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ANALISE PRELIMINAR DE RISCO DAS PRINCIPAIS ATIVIDADES

DESENVOLVIDAS POR MILITARES EM CONSTRUÇÕES DE ESTRADAS NAS


OBRAS DE COOPERAÇÃO DO EXÉRCITO BRASILEIRO

PRELIMINARY RISK ANALYSIS OF THE MAIN ACTIVITIES DEVELOPED BY


MILITARS IN ROAD BUILDINGS IN THE WORKS OF BRAZILIAN ARMY
COOPERATION
Ayalla Fernanda Esquaiela Feitosa*
Alexandre Pedro Foradini de Albuquerque**

RESUMO
O Exército Brasileiro, através de seus Batalhões de Engenharia de Construção (BEC),
tem desempenhado importante papel no desenvolvimento da infraestrutura de transportes do
Brasil, atuando diretamente em obras de construção e manutenção de grandes corredores
logísticos. Com o volume de Obras de Cooperação nas quais o Exército Brasileiro vem
desenvolvendo e devido à variedade e complexidade dos serviços executados, é essencial a
garantia da segurança dos militares, a avaliação dos riscos inerentes as atividades desenvolvidas,
bem como a distribuição adequada de Equipamentos de Proteção Individual – EPI, com o
devido registro documental de seu fornecimento, através da Ficha Controle de Entrega de EPI.
O objetivo desse trabalho é aplicar a análise preliminar de riscos nas principais atividades
desenvolvidas numa obra de construção de vias de acesso em tratamento superficial duplo.

Palavras chaves: Risco. Pavimentação asfáltica. Obras. Ficha controle.

ABSTRACT
The Brazilian Army through its Construction Engineering Battalions (BEC) has played an
important role in the development of Brazil's transportation infrastructure, working directly in
construction and maintenance of large logistics corridors. With the volume of Cooperation
Works Leveling the Brazilian Army has been developed and over time due to the variety of
equipment and equipment executed, it is essential a guarantee of security of the military, an
assessment of the risks inherent to the activities developed, as well as a distribution Protection
Individual - EPI, through the documentary record of its supply, through the EPI Delivery
Control Sheet. The objective of this work is to apply a preliminary analysis of risks in the main
activities of a paving work of access roads, in double surface treatment.

Keywords: Risk. Paving. Construction. Control sheet.

*Especializanda da Pós Grad. em Engenharia de Segurança do Trabalho do UNIPÊ fernanda.esquaiela@hotmail.com


Onde agradeço a Deus por me dar forças e capacitar e aos meus familiares pela ajuda e por serem tão presentes em
mais essa conquista da minha vida. Agradeço também ao meu orientador Ten Cel Albuquerque pelos ensinamentos,
amizade, disponibilidade e orientação desse trabalho.
**Tenente Coronel Mestre em Engenharia de Transportes pelo Instituto Militar de Engenharia - IME.
1. Introdução
O Exército Brasileiro tem desempenhado importante função no desenvolvimento da
infraestrutura de transportes do Brasil, atuando em obras de construção e manutenção de
grandes corredores logísticos. Entre suas principais obras destacam-se a construção da Ferroeste
(PR), o Porto de São Francisco do Sul (SC), a terraplenagem do terminal 3 do aeroporto de
Guarulhos (SP) e a duplicação de trechos da BR-101 no Nordeste. Tais atividades visam o
adestramento da tropa e à cooperação com o desenvolvimento nacional, por intermédio de ações
subsidiárias previstas nas Leis Complementares 97/1999 e 117/2004.
Com o volume de Obras de Cooperação nas quais o Exército Brasileiro vem
desenvolvendo e devido à variedade e complexidade dos serviços executados, é essencial para
garantia da segurança dos militares, a avaliação dos riscos inerentes a atividade desenvolvida,
bem como a distribuição de Equipamentos de Proteção Individual – EPI, com o devido registro
documental de seu fornecimento, por meio da Ficha Controle de Entrega de EPI. A mesma
permite a supervisão, a garantia da distribuição dos EPIs adequados para cada atividade e ainda
a controla os prazos de trocas de cada equipamento, evitando assim, riscos ambientais que
possam causar acidentes aos militares e, porventura, futuros processos judiciais inerentes ao
desenvolvimento da atividade.

