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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CENTRO MULTIDISCIPLINAR DE PAU DOS FERROS
BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

LUCAS LEITE DOS SANTOS

MÉTODOS DE PRODUÇÃO DE BIOPOLÍMEROS DE MATÉRIAS-PRIMAS


VEGETAIS: UMA REVISÃO DA LITERATURA

PAU DOS FERROS - RN


2021
LUCAS LEITE DOS SANTOS

MÉTODOS DE PRODUÇÃO DE BIOPOLÍMEROS DE MATÉRIAS-PRIMAS


VEGETAIS: UMA REVISÃO DA LITERATURA

Trabalho de conclusão de curso apresentado à


Universidade Federal Rural do Semi-Árido –
UFERSA, Centro Multidisciplinar de Pau dos
Ferros – CMPF, como requisito para a obtenção
do título de Bacharel Interdisciplinar em
Ciência e Tecnologia.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Kytéria Sabina Lopes


de Figueredo

PAU DOS FERROS - RN


2021
© Todos os direitos estão reservados a Universidade Federal Rural do Semi-Árido. O conteúdo desta obra é de inteira
responsabilidade do (a) autor (a), sendo o mesmo, passível de sanções administrativas ou penais, caso sejam infringidas as leis
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sejam devidamente citados e mencionados os seus créditos bibliográficos.

S237m Santos, Lucas Leite dos.


Métodos de produção de biopolímeros de matérias-
primas vegetais: uma revisão da literatura /
Lucas Leite dos Santos. - 2021.
115 f. : il.

Orientadora: Kytéria Sabina Lopes de Figueredo.


Monografia (graduação) - Universidade Federal
Rural do Semi-árido, Curso de Ciência e
Tecnologia, 2021.

1. Polímeros. 2. Bioplásticos. 3. Síntese


microbiana. 4. Metodologia casting. I. Figueredo,
Kytéria Sabina Lopes de, orient. II. Título.

Ficha catalográfica elaborada por sistema gerador automáto em conformidade


com AACR2 e os dados fornecidos pelo) autor(a).
Biblioteca Campus Pau dos Ferros
Bibliotecária: Erlanda Maria Lopes da Silva
CRB: 1115

O serviço de Geração Automática de Ficha Catalográfica para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvido pelo Instituto
de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP) e gentilmente cedido para o Sistema de Bibliotecas
da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (SISBI-UFERSA), sendo customizado pela Superintendência de Tecnologia da Informação
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Graduação e Programas de Pós-Graduação da Universidade.
LUCAS LEITE DOS SANTOS

MÉTODOS DE PRODUÇÃO DE BIOPOLÍMEROS DE MATÉRIAS-PRIMAS


VEGETAIS :UMA REVISÃO DA LITERATURA

Trabalho de conclusão de curso apresentado à


Universidade Federal Rural do Semi-Árido –
UFERSA, Centro Multidisciplinar de Pau dos
Ferros – CMPF, como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel Interdisciplinar
em Ciência e Tecnologia.

DATA DA APROVAÇÃO: 11/11/2021.

BANCA EXAMINADORA

Assinado de forma digital por KYTERIA


KYTERIA SABINA LOPES DE SABINA LOPES DE
FIGUEREDO:04965705440 FIGUEREDO:04965705440
Dados: 2021.11.12 19:20:48 -03'00'
Prof.ª. Dr.ª Kytéria Sabina Lopes de Figueredo – UFERSA
Presidente

JANAINA CORTEZ DE Assinado de forma digital por JANAINA


CORTEZ DE OLIVEIRA:03556102480
OLIVEIRA:03556102480 Dados: 2021.11.12 10:50:16 -03'00'

Prof.ª. Dr.ª Janaina Cortêz de Oliveira – UFERSA


Examinador
Assinado digitalmente por MARCELO NASCIMENTO DE

MARCELO NASCIMENTOMORAIS OLIVEIRA:07354485403


DN: CN=MARCELO NASCIMENTO DE MORAIS OLIVEIRA:
07354485403, OU=UFERSA - Universidade Federal Rural do
DE MORAIS OLIVEIRA: Semi-Arido, O=ICPEdu, C=BR
Razão: Eu sou o autor deste documento

07354485403 Localização: Uepb2008*ufersa2017


Data: 2021-11-11 16:13:22
Foxit Reader Versão: 9.5.0

Me. Marcelo Nascimento de Morais Oliveira – UFERSA


Examinador
A minha mãe, Maria das Graças Leite de
Araújo
A minha avó, Ana Bertini Leite de Araújo
A minha tia, Maria Telma Leite de Araújo
Aos meus irmãos, tios e primos
Dedico
AGRADECIMENTOS

A minha mãe, Maria das Graças Leite de Araújo por ter me incentivado a sempre
escolher os melhores caminhos e a acreditar o quanto a educação tem o poder de realizar
transformações nas nossas vidas.
A minha avó, Ana Bertini Leite de Araújo, por ter ajudado na minha criação e dos meus
irmãos e pelos esforços feitos para que nós tivéssemos a oportunidade de ingressar à
universidade, mesmo nos momentos de dificuldades.
As minhas tias, Maria Telma Leite de Araújo, Margarida Leite de Araújo e Suzana Leite
de Araújo, por também fazerem parte da minha criação e dos meus irmãos, ajudando a minha
mãe nos momentos difíceis e por sempre ter nos proporcionados o melhor, na medida do
possível.
A minha professora orientadora Dr.ª Kytéria Sabina Lopes de Figueredo, por ter se
disposto a me orientar, pela paciência nos meus momentos de indecisões e dificuldades e por
ter me ajudado a concluir essa etapa importante da minha vida acadêmica.
A todos os meus amigos e familiares que estão ao meu lado me incentivando e
acreditando no meu potencial.
RESUMO

Grande parte das mudanças ocorridas ao longo do século XX, se deram em decorrência do
desenvolvimento de polímeros como materiais alternativos. Com isso, borrachas sintéticas,
plásticos, fibras sintéticas, etc., proporcionaram uma revolução nos setores automobilísticos,
eletroeletrônicos, têxteis, de embalagens, da medicina e em vários outros setores. Porém, a vasta
maioria dos monômeros utilizados na produção de polímeros sintéticos, tais como o etileno e o
propileno, são derivados de hidrocarbonetos fósseis e nenhum dos polímeros comumente
utilizados são biodegradáveis e como resultado, eles se acumulam, ao invés de se decomporem,
em aterros ou em ambientes naturais. E como consequência da principal propriedade dos
polímeros, ou seja, a durabilidade, eles se tornaram um sério problema que acompanha a
sociedade contemporânea. Diante disso, muitos esforços têm sido feitos para se obter um
material ecologicamente sustentável no qual a maior parte das pesquisas tem como foco
substituir plásticos à base de petróleo por materiais biodegradáveis com propriedades
semelhantes. Esses materiais são denominados biopolímeros e podem ser definidos como
qualquer polímero (proteína, ácido nucléico, polissacarídeo) produzido por um organismo vivo.
Este trabalho objetivou reunir os métodos de produção de biopolímeros de origem vegetal por
meio de produções científicas e acadêmicas publicados nos últimos 15 anos (2006-2021),
utilizando ferramentas digitais como Google Scholar, Science Direct, Periódico CAPES,
BDTD, SciELO, além de sites oficiais como, ABPol e ABICOM. Sendo assim, identificou-se
de forma geral, a presença de duas metodologias utilizadas na produção de biopolímeros: a
síntese por microrganismos (bactérias, fungos e algas) e a metodologia Casting. Dentre as
metodologias, a síntese realizada pela bactéria Ralstonia eutropha na presença de meio
fermentativo composto por melaço de cana + vinhaça residual, apresentou o maior rendimento
(97,80%) durante a produção do biopolímero Polihidroxialcanoato (PHA), entretanto, foram
identificados outros processos que também obtiveram resultados positivos e promissores como,
a síntese realizada pela combinação das bactérias Bacillus firmus e Lactobacillus delbrueckii
na presença do meio fermentativo MSM, obtendo um rendimento de 56% na produção do
biopolímero Polihidroxibutirato (PHB). Durante a análise de informações, constatou-se
também que fatores como: composição do meio fermentativo, linhagem microbiana e
metodologia de extração afetam as propriedades dos biopolímeros, assim como, a utilização de
solventes e plastificantes. Por fim, espera-se que as análises realizadas por este trabalho,
contribuam para o desenvolvimento de novas estratégias para produção de biopolímeros, visto
que estes representam uma área relativamente nova, porém, promissora.

Palavras-chave: Polímeros. Bioplásticos. Síntese microbiana. Metodologia casting.


ABSTRACT

Most of the changes that took place throughout the 20th century were due to the development
of polymers as alternative materials. With this, synthetic rubbers, plastics, synthetic fibers, etc.,
provided a revolution in the automotive, electronics, textiles, packaging, medicine and various
other sectors. However, the vast majority of monomers used in the production of synthetic
polymers, such as ethylene and propylene, are derived from fossil hydrocarbons and none of
the commonly used polymers are biodegradable and as a result they accumulate rather than
decompose into landfills or in natural environments. And as a consequence of the main property
of polymers, namely their durability, they have become a serious problem that accompanies
contemporary society. Therefore, many efforts have been made to obtain an ecologically
sustainable material in which most research is focused on replacing petroleum-based plastics
with biodegradable materials with similar properties. These materials are called biopolymers
and can be defined as any polymer (protein, nucleic acid, polysaccharide) produced by a living
organism. This work aimed to bring together the production methods of plant-derived
biopolymers through scientific and academic productions published in the last 15 years (2006-
2021), using digital tools such as Google Scholar, Science Direct, CAPES Journal, BDTD,
SciELO, in addition to official websites such as ABPol and ABICOM. Thus, it was identified,
in general, the presence of two methodologies used in the production of biopolymers: the
synthesis by microorganisms (bacteria, fungi and algae) and the Casting methodology. Among
the methodologies, the synthesis performed by the bacterium Ralstonia eutropha in the presence
of fermentation medium composed of sugarcane molasses + residual vinasse, presented the
highest yield (97.80%) during the production of the Polyhydroxyalkanoate (PHA) biopolymer,
however, others were identified processes that also obtained positive and promising results,
such as the synthesis carried out by the combination of Bacillus firmus and Lactobacillus
delbrueckii bacteria in the presence of the MSM fermentation medium, obtaining a yield of
56% in the production of the Polyhydroxybutyrate (PHB) biopolymer. During the analysis of
information, it was also found that factors such as: composition of the fermentation medium,
microbial strain and extraction methodology affect the properties of biopolymers, as well as the
use of solvents and plasticizers. Finally, it is expected that the analyzes carried out by this work
will contribute to the development of new strategies for the production of biopolymers, as these
represent a relatively new but promising area.

Keywords: Polymers. Bioplastics. Microbial Synthesis. Casting methodology


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Estruturas de macromoléculas: a) asfalteno; b) poli (óxido de etileno) .................... 22

Figura 2: Molécula monomérica............................................................................................... 23

Figura 3: Macromolécula (elementos encadeados) .................................................................. 23

Figura 4: Reação de polimerização do etileno.......................................................................... 25

Figura 5: Distribuição dos meros da cadeia polimérica dos homopolímeros ........................... 25

Figura 6: Distribuição dos diferentes meros da cadeia polimérica dos copolímeros ............... 26

Figura 7: Tipos de moléculas poliméricas: a) Linear; b) Ramificado; c) Com ramificações em


estrela; d) Escalar; grafitado ou enxertado; f) Semi-escalar; g) Com ligações cruzadas ou
reticulado. ................................................................................................................................. 27

Figura 8: Fórmula estrutural da Vinilclorida ............................................................................ 28

Figura 9: Rompimento da ligação dupla................................................................................... 29

Figura 10: Formação da cadeia de Vinilcloridas ...................................................................... 29

Figura 11: Unidade repetitiva (mero) ....................................................................................... 30

Figura 12: Poliadição ou polimerização por reação em cadeia ................................................ 30

Figura 13: Grupos funcionais ................................................................................................... 31

Figura 14: Fórmula estrutural da Hexametilenodiamina e ácido adipina ................................. 32

Figura 15: (1) Separação dos elementos dos grupos funcionais; (2) Poliamida e água ........... 32

Figura 16: Fluxograma simplificado da cadeia petroquímica e do plástico ............................. 38

Figura 17: Resinas termoplásticas consumidas no Brasil......................................................... 41

Figura 18: Principais produtores mundiais de resinas termoplásticas ...................................... 42

Figura 19: Composição dos resíduos a nível global ................................................................. 44

Figura 20: Tipos de biopolímeros ............................................................................................. 48

Figura 21: Estrutura molecular do Poli-cis-isopreno................................................................ 49

Figura 22: Estrutura polimérica da celulose ............................................................................. 50

Figura 23: Estrutura polimérica do amido ................................................................................ 50

Figura 24: Modelo demonstrativo contendo etapas do processo de produção do Poli (butileno
succinato) (PBS) ....................................................................................................................... 52
Figura 25: Processo de produção do Polímero de amido (Amido termoplástico) .................... 53

Figura 26: Processo de produção do PLA ................................................................................ 54

Figura 27: Processo de produção do PTT ................................................................................. 55

Figura 28: Processo de produção do PHB ................................................................................ 57

Figura 29: Etapas do processo metodológico. .......................................................................... 63

Figura 30: Fluxograma simplificado da metodologia Casting ................................................. 83

Figura 31: Potencial de substituição dos polímeros convencionais por bioplásticos ............. 101
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Designação do produto e exemplo de polímero a depender do tipo de reação de


polimerização............................................................................................................................ 28

Tabela 2: Produção e reciclagem de plástico no mundo ........................................................... 45

Tabela 3: Algumas famílias de biopolímeros ........................................................................... 51

Tabela 4: Propriedades fisico-químicas .................................................................................... 96


LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Início de comercialização de alguns polímeros sintéticos ....................................... 39

Quadro 2: Degradação ambiental ............................................................................................. 58

Quadro 3: Degradabilidade ambiental dos polímeros – Parte 1 ............................................... 60

Quadro 4: Degradabilidade ambiental dos polímeros – Parte 2 ............................................... 61

Quadro 5: Análise dos trabalhos selecionados ......................................................................... 67

Quadro 6: Trabalhos que utilizaram solventes para extrair os biopolímeros ........................... 91

Quadro 7: Biopolímeros, matéria-prima e tipos de aditivos utilizados no processo de produção


.................................................................................................................................................. 95

Quadro 8: Metodologias mais eficientes .................................................................................. 99


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Distribuição da quantidade de trabalhos por plataforma ......................................... 65

Gráfico 2: Distribuição da quantidade de trabalhos selecionados por ano de publicação ........ 66

Gráfico 3: Quantidade de publicações analisadas de acordo com cada tipo de trabalho ......... 66

Gráfico 4: Distribuição dos trabalhos analisados por países .................................................... 67

Gráfico 5: Distribuição dos tipos de biopolímeros por número de trabalhos selecionados ..... 77

Gráfico 6: Distribuição dos métodos de produção de biopolímeros por número de trabalhos


analisados (2006-2021) ............................................................................................................ 80

Gráfico 7: Distribuição do tipo de matéria-prima/ substrato identificados por número de


trabalhos ................................................................................................................................... 85

Gráfico 8: Distribuição dos principais microrganismos (bactérias, fungos e microalgas)


identificados pelo número de trabalhos .................................................................................... 87

Gráfico 9: Tipos de solventes utilizados para extração dos biopolímeros ................................ 89

Gráfico 10: Tipos de solventes identificados ............................................................................ 92

Gráfico 11: Tipos de plastificantes identificados...................................................................... 93

Gráfico 12: Principais áreas de aplicação dos biopolímeros analisados ................................ 103
LISTA DE SIGLAS

ABS Acrilonitrilo-butadieno-estireno
EPS Poliestireno expandido
EVA Etileno-vinil-acetato
GLP Gás liquefeito de petróleo
HCl Ácido clorídrico
PA Poliamida (naílon)
PAA Poliésteres alifáticos-aromáticos
PAN Poliacrilonitrila
PBAT Poli (butileno adipato co-tereftalato)
PBS Polibutilenosuccinato
PC Policarbonato
PCL Policaprolactona
PE Polietileno
PEAD Polietileno de alta densidade
PEBD Polietileno de baixa densidade
PEBDL Polietileno de baixa densidade linear
PET Politereftalato de etileno
PHA Polihidroxialcanoatos
PLA Ácido Polilático
PMMA Polimetilmetacrilato
PP Polipropileno
PS Poliestireno
PTFE Politetrafluoretileno
PTT Politrimetillenotereftalato
PU Poliuretano
PVC Policloreto de Vinila
RT Resinas termoplásticas
TE Termoplásticos de engenharia
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 17

2. OBJETIVOS ..................................................................................................................... 20

2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 20

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 20

3. REVISÃO TEÓRICA ...................................................................................................... 21

3.1 MACROMOLÉCULAS E POLÍMEROS ................................................................. 21

3.1.1 Processos de síntese dos polímeros .................................................................... 28

3.2 TIPOS DE POLÍMEROS .......................................................................................... 33

3.2.1 Polímeros naturais .............................................................................................. 33

3.2.2 Polímeros sintéticos ............................................................................................ 33

3.3 CLASSIFICAÇÃO DOS POLÍMEROS ................................................................... 34

3.3.1 Quanto a estrutura química ................................................................................. 34

3.3.2 Quanto ao método de preparação ....................................................................... 35

3.3.3 Quanto ao comportamento mecânico ................................................................. 35

3.3.4 Quanto ao desempenho mecânico ...................................................................... 36

3.4 POLÍMEROS SINTÉTICOS E A CADEIA PETROQUÍMICA E DO PLÁSTICO . 37

3.4.1 A produção e o mercado de polímeros sintéticos no Brasil e no mundo ............ 40

3.4.2 O lixo plástico e suas consequências para o meio ambiente .............................. 43

3.5 BIOPOLÍMEROS ...................................................................................................... 46

3.6 MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS NA PRODUÇÃO DE BIOPOLÍMEROS .... 49

3.7 PRODUÇÃO DE BIOPOLÍMEROS......................................................................... 51

3.8 ALGUNS BIOPOLÍMEROS ..................................................................................... 52

3.8.1 Polímeros de amido ............................................................................................ 52

3.8.2 Polilactatos (PLA) .............................................................................................. 53

3.8.3 Poli (trimetileno tereftalato) (PTT)..................................................................... 55

3.8.4 Poli (butileno succinato) (PBS) .......................................................................... 56


3.8.5 Polihidroxialcanoatos (PHA) .............................................................................. 56

3.9 DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E DEGRADABILIDADE DOS POLÍMEROS .... 58

3.9.1 Degradação ......................................................................................................... 59

3.9.2 Biodegradação .................................................................................................... 60

4. METODOLOGIA ............................................................................................................ 62

4.1 ELABORAÇÃO DA PESQUISA - ETAPA I ............................................................ 63

4.2 BUSCA DA LITERATURA - ETAPA II ................................................................... 63

4.3 SELEÇÃO DOS TRABALHOS - ETAPA III ........................................................... 64

4.4 COLETA DE DADOS - ETAPA IV........................................................................... 64

4.5 ANÁLISE DE DADOS - ETAPA V .......................................................................... 64

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 65

5.1 PRINCIPAIS BIOPOLÍMEROS ............................................................................... 77

5.2 PRINCIPAIS MÉTODOS DE PRODUÇÃO DE BIOPOLÍMEROS ........................ 79

5.3 FATORES QUE INFLUENCIAM NA PRODUÇÃO DOS BIOPOLÍMEROS ........ 84

5.3.1 Composição do meio fermentativo e linhagem de microrganismo .................... 84

5.3.2 Tipo de solvente utilizado na extração do biopolímero ...................................... 88

5.3.3 Utilização de aditivos de polimerização ............................................................. 91

5.4 PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS, BIODEGRADABILIDADE,


METODOLOGIAS MAIS EFICIENTES E POTENCIAL DE SUBSTITUIÇÃO .............. 95

5.4.1 Propriedades físico-químicas .............................................................................. 95

5.4.2 Avaliação da característica de biodegradabilidade ............................................. 98

5.4.3 Metodologias mais eficientes ............................................................................. 99

5.4.4 Potencial de substituir os polímeros sintéticos ................................................. 100

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 104

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 105


17

1. INTRODUÇÃO

O processo evolutivo da humanidade está intrinsecamente ligado à habilidade do


homem em desenvolver alternativas e soluções que possam garantir a sua sobrevivência e
melhoria do seu estilo de vida. A história mostra que grande parte das mudanças ocorridas até
hoje se deve à curiosidade do homem e, principalmente, à disponibilidade de materiais
adequados para transformar as ideias em realidade. (NUNES e LOPES, 2014).
Os materiais, à exemplo dos produtos naturais que possuem polímeros em sua
composição tais como, a cera de abelha, piche, alcatrão, bálsamo, breu, âmbar, goma-arábica,
clara de ovo e gelatina, já eram de conhecimento dos povos egípcios e gregos que os utilizavam
em combinação com determinados minerais coloridos com o intuito de desenvolverem
revestimentos com propósitos arquitetônicos e estéticos. (MANO e MENDES, 2013).
Outro exemplo, pôde ser observado em pinturas datadas de 15.000 anos a.C, que foram
descobertas em cavernas localizadas em regiões de Lascaux, ao Sudoeste da França e de
Altamira, no norte da Espanha, no qual, eram utilizadas misturas coloridas que se encontram
preservadas até os dias atuais. Essas pinturas eram feitas com um pigmento desenvolvido a
partir da mistura de pós de areia, argila, carvão e sangue seco. Além disso, outras marcas
rupestres (pintura sobre suporte rochoso), podem ter sido produzidas com composições
primitivas de revestimentos. As composições de revestimento por si, são materiais poliméricos,
resinosos, dissolvidos ou dispersos em líquidos solventes, que podem ainda conter pigmentos,
corante e aditivos. As tintas são as principais composições de revestimento (MANO e
MENDES, 2013).
Num contexto mais contemporâneo, podemos analisar o fato de que logo após a
Segunda Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra no final do século XIX, houve uma imensa
expansão da produção fabril em todo o mundo, encabeçada pelo grande crescimento da
população, aumento do padrão de vida nas cidades e emergente demanda por bens materiais,
dentre eles, muitos produtos feitos à base de polímeros sintéticos. Desse modo, os materiais
poliméricos passaram a ser utilizados tanto para fabricar produtos ornamentais, quanto para
substituir produtos naturais cuja oferta limitada impedia a sua produção em larga escala. Com
isso os polímeros passaram a substituir o metal, as fibras naturais, a madeira e se consolidaram
em um bem mais econômico (PÉREZ, 2014).
Dentre todos os produtos utilizados na fabricação de polímeros como, os produtos
naturais e os produtos fósseis (hulha ou carvão mineral e petróleo), o petróleo se apresenta como
18

