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ATLAS

MUNDIAL
ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
2020 - 2021

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Nelson Dias, Sahsil Enríquez,


(Org.)

Rafaela Cardita, Simone Júlio e Tatiane Serrano


FICHA TÉCNICA

TÍTULO IMPRESSO POR


Atlas Mundial dos Orçamentos Participativos 2020 - 2021 Cimpress
Novembro 2021
COORDE NAÇÃO
©
Nelson Dias, Sahsil Enríquez, Rafaela Cardita, Simone Júlio e DE PÓSITO LEGAL
Tatiane Serrano 492142/21

CAPA | DESIGN E DITORIAL ISBN


©
Epopeia - Make It Happen 978-989-54167-6-9

DIRETOR C RIATIVO ADVE RTÊ NC IA


Luís Caracinha Esta publicação é apoiada pelo Município de Cascais. Os resultados,
interpretações e conclusões expressas neste trabalho não refletem
DESIGNE RS necessariamente as opiniões da autarquia. Esta não garante a
Luís Caracinha & Sara Martins exatidão dos dados incluídos nesta publicação. Os limites, cores,
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Vila Ruiva - Portugal
RE FE RÊ NC IA
Oficina DIAS, Nelson; ENRÍQUEZ, Sahsil; CARDITA, Rafaela, JÚLIO,
www.oficina.org.pt Simone; SERRANO, Tatiane (Org.) Atlas Mundial dos Orçamentos
Faro - Portugal Participativos 2020 - 2021
2021, Epopeia e Oficina, Portugal, 2021.

PARC E IROS
Enda Tiers-Monde

FINANC IAME NTO Disponível para download em www.oficina.org.pt/atlas


©
Município de Cascais
Nelson Dias, Sahsil Enríquez, Rafaela Cardita,
Simone Júlio e Tatiane Serrano(Org.)

ATLAS MUNDIAL
DOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
2020-2021
AUTORES
COORDE NADORES Nelson Dias, Sahsil Enríquez, Rafaela Cardita, Simone Júlio & Tatiane Serrano ALBÂNIA Diamanta Vito
ALEMANHA Svetlana Alenitskaya, Lars Stepniak & Volker Vorwerk ANGOL A Rui Mangovo ARGE NTINA Emiliano Arena & Cristian
Adaro ARMÉ NIA Anastasia Fadeeva & Alexander Faramazian AUSTR ÁLIA Janette Hartz-Karp & Svetla Petrova BÉ LGICA Hanne
Bastiaensen BE NIM Jean-Pierre Degue & Gervais Loko BÓSNIA E HE R ZEGÓVINA Vojtech Cerný & Anela Cavdar BR ASIL Ligia
Helena Hahn Lüchmann & Wagner Romão BURQUINA FASO Hermann Doanio & David Jimmy Kere CAMARÕES Achille Noupeou
CANADÁ Loren Peabody CA ZAQUISTÃO Zaifun Yernazarova C HILE Egon Montecinos, Manuel Carrasco & Marceo Rojas C HINA
Li Fan & Xiang Hao COLÔMBIA Ricardo Jaramillo Rincon CORE IA DO SUL Hae-In Lee & Seung Bo Shin COSTA DO MARFIM Jean
Jacques Yapo & Aman Jean Pierre N’Gbesso COSTA RICA Manuel Valle Cornacchini C ROÁC IA Alisa Aliti Vlašic & Jelena Brbora
EGIP TO Sara Eid ESCÓC IA Fiona Garven, Katey Tabner & Katie Brown ESLOVÁQUIA Alexandra Hrabinová & Barbara Gindlová
ESLOVÉ NIA Matic Primc ESPANHA Marta Barros, Andrés Falck, Francisco Francés & Antonia Morillas ESTADOS UNIDOS DA
AMÉ RICA Loren Peabody ESTÓNIA Kristina Reinsalu FINL ÂNDIA Marianne Pekola-Sjöblom, Päivi Kurikka & Sirkka-Liisa Piipponen
FR ANÇA Antoine Bézard GEÓRGIA Urszula Majewska & Volodymyr Abramiuk GUINÉ CECIDE Centre du Commerce Internacional
pour le Développement INGL ATE RR A E PAÍS DE GALES Jez Hall ÍNDIA Stephanie Tawa Lama-Rewal IRL ANDA Laura Shannon
IRL ANDA DO NORTE Louise O’Kane ISL ÂNDIA Sigurlaug Anna Jóhannsdóttir ITÁLIA Stefano Stortone MADAGÁSCAR Herilala
Axel Fanomezantsoa MALI Aboubacar Sangare MAURITÂNIA Ibrahima Niang MÉXICO Guillermo M. Cejudo, Oliver Meza & Cynthia
Michel MOLDÁVIA Dumitru Budianschi MOÇAMBIQUE Dénice Paulo Jamo NÍGE R Zakari Ibrahim NIGÉ RIA Sulaimon Adigun Muse
NORUEGA Sveinung Legard PE RÚ Rocío del Pilar Béjar Gutiérrez POLÓNIA Dorota Bednarska-Olejniczak & Jaroslaw Olejniczak
PORTUGAL Nelson Dias, Simone Júlio & Rafaela Cardita QUÉ NIA Eliza Meriabe RE PÚBLICA C HECA Ekaterina Petrikevich & Tomas
Rakos RE PÚBLICA DEMOC R ÁTICA DO CONGO Godefroid Misenga Milabyo RE PÚBLICA DOMINICANA Genrry Edmundo Gonzalez
Molina RE PÚBLICA DO CONGO OBA Denis - Bertrand ROMÉ NIA Bogdan Viorel Barbu RÚSSIA Ivan Shulga & Anna Sukhova
SE NEGAL Massaugui Ndiaye & Bachir Kanoute SRI L ANK A Chamara Kurruppu & Dayananda Ambalangodage SUÉC IA Anders Nordh
TAIWAN Hsin-Yi Yeh TOGO Sôssô Takougnadi & Eric Ilboudo TUNÍSIA Guidara Ahmed & Kouraich Jouahdou UC R ÂNIA Donos
Leonid URUGUAI Alicia Veneziano Esperón & Mariano Suárez Elías. Tiago Peixoto