2. Referencial Teórico
2.1 Riscos Ambientais
Consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes
nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo
de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador..
Os riscos ambientais são classificados segundo a sua natureza e a forma com que atuam
no organismo humano, como é citado abaixo:
a) Agentes físicos;
b) Agentes químicos;
c) Agentes biológicos;
d) Agentes ergonômicos;
e) Agentes mecânicos ou de acidentes.
Salienta-se que a NR9 que trata da obrigatoriedade da elaboração e implementação do
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA e a NR15 que dispõe sobre atividades e
operações insalubres, não mencionam os agentes ergonômicos e mecânicos como riscos
ambientais para fins de caracterização de insalubridade, os quais estão relacionados com a
atuação conjunta de fatores relativos ao meio ambiente, ao indivíduo e à tarefa que está sendo
executada.

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2.2 Analise Preliminar de Risco – APR e Matriz de Riscos
A análise preliminar de risco, de acordo com CARDELLA (1999), consiste em uma
técnica de identificação de perigos e de riscos que visa identificar eventos com predisposição à
situações de incidentes ou acidentes, além de estabelecer medidas de controle. O objetivo da
APR pode ser área, sistema, procedimento, projeto ou atividade, e a sua metodologia consiste
em verificação da linha de produção, levantamento de causas, possíveis consequências,
frequência de ocorrência, e classificação do grau de risco.
Para FURNAS (2006), a APR, é uma visão técnica antecipada do trabalho a ser
executado, que permite a identificação dos riscos envolvidos em cada passo da tarefa. É
elaborada através do estudo, questionamento, levantamento, detalhamento, análise crítica e
autocrítica, com estabelecimento das precauções técnicas necessárias para a execução dos
serviços, de forma que o trabalhador esteja sempre no controle por maior que seja o
risco.
Na APR são levantadas às causas que podem promover a ocorrência de cada um dos
sinistros e as suas respectivas consequências, desta forma, é realizada uma avaliação qualitativa
da frequência de ocorrência do cenário de acidentes, da severidade e do risco associado. Os
resultados são qualitativos, não fornecendo estimativas numéricas.
Com a APR consegue-se obter a amplitude do risco, que através do seu índice de
risco se define a prioridade do risco em estudo. Assim, após a priorização dos riscos pode-se
atuar de forma eficaz na prevenção, de forma que se a APR for corretamente elaborada
atinge-se uma melhor avaliação dos riscos de acidentes de trabalho relativos a uma determinada
atividade.
A realização da análise propriamente dita é executada por meio do preenchimento de
uma planilha de riscos, onde é possível identificar as causas e consequências dos riscos
levantados. Conforme planilha apresentada a seguir:

Tabela 1 – Planilha a ser preenchida para aplicação da APR


Atividade a ser analisada
Agente de Frequência Severidade Risco
Riscos Causas Consequências Recomendações
risco (F) (S) (R)
Todo evento Riscos que, em Responsáveis Efeitos dos Definida Definida Definido Propostas devem
acidental com função de sua pelo risco acidentes que conforme a conforme a conforme a ser de caráter
potencial para natureza, envolvem possam vir a Tabela 2 – Tabela 3 – Tabela 4 – preventivo e/ou
causar danos tempo de tanto falhas ocorrer. Categorias de Categorias de Índice de mitigador
às pessoas, às exposição, de Frequência Severidade Risco (R),
instalações ou concentração equipamentos (F). (S). tipo de risco e
meio ou intensidade como falhas nível de ação.
ambiente. causam danos humanas.
ao trabalhador.
Fonte: Adaptado de REGINATO (2015)
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Os cenários de acidentes são classificados em categorias de frequência, as quais
fornecem uma indicação qualitativa da frequência de ocorrência para cada um dos cenários
identificados. A Tabela 2 mostra as categorias de frequências (F) em uso para a realização de
uma APR. A avaliação de frequência foi determinada com base em pesquisas sobre acidentes do
trabalho, bem como coleta de dados em obras de pavimentação rodoviária.
Os cenários de acidentes são classificados também em categorias de severidade, as
quais fornecem uma indicação qualitativa da severidade esperada de ocorrência para cada um
dos cenários identificados. A Tabela 3 mostra as categorias de severidade (S) atualmente em uso
para a realização de uma APR.
É importante observar que cada classe de severidade e frequência devem ser adequadas
ao tipo de sistema e empreendimento analisado, para tornar a análise do risco mais precisa e
menos subjetiva (REGINATO 2015, apud AGUIAR, 2001).
Para se estabelecer o índice de risco (R), faz-se o produto entre os valores encontrados
para a frequência (Tabela 2) e para a severidade (Tabela 3), utilizando-se, para tanto, dos
critérios de tipificação de risco e de nível de ação, conforme constante na Tabela 4.