a matéria prima básica mais importante para a fabricação de plásticos, servindo de fonte para
extração de monômeros que dão origem aos polímeros petroquímicos (CANEVAROLO, 2006).
Grande parte das mudanças ocorridas ao longo do século XX, se deram em decorrência
do desenvolvimento de polímeros como materiais alternativos. Com isso, borrachas sintéticas,
plásticos, fibras sintéticas, etc., proporcionaram uma revolução nos setores automobilísticos,
eletroeletrônicos, têxteis, de embalagens, da medicina e em vários outros setores ao longo desse
período (HAGE, 1998). A exemplo disso, com a ascensão da Segunda Guerra Mundial (1939-
1945), houve uma grande elevação da produção de polímeros sintéticos, dentre eles, a SBR
(Styrene-Butadiene Rubber), ou, Borracha de Estireno Butadieno desenvolvidos pela Alemanha
na falta da borracha natural provocada pelo fechamento das suas fronteiras com países vizinhos
no período da guerra (CANEVAROLO, 2006).
Segundo Finnigan (2009), os modernos polímeros sintéticos têm sido utilizados ao
longo dos últimos 50 anos como embalagens para transportar líquidos e gases. Todavia, a sua
maior área de aplicação é destinada a embalagens de comidas e farmacêuticas. Essas
embalagens poliméricas oferecem o benefício de terem um peso reduzido e a capacidade e
maleabilidade em se transformarem em formatos úteis, bonitos, resistentes, transparentes e com
redução de custos.
Contudo, se por um lado as propriedades mecânicas, térmicas, elétricas, ópticas e
químicas etc., que os polímeros sintéticos possuem são tão importantes para que eles resistam
a adversidades, por outro lado, são essas mesmas propriedades que dificultam a sua degradação
quando em contato com o meio ambiente. A alta resistência a corrosão, a água e a decomposição
bacteriana acabam tornando difícil o descarte dos seus resíduos e, consequentemente, gerando
sérios impactos ambientais (VALERO, 2013).
O fato é que das 400 milhões de toneladas de lixo urbano geradas anualmente pelo
mundo, o material constituinte que mais provoca problemas é justamente o lixo plástico, em
razão da sua resistência à degradação ambiental, permanecendo por até centenas de anos em
contato com o meio ambiente (MANO e MENDES, 2013).
Por isso, há a necessidade de se buscar materiais alternativos para desenvolver novos
produtos, com o intuito de solucionar os problemas gerados pelos resíduos plásticos. Visando
isso, muitos esforços têm sido feitos para se obter um material ecologicamente correto e
sustentável no qual a maior parte das pesquisas tem como foco substituir plásticos à base de
petróleo por materiais biodegradáveis com propriedades semelhantes (CYRAS et al., 2007).
Esses novos tipos de polímeros são chamados biopolímeros e podem ser definidos como
19

qualquer polímero (proteína, ácido nucléico, polissacarídeo) produzido por um organismo vivo
(BORSCHIVER; ALMEIDA; ROITMAN, 2008).
Eles podem ser sintetizados por bactérias, fungos e leveduras, e também são conhecidos
como gomas devido à sua capacidade de formar soluções viscosas e géis em meio aquoso
(ARAÚJO et al., 2016). Tais polímeros provenientes de biomassa, podem ser processados
através de variadas formas, como as usadas para os polímeros convencionais (MARTINS,
2011).
Segundo Shen, Haufe e Patel (2009), existem três principais maneiras de se produzir os
biopolímeros: (I) Utilizando polímeros naturais que podem ser modificados, (II) Produzindo
monômeros bio-derivados através de fermentação ou química convencional, realizando a
polimerização desses monômeros numa segunda etapa e (III) Produzindo biopolímeros
diretamente através de microrganismos ou através de colheitas geneticamente modificadas.
Todavia, a produção de biopolímeros, quer seja, através da fermentação, quer através da
polimerização, é geralmente exercida através de açúcares (OCDE, 2013).
Este trabalho de revisão bibliográfica consiste em uma análise dos métodos de produção
de biopolímeros de origem vegetal, identificados a partir de uma coleta e seleção de trabalhos
acadêmicos desenvolvidos nos últimos 15 anos (2006-2021), utilizando bases de informações
científicas online, com o propósito de estabelecer e discutir tecnologias que idealizam a
produção de polímeros ecologicamente corretos com propriedades semelhantes ao tradicionais
mas que, também sejam degradáveis ou biodegradáveis. Desse modo, espera-se que se possa
determinar o potencial de cada polímero analisado, através do estudo de suas propriedades e
com isso identificar a capacidade de substituir os polímeros petroquímicos tradicionalmente
utilizados por indústrias de plásticos. E ainda, que este estudo sirva de fonte de informações
para a criação de biopolímeros a partir de matéria-prima vegetal.
20

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar e relacionar os dados obtidos a partir da seleção de documentação científica


extraída de periódicos nacionais e internacionais, identificando os métodos de produção
utilizados na fabricação de biopolímeros desenvolvidos a partir da matéria-prima vegetal, com
o intuito de estabelecer uma relação entre os principais trabalhos publicados e discutir
tecnologias e processos produtivos eficientes visando a sua capacidade, viabilidade e eficiência
em substituir totalmente ou parcialmente os polímeros convencionais oriundos de fontes
fósseis.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Selecionar trabalhos acadêmicos desenvolvidos nos últimos 15 anos que possuem


como temática principal a produção de biopolímeros de origem vegetal
• Identificar os métodos de produção de biopolímeros bem como a sua matéria-prima
principal.
• Analisar o processo de síntese e caracterização utilizados na produção de biopolímero.
• Identificar as características físico-químicas presentes em cada material.
• Apresentar os processos tecnológicos envolvidos na obtenção de biopolímeros mais
eficientes.
• Verificar a viabilidade e eficácia em substituir os polímeros convencionais.
• Comparar os trabalhos que geraram resultados mais promissores para as diferentes
áreas de aplicação.
21

3. REVISÃO TEÓRICA

3.1 MACROMOLÉCULAS E POLÍMEROS

As macromoléculas são definidas como compostos orgânicos e inorgânicos de massa


molar elevada, mas que não possuem necessariamente, em sua estrutura, uma unidade de
repetição. Elas contêm átomos encadeados com um número superior a uma centena e podendo
atingir um valor ilimitado, o que faz com que essas moléculas adquirem características próprias.
As propriedades que estão presentes nas macromoléculas decorrem de interações que envolvem
segmentos intramoleculares, da mesma molécula, ou intermoleculares, de outras. A grande
maioria das macromoléculas são constituídas por átomos não pesados como o carbono,
nitrogênio e o silício (MANO e MENDES, 1999; MARINHO, 2005).
Já os polímeros são compostos que estão incluídos entre as macromoléculas, mas com
a particularidade de possuírem unidades repetitivas ao longo da cadeia (MARINHO, 2005). A
palavra polímero origina-se do grego poli (muitos) e mero (unidades de repetição), assim sendo,
uma macromolécula de origem natural ou sintética composta por dezenas de milhares de
unidades químicas de repetição chamadas de “meros”, ligadas por ligação covalente e com
massa molar (MM) na ordem de 104 ou 106 . Os polímeros podem ser orgânicos e inorgânicos,
sendo que os primeiros são os mais estudados e mais importantes comercialmente
(CANEVAROLO, 2006; AKCELRUD, 2007).
A diferença entre “macromolécula” e “polímero”, consiste-se no fato de que nos
polímeros a alta massa molar que os compõem é resultante da repetição de unidades estruturais
simples (poli = muitos) e (mero = partes) e em contrapartida, as macromoléculas são
consequência da complexidade molecular, a exemplo das macromoléculas presentes nos
organismos vivos. Dessa forma, os polímeros são considerados macromoléculas mas o
contrário não é necessariamente verdadeiro (AKCELRUD, 2007). Assim, macromolécula é o
termo mais geral que se utiliza para definir todas as moléculas de tamanho elevado e polímeros
é o termo específico que se utiliza para aquelas moléculas grandes formadas por repetições de
estruturas pequenas (LUCAS; SOARES; MONTEIRO, 2001).
Dentre os diferentes compostos macromoleculares encontram-se hormônios, tais como
a vasopressina e a oxitocina, além de, esteroides como o colesterol, polissacarídeos como o
glicogênio e a amilose. Também há os terpenos como o esqualeno, o 𝛼 e o 𝛽-caroteno e
proteínas como o DNA (MARINHO, 2005). Na Figura 1, é possível identificar duas
22

macromoléculas, sendo uma de asfalteno e outra de poli (óxido de etileno). A segunda por
conter unidades repetitivas de óxido de etileno é denominada de polímero.

Figura 1: Estruturas de macromoléculas: a) asfalteno; b) poli (óxido de etileno)

a)

b)

Fonte: Lucas, Soares e Monteiro (2001, p. 14)

Antes da formação das macromoléculas existem os monômeros. Eles são a matéria-


prima fundamental para a formação das macromoléculas que como mencionado anteriormente,
são caracterizadas pelo tamanho da sua molécula e que, por sua vez, é composta por outras
milhares de moléculas monoméricas. Por meio de reações químicas, as moléculas individuais
se tornam macromoléculas (MICHAELI et al., 1995).
Na Figura 2, é possível observar o esquema de como é constituído um monômero.
23

Figura 2: Molécula monomérica

Fonte: Michaeli et al. (1995)

Dessa forma, as macromoléculas, no caso, das mais simples, são geradas de vários
monômeros iguais, ou seja, elas são compostas de uma sequência de elementos encadeados que
sempre se repetem (Figura 3). Cada cadeia de moléculas possui uma linha contínua de
elementos encadeados, na qual outras estão penduradas, mas que não se encontram numa
mesma linha. A linha contínua da macromolécula, denominada de espinha dorsal, é composta
geralmente apenas pelo elemento carbono (C) e algumas vezes por oxigênio (O) ou nitrogênio
(N). O carbono tem a propriedade de produzir facilmente cadeias consigo mesmo ou com
oxigênio e nitrogênio, outros elementos não tem essa facilidade (MICHAELI et al., 1995).

Figura 3: Macromolécula (elementos encadeados)

Fonte: Michaeli et al. (1995)

Na espinha dorsal, estão também ligados outros elementos ou grupos de elementos,


como por exemplo o hidrogênio (H), dessa forma, se os grupos de elementos forem compostos
de elementos encadeados que apresentam sua própria cadeia molecular, eles são então,
chamados de ramificações ou cadeias secundárias (MICHAELI et al., 1995).
Enfatizando novamente, os polímeros são macromoléculas caracterizadas pelo seu
tamanho, estrutura química e interações intramoleculares e intermoleculares (MANO e
MENDES, 1999). As ligações moleculares primárias ou intramoleculares são ligações onde os
átomos de uma molécula estão conectados entre si por ligações primárias muito fortes e podem
ser de vários tipos, como: iônica ou eletrovalente, coordenada, metálica e covalente. Esta última
24

consiste no compartilhamento de dois elétrons entre os átomos, sendo a mais comum entre os
polímeros, determinando assim, as forças intramoleculares (CANEVAROLO, 2006).
Já as ligações moleculares secundárias ou intermoleculares são forças entre os
segmentos de cadeias poliméricas que aumentam com a presença de grupos polares e diminuem
com o aumento da distância entre as moléculas. Elas podem ser divididas em dois tipos: forças
de Van der Waals e pontes de hidrogênio. As forças de Van der Waals, por sua vez, podem ser
divididas em Interação dipolo-dipolo, Interação dipolo-dipolo induzido e Forças de dispersão
(CANEVAROLO, 2006).
O agrupamento de átomos constitui-se em uma molécula somente quando as forças que
os ligam forem suficientemente fortes para os manterem unidos, dentro de determinadas
condições de temperatura e pressão e na ausência de outros átomos e moléculas. Elas são uma
entidade independente, com massa molar e características próprias. Sabe-se que os polímeros
são formados por ligações intramoleculares e intermoleculares, sendo que a mais comum é a
ligação do tipo intramolecular por covalência e às vezes por coordenação sendo assim,
responsáveis por unir as suas unidades químicas. Tais unidades estão repetidas regularmente ao
longo da cadeia, e são denominadas meros. O número de meros em uma cadeia polimérica é
denominado grau de polimerização e é simbolizado geralmente por (n) ou DP (Degree of
Polymerization) (MANO e MENDES, 1999).
O conjunto de reações químicas que provocam a união de pequenas moléculas por
ligação covalente com a consequente formação de um polímero é denominado polimerização
ou síntese de polímeros (CANEVAROLO, 2006). Cada tipo de polimerização é responsável por
submeter ao material final um tipo diferente de grupo químico ligado à cadeia polimérica ou
impurezas que afetam de forma considerável a vida do material em relação à sua estabilidade
(DE PAOLI, 2008).
Quanto ao tipo de reação, a polimerização pode envolver reações de adição ou
poliadições e reações de condensação ou policondensações. De forma geral, os polímeros de
adição têm a cadeia regularmente constituída por apenas átomos de carbono, ligados
covalentemente, como por exemplo, o polietileno, o poliestireno etc. Já os polímeros de
condensação apresentam em sua cadeia principal não apenas átomos de carbono, mas também,
átomos de outros elementos como oxigênio, nitrogênio e enxofre, como por exemplo o poli
(tereftalato de etileno) (MANO e MENDES, 1999).
A Figura 4, apresenta a reação de polimerização do etileno, na qual se obtém o
polietileno com seu respectivo mero.
25

Figura 4: Reação de polimerização do etileno

Monômero etileno Polietileno Mero

Fonte: Nunes e Lopes (2014, p.56).

Como mencionado anteriormente, o índice (n) significa o grau de polimerização e é


definido como o número de unidades repetitivas que compõem a cadeia polimérica. Tal índice
varia para cada polímero e geralmente é maior que 10.000 (NUNES e LOPES, 2014). As
reações de polimerização serão enfatizadas e contextualizadas de forma mais aprofundada no
tópico 3.1.1 deste trabalho.
Os polímeros podem ser inicialmente classificados em dois tipos de acordo com a
variação de meros que compõem a cadeia: homopolímeros e copolímeros. Quando os polímeros
são provenientes de uma única unidade repetitiva (Figura 5), são chamados de homopolímeros
e quando possuem duas ou mais unidades monoméricas de repetição, ou seja, quando são
obtidos utilizando dois ou mais co-monômeros, são chamados de copolímeros (DE PAOLI,
2008).

Figura 5: Distribuição dos meros da cadeia polimérica dos homopolímeros

Fonte: Adaptado de Lucas, Soares e Monteiro (2001, p. 27)

Segundo Canevarolo (2006), os copolímeros podem ser divididos em função do modo


de distribuição dos seus meros dentro da cadeia polimérica. Na Figura 6 a), pode-se observar o
copolímero do tipo “Ao acaso, aleatório ou estatístico”, onde não há uma sequência definida de
disposição dos meros. Na Figura 6 b) o copolímero é do tipo “alternado”, ou seja, os meros se
encontram dispostos de maneira alternada. O copolímero do tipo “Em bloco ou blocado” pode
ser observado na Figura 6 c), onde há uma formação de grandes sequências ou blocos de um
determinado mero se alternando com outras grandes sequências de outro mero. Por último, há
o copolímero do tipo “Grafitizado ou enxertado”, onde se pode observar (Figura 6 d) que sobre
uma cadeia de um homopolímero (poli A) liga-se covalentemente outra cadeia polimérica (poli
B).
26

Figura 6: Distribuição dos diferentes meros da cadeia polimérica dos copolímeros

a)

b)

c)

d)

Fonte: Adaptado de Canevarolo (2006, p. 45)

É importante destacar também que as cadeias poliméricas podem apresentar variações


quanto à forma como os meros se repetem ao longo da cadeia. Segundo Canevarolo (2006),
elas podem ter:
I. Cadeias lineares: A cadeia polimérica é composta por apenas uma cadeia principal,
formada pela polimerização de monômeros bifuncionais.
II. Cadeias ramificadas: A partir da cadeia principal partem cadeias laterais, o que quer
dizer que existem prolongamentos que podem ser curtos ou longos, formados pelo
mesmo mero que compõe a cadeia principal, ou por outro mero, formando diferentes
arquiteturas, que podem ter:
• Arquitetura aleatória: As ramificações têm tamanhos variados (curtos ou longos),
mas são formados com a mesma unidade de repetição presente na cadeia principal.
É possível também haver ramificações pendentes em outra ramificação.
• Arquitetura estrelada ou radical: A cadeia polimérica é formada por vários braços,
que partem do mesmo ponto central, formando uma estrela. Tal arquitetura é
definida pelo número de braços, podendo variar de 4 até 32.
27

• Arquitetura pente: Da cadeia principal, pendem cadeias com tamanho fixo e


distribuídas de forma homogênea em toda a extensão da cadeia polimérica.
III. Cadeia com ligações cruzadas: As cadeias são ligadas entre si através de segmentos de
cadeia, unidos por ligações covalentes fortes.

Na Figura 7, é possível observar os tipos de moléculas poliméricas e a forma como os


tipos de cadeias estão organizadas.

Figura 7: Tipos de moléculas poliméricas: a) Linear; b) Ramificado; c) Com ramificações em


estrela; d) Escalar; grafitado ou enxertado; f) Semi-escalar; g) Com ligações cruzadas ou
reticulado.

Fonte: Akcelrud (2007, p.2).

Quando os meros estão ligados entre si formando uma unidade contínua , como um fio,
a cadeia é denominada linear, quando as unidades estão unidas numa forma tridimensional
formando uma rede, o polímero é do tipo reticulado ou possui ligações cruzadas, e ainda,
quando uma cadeia possui ramificações laterais o polímero é denominado de ramificado ou não
linear. (AKCELRUD, 2007).
As formas linear, ramificada e a reticulada são as três principais formas estruturais na
qual as moléculas de polímeros podem ser obtidas. Nesses casos a molécula do polímero está
representada como um fio que se assemelha a um espaguete (LUCAS; SOARES; MONTEIRO,
2001). Tais formas podem ser encontradas nos homopolímeros, por exemplo. Eles podem ser
lineares ou ramificados. No caso do polietileno: o de baixa densidade apresenta um alto teor de
ramificações, o linear de alta densidade tem um número menor de ramificações e o de alta
densidade é praticamente linear (DE PAOLI, 2008).
28

3.1.1 Processos de síntese dos polímeros

O conjunto de reações químicas nas quais são obtidos os monômeros é chamado de


reação de polimerização ou síntese dos polímeros (NUNES e LOPES, 2014). Para cada tipo de
monômero existe uma reação de formação do polímero, onde consequentemente ocorre o
processo de sintetização (síntese = união) do material a partir de um elemento (monômero)
(MICHAELI et al.,1995).

Tabela 1: Designação do produto e exemplo de polímero a depender do tipo de reação de


polimerização

DESIGNAÇÃO DO
PROCESSO DE SÍNTESE EXEMPLO/SIGLA
PRODUTO
Polipropileno (PP)
Polimerização Polimerizado
Polietileno (PE)
Poliuretano (PUR)
Poliadição Poliaditado
Resina epóxi (EP)

Policondensação Policondensado Policarbonato (PC)

Fonte: Adaptado de Michaeli et al. (1995)

No processo de polimerização, a ligação dupla que aparece nos monômeros entre dois
átomos de carbono, exerce um papel fundamental. No caso das Vinilclorida (Figura 8), cada
ligação da molécula é composta de dois elétrons (MICHAELI et al., 1995).

Figura 8: Fórmula estrutural da Vinilclorida

Fonte: Michaeli et al. (1995)

A ligação dupla é composta de duas ligações, cada uma com 2 elétrons. Pela ligação
dupla, uma das duas ligações deixa-se separar facilmente e se decompõe em dois elétrons
individuais. Essa decomposição leva a formação do polímero, ou seja, ela começa com a
29

decomposição da ligação dupla, que será completada por outra parte, por exemplo um radical.
Os radicais são grupos de elementos extremamente reativos, isto é, reagem com muita
facilidade com outras moléculas. Isso ocorre devido a existência de um elétron livre que todos
os radicais possuem e que tende a formar uma ligação com outro elétron (MICHAELI et al.,
1995). A decomposição da ligação dupla da Vinilclorida pode ser observada na Figura 9.

Figura 9: Rompimento da ligação dupla

Fonte: Michaeli et al. (1995)

Através da ligação dupla, é formada uma nova ligação entre o elétron do radical e um
elétron livre da ligação decomposta e como se pode observar na figura 9, o outro elétron da
ligação decomposta está localizado do outro lado da Vinilclorida. Este lado, com o elétron livre,
pode novamente decompor outras ligações duplas e este núcleo acaba assim, formando longas
cadeias (Figura 10) (MICHAELI et al., 1995).

Figura 10: Formação da cadeia de Vinilcloridas

Fonte: Michaeli et al. (1995)

O final do crescimento ocorre quando dois terminais de uma cadeia ou um terminal e


um radical se encontram. Como existem mais monômeros de Vinilclorida do que terminais de
cadeias ou radicais, as cadeias irão se tornar muito longas, antes de cessar o crescimento. O
comprimento é determinado pelo número (n) de elementos que se repetem na cadeia
(MICHAELI et al., 1995).
30

Figura 11: Unidade repetitiva (mero)

Fonte: Michaeli et al. (1995)

Por fim, aos polímeros produzidos por polimerização (Figura 11), são chamados de
polimerizados.
Em relação a poliadição, também chamada de polimerização por reação em cadeia, ela
trata-se de uma reação que envolve a polimerização de um monômero com bifuncionalidade
intrínseca e uma das características principais desse tipo de polimerização é a necessidade de
um iniciador pois, o simples fato de os monômeros estarem em contato não é condição
suficiente para que haja reação (MARINHO, 2005). Por exemplo, considerando um iniciador I
e um monômero com dupla ligação, haveria então (observar a Figura 12):

Figura 12: Poliadição ou polimerização por reação em cadeia

Fonte: Marinho (2005)

Com a inserção do inicializador em uma extremidade de um monômero e adições


sucessivas de moléculas de monômeros à outra extremidade (MARINHO, 2005).
Os iniciadores de polimerização são geralmente compostos simples de baixo peso
molecular, adicionados ao meio reacional em pequena quantidade e capazes de reagir com os
monômeros, produzindo nestes um centro ativo no qual inicia-se o crescimento de uma cadeia
polimérica pela adição sucessiva de outros monômeros. Exemplos: Percompostos, Ácidos de
Lewis, Azo derivados, dentre outros (MARINHO, 2005).
O crescimento da macromolécula, uma vez iniciada a cadeia, ocorre de forma muito
rápida, com alto grau de polimerização obtido logo no início do processo. O peso molecular
resultante em poliadições é geralmente na ordem de 105 (MANO e MENDES, 1999).
31

De acordo com Marinho (2005), algumas das características da poliadição são:

• A reação é em cadeia: As moléculas de monômero são adicionadas sucessivamente ao


polímero, fazendo a cadeia crescer.
• Altos pesos moleculares se formam desde o início da reação: No início existe uma
quantidade muito maior de monômeros disponíveis em relação às moléculas do
iniciador.
• A composição do polímero é aproximadamente igual à do monômero.
• A reação ocorre em três etapas: iniciação, propagação e terminação. Todas com
mecanismos e velocidades diferentes.

Já em relação a Policondensação, ela envolve a presença de monômeros com


bifuncionalidade explícita. São necessários pelo menos, dois monômeros diferentes, quando a
bifuncionalidade é igual para cada grupo de monômeros, ou apenas um monômero quando
apresentar duas funções distintas na mesma molécula (MARINHO, 2005). A Figura 13, mostra
alguns grupos funcionais necessários para que ocorra a formação de uma macromolécula
através da reação de Policondensação.

