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PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CENTRO MULTIDISCIPLINAR DE PAU DOS FERROS
BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA
O serviço de Geração Automática de Ficha Catalográfica para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvido pelo Instituto
de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP) e gentilmente cedido para o Sistema de Bibliotecas
da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (SISBI-UFERSA), sendo customizado pela Superintendência de Tecnologia da Informação
e Comunicação (SUTIC) sob orientação dos bibliotecários da instituição para ser adaptado às necessidades dos alunos dos Cursos de
Graduação e Programas de Pós-Graduação da Universidade.
LUCAS LEITE DOS SANTOS
BANCA EXAMINADORA
A minha mãe, Maria das Graças Leite de Araújo por ter me incentivado a sempre
escolher os melhores caminhos e a acreditar o quanto a educação tem o poder de realizar
transformações nas nossas vidas.
A minha avó, Ana Bertini Leite de Araújo, por ter ajudado na minha criação e dos meus
irmãos e pelos esforços feitos para que nós tivéssemos a oportunidade de ingressar à
universidade, mesmo nos momentos de dificuldades.
As minhas tias, Maria Telma Leite de Araújo, Margarida Leite de Araújo e Suzana Leite
de Araújo, por também fazerem parte da minha criação e dos meus irmãos, ajudando a minha
mãe nos momentos difíceis e por sempre ter nos proporcionados o melhor, na medida do
possível.
A minha professora orientadora Dr.ª Kytéria Sabina Lopes de Figueredo, por ter se
disposto a me orientar, pela paciência nos meus momentos de indecisões e dificuldades e por
ter me ajudado a concluir essa etapa importante da minha vida acadêmica.
A todos os meus amigos e familiares que estão ao meu lado me incentivando e
acreditando no meu potencial.
RESUMO
Grande parte das mudanças ocorridas ao longo do século XX, se deram em decorrência do
desenvolvimento de polímeros como materiais alternativos. Com isso, borrachas sintéticas,
plásticos, fibras sintéticas, etc., proporcionaram uma revolução nos setores automobilísticos,
eletroeletrônicos, têxteis, de embalagens, da medicina e em vários outros setores. Porém, a vasta
maioria dos monômeros utilizados na produção de polímeros sintéticos, tais como o etileno e o
propileno, são derivados de hidrocarbonetos fósseis e nenhum dos polímeros comumente
utilizados são biodegradáveis e como resultado, eles se acumulam, ao invés de se decomporem,
em aterros ou em ambientes naturais. E como consequência da principal propriedade dos
polímeros, ou seja, a durabilidade, eles se tornaram um sério problema que acompanha a
sociedade contemporânea. Diante disso, muitos esforços têm sido feitos para se obter um
material ecologicamente sustentável no qual a maior parte das pesquisas tem como foco
substituir plásticos à base de petróleo por materiais biodegradáveis com propriedades
semelhantes. Esses materiais são denominados biopolímeros e podem ser definidos como
qualquer polímero (proteína, ácido nucléico, polissacarídeo) produzido por um organismo vivo.
Este trabalho objetivou reunir os métodos de produção de biopolímeros de origem vegetal por
meio de produções científicas e acadêmicas publicados nos últimos 15 anos (2006-2021),
utilizando ferramentas digitais como Google Scholar, Science Direct, Periódico CAPES,
BDTD, SciELO, além de sites oficiais como, ABPol e ABICOM. Sendo assim, identificou-se
de forma geral, a presença de duas metodologias utilizadas na produção de biopolímeros: a
síntese por microrganismos (bactérias, fungos e algas) e a metodologia Casting. Dentre as
metodologias, a síntese realizada pela bactéria Ralstonia eutropha na presença de meio
fermentativo composto por melaço de cana + vinhaça residual, apresentou o maior rendimento
(97,80%) durante a produção do biopolímero Polihidroxialcanoato (PHA), entretanto, foram
identificados outros processos que também obtiveram resultados positivos e promissores como,
a síntese realizada pela combinação das bactérias Bacillus firmus e Lactobacillus delbrueckii
na presença do meio fermentativo MSM, obtendo um rendimento de 56% na produção do
biopolímero Polihidroxibutirato (PHB). Durante a análise de informações, constatou-se
também que fatores como: composição do meio fermentativo, linhagem microbiana e
metodologia de extração afetam as propriedades dos biopolímeros, assim como, a utilização de
solventes e plastificantes. Por fim, espera-se que as análises realizadas por este trabalho,
contribuam para o desenvolvimento de novas estratégias para produção de biopolímeros, visto
que estes representam uma área relativamente nova, porém, promissora.
Most of the changes that took place throughout the 20th century were due to the development
of polymers as alternative materials. With this, synthetic rubbers, plastics, synthetic fibers, etc.,
provided a revolution in the automotive, electronics, textiles, packaging, medicine and various
other sectors. However, the vast majority of monomers used in the production of synthetic
polymers, such as ethylene and propylene, are derived from fossil hydrocarbons and none of
the commonly used polymers are biodegradable and as a result they accumulate rather than
decompose into landfills or in natural environments. And as a consequence of the main property
of polymers, namely their durability, they have become a serious problem that accompanies
contemporary society. Therefore, many efforts have been made to obtain an ecologically
sustainable material in which most research is focused on replacing petroleum-based plastics
with biodegradable materials with similar properties. These materials are called biopolymers
and can be defined as any polymer (protein, nucleic acid, polysaccharide) produced by a living
organism. This work aimed to bring together the production methods of plant-derived
biopolymers through scientific and academic productions published in the last 15 years (2006-
2021), using digital tools such as Google Scholar, Science Direct, CAPES Journal, BDTD,
SciELO, in addition to official websites such as ABPol and ABICOM. Thus, it was identified,
in general, the presence of two methodologies used in the production of biopolymers: the
synthesis by microorganisms (bacteria, fungi and algae) and the Casting methodology. Among
the methodologies, the synthesis performed by the bacterium Ralstonia eutropha in the presence
of fermentation medium composed of sugarcane molasses + residual vinasse, presented the
highest yield (97.80%) during the production of the Polyhydroxyalkanoate (PHA) biopolymer,
however, others were identified processes that also obtained positive and promising results,
such as the synthesis carried out by the combination of Bacillus firmus and Lactobacillus
delbrueckii bacteria in the presence of the MSM fermentation medium, obtaining a yield of
56% in the production of the Polyhydroxybutyrate (PHB) biopolymer. During the analysis of
information, it was also found that factors such as: composition of the fermentation medium,
microbial strain and extraction methodology affect the properties of biopolymers, as well as the
use of solvents and plasticizers. Finally, it is expected that the analyzes carried out by this work
will contribute to the development of new strategies for the production of biopolymers, as these
represent a relatively new but promising area.
Figura 6: Distribuição dos diferentes meros da cadeia polimérica dos copolímeros ............... 26
Figura 15: (1) Separação dos elementos dos grupos funcionais; (2) Poliamida e água ........... 32
Figura 24: Modelo demonstrativo contendo etapas do processo de produção do Poli (butileno
succinato) (PBS) ....................................................................................................................... 52
Figura 25: Processo de produção do Polímero de amido (Amido termoplástico) .................... 53
Figura 31: Potencial de substituição dos polímeros convencionais por bioplásticos ............. 101
LISTA DE TABELAS
Gráfico 3: Quantidade de publicações analisadas de acordo com cada tipo de trabalho ......... 66
Gráfico 5: Distribuição dos tipos de biopolímeros por número de trabalhos selecionados ..... 77
Gráfico 12: Principais áreas de aplicação dos biopolímeros analisados ................................ 103
LISTA DE SIGLAS
ABS Acrilonitrilo-butadieno-estireno
EPS Poliestireno expandido
EVA Etileno-vinil-acetato
GLP Gás liquefeito de petróleo
HCl Ácido clorídrico
PA Poliamida (naílon)
PAA Poliésteres alifáticos-aromáticos
PAN Poliacrilonitrila
PBAT Poli (butileno adipato co-tereftalato)
PBS Polibutilenosuccinato
PC Policarbonato
PCL Policaprolactona
PE Polietileno
PEAD Polietileno de alta densidade
PEBD Polietileno de baixa densidade
PEBDL Polietileno de baixa densidade linear
PET Politereftalato de etileno
PHA Polihidroxialcanoatos
PLA Ácido Polilático
PMMA Polimetilmetacrilato
PP Polipropileno
PS Poliestireno
PTFE Politetrafluoretileno
PTT Politrimetillenotereftalato
PU Poliuretano
PVC Policloreto de Vinila
RT Resinas termoplásticas
TE Termoplásticos de engenharia
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 17
2. OBJETIVOS ..................................................................................................................... 20
4. METODOLOGIA ............................................................................................................ 62
1. INTRODUÇÃO
a matéria prima básica mais importante para a fabricação de plásticos, servindo de fonte para
extração de monômeros que dão origem aos polímeros petroquímicos (CANEVAROLO, 2006).