Tabela 2 –Categorias de frequência (F)


CATEGORIA
DESCRIÇÃO FREQUÊNCIA
OCORRÊNCIA
A - Remota Baixíssima probabilidade de ocorrer o dano Uma vez a cada 2 anos
B – Pouco provável Baixa probabilidade de ocorrer o dano Uma vez a cada 1 ano
C - Ocasional Moderada probabilidade de ocorrer o dano Uma vez a cada semestre
D – Provável Elevada probabilidade de ocorrer o dano Uma vez a cada 3 meses
E - Frequente Elevadíssima probabilidade de ocorrer o dano Mais de uma vez por mês
Fonte: Adaptado de REGINATO (2015).

Tabela 3 – Categorias de severidade

GRAU EFEITO DESCRIÇÃO


I Leve Riscos de acidentes ou ocorrências que não provocam lesões.
II Moderado Acidentes e ocorrências com lesões não incapacitantes.
III Grave Acidentes e lesões incapacitantes, sem perdas de substâncias ou membros.
IV Crítico Acidentes e lesões incapacitantes, com perdas de substâncias ou membros.
V Catastrófico Morte ou invalidez permanente
Fonte: Adaptado de REGINATO (2015)

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Tabela 4 – Índice de risco (R), tipo de risco e nível de ação
ÍNDICE TIPO DE
NÍVEL DE AÇÃO
DE RISCO RISCO
1 Muito baixo Não necessitam ações especiais, apenas preventivas e detecção.
Não requerem ações imediatas. Poderão ser implementadas em ocasião
Baixo
2 oportuna, em função das disponibilidades de mão de obra e recursos
financeiros.
Requer previsão e definição de prazo (curto prazo) e responsabilidade para
3 Médio
a implementação das ações.
Exige a implementação imediata das ações (preventivas e de detecção) e
4 Alto definição de responsabilidades. O trabalho pode ser liberado para execução
somente com acompanhamento e monitoramento contínuo
Os trabalhos não poderão ser iniciados e se estiverem em curso, deverão
5 Muito alto ser interrompidos de imediato e somente poderão ser reiniciados após
implementação de ações de contenção ou quando não houver mais risco.
Fonte: Adaptado de REGINATO (2015)

A principal vantagem de se utilizar a APR, é que se trata de uma técnica mais


abrangente, pois informa às causas que ocasionaram a ocorrência de cada um dos eventos e as
suas respectivas consequências, além da obtenção de uma avaliação qualitativa da severidade
das consequências e a frequência de ocorrência do cenário de acidente e do risco associado. A
principal desvantagem é que requer um maior tempo para execução de todo o processo até o
relatório final, necessitando de uma equipe com grande experiência em várias áreas de atuação
como: processo, projeto, manutenção e segurança (REGINATO 2015 apud AGUIAR, 2001).
Após o preenchimento da planilha de Avaliação de Riscos é possível proceder com a
elaboração da Matriz de Riscos, na qual possibilita a visualização simplificada dos riscos, com
base na severidade versus frequência, e um esquema de cores que indica o tipo de risco no qual
o trabalhador esta exposto.
Tabela 5 – Matriz de Riscos
MATRIZ DE
RISCOS FREQUÊNCIA
POUCO
REMOTA OCASIONAL PROVÁVEL FREQUENTE
PROVÁVEL
SEVERIDADE

CATASTRÓFICA 0 0 0 0 0
CRÍTICA 0 0 0 0 0
GRAVE 0 0 0 0 0
MODERADA 0 0 0 0 0
LEVE 0 0 0 0 0
Fonte: própria autora

Na tabela abaixo é apresentada a planilha resumo da matriz de riscos, no qual demonstra


a quantidade dos riscos por grau e sua porcentagem.
Tabela 6 – Resumo por categoria de risco
GRAU DE RISCO
MUITO ALTO ALTO MÉDIO BAIXO MUITO BAIXO TOTALGERAL

0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 100%
Fonte: própria autora