Figura 13: Grupos funcionais

Fonte: Michaeli et al. (1995)

A formação de uma ligação entre duas moléculas ocorre somente quando dois grupos
funcionais diferentes, dos quais as duas partes que se separam sejam “condensadas” na forma
de água. Um exemplo de policondensação é na reação na qual duas moléculas formam a amida.
(MICHAELI et al., 1995). A reação ocorre através da exametilenodiamida com o ácido adipina
(figura 14).
32

Figura 14: Fórmula estrutural da Hexametilenodiamina e ácido adipina

Fonte: Michaeli et al. (1995)

A partir daí, a reação ocorre em duas etapas (Figura 15):

1. Primeiramente são separados elementos dos grupos funcionais


2. Em segundo lugar, há a formação da macromolécula + água.

Figura 15: (1) Separação dos elementos dos grupos funcionais; (2) Poliamida e água

(1)

(2)

Fonte: Michaeli et al. (1995)

Na Policondensação, a conversão de monômero em produtos é alta, no entanto, o


crescimento da cadeia polimérica é vagaroso e a cadeia somente alcança peso molecular
elevado após o tempo suficiente para a intercondensação dos segmentos menores (dímeros,
trímeros, tetrâmeros, oligômeros) formados. O peso molecular resultante é na ordem de 104 ,
ou seja, uma ordem de grandeza abaixo do peso molecular obtido nas poliadições (MANO e
MENDES, 1999).
33

3.2 TIPOS DE POLÍMEROS

Os polímeros podem ser classificados de várias formas e de acordo com vários critérios.
Uma das principais classificações se baseia na origem dos polímeros, que podem ser divididos
em dois grupos: polímeros naturais e polímeros sintéticos (MICHAELI et al., 1995).

3.2.1 Polímeros naturais

Os polímeros naturais são aqueles que podem ser obtidos na natureza e apresentam,
num contexto geral, estruturas mais complexas que os polímeros sintéticos, tais como,
proteínas, polissacarídeos, gomas, resinas, elastômeros (LUCAS; SOARES; MONTEIRO,
2001). Na natureza é possível encontrar macromoléculas que com algumas modificações, se
prestam à produção de polímeros. Os produtos naturais como o amido, a madeira (celulose),
algodão, o látex etc., foram uns dos primeiros grupos a servir de fonte de extração de matéria-
prima para a fabricação de polímeros naturais (CANEVAROLO, 2006).

3.2.2 Polímeros sintéticos

Os polímeros sintéticos podem ser obtidos através de uma reação química chamada
polimerização e a substância que os origina é chamada de monômero. Alguns exemplos são o
PE (Polietileno), PP (Polipropileno), PVC (Policloreto de vinila), PA (Poliamida), PC
(Policarbonato). Embora haja uma predominância dos polímeros sintéticos feitos a partir de
hidrocarbonetos, apenas 4% a 6% da produção mundial de petróleo é destinada a fabricação de
transformados plásticos (MARINHO, 2005; TEIXEIRA; CIRINO; LINO, 2017).
Contudo, dentre os produtos naturais, o petróleo consiste na fonte mais importante para
a fabricação de polímeros. É por meio da destilação fracionada do óleo cru que várias frações
poderão ser obtidas tais como: GLP (gás liquefeito de petróleo), nafta, gasolina, querosene, óleo
diesel, graxas parafínicas e piche, sendo que é a nafta a fração que se utiliza para a produção
dos polímeros. Após a aplicação de um cracking térmico apropriado, ou seja, pirólise a
aproximadamente 800°C e catálise, é possível gerar várias frações gasosas que possuem
moléculas saturadas e insaturadas. As moléculas insaturadas, tais como o etileno, propileno,
butadieno, buteno, etc., são separadas e aproveitadas para a síntese de polímeros
(CANEVAROLO, 2006). Esta sequência característica consiste num processo realizado pela
indústria petroquímica de primeira geração, ou seja, a fase de obtenção dos monômeros e pode
ser entendida melhor no tópico 3.4 deste trabalho onde é contextualizada resumidamente a
cadeia petroquímica e do plástico.
34

3.3 CLASSIFICAÇÃO DOS POLÍMEROS

Segundo Canevarolo (2006), com o desenvolvimento científico, foi possível gerar um


grande número de polímeros para atender a diversas áreas de aplicação. Muitos deles são
variações e/ou desenvolvidos sobre moléculas já conhecidas. Diante disso, tornou-se possível
listar uma série deles agrupados de acordo com uma determinada classificação que pode ser
feita baseada em quatro categorias.
I. Quanto a estrutura química
II. Quanto ao método de preparação
III. Quanto ao comportamento mecânico
IV. Quanto ao desempenho mecânico

3.3.1 Quanto a estrutura química

Em conformidade com Canevarolo (2006), para que se possa classificar os polímeros


em relação a estrutura química é necessário primeiramente avaliar a estrutura química do seu
mero. A classificação é subdividida em dois grupos: polímeros de cadeia carbônica e polímeros
de cadeia heterogênea
Dentre os polímeros de cadeia carbônica, ou seja, aqueles polímeros que apresentam
apenas átomos de carbono na sua cadeia principal, existem:

• Poliolefinas • Polímeros fluorados


• Polímeros de dienos • Polímeros acrílicos
• Polímeros estirênicos • Polivinil ésteres
• Polímeros clorados • Poli (fenol-formaldeído)

Já nos polímeros de cadeia heterogênea, além do carbono, a sua cadeia possui


heteroátomos, como por exemplo, o oxigênio, nitrogênio, enxofre etc. São eles:

• Poliéteres • Poliuretanos
• Poliésteres • Aminoplásticos
• Policarbonato • Derivados da celulose
• Poliamidas • Siliconas
35

3.3.2 Quanto ao método de preparação

O segundo tipo de separação dos polímeros é classificado de acordo com o método de


preparação e foi sugerido por Carothers em 1929. Existem os polímeros de adição e polímeros
de condensação (CANEVAROLO, 2006).

• Polímeros de adição: Trata-se de um tipo de polímero que, durante a sua formação, ou


seja, durante a reação dos monômeros, não há perda de massa na forma de compostos
de baixo peso molecular. Assumindo-se conversão total, o peso do polímero formado é
igual ao peso do monômero adicionado e normalmente esses polímeros têm cadeia
carbônica, como por exemplo, o poliestireno, polipropileno, PVC, PMMA etc.
• Polímeros de condensação: São aqueles originários da reação de dois grupos funcionais
reativos com a eliminação de moléculas de baixo peso molecular (água, amônio, HCl
etc).

3.3.3 Quanto ao comportamento mecânico

O terceiro tipo de classificação dos polímeros se dá através do seu comportamento


mecânico. Eles podem ser divididos em plásticos, elastômeros e fibras (CANEVAROLO,
2006).

I. Plásticos: Material polimérico de alta massa molar e sólido em temperatura ambiente.


• Termoplásticos: São plásticos que quando em contato com um aumento substancial da
temperatura e marginal da pressão, amolecem e fluem podendo ser moldados nessas
condições e consequentemente, quando amenizada as condições de temperatura e
pressão se solidifica adquirindo a forma do molde, sendo assim, materiais recicláveis.
• Termorrígidos: São conhecidos por termofixos ou termoendurecidos. Trata-se de
plásticos que quando sujeitos a um aumento substancial de temperatura e marginal de
pressão, amolecem e fluem adquirindo a forma do molde, reagem quimicamente e se
solidificam. Todavia, subsequentes aumentos de temperatura e pressão não mais
influenciam os tornando materiais insolúveis, infusíveis e não recicláveis.
36

• Baroplásticos: São plásticos que com o aumento substancial de pressão, e marginal de


temperatura, fluem através de rearranjos em sua conformação. O seu estado físico deve
ser borrachoso, ou seja, a temperatura de solicitação deve estar entre 𝑇𝑔 < 𝑇 < 𝑇𝑚 1.
II. Elastômeros: Tratam-se de polímeros que em temperatura ambiente podem deformar o
seu comprimento inicial no mínimo duas vezes e retornando ao comprimento original
rapidamente depois que o esforço é retirado.
III. Fibras: Trata-se de um termoplástico orientado que satisfaz a condição geométrica L/D
≥100. A orientação das cadeias e dos cristais, feita de forma forçada, aumenta a
resistência mecânica dessa classe de materiais fazendo com que eles possam ser
utilizados na forma de fios finos. Exemplo: fibras de poliacrilonitrila (PAN), os náilons
etc.

3.3.4 Quanto ao desempenho mecânico

A quarta classificação polimérica, leva em consideração o desempenho mecânico do


polímero quando utilizado em um item ou peça (CANEVAROLO, 2006). Eles são divididos
em:

• Termoplásticos convencionais (commodities): São polímeros de baixo custo, de baixo


nível de exigência mecânica, de alta produção e que são de fácil processamento. Tais
polímeros representam aproximadamente 90% de todos os polímeros produzidos no
mundo. Exemplo: poliolefinas, poliestireno (PS), policloreto de vinila (PVC) etc.
• Termoplásticos especiais: São polímeros com custo brevemente superior aos
convencionais e com características melhoradas. Exemplo: o copolímero de etileno-
acetato de vinila (EVA) e o homopolímero politetrafluoretileno (PTFE).
• Termoplásticos de engenharia (TE): São polímeros com alta resistência mecânica, boa
tenacidade e alta estabilidade dimensional. Exemplo: poliamidas, poliésteres
termoplásticos etc.
• Termoplásticos de engenharia especiais: São polímeros com grande quantidade de anéis
aromáticos na cadeia principal, que fazem com que eles possuam uma alta estabilidade
térmica. Exemplo: polímeros contendo enxofre e poliimidas (poliimida-poliamida).

1
𝑇𝑔 – Temperatura de transição vítrea, T – Temperatura do polímero, 𝑇𝑚 – Temperatura de fusão cristalina
37

3.4 POLÍMEROS SINTÉTICOS E A CADEIA PETROQUÍMICA E DO PLÁSTICO

A cadeia petroquímica e de plásticos tem um potencial enorme de geração de valor ao


longo das suas sucessivas etapas. As duas etapas principais e centrais estão normalmente
associadas à segunda geração (produção de resinas) e a terceira (produtos transformados
plásticos) (ABD, 2009).
A fabricação de plásticos sintéticos inicia-se com o processo de destilação em refinarias
de petróleo. O processo consiste na separação do petróleo bruto pesado em grupos mais leves
chamados de frações. Cada fração trata-se de uma mistura de cadeias de hidrocarbonetos
(compostos químicos constituídos de carbono e hidrogênio), que diferem entre si em termos de
tamanho e da estrutura das suas moléculas. Um exemplo dessas frações é a nafta, elemento
essencial para a fabricação de plásticos (TEIXEIRA; CIRINO; LINO, 2017).
A indústria petroquímica da primeira geração é composta por grandes empresas, que são
responsáveis pelo craqueamento da nafta, seu principal insumo, ou o gás natural mais
recentemente, transformando-os em petroquímicos básicos como olefinas (especialmente
eteno, propeno e butadieno), além de aromáticos (benzeno, tolueno e xilenos). Tais materiais
são polimerizados diretamente ou utilizados pela indústria petroquímica em outros processos.
(CANEVAROLO, 2006; ABD, 2009).
A indústria petroquímica de segunda geração é constituída por empresas de grande
porte, normalmente instaladas próximas às de primeira geração, que recebem diretamente, por
dutos, o monômero (normalmente na forma líquida), polimerizando-o e fazendo o polímero.
Estas unidades produzem resinas termoplásticas como os polietilenos (PEBD – Polietileno de
baixa densidade, PEAD – Polietileno de alta densidade e PEBDL – Polietileno de baixa
densidade linear), o polipropileno (PP), além de intermediários como monocloreto de vinila,
estireno, acetato de vinila, fenol, óxido de eteno etc. Para ser economicamente viável, uma
empresa desta geração, que produz um polímero convencional, como o polipropileno, por
exemplo, deve ser capaz de produzir pelo menos meio milhão de toneladas por ano (isto
significa produzir um saco de 25 kg a cada dois segundos). Em contrapartida, a produção de
polímeros especiais é feita em pequena escala (CANEVAROLO, 2006; ABD, 2009).
A terceira geração da indústria petroquímica é constituída por empresas que variam
desde micro até grandes em empresas que realizam a compra do polímero na forma de grão,
líquido ou pó e o processam utilizando diferentes tecnologias tais como, extrusão, sopro,
injeção, termoformagem, compressão, imersão e finalmente o transforma em produtos que
serão consumidos diretamente pela população ou pelas indústrias da quarta geração. A indústria
38

da quarta geração consiste em empresas de portes variados que adquirem os artigos plásticos e
os montam em itens maiores, tal qual ocorre com as montadoras automobilísticas
(CANEVAROLO, 2006; ABD, 2009). A Figura 16 mostra o fluxograma simplificado da cadeia
petroquímica e do plástico. Já no Quadro 1, é possível ver o início da comercialização mundial
de alguns dos principais polímeros sintéticos desenvolvidos ao longo dos anos.

Figura 16: Fluxograma simplificado da cadeia petroquímica e do plástico

REFINO 1° GERAÇÃO 2° GERAÇÃO 3° GERAÇÃO 4° GERAÇÃO


Craqueamento Monômeros Polímeros Transformados Consumidores

Resinas commodities

PP Tubos
Conexões
Etileno PE Autopeças
Embalagens
NAFTA Propileno PVC Filmes
Calçados
Fios e Cabos
Butadieno PET
Const. Civil
Alimentos e
PS bebidas
Automóveis
e autopeças
PETRÓLEO Plásticos de engenharia Papel
Agricultura
Instrumentos
Benzeno
médicos
Tecnologia
PA
ciclo-hexanona Perfumaria
Partes e peças
ABS para veículos
AROMÁTICOS Para-xileno Telefones
PC Eletroeletrôni-
Tolueno os
PU
Bisfenol A

Fonte: Adaptado de ABIPLAST (perfil, 2016)


39

Quadro 1: Início de comercialização de alguns polímeros sintéticos

ANO SIGLA POLÍMERO FABRICANTE

1927 PVC Poli (cloreto de vinila) B. P. Goodrich

1930 PS Poliestireno I. G. Farben/Dow

1936 PMMA Poli (metacrilato de Rohm and Haas


metila)
1936 PA 6,6 Nylon 6,6 Dupont

1939 LDPE Polietileno de Baixa ICI


Densidade
1946 PTFE Poli (tetra flúor etileno) / Dupont
TEFLON
1948 ABS Copolímero acrilonitrila- Rohm and Hass/ I.G.
butadieno-estireno Farben
1954 PU Poliuretanos Bayer/ DuPont

1954 HDPE Polietileno de Alta Hoechst


Densidade
1954 PET Poli (tereftalato de ICI
etileno)
1956 PA 6 Poliamida ou Nylon 6 Allied

1957 PP Polipropileno Phillips Petrol

1958 PC Policarbonato GE/Bayer

1958 POM Poliacetal ou Acetal Dupont

1959 LLDPE Polietileno Linear de Dupont - Canada


Baixa Densidade
1960 ARAMID Poli (amida aromática) Dupont

1963 PI Poliimidas Dupont

1965 PPO Poli (éter fenileno) ou GE


Noryl
1965 SBS Borracha Termoplástica Shell

1969 PBT Poli (tereftalato de Celanese


butileno)
1972 PPS Poli (sulfeto de fenileno) Phillips Petrol

1972 LCP Cristal Líquido Carborundum


Polimérico
1978 PES Poli (éter sulfona) ICI

1978 PEEK Poli (éter sulfona ICI

1982 PEI Poli (éter imida) GE

1987 PA 4,6 Poliamida ou Nylon 4,6 DSM

Fonte: Haje (1989)


40

3.4.1 A produção e o mercado de polímeros sintéticos no Brasil e no mundo

A indústria brasileira de polímeros passou a existir formalmente a partir da instalação


de três pólos petroquímicos no país na década de 70. Antes disso, existiam apenas unidades
isoladas produzindo um ou outro tipo de polímero, porém sem grande papel no PIB nacional.
Os pólos tiveram a sua instalação seguindo o modelo de substituição de importação, gerando
empresas tripartites, onde a composição das ações era formada por parte pertencente a
Petroquisa, parte pertencente à empresa nacional de capital privado e parte a uma empresa
estrangeira, normalmente detentora da tecnologia a ser utilizada (HEMAIS, 2003).
O Brasil possui os elos mais importantes da cadeia petroquímica, e o processo de
reestruturação que o país passou nos últimos 30 anos, resultou na formação de dois principais
grupos no que se refere à primeira e segunda gerações (ABD, 2009).
Ao fim dos anos 90 até o ano de 2008, a indústria petroquímica brasileira passou por
vários processos de reorganização societária que resultaram na consolidação de
grupos/empresas que dominaram o mercado de produção de resinas plásticas no país. Na
primeira geração de indústrias dois grandes grupos (Braskem e Quattor) se originaram e
dominaram a produção de etileno e propileno, matérias-primas fundamentais para se produzir
resinas termoplásticas. Na segunda geração, o mesmo fenômeno ocorreu e poucas empresas
passaram a fazer parte desse segmento. (NEDER; BACIC; DA SILVA, 2009).
Já em 2010 a Braskem realizou a aquisição da rival Quattor e se tornou a maior empresa
petroquímica das Américas em capacidade de resinas termoplásticas (PE, PP, PVC). Com a
integração entre 1° e 2° geração petroquímica, as suas 26 plantas, localizadas em cinco estados
(São Paulo, Rio de Janeiro, Rio grande do Sul, Bahia e Alagoas), passaram a ter a capacidade
de produzir 5,5 milhões de toneladas/ano de resinas (BRASKEM, 2010).
Através de análises do relatório semestral realizado em 2008 pelo SDI (Sistema
Dinâmico de Informações Estatísticas), a demanda pelas resinas termoplásticas (RT), cresceu
desde os anos 1990 até 2008 um percentual de taxa média anual de 5% no Brasil. Dessa forma,
foi possível identificar um crescimento de mais de 135% na produção desse material em menos
de 20 anos (NEDER; BACIC; DA SILVA, 2009). Anos depois, a produção brasileira de
transformados plásticos, em termos de produção medida em moeda, obteve um crescimento de
9% em média entre 2007 e 2015, assim como, o faturamento. No mesmo período, o crescimento
em toneladas representou 17%. No entanto, a indústria de transformados plásticos brasileira se
vê dependente de uma única fornecedora de matéria-prima, a Braskem. Tal situação acaba
provocando uma considerável dependência do setor em relação aos preços e condições de
41

fornecimento (TEIXEIRA; CIRINO; LINO, 2017). Atualmente a Braskem possui 40 plantas


industriais distribuídas nos EUA, Alemanha, México e no Brasil onde estão localizadas 29 delas
(BRASKEM, 2021).
A principal matéria-prima importada trata-se do polipropileno e os principais produtores
mundiais são os EUA, Europa Ocidental, a China e a Ásia (principalmente Índia, Coréia do Sul
e Tailândia). O maior importador é a China e os maiores exportadores são os EUA e os países
asiáticos (TEIXEIRA; CIRINO; LINO, 2017). Alguns dos polímeros mais consumidos são os
polietilenos, polipropilenos, PVC, poliestirenos, poliésteres e poliuretanos, que devido à sua
grande produção e utilização, passaram a ser chamados de commodities. Contudo, vários outros
polímeros têm sua produção em menor escala por se tratar de produtos de aplicações específicas
ou devido ao seu alto custo, como é o caso dos plásticos de engenharia ou especialidades (ABD,
2009). A Figura 17 mostra as principais resinas termoplásticas consumidas no Brasil segundo o
Perfil 2020, realizado pela Associação Brasileira de Transformação e Reciclagem de Material
Plástico (ABIPLAST).

Figura 17: Resinas termoplásticas consumidas no Brasil2

PP 20,10%

PEAD 13,20%

PVC 13,10%

PEBDL 11,80%

Plástico reciclado 10,60%

Plásticos de engenharia 9,90%

PET 6,20%

PS 4,80%

EVA 1,60%

EPS 0,9%

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0%

Fonte: ABIPLAST (perfil, 2020)

2
PP- Polipropileno; PEAD- Polietileno de alta densidade; PVC- Poli (cloreto de vinila); PEBDL- Polietileno de
baixa densidade linear; PEBD- Polietileno de baixa densidade; PET- Poli (tereftalato de etileno); PS- Poliestireno;
EVA- Etileno-Vinil-Acetato; EPS: Poliestireno expandido.
42

A indústria mundial de transformados plásticos é bastante semelhante à indústria


brasileira, com grande heterogeneidade e atomização, por causa do elevado número de
pequenas e médias empresas que atuam para outras empresas ou para o mercado final, da
mesma maneira que ocorre no Brasil, o mercado de resinas plásticas é fortemente concentrado
por empresas químicas transnacionais verticalmente integradas (TEIXEIRA; CIRINO; LINO,
2017). Os maiores produtores mundiais de plásticos são a China (27,80%), seguido pela Europa
(18,50%) e a NAFTA (18,50%), como se pode observar na Figura 18.

Figura 18: Principais produtores mundiais de resinas termoplásticas

30,00%
27,80%
25,00%

20,00% 18,50% 18,50%


16,70%
15,00%

10,00%
7,30%
5,00% 4,30%
2,50% 2,30% 2,10%
0,00%
CIS³ Brasil Japão América Oriente Restante NAFTA Europa China
Latina Médio da Ásia (Canadá, (EU,
(Exceto EUA e CH,
Brasil) México) NO)
3

Fonte: ABIPLAST (perfil, 2016)

De acordo com Geyer, Jambeck e Law (2017), a produção global de resinas plásticas e
fibras sintéticas cresceram de 2 milhões de t/a em 1950 para 380 milhões de t/a em 2015, com
uma taxa de crescimento anual composta ou em inglês compound annual growth rate (CAGR)
de 8,4 %, representando assim, um crescimento aproximadamente 2,5 vezes maior do que a
taxa de crescimento de todo o produto interno bruto global gerada durante esse mesmo período.
Com isso, a produção total de resinas poliméricas e fibras sintéticas entre 1950 e 2015, equivale
a 7800 milhões de toneladas. Metade disso, ou seja, 3900 milhões de toneladas, foram

3
CIS (Commonwealth of Independent States): Compreende os países Armênia, Belarus, Cazaquistão, Federação
russa, Moldávia, Quirquistão, Tadjiquistão, Turcomenistão, Ucrânia, Uzbequistão, Geórgia e Azerbaijão. Europa:
Compreende os países da União Europeia, Suíça e Noruega.
43

produzidas apenas nos últimos 13 anos. Atualmente, a China sozinha representa 28% da
produção global de resinas plásticas e 68% de poliftalamida, um subconjunto de resina sintética
da família da poliamida (nylon).
Segundo um outro levantamento realizado por Annette Von Schöenfeld et al. (2020), a
nível global, a quantidade de plástico produzida entre 1950 e 2017, totalizou cerca de 9,2
bilhões de toneladas chegando a cerca de 400 milhões de toneladas ao ano, sendo que apenas
9% desse material é reciclável. Diante disso, os países que mais produzem lixo plástico são: os
Estados Unidos em primeiro lugar com 70,782 milhões t/a, seguidos de China, com 54,740
milhões de t/a em segundo lugar, depois pela Índia em terceiro lugar com 19,311 milhões de t/a
e em quarto o Brasil com 11,3 milhões de t/a.