Membros da equipa do Atlas responsáveis pela recolha de dados de vários países africanos: Mamadou Bachir Kanoute e Khadim
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Gueye, da Enda Ecopop, parceiro desta publicação.

4
ÍNDICE

6 Apresentação

7 Metodologia

ÍNDICES
_
12 Índices

16 Orçamentos Participativos no Mundo

ANÁLISE GLOBAL
_
25 A Grande Suspensão

31 Reconceptualizar os Orçamentos Participativos para Ganhar


Sustentabilidade depois da Crise

37 Legislações sobre Orçamentos Participativos - Em Busca dos Equilíbrios

49 A Viagem nos Orçamentos Participativos no Mundo

DADOS ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS


_
59 África

111 América Central e Caribe

121 América do Norte

133 América do Sul

155 Ásia

187 Europa

261 Oceânia

5
APRESENTAÇÃO
_
O Atlas Mundial dos Orçamentos Participativos marcou um ponto de viragem na análise destes processos
à escala global. O trabalho realizado por uma vasta rede de autores permitiu produzir o mapeamento
estatístico mais amplo levado a cabo até ao momento, desafiar eleitos, investigadores e ativistas a refletirem
sobre as características dos territórios onde essas iniciativas se desenvolvem, recorrendo para o efeito a
vários índices internacionais, bem como identificar e estudar as legislações nacionais existentes.

Apesar dos expressivos resultados alcançados, o Atlas foi sempre perspetivado como um produto em aberto e
um processo em construção. Esta é a razão pela qual a segunda edição, que aqui se apresenta, vai muito além
da mera atualização de dados. Idealizada num contexto pré-pandémico, esta publicação teve, no entanto, de
ser reequacionada nos conteúdos e no calendário de elaboração. A equipa de coordenação e a rede de mais
de 100 autores provenientes de 65 países trabalharam ao longo dos últimos dois anos numa publicação que
pretende continuar a marcar a diferença, produzir novos conhecimentos e voltar a desafiar a comunidade
internacional relativamente a temas estruturantes.