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2.3 Equipamentos de Proteção Individual
De acordo com a NR 6, considera-se Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo
dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de
riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
Cabe ao empregador o fornecimento dos EPIs adequados aos riscos, em perfeito estado
de conservação e funcionamento que garantam a segurança do trabalhador durante as funções
desenvolvidas ao longo de cada jornada de trabalho.
O controle documental da entrega dos EPIs é feito através de uma ficha controle de EPI,
na qual o responsável registra a entrega do material e o trabalhador assina, reconhecendo assim
seu recebimento. Dessa forma cumprem-se o disposto na NR 6, que trata sobre os direitos e
deveres de cada um, permitindo a supervisão e a garantia que a empresa está fornecendo os
equipamentos adequados, evitando assim, futuros processos judiciais pela não disponibilização
aos funcionários dos equipamentos de proteção individual devidos.
Salienta-se que cabe ao trabalhador a responsabilidade pelo uso, guarda, conservação e
o comprometimento para apresentação dos EPIs com defeitos ou desgastes naturais da utilização
para a destinação ambientalmente adequada, assim como a declaração da consciência de
medidas disciplinares por parte do empregador, caso o trabalhador não faça o uso dos mesmos.
A seleção dos EPIs para cada atividade se dá por meio de uma análise preliminar de
riscos, que consiste na identificação de eventos perigosos, causas e consequências e no
estabelecimento de medidas de controle através do uso dos equipamentos de proteção
adequados.
De acordo com FLORERO (2014) a “avaliação do risco compreende a avaliação da
frequência e da consequência do evento perigoso” (apud CARDELLA, 2013).
Segundo AGUIAR (2001) a metodologia da APR compreende a execução das seguintes
etapas:
a) Definição dos objetivos e do escopo da análise;
b) Definição das fronteiras do processo/instalação analisada;
c) Coleta de informações sobre a região, a instalação e os perigos envolvidos;
d) Subdivisão do processo/instalação em módulos de análise;
e) Realização da APR propriamente dita (preenchimento da planilha);
f) Elaboração das estatísticas dos cenários identificados por categoria de risco
(frequência e severidade);
g) Análise de resultados e preparação do relatório.

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3. Metodologia
3.1 Tipo de Pesquisa
O presente estudo corresponde a uma pesquisa aplicada, na qual foram utilizados
conhecimentos de segurança e saúde no trabalho na aplicação de Análise Preliminar de Risco
(APR) para a execução de alguns serviços de obras rodoviárias em Tratamento Superficial
Duplo (TSD) e visa descrever o problema em discussão, caracterizando o objeto de estudo.
Esse trabalho se caracteriza como um artigo associado a um estudo de caso, utilizando
materiais publicados e também dados levantados em campo. A estrutura da pesquisa consiste
em: formulação do problema, englobando a justificativa do estudo; a determinação dos
objetivos; a contextualização da problemática e definição da metodologia; realização do
levantamento teórico, que orienta a caracterização do objeto de estudo; as definições e conceitos
a serem utilizados em análise; levantamento de dados em campo e a considerações e sugestões
de melhorias que possam acarretar.

3.2 Delimitação da Pesquisa


Para pesquisa foi selecionado um trecho de 24,48 km da obra de construção e
pavimentação das Vias de Acesso às Estações de Bombeamento do Projeto de Integração do
Rio São Francisco, executada pelo 3° Batalhão de Engenharia de Construção do Exército
Brasileiro, sediado em Picos/PI.

Imagem 1: mapa de localização da obra


Fonte: acervo de obras do 1° Gpt E.

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Os serviços estão sendo executados no Estado de Pernambuco, entre as cidades de
Floresta (PE) e Petrolândia (PE), nas imediações das estações EBV-01 e EBV-03 do Eixo Leste
e compreendem os serviços de terraplenagem, pavimentação em tratamento superficial duplo,
drenagem superficial, obras de arte corrente (bueiros tubulares e celulares), sinalização vertical
e horizontal e defensa metálica.
A obra é fruto de um Plano de Trabalho firmado entre o Exército Brasileiro e o então
Ministério da Integração Nacional, hoje Ministério do Desenvolvimento Regional. A construção
e a pavimentação de tais vias permitirão o fácil acesso de equipes de manutenção ao complexo
sistema de equipamentos eletromecânicos, responsáveis pela captação e recalque da água
(transporte da água para um nível superior). Atualmente, os trabalhos encontram-se mais de
90% concluídos, envolvendo uma força de trabalho de 200 militares (Fonte: www.eb.mil.br).