3.4.2 O lixo plástico e suas consequências para o meio ambiente

Quase metade de todos os produtos plásticos que poluem o planeta atualmente, foram
fabricados após os anos 2000. A produção do plástico teve rápido crescimento neste século em
consequência do seu baixo custo, versatilidade e confiabilidade. Essas características
incentivaram um maior desenvolvimento de produtos plásticos descartáveis que, porém, quase
a metade acabam virando lixo em menos de 3 anos. O fato é que mais de 75% de todo o plástico
produzido já virou lixo (WWF, 2019).
A vasta maioria dos monômeros utilizados na produção de materiais plásticos, tais como
o etileno e o propileno, são derivados de hidrocarbonetos fósseis. Nenhum dos plásticos
comumente utilizados são biodegradáveis e como resultado, eles se acumulam, ao invés de se
decomporem, em aterros ou em ambientes naturais (GEYER; JAMBECK; LAW, 2017). Como
consequência da principal propriedade dos polímeros, ou seja, a durabilidade, eles se tornaram
um sério problema que acompanha a sociedade contemporânea (FECHINE, 2013).
Além disso, práticas de consumo acelerado geram uma grande quantidade de resíduos
plásticos e se torna cada vez mais evidente que o mundo não está preparado para lidar com essa
enorme quantidade. Cerca de 37% de todo o lixo plástico produzido não é tratado de forma
eficiente. A má gestão e tratamento dos resíduos plásticos é uma preocupação constante e
urgente, visto que é muito mais provável que esses resíduos virem poluição do que aqueles
tratados em uma unidade controlada de gestão de resíduos. Os resíduos mal administrados são
aqueles deixados sem coleta, despejados em locais abertos, nas ruas ou tratados em aterros
sanitários não regulamentados (WWF, 2019).
44

O relatório desenvolvido pelo World Bank Group ou Banco Mundial, chamado “What
a waste 2.0: A Global Snapshot of Solid Waste Management to 2050” mostra que a produção
de lixo global deve crescer para cerca de 3,4 bilhões de toneladas até 2050. Sendo que
atualmente, o lixo plástico representa 12% de todos os resíduos sólidos que são gerados no
mundo. Entende-se por Waste composition ou composição dos resíduos como sendo uma
porcentagem da massa total gerada de acordo com o fluxo de resíduos (Figura 19).

Figura 19: Composição dos resíduos a nível global

50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Resíduo Papel e Borracha
Vidro Metal Outros Plástico Madeira
orgânico papelão e couro
Porcentagem 44% 5% 4% 14% 17% 12% 2% 2%

Fonte: Adaptado de Kaza et al. (2018).

Segundo o estudo feito pelo World Wildlife Group (WWF) em 2019, o volume de lixo
plástico que vaza para os oceanos é de aproximadamente 10 milhões de toneladas e mantendo-
se este ritmo, até 2030 será possível encontrar 26 mil garrafas de plástico no mar a cada km².
Acredita-se que a maior parte desses resíduos mal administrados tenha poluído ecossistemas
terrestres, e que 80% do plástico nos oceanos seja proveniente da poluição terrestre.
Atualmente, apenas 20% do lixo plástico é recolhido para a reciclagem (WWF, 2019).
Segundo dados do Banco Mundial (ver a Tabela 2), o Brasil é o 4° maior produtor de
lixo plástico no mundo, com 11,3 milhões de toneladas, ficando apenas atrás dos Estados
Unidos, China e Índia. Desse total, mais de 10,3 milhões de toneladas foram coletadas (91%),
mas apenas 145 mil toneladas (1,28%) são efetivamente recicladas, ou seja, reprocessadas na
45

cadeia de produção como produto secundário. Esse é um dos menores índices da pesquisa e
bem abaixo da média global de reciclagem plástica, que é de 9% (WWF, 2019).

Tabela 2: Produção e reciclagem de plástico no mundo

TOTAL DE LIXO TOTAL TOTAL RELAÇÃO


PAÍS PLÁSTICO INCINERADO RECICLADO PRODUÇÃO E
GERADO RECICLAGEM
EUA 70.782.557 9.060.170 24.490.772 34,60%
China 54.740.659 11.988.226 12.000.331 21,92%
Índia 19.311.663 14.544 1.105,667 5,73%
Brasil 11.355.220 0 145.043 1,28%
Indonésia 9.885.081 0 362.070 3,66%
Rússia 8.948.132 0 320.088 3,58%
Alemanha 8.286.827 4.876.027 3.143.700 37,94%
UK 7.997.284 2.620.394 2.513.856 31,45%
Japão 7.146.514 6.642.428 405.834 5,68%
Canadá 6.696.763 207.354 1.423.139 21,25%

Fonte: Kaza et al. (2018).


Medidas em toneladas/ano*

A poluição provocada pelo plástico afeta a qualidade do ar, do solo e os sistemas de


fornecimento de água. Dentre os impactos diretos estão a ingestão de micro e nanoplásticos que
são invisíveis ao olho nu além da contaminação do solo com resíduos. Em relação a queima ou
incineração desses resíduos, durante esse processo são liberados gases tóxicos, alógenos,
dióxido de nitrogênio e dióxido de enxofre que são extremamente nocivos à saúde humana.
Além disso, o descarte ao ar livre polui os aquíferos, corpos d’água e reservatórios, o que pode
provocar problemas respiratórios, doenças cardíacas e danos ao sistema nervoso central (WWF,
2019).
De acordo com Fechine (2013) como solução para os problemas que decorrem da
poluição ambiental provocada pelos materiais plásticos, são propostas três soluções:
reciclagem, incineração e o uso de polímeros biodegradáveis. A literatura especializada mostra
os variados tipos de reciclagem, incineração e biodegradação como metodologias de
fundamental importância para o desenvolvimento econômico e ao mesmo tempo da preservação
ambiental e dos recursos naturais. No entanto, vale ressaltar que essas alternativas sozinhas não
46

atendem a necessidade mundial em decorrência da vasta quantidade de plástico que é


descartado diariamente.

3.5 BIOPOLÍMEROS

Segundo Brito et al. (2011) diversos fatores ambientais e socioeconômicos vêm


contribuindo e elevando o interessa em relação a produção de biopolímeros como uma
alternativa à substituição dos polímeros petroquímicos, pois estes, são responsáveis por grandes
impactos ambientais gerados pelo seu contato na natureza por serem materiais não
biodegradáveis e além disso, os processos de extração e refino do petróleo que são
extremamente contaminantes e a crescente escassez do petróleo junto com o aumento do seu
preço tornou os polímeros sintéticos um problema ambiental e financeiro.
Atualmente, além de preocupações ecológicas, limitação de recursos petroquímicos
existe também a busca por materiais com novos perfis e com novas propriedades, devido a isso,
os biopolímeros entraram no foco do público em geral, da política, do setor industrial e em
particular da comunidade científica (IFBB, 2018).
Contudo, antes de definir o que são biopolímeros ou bioplásticos, é importante
relembrar o que são plásticos. De acordo com o IFBB (2018), o plástico é um tipo de polímero
sintético produzido pelo homem e que é similar às resinas naturais encontradas em árvores e
em outras plantas. Para o Webster´s Dictionary, os polímeros são definidos como qualquer um
dos compostos orgânicos complexos que podem ser moldados, extrudados e fundidos em várias
formas e filmes.
Já os biopolímeros, também chamados de bioplásticos, são polímeros provenientes de
biomassa, que podem ser processados através de variadas formas, como as usadas para os
polímeros convencionais. Para a produção desses materiais, podem ser adicionados a sua
composição plastificantes e aditivos que permitem que se possa modificar as suas propriedades
e assim, adequá-las a determinada função ou objetivo (MARTINS, 2011).
Segundo Shen, Haufe e Patel (2009), existem três principais maneiras de se produzir os
biopolímeros. São elas:

I. Utilizando polímeros naturais que podem ser modificados. Exemplo: Polímeros de


amido, celulose, alginato etc.
47

II. Produzindo monômeros bio-derivados através de fermentação ou química


convencional, realizando a polimerização desses monômeros numa segunda etapa.
Exemplo: Ácido Polilático (PLA), Poli (butileno succinato) (PBS).
III. Produzindo biopolímeros diretamente através de microrganismos ou através de
colheitas geneticamente modificadas. Exemplo: Polihidroxialcanoatos (PHA),
Polihidroxibutirato (PHB).

Dessa forma, os biopolímeros podem ser definidos como qualquer polímero (proteína,
ácido nucléico, polissacarídeo) produzido por um organismo vivo (BORSCHIVER;
ALMEIDA; ROITMAN, 2008). Eles também podem ser polímeros ou copolímeros gerados a
partir de matérias-primas renováveis como o milho, cana de açúcar, celulose, quitina etc. Estas
fontes, consequentemente, são chamadas de renováveis devido ao seu curto tempo de vida
quando comparado com as fontes fósseis como o petróleo que leva milhares de anos para se
formar (BRITO et al., 2011). Os biopolímeros também podem ser classificados em:
biopolímeros baseados em recursos renováveis e biodegradáveis, baseados em recursos
renováveis, mas, não biodegradáveis e baseados em recursos fósseis e biodegradáveis
(MARTINS, 2011).
O interesse por biopolímeros cresceu muito além das simples aplicações em embalagem
para aplicações mais sofisticadas, incluindo a fabricação de componentes de engenharia para
ambientes extremos. Isso exigiu a descoberta de novas moléculas, a mistura de moléculas, busca
por novos plastificantes e, posteriormente, a tentativa de fazer termoplásticos idênticos aos
petroquímicos, mas utilizando matérias-primas renováveis de origem biológica (OCDE, 2013).
Com o avanço tecnológico, os biopolímeros passaram a se dividir em dois grupos. Os
polímeros da “Velha Economia”, consistem nos primeiros polímeros naturais que foram
modificados e produzidos pelo homem tais como, caseína, gelatina, celuloide, celofane,
borracha etc., que foram em parte substituídos pelos polímeros petroquímicos a exceção da
celulose e de materiais a base de borracha (IFBB, 2018).
Já os biopolímeros da “Nova Economia” se dividem em dois grupos principais. Por um
lado, existem aqueles biopolímeros que têm uma nova estrutura química virtualmente
desconhecida em relação aos plásticos até alguns anos atrás (por exemplo, novos poliésteres
bio-based4, como PLA), e por outro lado, os chamados "drop-ins"5, com a mesma estrutura

4
Bio-based – Termo utilizado para definir material ou produto derivado da biomassa.
5
Drop-ins – Então chamados, polímeros totalmente ou parcialmente bio-based não biodegradáveis tais como:
Bio-PE, Bio-PP e Bio-PVC.
48

química bio-based. Os drop-ins que mais se destacam são o PET bio-based (Bio-PET) e o
polietileno bio-based (Bio-PE) (IFBB, 2018).
De acordo com a European Bioplastics e dados da própria Braskem, o Bio-PE, que se
trata de Polietileno derivado da cana-de-açúcar, é produzido em grande escala pela empresa
com cerca de 200.000 toneladas por ano. A Braskem atualmente possui 40 plantas industriais
distribuídas no Brasil, EUA, Alemanha e México e é a maior empresa produtora de
biopolímeros do mundo.
Em decorrência do grande interesse e avanço tecnológico, a produção de novos
biopolímeros tem provocado o crescimento cada vez mais diversificado da variedade de
biopolímeros, como se pode observar na Figura 20.

Figura 20: Tipos de biopolímeros

Matérias-primas renováveis
Derivados de matérias- São biodegradáveis e
primas renováveis derivados de matérias-
primas renováveis
Biopolímeros Biopolímeros

Ex.: Bio-PE Ex.: PLA, PHA,


(PP/PVS), Bio-PET, blendas de amido
Bio-PTT
Não Biodegradável
Biodegradável
Polímeros
Biopolímeros
convencionais
Ex.: PBAT,
Quase todos os
PBS, PCL
plásticos
convencionais
Ex.: PE, PP, PET São biodegradáveis

Matéria-prima petroquímica

Fonte: Adaptado de OCDE (2013)

Ainda segundo a European Bioplastics, o Bio-PP e o Bio-PVC devem seguir o mesmo


caminho do Bio-PE e passarão a ser produzidos em grande escala. Já o Bio-PET que é um
bioplástico parcialmente derivado da biomassa, é utilizado tanto para aplicações técnicas
quanto para a produção de embalagens plásticas como a “Plantbottle” da Coca-Cola.
49

3.6 MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS NA PRODUÇÃO DE BIOPOLÍMEROS

A principal matéria-prima que se utiliza na fabricação de biopolímeros é uma fonte


renovável de carbono, portanto, geralmente utiliza-se um carboidrato derivado de plantios feitos
em larga escala como os de cana-de-açúcar, milho, batata etc., ou a partir da extração do óleo
vegetal de plantas como a soja, girassol, palma (PRADELLA, 2006).
A primeira matéria prima que se deve destacar é a seringueira (Hevea brasiliensis) que
representa a maior fonte de borracha natural sendo utilizada em transporte, em indústrias e até
em material bélico. A borracha natural é obtida a partir das partículas que estão contidas no
látex (NUNES e LOPES, 2014). Segundo IAC (2021), o látex consiste em: “Fluido
citoplasmático extraído continuamente dos vasos laticíferos situados na casca das árvores por
meio de cortes sucessivos de finas fatias de casca, processo denominado de sangria”.
O Brasil por sua vez, foi o maior produtor e exportador de borracha natural durante o
que ficou conhecido como o Ciclo da Borracha na Amazônia que ocorreu no período entre a
metade do século XIX, até o início do século XX (CANEVAROLO, 2006). No entanto,
atualmente a produção brasileira de borracha natural representa apenas cerca de 1,51% (171,5
mil toneladas) de toda a produção mundial (NUNES e LOPES, 2014).
A Figura 21, mostra a estrutura química da borracha natural, o Poli-cis-isopreno.

Figura 21: Estrutura molecular do Poli-cis-isopreno

Fonte: Nunes e Lopes (2014)

Uma segunda matéria-prima bastante importante é a celulose, um carboidrato que está


presente em quase todos os vegetais e que apresenta na sua estrutura química, unidades de
glicose ligadas por átomos de oxigênio compondo assim, uma longa cadeia (CANEVAROLO,
2006). Na sua forma natural, a celulose possui um alto grau de cristalinidade e alta massa molar,
infusível e insolúvel (LUCAS; SOARES; MONTEIRO, 2001).
50

Figura 22: Estrutura polimérica da celulose

Fonte: Rodrigues (2012)

A presença dos três grupos hidroxilas (OH), como pode ser observado na Figura 22,
impedem a fusão da celulose, pois, esses grupos formam fortes ligações secundárias entre as
cadeias. Devido a sua infusibilidade, a celulose não pode ser processada como um
termoplástico, para obtenção de fibras e filmes, ou seja, ela precisa ser modificada. Dessa
forma, para que haja capacidade de fluxo, estes grupos devem ser eliminados ou reduzidos em
quantidade, através de um ataque utilizando vários reagentes e produzindo assim, vários
derivados da celulose (LUCAS; SOARES; MONTEIRO, 2001; CANEVAROLO, 2006).
A terceira matéria-prima a ser destacada é o amido, que é encontrado de forma geral,
em raízes do tipo tuberosa, tais como a mandioca e batata-doce, em frutos e em sementes com
a do milho. Ele consiste em um polímero de glicose formado por dois tipos diferentes de
polissacarídeos: a amilose e a amilopectina, e ao contrário do que ocorre com a celulose, ele
pode ser processado termoplasticamente sem a necessidade de qualquer modificação, desde que
possua na sua formulação uma razoável quantidade de água. Em relação a sua
biodegradabilidade, ela se deve, principalmente, à presença de átomos de oxigênio na cadeia
principal e no anel (LUCAS; SOARES; MONTEIRO, 2001). Na Figura 23, é possível observar
a estrutura polimérica do amido.

Figura 23: Estrutura polimérica do amido

Fonte: Rodrigues (2012)


51

3.7 PRODUÇÃO DE BIOPOLÍMEROS

Há diversos biopolímeros que podem ser produzidos totalmente ou em parte, através de


matérias-primas renováveis e que são biodegradáveis ou parcialmente biodegradáveis, quando
em ambientes microbiologicamente ativos. Destes, vários já são fabricados em escala comercial
ou semi-comercial (PRADELLA, 2006). Alguns dos principais podem ser observados na Tabela
3.

Tabela 3: Algumas famílias de biopolímeros

TIPO DE ESTRUTURA/MÉTODO
BIOPOLÍMERO
POLÍMERO DE PRODUÇÃO

Polímero natural
I. Polímeros de amido Polissacarídeo modificado
Ácido lático produzido por
II. Polilactatos (PLA) Poliéster fermentação seguido de
polimerização
1-3 Propanodiol produzido
III. Poliésteres alifáticos- por fermentação seguido de
aromáticos (PAA) copolimerização com AT ou
Poliéster DMT
• Politrimetilenotereftalato 1-4 Butanodiol
(PTT) copolimerizado com ácido
• Polibutilenosuccinato succínico, ambos
(PBS) produzidos por fermentação
Produzido por fermentação
direta de fonte de carbono
IV. Polihidroxialcanoatos por microoganismos ou em
Poliéster
(PHA) vegetais geneticamente
modificados

Fonte: Adaptado de Pradella (2006)

A produção de biopolímeros, quer seja, através da fermentação, quer através da


polimerização, é geralmente exercida através de açúcares. Por exemplo, o bio-based etileno ou
etileno derivado da biomassa, pode ser produzido por desidratação do etanol, sendo este último
fermentado a partir dos açúcares, e então, o etileno pode ser polimerizado em polietileno
(OCDE, 2013). A Figura 24, consiste em um modelo demonstrativo da metodologia utilizada
na produção de biopolímeros realizado pelo Institute for Bioplastics and Biocomposits (IFBB).
52

Figura 24: Modelo demonstrativo contendo etapas do processo de produção do Poli (butileno
succinato) (PBS)

Seleciona-se a matéria- Terra utilizada para


prima/cultura desejada a produção de 1 t do
Ex.: Cana-de-açúcar ou biopolímero
beterraba

0,09 ha 0,09 ha Uso de água para a


1387 m³ 711 m³ quantidade de
Matéria-prima
matéria-
/cultura
prima/cultura
Cana-de-
ou Beterraba
açúcar
6,72 t 5,37 t

Matéria-prima Açúcar
0,86 t Processo químico

Processo inicial 𝐻2 𝑂 𝐶𝑂2


Fermentação
Microrganismos
𝐻2 𝑂
Filtração
Massa
Microbiana

Produto Ácido
intermediário Succínico
0,69 t
Saídas
1,4 - BDO 𝐻2 𝑂 produzidas
Esterificação
Recurso tem origem 0,10 t
petroquímica 𝐻2 𝑂
Policondensação
0,10 t

PBS
Biopolímero
1t resultante

Fonte: Adaptado de IFBB (2018)

3.8 ALGUNS BIOPOLÍMEROS

3.8.1 Polímeros de amido

O amido é um material que existe abundantemente na Terra, pertence à família da


celulose, é um polissacarídeo de reserva de plantas superiores formado por amilose, que é uma
cadeia linear insolúvel em água composta por unidades de glicose e amilopectina, que também
53

possui unidades de glicose, mas com um alto nível de ligações cruzadas Fatores como o baixo
custo e alta disponibilidade fizeram com que o amido tenha sido bastante estudado com o
objetivo de, principalmente, ser utilizado de forma modificada ou misturado com outras
substâncias químicas com o intuito de melhorar a sua processabilidade, resultando em uma
família bastante versátil de bioplásticos (PRADELLA, 2006; MARTINS, 2011). As etapas do
processo de produção dos polímeros de amido podem ser observadas na Figura 25.

Figura 25: Processo de produção do Polímero de amido (Amido termoplástico)

Batata

ou

Plastificante

TPS

Fonte: Adaptado de IFBB (2018)

O amido passou a ser extrudado em extrusoras simples ou de dupla rosca com


plastificante A desestruturação das cadeias do amido é provocada pela ação da temperatura e
do cisalhamento que são imprimidos à massa, e então ocorre um rearranjo intermolecular
originando um material termoplástico chamado amido desestruturado ou gelatinizado. Com o
amido desestruturado e outros polímeros oriundos do petróleo como o álcool polivinílico e poli-
caprolactona, são produzidas blendas poliméricas (PRADELLA, 2006).

3.8.2 Polilactatos (PLA)

Os polilactatos, são poliésteres alifáticos obtidos por polimerização do ácido lático


(etapa observada na Figura 26) através de via petroquímica ou via biotecnológica. O ácido
54

láctico pode ser obtido por via petroquímica (mistura opticamente inativa) e por via
biotecnológica (opticamente ativo) e a depender da linhagem microbiana que se utiliza, pode-
se obter, uma forma ou outra de ácido lático, resultando em propriedades diferentes quando
polimerizado (PRADELLA, 2006).

Figura 26: Processo de produção do PLA

ou

H2O CO2
Microrganismos

H2O
Desidratação

Lactídeo

Catalisador
Polimerização

PLA

Fonte: Adaptado de IFBB (2018)

Ele pode ser processado a partir dos seguintes métodos: moldagem por injeção,
moldagem por sopro, termoformagem e co-extrusão (MARTINS, 2011). Cerca de 70% do PLA
produzido é utilizado principalmente na área de embalagens, o restante é utilizado pelo setor de
fibras e têxteis, agricultura, eletrônicos, aparatos domésticos etc. Dentre suas principais
propriedades, estão, biodegradabilidade, boa resistência ao impacto, boa processabilidade, alta
rigidez, alta resistência ao calor (PRADELLA, 2006; MARTINS, 2011).
55

3.8.3 Poli (trimetileno tereftalato) (PTT)

O Poli (trimetileno tereftalato) faz parte da família dos poliésteres alifáticos aromáticos
(PAA), que é um grupo caracterizado pelo fato dos monômeros serem produzidos a partir de
matérias primas petrolíferas. Porém, é importante enfatizar que os polímeros desta família
apresentam uma ótima oportunidade para a biotecnologia industrial pois, muitos dos ácidos
utilizados para a síntese química destes polímeros são produzidos a partir de matérias primas
renováveis (PRADELLA, 2006).

Figura 27: Processo de produção do PTT

Batata

ou

H2O H2O
Hidrólise

H2O CO2

H2O
Filtração
Vinhaça

1,3-Pro-
panodiol

ATP H2O
Esterificação

H2O

PTT

Fonte: Adaptado de IFBB (2018).


56

O PTT é fabricado através da polimerização de 1-3 propanodiol (PDO) (etapa observada


na Figura 27) com o ácido tereftálico (AT) ou com o dimetil tereftalato (DMT). O PDO é
produzido a partir da fermentação da glicose obtida do amido de milho, porém, o AT e o DMT
são produzidos sinteticamente a partir de intermediários petroquímicos. A polimerização ocorre
em processo contínuo e é similar à produção de polietileno tereftalato (PET), podendo ser
utilizada nas próprias unidades industriais de PET para a produção de PTT (PRADELLA,
2006).

3.8.4 Poli (butileno succinato) (PBS)

O PBS trata-se de um poliéster linear alifático fabricado através da esterilização do BDO


com o ácido succínico (AS) (etapa observada na Figura 24) que é atualmente produzido pela
hidrogenação catalítica do ácido maléico. O AS é um intermediário químico muito importante
porque a partir dele torna-se possível a produção do próprio BDO (PRADELLA, 2006).
O PBS possui características físicas muito semelhantes aos polímeros convencionais e
seus variados tipos possibilitam aplicações produzidas por injeção, extrusão e sopro. Suas
propriedades físicas e a possibilidade de diminuição do custo de produção devido ao uso de
matérias-primas renováveis para a biossíntese dos monômeros BDO e AS, torna o PBS uma
alternativa futura bastante forte (PRADELLA, 2006).

3.8.5 Polihidroxialcanoatos (PHA)

O Polihidroxialcanoato ou PHA, representam uma grande família de poliésteres que são


produzidos pelas bactérias por meio da biossíntese direta de carboidratos como os da cana-de-
açúcar, milho ou de óleos vegetais extraídos principalmente da soja e da palma. São totalmente
biodegradáveis quando em contado com um ambiente microbiologicamente ativo, são
biocompatíveis e podem ser biossintetizados por bactérias a partir de plantas geneticamente
modificadas e através de fontes de carbono renováveis ou não-renováveis (PRADELLA, 2006).
As propriedades físicas dos PHAs, permitem que eles sejam utilizados como alternativa
em substituição aos plásticos convencionais de origem petroquímica na grande maioria das
aplicações, como em peças feitas por termoformagem e injeção em moldes, filmes extrudados,
fios etc. Além disso, por se tratar de um material biocompatível, é também, utilizado na área
médica em aplicações como em fios de sutura, moldes para engenharia de tecidos, dentre outros
(PRADELLA, 2006).
57

O biopolímero mais comum pertencente à família dos polihidroxialcanoatos é o PHB.


