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Belém-PA
2022
Rayssa Cecilia Ribeiro de Almeida
Belém-PA
2022
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Bibliotecas da Universidade Federal Rural da Amazônia
Gerada automaticamente mediante os dados fornecidos pelo (a) autor (a)
A coruja suindara (Tyto furcata) e seus estigmas / Rayssa Cecilia Ribeiro de Almeida. - 2022.
30 f. : il. color.
CDD 591.53
RAYSSA CECILIA RIBEIRO DE ALMEIDA
Data da Aprovação:
Banca Examinadora:
Agradeço primeiramente ao meu pai Livio Almeida e a minha mãe Silvia Almeida, pois se não
fosse por eles eu não teria chegado tão longe na graduação, sempre serão a minha base e meus
maiores incentivadores.
Também agradeço aos meus amigos feitos dentro desses cinco anos na UFRA, os dias de aula
e prova tornaram-se mais leves com a presença de cada um. Obrigada amigos, por todo apoio,
conselhos e ombro cedido nas horas mais difíceis.
Agradeço também a minha orientadora, professora Andréa Magalhães Bezerra pelo esforço,
paciência e ensinamentos repassados, agradeço por ter aceitado me orientar tanto no estágio
supervisionado (ESO) quanto no trabalho de conclusão de curso (TCC).
A coruja suindara (Tyto furcata) possui atribuições importantes para o meio ambiente e para a
população, é uma espécie predadora de animais vistos como “pragas” em áreas urbanas,
acarretando a diminuição de doenças transmissíveis de roedores e insetos para os seres
humanos. Devido a crescente urbanização e a destruição do ambiente natural, a ocupação de
animais silvestres em áreas urbanas tornou-se cada vez mais presente, com isso, a
desinformação sobre as espécies provoca a criação de histórias que podem desencadear o
declínio e maus-tratos sobre esses animais. A presente pesquisa visou analisar o conhecimento
dos frequentadores de uma praça em Belém do Pará sobre a coruja suindara, bem como informar
a população sobre como crendices populares podem afetar a vida da espécie, discutindo sobre
o assunto de uma maneira informal. Foram entrevistadas 60 pessoas em abril de 2022, a coleta
de dados foi realizada por meio de um questionário de 5 perguntas pré-elaboradas, e ao final,
cada entrevistado recebeu um folder informativo sobre a espécie. Os dados foram analisados
por meio de estatística descritiva. Os resultados revelaram que a população entrevistada, não
possui conhecimento adequado sobre a coruja-suindara, vinculando a espécie a histórias
desagradáveis. Concluiu-se que, a maioria dos entrevistados tinha uma percepção errônea sobre
a espécie, não identificando a importância desta para o meio ambiente, contribuindo para o
surgimento das crendices populares que cercam esse animal.
The Barn Owl (Tyto furcata) has important attributions for the environment and for the
population, it is a predatory species of animals seen as “pests” in urban areas, leading to a
decrease in communicable diseases from rodents and insects to humans. Due to increasing
urbanization and the destruction of the natural environment, the occupation of wild animals in
urban areas has become increasingly present, with this, the misinformation about the species
causes the creation of stories that can trigger decline and mistreatment about these animals. The
present research aimed to analyze the knowledge of the visitors of a square in Belém do Pará
about the Barn Owl, as well as to inform the population about how popular beliefs can affect
the life of the species, discussing the subject in an informal way. 60 people were interviewed
in April 2022, data collection was carried out through a questionnaire with 5 pre-prepared
questions, and, at the end, each interviewee received an informative folder about the species.
Data were analyzed using descriptive statistics. The results revealed that the population
interviewed does not have adequate knowledge about the Barn Owl, linking the species to
unpleasant stories. It is concluded that most of the interviewees had a wrong perception about
the species, not identifying its importance to the environment, contributing to the emergence of
popular beliefs that surround this animal.