3.3 Estudo de caso


Os dados coletados em campo foram organizados e utilizados para elaboração da APR,
com base num levantamento exploratório qualitativo que possibilitou descrever e analisar os
riscos. Os serviços necessários para a construção de vias e rodovias e as respectivas atividades
para aplicação da APR são apresentadas abaixo:

SERVIÇO ATIVIDADE
Levantamento topográfico
Topografia
Locação e Estaqueamento
Desmatamento e destocamento
Remoção de cobertura vegetal
Limpeza
Escavação, carga e transporte
Terraplanagem
Compactação de aterro
Execução de sub-base
Execução de base
Imprimação asfáltica
Varredura da pista imprimada
Aplicação de ligante betuminoso
Pavimentação
1ª Camada Espalhamento do agregado pétreo
Compactação
Aplicação de ligante betuminoso
2ª Camada Espalhamento do agregado pétreo
Compactação
Drenagem superficial
Drenagem e obras de arte corrente
Lançamento tubular
Sinalização vertical e horizontal
Sinalização e segurança
Implantação de defensa metálica
Recuperação ambiental de jazidas e empréstimos
Recuperação ambiental
Proteção vegetal em cortes e taludes
Tabela 7: identificação dos serviços de construção.
Fonte: própria autora

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Topografia
Em uma obra rodoviária são necessárias várias técnicas para a materialização do projeto
em campo, desde os levantamentos em solo natural até a finalização da obra, incluindo
nivelamento do terreno com marcações de corte e aterro, contenção de taludes, transposição de
obstáculos através de túneis e viadutos, pavimentação, dentre outras. A topografia deve estar
presente do primeiro ao último momento neste tipo de obra de engenharia.
Os levantamentos topográficos requerem cuidados e procedimentos de segurança a
serem adotados pelos profissionais da área, pois dessa atividade depende o bom andamento da
obra, incorrendo em ganho de tempo, praticidade e minimização de riscos de acidentes de
trabalho.

Imagem 2: realização de levantamento topográfico


Fonte: acervo de obras do 1° Gpt E.

Terraplenagem
Os serviços de terraplenagem tem por objetivo transformar o terreno de acordo com o
previsto no projeto, podendo haver necessidade de execução de cortes (retirada de material) ou
aterro (colocação de material).
A terraplenagem conforma o leito no sentido transversal e longitudinal, sendo precedida
pela atividade de desmatamento e destocamento para remoção de toda vegetação e material
orgânico existente.

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Imagem 3: execução de serviço de terraplenagem
Fonte: acervo de obras do 1° Gpt E.

Pavimentação
Tratamento Superficial Duplo (TSD) é a camada de revestimento do pavimento
constituída por duas aplicações de ligante asfáltico, cada uma recoberta por camada de
agregado mineral e submetida à compressão.
Preliminarmente, deve-se realizar uma varredura da pista imprimada ou pintada para
eliminar partículas de poeira porventura existentes na plataforma.
O ligante asfáltico deve ser aplicado de uma só vez em toda a largura da faixa a
ser tratada. Imediatamente após a aplicação do ligante deve-se realizar o espalhamento da 1ª
camada de agregado na quantidade indicada no projeto.
A compressão do agregado deve ser iniciada imediatamente após o seu lançamento na
pista. A compressão deve começar pelas bordas e progredir para o eixo nos trechos em
tangente enquanto que nas curvas deve ocorrer sempre da borda mais baixa para a mais alta,
sendo cada passagem do rolo recoberta, na passada subsequente, de pelo menos metade da
largura deste.
Após a compressão da camada para a fixação do agregado faz-se uma varredura
leve do material solto e executa-se a segunda camada de modo idêntico à primeira.
Não deve ser permitido o tráfego quando da aplicação do ligante asfáltico ou do
agregado.
Deve-se liberar o tráfego somente após o término da compressão e de maneira
controlada.

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Imagem 4: pavimentação em TSD
Fonte: acervo de obras do 1° Gpt E.

4. Resultados
Após a identificação e análise preliminar dos riscos foram sugeridas medidas que visam
controlar ou minimizar as consequências geradas por eles, objetivando contribuir com a adoção
de ações que proporcionem benefícios relacionados à saúde e segurança no trabalho aos
militares envolvidos diretamente nas obras.