O polihidroxibutirato (PHB), é um homopolímero, ou seja, ele é composto somente por
monômeros do ácido 3-hidroxibutírico. E possui propriedades físico-químicas muito similares
às do polipropileno (PP), principal polímero de origem petrolífera consumido mundialmente
(ABIPLAST, 2014).

Figura 28: Processo de produção do PHB

ou

H2O CO2

Isolamento de H2O
biopolímeros Massa
microbiana

Composição
e granulação

Fonte: Adaptado de IFBB (2018).

A biossíntese de PHB (Figura 28) por bactérias ocorre em biorreatores quando há


excesso de fonte de carbono e a limitação de pelo menos um nutriente necessário à
multiplicação das células (N, P, Mg, Fe, etc.), quando o polímero é acumulado dentro das
células bacterianas em forma de grânulos, atingindo até cerca de 90% de sua massa em base
seca. O material é em seguida extraído a quente por solventes, filtrado para remoção dos restos
celulares, precipitado, dessolventizado e seco (PRADELLA, 2006).
58

3.9 DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E DEGRADABILIDADE DOS POLÍMEROS

Um dos grandes problemas dos polímeros e do consequente lixo plástico, é justamente


a sua grande resistência à degradação que faz com que eles permaneçam por vários anos em
contato com a natureza (MANO; PACHECO; BONELLI, 2005). Dessa forma, é importante
entender o processo de degradação ambiental e quais características fazem com que os
polímeros tenham mais suscetibilidade em ser degradável, biodegradável ou ambos.
O processo de degradação ambiental, ocorre por atuação isolada ou em conjunto com
fotodegradação, termo degradação, degradação química, via oxidação ou hidrólise e
biodegradação (MANO; PACHECO; BONELLI, 2005). Como se pode observar no Quadro 2,
os agentes da fotodegradação são as radiações de baixa e alta energia como, a luz solar, a
radioatividade e os raios X. O agente da termo degradação é o calor proveniente principalmente
do sol. O agente da oxidação é o ar presente na atmosfera. A hidrólise é causada pela água da
chuva, do orvalho, dos mares etc. E a biodegradação é resultante da ação de seres inferiores
como bactérias e fungos, e seres superiores como insetos, roedores e o próprio ser humano.

Quadro 2: Degradação ambiental

TIPOS DE DEGRADAÇÃO AGENTE EXEMPLO

Luz solar
Fotodegradação Radiação Radioatividade
Raios X

Termodegradação Calor Sol


Vulcão
Atmosfera
Oxidação Ar Vento
Furacão
Degradação Chuva
química Orvalho
Hidrólise Água Mar
Rio
Lago
Bactérias
Seres inferiores
Fungos
Biodegradação Insetos
Seres superiores Roedores
Seres humanos
Fonte: Adaptado de Mano, Pacheco e Bonelli (2005)
59

Como os materiais poliméricos são substâncias predominantemente orgânicas, eles


podem, de ante de certas condições sofrer ataques químicos e /ou físicos que provoquem
mudanças irreversíveis em suas propriedades assim como, em sua aparência. As alterações
podem ser provocadas desde uma ação da radiação ultravioleta a até a forma de processamento
que o material passou, pois, o processamento desses materiais ocorre em condições de alta
pressão e temperatura, o que faz com que essa etapa seja bastante agressiva, podendo prejudicar
as características do material. Dessa forma, a degradação pode ocorrer em qualquer momento
da vida útil do material (ALMEIDA e SOUZA, 2015).
Uma propriedade dos materiais poliméricos que deve ser considerada durante o estudo
e avaliação da sua degradabilidade é o seu grau de cristalinidade, pois, diferentemente das
moléculas de baixa massa molar ou dos metais, os polímeros não formam sólidos cristalinos ou
amorfos, na verdade, eles formam sólidos com uma fase cristalina e outra amorfa. Nessas fases
cristalinas os polímeros podem apresentar diferentes grãos ou cristalitos com diferentes
morfologias. O grau de cristalinidade pode ser controlado por resfriamento do molde utilizado
durante o processamento ou com o uso de aditivos chamados de agentes nucleantes. O grau de
cristalinidade afeta várias propriedades dos polímeros como a transparência a luz, propriedade
de barreira a gases e propriedades mecânicas. Todavia, a maior transparência da luz pode alterar
a degradabilidade fotoquímica de filmes ou peças de baixa espessura (DE PAOLI, 2008).
Os polímeros sintéticos convencionais, tais como o Polietileno (PE), Polipropileno (PP),
Poli (cloreto de vinila) (PVC) e o Poli (tereftalato de etileno) (PET), possuem a capacidade de
permanecerem inalterados, química e fisicamente, por vários anos após o seu descarte. Essa
estabilidade ocorre está correlacionada com as estruturas químicas que não permitem uma
absorção danosa da natureza. Além disso, essas estruturas químicas também impedem que eles
sofram a degradação por outros mecanismos como por exemplo, a degradação por ação
enzimática via micro-organismos (bactérias, fungos e algas). Outro aspecto que se deve destacar
é a presença de aditivos foto e termo estabilizantes nas fórmulas industriais (FECHINE, 2013).

3.9.1 Degradação

De acordo com De Paoli (2008), entende-se por degradação polimérica como sendo
qualquer reação química que altera a qualidade de interesse de um material polimérico ou de
um composto polimérico. Como “qualidade de interesse” entende-se a característica inerente
ao uso de um determinado artefato polimérico. Podem ser considerados, por exemplo, a
flexibilidade, a resistência elétrica, o aspecto visual, a resistência mecânica, a dureza etc.
60

Por tanto, o processo de degradação provoca uma alteração química destrutiva com a
quebra de ligações covalentes e consequente formação de novas ligações (CANEVAROLO,
2006). Tanto a degradação quanto a alteração das propriedades dos polímeros, se dão como o
resultado de reações químicas de variados tipos, que podem ser intramoleculares e
intermoleculares. A degradação pode ocorrer em consequência de diversos fatores como, tipo
de material, a forma que o material foi processado, como ele é utilizado etc. (DE PAOLI, 2008).
Segundo Mano, Pacheco e Bonelli (2005), para ser degradável, o polímero precisa ter
insaturação ou ter átomos de carbono terciário (Quadro 3).

Quadro 3: Degradabilidade ambiental dos polímeros – Parte 1

RESISTÊNCIA À REQUISITO
DEGRADAÇÃO NECESSÁRIO NA EXEMPLO DE CISÃO MOLAR
AMBIENTAL CADEIA

Ligação insaturada
entre carbonos

Degradável
Átomo de carbono
terciário

Fonte: Adaptado de Mano, Pacheco e Bonelli (2005)

3.9.2 Biodegradação

A biodegradação consiste em um processo natural e complexo no qual compostos


orgânicos, pelo intermédio de mecanismos bioquímicos, são convertidos em compostos
mineralizados simples e, assim, redistribuídos no meio ambiente, através do ciclo elementar, tal
como o do carbono, nitrogênio e enxofre (SALAME, 1986 apud MALI; GROSSMANN;
YAMASHITA, 2010). Diante disso, a definição mais comum que se utiliza para definir os
polímeros biodegradáveis é que “trata-se de um polímero degradável onde o mecanismo de
degradação primário ocorre através da metabolização por microrganismos”, ou seja, a
biodegradação é um processo de degradação que envolve atividade biológica (LEJA e
LEWANDOWICZ, 2010). Os organismos mais importantes presentes no processo de
biodegradação são as bactérias, fungos e algas, que produzem como resultado da ação de
degradação, o 𝐶𝑂2, 𝐻2 𝑂, 𝐶𝐻4 e a biomassa (GAUTAM; BASSI; YANFUL, 2007).
61

Segundo Leja e Lewandowicz (2010), o processo de biodegradação pode ser dividido


em dois processos a depender da presença de oxigênio. São elas: biodegradação aeróbica e
anaeróbica.

• Biodegradação Aeróbica: Polímero + 𝑂2 → 𝐶𝑂2 + 𝐻2 𝑂 + biomassa + resíduos.


• Biodegradação Anaeróbica: Polímero + 𝐶𝑂2 → 𝐶𝐻4 + 𝐻2 𝑂 + biomassa + resíduos.

Dessa forma, se o oxigênio estiver presente, ocorre a biodegradação aeróbica e o dióxido


de carbono é produzido. Por outro lado, se não houver oxigênio, uma biodegradação anaeróbica
irá ocorrer e o metano será produzido ao invés do dióxido de carbono (LEJA e
LEWANDOWICZ, 2010).
Segundo Mano, Pacheco e Bonelli (2005), para ser biodegradável, o polímero precisa
apresentar cadeia sem ramificação ou com grupos funcionais éster, amida ou acetal (Quadro 4).

Quadro 4: Degradabilidade ambiental dos polímeros – Parte 2

RESISTÊNCIA À REQUISITO
DEGRADAÇÃO NECESSÁRIO NA EXEMPLO DE CISÃO MOLAR
AMBIENTAL CADEIA

Cadeia sem
ramificação

Ligação éster

Biodegradável

Ligação amida

Ligação acetal

Fonte: Adaptado de Mano, Pacheco e Bonelli (2005)


62

4. METODOLOGIA

Segundo Marconi e Lakatos (2002), o Webster’s International Dictionary define a


pesquisa como sendo “uma indagação minuciosa ou exame crítico e exaustivo na procura de
fatos e princípios; uma diligente busca para averiguar algo. Pesquisar não é apenas procurar a
verdade; é encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos científicos”. Para
Richardson (1989, p.29 apud DALFOVO et al., p.7), “método em pesquisa significa a escolha
de procedimentos sistemáticos para a descrição e explicação de fenômenos”. Ou seja, as normas
e procedimentos que acompanham cada abordagem devem ser seguidas para que se obtenha
um resultado padronizado e normatizado.
Diante disso, será realizada uma abordagem quantitativa-qualitativa, que tem como
objetivo, primeiro, realizar uma quantificação, tanto na coleta quanto no tratamento das
informações, utilizando técnicas estatísticas que possibilitam uma maior margem de segurança
e segundo, descrever a complexidade do problema em questão, classificando os processos
dinâmicos vividos nos grupos e possibilitando o entendimento das mais variadas
particularidades dos indivíduos (DIEHL, 2004).
Para tal, foram utilizadas algumas ferramentas digitais como, os buscadores acadêmicos
Google Acadêmico e Science Direct , o portal Periódico CAPES, o BDTD (Biblioteca Digital
de Teses e Dissertações), o diretório de revistas SciELO (Scientific Electronic Library Online),
além de sites oficiais como, ABpol (Associação Brasileira de Polímeros) e ABICOM
(Associação Brasileira de Biopolímeros), com o intuído de selecionar e identificar os principais
trabalhos acadêmicos, bem como analisar os métodos e etapas do processos de produção de
biopolímeros, analisar a sua capacidade em substituir os polímeros convencionais e avaliar a
qualidade da matriz polimérica levando em conta as suas propriedades finais.
Contudo, como nem todos os biopolímeros apresentam a capacidade de substituir
totalmente ou parcialmente os polímeros petroquímicos, identificamos alguns pontos
importantes presentes naqueles que obtiveram êxito como: I - matéria-prima utilizada, II –
métodos utilizados no processo de síntese e caracterização polimérica, III - propriedades e
características presentes no material final, dentre outros fatores, estabelecendo uma relação
entre os diversos biopolímeros desenvolvidos e identificando através de uma análise de dados
coletados à partir de trabalhos acadêmicos publicados nos últimos 15 anos (2006-2021),
comparando e determinando quais biopolímeros de origem vegetal foram desenvolvidos nesse
período de tempo e que apresentam resultados positivos para as diferentes áreas de aplicação.
63

O processo metodológico compreendeu 5 etapas, conforme ilustrado abaixo.

Figura 29: Etapas do processo metodológico.

• ELABORAÇÃO DA PESQUISA
ETAPA
I
• BUSCA NA LITERATURA
ETAPA
II
• SELEÇÃO DOS TRABALHOS
ETAPA
III
• COLETA DE DADOS
ETAPA
IV
• ANÁLISE DE DADOS
ETAPA
V
Fonte: Autor (2021)

4.1 ELABORAÇÃO DA PESQUISA - ETAPA I

Esta primeira etapa consistiu na busca por literaturas científicas que possuem como tema
principal a discussão ou elaboração de projetos de desenvolvimento de biopolímeros
provenientes de matéria-prima vegetal e que possuem potencial em substituir totalmente ou
parcialmente os polímeros petroquímicos utilizados vastamente pelas indústrias de plásticos,
farmacêuticas, automobilísticas, de medicina etc.

4.2 BUSCA DA LITERATURA - ETAPA II

A segunda etapa do processo metodológico consistiu em utilizar ferramentas


tecnológicas para obtenção de materiais científicos disponíveis publicamente em bases de
dados, diretórios de revistas, portais e sites oficiais na internet, através das seguintes
ferramentas: buscadores acadêmicos Google Scholar e Science Direct, o portal Periódico
CAPES, o BDTD (Biblioteca Digital de Teses e Dissertações), e o diretório de revistas SciELO
(Scientific Electronic Library Online).
A pesquisa foi realizada utilizando as palavras-chave: “biopolímeros”, “bioplásticos”,
“produção de polímeros” e “produção de bioplásticos”. Além disso, com o intuito de
alcançarmos maiores quantidades de produções acadêmicas, visto que a grande maioria da
64

produção científica se encontra na língua inglesa, foi realizada uma busca através das mesmas
palavras-chave, mas em inglês: “biopolymers”, “bioplastics”, “biopolymer production” e
“bioplastic production”.

4.3 SELEÇÃO DOS TRABALHOS - ETAPA III

Na terceira etapa, foram registrados os resultados encontrados nas bases de dados


quando utilizadas as palavras-chave pré-determinadas e quando estipulado o período de 15 anos
(2006-2021). Analisou-se o material científico produzido a partir de artigos, monografias,
dissertações e teses, e então, selecionou-se aqueles que apresentaram resultados positivos na
produção dos biopolímeros e que se adequaram com ao objetivo da pesquisa.

4.4 COLETA DE DADOS - ETAPA IV

Na quarta etapa, os trabalhos foram selecionados considerando os resultados obtidos por


cada produção acadêmica, avaliando, a matéria-prima utilizada, os métodos de produção, as
propriedades do material produzido, a degradabilidade e biodegradabilidade da matriz
polimérica, a capacidade em substituir os polímeros sintéticos, dentre outros fatores.

4.5 ANÁLISE DE DADOS - ETAPA V

A quinta etapa consistiu no estudo dos dados extraídos dos trabalhos acadêmicos que
consequentemente, foram demonstrados através de gráficos, tabelas, imagens, fórmulas
químicas etc., com o intuito de estabelecer um modelo que facilite a organização dos dados. A
conclusão da análise foi obtida a partir da verificação dos resultados gerados após a coleta de
dados e posterior comparação entre os materiais produzidos. A análise está dividida em: I -
Identificação dos métodos de produção/ matéria-prima usadas na produção de biopolímeros; II
- Analisar o processo de síntese e caracterização utilizados na produção de biopolímero; III -
Identificar o processo tecnológico para obtenção de biopolímero apresenta maior eficiência; IV
- Verificar a viabilidade e eficácia que os biopolímeros apresentaram em substituir os polímeros
convencionais; V - Comparar os trabalhos que geraram resultados mais positivos para as
diferentes áreas de aplicação.
65

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como pré-estabelecida na etapa II do processo metodológico (Busca da Literatura) a


seleção do material se deu através dos buscadores acadêmicos Google Scholar e Science Direct,
através do portal Periódico CAPES, da BDTD (Biblioteca Digital de Teses e Dissertações) e do
diretório de revistas SciELO (Scientific Electronic Library Online), obtendo 22 trabalhos
acadêmicos dos últimos 15 anos (2006-2021), que tinham como objetivo principal a produção
de biopolímeros de origem vegetal e a partir daí realizar uma a análise, sobre os métodos de
produção de biopolímeros utilizados, sobre as suas propriedades físico-químicas e análise do
seu potencial como alternativa em substituição aos polímeros sintéticos.
No Gráfico 1, tem-se a distribuição dos trabalhos por plataforma digital.

Gráfico 1: Distribuição da quantidade de trabalhos por plataforma

12

10

0
Google Periódico
Science Direct BDTD SciELO
Scholar CAPES
Quantidade 10 1 6 1 4

Fonte: Autor (2021)

A partir do Gráfico 2, foi possível observar que dentre os trabalhos selecionados no


período de 2006-2021, a maioria foi publicado no ano de 2020 (3), 2018 (3), 2016 (3), seguido
por 2015 (2), 2014 (2), 2013 (2), 2009 (2) e depois 2021 (1), 2019 (1), 2017 (1), 2011 (1), 2008
(1).
66

Gráfico 2: Distribuição da quantidade de trabalhos selecionados por ano de publicação

0
2008 2009 2011 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Quantidade 1 2 1 2 2 2 3 1 3 1 3 1

Fonte: Autor (2021)

Em relação ao tipo de trabalho acadêmico, a sua distribuição (Gráfico 3) se deu da


seguinte maneira: a grande maioria (17) composta por artigos científicos, seguida por
monografias (3), dissertações (1) e teses (1).

Gráfico 3: Quantidade de publicações analisadas de acordo com cada tipo de trabalho

20

15

10

0
Artigos Monografias Dissertações Teses
Quantidade 17 3 1 1

Fonte: Autor (2021)


67

Dentre os países de origem das publicações acadêmicas selecionadas (Gráfico 4), a


maioria foram produzidas por autores do Brasil (18), seguidos por Colômbia (2), EUA (1) e
Guatemala (1).

Gráfico 4: Distribuição dos trabalhos analisados por países

1
Guatemala (1)

Colômbia (2)

EUA (1)

Brasil (18)

Fonte: Autor (2021)

No Quadro 5, é possível observar a análise feita a partir dos 22 trabalhos acadêmicos


selecionados. O quadro a seguir está ordenado de acordo com o ano de publicação e contém
informações como: título do trabalho, autor, ano, metodologia e resultados.

Quadro 5: Análise dos trabalhos selecionados

TÍTULO DO
AUTOR ANO METODOLOGIA RESULTADOS
TRABALHO

Produção de goma BRANDÃO et 2008 O polissacarídeo foi Realizou uma comparação na


Xantana a partir do al. obtido através da produção da goma Xantana
caldo de cana fermentação do caldo utilizando caldo-de-cana e
de cana utilizando a sacarose. Os resultados
bactéria mostraram que foi produzida
Xanthomonas goma Xantana em maior
campestris manihotis quantidade utilizando o caldo de
e suplementado com cana (33,54𝑔. 𝐿−1 ), valor quase
68

uréia (0,01%) e dez vezes maior do que o obtido


fosfato (0,1%). com a sacarose (3,45𝑔. 𝐿−1 ).
Sendo assim, a biossíntese da
xantana através do caldo de cana
constitui-se em uma
possibilidade promissora para a
produção em larga escala.
Desenvolvimento e CAVALCANTI 2009 O biopolímero foi O biopolímero desenvolvido
caracterização de produzido pelo teve como objetivo o
biocompósito de microrganismo desenvolvimento de um
biopolímero Zoogloea sp através biocompósito para reparo ósseo.
produzido pela da fermentação do Sendo assim, os resultados
Zoogloea sp melaço de cana-de- preliminares indicaram que o
açúcar. biocompósito apresentou
resultados positivos e indicam a
sua utilização como implante
ósseo e/ou em engenharia de
tecidos ósseos.
Extração, NANDI et al. 2009 A extração do A partir do método de YAP, que
caracterização e polissacarídeo consiste basicamente no
estudos da interação Lentinan foi realizada fracionamento do extrato por
do biopolímero a partir do cogumelo precipitação com etanol seguido
Lentinan com Shittake utilizando o de liofilização (desidratação à
sufarctantes método de YAP. baixa temperatura) da amostra,
foi possível produzir o
biopolímero Lentinan, com um
alto grau de pureza.
Produção, CALLIARI, 2011 Biopolímero Obteve um biopolímero
caracterização e MAGNANI & produzido a partir do composto por carboidratos
propriedades GÓMEZ processo fermentativo (35%), proteínas (15%) e
tecnológicas de um realizado pelo minerais (40%). O rendimento
biopolímero microrganismo do processo foi de 10 𝑔 · 𝐿−1 e o
produzido por Agrobacterium biopolímero apresentou elevada
Agrobacterium radiobacter k84, solubilidade em água, pH neutro
radiobacter k84 utilizando o melaço em solução aquosa e baixa
da cana como fonte de atividade de água (0.52). Em
carbono. relação às propriedades
tecnológicas, o material
apresentou viscosidade em
temperatura ambiente a partir da
69

concentração 0.5%, atividade


gelificante em solução 2%. Os
resultados sugerem que o
biopolímero possui potencial
para uso industrial.
Extração e MACAGNAN 2013 A produção do A extração do biopolímero foi
caracterização de poli P(3HB) se deu através realizada em solvente
(3-hidroxibutirato) da síntese bacteriana clorofórmio em agitação
produzido por realizada através do magnética à 58° C. O melhor
Ralstonia microrganismo rendimento obtido foi de 45,5%
Solanacearum Ralstonia em 30 min. Os filmes obtidos
solanacearum. tiveram a identidade química
característica do P(3HB) e
temperaturas de fusão
correspondentes às relatadas na
literatura.
Produção de NEVES et al. 2013 Foi produzido um Verificou-se que os filmes
bioplástico a partir da bioplástico de amido a plásticos formados a partir desse
casca da batata partir da casca de processo têm características
(Solanum batata através da diferenciadas conforme se
Tuberosum): O metodologia casting, alteram as quantidades de ácido
desenvolvimento de onde o amido é clorídrico e glicerina. Sendo
um protótipo solubilizado em um assim, percebeu-se que os
interdisciplinar solvente e aplicado plásticos com maior consistência
em um suporte para formam os que utilizaram maior
evaporação seguida quantidade de ácido,
da formação de uma evidenciando que a degradação
matriz contínua que dos grânulos do amido é muito
dá origem aos filmes. importante para a formação do
filme.
Filmes de polpa de MARTELLI, 2014 Filme obtido pela O processamento através da
banana produzidos BARROS & metodologia Casting Mathis garantiu lâminas
por batelada: ASSÍS utilizando a máquina homogêneas e reprodutivas. O
Propriedades semi industrial de glicerol se mostrou necessário
mecânicas e laminação da Mathis para conferir plasticidade aos
coloração no modo batelada, filmes. O melhor resultado se
com pequenas adições obteve na composição 4,5% purê
de glicerol como obtido da polpa de banana (g
plastificante e pectina purê seco/100 g de solução
como aglutinante. filmogênica), 5% glicerol (g/
70

