas, como ela estava procurando trabalho


em sua área como uma doida, ela não estava
dando conta de algumas coisas.
Contou com a ajuda dele.
Ele disse que o pai havia falecido, e tinha dei-
xado para ele e para as irmãs, herança e terras.
Mas que sua mãe ainda morava por lá.
Ela quis saber, de uma vez por todas, onde
era esse lá, que ele vivia falando sobre, pois, ela
não falava sobre o passado dela, tinha muita
vergonha disso.
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Mas ele falava de boa sobre o dele, só


nunca tinha tocado no nome de pai, mãe,
irmãs, pois eram coisas tão distantes da rea-
lidade dele, da realidade de ambos, que ele
não queria que isso interferisse em nada.
Porém, uma noite, ele compartilhou com
ela o desejo de se casar com ela.
Ela foi pega de surpresa.
Lembrou-se do que disse para a mãe:
que nunca iria se casar.
Mas ele era diferente, e além dessa pro-
posta, ele fez outra.
- Gu, eu já te disse, quero ter uma carrei-
ra, ser alguém.
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- Eu sabia que você ia falar isso, sabia.


- Mas, a gente pode continuar se vendo.
- Não é isso que eu quero.
- O que você quer, eu não posso dar. Eu
prometi a mim mesma, a minha mãe que
eu teria uma vida diferente desta.
- Maria... minha mãe está muito abalada
com a morte de meu pai, muito mesmo.
- E eu sinto muito por isso, de verdade
mesmo, sinto muito.
- E ela quer me ver casado, ela quer.
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- Eu não posso ceder isso somente por-


que sua mãe quer. Seria a mesma coisa que
fazer isso somente porque MINHA mãe
quer, não é justo para nenhuma parte.
- Eu sei disso.
- Podemos... mentir. Você pode falar que
está noivo e se casará. Ela não ficará feliz
com isso?
- Não, pois ela quer que eu a visite. Que
eu a leve lá.
- Aí Gu...
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- Eu sei, eu sei. Mas deixe eu te falar


algo: quando te conheci aqui, eu sempre
gostei de você. Você sempre foi um pas-
so mais à frente que eu, sempre. Sem-
pre estudando, dando duro no trabalho,
pegando livros emprestados, você está
onde merece agora, eu me orgulho disso,
eu me orgulho mesmo.
- Obrigada. Isso significa muito, obri-
gada mesmo.
- Pois, você lembra a minha mãe. Ela
também foi contra tudo e todos, mesmo
até contra meu pai. Sabia que minha mãe
ia para as aulas escondida, e depois co-
meçou a trabalhar escondida também?
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- Sério?
- Sério.
- Que estranho.
- Por que?
- Porque... eu vou ser um pouco me-
nos misteriosa e te falar sobre mim,
poucas coisas.
- Ótimo.
- Eu também tive que estudar escon-
dida. Minha mãe não queria que eu estu-
dasse. Queria que eu apenas trabalhasse
e cassasse com um homem rico.
- É o que todas querem.
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- Eu sei, mas não é o que EU quero.


Eu quero ter o MEU DINHEIRO, MEU
TRABALHO.
- Eu sei, sei disso.
- Mas pense bem, sua história vai muito
com a da minha mãe, vocês têm coisas em
comum, eu tenho certeza que ela adoraria
te conhecer.
- Não sei se sou boa com mães. Há anos
não falo com a minha.
- Por qual motivo?
- Porque, teve uma moça, ela era moça
ainda, não tão moça, era uma mulher que
morava na cidade, mas eu morava no sítio,
e, é difícil falar...
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- Tente.
- Ela dava aulas no grupão dessa minha
cidade. Não era nada igual a sua cidade, eu
morava em sítio mesmo. E ela tinha um
bom marido, que mandava em quase basi-
camente tudo lá, e ela pagava a minha mãe,
fingindo que eu ajudava na casa dela, mas
não... ela dava aulas para mim, na casa dela.
- Você está mentindo.
- Não teria porque mentir sobre isso.
Ainda mais de um gesto tão lindo que ela
fez por mim.
- Você está falando sério?
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- Muito sério. Ela tinha dinheiro, e me deu