Em termos de conteúdos, este Atlas aprofunda dois assuntos que transitam da edição anterior e acrescenta três
totalmente novos. Um dos que volta a merecer atenção por parte da equipa é referente ao estudo das legislações
nacionais sobre os orçamentos participativos (OP), com informações atualizadas sobre os diferentes tipos de
normativos legais e a primeira proposta de categorização destes instrumentos de regulação.

Continua também a merecer atenção a leitura de índices internacionais, amplamente reconhecidos,


visando compreender as particularidades e as características dos territórios onde se desenvolvem os
orçamentos participativos. Foram utilizados para este trabalho os mesmos barómetros da edição transata,
nomeadamente: índice de democracia, índice de perceção da corrupção; índice de desenvolvimento humano
e índice de felicidade. Adicionalmente, para enriquecer a leitura, foram introduzidos pela primeira vez os
dados referentes ao índice de paz e ao índice de terrorismo.

Uma das novidades deste Atlas passa incontornavelmente por uma análise dos impactos da pandemia da
Covid-19, com dados estatísticos muito abrangentes e um estudo qualitativo sobre as tendências e os modelos
adotados pelos OP ao longo da presente crise sanitária, bem como com a clarificação de alguns desafios que
se colocarão a estas iniciativas nos próximos anos.

Para os autores, uma das consequências destes quase dois anos de pandemia é a evidenciação de um
afunilamento conceptual dos orçamentos participativos, que não tem sido capaz de acompanhar a
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evolução e a diversificação dos processos, pelo que se considerou oportuno avançar com uma proposta de
reconceptualização destas iniciativas, que desafia a comunidade internacional e as entidades promotoras
a rever os ciclos de decisão e de implementação de prioridades. Em termos práticos, considera-se que a
definição de OP comumente utilizada é hoje insuficiente para explicar os fenómenos em curso.

Esta segunda edição do Atlas apresenta também um trabalho inédito sobre os designados “fluxos de
disseminação”, que permitiu identificar os principais polos de influência na divulgação dos OP no mundo ao
longo das últimas três décadas. As conclusões deste estudo permitem compreender de uma forma muito visual
as inúmeras relações de cooperação estabelecidas entres países, bem como identificar diferentes “ondas de
propagação” dos orçamentos participativos, às quais tendem a corresponder distintos modelos de participação.

Para além dos temas expostos, esta publicação aporta também uma atualização estatística dos orçamentos
participativos no mundo, com fichas detalhadas de 65 países, das quais 12 correspondem a territórios não
representados na primeira edição do Atlas.

6
METODOLOGIA

_
O Atlas Mundial dos Orçamentos Participativos é uma publicação invulgar, pelo objeto a que se
dedica, pela sua ambição e pelos resultados alcançados, bem como por emergir da colaboração
voluntária de mais de 100 autores, oriundos de 65 países.

Um trabalho desta natureza, sobretudo pela sua amplitude, não está isento de erros. O produto
final não é perfeito, nem completo, mas seguramente que os resultados apresentados são
globalmente consistentes e credíveis. As conclusões apresentadas, no que respeita às grandes
tendências verificadas ao nível dos orçamentos participativos no mundo, são altamente
confiáveis, embora sempre sujeitas a melhorias e contributos diversos.

O estudo levado a cabo assenta numa metodologia simples e linear, baseada num conceito
partilhado de orçamento participativo, num questionário e em indicadores comuns a todos os
envolvidos, bem como numa pesquisa bastante extensiva de casos, como se expõe de seguida.

CONC E ITO
O Atlas está alicerçado numa definição técnica de OP, que honra três características essenciais:

- Ser um processo que envolve o todo ou uma parte do orçamento de uma instituição;
- Prever que as prioridades a executar com o valor em apreço são decididas pelos
cidadãos envolvidos;
- Garantir a cabal execução das deliberações dos participantes.