4.1 Aplicação da APR Topografia:


TOPOGRAFIA
Agente de
Riscos Causas Consequências F S R Recomendações
Risco
Utilizar fardamento com mangas
Lesões por picada e arriadas, luvas, coturno, gorro,
Picadas de insetos e Trabalho em áreas com mordedura; repelente, perneira (em matas fechadas)
Biológico B III 2
animais peçonhentos presença de vegetação Reações alérgicas; e e manter a disposição mala
Óbitos medicamentos e equipamentos de
primeiros socorros.
Eritema ou queimadura; Protetor solar, fardamento com mangas
Exposição à radiação
Físico Trabalho a céu aberto. Lesões celulares; e E II 3 arriadas, óculos de
não ionizante
Lesões oculares. proteção com filtro UV e gorro.
Fadiga, tontura e Fardamento completo com mangas
Exposição a desmaio; Insolação; arriadas, hidratação periódica, pausas e
Físico Trabalho a céu aberto. E II 3
temperaturas extremas AVC; e descanso em abrigo.
Câimbras
Terrenos acidentados, Torções; Trabalhar com atenção, não correr
Queda em mesmo
Físico lisos, irregulares e Fraturas; e D II 3 durante a atividade e utilizar capacete.
nível
desatenção. Lesões contusas
Intoxicação por via Durante o manuseio utilizar respirador,
Contato com tintas e Pintura de estacas e
Químico respiratória, cutânea; e D I 2 luva, óculos de proteção e fardamento
solventes dispersóides marcos.
Dermatites. com mangas arriadas.
Atenção ao local de trabalho, e utilizar
Contato com Restos vegetais com
Cortes; e óculos de proteção, luvas, coturno,
superfícies cortantes Físico pontas vivas e cercas B III 2
Perfurações. capacete e fardamento com mangas
ou perfurantes de arame farpado.
arriadas.

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Ajustar e operar os equipamentos de
Operação dos Dores musculares:
forma a proporcionar uma postura
Postura inadequada Ergonômico equipamentos de Lombalgia; e C I 2
adequada e nas pausas da atividade
topografia. Fadiga.
fazer alongamento.
Estresse e Fadiga;
Transito de máquinas,
Dores de cabeça; Utilizar protetor auricular (plug ou
Ruídos Físico veículos e E II 3
Perca auditiva; e concha).
equipamentos.
Surdez ocupacional.
Transito de máquinas,
Lesões múltiplas; e Utilizar colete refletivo, sinalizar e
Atropelamento Acidente veículos, equipamentos B II 2
Óbitos . demarcar área de trabalho.
e infrações de transito.
Queimadura, parada Em caso de mau tempo, se abrigar em
Descargas
Físico Trabalho a céu aberto. cardiorrespiratória e C V 5 local seguro (veículo e abrigos
atmosféricas
lesões fatais. cobertos).

4.2 Aplicação da APR Terraplanagem


TERRAPLANAGEM
Agente de
Riscos Causas Consequências F S R Recomendações
Risco
Eritema ou queimadura; Protetor solar, fardamento com mangas
Exposição à radiação
Físico Trabalho a céu aberto. Lesões celulares; e E II 3 arriadas, óculos de
não ionizante
Lesões oculares. proteção com filtro UV e gorro.
Fadiga, tontura e Fardamento completo com mangas
Exposição a desmaio; Insolação; arriadas, hidratação periódica, pausas e
Físico Trabalho a céu aberto. E II 3
temperaturas extremas AVC; e descanso em abrigo.
Câimbras
Tombamento de Terrenos acidentados, Óbitos; Trabalhar com atenção ao terreno, bem
maquinas e Físico lisos, irregulares e Fraturas; e B III 2 como a sinalização e utilizar cinto de
equipamentos desatenção. Lesões contusas segurança.
Transito de máquinas, Estar atento a sinalização, utilizar cinto
veículos, Óbitos; de segurança, diante de risco eminente
Colisão de maquinas e
Físico equipamentos, excesso Fraturas; e B III 2 de colisão utilizar sinais de alerta
equipamentos
de velocidade e Lesões contusas (buzina e farol).
infrações de transito.
Equipamentos Ajustar e operar os equipamentos de
Dores musculares:
desajustados, pouca forma a proporcionar uma postura
Postura inadequada Ergonômico Lombalgia; e D I 2
visibilidade, altas adequada e nas pausas da atividade
Fadiga.
temperaturas. fazer alongamento.
Estresse e Fadiga;
Transito de máquinas,
Dores de cabeça; Utilizar protetor auricular (plug ou
Ruídos Físico veículos e E III 4
Perca auditiva; e concha).
equipamentos.
Surdez ocupacional.
Transito de máquinas,
Lesões múltiplas; e Utilizar colete refletivo, sinalizar e
Atropelamento Acidente veículos, equipamentos B III 2
Óbitos . demarcar área de trabalho.
e infrações de transito.
Utilizar respiradores com filtro e
Inalação de partículas Movimentação e Alergias e doenças realizar aspersão de água para evitar a
Físico D I 2
em suspensão compactação de solos respiratórias dispersão do particulado e diminuir a
concentração de poeiras em suspensão.