aulas. Me ensinou a ler, a escrever, a pesqui-
sar as coisas. Foi ela quem me apresentou a
Dostoievsky, e por conta dele e dos perso-
nagens eu escolhi fazer Psicologia.
- Você tem certeza?
- Lógico que eu tenho. Mas, quando con-
tei para minha mãe, não contei toda a ver-
dade, apenas contei que, que eu ia prestar o
vestibular aqui na cidade grande.
- E ela não te apoiou?
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- De maneira nenhuma. Me disse coisas


horríveis. Mas mesmo assim eu vim e fiz.
E quando passei, durante a noite, saí, pe-
guei o ônibus e nunca mais olhei para trás,
nunca mais senti vontade de voltar para lá.
- Não sente saudades dela?
- Todos os dias. Mas ela me odiaria agora.
Ela queria que eu fosse igual minha irmã.
Sabe, descobri através de um jornal que li
de lá, não sei como chegou aqui, que o vi-
zinho, um que não saia do meu pé, que ele
tinha se casado com minha irmã. Minha
mãe deve ter soltado foguetes.
- Por que ele é um bom homem?
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- Porque ele vai prover para ela. Porque


ela será a esposa e empregada dele. Porque
minha irmã só tem isso em mente, ser a es-
posa de alguém. E ambas, ela e minha mãe,
me crucificaram por eu querer ser minha
própria esposa, meu próprio marido, mi-
nha própria fortaleza.
- Isso é duro demais. Eu sinto muito,
muito mesmo.
- Está tudo bem, nunca mais terei que
voltar para a trilha azul número 8 mesmo,
então está tudo certo.
- Espera aí, trilha azul número 8.
- Sim, é onde eu morava, o vilarejo. Tem
coisas que não saem da cabeça da gente.
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- Como é o nome da sua irmã?


- Por que?
- Sério, como é o nome dela?
- Rosana. Por que está tão agitado?
- Onde você estudou?
- Já te disse, na casa dessa mulher. Ela
dava aula no grupão e dava aula para mim
na casa dela.
- Você lembra o nome dela?
- Não tem como eu esquecer.
- Então?
- Não tem como esquecer, é o mesmo
que o meu. O nome dela é Maria.
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Ela me contou que Gu saiu pulando pela


casa. Ela não entendeu nada do que acontecia.
De nervoso, acendeu um cigarro.
Esperou ele voltar do quarto, ele fez muito
barulho por lá, puxando gavetas, colocando
roupas em cima da cama e exclamando:
- NÃO ACREDITO, NÃO ACREDITO.
- Gu, você está me assustando. O que foi?
- Você está fumando?
- Sim, as coisas na clínica vão de mal a pior,
eu comecei a fumar e a beber muito café.
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- Viu como somos o casal perfeito?


Igualzinho a mim.
- Me fala, porque está pulando e com
isso em mãos? O que é isso?
- Pode ser que seja coisa da minha ca-
beça, Maria, mas eu preciso que você
veja essa foto e me fale se você reconhe-
ce essa mulher.
- Que mulher?
- Essa foto foi tirada há alguns anos.
Esqueça o restante das pessoas ao lado
dela, foque só na mulher.
E mostrou a foto para ela. Lá estava:
Maria, a professora.
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- Se lembrou dela? Ou eu estou viajando?


- Onde você conseguiu isso?
- Lembra dessa pessoa ou não?
- Sim, foi ela. Foi ela quem me deu aulas.
Ela que possibilitou para que eu chegas-
se aqui. Você andou correndo atrás de in-
formações minhas? Onde conseguiu isso?
Como sabe que foi ela? Desde quando você
faz isso?
- Maria, Maria... acalme-se... essa mulher, é
minha mãe.
E sim, parece coisa de filme, de livro, mas
em cidade pequena... isso é possível de acon-
tecer. Ainda mais nos anos 50.
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Ela rejeitou o casamento com ele, mesmo


sabendo de todo o dinheiro que ele herdaria.
- Casa comigo, Maria.
- De jeito nenhum. Não quero nada seu.
Sua família é muito rica, não sou minha irmã.
- Maria, eu amo você, quero ter você ao
meu lado. Não importa se seremos apenas
nós dois. Fazemos um trato: eu apoio você
em sua carreira e você na minha. Filhos es-
tão fora de plano, será somente eu, você e
nossas carreiras. Você não será uma dona de
casa, mas eu quero você ao meu lado, quero
crescer com você.
Ela pensou, parou e pensou.
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- Nunca teremos filhos.