Esta abordagem compromete todos os autores com a identificação de orçamentos


participativos considerados deliberativos, segundo os quais a sociedade tem o poder de
apresentar e decidir os projetos a implementar, excluindo, por isso, desta análise as derivas
consultivas que por vezes acontecem em alguns territórios.

Esta abordagem mais metodológica foi adotada como preferencial, para evitar
posicionamentos conceptuais que recorrem a termos mais teóricos ou vagos, sujeitos a
interpretação por vezes dispares em função das culturas políticas e institucionais de cada país.

A definição proposta necessita, no entanto, de ser densificada para permitir a diferenciação


dos processos com base em duas variáveis, normalmente negligenciadas nas interpretações
mais clássicas de OP:

- O tipo de instituição. Embora a maioria das iniciativas seja promovida por governos
locais, é importante ter em conta experiências organizadas por diferentes níveis de
governo, tais como o regional, o estatal e o nacional. Do mesmo modo, os processos
desenvolvidos por outras entidades públicas ou privadas também foram contemplados,
tais como universidades, escolas, associações, organizações profissionais e empresas;

7
- Os participantes. Dentro da enorme variedade de modelos OP existentes, o mais comum
continua a ser o de acesso universal, que como a designação indica se trata de um processo
aberto a indivíduos de um determinado território ou instituição. Contudo, as iniciativas
destinadas a públicos mais específicos foram igualmente tidas em conta no Atlas, como por
exemplo as dirigidas a determinados grupos sociais, como os jovens, mulheres, imigrantes,
etc.; ou a públicos mais precisos, como os estudantes de uma escola, os funcionários de
uma entidade, os membros de uma associação, entre outras opções. Incluem-se ainda neste
âmbito os processos os designados mini-públicos, normalmente constituídos por elementos
representativos de uma comunidade, selecionados por método de sorteio.

QUESTIONÁRIO
A fim de recolher a informação pretendida sobre os orçamentos participativos nos diferentes
países, a coordenação do Atlas elaborou um questionário e o respetivo guião de apoio ao
preenchimento. Esses foram disponibilizados a todos os autores, em formato digital, tendo
estes optado por um dos quatro idiomas disponíveis, nomeadamente, espanhol, francês, inglês
e português. As respostas foram igualmente asseguradas em função da língua mais acessível
para cada membro da rede, tendo a tradução das respostas ficado a cargo da coordenação.
O questionário é composto por quatro grandes áreas de informação. A primeira é totalmente
dirigida para a obtenção de dados numéricos relativos aos orçamentos participativos em
cada país, com o objetivo de responder aos indicadores expostos na tabela seguinte.

Tabela 1 – Indicadores quantitativos tratados no Atlas Mundial dos Orçamentos Participativos

Indicador de nível 1 Indicadores de nível 2 Indicadores de nível 3

Nº de OP promovidos grandes
cidades (mais de 1 milhão de
Nº de OP promovidos por habitantes)
governos locais
Nº de OP promovidos por
cidades capitais

Nº de OP promovidos por
Nº. total de OP ativos governos regionais ou estaduais

Nº de OP promovidos por
governos nacionais
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Nº de OP promovidos por
outros tipos de entidades
(escolas, universidades,
associações, etc.)

Os indicadores expostos são os mesmos que foram introduzidos na primeira edição do Atlas,
o que permite manter uma estrutura comum de informação, tendo em vista assegurar a
comparabilidade dos dados ao longo de diferentes séries temporais.

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A segunda área do questionário é composta por questões abertas e dirigidas a dois temas
concretos, nomeadamente:

- A identificação de legislações nacionais sobre os orçamentos participativos. Este trabalho


dos autores permite à coordenação do Atlas assegurar o mapeamento destes elementos,
mas também a subsequente pesquisa das leis em apreço, tendo em vista a sua leitura e
análise detalhadas;
- O destaque das principais inovações em curso em cada país, o que permite a cada autor
priorizar os elementos que, em seu entender, são merecedores de leitura mais internacional.