glicerol/100 g de purê seco) e


0,5% pectina (g pectina/100 g de
solução filmogênica).
Mixed Cultures SHALIN et al. 2014 O processo O estudo mostrou que a
Fermentation for the fermentativo produção do PHB utilizando
Production of Poly-β- realizado para a meio de cultura mista é uma
hydroxybutyrate obtenção do PHB foi alternativa economicamente
composto por uma viável em relação ao uso de
cultura mista substratos complexos que
contendo Bacillus possuem preços mais elevados.
firmus NII 0830 Análises revelaram que o PHB
(utilizado para extraído de um meio de cultura
produzir o PHB) e um puro e um meio de cultura misto
segundo organismo, apresentaram uma
Lactobacillus correspondência exata com
delbrueckii NII 0925 relação ao PHB padrão. Além
(utilizado para disso, estudos de
produzir o ácido biodegradabilidade mostraram
lático). que blendas do PHB
manifestaram um percentual de
87% de degradação e foi
observado que um consórcio de
microrganismos degradou os
filmes mais rápido do que um
único tipo.
Biopolímeros HALL et al. 2015 Os biopolímeros Os resultados foram baseados de
sintetizados por foram produzidos acordo com dois fatores:
linhagem selvagem de através do processo produtividade do processo
Escherichia Coli fermentativo fermentativo (utilizando glicose,
utilizando a linhagem sacarose ou melaço) e o
selvagem de rendimento da extração
Escherichia coli, a utilizando dois solventes
partir dos substratos (acetona e álcool isopropílico).
glicose, sacarose e Verificou-se que a maior
melaço produtividade da fermentação se
deu no meio convencional de
sacarose e que a acetona
apresentou maior rendimento de
extração do biopolímero quando
o processo fermentativo foi
71

conduzido utilizando os meios


de sacarose e melaço.
Polyhydroxybutyrate RAHMAN et al. 2015 A produção do PHB O estudo mostrou que
production using a se deu através da microalgas oriundas do efluente
wastewater fermentação realizada de tratamento de águas residuais
microalgae-based pela bactéria (esgoto), possibilitaram a
media recombinante criação de um meio de
Escherichia coli em crescimento para a bactéria
meio contendo recombinante Escherichia coli e
microalgas oriundas consequente produção do PHB.
de águas residuais. O meio contendo E. coli foi
suplementado com várias
concentrações de algas
hidrolisadas para a produção
máxima de 31% PHB do peso de
células secas de E. coli.
Biopolymer ARAÚJO et al. 2016 O biopolímero foi Os melhores resultado foram
production using sintetizado através da obtidos a partir das seguintes
fungus Mucor ação do condições: concentração inicial
Racemosus Fresenius microrganismo de glicerol de 50 𝑔. 𝐿−1 , tempo
and glycerol as a Mucor Racemosus de cultivo de 120 h e aeração em
substrate Fresenius utilizando o dois estágios (as primeiras 24 h
glicerol como fonte de sem aeração seguida por 72h de
carbono fermentação com aeração). Tais
condições proporcionaram a
criação de um biopolímero com
peso molecular e consumo de
açúcar total de 4,607𝑥 106 𝑔/
𝑚𝑜𝑙 e 89,5%, respectivamente.
Películas comestibles MATÍNEZ, 2016 Foram desenvolvidas Os resultados mostraram o efeito
a base de un HURTADO & películas comestíveis que tem o glicerol na tensão de
biopolímero tipo ENCISO à base do biopolímero ruptura. Verificou-se que a
dextrana tipo Dextrana adição do plastificante glicerol
mediante a técnica de modificou a estrutura do
Casting. biopolímero obtendo películas
frágeis (baixa concentração) e
alta elasticidade (alta
concentração). As características
físicas e mecânicas do
biopolímero tipo Dextrana
72

dependem assim, do tipo de


plastificante e concentração do
mesmo. Os resultados
mostraram também que as
películas possuem baixa
permeabilidade ao vapor d’água,
sendo assim, promissoras para
aplicações em frutas e vegetais
melhorando os sinais de
desidratação desses produtos.
Aproveitamento de RIÇA et al. 2016 Foi realizada a Produziu P(3HB) utilizando a
torta de tabaco gerado hidrólise do resíduo torta de tabaco, que se mostrou
na produção de da extração do óleo da rica em substratos energéticos
biodiesel para semente de tabaco como carboidratos, lipídios e
obtenção de (Nicotiana Tabacum proteínas, evidenciando o
bioplástico L.) seguida de potencial desta matéria-prima de
fermentação com baixo custo para o crescimento
cepas bacterianas microbiano e produção de
isoladas biopolímeros
Produção de BEGALLI 2017 A produção do PHA O biopolímero foi extraído com
biopolímeros a partir se deu a partir da hipoclorito de sódio e realizado
da Spirulina platensis síntese realizada pela centrifugações e foi levado à
microalga Spirulina estufa a 35° C. Diante disso, o
platensis cultivada a PHA extraído da Spirulina
partir do meio platensis apresentou um
sintético Zarrouk rendimento de 23,03%, já a
(solução composta análise de calorimetria
por apresentou uma temperatura de
𝑁𝑎𝐻𝐶𝑂3 , 𝑁𝑎2 𝐶𝑂3 , fusão de 255,92° C.
𝐾2 𝐻𝑃𝑂4 , 𝑁𝑎𝑁𝑂3 ,
𝐾2 𝑆𝑂4 , NaCl,
𝑀𝑔𝑆𝑂4 . 7𝐻2 𝑂,
𝐶𝑎𝐶𝑙2 . 2𝐻2 𝑂,
𝐹𝑒𝑆𝑂4 . 7𝐻2 𝑂, EDTA
)
Desenvolvimento de ALCÂNTARA e 2018 O biopolímero foi O biopolímero foi desenvolvido
um biopolímero de MENDES produzido por um com o objetivo de ser utilizado
fécula de mandioca processo de expansão como isolante térmico. Diante
para isolamento térmica controlada disso, foram observadas algumas
térmico com frações características como:
73

volumétricas de 30% condutividade térmica de 0,152


de água e 70% de W/mk, ou seja, o material pode
fécula de mandioca ser aplicado como isolante em
sistemas quentes de até 270° C.
O biopolímero de fécula de
mandioca se mostrou eficiente
quanto à isolação térmica, se
apresentou como material não
inflamável em testes de
inflamabilidade e em testes de
dureza se mostrou como um
material duro.

Sugarcane molasses ACOSTA, 2018 Fermentação de A utilização da mistura do caldo


and vinasse as a ALCARZ & substrato composto de cana e a vinhaça mostrou
substrate for CARDONA. por uma mistura de potencial como meio de cultura.
polyhydroxyalkanoat melaço de cana + Houve um rendimento de
es (PHA) production vinhaça residual, consumo de açúcar de 70,7% e
através da bactéria acúmulo de biopolímero de
Ralstonia eutropha. 97,8% em relação à biomassa
produzida. A caracterização do
biopolímero mostrou uma
correlação com a amostra de
PHB referente a 99,25%.
Obtención de una CARDONA et 2018 A película polimérica Foram avaliadas as propriedades
película biopolímero al. foi desenvolvida a químicas e físicas do
a partir de almidón de partir de uma solução biopolímero preparado com três
papa (Solanum contendo amido de soluções de amido de batata: 1-
Tuberosum) batata, água, ácido (25%), 2- (18%) e 3-(12%).
acético e glicerol. Diante disso, foram observadas
tais características presentes nas
três formulações:
1- (25%): Apresentou
espessura 0,3340
mm, elasticidade de
4,90 𝑁/𝑚2 .
2- (18%): Apresentou
espessura 0,2824
74

mm, elasticidade de
7,35 𝑁/𝑚2 .
3- (12%): Apresentou
espessura 0,2824
mm, elasticidade de
9,80 𝑁/𝑚2 .
Diante disso, avaliou-se que a
formulação (12%), apresenta
maior potencial para uso
industrial e as três formulações
possuem potencial para serem
biodegradáveis, com a (12%)
apresentando maior potencial
(71,73%).
Biopolímero RODRIGUES et 2019 O revestimento De acordo com os resultados
desenvolvido a partir al. filmogênico de amido obtidos, foi possível verificar
da farinha de arroz e foi desenvolvido a que o revestimento à base de
sua aplicação como partir de uma solução farinha de arroz reduziu de
revestimento em aquosa de farinha de forma significativa a perda de
frutos arroz, homogeneizada massa e a maturação dos frutos,
através de um além de apresentar ação
agitador mecânico e fungicida, protegendo os frutos
adições de ácido contra a proliferação de dos
cítrico e glicerol mesmos. O biopolímero
apresentou ponto de fusão de
105° C.
Desenvolvimento e DA SILVA 2020 A produção dos filmes Com relação aos biopolímeros
caracterização de à base de farinha de desenvolvidos à base de farinha
filmes biopolímeros à Bocaiuva se deu de Bocaiuva foi identificado que,
base de farinha de através do método de a adição do glicerol permitiu a
Bocaiuva (Acronomia Casting. Para os obtenção de filmes com uma
aculeata) ou polpa de filmes elaborados maior flexibilidade. Houve um
Pequi (Caryocar com polpa de Pequi, maior aumento da resistência à
brasiliense) foram adicionados tração e do alongamento com o
gelatina e aumento da concentração da
plastificantes como farinha de Bocaiuva (2,04 g
glicerol ou sorbitol. 𝑚𝐿−1 ). Já em relação aos
biopolímeros à base de polpa de
Pequi, foi identificado que,
quanto maior a adição de
75

plastificantes 3,5% maior foi o


alongamento e menor foi a
resistência de tração dos filmes.
As maiores concentrações de
gelatina (7,0%), combinadas
com baixa concentração de
glicerol ou sorbitol (1,5%)
induziram a formação de filmes
com alta resistência à tração.
Obtenção e SCHAEFFER 2020 A produção dos Os resultados mostraram que a
caracterização de biopolímeros se deu espessura das amostras
biopolímeros a partir através de duas fontes apresentou boa uniformidade,
de fécula de mandioca renováveis: a fécula enquanto que o estudo cinético
e amido de milho de mandioca e o apresentou uma alta adsorção de
amido de milho. Foi água das amostras ao longo do
utilizada a tempo. Além disso, foi
metodologia Casting, observado que os biopolímeros
usando três diferentes apresentaram baixa estabilidade
concentrações de térmica quando comparado ao
glicerol (plastificante) filme comercial e também baixas
e duas faixas de temperaturas de fusão (90 a
temperatura distintas. 108 ° C), quando comparado
com o biofilme comercial.
Produção e VASCONCEL 2020 A celulose bacteriana A CB em meio de manitol
caracterização de OS et al. (CB) foi obtida apresentou um maior rendimento
celulose pela através de (2,09 𝑔 · 𝐿−1 ) quando
Glucanoacetobacter fermentação realizada comparado com o meio Hestrin e
Hansenii em meio pela bactéria aeróbica Schramn (HS) (1,15 𝑔 · 𝐿−1 ).
contendo glicose ou Gram-negativa Além disso, a celulose produzida
manitol Glucanoacetobacter em meio de manitol apresentou
hansenii (ATCC- maior cristalinidade (78%)
23769) em meio quando comparado com Hestrin
contendo glicose ou e Schramn (HS) (65%). Análises
manitol. mostraram que não foram
quaisquer encontrados
contaminantes oriundo do
processo de produção. Já em
relação à análise
termogravimétrica, o polímero
formado em meio de manitol
76

apresentou maior estabilidade


térmica. Diante disso, foi
possível determinar que as
características poliméricas são
modificadas em função do meio
de crescimento bacteriano.
Kinetic of a Bacterial DE SOUZA et 2021 A celulose bacteriana A produção máxima de CB
Celullose Production al. (CB) foi obtida (11,08 𝑔. 𝐿−1 ) foi obtida em um
by Komagataeibacter através de meio de cultura suplementado
Rhaeticus Using fermentação realizada por café em pó, melaço de cana
Coffee Grounds and pela bactéria hidrolisado e adição de 1% de
Sugarcane Molasses Komagataeibacter etanol. Os resultados mostraram
rhaeticus utilizando que o uso de diferentes fontes de
como meios de carbono dos subprodutos
cultura a borra de avaliados são alternativas
café, melaço de cana e viáveis para reduzir os custos na
etanol. produção de celulose bacteriana.

Fonte: Autor (2021)


77

5.1 PRINCIPAIS BIOPOLÍMEROS

Foram identificados cerca de sete diferentes tipos de biopolímeros e outros cinco não
apresentaram uma caracterização definida (Gráfico 5). Dentre os biopolímeros identificados,
destacam-se os polímeros de amido (presente em 6 produções acadêmicas), o PHB
(Polihidroxibutirato) (presente em 4 produções acadêmicas), o PHA (Polihidroxialcanoato)
(presente em 2 produções acadêmicas), a celulose bacteriana (presente em 2 produções
acadêmicas), a dextrana (presente em 1 produção acadêmica) e o Lentinan (presente em 1
produção acadêmica).

Gráfico 5: Distribuição dos tipos de biopolímeros por número de trabalhos selecionados

0
Polímeros Outros PHB PHA Celulose Goma Dextrana Lentinan
de amido bacteriana xantana

Fonte: Autor (2021)

Dentre os polímeros de amido, podemos destacar o produzido por Rodrigues et al.


(2019), que desenvolveu um biopolímero de farinha de arroz com o objetivo de aplicá-lo como
um revestimento em frutos. A solução filmogênica de amido desenvolvida através da
metodologia casting continha ácido cítrico e glicerina.
Observou-se, assim, que a utilização dos filmes provocou uma desaceleração no
processo de maturação dos frutos, que também se mostrou eficiente contra a contaminação
pelos fungos Colletotrichum musae e os fungos filamentosos (bolor). Dessa forma, a utilização
do biopolímero como revestimento se mostrou adequado para o estágio de pós-colheita,
78

armazenamento e transporte de frutos, sendo possível, inclusive ser aplicado por borrifamento,
por exemplo.
Seguindo essa mesma linha de pensamento, Matínez, Hurtado e Enciso (2016), produziu
filmes comestíveis à base do biopolímero dextrana através da metodologia Casting, que se
mostraram eficientes contra o vapor d’água, sendo assim, um material promissor para a
aplicação em frutas e verduras, melhorando os sinais de desidratação desses produtos.
Com relação aos biopolímeros pertencentes à família dos polihidroxialcanoatos (PHA),
podemos destacar alguns como, o produzido por Rahman et al. (2015), que realizou a síntese
do PHB através da fermentação realizada pela bactéria recombinante Escherichia coli em meio
contendo microalgas oriundas de águas residuais, com o objetivo de mostrar que esse tipo de
substrato apresenta potencial para o desenvolvimento bacteriano e consequente produção do
biopolímero.
Além dele, Shalin et al. (2014), mostrou que a produção do PHB utilizando um meio de
cultura mista é uma alternativa economicamente viável em relação ao uso de substratos
complexos que possuem preços mais elevados.
Um outro biopolímero identificado trata-se do Lentinan. Nandi et al. (2009), extraiu
esse polissacarídeo do cogumelo Shiitake através de um método conhecido como YAP, que
consiste basicamente no fracionamento do extrato do cogumelo por precipitação com etanol
seguido de liofilização (desidratação à baixa temperatura), gerando um produto de alta pureza.
Outro polissacarídeo identificado trata-se da goma Xantana. Brandão et al. (2008),
obteve esse biopolímero através da fermentação do caldo de cana utilizando a bactéria
Xanthomonas campestris manihotis. Além dele, vários outros autores utilizaram a metodologia
de síntese por bactéria para produzirem biopolímeros.
Com relação às celuloses, Vasconcelos et al. (2020), produziu Celulose Bacteriana
(CB), utilizando dois diferentes meios fermentativos na presença da bactéria
Glucanoacetobacter hansenii, com o objetivo de avaliar o potencial desses diferentes meios.
Além dele, De Souza et al. (2021), produziu CB através da fermentação realizada pela bactéria
Komagataeibacter rhaeticus utilizando como meio de cultura a borra de café, melaço de cana
e etanol, mostrando assim, que o potencial deste meio de cultura como alternativa viável para
reduzir os custos da produção de celulose bacteriana.
Todos os fatos comentados anteriormente relacionados aos meios fermentativos
interferem na produção dos biopolímeros, diante disso, eles foram analisados e serão
comentados e discutidos posteriormente.
79

5.2 PRINCIPAIS MÉTODOS DE PRODUÇÃO DE BIOPOLÍMEROS

De acordo com Shen, Haufe e Patel (2009), existem três principais maneiras de se
produzir os biopolímeros. São elas:

I. Utilizando polímeros naturais que podem ser modificados. Exemplo: Polímeros de


amido, celulose, alginato etc.
II. Produzindo monômeros bio-baseados através de fermentação ou química convencional,
realizando a polimerização desses monômeros numa segunda etapa. Exemplo: Ácido
Polilático (PLA), Poli (butileno succinato) (PBS).
III. Produzindo biopolímeros diretamente através de microrganismos ou através de
colheitas geneticamente modificadas. Exemplo: Polihidroxialcanoatos (PHA),
Polihidroxibutirato (PHB).

Dessa forma, de acordo com a análise dos trabalhos acadêmicos, foram identificadas a
presença de duas das três maneiras possíveis de se obter os biopolímeros.
Dentre os métodos de produção de biopolímeros, o mais comum e que apareceu de
forma predominante foi a síntese por microrganismos (bactérias, fungos e microalgas) (utilizada
em 13 produções acadêmicas), representando dessa forma, a terceira (III) maneira de se obter
biopolímeros, ou seja, tratam-se de biopolímeros produzidos diretamente através de
microrganismos.
A segunda maneira de se obter os biopolímeros identificada foi a metodologia Casting
(utilizada em 7 produções acadêmicas), representando assim, o grupo de biopolímeros que são
produzidos a partir de modificações da sua matéria-prima principal, representando dessa forma,
a primeira (I) maneira de se obter biopolímero. Outras técnicas foram identificadas em 2
trabalhos acadêmicos.
Com relação à segunda (II) maneira de se obter os biopolímeros, ou seja, os
biopolímeros produzidos por fermentação numa primeira etapa, seguida por polimerização,
como é o caso do PLA, por exemplo, não foram identificadas na pesquisa.
Diante disso, podemos definir as 2 metodologias identificadas na análise dos trabalhos
acadêmicos da seguinte forma:

• Síntese por microrganismos (bactérias, fungos, microalgas): Os biopolímeros são


produzidos pelos microrganismos como forma de reserva energética e de carbono, e
80

podem ser sintetizados a partir de matérias-primas renováveis. O produto é acumulado


intracelularmente, no citoplasma das células do microrganismo e após a produção,
devem ser extraídos (QUINES et al., 2015).
• Metodologia Casting: Consiste basicamente na solubilização do amido em um solvente,
assim como, na sua aplicação sobre um suporte para evaporação de solvente e
consequente formação de uma matriz contínua que dá origem aos filmes poliméricos
(RÓZ, 2004).

A distribuição dos métodos de produção de biopolímeros por número de trabalhos


analisados, pode ser observado no Gráfico 6.

Gráfico 6: Distribuição dos métodos de produção de biopolímeros por número de trabalhos


analisados (2006-2021)

Coluna1
Outros
(2)
Síntese por
microrganismos
(báctérias, fungos
e microalgas)
(13)

Metodologia
Casting (7)

Fonte: Autor (2021)

Com relação a produção de biopolímeros diretamente através de microrganismos,


geralmente eles são utilizados para a produção dos biopolímeros pertencentes a família dos
PHAs. Dessa forma, tornou-se possível analisar a metodologia adotada por alguns autores.
Macagnan (2013), produziu o biopolímero PHB utilizando a bactéria Ralstonia
solanacearum utilizando dois diferentes meios fermentativos. O primeiro meio fermentativo, o
81

meio YM6 foi utilizado para o crescimento e desenvolvimento bacteriano, já o segundo meio,
F47 foi utilizado para a produção do PHB. Por se tratar de um produto acumulado
intracelularmente, no citoplasma das células bacterianas, os biopolímeros devem ser extraídos
das células após a etapa de produção (cultivo) (QUINES et al., 2015).
Sendo assim, a extração do biopolímero se deu através do solvente clorofórmio em
agitação magnética a 58° C. O melhor rendimento obtido foi de 45,5% em 30 min. Os filmes
obtidos tiveram a identidade química característica do P(3HB) e temperaturas de fusão
correspondentes às relatadas nas literaturas.
Além dos biopolímeros da família dos polihidroxialcanoatos (PHA), há alguns
biopolímeros que também são sintetizados por microrganismos, como é o caso das celuloses
bacterianas.
De Souza et al. (2021) e Vasconcelos et al. (2020), produziram ambos, a Celulose
Bacteriana (CB), um biopolímero de grande valor para a ciência dos materiais com aplicações
em diversas áreas como a área médica, cosmética, refinaria, dentre outros.
O primeiro, desenvolveu a CB utilizando a bactéria Komagataeibacter rhaeticus
utilizando como meios de cultura a borra de café, melaço de cana e etanol. Já o segundo,
utilizou dois meios, porém, para efeito de comparação, será analisado o meio de maior
rendimento, sendo ele o meio contendo manitol na presença da bactéria Glucanoacetobacter
hansenii.
Ambos os meios se mostraram efetivos na produção do biopolímero. De Souza et al.
(2021), obteve a produção máxima de celulose bacteriana (CB) (11,08 𝑔/L) através do meio de
cultura suplementado por café em pó, melaço de cana hidrolisado e adição de 1% de etanol. Os
resultados mostraram que ouso de diferentes fontes de carbono dos subprodutos avaliados são
alternativas viáveis para reduzir os custos na produção de celulose bacteriana.
Já Vasconcelos et al. (2020), apresentou um rendimento menor. A celulose bacteriana
(CB) em meio de manitol apresentou um rendimento de 2,09 𝑔/L. A avaliação dos fatores que
influenciam na produção dos biopolímeros como, os substratos e meios de cultura serão melhor
avaliados no tópico 5.3.1 deste trabalho.

6
YM (Yeast Malt) – Meio composto por concentrações de ágar, dextrose, extrato de leveduras e digestão
enzimática de gelatina.
7
F4 – Meio composto por concentrações de glicose, ureia, ácido cítrico, citrato de sódio + uma solução contendo
concentrações de 𝑀𝑔𝑆𝑂4 , 7𝐻2 𝑂, 𝑁𝑎𝑀𝑂4 , 𝑍𝑛𝑆𝑂4 , 𝐹𝑒𝐶𝑙3
82

Com relação aos biopolímeros desenvolvido através da metodologia Casting, também


foi possível estabelecer algumas análises sobre os métodos adotados por alguns autores.
Neves et al. (2013) e Cardona et al. (2018), produziram ambos polímeros de amido
através da metodologia Casting. O primeiro utilizou a casca de batata como matéria-prima,
solubilizada em água com adições de ácido clorídrico e glicerina. O segundo, utilizou o amido
da batata como matéria-prima, solubilizada em água com adições de ácido acético e glicerina.
Ambos os filmes poliméricos obtiveram sucesso na sua produção, porém, os dois
autores avaliaram características diferentes com relação aos seus filmes dificultando assim, um
comparativo com relação as suas propriedades. O primeiro avaliou as propriedades físico-
químicas e a biodegradabilidade do biopolímero enquanto que o segundo, avaliou o efeito das
quantidades de ácido e glicerina na composição. Porém, os resultados foram os seguintes.
Neves et al. (2013), verificou que os filmes plásticos formados a partir desse processo
(metodologia casting, utilizando amido da batata + água + ácido clorídrico + glicerina) têm
características diferenciadas conforme se alteram as quantidades de ácido clorídrico e glicerina.
Sendo assim, percebeu-se que os plásticos com maior consistência formam os que utilizaram
maior quantidade de ácido, evidenciando que a degradação dos grânulos do amido é muito
importante para a formação do filme.
Já Cardona et al (2018), avaliou as propriedades químicas e físicas do biopolímero
preparado com três soluções de amido de batata: 1- (25%), 2- (18%) e 3- (12%). Diante disso,
foram observadas tais características presentes nas três formulações:

1. (25%): Apresentou espessura 0,3340 mm, elasticidade de 4,90 𝑁/𝑚2 .


2. (18%): Apresentou espessura 0,2824 mm, elasticidade de 7,35 𝑁/𝑚2 .
3. (12%): Apresentou espessura 0,2824 mm, elasticidade de 9,80 𝑁/𝑚2 .