Gráfico 1: Gênero dos entrevistados na pesquisa sobre a coruja suindara na Praça da República
em Belém do Pará. .................................................................................................................... 20
Gráfico 2: Faixa etária dos entrevistados na pesquisa sobre a coruja suindara na Praça da
República em Belém do Pará. .................................................................................................. 21
Gráfico 3: Conhecimento dos entrevistados da pesquisa sobre a coruja suindara na Praça da
República em Belém do Pará. .................................................................................................. 22
Gráfico 4: Conhecimento dos entrevistados sobre crendices populares em relação a coruja
suindara na Praça da República em Belém do Pará.................................................................. 23
Gráfico 5: Crendices populares que cercam a coruja suindara no olhar dos entrevistados na
pesquisa sobre a espécie na Praça da República em Belém do Pará. ....................................... 23
Gráfico 6: Conhecimento dos participantes da pesquisa sobre o papel da coruja suindara no
meio ambiente e nos centros urbanos. ...................................................................................... 24
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 11
3.1. As atribuições dos animais silvestres para o meio ambiente e sociedade ............................. 12
3.2. Crendices populares que cercam animais silvestres ............................................................... 13
3.3. A importância da educação ambiental .................................................................................... 14
4. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................... 15
1. INTRODUÇÃO
Tyto furcata, popularmente conhecida como suindara, coruja-de-igreja, coruja-das-
torres ou coruja rasga-mortalha é uma espécie de ave pertencente a Ordem Strigiformes e
Família Tytonidae, apresenta dorso-cinza ou pardo, partes inferiores brancas, peitoral branco
ou marrom claro, hábitos noturnos e vocalização marcante. Essa ave de rapina possui
distribuição global, à exceção de regiões com temperaturas muito frias (JUNIOR, 1988), desse
modo, a espécie pode ser localizada em todos os biomas do Brasil, como a mata atlântica,
porém, têm preferência por áreas abertas e campos, sendo facilmente encontrada em locais
modificados pelo homem (MENQ, 2013).
De acordo com Menq (2013), para comunicar-se, a espécie emite um chamado forte e
característico durante o voo, principalmente quando deseja amedrontar possíveis ameaças ou
no período reprodutivo, onde machos e fêmeas vocalizam a procura de um parceiro para a
reprodução, contudo, antigas crendices sobre a coruja suindara motivaram o desprezo de uma
parcela da população, como a lenda na Roma Antiga, a qual ao ouvir a vocalização do animal
o pressagio seria de morte eminente. A falta de informação e a expansão da área urbana são os
principais causadores do declínio populacional das corujas, destacam-se a descaracterização de
seus habitats naturais, os atropelamentos, as eletrocussões, o turismo e maus-tratos
(OLIVEIRA, 2007).
Para a redução de casos negligentes sobre esse animal, faz-se necessário desenvolver
medidas para estratégia de conservação dessa espécie, desempenhando práticas de educação
ambiental destacando a atividade humana, possíveis crendices populares e perseguição
indiscriminada como dano para a coruja suindara (ICMBio, 2008). Além disso, a criação de
Centros especializados em animais selvagens é de suma importância para o atendimento médico
veterinário e reabilitação de animais oriundos de resgate, conforme Almeida (2016), os
rapinantes são os que mais vivenciam as afecções como traumas e filhotes órfãos.
2. OBJETIVO DA PESQUISA
2.1. Objetivo Geral
Realizar um levantamento sobre o entendimento da população entrevistada sobre a
coruja suindara e sua função no meio ambiente.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1. As atribuições dos animais silvestres para o meio ambiente e sociedade
A relação de humanos e animais é antiga e desfruta de grande importância para a vida
das pessoas, utilizando-os de diferentes formas e para variados fins. Porém, para Newmarl et
al., (1994), a exploração, o domínio territorialista e aversão aos animais silvestres tem
provocado preocupantes impactos sobre algumas espécies. Conflitos ocorrem quando o
comportamento desses animais interfere no estilo de vida humano ou se o objetivo do indivíduo
causa impacto na vida desses seres vivos (KALTENBORN et al., 2006). De acordo com Brasil
(2006), a fauna presente nos centros urbanos equivale aos animais nativos ou exóticos que
usufruem dos recursos dispostos nesses locais, de forma provisória, de passagem ou
permanente.