A terceira área do questionário é dedicada à compreensão dos efeitos da pandemia da Covid-19


no regular desenvolvimento dos orçamentos participativos, tendo os autores sido desafiados a
distribuir os processos pelas três principais tendências, a saber:

- OP que foram suspensos, ou seja, cuja atividade foi interrompida em virtude das medidas
de combate à crise sanitária;
- OP que funcionaram normalmente, ou seja, que não viram o seu desenvolvimento afetado
durante este período;
- OP que sofreram alterações ou adaptações metodológicas, como forma de garantir as
respetivas atividades no contexto de pandemia.

Adicionalmente, a coordenação do Altas efetuou um trabalho de pesquisa bastante extenso sobre


práticas concretas de OP em mais de cinquenta países, tendo em vista compreender os modelos
adotados para a adaptação destes processos às restrições impostas pelas inúmeras medidas de
contenção do novo coronavírus SARS-Cov-2. É com base neste trabalho que se tornou possível
traçar um quadro global dos impactos da Covid-19 nos orçamentos participativos.

A quarta área do questionário está vocacionada para a perceção das dinâmicas de


disseminação do OP, em particular, de identificação dos países que têm servido de influência
na transferência de modelos para outros territórios. Este trabalho permitiu criar “nuvens de
relações” e compreender as diferentes vagas de “contágio” verificadas ao longo das cerca de
três décadas de viagem dos orçamentos participativos pelo mundo.

A informação solicitada no questionário foi utilizada para responder a dois produtos principais:
i) a criação das fichas dos países, cujos dados e os conteúdos são dos respetivos autores; ii) a
produção das estatísticas globais, a cargo da equipa de coordenação.

Por último, sempre que a informação fornecida pelos autores oferecia dúvidas ou apresentava
incongruências, a coordenação do Atlas solicitou esclarecimentos adicionais e a retificação dos
elementos em apreço.

FASES
A elaboração deste Atlas foi assegurada ao longo de oito fases, como se expõe de seguida.

1. Definição dos temas a tratar nesta edição (1 trimestre de 2020). Depois de um processo de

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auscultação, a coordenação decidiu orientar o Atlas para os cinco assuntos em destaque,
nomeadamente: os impactos da pandemia; a reconceptualização do OP; a identificação
e estudo das legislações nacionais; o mapeamento e a análise dos fluxos de influência; a
distribuição dos OP em função de uma bateria de índices internacionais;
2. Construção do questionário (abril de 2020). Este foi desenhado com uma dupla
preocupação: ser realista relativamente aos dados que solicita e colocar as questões
essenciais que permitam a recolha de dados referentes aos temas a abordar no livro;
3. Consolidação da rede de autores (abril de 2020 até ao presente). Parte significativa desta rede
transitou da edição transata do Atlas e foi alargada com novos elementos, muitas vezes com
recurso ao método de bola de neve, através de recomendações de diversos colegas e parceiros;
4. Recolha de dados ao nível de cada país (entre abril e janeiro de 2021). A pandemia dificultou
enormemente a recolha de dados em alguns países, por razões que se prendem com a
escassa informação em determinados contextos e ao estado de expectativa e incerteza
de inúmeras iniciativas de OP relativamente ao futuro mais imediato. Este cenário levou
a equipa de coordenação a alargar o período de obtenção da informação. Considerou-
se sensata esta decisão, por se privilegiar a qualidade e a robustez do conhecimento a
produzir, em detrimento da urgência de divulgar informação especulativa.
5. Pesquisa de práticas em contexto de pandemia (entre junho de 2020 e junho de 2021).
Este trabalho foi efetuado com recurso a duas técnicas: recolha e análise de informação
disponível online; realização de videoconferências com equipas promotoras de processos
de OP em mais de cinquenta países de todos os continentes;
6. Recolha de informação referentes aos índices utilizados neste Atlas (entre fevereiro
de 2020 e maio de 2020). À imagem da anterior edição, a atual continua a recorrer aos
índices de democracia, desenvolvimento humano, perceção da corrupção e felicidade.
Adicionalmente introduziram-se os índices da paz e do terrorismo;
7. Tratamento da informação recolhida (entre maio de 2020 e julho de 2021), em particular através
dos índices, dos questionários e da pesquisa qualitativa sobre OP em contexto de pandemia.
8. Análise da informação e produção de conclusões (julho a outubro de 2021).