Grande parte das mudanças ocorridas ao longo do século XX, se deram em decorrência
do desenvolvimento de polímeros como materiais alternativos. Com isso, borrachas sintéticas,
plásticos, fibras sintéticas, etc., proporcionaram uma revolução nos setores automobilísticos,
eletroeletrônicos, têxteis, de embalagens, da medicina e em vários outros setores ao longo desse
período (HAGE, 1998). A exemplo disso, com a ascensão da Segunda Guerra Mundial (1939-
1945), houve uma grande elevação da produção de polímeros sintéticos, dentre eles, a SBR
(Styrene-Butadiene Rubber), ou, Borracha de Estireno Butadieno desenvolvidos pela Alemanha
na falta da borracha natural provocada pelo fechamento das suas fronteiras com países vizinhos
no período da guerra (CANEVAROLO, 2006).
Segundo Finnigan (2009), os modernos polímeros sintéticos têm sido utilizados ao
longo dos últimos 50 anos como embalagens para transportar líquidos e gases. Todavia, a sua
maior área de aplicação é destinada a embalagens de comidas e farmacêuticas. Essas
embalagens poliméricas oferecem o benefício de terem um peso reduzido e a capacidade e
maleabilidade em se transformarem em formatos úteis, bonitos, resistentes, transparentes e com
redução de custos.
Contudo, se por um lado as propriedades mecânicas, térmicas, elétricas, ópticas e
químicas etc., que os polímeros sintéticos possuem são tão importantes para que eles resistam
a adversidades, por outro lado, são essas mesmas propriedades que dificultam a sua degradação
quando em contato com o meio ambiente. A alta resistência a corrosão, a água e a decomposição
bacteriana acabam tornando difícil o descarte dos seus resíduos e, consequentemente, gerando
sérios impactos ambientais (VALERO, 2013).
O fato é que das 400 milhões de toneladas de lixo urbano geradas anualmente pelo
mundo, o material constituinte que mais provoca problemas é justamente o lixo plástico, em
razão da sua resistência à degradação ambiental, permanecendo por até centenas de anos em
contato com o meio ambiente (MANO e MENDES, 2013).
Por isso, há a necessidade de se buscar materiais alternativos para desenvolver novos
produtos, com o intuito de solucionar os problemas gerados pelos resíduos plásticos. Visando
isso, muitos esforços têm sido feitos para se obter um material ecologicamente correto e
sustentável no qual a maior parte das pesquisas tem como foco substituir plásticos à base de
petróleo por materiais biodegradáveis com propriedades semelhantes (CYRAS et al., 2007).
Esses novos tipos de polímeros são chamados biopolímeros e podem ser definidos como
19
qualquer polímero (proteína, ácido nucléico, polissacarídeo) produzido por um organismo vivo
(BORSCHIVER; ALMEIDA; ROITMAN, 2008).
Eles podem ser sintetizados por bactérias, fungos e leveduras, e também são conhecidos
como gomas devido à sua capacidade de formar soluções viscosas e géis em meio aquoso
(ARAÚJO et al., 2016). Tais polímeros provenientes de biomassa, podem ser processados
através de variadas formas, como as usadas para os polímeros convencionais (MARTINS,
2011).
Segundo Shen, Haufe e Patel (2009), existem três principais maneiras de se produzir os
biopolímeros: (I) Utilizando polímeros naturais que podem ser modificados, (II) Produzindo
monômeros bio-derivados através de fermentação ou química convencional, realizando a
polimerização desses monômeros numa segunda etapa e (III) Produzindo biopolímeros
diretamente através de microrganismos ou através de colheitas geneticamente modificadas.
Todavia, a produção de biopolímeros, quer seja, através da fermentação, quer através da
polimerização, é geralmente exercida através de açúcares (OCDE, 2013).
Este trabalho de revisão bibliográfica consiste em uma análise dos métodos de produção
de biopolímeros de origem vegetal, identificados a partir de uma coleta e seleção de trabalhos
acadêmicos desenvolvidos nos últimos 15 anos (2006-2021), utilizando bases de informações
científicas online, com o propósito de estabelecer e discutir tecnologias que idealizam a
produção de polímeros ecologicamente corretos com propriedades semelhantes ao tradicionais
mas que, também sejam degradáveis ou biodegradáveis. Desse modo, espera-se que se possa
determinar o potencial de cada polímero analisado, através do estudo de suas propriedades e
com isso identificar a capacidade de substituir os polímeros petroquímicos tradicionalmente
utilizados por indústrias de plásticos. E ainda, que este estudo sirva de fonte de informações
para a criação de biopolímeros a partir de matéria-prima vegetal.
20
2. OBJETIVOS
3. REVISÃO TEÓRICA
macromoléculas, sendo uma de asfalteno e outra de poli (óxido de etileno). A segunda por
conter unidades repetitivas de óxido de etileno é denominada de polímero.
a)
b)
Dessa forma, as macromoléculas, no caso, das mais simples, são geradas de vários
monômeros iguais, ou seja, elas são compostas de uma sequência de elementos encadeados que
sempre se repetem (Figura 3). Cada cadeia de moléculas possui uma linha contínua de
elementos encadeados, na qual outras estão penduradas, mas que não se encontram numa
mesma linha. A linha contínua da macromolécula, denominada de espinha dorsal, é composta
geralmente apenas pelo elemento carbono (C) e algumas vezes por oxigênio (O) ou nitrogênio
(N). O carbono tem a propriedade de produzir facilmente cadeias consigo mesmo ou com
oxigênio e nitrogênio, outros elementos não tem essa facilidade (MICHAELI et al., 1995).
consiste no compartilhamento de dois elétrons entre os átomos, sendo a mais comum entre os
polímeros, determinando assim, as forças intramoleculares (CANEVAROLO, 2006).
Já as ligações moleculares secundárias ou intermoleculares são forças entre os
segmentos de cadeias poliméricas que aumentam com a presença de grupos polares e diminuem
com o aumento da distância entre as moléculas. Elas podem ser divididas em dois tipos: forças
de Van der Waals e pontes de hidrogênio. As forças de Van der Waals, por sua vez, podem ser
divididas em Interação dipolo-dipolo, Interação dipolo-dipolo induzido e Forças de dispersão
(CANEVAROLO, 2006).
O agrupamento de átomos constitui-se em uma molécula somente quando as forças que
os ligam forem suficientemente fortes para os manterem unidos, dentro de determinadas
condições de temperatura e pressão e na ausência de outros átomos e moléculas. Elas são uma
entidade independente, com massa molar e características próprias. Sabe-se que os polímeros
são formados por ligações intramoleculares e intermoleculares, sendo que a mais comum é a
ligação do tipo intramolecular por covalência e às vezes por coordenação sendo assim,
responsáveis por unir as suas unidades químicas. Tais unidades estão repetidas regularmente ao
longo da cadeia, e são denominadas meros. O número de meros em uma cadeia polimérica é
denominado grau de polimerização e é simbolizado geralmente por (n) ou DP (Degree of
Polymerization) (MANO e MENDES, 1999).
O conjunto de reações químicas que provocam a união de pequenas moléculas por
ligação covalente com a consequente formação de um polímero é denominado polimerização
ou síntese de polímeros (CANEVAROLO, 2006). Cada tipo de polimerização é responsável por
submeter ao material final um tipo diferente de grupo químico ligado à cadeia polimérica ou
impurezas que afetam de forma considerável a vida do material em relação à sua estabilidade
(DE PAOLI, 2008).
Quanto ao tipo de reação, a polimerização pode envolver reações de adição ou
poliadições e reações de condensação ou policondensações. De forma geral, os polímeros de
adição têm a cadeia regularmente constituída por apenas átomos de carbono, ligados
covalentemente, como por exemplo, o polietileno, o poliestireno etc. Já os polímeros de
condensação apresentam em sua cadeia principal não apenas átomos de carbono, mas também,
átomos de outros elementos como oxigênio, nitrogênio e enxofre, como por exemplo o poli
(tereftalato de etileno) (MANO e MENDES, 1999).
A Figura 4, apresenta a reação de polimerização do etileno, na qual se obtém o
polietileno com seu respectivo mero.
25
a)
b)
c)
d)
Quando os meros estão ligados entre si formando uma unidade contínua , como um fio,
a cadeia é denominada linear, quando as unidades estão unidas numa forma tridimensional
formando uma rede, o polímero é do tipo reticulado ou possui ligações cruzadas, e ainda,
quando uma cadeia possui ramificações laterais o polímero é denominado de ramificado ou não
linear. (AKCELRUD, 2007).
