Você está na página 1de 4

LÍRICA PROFANA

Objetivos de aprendizagem:
1. Origem e Periodização da lírica profana (discussão)
2. Corpus e Tipologias das cantigas (síntese)
3. Agentes envolvidos (relação com a origem social e tipologia de arte)
4. Principais repertórios formais e temáticos (síntese)
5. Receção crítica (primeira aproximação)

O objetivo fundamental deste tema é saberes qual é o conhecimento fixado pola historiografia
literária galega em volta dos cinco itens colocados acima e as novas linhas de pesquisa que
discutem (ou complementam) esse conhecimento, nomeadamente no relativo à origem do conjunto
da lírica profana em geral e da cantiga de amigo paralelística em particular.
Para atingires este objetivo recomendo especialmente a leitura da bibliografia que figura no final
desta síntese (que serve tanto para esta como para as duas próximas sessões da matéria: Lírica
Religiosa e Prosa Medievais). De facto, antes de avançares com a leitura deste documento lê, polo
menos, a síntese presente em https://gl.wikipedia.org/wiki/Literatura_galego-portuguesa ou em
http://enciclopedia.us.es/index.php/L%C3%ADrica_profana_galaico-portuguesa_medieval. Arranja
tempo, quando puderes, para leres com atenção os capítulos 1 e 2 da “Etapa Medieval / S. XIII-XV”
da Historia da Literatura Galega publicada pola AS-PG
(http://literaturagalega.as-pg.gal/etapas/etapa-medieval)

1. Origem e Periodização
Para a periodização da lírica profana fixada na historiografia literária galega revisa o visto em
http://literaturagalega.as-pg.gal/etapas/etapa-medieval/periodizacion-da-lirica. A tradicional
periodização em Etapa Primitiva (1196-1245), de Esplendor (Escola galego-portuguesa: 1245-
1354 // período Alfonsino, Dionisiaco e Pósdionisiaco) e de Decadência (Escola galego-castelhana,
1354-1445) estão sintetizados nos diapositivos 10-12 de https://www.slideshare.net/Vinseiro/lrica-
medieval-galego-portuguesa
Repara que na cronologia colocada por Souto Cabo para o início da lírica trovadoresca neste texto:
«a análise histórica e sociolóxica levada a cabo permite concluír que a lírica galego-portuguesa, con
independencia das súas raíces tradicionais e populares, foi unha creación específica da Galiza
durante os reinados de Fernando II [1157-1188] de Afonso IX [1188-1230]»
(https://www.usc.gal/gl/xornal/novas/profesor-jose-antonio-souto-cabo-busca-libro-cavaleiros-
fizeram-cantigas-orixes-0
Esta cronologia faz recuar consideravelmente o movimento. Seria na segunda metade do século XII
e primeiro terço do século XIII quando teria lugar a origem e consolidação do repertório
trovadoresco. O citado neste diapositivo como “Afonso IX” é, em rigor e para a historiografia
galega, o rei Afonso VIII (https://gl.wikipedia.org/wiki/Afonso_VIII_de_Le%C3%B3n_e_Galicia)
Se quiseres saber mais sobre a tese de Souto Cabo
https://estudiosgallegos.revistas.csic.es/index.php/estudiosgallegos/article/view/362/371
Origem popular e autoria feminina das cantigas de amigo paralelística? (a tese de Ria Lemaire)
Carrega nesta ligação http://culturagalega.gal/noticia.php?id=25265 e assiste à entrevista feita a Ria
Lemaire. Esta investigadora holandesa sustenta que as cantigas de amigo paralelísticas que
chegaram a nós através dos cancioneiros foram na realidade uma apropriação cultural da nobreza de
cantigas populares vinculadas ao trabalho feminino, executadas oralmente por mulheres. Pesquisa
“Cores do Atlántico” na rede, escuita alguma das adaptações modernas das cantigas de amigo feitas
por cantoras como a brasileira Socorro Lira (por exemplo em https://www.youtube.com/watch?
v=ICJc8Suw18w).
«A cantiga galega do mar de Vigo, conservada nos cancioneiros medievias galego-portugueses, é
unha variante da canción de muller dialogada que antigamente existía en moitas terras e países de
Europa. Contrariamente á poesía escrita moderna que é una poesía destinada a ser lida en silencio, a
poesía das cantigas de amigo caracterízase polo feito de ser a súa base o ritmo, a melodía; ela é
cantada. A escolla e a disposición das palabras teñen que se adaptar a ese ritmo; trátase dunha ars
poética baseada na reproducción do ‘ritmo correcto’, sendo ela funcional e acompaña e reforza os
movementos do traballo da danza. Neste sentido, é radicalmente diferente da poesía escrita moderna
que se basea na procura da ‘palabra correcta’» (Ria Lemaire, Cores do Atlántico, p.35)
«Nos manuscritos medievais galego-portugueses permanecen conservadas unhas cen cantigas que
poden ser clasificadas como paralelísticas. Despois de cada estrofa, todo o grupo de mulleres
traballadoras ou danzantes cantaba o refrán tradicional da melodía escollida pola primeira muller
desafiadora: “E ay deus, se verra cedo”. Aí, a primeira muller, pola súa banda, lanzaba un novo
desafío” (Ria Lemaire, Cores do Atlántico, p. 31)

2. Corpus e Tipologias
Géneros maiores
Cantares de amor (cantigas de amor e cantigas de amigo)
Cantares satíricos / de circunstâncias (cantigas de escarnho e cantigas de maldizer)
Géneros híbridos ou menores: Tençom, Pranto, Descordo, Exórdio, Pastorela, Partimén, Lais