PAÍSES
É de ressaltar o crescimento do número de países e de autores da primeira para a segunda
edição do Atlas. Assim, integram a atual publicação 65 Estados, dos quais 12 são novos, a saber:

- Albânia
- Bósnia e Herzegóvina
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- Guiné
- Inglaterra e País de Gales
- Irlanda
- Irlanda do Norte
- Mali
- Mauritânia
- Noruega
- Quénia
- Sri Lanka
- Tunísia

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Assinala-se igualmente o facto de, por diversas razões, não ter sido possível obter respostas dos
autores sedeados nos seguintes países:

- Dinamarca
- Equador
- Guatemala
- Indonésia
- Lituânia
- Panamá

Independentemente desta situação, os dados estatísticos referentes à Indonésia e ao Equador


foram contemplados no presente Atlas, na medida em que são países com legislações nacionais
que tornam obrigatória a adoção do OP por parte dos governos locais.

Após uma análise e verificação mais detalhadas das informações referentes aos orçamentos
participativos no Japão, considerou a coordenação retirar este país do Atlas, por se concluir
que não existem elementos suficientemente robustos, que permitam corroborar os dados
fornecidos pelo autor local. Esta advertência foi efetuada na edição transata, embora se tenha
optado por contemplar e publicar os elementos fornecidos.

A presente edição do Atlas volta a recorrer a um conjunto de índices internacionais, como


forma de aferir algumas características relevantes dos territórios onde se desenvolvem
os orçamentos participativos. Assim, foram atualizados os dados referentes ao Índice de
Democracia, ao Índice de Perceção da Corrupção, ao Índice de Desenvolvimento Humano e ao
Índice de Felicidade. Esta revisão de valores originou uma redistribuição dos países abrangidos
pelo Atlas em função dos diferentes parâmetros estudados.

Adicionalmente, acrescentaram-se dois novos elementos de análise, nomeadamente, o Índice


Global da Paz e o Índice Global do Terrorismo, a fim de permitir novas leituras referentes às
particularidades dos países onde têm lugar os OP considerados na presente edição.

Também a população de cada país foi atualizada, de acordo com dados disponibilizados pelo
Banco Mundial referentes a 20191.

No que respeita ao Reino Unido, as informações sobre a Escócia, a Irlanda do Norte e Inglaterra
e País de Gales são apresentadas separadamente, pois essa é metodologia adotada por alguns
dos índices e pelo próprio Atlas2.

1 Disponível em https://data.worldbank.org/indicator/SP.POP.TOTL.
2 Os dados referentes à população destes territórios foram recolhidos através do Instituto Nacional de Estatística
Britânico, disponível em https://www.ons.gov.uk.

11
ÍNDICES
_
ÍNDICE DE DEMOCRACIA3
Conforme exposto, o Atlas _

2020 recorre a seis índices O Índice de Democracia da Economist Intelligence Unit tem como base
metodológica as seguintes categorias: processo eleitoral e pluralismo,
internacionais. Importa funcionamento do governo, participação política, cultura política, e
clarificar que o objetivo liberdades civis. Estas reúnem cerca de 60 indicadores, aos quais é
atribuída uma pontuação para cada país, numa escala de 0 a 10, o que
deste trabalho não passa por permite distribuir os Estados por quatro tipos de regime:

retirar quaisquer conclusões - Democracias perfeitas (+ de 8 pontos);