4.3 Aplicação da APR Pavimentação


PAVIMENTAÇÃO
Agente de
Riscos Causas Consequências F S R Recomendações
Risco
Eritema ou queimadura; Protetor solar, fardamento com mangas
Exposição à radiação
Físico Trabalho a céu aberto. Lesões celulares; e E II 3 arriadas, óculos de
não ionizante
Lesões oculares. proteção com filtro UV e gorro.
Fadiga, tontura e Fardamento completo com mangas
Exposição a
Físico Trabalho a céu aberto. desmaio; Insolação; E II 3 arriadas, hidratação periódica, pausas e
temperaturas extremas
AVC; e Câimbras descanso em abrigo.
Tombamento de Terrenos acidentados, Óbitos; Trabalhar com atenção, não correr
maquinas e Físico lisos, irregulares e Fraturas; e B III 2 durante a atividade e utilizar capacete.
equipamentos desatenção. Lesões contusas
Transito de máquinas, Estar atento a sinalização, utilizar cinto
veículos, Óbitos; de segurança, diante de risco eminente
Colisão de maquinas e
Físico equipamentos, excesso Fraturas; e B III 2 de colisão utilizar sinais de alerta
equipamentos
de velocidade e Lesões contusas (buzina e farol).
infrações de transito.

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Equipamentos Ajustar e operar os equipamentos de
Dores musculares:
desajustados, pouca forma a proporcionar uma postura
Postura inadequada Ergonômico Lombalgia; e D I 2
visibilidade, altas adequada e nas pausas da atividade
Fadiga.
temperaturas. fazer alongamento.
Estresse e Fadiga;
Transito de máquinas,
Dores de cabeça; Utilizar protetor auricular (plug ou
Ruídos Físico veículos, e E III 4
Perca auditiva; e concha).
equipamentos.
Surdez ocupacional.
Transito de máquinas,
Lesões múltiplas; e Utilizar colete refletivo, sinalizar e
Atropelamento Acidente veículos, equipamentos B III 2
Óbitos . demarcar área de trabalho.
e infrações de transito.
Utilizar respiradores com filtro e
Inalação de partículas Aplicação de Alergias e doenças realizar aspersão de água para evitar a
Físico D I 2
e em suspensão agregados respiratórias dispersão do particulado e diminuir a
concentração de poeiras em suspensão.
Utilizar respiradores com filtro,
Intoxicação, alergias e monitorar os níveis de concentração de
Inalação de névoas e Aplicação de ligante
Químico doenças no sistema E V 5 névoas e fumos nas frentes de serviço e
fumos tóxicos asfáltico
respiratório manter próximo ao local de trabalho a
FISPQ dos insumos asfálticos.

5. Conclusão
A APR aponta os principais riscos aos quais os trabalhadores que executam os serviços
de topografia, terraplanagem e pavimentação em construção rodoviária estão expostos. Com
base na APR foram elencados 27 riscos entre físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de
acidentes, os quais podem ser observados na matriz de risco abaixo:
MATRIZ DE
FREQUÊNCIA
RISCOS
POUCO
REMOTA OCASIONAL PROVÁVEL FREQUENTE
PROVÁVEL
CATASTRÓFICA 0 0 1 0 1

CRÍTICA 0 0 0 0 0
SEVERIDADE
GRAVE 0 8 0 0 2

MODERADA 0 1 0 1 7

LEVE 0 0 1 5 0
Tabela 8: matriz de riscos
Fonte: própria autora

Dos quais 56% dos riscos foram classificados como baixo, 30% como médio e 14%
entre muito alto e alto, como apresentado na tabela resumo de grau de riscos, a seguir:

GRAU DE RISCO
TOTAL
MUITO ALTO ALTO MÉDIO BAIXO MUITO BAIXO
GERAL
2 7% 2 7% 8 30 % 15 56 % 0 0% 27 100 %
Tabela 9: resumo grau de riscos e porcentagem
Fonte: própria autora

Diante da avaliação e identificação dos riscos das atividades selecionadas, sugere-se


como oportunidade de melhoria a adoção de uma ficha modelo de Controle e Entrega de EPI
padronizada pela Diretoria de Obras de Cooperação do Exército Brasileiro, com o objetivo de
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assegurar que os militares recebam os dispositivos de segurança adequados e, consequentemente,
estejam equipados para desenvolver seu trabalho de maneira correta e segura. Essa medida
objetiva também salvaguardar os Batalhões de Engenharia de possíveis ações trabalhistas
decorrentes de acidentes de trabalho.
Em relação aos militares executantes das obras, a ficha é importante para resguardar seu
direito de receber corretamente o equipamento necessário para a realização de suas tarefas. Por
outro lado, a ficha de entrega poderá ser usada como comprovante caso a organização não
ofereça os meios necessários para seus trabalhadores. A ficha permitirá também verificar se
ocorreu alguma falha na entrega do EPI ou se o militar não utilizou o equipamento corretamente.
Assim, sugere-se a elaboração de uma Instrução Geral específica sobre Segurança do
Trabalho em Obras de Cooperação, na qual constem as diretrizes para execução segura dos
serviços de engenharia e a distribuição adequada de Equipamentos de Proteção Individual.