+ 1680 textos profanos 150 autores (trovadores e jograres)


Fontes manuscritas:
Cancioneiro de Ajuda (XIII-XIV)
Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa (1647 cantigas / 150 compositores + Arte de Trovar)
Pergaminho Vindel
Pergaminho Sharrer
Cancioneiro da Vaticana = Cancioneiro de Berkeley ou Cancioneiro da Bancroft Library (1200
cantigas)
Tavola Colocciana
Lais da Bretanha
Ms. do Porto
Ms. de Madrid
(para saberes mais: https://universocantigas.gal/a-lirica-profana-galego-portuguesa)
3. Agentes envolvidos
Trovadores, Jograis, Segreis, Menestrais, Soldadeiras [e Mecenas...]
«Se trata fundamentalmente de caballeros pertenecientes o vinculados a familias de la aristocracia
galaica y galaico-miñota, las cuales llegaron a establecer vínculos de parentesco con otras de origen
catalano-provenzal que se habían integrado en el reino galaico-leonés desde los tiempos de Alfonso
VII» (p. 366)
«Gran parte de los lazos de parentesco que se pueden establecer entre los primeros trovadores —
gallegos o no— derivan de su vinculación con los Trava por vía femenina y, de ese modo, se intuye
lo plenamente operativas que estaban en esos momentos las líneas maternas en la transmisión de
valores o patrimonio (in)material y, especialmente, en la difusión del gusto por la actividad
poética.» (p. 367) [fonte: https://estudiosgallegos.revistas.csic.es/index.php/estudiosgallegos/article/
view/362/371]

4) Repertórios formais e temáticos


De acordo com o visto nas aulas de grupos reduzidos e com a bibliografia que acompanha esta
síntese, és capaz de explicar a funcionalidade ou definir o significado de cada um destes conceitos?
Palavra (palavra rima, palavra volta, palavra perduda)
Cobra (unissonans, singulars, dobras, ternas, alternas / capdenals, capcaudadas, capfinidas,
retrogradadas
Rima grave (ou breve) e aguda (ou longa) [rima derivada]
Verso breve (ou fémia) e agudo (ou macho)
Refrám (Cantiga de refrám / Cantiga de Mestria)
Fiinda
Dobre
Mordobre
Paralelismo (literal ou verbal, estrutural, semântico)
Leixa-pren
Cantigas ateúdas (ateúdas até a fiinda)

A classificação tradicional agrupa as cantigas de amigo nos seguintes quatro ciclos temáticos:
Bailadas> incitação à dança
Marinhas ou barcarolas > presença do mar
Romarias > referência a festas ou romarias
Alvoradas > rompe o dia para os amantes
Outras classificações têm sido feitas em função da temática presente nas cantigas, falando então em
cantigas de fonte, de despedida, de monteiro, de confidente, de ciumes, de mãe e filha, ... Segundo o
modo poético presente nas composições a crítica refere também cantigas narrativas, monologadas
ou dialogadas.
Cantigas de amor:
Elogio da dona
Declaração de amor do poeta
Reserva da dona
Cuita de amor
Cantigas de escarnho e mardizer:
Sátira (política, literária, social, pessoal, jograresca, contra o clero, contra infançons e cavaleiros
pobres)
Sirventês moral
Cantigas obscena (sexualidade explícita)

5. Receção crítica
Veremos no último ponto deste tema 2 a posição que a crítica e as historiografias literárias galega e
portuguesa atribuem à lírica profana galego-portuguesa. Por enquanto és capaz de identificar e
explicar os critérios canonizadores alegados nos dous textos propostos? (originalidade, identidade)

Carolina Michaëlis de Vasconcelos (1904). Cancioneiro da Ajuda.


As cantigas de amor [...] são de enorme monotonia, pobreza e convencionalismo quanto às ideias,
às expressões e às formas métrica. Quanto a estranjeiros que abranjem de alto não só toda a
poesia neo-latina, mas tambem as manifestações líricas antigas e modernas das outras nações
cultas [...] compreende-se que achem aborrecidissima a monotonia plácida e cortesã das imitações
conjeneres galegoportuguesas. Pura noja continuata.

Xosé Luís Méndez Ferrín (2000). A poesía medieval galega vista desde os relanzos derradeiros
do século XX.
¡Pobres das Cantigas de Amor, tanto e tantos anos situadas nun segundo lugar nas preferencias
dos lectores contemporáneos! Secomasí, elas son moito máis interesantes do que soe sospeitarse. E
máis autónomas.

Bibliografia:
https://www.slideshare.net/Vinseiro/lrica-medieval-galego-portuguesa
https://www.slideshare.net/landin/literatura-galegoportuguesa-medieval-1178452
http://literaturagalega.as-pg.gal/etapas/etapa-medieval
https://gl.wikipedia.org/wiki/Literatura_galego-portuguesa
http://enciclopedia.us.es/index.php/L%C3%ADrica_profana_galaico-portuguesa_medieval
https://universocantigas.gal/a-lirica-profana-galego-portuguesa
http://www.usc.es/estmedin/recursos/
Lemaire, Ria (textos); Lira, Socorro (música); Bordell, Quique (ilust.) (2010): Cores do Atlántico.
Salvaterra do Minho, Ponte... Nas Ondas.
Souto Cabo, José António (2012): Os cavaleiros que fizeram as cantigas. Aproximação às origens
socioculturais da lírica galego-portuguesa. Niteroi, Editora da UFF.

Você também pode gostar