relativamente à qualidade dos - Democracias imperfeitas (+ de 6 ≤ e igual a 8);
- Regimes híbridos (+ de 4 e ≤ a 6);
orçamentos participativos, - Regimes autoritários (≤ a 4).
mas antes compreender
Em 2019, a 12ª edição deste índice concluiu que cerca de 48,4% da
algumas das principais população mundial vivia em contexto democrático, embora apenas
5,7% residia de facto numa “democracia perfeita”. Por outro lado, mais
características dos territórios de um terço da população habitava em regimes autocráticos.
onde esses processos se
Os orçamentos participativos em estudo, no ano de 2019, eram
desenvolvem, lançando maioritariamente desenvolvidos em países classificados como
eventuais pistas e desafios democracias imperfeitas, totalizando aproximadamente 60% do total
(6.038). Dos 25 países responsáveis por estes números, 9 localizam-se
de pesquisa à comunidade na Europa, 2 na América do Norte, 1 na América Central e Caribe, 6 na
internacional. América do Sul, 2 em África e 5 na Ásia.

Comparativamente aos dados recolhidos na edição transata, assiste-se


a um aumento dos orçamentos participativos localizados em países
classificados como democracias perfeitas, que representavam apenas
cerca de 5,0% dos casos em 2018 e 25% em 2019. Esta alteração deve-se,
no essencial, à reclassificação de um ou mais países com relevância
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em termos do número de orçamentos participativos, como é o caso de


Portugal, que em 2018 estava posicionado na categoria de “democracia
imperfeita”, tendo ascendido a “democracia perfeita” em 2019.

Importa também destacar que os OP realizados em países com regimes


híbridos como autoritários sofreram um acréscimo entre os dois anos em
análise, passando de 4,8% para 7,2% e 5,1% para 8,2% respetivamente.

3
Economist Intelligence Unit (2020) Democracy Index 2019: A Year of democratic setbacks and popular protest. Disponível em www.eui.com.
4
Corruption Perceptions Index (2019), da Transparência Internacional. Disponível em www.transparency.org/cpi.
5
UNDP. 2019. Human Development Report 2019. Beyond income, beyond averages, beyond today: Inequalities in human development in the 21st
century. Nova Iorque. Disponível em http://hdr.undp.org/en/content/human-development-report-2019.

12
ÍNDICE DE PERCEÇÃO DA CORRUPÇÃO 4 ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO5
_ _
Este é calculado a partir de 13 fontes de dados Trata-se de um índice composto, focado em três dimensões básicas
e 12 instituições independentes, especializadas do desenvolvimento humano: i) a capacidade de levar uma vida longa
em governação e análise do clima empresarial, e saudável, medida através da esperança de vida à nascença; ii) a
que captam as perceções da corrupção no setor capacidade de adquirir conhecimentos, avaliada pelo número médio
público. Essas bases de dados são padronizadas de anos de escolaridade expetáveis e o número médio de anos de
numa escala de 0 a 100, em que 0 representa o escolaridade das pessoas com idade igual ou superior a 25 anos; iii) a
nível mais alto de corrupção percebida e 100 capacidade de alcançar um padrão de vida digno, calculada a partir do
equivale ao mais baixo. rendimento nacional bruto per capita.