Assim, avaliou-se que a formulação (12%), apresenta maior potencial para uso industrial
e as três formulações possuem potencial para serem biodegradáveis, com a (12%) apresentando
maior potencial (71,73%).
Ambos os polímeros seguiram a mesma metodologia. A métodologia Casting, que
consiste no processo de solubilização do amido em um solvente, no qual, com a adição de um
plastificante forma-se uma solução filmogênica, denominada de gelatinização. Posteriormente
ocorre a evaporação do solvente, que desidrata o material e por fim, ocorre a secagem sobre
uma placa de Petri. Após a gelatinização, a amilopectina e a amilose se dispersam na solução
83

aquosa, e quando começa a ocorrer a secagem elas se reorganizam formando uma matriz
contínua que dá origem aos filmes (SILVA, 2011).
Tal processo pode ser observado na adaptação abaixo (Figura 30):

Figura 30: Fluxograma simplificado da metodologia Casting

Exemplo: Amido
MATÉRIA-PRIMA

O amido é pesado nas


quantidades estabelecidas PESAGEM
na balança analítica INICIAL

A massa de amido pesada


SOLUBILIZAÇÃO é solubilizada em água e
E AGITAÇÃO deixada sob agitação em
chapa agitadora

O ácido é adicionado nas


quantidades ADIÇÃO DO
estabelecidas. Ex.: ácido ÁCIDO
acético, clorídrico etc. O plastificante é adicionado
nas quantidades
estabelecidas. Ex.:
ADIÇÃO DO Glicerina. Após isso, a
PLASTIFICANTE solução é levada ao
aquecimento em banho
maria

Após o aquecimento a
solução é acondicionada
ACONDICIONAMENTO
em placas Petri, cobrindo
toda a sua superfície.

As placas Petri são


encaminhadas a estufa de
SECAGEM secagem onde
permanecerão pelo período
determinado para a secagem
do filme
Após as retiradas dos
filmes são realizados os ENSAIOS DE
ensaios de caracterização.
CARACTERIZAÇÃO
Ex.: microscopia
eletrônica de varredura
(MEV), análise
termogravimétrica
(TGA)etc.

Fonte: Adaptado de Schaeffer (2020)


84

5.3 FATORES QUE INFLUENCIAM NA PRODUÇÃO DOS BIOPOLÍMEROS

5.3.1 Composição do meio fermentativo e linhagem de microrganismo

Tanto o rendimento, quanto a qualidade do biopolímero, dependem da composição do


meio, da linhagem e das condições de fermentação utilizadas (BERWANGER, 2005). Dessa
forma, dependendo do substrato utilizado e do metabolismo do microrganismo, diferentes
monômeros e, assim, diferentes polímeros e copolímeros podem ser obtidos (SQUIO e
ARAGÃO, 2004).
Begalli (2017) e Acosta, Alcarz e cardona (2018), produziram ambos o biopolímero
PHA, utilizando diferentes meios fermentativos e diferentes linhagens de microrganismos. O
primeiro, utilizou o meio sintético Zarrouk com o objetivo de cultivar a microalga Spirulina
platensis e estimular a síntese de biopolímeros, enquanto o segundo, utilizou um meio composto
pela mistura de melaço de cana-de-açúcar e vinhaça residual, com o objetivo de cultivar a
bactéria Ralstonia eutropha e consequentemente estimular a síntese polimérica. Diante disso,
foi possível estabelecer uma breve comparação das propriedades apresentadas por ambos os
polímeros.
O primeiro processo, apresentou um rendimento de (23,03%), e o biopolímero
apresentou características como: cristalinidade (19,08%), temperatura de fusão (249,12° C). O
segundo processo, apresentou um rendimento de (97,80%), e o biopolímero apresentou
características como: cristalinidade (>50%), temperatura de fusão (180° C). Um dos fatores que
possa ter contribuído para o alto rendimento apresentado é utilização da bactéria selecionada.
Segundo Doi (1990 apud Rodrigues et al., 2004), a bactéria gram-negativa Ralstonia eutropha,
é o microrganismo mais utilizado para a produção de PHAs devido a seus altos rendimentos,
podendo atingir até 80% de sua massa seca em polímero, e habilidade para crescer em fontes
de carbono renováveis.
O Gráfico 7, mostra a distribuição dos tipos de matérias-primas utilizadas para a
produção dos biopolímeros. É importante destacar que, alguns biopolímeros como mencionado
anteriormente, são produzidos a partir de modificações da matéria-prima principal, e
geralmente, em produções acadêmicas, essas modificações são realizadas utilizando a
metodologia Casting, o que resulta na produção de filmes poliméricos naturais. Dentre essas
matérias-primas, podemos destacar: A casca de batata (utilizado em 1 produção acadêmica),
amido de batata (utilizado em 1 produção acadêmica), fécula de mandioca/amido de milho
(utilizados em 1 produção acadêmica), farinha de bocaiúva/polpa de pequi (utilizados em 1
85

produção acadêmica), cogumelo Shitake (utilizado em 1 produção acadêmica) fécula de


mandioca (utilizado em 1 produção acadêmica), farinha de arroz (utilizado em 1 produção
acadêmica). Todas essas matérias-primas, com exceção da polpa de pequi e do cogumelo
Shitake, resultaram em biopolímeros de amido.
Com relação às outras matérias-primas, elas consistem em substratos utilizados para
compor o meio fermentativo, geralmente, na produção de PHAs ou PHBs. Como também
mencionado anteriormente, alguns biopolímeros podem ser produzidos por microrganismos
como forma de reserva energética e de carbono, e podem ser sintetizados a partir de matérias-
primas renováveis (QUINES et al., 2015).
Dentre essas matérias-primas, podemos destacar: melaço de cana/ vinhaça residual
(utilizado em 1 produção acadêmica), caldo de cana (utilizado em 1 produção acadêmica),
glicose/ manitol (utilizado em 1 produção acadêmica), borra de café, melaço de cana e etanol
(utilizado em 1 produção acadêmica), glicerina (presente em 1 produção acadêmica), glicose,
sacarose e melaço de cana (utilizados em 1 produção acadêmica), microalgas (utilizados em 1
produção acadêmica) e melaço de cana-de-açúcar (utilizado em 3 produções acadêmicas).

Gráfico 7: Distribuição do tipo de matéria-prima/ substrato identificados por número de


trabalhos

Borra de café, melaço de cana e etanol


Melaço de cana e vinhaça residual
Caldo de cana
Casca de batata
Glicose e manitol
Amido de batata
Fécula de mandioca e amido de milho
Microalgas
Cogumelo Shitake
Farinha de bocaiúva/ polpa de pegui
Fécula de mandioca
Glicerina
Glicose, sacarose e melaço
Farinha de arroz
Semente de tabaco
Melaço de cana-de-açúcar
0 1 2 3

Fonte: Autor (2021)


86

A importância da seleção do substrato adequado para o desenvolvimento bacteriano e


estimulo a produção de biopolímeros pôde ser analisado por Hall et al. (2015), no qual foi
possível produzir biopolímeros através do processo fermentativo utilizando a linhagem
selvagem de Escherichia coli, a partir dos substratos glicose, sacarose e melaço. A partir daí,
tornou-se possível verificar a produtividade desses três meios fermentativos. Os rendimentos,
utilizando a acetona como extrator apresentaram os seguintes valores: glicose (0,01 g/L·h),
melaço (0,03 g/L·h) e sacarose (0,05 g/L·h). Dessa forma, verificou-se que a maior
produtividade do biopolímero ocorreu no meio fermentativo, utilizando sacarose como fonte de
carbono. O meio que utilizou a glicose como fonte de carbono apresentou o menor rendimento
quanto à produção. No meio fermentativo contendo melaço a produtividade foi intermediária.
Já Brandão et al. (2008), produziu o biopolímero goma Xantana utilizando dois
diferentes meios fermentativos na presença da bactéria Xanthomonas campestres anihotis. O
primeiro, utilizando o caldo de cana e o segundo, utilizando a sacarose. Os resultados
mostraram que foi possível produzir goma Xantana em maior quantidade utilizando o caldo de
cana (33,54𝑔. 𝐿−1), valor quase dez vezes maior do que o obtido com a sacarose (3,45𝑔. 𝐿−1 ).
Dessa forma, constatou-se que o rendimento médio da produção de goma Xantana no
meio alternativo contendo caldo de cana como substrato, dependendo da cepa utilizada,
apresentou um aumento da ordem de 4 a 10 vezes na produção, quando comparada com os
valores obtidos no meio convencional contendo sacarose. Foi possível demonstrar também que,
a presença de compostos como proteínas, carboidratos e também, a umidade apresentada pelo
caldo de cana, tiveram papel fundamental para a produção do biopolímero, visto que eles serão
utilizados como substratos na fermentação pelas bactérias (Xanthomonas), sendo assim, parte
dos nutrientes tanto para o crescimento celular quanto para a biossíntese da goma Xantana.
No entanto, segundo Pradella (2006), um problema importante relacionado a produção
de goma Xantana deve-se à instabilidade das linhagens de Xanthomonas campestris, resultando
numa variação de peso molecular do polissacarídeo, assim como no grau de piruvilação e
acetilação. Assim, a construção da Xanthomonas campestris geneticamente modificada capaz
de utilizar meios de fermentação mais baratos tem sido objeto de estudo.
Com relação a linhagem microbiana, foram identificados 13 tipos de microrganismos
presentes em 12 trabalhos acadêmicos (Gráfico 8). Dentre eles, destacam-se as bactérias
(utilizadas em 10 produções acadêmicas), seguida por microalga (utilizada em 2 produção
acadêmica) e fungo (utilizado em 1 produção acadêmica).
87

Gráfico 8: Distribuição dos principais microrganismos (bactérias, fungos e microalgas)


identificados pelo número de trabalhos

Ralstonia eutropha Bactéria

Xanthomonas campestres manihotis Bactéria

Spirulina platensis Microalga

Glucanoacetobacter hansenii Bactéria

Agrobacterium radiobacter k84 Bactéria

B. firmus/ B. sphaericus/ L. delbrueckii Bactéria

Komagataeibacter rhaeticus Bactéria

Ralstonia solanacearum Bactéria

Zoogloea sp Bactéria

Mucor Racemosus fresenius Fungo

Escherichia coli Bactéria

0 1 2 3

Fonte: Autor (2021)

A importância da cepa utilizada, bem como a composição do meio fermentativo


utilizado para o crescimento bacteriano e consequente produção do biopolímero foi avaliada
por Shalin et al. (2014), a partir do processo de produção do biopolímero PHB utilizando um
meio de cultura misto. Dois meios de cultura distintos foram utilizados para o crescimento
bacteriano e um terceiro meio foi utilizado para a produção do PHB. O meio de cultura LB8,
foi utilizado para o crescimento bacteriano dos Bacillus firmus e Bacillus sphaericus e o meio
de cultura MRS9 foi utilizado para o crescimento bacteriano do Lactobacillus delbrueckii. Já o
meio MSM10 com adições de glicose, xilose, glicerina, lactose, frutose e sacarose, foi utilizado
para a produção de PHB através de três combinações de bactérias (meio de cultura misto). O
meio de cultura misto foi composto por: primeiro, B. firmus e B. sphaericus, segundo, B. firmus

8
LB (Luria Bertani) – Meio composto por concentrações de triptona, extrato de levedura e cloreto de sódio.
9
MRS (de Man, Rogosa and Sharpe Agar) – Meio composto por concentrações de peptona, extrato de carne,
extrato de levedura, glicose, acetato, polissorbato 80, hidrogenofosfato dipotássico, citrato de triamônio, sulfato
de magnésio, sulfato de mangnês e agâr.
10
MSM (Mineral Salt Media) – Meio composto por concentrações de fosfato dipotássico, cloreto de amônio,
sulfato de magnésio, cloreto de sódio, sulfato ferroso.
88

e L. delbrueckii e terceiro B. sphaericus e L. delbrueckii, que foram suplementados com as


diferentes fontes de carbono.
Dessa forma, foi possível identificar o efeito de diferentes fontes de carbono sobre
crescimento e produção de PHB por culturas mistas. Dentre as três combinações de culturas
mistas, a combinação B. firmus e L. delbrueckii possibilitou a maior produção do biopolímero
PHB, com um rendimento de cerca de 56%. Dentre as fontes de carbono, a glicose, glicerina e
frutose, apresentaram aproximadamente o mesmo tipo de produtividade e a lactose a fonte de
menor produtividade. O que está de acordo com Da Silva e Gomez (2007), no qual o tipo de
matéria-prima oferecida como fonte de carbono ao microrganismo, bem como, as suas vias
metabólicas interferem na produção do biopolímero, como é o caso dos biopolímeros da família
dos Polihidroxialcanoatos (PHA).
Diante disso, Shalin et al. (2014), demonstrou que o meio de cultura misto composto
por B. firmus e L. delbrueckii, possibilita uma alternativa em substituição aos substratos puros
geralmente utilizados na produção de PHBs, visto que estes possuem um custo bastante
elevado.
Além desse, outros substratos alternativos foram identificados. Rahman et al. (2015),
mostrou que microalgas oriundas do efluente de tratamento de águas residuais (esgoto),
possibilitaram a criação de um meio de crescimento para a bactéria recombinante Escherichia
coli e consequente produção do PHB. O meio contendo E. coli foi suplementado com várias
concentrações de algas hidrolisadas, possibilitando o desenvolvimento dessas bactérias, que
utilizam o meio como fonte de carbono e produzem o biopolímero como resultado. Diante disso,
a utilização de microalgas como substrato para a produção de PHBs, obteve um rendimento de
31%, demonstrando assim, o potencial dessa matéria-prima na produção deste biopolímero.

5.3.2 Tipo de solvente utilizado na extração do biopolímero

Por se tratar de um produto acumulado intracelularmente, no citoplasma das células


bacterianas, os biopolímeros devem ser extraídos das células após a etapa de produção (cultivo)
(QUINES et al., 2015).
A técnica de extração por solventes orgânicos é a mais utilizada devido a sua
simplicidade, obtenção de polímeros com elevada pureza e reduzida remoção de massa molar
do produto (QUINES et al., 2015).
Segundo Macagnan (2013), a maioria dos processos de extração de PHAs, propostos na
literatura, envolve o rompimento das células com o uso de solventes, tais como:
89

hidrocarbonetos clorados, cloreto de metila, clorofórmio e dicloroetano. Esses solventes


rompem as células, solubilizando seus lipídios, inclusive os PHAs. Compostos orgânicos
polares, como acetonas e álcoois, também podem ser citados.
Todavia, a técnica de extração por solventes se aplica apenas aos biopolímeros
sintetizados por microrganismos, sendo assim, não se aplica aos biopolímeros produzidos pela
metodologia Casting.
Dessa forma, a partir da análise de dados, foram identificados a presença de quatro tipos
de solventes (Gráfico 9). Foram eles: Clorofórmio (utilizado em 2 produções acadêmicas),
acetona/ álcool isopropílico (utilizado em 1 produção acadêmica), apenas hipoclorito de sódio
(utilizado em 1 produção acadêmica) e clorofórmio/ hipoclorito de sódio (utilizado em 1
produção acadêmica).

Gráfico 9: Tipos de solventes utilizados para extração dos biopolímeros

Clorofórmio/
Hipoclorito de Hipoclorito de Sódio
Sódio (1)
(1)

Acetona e Álcool
Clorofórmio Isopropílico
(2) (1)

Fonte: Autor (2021)

Diante disso, tornou-se possível analisar como a utilização dos diferentes solventes
afetam o rendimento e a qualidade do biopolímero produzido.
Hall et al. (2015), produziu biopolímeros através da bactéria Escherichia coli utilizando
três meios fermentativos: glicose, sacarose e melaço. E utilizou dois tipos de solventes: Acetona
e álcool isopropílico.
Sendo assim, para efeitos de comparação, foram avaliados os biopolímeros produzidos
no meio que apresentou maior rendimento entre os três, sendo assim, a sacarose. Dessa forma,
90

torna-se possível avaliar o efeito dos dois tipos de solventes durante o processo de extração dos
biopolímeros nesse meio de cultura.
Os dois solventes apresentaram os seguintes rendimentos no meio sacarose:

1. Acetona: 0,16%
2. Álcool Isopropílico: 0,13%

Dessa forma, concluiu-se que a acetona apresentou maior rendimento, quando


comparado com o álcool isopropílico, constatando que o tipo de solvente utilizado para extrair
o biopolímero afeta o rendimento da extração.
Segundo Hall et al. (2015), o rendimento de extração médio do biopolímero em acetona
P.A. e em álcool isopropílico P.A. foi calculado em relação à massa seca de biopolímero obtido,
considerando as densidades dos solventes a 20 °C.
Um outro fator relacionado aos solventes que interfere na produção dos biopolímeros e
a forma e velocidade que o solvente evapora. Como mencionado anteriormente, Macagnan
(2013), produziu o biopolímero PHB através da bactéria Ralstonia solanacearum utilizando
dois diferentes meios de cultura. O meio YM foi utilizado para multiplicação celular e o meio
F4 utilizado para acúmulo de PHB. Para a extração do biopolímero foi utilizado o solvente
clorofórmio em agitação magnética a temperatura de 58° C.
Macagnan (2013), mostra que a velocidade com que o solvente evapora interfere nas
características do material final. Os filmes obtidos por evaporação lenta que foram extraídos,
apresentaram aspectos lisos e bordas com aspectos rugosos. A evaporação lenta ocorreu devido
a placa que contém o clorofórmio e o PHB estar tampada.
Segundo Dalcanton (2016), o modo de evaporação do solvente é o principal fator para
se obter a aparência do filme, na qual uma evaporação mais lenta produz um filme mais liso.
A extração dos biopolímeros utilizando solventes também interfere nas suas
propriedades. Sendo necessário utilizar os solventes corretos para cada caso.
Begalli (2017), produziu o biopolímero PHA através da microalga Spirulina platensis
utilizando o meio sintético Zarrouk11. Para extrair o biopolímero, foi utilizado o hipoclorito de
sódio.
Segundo Yu (2008), o hipoclorito de sódio é um agente oxidante não seletivo que digere
tanto o material não polimérico como os grânulos poliméricos, resultando na elevada

11
Zarrouk – Meio composto por concentrações de 𝑁𝑎𝐻𝐶𝑂3 , 𝑁𝑎2 𝐶𝑂3 , 𝐾2 𝐻𝑃𝑂4 , 𝑁𝑎𝑁𝑂3 , 𝐾2 𝑆𝑂4 , NaCl,
𝑀𝑔𝑆𝑂4 . 7𝐻2 𝑂, 𝐶𝑎𝐶𝑙2 . 2𝐻2 𝑂, 𝐹𝑒𝑆𝑂4 . 7𝐻2 𝑂, EDTA.
91

degradação da massa molar do biopolímero recuperado. Logo, este tipo de extração interfere
diretamente nas propriedades físicas do biopolímero.
Como mencionado anteriormente, Begalli (2017), obteve um rendimento de 23,03% na
produção do biopolímero, que apresentou características como: cristalinidade (19,08%),
temperatura de fusão (249,12° C). O autor mostra ainda que, quando utilizado outros tipos de
solventes como clorofórmio, hexano e hidróxido de sódio, a extração não foi possível.
Os dados referentes aos tipos de solventes utilizados para a extração dos biopolímeros,
bem como, o meio fermentativo e o tipo de polímero produzido, podem ser consultados no
Quadro 6.

Quadro 6: Trabalhos que utilizaram solventes para extrair os biopolímeros

MEIO
TRABALHO TIPO DE POLÍMERO SOLVENTE
FERMENTATIVO

RIÇA et al. Clorofórmio e


(2016) PHB Torta de tabaco Hipoclorito de Sódio

HALL et al.
(2015) - Glicose, sacarose e Acetona e Álcool
melaço Isopropílico
MACAGNAN
(2013) PHB F4 Clorofórmio

SHALIN et al.
(2014) PHB MSM Clorofórmio

BEGALLI
(2017) PHA Zarrouk Hipoclorito de Sódio

Fonte: Autor (2021)

5.3.3 Utilização de aditivos de polimerização

Os aditivos podem ser definidos como todo e qualquer material adicionado a um


polímero visando uma aplicação específica. Geralmente são aplicadas pequenas quantidades
aos polímeros para auxiliar a síntese do material Eles são de fundamental importância não só
para melhorar suas propriedades físico-químicas, mas também, o seu aspecto visual, permitindo
uma vasta gama de aplicações (CANEVAROLO, 2006; ALMEIDA e SOUZA, 2015).
Segundo Almeida e Souza (2015), os aditivos podem ser classificados de diversas
formas. Dentre eles, pode-se destacar:
92

• Auxiliares de processo: São utilizados com o objetivo de facilitar o processo de


transformação do polímero e diminuir o tempo do processo tornando-o mais ágil. Ex.:
Solventes e lubrificantes.
• Modificadores de propriedades: Possuem a finalidade de melhorar uma ou mais das
propriedades finais dos polímeros. Ex.: Plastificantes, colorantes etc.

O uso de aditivos com o objetivo de facilitar o processo de síntese polimérica assim


como, modificar as propriedades do material foram identificados nos biopolímeros produzidos
através da metodologia Casting. Dentre os tipos de aditivos identificados na análise podemos
destacar a presença de 2 (solventes e plastificantes). Segundo Rabello (2000) podemos defini-
los da seguinte forma:

I. Solventes: Diminuem a viscosidade das resinas e emulsões.


II. Plastificantes: Aumentam a flexibilidade dos polímeros.

Dentre os solventes, foi identificado a presença da água de três maneiras em oito


produções acadêmicas (Gráfico 10). São eles: água (presente em 4 produções), água destilada
(presente em 3 produções) e água deionizada (presente em 1 produção).

Gráfico 10: Tipos de solventes identificados

Água
deionizada
(1)

Água
(4)

Água destilada
(3)

Fonte: Autor (2021)


93

Com relação aos solventes, Alcântara e mendes (2018) produziu um biopolímero a partir
da fécula de mandioca e mostrou que a presença do solvente (água destilada), bem como a sua
proporção, é de fundamental importância para que se possa obter os melhores resultados. A
proporção de 70% de fécula e 30% de água destilada, foi considerada a proporção ideal, sendo
possível desenvolver uma espuma bem distribuída, compacta e leve. No entanto, os materiais
com proporções menores de água tiveram seu manuseio dificultado devido à alta viscosidade
da mistura, além de apresentar uma baixa expansão.
Dentre os plastificantes, foram identificados dois tipos presentes em oito produções
acadêmicas (Gráfico 11): glicerina (utilizado em 6 produções acadêmicas) e glicerina/ sorbitol
(utilizado em 2 produções acadêmicas).