As formas linear, ramificada e a reticulada são as três principais formas estruturais na
qual as moléculas de polímeros podem ser obtidas. Nesses casos a molécula do polímero está
representada como um fio que se assemelha a um espaguete (LUCAS; SOARES; MONTEIRO,
2001). Tais formas podem ser encontradas nos homopolímeros, por exemplo. Eles podem ser
lineares ou ramificados. No caso do polietileno: o de baixa densidade apresenta um alto teor de
ramificações, o linear de alta densidade tem um número menor de ramificações e o de alta
densidade é praticamente linear (DE PAOLI, 2008).
28
DESIGNAÇÃO DO
PROCESSO DE SÍNTESE EXEMPLO/SIGLA
PRODUTO
Polipropileno (PP)
Polimerização Polimerizado
Polietileno (PE)
Poliuretano (PUR)
Poliadição Poliaditado
Resina epóxi (EP)
No processo de polimerização, a ligação dupla que aparece nos monômeros entre dois
átomos de carbono, exerce um papel fundamental. No caso das Vinilclorida (Figura 8), cada
ligação da molécula é composta de dois elétrons (MICHAELI et al., 1995).
A ligação dupla é composta de duas ligações, cada uma com 2 elétrons. Pela ligação
dupla, uma das duas ligações deixa-se separar facilmente e se decompõe em dois elétrons
individuais. Essa decomposição leva a formação do polímero, ou seja, ela começa com a
29
decomposição da ligação dupla, que será completada por outra parte, por exemplo um radical.
Os radicais são grupos de elementos extremamente reativos, isto é, reagem com muita
facilidade com outras moléculas. Isso ocorre devido a existência de um elétron livre que todos
os radicais possuem e que tende a formar uma ligação com outro elétron (MICHAELI et al.,
1995). A decomposição da ligação dupla da Vinilclorida pode ser observada na Figura 9.
Através da ligação dupla, é formada uma nova ligação entre o elétron do radical e um
elétron livre da ligação decomposta e como se pode observar na figura 9, o outro elétron da
ligação decomposta está localizado do outro lado da Vinilclorida. Este lado, com o elétron livre,
pode novamente decompor outras ligações duplas e este núcleo acaba assim, formando longas
cadeias (Figura 10) (MICHAELI et al., 1995).
Por fim, aos polímeros produzidos por polimerização (Figura 11), são chamados de
polimerizados.
Em relação a poliadição, também chamada de polimerização por reação em cadeia, ela
trata-se de uma reação que envolve a polimerização de um monômero com bifuncionalidade
intrínseca e uma das características principais desse tipo de polimerização é a necessidade de
um iniciador pois, o simples fato de os monômeros estarem em contato não é condição
suficiente para que haja reação (MARINHO, 2005). Por exemplo, considerando um iniciador I
e um monômero com dupla ligação, haveria então (observar a Figura 12):
A formação de uma ligação entre duas moléculas ocorre somente quando dois grupos
funcionais diferentes, dos quais as duas partes que se separam sejam “condensadas” na forma
de água. Um exemplo de policondensação é na reação na qual duas moléculas formam a amida.
(MICHAELI et al., 1995). A reação ocorre através da exametilenodiamida com o ácido adipina
(figura 14).
32
Figura 15: (1) Separação dos elementos dos grupos funcionais; (2) Poliamida e água
(1)
(2)
Os polímeros podem ser classificados de várias formas e de acordo com vários critérios.
Uma das principais classificações se baseia na origem dos polímeros, que podem ser divididos
em dois grupos: polímeros naturais e polímeros sintéticos (MICHAELI et al., 1995).
Os polímeros naturais são aqueles que podem ser obtidos na natureza e apresentam,
num contexto geral, estruturas mais complexas que os polímeros sintéticos, tais como,
proteínas, polissacarídeos, gomas, resinas, elastômeros (LUCAS; SOARES; MONTEIRO,
2001). Na natureza é possível encontrar macromoléculas que com algumas modificações, se
prestam à produção de polímeros. Os produtos naturais como o amido, a madeira (celulose),
algodão, o látex etc., foram uns dos primeiros grupos a servir de fonte de extração de matéria-
prima para a fabricação de polímeros naturais (CANEVAROLO, 2006).
Os polímeros sintéticos podem ser obtidos através de uma reação química chamada
polimerização e a substância que os origina é chamada de monômero. Alguns exemplos são o
PE (Polietileno), PP (Polipropileno), PVC (Policloreto de vinila), PA (Poliamida), PC
(Policarbonato). Embora haja uma predominância dos polímeros sintéticos feitos a partir de
hidrocarbonetos, apenas 4% a 6% da produção mundial de petróleo é destinada a fabricação de
transformados plásticos (MARINHO, 2005; TEIXEIRA; CIRINO; LINO, 2017).
Contudo, dentre os produtos naturais, o petróleo consiste na fonte mais importante para
a fabricação de polímeros. É por meio da destilação fracionada do óleo cru que várias frações
poderão ser obtidas tais como: GLP (gás liquefeito de petróleo), nafta, gasolina, querosene, óleo
diesel, graxas parafínicas e piche, sendo que é a nafta a fração que se utiliza para a produção
dos polímeros. Após a aplicação de um cracking térmico apropriado, ou seja, pirólise a
aproximadamente 800°C e catálise, é possível gerar várias frações gasosas que possuem
moléculas saturadas e insaturadas. As moléculas insaturadas, tais como o etileno, propileno,
butadieno, buteno, etc., são separadas e aproveitadas para a síntese de polímeros
(CANEVAROLO, 2006). Esta sequência característica consiste num processo realizado pela
indústria petroquímica de primeira geração, ou seja, a fase de obtenção dos monômeros e pode
ser entendida melhor no tópico 3.4 deste trabalho onde é contextualizada resumidamente a
cadeia petroquímica e do plástico.
34
• Poliéteres • Poliuretanos
• Poliésteres • Aminoplásticos
• Policarbonato • Derivados da celulose
• Poliamidas • Siliconas
35
1
𝑇𝑔 – Temperatura de transição vítrea, T – Temperatura do polímero, 𝑇𝑚 – Temperatura de fusão cristalina
37
da quarta geração consiste em empresas de portes variados que adquirem os artigos plásticos e
os montam em itens maiores, tal qual ocorre com as montadoras automobilísticas
(CANEVAROLO, 2006; ABD, 2009). A Figura 16 mostra o fluxograma simplificado da cadeia
petroquímica e do plástico. Já no Quadro 1, é possível ver o início da comercialização mundial
de alguns dos principais polímeros sintéticos desenvolvidos ao longo dos anos.
Resinas commodities
PP Tubos
Conexões
Etileno PE Autopeças
Embalagens
NAFTA Propileno PVC Filmes
Calçados
Fios e Cabos
Butadieno PET
Const. Civil
Alimentos e
PS bebidas
Automóveis
e autopeças
PETRÓLEO Plásticos de engenharia Papel
Agricultura
Instrumentos
Benzeno
médicos
Tecnologia
PA
ciclo-hexanona Perfumaria
Partes e peças
ABS para veículos
AROMÁTICOS Para-xileno Telefones
PC Eletroeletrôni-
Tolueno os
PU
Bisfenol A
PP 20,10%
PEAD 13,20%
PVC 13,10%
PEBDL 11,80%
PET 6,20%
PS 4,80%
EVA 1,60%
EPS 0,9%
2
PP- Polipropileno; PEAD- Polietileno de alta densidade; PVC- Poli (cloreto de vinila); PEBDL- Polietileno de
baixa densidade linear; PEBD- Polietileno de baixa densidade; PET- Poli (tereftalato de etileno); PS- Poliestireno;
EVA- Etileno-Vinil-Acetato; EPS: Poliestireno expandido.
42
30,00%
27,80%
25,00%
10,00%
7,30%
5,00% 4,30%
2,50% 2,30% 2,10%
0,00%
CIS³ Brasil Japão América Oriente Restante NAFTA Europa China
Latina Médio da Ásia (Canadá, (EU,
(Exceto EUA e CH,
Brasil) México) NO)
3
De acordo com Geyer, Jambeck e Law (2017), a produção global de resinas plásticas e
fibras sintéticas cresceram de 2 milhões de t/a em 1950 para 380 milhões de t/a em 2015, com
uma taxa de crescimento anual composta ou em inglês compound annual growth rate (CAGR)
de 8,4 %, representando assim, um crescimento aproximadamente 2,5 vezes maior do que a
taxa de crescimento de todo o produto interno bruto global gerada durante esse mesmo período.