Para Silva et al., (2011), as serpentes são os animais silvestres que mais sofrem com o
preconceito e a falta de informação, todavia, são grandes predadoras no ecossistema,
alimentam-se de artrópodes, anfíbios, roedores e dentre diversos outros animais. Ademais,
possuem grande importância na farmacologia, a descoberta iniciou a partir do veneno da
jararaca (Bothrops jararaca) (BERNARDE, 2018).
As aves também são vistas de forma errônea, as corujas são julgadas por seu
comportamento, vocalização e aparência, apesar disso, para Sousa (2018) as corujas por serem
predadoras de roedores e outros pequenos vertebrados, tornam-se benéficas para o homem,
visto que, muitos desses animais são vetores ou prejudiciais para a saúde humana, e para Golec
et al., (2013) a ave possui um papel fundamental no controle biológico de roedores na
agricultura.
observando e anunciando a morte que está próxima, causando medo e motivando as crenças
(CASCUDO, 2002).
Para Pinho (2017), nos anos 60, as migrações para o desenvolvimento amazônico
estavam na fase inicial, tal qual os aspectos ambientais, os quais poderiam remeter a lembranças
de outro espaço e mitos complexos, como o da coruja suindara, nesta época, a espécie foi
relacionada ao pássaro que as matintas se transformavam, onde a vocalização da ave
assemelhava-se a risada de uma mulher, em razão de a matinta estar relacionada a uma mulher
que não dorme à noite, grita e gargalha.
O Brasil com a sua diversidade étnica e cultural, detém de inúmeras crenças entre suas
regiões. No nordeste do país, a Tyto furcata é denominada de coruja “rasga-mortalha”,
considerada uma ave agourenta devido ao som que emite ao sobrevoar as casas, sendo um
prenúncio de morte para um habitante (CASCUDO, 2012). Contudo, no estado do Rio Grande
do Sul a coruja suindara está relacionada a situações boas, onde três penas desse animal
carregam sorte no amor e na vida pessoal (SANTOS, 2015). Com isso, a forma que crendices
populares tomam proporção nos ambientes urbanos podem se tornar prejudiciais ou não para
esses animais.
“Art. 1o Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o
indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,
atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.”
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. Descrição do local e o período da pesquisa
A pesquisa foi desenvolvida na Praça da República localizada na Avenida Presidente
Vargas, bairro da Campina em Belém do Pará (Figura 1). Foi utilizado o horário de 8h às 11h
da manhã, nos dias 10/04, 17/04 e 24/04 de 2022, por ser um momento de maior movimentação.
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Este local foi escolhido pela sua finalidade (lazer) devido aos seus frequentadores terem
diferentes faixas etárias e pela sua diversidade ecológica. Um ambiente repleto de árvores e que
possui inúmeras atrações para todos os públicos.
“As pesquisas deste tipo têm como objetivo primordial a descrição das características
de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre
variáveis”.
De acordo com Parasuraman (1991), o questionário é uma forma de coletar dados por
meio de perguntas elaboradas para atingir o objetivo de um projeto. A pesquisa através dessa
análise foi realizada por intermédio de entrevist (as semiestruturadas com o intuito de traçar a
realidade do conhecimento dos frequentadores da Praça da República sobre a coruja suindara,
observando as falas dos entrevistados, paralelamente, ao diálogo baseado em referencial teórico
para o estudo.