Gráfico 11: Tipos de plastificantes identificados

Glicerina/ Sorbitol
(2)

Glicerina
(6)

Fonte: Autor (2021)

O efeito plastificante da glicerina e de demais polióis em matriz polimérica foi discutido


por diversos autores tendo por base suas interações com as principais cadeias poliméricas.
Segundo Martelli, Barros e Assís (2014), a principal ação ocorre pelo rompimento
predominante nas ligações de hidrogênio que conferem estabilidade entre as cadeias. Ao se
inserirem entre as cadeias, os plastificantes reduzem as forças intermoleculares facilitando o
movimento das mesmas.
Para Rabello (2020), o plastificante provoca a diminuição da energia necessária para
que ocorra a movimentação molecular, aumentando assim, a flexibilidade. Ao acrescentar-se o
94

plastificante ao polímero, as moléculas do plastificante começam a penetrar na fase polimérica


da matriz, se difunde entre as macromoléculas do polímero, aumentando a mobilidade entre as
cadeias.
Sendo assim, tornou-se possível estabelecer uma relação dos efeitos exercidos pelos
aditivos, segundo análises das produções acadêmicas selecionadas.
Matínez, Hurtado e Enciso (2016), observaram que a adição de plastificantes como
glicerina e sorbitol modificam a estrutura da rede formada pelo biopolímero, obtendo-se
películas frágeis (baixa concentração) ou películas com alta elasticidade (alta concentração).
Os resultados mostraram o efeito que tem a glicerina na tensão de ruptura. Verificou-se que a
adição da plastificante glicerina modificou a estrutura do biopolímero obtendo películas frágeis
(baixa concentração) e alta elasticidade (alta concentração). As características físicas e
mecânicas do biopolímero tipo Dextrana dependem, assim, do tipo de plastificante e
concentração do mesmo.
Durante a produção dos filmes de polpa de banana, Martelli, Barros e Assís (2014),
observaram que adições de glicerina provocaram diferenças significativas no comportamento
mecânico do material. De maneira geral, independe da concentração de purê (de popa de
banana), a adição da glicerina eleva em um fator de 2 a 2,5 vezes o alongamento (𝜀𝑚𝑎𝑥 ). A
tensão máxima, como esperado, foi reduzida em todas as amostras em função do aumento da
plasticidade pela adição de glicerol e, por conseguinte, gerou uma redução no módulo de
elasticidade.
Dessa mesma maneira, Da Silva (2020), verificou que a adição de plastificantes provoca
alterações nas características do polímero produzido e que quanto maior a sua adição, 3,5%
maior foi o alongamento e menor foi a resistência à tração dos filmes. No entanto, a presença
de diferentes tipos de plastificantes (glicerina ou sorbitol) provoca também diferentes
resultados. O manuseio dos filmes adicionados com glicerina foi classificado como “excelente”
enquanto que os filmes adicionados com sorbitol foram classificados como “bom”. Além disso,
este último por serem filmes mais firmes, eram mais difíceis de serem removidos das placas.
Dessa forma, o glicerol foi classificado como um plastificador melhor do que o sorbitol em
filmes adicionados com gelatina, devido à baixa fluidez do material durante o processo de
extrusão.
Os dados referentes aos aditivos de polimerização mencionados anteriormente, podem
ser consultados no Quadro 7. O quadro com as informações está dividido da seguinte forma:
trabalho (ano), matéria-prima, tipo de polímero, solvente e plastificante.
95

Quadro 7: Biopolímeros, matéria-prima e tipos de aditivos utilizados no processo de produção

TRABALHO MATÉRIA - TIPO DE SOLVENTE PLASTIFICANTE


PRIMA POLÍMERO

RODRIGUES et
al. Farinha de arroz Polímero de amido Água deionizada Glicerina
(2019)
ALCÂNTARA e
MENDES Fécula de mandioca Polímero de amido Água destilada Glicerina
(2018)
DA SILVA Farinha de Bocaiuva Polímero de amido
(2020) Polpa de Pequi - Água destilada Glicerina e Sorbitol

MARTELLI,
BARROS Polpa de banana - Água destilada Glicerina
& ASSÍS (2014)
SCHAEFFER Fécula de mandioca
(2020) e amido de milho Polímero de amido Água Glicerina

CARDONA et al.
(2018) Amido de batata Polímero de amido Água Glicerina

MATÍNEZ,
HURTADO & - Dextrana Água Glicerina e Sorbitol
ENCISO (2016)
NEVES et al.
(2013) Casca de batata Polímero de amido Água Glicerina

Fonte: Autor (2021)

5.4 PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS, BIODEGRADABILIDADE,

METODOLOGIAS MAIS EFICIENTES E POTENCIAL DE SUBSTITUIÇÃO

5.4.1 Propriedades físico-químicas

Com relação às propriedades físico-químicas dos biopolímeros, foram analisadas as


seguintes: Temperatura de transição vítrea 𝑇𝑔 (°C), Temperatura de Fusão cristalina 𝑇𝑚 (°C),
Degradação Térmica (°C), Cristalinidade (%), Densidade (g/cm3 ) e Massa Molar (g/mol). No
entanto, vários dos trabalhos analisados não apresentavam dados com relação às propriedades
físico-químicas dos materiais desenvolvidos e outros analisavam características específicas que
não apareciam em comum com o resto dos trabalhos analisados como, estudos sobre a
coloração, espessura, permeabilidade etc. Desse modo, foram selecionados os trabalhos que
realizassem testes de caracterização e possuíam o máximo de propriedades em comum.
As propriedades físico-químicas dos biopolímeros selecionados podem ser consultadas
na Tabela 4.
96

Tabela 4: Propriedades fisico-químicas

Tipo de 𝑻𝒈 𝑻𝒎 Degradação Densidade MM


Autor biopolímero térmica Cristalinidade (g/mol)
(°C) (°C) (𝒈/𝒄𝒎𝟑 )
(°C) (%)
RODRIGUES et
al. Polímero de - 105 - - - -
amido
ALCÂNTARA e
MENDES Polímero de - - 270 - 0,6692 -
amido

CAVALCANTI - - 118 167 - - -

DA SILVA Polímero de 29,61 159,39 - - - -


amido

SCHAEFFER Polímero de - 107,42 310 - - -


amido
VASCONCELOS
et al. Celulose - - 245 78 - -
Bacteriana

BEGALLI PHA - 255,92 237,44 19.08 - -

ACOSTA,
ALCARZ & PHA 4 180 - >50 - -
CARDONA.

Fonte: Autor (2021)

As propriedades físicas, mecânicas e termodinâmicas dos polímeros são dependentes do


grau de cristalinidade (CANEVAROLO, 2006).
Segundo De Paoli (2008), o grau de cristalinidade, diferentemente de moléculas de
baixa massa molar ou de metais, os polímeros não formam sólidos cristalinos ou amorfos, eles
formam sólidos com uma fase cristalina e outra amorfa. A relação estequiométrica entre elas é
chamada de grau de cristalinidade, que é expresso em porcentagem.
Acosta, Alcarz e Cardona (2018), produziram o biopolímero PHA e de acordo com os
testes de caracterização, o material se apresentou como altamente cristalino com um grau >50%.
As temperaturas de fusão e cristalinidade foram 180° C e 4° C, respectivamente. Além disso,
constatou-se que, quando em temperatura ambiente, o biopolímero sofreu uma segunda
cristalização da sua fase amorfa e como resultado, o módulo de tração e alongamento aumentam
ao mesmo tempo em que o material se torna mais frágil e duro.
De acordo com Canevarolo (2006) quanto maior a cristalinidade, mais elevadas são as
propriedades de densidade, rigidez, estabilidade dimensional, resistência química, resistência a
abrasão, temperatura de fusão, temperatura de transição vítrea, temperatura de utilização, etc.
97

No entanto, por outro lado, reduzem-se as propriedades de resistência ao impacto, elongação


na ruptura, claridade óptica, etc.
Dentre os trabalhos analisados, Vasconcelos et al. (2020), produziu o biopolímero de
maior grau de cristalinidade atingindo 78%. A celulose bacteriana produzida foi sintetizada pela
bactéria aeróbica Gram-negativa Glucanoacetobacter hansenii na presença do meio manitol. Já
para o meio HS, a celulose obteve um grau de cristalinidade menor, de cerca de 65%,
evidenciando que diferentes meios fermentativos podem afetar as características do material
final. De acordo com a literatura e segundo Vasconcelos et al. (2020), o grau de cristalinidade
da celulose bacteriana está entre 60% e 95%. Sendo assim, o material desenvolvido está entre
os limites de alta cristalinidade.
Já Begalli (2017), obteve um grau de cristalinidade equivalente a 19,08% para o PHA
produzido utilizando a microalga Spirulina platensis utilizando o meio sintético Zarrouk.
Dentre os autores que avaliaram as características de degradação térmica, podemos
destacar Alcântara e Mendes (2018), Begalli (2017) e Vasconcelos et al. (2020), com valores
de 270° C, 237,44° C e 245° C, respectivamente. Segundo De Paoli (2008), a temperatura de
degradação térmica depende da energia das ligações químicas que constituem os polímeros.
Esta energia de ligação é influenciada pelos substituintes ao longo da cadeia, pelo número de
ramificações da cadeia do polímero e pela presença ou não de co-monômeros.
A avaliação da temperatura de degradação térmica, é algo de fundamental importância
para o polímero de amido desenvolvido por Alcântara e Mendes (2018), visto que o material
foi desenvolvido para revestimento térmico. No caso do biopolímero de amido, a decomposição
térmica só ocorre após a sua desidratação. De acordo com os resultados obtidos, a perda de
massa do material foi de 88%, e como mencionado anteriormente, a temperatura de degradação
inicial é de 270° C. A partir de análises termogravimétricas, evidenciou-se que o biopolímero
de fécula de mandioca desenvolvido, pode ser utilizado como revestimento térmico com limite
de temperatura de 270° C.
Contudo, dentre os biopolímeros selecionados, o desenvolvido por Schaeffer (2020),
apresentou a maior temperatura de degradação térmica (310°C). A perca de massa se deu em
dois estágios: houve uma perda de massa de 10% até em torno de 115° C e de 70% de massa
até em torno de 70%.
Segundo Schaeffer (2020), a presença do plastificante glicerol na amostra aumenta a
estabilidade do material, desse modo, gera-se a necessidade de uma temperatura um pouco
maior para o polímero se decompor.
98

5.4.2 Avaliação da característica de biodegradabilidade

Dentre os trabalhos analisados, apenas Shalin et al. (2014), Da Silva (2020) e Cardona
et al. (2018) realizaram estudos sobre a biodegradabilidade dos biopolímeros produzidos. Com
isso, tornou-se possível analisar tal característica para que se possa entender o comportamento
desses materiais quando em contato com ambientes microbiologicamente ativos ou não.
Segundo De Paoli (2018), a biodegradação de um dado material ocorre quando ele é
utilizado como nutriente por um determinado conjunto de microrganismos, como as bactérias,
fungos ou algas, que existem no meio ambiente onde o material vai ser degradado. Diante disso,
para que a colônia de microrganismos se desenvolva utilizando o material como nutriente,
torna-se necessário que eles produzam as enzimas adequadas para realizar a quebra de alguma
das ligações químicas da cadeia principal do polímero. Além disso, é necessário ter as condições
adequadas de temperatura, umidade, pH e disponibilidade de oxigênio
Como mencionado anteriormente, Cardona et al (2018), produziu um polímero de
amido a partir de metodologia Casting utilizando três diferentes formulações e verificou o
potencial de biodegradabilidade de ambas.
A primeira formulação composta por 25% de amido, 60% de água, 7% de ácido acético
e 8% de glicerina, corresponde a formulação que obteve o material com a maior capacidade de
biodegradabilidade (aproximadamente 71,3%). A partir dos 29 dias a película correspondia a
25% de degradabilidade e apresentava uma aparência quebradiça semelhante a casca de um ovo
quebrada. Ao completar os 49 dias, o material apresentou a sua degradabildiade máxima,
analisada pelo estudo.
Já Da Silva (2020), mostra que os ensaios de biodegradabilidade do biopolímero de
Polpa de Pequi (Caryocar brasiliense), enterrados em três diferentes tipos de solos (arenoso,
argiloso e mata), em um período de 5 a 9 dias apresentou 100% de degradabilidade.
Configurando assim, uma alternativa viável para o desenvolvimento de embalagens
biodegradáveis. Para o solo florestal ou mata, o biopolímero que utilizou glicerina como
plastificante apresentou degradação completa no 9° dia e no 7° uma degradação completa para
o filme com sorbitol.
Quando comparados os biopolímeros desenvolvidos por Cardona et al. (2018) e Da
Silva (2020), torna-se notável a rapidez do processo de degradação quando utilizado um meio
microbiologicamente ativo, como o utilizado para o filme de polpa de pequi que se degradou
mais rápido do que o polímero de amido.
99

5.4.3 Metodologias mais eficientes

Dentre as metodologias adotadas para a produção dos biopolímeros (Quadro 8), apenas
os que utilizaram a síntese por microrganismos apresentaram rendimentos das reações. Sendo
assim, foram selecionados apenas os 5 que apresentaram os melhores rendimentos para a
análise. sendo eles: síntese por bactérias (4) e síntese por microalga (1).

Quadro 8: Metodologias mais eficientes

AUTOR TIPO DE METODOLOGIA MEIO RENDIMENTO


BIOPOLÍMERO FERMENTATIVO OBTIDO

ACOSTA, Mistura contendo


ALCARZ & PHA Síntese por bactérias caldo de cana e 97,80%
CARDONA. vinhaça

SHALIN et al. PHB Síntese por bactérias MSM 56%

MACAGNAN PHB Síntese por bactérias YM 45,5%


F4 27%
Composto por
RAHMAN et al. PHB Síntese por bactérias microalgas residuais 31%
hidrolisadas

BEGALLI PHA Síntese por microalga Zarrouk 23,03%

Fonte: Autor (2021)

Diante disso, tornou-se possível realizar uma comparação entre as metodologias


adotadas para que se possa determinar quais fatores contribuíram para estes resultados.
Como mencionado ao longo do trabalho, fatores como a seleção do microrganismo
correto, a utilização de um meio para a reprodução celular bem como um meio adequado para
a produção do biopolímero e até o solvente utilizado para extraí-los influencia diretamente na
produção desses materiais.
Sendo assim, Acosta, Alcarz e cardona (2018), obtiveram o melhor rendimento durante
produção o biopolímero PHA, após a fermentação de substrato composto por uma mistura de
melaço de cana + vinhaça residual, através da bactéria Ralstonia eutropha. Houve um
rendimento de consumo de açúcar de 70,7% e acúmulo de biopolímero de 97,8%. Além do
meio rico em açúcares ser bastante produtivo, a utilização da bactéria selecionada contribuiu
para a maior obtenção do biopolímero.
100

Como mencionado anteriormente, segundo Doi (1990 apud Rodrigues et al., 2004), a
bactéria, gram-negativa, Ralstonia eutropha, é o microrganismo mais utilizado para a produção
de PHAs devido a seus altos rendimentos, podendo atingir até 80% de sua massa seca em
polímero, e habilidade para crescer em fontes de carbono renováveis.
Desse modo, podemos então, determinar que a síntese por bactérias utilizando o
microrganismo Ralstonia eutropha, na presença de um meio contendo uma fonte renovável
como o melaço de cana-de-açúcar, se presenta a melhor metodologia para a produção dos
biopolímeros, em específico, os da família dos Polihidroxialcanoatos.
Todavia, podemos também destacar, algumas outras metodologias que apresentaram
bons resultados.
Begalli (2017), produziu o biopolímero PHA a partir da síntese realizada pela microalga
Spirulina platensis cultivada utilizando o meio sintético Zarrouk. A biomassa foi extraída após
o tempo de 15 dias de cultivo através da filtração a vácuo e extração do biopolímero foi
realizada com hipoclorito de sódio com posteriores centrifugações e levado a estufa por 48
horas a 35°C. O PHA extraído da Spirulina platensis apresentou um rendimento de 23,03%.
Rahman et al. (2015), produziu o biopolímero PHB através da fermentação realizada
pela bactéria recombinante Escherichia coli em meio contendo microalgas oriundas de águas
residuais, obtendo um rendimento de 31%.
Macagnan (2013), utilizou a bactéria Ralstonia solanacearum na presença de dois
diferentes meios YM e F4, sendo o primeiro, o que apresentou o maior rendimento (45,5%)
para a produção do biopolímero PHB.
Já Shalin et al. (2014), utilizou um meio de cultura mista composto pelas bactérias B.
firmus e L. delbrueckii em contato com o meio de fermentação MSM, possibilitando a produção
do biopolímero PHB, com um rendimento de 56%.

5.4.4 Potencial de substituir os polímeros sintéticos

De acordo com Shen, Worrell e Patel (2010), estima-se que o potencial de substituição
técnica dos biopolímeros para substituir os plásticos convencionais poderia ser tão alto quanto
90%. Ou seja, isso significa que os biopolímeros têm o potencial de, eventualmente, substituir
a maioria dos plásticos convencionais que são usados atualmente no cotidiano. E como a
crescente comercialização de biopolímeros continua a resultar em custos mais baixos e
melhores capacidades tecnológicas, a realidade de tal número pode começar a parecer mais
alcançável, embora ainda esteja muito distante.
101

O potencial de substituição dos biopolímeros é determinada e indicada pela literatura.


Segundo Bastos (2007), os biopolímeros que tem maior potencial para substituir os polímeros
de origem sintética são os bioplásticos como: polímeros de amido, PLA, PHAs, PAAs,
poliamidas etc., principalmente nos setores de embalagens. E também os polissacarídeos de
origem microbiana como: quitina ou quitosana, xantana e dextrana, principalmente nos setores
de cosméticos, alimentos etc. A Figura 31, apresenta o potencial de substituição dos polímeros
convencionais por biopolímeros/bioplásticos.

Figura 31: Potencial de substituição dos polímeros convencionais por bioplásticos12

MATERIAIS PVC PE-HD PE-LD PP PS PMMA PA PET PC

Polímeros de
amido - + + + + - - - -

Filmes de
celulose + - - + + - - + -

PLA - + - + + - + + -

PTT - - - + - - ++ ++ +

PBT - - - ++ - - + ++ +

PHA + ++ + ++ + - - + -

PHB - + - ++ + - - - -

Bio-PE - ++ ++ - - - - - -

(+) Substituição parcial (++) Substituição completa (-) Não substitui


Fonte: Adaptado de Pradella (2006), Shen, Worrell e Patel (2010) e Lackner (2015).

Diante disso, temos que os polímeros de amido produzidos por Neves et al. (2013),
Cardona et al. (2018), Alcântara e Mendes (2018), Schaeffer (2020), Da Silva (2020),
Rodrigues et al. (2019), possuem o potencial de substituir parcialmente o PE-HD, PE-LD, PP

12
PVC: poli (cloreto de vinila), PE-HD: polietileno de alta densidade, PE-LD: polietileno de baixa densidade,
PBT: polibutileno tereftalato, PP: polipropileno, PS: poliestireno, PMMA: polimetil metacrilato, PA: poliamida,
PET: polietileno tereftalato, PC: policarbonato.
102

e PS. Porém, não possuem o potencial de substituir outros polímeros como o PVC e o PET, por
exemplo.
Já os Polihidroxialcanoatos (PHA), produzidos por Begalli (2017), Acosta, Alcarz e
Cardona (2018), possuem o potencial de substituir os PE-HD e PP totalmente, e parcialmente
o PVC, PE-LD e PS. De acordo com Shen, Worrel e Patel (2010), as porcentagens de
substituição são de aproximadamente PVC (10%), PE-HD (20%), PS (20%) e PET (10%).
Com relação aos Polihidroxibutiratos (PHB) produzidos por autores como Macagnan
(2013), Shalin et al. (2014), Rahman et al. (2015) e Riça et al. (2016), possuem o potencial de
substituir totalmente o PP e parcialmente o PE-HD e PS.
As celuloses bacterianas produzidas por Vasconcelos et al. (2020) e De Souza et al.
(2021), possuem a capacidade de substituir parcialmente alguns polímeros petroquímicos. De
acordo com Shen, Worrel e Patel (2010), os valores seriam aproximadamente PP (10%), PVC
(10%), PS (10%) e PET (15%).
Para os polissacarídeos como a goma Xantana produzida por Brandão et al. (2008), os
filmes de Dextrana produzidos por Martínez, Hurtado e Enciso (2016) e o Lentinan produzido
por Nandi et al. (2009), não foi possível determinar o seu potencial de substituição.
Segundo Pradella (2006) e Bastos (2007), as principais aplicações de alguns destes
biopolímeros são:

I. Polímeros de amido: São utilizados principalmente na confecção de produtos e


embalagens plásticas como: sacos, bandejas, talheres, filmes para embrulhar etc.
II. PHAs (PHB, PHB/HV, PHB-HHx): São utilizados na produção de embalagens, como:
frascos para alimentos e produtos aquosos e gordurosos, artigos de descarte rápido etc.
Por possuírem propriedades semelhantes aos polímeros sintéticos e serem
biocompatíveis, são utilizados também na área médica na produção de fios de sutura,
moldes para engenharia de tecidos etc.
III. Goma Xantana: Pode ser utilizado como estabilizante e espessante de alimentos,
utilizado também na indústria química, de cosméticos e de petróleo.
IV. Dextrana: Possui aplicação no ramo biomédico e farmacêutico, petróleo, química,
cosméticos, açúcar dietético, probiótico etc.
V. Lentinan: Utilizado principalmente na área médica. Os cogumelos, de onde o Lentinan
é extraído, têm um amplo valor nutricional e medicinal, muitas substâncias antitumorais
foram identificadas em várias espécies de cogumelos comestíveis. Os polissacarídeos
103

são as substancias mais conhecidas com poder antitumoral e propriedade


imunomoduladora (Nandi et al., 2009).

Dentre os biopolímeros analisados (Gráfico 12), a maioria possui aplicabilidade para


embalagens em geral (9), seguido por área medicinal (6), proteção para alimentos (2),
construção civil (1) e outros 4, com aplicabilidade não definida.

Gráfico 12: Principais áreas de aplicação dos biopolímeros analisados

0
Embalagens em Área medicinal Outros Proteção para Construção civil
geral alimentos

Fonte: Autor (2021)


104

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho de revisão bibliográfica teve como objetivo principal realizar uma análise
sobre os métodos de produção de biopolímeros de origem vegetal, utilizando dados extraídos a
partir de uma seleção de produções acadêmicas feitas com o auxílio de bases de dados
acadêmicos, bibliotecas digitais e diretórios de revistas, que possuíam como tema principal a
produção de biopolímeros. Diante disso, foram identificadas informações como: os tipos de
biopolímeros produzidos, bem como suas matérias-primas principais, fatores que influenciaram
na produção dos mesmos, características e propriedades físico-químicas, a análise das
metodologias que obtiveram maior eficiência, além de uma análise sobre o potencial de
substituição dos polímeros de origem petroquímica pelos biopolímeros.
Dentre as três formas de se produzir biopolímeros, apenas, a metodologia que utiliza as
etapas de fermentação para produção de monômeros seguida por polimerização, como ocorre
no caso do PLA, por exemplo, não estiveram presentes na coleta e análise de dados.
Sendo assim, a partir da análise das metodologias, identificou-se que a síntese por
microrganismos (bactérias, fungos e algas) foi utilizada de forma predominante pelas produções
acadêmicas, seguida pela metodologia Casting. Dentre os biopolímeros selecionados, a maioria
consistia em polímeros de amido e pelos biopolímeros pertencentes a família dos
Polihidroxialcanoatos (PHA), seguidos por celuloses bacterianas, além de polissacarídeos como
a goma Xantana, Dextrana e o Lentinan.
A partir da análise dos dados, verificou-se que, para os polímeros de origem microbiana,
diversos fatores devem ser considerados, tais como: o tipo de substrato e linhagem microbiana
utilizados para compor o meio fermentativo e o uso solventes para extraí-los das células
microbianas influenciaram diretamente nas características do material. E no caso dos
biopolímeros produzidos a partir de modificações da sua matéria-prima principal, verificou-se
que tanto os solventes quanto os plastificantes, influenciaram nas características e propriedades
dos biopolímeros.
Já para as propriedades físico-químicas dos biopolímeros, poucos trabalhos forneceram
dados para que se pudesse realizar uma comparação mais aprofundada entre os biopolímeros
selecionados, assim como ocorreu com o fator biodegradabilidade, que foi determinado em
poucas produções.
Este estudo poderá contribuir para a realização de pesquisas futuras e produções
acadêmicas direcionadas aos biopolímeros, visto que estes representam uma área de estudo
promissora.
105

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