Com isso, a produção total de resinas poliméricas e fibras sintéticas entre 1950 e 2015, equivale
a 7800 milhões de toneladas. Metade disso, ou seja, 3900 milhões de toneladas, foram
3
CIS (Commonwealth of Independent States): Compreende os países Armênia, Belarus, Cazaquistão, Federação
russa, Moldávia, Quirquistão, Tadjiquistão, Turcomenistão, Ucrânia, Uzbequistão, Geórgia e Azerbaijão. Europa:
Compreende os países da União Europeia, Suíça e Noruega.
43
produzidas apenas nos últimos 13 anos. Atualmente, a China sozinha representa 28% da
produção global de resinas plásticas e 68% de poliftalamida, um subconjunto de resina sintética
da família da poliamida (nylon).
Segundo um outro levantamento realizado por Annette Von Schöenfeld et al. (2020), a
nível global, a quantidade de plástico produzida entre 1950 e 2017, totalizou cerca de 9,2
bilhões de toneladas chegando a cerca de 400 milhões de toneladas ao ano, sendo que apenas
9% desse material é reciclável. Diante disso, os países que mais produzem lixo plástico são: os
Estados Unidos em primeiro lugar com 70,782 milhões t/a, seguidos de China, com 54,740
milhões de t/a em segundo lugar, depois pela Índia em terceiro lugar com 19,311 milhões de t/a
e em quarto o Brasil com 11,3 milhões de t/a.
Quase metade de todos os produtos plásticos que poluem o planeta atualmente, foram
fabricados após os anos 2000. A produção do plástico teve rápido crescimento neste século em
consequência do seu baixo custo, versatilidade e confiabilidade. Essas características
incentivaram um maior desenvolvimento de produtos plásticos descartáveis que, porém, quase
a metade acabam virando lixo em menos de 3 anos. O fato é que mais de 75% de todo o plástico
produzido já virou lixo (WWF, 2019).
A vasta maioria dos monômeros utilizados na produção de materiais plásticos, tais como
o etileno e o propileno, são derivados de hidrocarbonetos fósseis. Nenhum dos plásticos
comumente utilizados são biodegradáveis e como resultado, eles se acumulam, ao invés de se
decomporem, em aterros ou em ambientes naturais (GEYER; JAMBECK; LAW, 2017). Como
consequência da principal propriedade dos polímeros, ou seja, a durabilidade, eles se tornaram
um sério problema que acompanha a sociedade contemporânea (FECHINE, 2013).
Além disso, práticas de consumo acelerado geram uma grande quantidade de resíduos
plásticos e se torna cada vez mais evidente que o mundo não está preparado para lidar com essa
enorme quantidade. Cerca de 37% de todo o lixo plástico produzido não é tratado de forma
eficiente. A má gestão e tratamento dos resíduos plásticos é uma preocupação constante e
urgente, visto que é muito mais provável que esses resíduos virem poluição do que aqueles
tratados em uma unidade controlada de gestão de resíduos. Os resíduos mal administrados são
aqueles deixados sem coleta, despejados em locais abertos, nas ruas ou tratados em aterros
sanitários não regulamentados (WWF, 2019).
44
O relatório desenvolvido pelo World Bank Group ou Banco Mundial, chamado “What
a waste 2.0: A Global Snapshot of Solid Waste Management to 2050” mostra que a produção
de lixo global deve crescer para cerca de 3,4 bilhões de toneladas até 2050. Sendo que
atualmente, o lixo plástico representa 12% de todos os resíduos sólidos que são gerados no
mundo. Entende-se por Waste composition ou composição dos resíduos como sendo uma
porcentagem da massa total gerada de acordo com o fluxo de resíduos (Figura 19).
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Resíduo Papel e Borracha
Vidro Metal Outros Plástico Madeira
orgânico papelão e couro
Porcentagem 44% 5% 4% 14% 17% 12% 2% 2%
Segundo o estudo feito pelo World Wildlife Group (WWF) em 2019, o volume de lixo
plástico que vaza para os oceanos é de aproximadamente 10 milhões de toneladas e mantendo-
se este ritmo, até 2030 será possível encontrar 26 mil garrafas de plástico no mar a cada km².
Acredita-se que a maior parte desses resíduos mal administrados tenha poluído ecossistemas
terrestres, e que 80% do plástico nos oceanos seja proveniente da poluição terrestre.
Atualmente, apenas 20% do lixo plástico é recolhido para a reciclagem (WWF, 2019).
Segundo dados do Banco Mundial (ver a Tabela 2), o Brasil é o 4° maior produtor de
lixo plástico no mundo, com 11,3 milhões de toneladas, ficando apenas atrás dos Estados
Unidos, China e Índia. Desse total, mais de 10,3 milhões de toneladas foram coletadas (91%),
mas apenas 145 mil toneladas (1,28%) são efetivamente recicladas, ou seja, reprocessadas na
45
cadeia de produção como produto secundário. Esse é um dos menores índices da pesquisa e
bem abaixo da média global de reciclagem plástica, que é de 9% (WWF, 2019).
3.5 BIOPOLÍMEROS
Dessa forma, os biopolímeros podem ser definidos como qualquer polímero (proteína,
ácido nucléico, polissacarídeo) produzido por um organismo vivo (BORSCHIVER;
ALMEIDA; ROITMAN, 2008). Eles também podem ser polímeros ou copolímeros gerados a
partir de matérias-primas renováveis como o milho, cana de açúcar, celulose, quitina etc. Estas
fontes, consequentemente, são chamadas de renováveis devido ao seu curto tempo de vida
quando comparado com as fontes fósseis como o petróleo que leva milhares de anos para se
formar (BRITO et al., 2011). Os biopolímeros também podem ser classificados em:
biopolímeros baseados em recursos renováveis e biodegradáveis, baseados em recursos
renováveis, mas, não biodegradáveis e baseados em recursos fósseis e biodegradáveis
(MARTINS, 2011).
O interesse por biopolímeros cresceu muito além das simples aplicações em embalagem
para aplicações mais sofisticadas, incluindo a fabricação de componentes de engenharia para
ambientes extremos. Isso exigiu a descoberta de novas moléculas, a mistura de moléculas, busca
por novos plastificantes e, posteriormente, a tentativa de fazer termoplásticos idênticos aos
petroquímicos, mas utilizando matérias-primas renováveis de origem biológica (OCDE, 2013).
Com o avanço tecnológico, os biopolímeros passaram a se dividir em dois grupos. Os
polímeros da “Velha Economia”, consistem nos primeiros polímeros naturais que foram
modificados e produzidos pelo homem tais como, caseína, gelatina, celuloide, celofane,
borracha etc., que foram em parte substituídos pelos polímeros petroquímicos a exceção da
celulose e de materiais a base de borracha (IFBB, 2018).
Já os biopolímeros da “Nova Economia” se dividem em dois grupos principais. Por um
lado, existem aqueles biopolímeros que têm uma nova estrutura química virtualmente
desconhecida em relação aos plásticos até alguns anos atrás (por exemplo, novos poliésteres
bio-based4, como PLA), e por outro lado, os chamados "drop-ins"5, com a mesma estrutura
4
Bio-based – Termo utilizado para definir material ou produto derivado da biomassa.
5
Drop-ins – Então chamados, polímeros totalmente ou parcialmente bio-based não biodegradáveis tais como:
Bio-PE, Bio-PP e Bio-PVC.
48
química bio-based. Os drop-ins que mais se destacam são o PET bio-based (Bio-PET) e o
polietileno bio-based (Bio-PE) (IFBB, 2018).
De acordo com a European Bioplastics e dados da própria Braskem, o Bio-PE, que se
trata de Polietileno derivado da cana-de-açúcar, é produzido em grande escala pela empresa
com cerca de 200.000 toneladas por ano. A Braskem atualmente possui 40 plantas industriais
distribuídas no Brasil, EUA, Alemanha e México e é a maior empresa produtora de
biopolímeros do mundo.
Em decorrência do grande interesse e avanço tecnológico, a produção de novos
biopolímeros tem provocado o crescimento cada vez mais diversificado da variedade de
biopolímeros, como se pode observar na Figura 20.
Matérias-primas renováveis
Derivados de matérias- São biodegradáveis e
primas renováveis derivados de matérias-
primas renováveis
Biopolímeros Biopolímeros
Matéria-prima petroquímica
A presença dos três grupos hidroxilas (OH), como pode ser observado na Figura 22,
impedem a fusão da celulose, pois, esses grupos formam fortes ligações secundárias entre as
cadeias. Devido a sua infusibilidade, a celulose não pode ser processada como um
termoplástico, para obtenção de fibras e filmes, ou seja, ela precisa ser modificada. Dessa
forma, para que haja capacidade de fluxo, estes grupos devem ser eliminados ou reduzidos em
quantidade, através de um ataque utilizando vários reagentes e produzindo assim, vários
derivados da celulose (LUCAS; SOARES; MONTEIRO, 2001; CANEVAROLO, 2006).