- Nunca, te prometo.
- E trabalharei, não importa o que os ou-
tros digam.
- Nunca importou o que disseram, ima-
gine agora.
- Sem dinheiro seu. Faremos o nosso.
- Da maneira que você quiser.
E assim se seguiu.
Se casaram após 2 anos. Ela teve um co-
meço difícil, mas foi graças a seu próprio
esforço e magnetismo, que ela conseguiu
se mostrar digna de tudo aquilo.
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Sua mãe, por incrível que pareça, ficou


mais feliz de a ver casada com o filho do
delegado, do que ver ela como uma futura
doutora, uma psicóloga.
Mesmo assim, não fazia diferença. A
mulher que a ensinou a ler, que lhe deu
todas as oportunidades, ficou feliz demais
por ela.
Disse que não via seu filho com outra
mulher sem ser ela.
- Ela é determinada, Gu, você sabe que
é. Quando jovem, você tinha acabado de
ir para a capital, e ela devorava todos os
livros daqui de casa, inclusive os seus.
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Obviamente tiveram filhos, netas, uma


delas, minha amiga.
Eu sei, é difícil de acreditar, mas quan-
do vejo todas as fotos, só imagino como
ela foi abençoada, e como o ensino muda
vidas.
Como tudo isso, a tornou-a uma mulher
misteriosa e enigmática.
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A HISTÓRIA de Maria, é apenas um


contexto histórico, mais voltado para a
sociologia, para as classes em si, do que
para a sensualidade.
Mas nosso livro não se trata disso. Tra-
ta-se de como as mulheres, de modo ge-
ral, podem se beneficiar de serem miste-
riosas e enigmáticas.
Maria foi assim. Mesmo por não ter
sido por escolha dela no começo, foi. E
quando pode escolher, escolheu conti-
nuar sendo.
Olhar para o passado, é algo muito im-
portante nesses processos que fazemos
na vida.
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Eu gosto de sentar aqui, e escrever para você.


Mas não gosto de escrever apenas coisas que
você já encontrará na Internet.
Não, eu gosto que vocês vejam como, em
um contexto histórico, o passado de mistura
com o presente, e se mistura com o futuro, e
como podemos tirar vantagem disso tudo.
Inclusive vocês.
Principalmente vocês.
Ser uma mulher misteriosa e enigmática,
pode parecer algo difícil, eu imagino que sim.
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Eu listei acima todos os pontos que tor-


nam isso um pouco mais cascudo do que
deve ser: redes sociais, pornografia, o fato
de ser inatingível...
Mas é possível sim.
E esse livro, de uma forma mais crua,
mais viva, mais aberta e pessoal mesmo,
é para mostrar que: você não precisa se
tornar misteriosa e enigmática APENAS
PARA OS HOMENS.
Não.
Você tem que ser isso POR VOCÊ.
PARA VOCÊ.
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Nunca para eles, sempre para você, sem-


pre você em primeiro lugar.
Eu espero que entendam como o passa-
do atinge o presente, como podemos fazer
escolhas maravilhosas vendo o passado.
Como o presente pode ser algo muito,
muito volátil e até líquido no momento,
mas que você não precisa ser dessa manei-
ra, se essa é a sua vontade.
Você, mulher, pode ser quem você qui-
ser ser, desde sempre, para todo o sempre.
Sem nunca pensar em homem antes.
Ser diferente, é revolucionário.
Espero que tenha gostado das histórias.
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Espero que eu tenha tocado você de algu-


ma forma.
Espero que, mesmo com as dicas, você as
siga com o coração.
E como seu irmão mais velho, vou repetir
novamente: minha preocupação é com você.
Eu quero te ver bem.
Com Carinho, Emanuel Hallef.

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