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A educação ambiental pode ser promovida por meio de duas vertentes, a formal
desenvolvida nos espaços de ensino, e a informal, a qual ocorre fora do ambiente de ensino,
como as praças e parques. Os principais desafios de uma educação ambiental são, resgate e o
desenvolvimento de valores e comportamentos como o respeito, solidariedade e
reponsabilidade (JACOBI, 1998). Com isso, o método de educação ambiental informal é mais
provável que obtenha resultados significativos para a população, dessa forma, a utilização de
folders é um método de orientar e influenciar as pessoas sobre a preservação do meio ambiente.
O folder distribuído para os entrevistados foi dividido de acordo com a espécie, seu
estilo de vida e os questionamentos e mitos mais recorrentes da sociedade sobre a coruja-
suindara (Anexo 2).
Figura 3- Espécime de Tyto furcata conservada através da técnica de taxidermia e pertencente a coleção didática
do Museu de Zoologia da Universidade Federal Rural da Amazônia.
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5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
As duas primeiras perguntas do questionário foram pré-requisitos para a continuidade
da pesquisa, visto que, o gênero e a idade dos entrevistados seriam uma base para o
levantamento dos dados sobre as pessoas que obtiveram maior interesse sobre assunto.
Gráfico 1: Gênero dos entrevistados na pesquisa sobre a coruja suindara na Praça da República em Belém do Pará.
Homens Mulheres
43%
57%
Da mesma forma, o estudo constatou uma maior participação de pessoas na faixa etária
de 20 a 49 anos de idade, sendo cerca de 70% (n°= 42) da amostra total de entrevistados.
Portanto, 38,4% (n°= 23) são homens adultos, 31,7%= (n°= 19) são mulheres adultas, 16,7%
(n°= 10) são adolescentes ou crianças, e 13,4% (n°= 8) possuem mais de 50 anos (Gráfico 2).
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Gráfico 2: Faixa etária dos entrevistados na pesquisa sobre a coruja suindara na Praça da República em Belém do
Pará.
70,10%
16,70% 13,40%
Gráfico 3: Conhecimento dos entrevistados da pesquisa sobre a coruja suindara na Praça da República em Belém
do Pará.
33,30%
66,70%
Os resultados mostrados no gráfico 3 podem ser explicados pelo fato do Brasil possuir
diversas espécies de corujas no seu território. De acordo com Menq (2013), existem 22 espécies
de corujas em área brasileira, habitando a Mata Atlântica, Floresta Amazônica, e até regiões
mais quentes como a Caatinga, todavia, algumas possuem preferência por ambientes abertos e
campos, como é o caso da coruja-suindara (Tyto furcata). Desse modo, é comum encontrarmos
essa ave em ambiente urbano, mais precisamente pelo período da noite, segurando o resultado
da pesquisa.
Gráfico 4: Conhecimento dos entrevistados sobre crendices populares em relação a coruja suindara na Praça da
República em Belém do Pará.
73,40%
26,60%
Gráfico 5: Crendices populares que cercam a coruja suindara no olhar dos entrevistados na pesquisa sobre a
espécie na Praça da República em Belém do Pará.
BOA RUIM
de mau agouro, além de serem considerada prejudiciais para criações domésticas devido seus
hábitos noturnos e habilidades vistas como esquisitas.
Gráfico 6: Conhecimento dos participantes da pesquisa sobre o papel da coruja suindara no meio ambiente e nos
centros urbanos.
Sim Não
35%
65%
CONCLUSÃO
Mediante a pesquisa realizada, constatou-se um maior interesse de participantes do
gênero masculino, com predomínio de jovens adultos de 20 a 49 anos. Ao serem questionados
sobre a espécie que estava sendo apresentada, a maioria dos entrevistados souberam informar
o animal, entretanto, sem compreender que era uma coruja suindara. Após serem comunicados
sobre a espécie, os participantes demonstraram sentimentos repulsivos sobre o animal,
associando-o à morte, azar e agouro, simbologias antigas que cercam a coruja suindara na
região.
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ANEXOS