A terceira matéria-prima a ser destacada é o amido, que é encontrado de forma geral,
em raízes do tipo tuberosa, tais como a mandioca e batata-doce, em frutos e em sementes com
a do milho. Ele consiste em um polímero de glicose formado por dois tipos diferentes de
polissacarídeos: a amilose e a amilopectina, e ao contrário do que ocorre com a celulose, ele
pode ser processado termoplasticamente sem a necessidade de qualquer modificação, desde que
possua na sua formulação uma razoável quantidade de água. Em relação a sua
biodegradabilidade, ela se deve, principalmente, à presença de átomos de oxigênio na cadeia
principal e no anel (LUCAS; SOARES; MONTEIRO, 2001). Na Figura 23, é possível observar
a estrutura polimérica do amido.
TIPO DE ESTRUTURA/MÉTODO
BIOPOLÍMERO
POLÍMERO DE PRODUÇÃO
Polímero natural
I. Polímeros de amido Polissacarídeo modificado
Ácido lático produzido por
II. Polilactatos (PLA) Poliéster fermentação seguido de
polimerização
1-3 Propanodiol produzido
III. Poliésteres alifáticos- por fermentação seguido de
aromáticos (PAA) copolimerização com AT ou
Poliéster DMT
• Politrimetilenotereftalato 1-4 Butanodiol
(PTT) copolimerizado com ácido
• Polibutilenosuccinato succínico, ambos
(PBS) produzidos por fermentação
Produzido por fermentação
direta de fonte de carbono
IV. Polihidroxialcanoatos por microoganismos ou em
Poliéster
(PHA) vegetais geneticamente
modificados
Figura 24: Modelo demonstrativo contendo etapas do processo de produção do Poli (butileno
succinato) (PBS)
Matéria-prima Açúcar
0,86 t Processo químico
Produto Ácido
intermediário Succínico
0,69 t
Saídas
1,4 - BDO 𝐻2 𝑂 produzidas
Esterificação
Recurso tem origem 0,10 t
petroquímica 𝐻2 𝑂
Policondensação
0,10 t
PBS
Biopolímero
1t resultante
possui unidades de glicose, mas com um alto nível de ligações cruzadas Fatores como o baixo
custo e alta disponibilidade fizeram com que o amido tenha sido bastante estudado com o
objetivo de, principalmente, ser utilizado de forma modificada ou misturado com outras
substâncias químicas com o intuito de melhorar a sua processabilidade, resultando em uma
família bastante versátil de bioplásticos (PRADELLA, 2006; MARTINS, 2011). As etapas do
processo de produção dos polímeros de amido podem ser observadas na Figura 25.
Batata
ou
Plastificante
TPS
láctico pode ser obtido por via petroquímica (mistura opticamente inativa) e por via
biotecnológica (opticamente ativo) e a depender da linhagem microbiana que se utiliza, pode-
se obter, uma forma ou outra de ácido lático, resultando em propriedades diferentes quando
polimerizado (PRADELLA, 2006).
ou
H2O CO2
Microrganismos
H2O
Desidratação
Lactídeo
Catalisador
Polimerização
PLA
Ele pode ser processado a partir dos seguintes métodos: moldagem por injeção,
moldagem por sopro, termoformagem e co-extrusão (MARTINS, 2011). Cerca de 70% do PLA
produzido é utilizado principalmente na área de embalagens, o restante é utilizado pelo setor de
fibras e têxteis, agricultura, eletrônicos, aparatos domésticos etc. Dentre suas principais
propriedades, estão, biodegradabilidade, boa resistência ao impacto, boa processabilidade, alta
rigidez, alta resistência ao calor (PRADELLA, 2006; MARTINS, 2011).
55
O Poli (trimetileno tereftalato) faz parte da família dos poliésteres alifáticos aromáticos
(PAA), que é um grupo caracterizado pelo fato dos monômeros serem produzidos a partir de
matérias primas petrolíferas. Porém, é importante enfatizar que os polímeros desta família
apresentam uma ótima oportunidade para a biotecnologia industrial pois, muitos dos ácidos
utilizados para a síntese química destes polímeros são produzidos a partir de matérias primas
renováveis (PRADELLA, 2006).
Batata
ou
H2O H2O
Hidrólise
H2O CO2
H2O
Filtração
Vinhaça
1,3-Pro-
panodiol
ATP H2O
Esterificação
H2O
PTT
ou
H2O CO2
Isolamento de H2O
biopolímeros Massa
microbiana
Composição
e granulação
Luz solar
Fotodegradação Radiação Radioatividade
Raios X
3.9.1 Degradação
De acordo com De Paoli (2008), entende-se por degradação polimérica como sendo
qualquer reação química que altera a qualidade de interesse de um material polimérico ou de
um composto polimérico. Como “qualidade de interesse” entende-se a característica inerente
ao uso de um determinado artefato polimérico. Podem ser considerados, por exemplo, a
flexibilidade, a resistência elétrica, o aspecto visual, a resistência mecânica, a dureza etc.
60
Por tanto, o processo de degradação provoca uma alteração química destrutiva com a
quebra de ligações covalentes e consequente formação de novas ligações (CANEVAROLO,
2006). Tanto a degradação quanto a alteração das propriedades dos polímeros, se dão como o
resultado de reações químicas de variados tipos, que podem ser intramoleculares e
intermoleculares. A degradação pode ocorrer em consequência de diversos fatores como, tipo
de material, a forma que o material foi processado, como ele é utilizado etc. (DE PAOLI, 2008).
Segundo Mano, Pacheco e Bonelli (2005), para ser degradável, o polímero precisa ter
insaturação ou ter átomos de carbono terciário (Quadro 3).
RESISTÊNCIA À REQUISITO
DEGRADAÇÃO NECESSÁRIO NA EXEMPLO DE CISÃO MOLAR
AMBIENTAL CADEIA
Ligação insaturada
entre carbonos
Degradável
Átomo de carbono
terciário
3.9.2 Biodegradação
RESISTÊNCIA À REQUISITO
DEGRADAÇÃO NECESSÁRIO NA EXEMPLO DE CISÃO MOLAR
AMBIENTAL CADEIA
Cadeia sem
ramificação
Ligação éster
Biodegradável
Ligação amida
Ligação acetal
4. METODOLOGIA
• ELABORAÇÃO DA PESQUISA
ETAPA
I
• BUSCA NA LITERATURA
ETAPA
II
• SELEÇÃO DOS TRABALHOS
ETAPA
III
• COLETA DE DADOS
ETAPA
IV
• ANÁLISE DE DADOS
ETAPA
V
Fonte: Autor (2021)
Esta primeira etapa consistiu na busca por literaturas científicas que possuem como tema
principal a discussão ou elaboração de projetos de desenvolvimento de biopolímeros
provenientes de matéria-prima vegetal e que possuem potencial em substituir totalmente ou
parcialmente os polímeros petroquímicos utilizados vastamente pelas indústrias de plásticos,
farmacêuticas, automobilísticas, de medicina etc.
produção científica se encontra na língua inglesa, foi realizada uma busca através das mesmas
palavras-chave, mas em inglês: “biopolymers”, “bioplastics”, “biopolymer production” e
“bioplastic production”.
A quinta etapa consistiu no estudo dos dados extraídos dos trabalhos acadêmicos que
consequentemente, foram demonstrados através de gráficos, tabelas, imagens, fórmulas
químicas etc., com o intuito de estabelecer um modelo que facilite a organização dos dados. A
conclusão da análise foi obtida a partir da verificação dos resultados gerados após a coleta de
dados e posterior comparação entre os materiais produzidos. A análise está dividida em: I -
Identificação dos métodos de produção/ matéria-prima usadas na produção de biopolímeros; II
- Analisar o processo de síntese e caracterização utilizados na produção de biopolímero; III -
Identificar o processo tecnológico para obtenção de biopolímero apresenta maior eficiência; IV
- Verificar a viabilidade e eficácia que os biopolímeros apresentaram em substituir os polímeros
convencionais; V - Comparar os trabalhos que geraram resultados mais positivos para as
diferentes áreas de aplicação.
65
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
12
10
0
Google Periódico
Science Direct BDTD SciELO
Scholar CAPES
Quantidade 10 1 6 1 4
0
2008 2009 2011 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade 1 2 1 2 2 2 3 1 3 1 3 1
20
15
10
0
Artigos Monografias Dissertações Teses
Quantidade 17 3 1 1
1
Guatemala (1)
Colômbia (2)
EUA (1)
Brasil (18)
TÍTULO DO
AUTOR ANO METODOLOGIA RESULTADOS
TRABALHO
mm, elasticidade de
7,35 𝑁/𝑚2 .