14
6. Bibliografia

CARDELLA, Benedito Segurança no Trabalho e Prevenção de Acidentes – Uma


Abordagem Holística. Editora Atlas - São Paulo, 2013, Cap. 6, Cap. 7 e Cap. 10

FURNAS, Centrais Elétricas S.A. Superintendência de Recursos Humanos, Departamento


de Segurança e Higiene industrial. Apostila Curso Básico – Segurança em Instalações e
Serviços em Eletricidade. Rio de Janeiro, 2006

AGUIAR, Laís A. Metodologias de análise de riscos APP & HAZOP. Rio de Janeiro, 2001.

REGINATO, José Carlos L. Análise Preliminar de Risco em uma Obra Rodoviária de


Mobilidade Urbana na Região Metropolitana de Curitiba. Revista SODEBRAS – Volume
10 N° 118 – OUTUBRO/ 2015

FLORERO, Nátali S. Aplicação da Análise preliminar de Riscos nos Processos da


Fabricação de Mistura Asfáltica a Quente. Universidade Federal do Paraná. Curitiba 2014

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-6 - EPI. Manual de Legislação Atlas. São
Paulo: Atlas, 73ª Edição, 2013d.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-9 - PPRA. Manual de Legislação Atlas. São
Paulo: Atlas, 73ª Edição, 2013f.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-15 – Atividades e operações insalubres.


Manual de Legislação Atlas. São Paulo: Atlas, 73ª Edição, 2013i.

BRASIL. Ministério dos Transportes. NORMA DNIT 104/2009 - ES. Terraplenagem –


Serviços preliminares. Especificação de serviço. Agosto 2009

BRASIL. Ministério dos Transportes. NORMA DNIT 108/2009 - ES. Terraplenagem – Aterros.
Especificação de serviço. Agosto 2009

BRASIL. Ministério dos Transportes. NORMA DNIT 147/2012 - ES. Pavimentação asfáltica -
Tratamento Superficial Duplo - Especificação de serviço. Julho 2012

Comissão Permanente de Prevenção e Controle de Riscos Ambientais. Universidade Federal de


Alfemas. Minas Gerais <https://www.unifal-mg.edu.br/riscosambientais/riscosambientais>
acessado em: 03/03/2019

CETESB. Norma Técnica P4.261 - Manual de orientação para elaboração de estudos de análise
de riscos. Maio 2003

PETROBRAS. Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico - FISPQ EMULSÃO


ASFÁLTICA RR-2C. Fevereiro 2005.

15
ANEXO I

Modelo de Ficha Controle de Entrega de EPI

Ficha de Entrega de EPI Logo OM

OM: Obra:
Posto/ Graduação: Função:
Nome:
Devolução
Data Qtd EPI C.A Assinatura
Motivo Data Visto

Termo de Compromisso:
Declaro que recebi orientações sobre o uso correto dos EPI’s fornecidos e me comprometo a cumprir as
normas do Exército Brasileiro relativas a segurança do Trabalho nas Obras de Cooperação a cargo dessa OM.
Cabe aos militares:
a) Cumprir as disposições legais e regulamentares sobre Segurança do Trabalho, inclusive as ordens diretas dos
chefes de equipe;
b) Utilizar o EPI fornecido;
c) Usar o EPI apenas para a finalidade que se destina;
d) Responsabilizar-se por sua guarda e conservação;
e) Comunicar ao Resp. Seg do Trab qualquer alteração que torne impróprio o uso do EPI; e
f) A recusa injustificada ao uso do EPI será passível de punição.

Tipo de Papel: papel cartão branco 200 a 300g


Tamanho: 14x21
Ser acondicionada em pasta arquivo.

16
F311a Feitosa, Ayalla Fernanda Esquaiela..
Análise Preliminar de Risco das Principais Atividades Desenvolvidas
por Militares em Construções de Estradas nas Obras de Cooperação do
Exército Brasileiro; Ayalla Fernanda Esquaiela Feitosa - João Pessoa,
2019.
16f.

Artigo (Pós Graduação em Eng. de Segurança do Trabalho)


Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ.

1.Risco . 2. Pavimentação. 3. Obras. 4. Ficha Controle

I. Título.

UNIPÊ / BC CDU – 693.7:614

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