3- (12%): Apresentou
espessura 0,2824
mm, elasticidade de
9,80 𝑁/𝑚2 .
Diante disso, avaliou-se que a
formulação (12%), apresenta
maior potencial para uso
industrial e as três formulações
possuem potencial para serem
biodegradáveis, com a (12%)
apresentando maior potencial
(71,73%).
Biopolímero RODRIGUES et 2019 O revestimento De acordo com os resultados
desenvolvido a partir al. filmogênico de amido obtidos, foi possível verificar
da farinha de arroz e foi desenvolvido a que o revestimento à base de
sua aplicação como partir de uma solução farinha de arroz reduziu de
revestimento em aquosa de farinha de forma significativa a perda de
frutos arroz, homogeneizada massa e a maturação dos frutos,
através de um além de apresentar ação
agitador mecânico e fungicida, protegendo os frutos
adições de ácido contra a proliferação de dos
cítrico e glicerol mesmos. O biopolímero
apresentou ponto de fusão de
105° C.
Desenvolvimento e DA SILVA 2020 A produção dos filmes Com relação aos biopolímeros
caracterização de à base de farinha de desenvolvidos à base de farinha
filmes biopolímeros à Bocaiuva se deu de Bocaiuva foi identificado que,
base de farinha de através do método de a adição do glicerol permitiu a
Bocaiuva (Acronomia Casting. Para os obtenção de filmes com uma
aculeata) ou polpa de filmes elaborados maior flexibilidade. Houve um
Pequi (Caryocar com polpa de Pequi, maior aumento da resistência à
brasiliense) foram adicionados tração e do alongamento com o
gelatina e aumento da concentração da
plastificantes como farinha de Bocaiuva (2,04 g
glicerol ou sorbitol. 𝑚𝐿−1 ). Já em relação aos
biopolímeros à base de polpa de
Pequi, foi identificado que,
quanto maior a adição de
75
Foram identificados cerca de sete diferentes tipos de biopolímeros e outros cinco não
apresentaram uma caracterização definida (Gráfico 5). Dentre os biopolímeros identificados,
destacam-se os polímeros de amido (presente em 6 produções acadêmicas), o PHB
(Polihidroxibutirato) (presente em 4 produções acadêmicas), o PHA (Polihidroxialcanoato)
(presente em 2 produções acadêmicas), a celulose bacteriana (presente em 2 produções
acadêmicas), a dextrana (presente em 1 produção acadêmica) e o Lentinan (presente em 1
produção acadêmica).
0
Polímeros Outros PHB PHA Celulose Goma Dextrana Lentinan
de amido bacteriana xantana
armazenamento e transporte de frutos, sendo possível, inclusive ser aplicado por borrifamento,
por exemplo.
Seguindo essa mesma linha de pensamento, Matínez, Hurtado e Enciso (2016), produziu
filmes comestíveis à base do biopolímero dextrana através da metodologia Casting, que se
mostraram eficientes contra o vapor d’água, sendo assim, um material promissor para a
aplicação em frutas e verduras, melhorando os sinais de desidratação desses produtos.
Com relação aos biopolímeros pertencentes à família dos polihidroxialcanoatos (PHA),
podemos destacar alguns como, o produzido por Rahman et al. (2015), que realizou a síntese
do PHB através da fermentação realizada pela bactéria recombinante Escherichia coli em meio
contendo microalgas oriundas de águas residuais, com o objetivo de mostrar que esse tipo de
substrato apresenta potencial para o desenvolvimento bacteriano e consequente produção do
biopolímero.
Além dele, Shalin et al. (2014), mostrou que a produção do PHB utilizando um meio de
cultura mista é uma alternativa economicamente viável em relação ao uso de substratos
complexos que possuem preços mais elevados.
Um outro biopolímero identificado trata-se do Lentinan. Nandi et al. (2009), extraiu
esse polissacarídeo do cogumelo Shiitake através de um método conhecido como YAP, que
consiste basicamente no fracionamento do extrato do cogumelo por precipitação com etanol
seguido de liofilização (desidratação à baixa temperatura), gerando um produto de alta pureza.
Outro polissacarídeo identificado trata-se da goma Xantana. Brandão et al. (2008),
obteve esse biopolímero através da fermentação do caldo de cana utilizando a bactéria
Xanthomonas campestris manihotis. Além dele, vários outros autores utilizaram a metodologia
de síntese por bactéria para produzirem biopolímeros.
Com relação às celuloses, Vasconcelos et al. (2020), produziu Celulose Bacteriana
(CB), utilizando dois diferentes meios fermentativos na presença da bactéria
Glucanoacetobacter hansenii, com o objetivo de avaliar o potencial desses diferentes meios.
Além dele, De Souza et al. (2021), produziu CB através da fermentação realizada pela bactéria
Komagataeibacter rhaeticus utilizando como meio de cultura a borra de café, melaço de cana
e etanol, mostrando assim, que o potencial deste meio de cultura como alternativa viável para
reduzir os custos da produção de celulose bacteriana.
Todos os fatos comentados anteriormente relacionados aos meios fermentativos
interferem na produção dos biopolímeros, diante disso, eles foram analisados e serão
comentados e discutidos posteriormente.
79
De acordo com Shen, Haufe e Patel (2009), existem três principais maneiras de se
produzir os biopolímeros. São elas:
Dessa forma, de acordo com a análise dos trabalhos acadêmicos, foram identificadas a
presença de duas das três maneiras possíveis de se obter os biopolímeros.
Dentre os métodos de produção de biopolímeros, o mais comum e que apareceu de
forma predominante foi a síntese por microrganismos (bactérias, fungos e microalgas) (utilizada
em 13 produções acadêmicas), representando dessa forma, a terceira (III) maneira de se obter
biopolímeros, ou seja, tratam-se de biopolímeros produzidos diretamente através de
microrganismos.
A segunda maneira de se obter os biopolímeros identificada foi a metodologia Casting
(utilizada em 7 produções acadêmicas), representando assim, o grupo de biopolímeros que são
produzidos a partir de modificações da sua matéria-prima principal, representando dessa forma,
a primeira (I) maneira de se obter biopolímero. Outras técnicas foram identificadas em 2
trabalhos acadêmicos.
Com relação à segunda (II) maneira de se obter os biopolímeros, ou seja, os
biopolímeros produzidos por fermentação numa primeira etapa, seguida por polimerização,
como é o caso do PLA, por exemplo, não foram identificadas na pesquisa.
Diante disso, podemos definir as 2 metodologias identificadas na análise dos trabalhos
acadêmicos da seguinte forma:
Coluna1
Outros
(2)
Síntese por
microrganismos
(báctérias, fungos
e microalgas)
(13)
Metodologia
Casting (7)
meio YM6 foi utilizado para o crescimento e desenvolvimento bacteriano, já o segundo meio,
F47 foi utilizado para a produção do PHB. Por se tratar de um produto acumulado
intracelularmente, no citoplasma das células bacterianas, os biopolímeros devem ser extraídos
das células após a etapa de produção (cultivo) (QUINES et al., 2015).
Sendo assim, a extração do biopolímero se deu através do solvente clorofórmio em
agitação magnética a 58° C. O melhor rendimento obtido foi de 45,5% em 30 min. Os filmes
obtidos tiveram a identidade química característica do P(3HB) e temperaturas de fusão
correspondentes às relatadas nas literaturas.
Além dos biopolímeros da família dos polihidroxialcanoatos (PHA), há alguns
biopolímeros que também são sintetizados por microrganismos, como é o caso das celuloses
bacterianas.
De Souza et al. (2021) e Vasconcelos et al. (2020), produziram ambos, a Celulose
Bacteriana (CB), um biopolímero de grande valor para a ciência dos materiais com aplicações
em diversas áreas como a área médica, cosmética, refinaria, dentre outros.
O primeiro, desenvolveu a CB utilizando a bactéria Komagataeibacter rhaeticus
utilizando como meios de cultura a borra de café, melaço de cana e etanol. Já o segundo,
utilizou dois meios, porém, para efeito de comparação, será analisado o meio de maior
rendimento, sendo ele o meio contendo manitol na presença da bactéria Glucanoacetobacter
hansenii.
Ambos os meios se mostraram efetivos na produção do biopolímero. De Souza et al.
(2021), obteve a produção máxima de celulose bacteriana (CB) (11,08 𝑔/L) através do meio de
cultura suplementado por café em pó, melaço de cana hidrolisado e adição de 1% de etanol. Os
resultados mostraram que ouso de diferentes fontes de carbono dos subprodutos avaliados são
alternativas viáveis para reduzir os custos na produção de celulose bacteriana.
Já Vasconcelos et al. (2020), apresentou um rendimento menor. A celulose bacteriana
(CB) em meio de manitol apresentou um rendimento de 2,09 𝑔/L. A avaliação dos fatores que
influenciam na produção dos biopolímeros como, os substratos e meios de cultura serão melhor
avaliados no tópico 5.3.1 deste trabalho.
6
YM (Yeast Malt) – Meio composto por concentrações de ágar, dextrose, extrato de leveduras e digestão
enzimática de gelatina.
7
F4 – Meio composto por concentrações de glicose, ureia, ácido cítrico, citrato de sódio + uma solução contendo
concentrações de 𝑀𝑔𝑆𝑂4 , 7𝐻2 𝑂, 𝑁𝑎𝑀𝑂4 , 𝑍𝑛𝑆𝑂4 , 𝐹𝑒𝐶𝑙3
82
Assim, avaliou-se que a formulação (12%), apresenta maior potencial para uso industrial
e as três formulações possuem potencial para serem biodegradáveis, com a (12%) apresentando
maior potencial (71,73%).
Ambos os polímeros seguiram a mesma metodologia. A métodologia Casting, que
consiste no processo de solubilização do amido em um solvente, no qual, com a adição de um
plastificante forma-se uma solução filmogênica, denominada de gelatinização. Posteriormente
ocorre a evaporação do solvente, que desidrata o material e por fim, ocorre a secagem sobre
uma placa de Petri. Após a gelatinização, a amilopectina e a amilose se dispersam na solução
83
aquosa, e quando começa a ocorrer a secagem elas se reorganizam formando uma matriz
contínua que dá origem aos filmes (SILVA, 2011).
Tal processo pode ser observado na adaptação abaixo (Figura 30):
Exemplo: Amido
MATÉRIA-PRIMA
Após o aquecimento a
solução é acondicionada
ACONDICIONAMENTO
em placas Petri, cobrindo
toda a sua superfície.
Zoogloea sp Bactéria
0 1 2 3
8
LB (Luria Bertani) – Meio composto por concentrações de triptona, extrato de levedura e cloreto de sódio.
9
MRS (de Man, Rogosa and Sharpe Agar) – Meio composto por concentrações de peptona, extrato de carne,
extrato de levedura, glicose, acetato, polissorbato 80, hidrogenofosfato dipotássico, citrato de triamônio, sulfato
de magnésio, sulfato de mangnês e agâr.
10
MSM (Mineral Salt Media) – Meio composto por concentrações de fosfato dipotássico, cloreto de amônio,
sulfato de magnésio, cloreto de sódio, sulfato ferroso.
88
Clorofórmio/
Hipoclorito de Hipoclorito de Sódio
Sódio (1)
(1)
Acetona e Álcool
Clorofórmio Isopropílico
(2) (1)
Diante disso, tornou-se possível analisar como a utilização dos diferentes solventes
afetam o rendimento e a qualidade do biopolímero produzido.
Hall et al. (2015), produziu biopolímeros através da bactéria Escherichia coli utilizando
três meios fermentativos: glicose, sacarose e melaço. E utilizou dois tipos de solventes: Acetona
e álcool isopropílico.
Sendo assim, para efeitos de comparação, foram avaliados os biopolímeros produzidos
no meio que apresentou maior rendimento entre os três, sendo assim, a sacarose. Dessa forma,
90
torna-se possível avaliar o efeito dos dois tipos de solventes durante o processo de extração dos
biopolímeros nesse meio de cultura.
Os dois solventes apresentaram os seguintes rendimentos no meio sacarose:
1. Acetona: 0,16%
2. Álcool Isopropílico: 0,13%
11
Zarrouk – Meio composto por concentrações de 𝑁𝑎𝐻𝐶𝑂3 , 𝑁𝑎2 𝐶𝑂3 , 𝐾2 𝐻𝑃𝑂4 , 𝑁𝑎𝑁𝑂3 , 𝐾2 𝑆𝑂4 , NaCl,
𝑀𝑔𝑆𝑂4 . 7𝐻2 𝑂, 𝐶𝑎𝐶𝑙2 . 2𝐻2 𝑂, 𝐹𝑒𝑆𝑂4 . 7𝐻2 𝑂, EDTA.
91
degradação da massa molar do biopolímero recuperado. Logo, este tipo de extração interfere
diretamente nas propriedades físicas do biopolímero.
Como mencionado anteriormente, Begalli (2017), obteve um rendimento de 23,03% na
produção do biopolímero, que apresentou características como: cristalinidade (19,08%),
temperatura de fusão (249,12° C). O autor mostra ainda que, quando utilizado outros tipos de
solventes como clorofórmio, hexano e hidróxido de sódio, a extração não foi possível.
Os dados referentes aos tipos de solventes utilizados para a extração dos biopolímeros,
bem como, o meio fermentativo e o tipo de polímero produzido, podem ser consultados no
Quadro 6.
MEIO
TRABALHO TIPO DE POLÍMERO SOLVENTE
FERMENTATIVO
HALL et al.
(2015) - Glicose, sacarose e Acetona e Álcool
melaço Isopropílico
MACAGNAN
(2013) PHB F4 Clorofórmio
SHALIN et al.
(2014) PHB MSM Clorofórmio
BEGALLI
(2017) PHA Zarrouk Hipoclorito de Sódio
Água
deionizada
(1)
Água
(4)
Água destilada
(3)
Com relação aos solventes, Alcântara e mendes (2018) produziu um biopolímero a partir
da fécula de mandioca e mostrou que a presença do solvente (água destilada), bem como a sua
proporção, é de fundamental importância para que se possa obter os melhores resultados. A
proporção de 70% de fécula e 30% de água destilada, foi considerada a proporção ideal, sendo
possível desenvolver uma espuma bem distribuída, compacta e leve. No entanto, os materiais
com proporções menores de água tiveram seu manuseio dificultado devido à alta viscosidade
da mistura, além de apresentar uma baixa expansão.
Dentre os plastificantes, foram identificados dois tipos presentes em oito produções
acadêmicas (Gráfico 11): glicerina (utilizado em 6 produções acadêmicas) e glicerina/ sorbitol
(utilizado em 2 produções acadêmicas).
Glicerina/ Sorbitol
(2)
Glicerina
(6)
RODRIGUES et
al. Farinha de arroz Polímero de amido Água deionizada Glicerina
(2019)
ALCÂNTARA e
MENDES Fécula de mandioca Polímero de amido Água destilada Glicerina
(2018)
DA SILVA Farinha de Bocaiuva Polímero de amido
(2020) Polpa de Pequi - Água destilada Glicerina e Sorbitol
MARTELLI,
BARROS Polpa de banana - Água destilada Glicerina
& ASSÍS (2014)
SCHAEFFER Fécula de mandioca
(2020) e amido de milho Polímero de amido Água Glicerina
CARDONA et al.
(2018) Amido de batata Polímero de amido Água Glicerina
MATÍNEZ,
HURTADO & - Dextrana Água Glicerina e Sorbitol
ENCISO (2016)
NEVES et al.
(2013) Casca de batata Polímero de amido Água Glicerina
ACOSTA,
ALCARZ & PHA 4 180 - >50 - -
CARDONA.
Dentre os trabalhos analisados, apenas Shalin et al. (2014), Da Silva (2020) e Cardona
et al. (2018) realizaram estudos sobre a biodegradabilidade dos biopolímeros produzidos. Com
isso, tornou-se possível analisar tal característica para que se possa entender o comportamento
desses materiais quando em contato com ambientes microbiologicamente ativos ou não.
Segundo De Paoli (2018), a biodegradação de um dado material ocorre quando ele é
utilizado como nutriente por um determinado conjunto de microrganismos, como as bactérias,
fungos ou algas, que existem no meio ambiente onde o material vai ser degradado. Diante disso,
para que a colônia de microrganismos se desenvolva utilizando o material como nutriente,
torna-se necessário que eles produzam as enzimas adequadas para realizar a quebra de alguma
das ligações químicas da cadeia principal do polímero. Além disso, é necessário ter as condições
adequadas de temperatura, umidade, pH e disponibilidade de oxigênio
Como mencionado anteriormente, Cardona et al (2018), produziu um polímero de
amido a partir de metodologia Casting utilizando três diferentes formulações e verificou o
potencial de biodegradabilidade de ambas.
A primeira formulação composta por 25% de amido, 60% de água, 7% de ácido acético
e 8% de glicerina, corresponde a formulação que obteve o material com a maior capacidade de
biodegradabilidade (aproximadamente 71,3%). A partir dos 29 dias a película correspondia a
25% de degradabilidade e apresentava uma aparência quebradiça semelhante a casca de um ovo
quebrada. Ao completar os 49 dias, o material apresentou a sua degradabildiade máxima,
analisada pelo estudo.
Já Da Silva (2020), mostra que os ensaios de biodegradabilidade do biopolímero de
Polpa de Pequi (Caryocar brasiliense), enterrados em três diferentes tipos de solos (arenoso,
argiloso e mata), em um período de 5 a 9 dias apresentou 100% de degradabilidade.
Configurando assim, uma alternativa viável para o desenvolvimento de embalagens
biodegradáveis. Para o solo florestal ou mata, o biopolímero que utilizou glicerina como
plastificante apresentou degradação completa no 9° dia e no 7° uma degradação completa para
o filme com sorbitol.
Quando comparados os biopolímeros desenvolvidos por Cardona et al. (2018) e Da
Silva (2020), torna-se notável a rapidez do processo de degradação quando utilizado um meio
microbiologicamente ativo, como o utilizado para o filme de polpa de pequi que se degradou
mais rápido do que o polímero de amido.
99
Dentre as metodologias adotadas para a produção dos biopolímeros (Quadro 8), apenas
os que utilizaram a síntese por microrganismos apresentaram rendimentos das reações. Sendo
assim, foram selecionados apenas os 5 que apresentaram os melhores rendimentos para a
análise. sendo eles: síntese por bactérias (4) e síntese por microalga (1).
Como mencionado anteriormente, segundo Doi (1990 apud Rodrigues et al., 2004), a
bactéria, gram-negativa, Ralstonia eutropha, é o microrganismo mais utilizado para a produção
de PHAs devido a seus altos rendimentos, podendo atingir até 80% de sua massa seca em
polímero, e habilidade para crescer em fontes de carbono renováveis.
Desse modo, podemos então, determinar que a síntese por bactérias utilizando o
microrganismo Ralstonia eutropha, na presença de um meio contendo uma fonte renovável
como o melaço de cana-de-açúcar, se presenta a melhor metodologia para a produção dos
biopolímeros, em específico, os da família dos Polihidroxialcanoatos.
Todavia, podemos também destacar, algumas outras metodologias que apresentaram
bons resultados.
Begalli (2017), produziu o biopolímero PHA a partir da síntese realizada pela microalga
Spirulina platensis cultivada utilizando o meio sintético Zarrouk. A biomassa foi extraída após
o tempo de 15 dias de cultivo através da filtração a vácuo e extração do biopolímero foi
realizada com hipoclorito de sódio com posteriores centrifugações e levado a estufa por 48
horas a 35°C. O PHA extraído da Spirulina platensis apresentou um rendimento de 23,03%.
Rahman et al. (2015), produziu o biopolímero PHB através da fermentação realizada
pela bactéria recombinante Escherichia coli em meio contendo microalgas oriundas de águas
residuais, obtendo um rendimento de 31%.
Macagnan (2013), utilizou a bactéria Ralstonia solanacearum na presença de dois
diferentes meios YM e F4, sendo o primeiro, o que apresentou o maior rendimento (45,5%)
para a produção do biopolímero PHB.
Já Shalin et al. (2014), utilizou um meio de cultura mista composto pelas bactérias B.
firmus e L. delbrueckii em contato com o meio de fermentação MSM, possibilitando a produção
do biopolímero PHB, com um rendimento de 56%.
De acordo com Shen, Worrell e Patel (2010), estima-se que o potencial de substituição
técnica dos biopolímeros para substituir os plásticos convencionais poderia ser tão alto quanto
90%. Ou seja, isso significa que os biopolímeros têm o potencial de, eventualmente, substituir
a maioria dos plásticos convencionais que são usados atualmente no cotidiano. E como a
crescente comercialização de biopolímeros continua a resultar em custos mais baixos e
melhores capacidades tecnológicas, a realidade de tal número pode começar a parecer mais
alcançável, embora ainda esteja muito distante.
101
Polímeros de
amido - + + + + - - - -
Filmes de
celulose + - - + + - - + -
PLA - + - + + - + + -
PTT - - - + - - ++ ++ +
PBT - - - ++ - - + ++ +
PHA + ++ + ++ + - - + -
PHB - + - ++ + - - - -
Bio-PE - ++ ++ - - - - - -
Diante disso, temos que os polímeros de amido produzidos por Neves et al. (2013),
Cardona et al. (2018), Alcântara e Mendes (2018), Schaeffer (2020), Da Silva (2020),
Rodrigues et al. (2019), possuem o potencial de substituir parcialmente o PE-HD, PE-LD, PP
12
PVC: poli (cloreto de vinila), PE-HD: polietileno de alta densidade, PE-LD: polietileno de baixa densidade,
PBT: polibutileno tereftalato, PP: polipropileno, PS: poliestireno, PMMA: polimetil metacrilato, PA: poliamida,
PET: polietileno tereftalato, PC: policarbonato.
102
e PS. Porém, não possuem o potencial de substituir outros polímeros como o PVC e o PET, por
exemplo.
Já os Polihidroxialcanoatos (PHA), produzidos por Begalli (2017), Acosta, Alcarz e
Cardona (2018), possuem o potencial de substituir os PE-HD e PP totalmente, e parcialmente
o PVC, PE-LD e PS. De acordo com Shen, Worrel e Patel (2010), as porcentagens de
substituição são de aproximadamente PVC (10%), PE-HD (20%), PS (20%) e PET (10%).
Com relação aos Polihidroxibutiratos (PHB) produzidos por autores como Macagnan
(2013), Shalin et al. (2014), Rahman et al. (2015) e Riça et al. (2016), possuem o potencial de
substituir totalmente o PP e parcialmente o PE-HD e PS.
As celuloses bacterianas produzidas por Vasconcelos et al. (2020) e De Souza et al.
(2021), possuem a capacidade de substituir parcialmente alguns polímeros petroquímicos. De
acordo com Shen, Worrel e Patel (2010), os valores seriam aproximadamente PP (10%), PVC
(10%), PS (10%) e PET (15%).
Para os polissacarídeos como a goma Xantana produzida por Brandão et al. (2008), os
filmes de Dextrana produzidos por Martínez, Hurtado e Enciso (2016) e o Lentinan produzido
por Nandi et al. (2009), não foi possível determinar o seu potencial de substituição.
Segundo Pradella (2006) e Bastos (2007), as principais aplicações de alguns destes
biopolímeros são:
0
Embalagens em Área medicinal Outros Proteção para Construção civil
geral alimentos
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho de revisão bibliográfica teve como objetivo principal realizar uma análise
sobre os métodos de produção de biopolímeros de origem vegetal, utilizando dados extraídos a
partir de uma seleção de produções acadêmicas feitas com o auxílio de bases de dados
acadêmicos, bibliotecas digitais e diretórios de revistas, que possuíam como tema principal a
produção de biopolímeros. Diante disso, foram identificadas informações como: os tipos de
biopolímeros produzidos, bem como suas matérias-primas principais, fatores que influenciaram
na produção dos mesmos, características e propriedades físico-químicas, a análise das
metodologias que obtiveram maior eficiência, além de uma análise sobre o potencial de
substituição dos polímeros de origem petroquímica pelos biopolímeros.
Dentre as três formas de se produzir biopolímeros, apenas, a metodologia que utiliza as
etapas de fermentação para produção de monômeros seguida por polimerização, como ocorre
no caso do PLA, por exemplo, não estiveram presentes na coleta e análise de dados.
Sendo assim, a partir da análise das metodologias, identificou-se que a síntese por
microrganismos (bactérias, fungos e algas) foi utilizada de forma predominante pelas produções
acadêmicas, seguida pela metodologia Casting. Dentre os biopolímeros selecionados, a maioria
consistia em polímeros de amido e pelos biopolímeros pertencentes a família dos
Polihidroxialcanoatos (PHA), seguidos por celuloses bacterianas, além de polissacarídeos como
a goma Xantana, Dextrana e o Lentinan.
A partir da análise dos dados, verificou-se que, para os polímeros de origem microbiana,
diversos fatores devem ser considerados, tais como: o tipo de substrato e linhagem microbiana
utilizados para compor o meio fermentativo e o uso solventes para extraí-los das células
microbianas influenciaram diretamente nas características do material. E no caso dos
biopolímeros produzidos a partir de modificações da sua matéria-prima principal, verificou-se
que tanto os solventes quanto os plastificantes, influenciaram nas características e propriedades
dos biopolímeros.
Já para as propriedades físico-químicas dos biopolímeros, poucos trabalhos forneceram
dados para que se pudesse realizar uma comparação mais aprofundada entre os biopolímeros
selecionados, assim como ocorreu com o fator biodegradabilidade, que foi determinado em
poucas produções.
Este estudo poderá contribuir para a realização de pesquisas futuras e produções
acadêmicas direcionadas aos biopolímeros, visto que estes representam uma área de estudo
promissora.
105
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