Os principais resultados para o ano de 2019 As classificações dos países têm por base limiares fixos do IDH, que derivam
indicam que pouco ou nada se tem feito dos quartis de distribuição dos seus indicadores. Os patamares são:
para melhorar o combate à corrupção.
Dois terços dos países analisados tem uma - IDH baixo (- de 0,550)
pontuação abaixo de 50 e cada estado tem uma - IDH médio (entre 0,550 e 0,699)
classificação média de 43. A Europa Ocidental - IDH elevado (entre 0,700 e 0,799)
e União Europeia apresentam a melhor - IDH muito elevado (≥ a 0,800)
performance em termos regionais, ou seja, 66,
enquanto a África Subsaariana atinge apenas, As cinco mensagens principais que emanam do Relatório de
em média, 32 em 100. Desenvolvimento Humano de 2019 são as seguintes: i) as disparidades
permanecem universalizadas apesar da melhoria na redução das
A distribuição dos OP, tendo por base os países situações limite; ii) o surgimento de uma nova geração de desigualdades
em que esses se desenvolvem, é semelhante centrada nas capacidades avançadas, apesar da melhoria registada nas
tanto para aqueles que apresentam uma básicas; iii) as desigualdades acumulam-se ao longo da vida, traduzindo
menor perceção da corrupção, como para desequilíbrios de poder; iv) a necessidade de revolucionar a forma de
os que evidenciam níveis muito elevados, medir o desenvolvimento humano; v) a carência de ação imediata,
ou seja, cerca de 2,6%. A grande maioria dos para correção das desigualdades, antes que as disparidades no poder
OP centra-se em nações cuja classificação económico se cristalizem politicamente.
é intermédia, mas positiva, dos 51 aos 75,
representando 50% (5.045) do universo em Estando o maior número dos OP localizado no continente europeu
estudo. Os restantes 45% (4.513) localizam-se e sendo neste que se concentram os países melhor classificados em
em territórios cuja perceção da corrupção é termos de desenvolvimento humano, não constitui uma surpresa que
elevada, ou seja, entre 26 e 50. cerca de 58% sejam desenvolvidos em nações com IDH muito elevado.
Com 34,3% dos OP surgem os territórios de IDH elevado. Por outro lado,
Comparando estes novos dados com os da apenas 1,2% dos OP são levados a cabo por estados com IDH médio e
edição anterior, é possível aferir que houve 6,5% com baixo. Assim, se conclui que quanto maiores as desigualdades
uma transição dos OP para países com níveis num determinado país, menor a probabilidade de serem desenvolvidos
mais baixos de perceção da corrupção, ou seja, processos de orçamento participativo.
territórios classificados entre 0 e 25 passaram
de 6% para 2,6%, dos 26 aos 50 de 37% para Comparando os dados deste ano com os da edição anterior, regista-se
45%, dos 76 aos 100 de 2% para 2,6%. Apenas um aumento de OP implementados por países de desenvolvimento
nos países com pontuações entre os 51 e 75 se humano elevado, de aproximadamente 29% para 34%, e por nações
registou uma redução de 10 pontos percentuais. de baixo IDH, demonstrando um aumento de 1,5 pontos percentuais.
Registou-se uma ligeira quebra em OP provenientes de estados com IHD
muito elevado, e acentuada nos que possuem um IDH médio, passando
de cerca de 7,6% para 1,2%.

13
ÍNDICE MUNDIAL DE FELICIDADE 6 ÍNDICE GLOBAL DA PAZ7
_ _
É uma medição anual da felicidade dos cidadãos Este classifica 163 estados e territórios independentes de acordo com o
em 156 países, publicada pela Rede de Soluções seu nível de paz, utilizando 23 indicadores qualitativos e quantitativos
para o Desenvolvimento Sustentável das Nações de fontes altamente respeitadas, que são distinguidos em duas
Unidas. As variáveis contempladas revelam categorias: paz interna e paz externa. As mencionadas unidades de
uma pontuação média ponderada por população medida foram avaliadas segundo três áreas temáticas, nomeadamente:
numa escala de 0 a 10, em que 0 representa a
pior vida possível e 10 a melhor vida possível. - Conflito nacional e internacional, que averigua se os países estão
Atualmente, essas variáveis incluem: PIB per envolvidos em conflitos internos e externos, bem como a duração
capita real, assistência social, expectativa de da sua implicação e o papel que desempenham;
vida saudável, liberdade para fazer escolhas, - Segurança e proteção da sociedade, que avalia o nível de harmonia
generosidade e perceção da corrupção. e discórdia dentro da nação, tendo em conta 10 indicadores distintos
relacionados com a violência, a criminalidade, a instabilidade política
Segundo dados do relatório, a receita para e as forças de segurança
uma felicidade generalizada dos cidadãos - Militarização, que reflete sobre a ligação entre o estado de
é bastante simples, sendo algo tipicamente desenvolvimento militar de um país, o acesso a armas e o nível de
presente nos países que ocupam os lugares tranquilidade, em termos nacionais e internacionais.
cimeiros do ranking: assegurar instituições
públicas de elevada qualidade, sem corrupção, As principais conclusões relativas ao Índice Global da Paz 2019
capazes de entregar o que prometem e revelam uma ligeira melhoria do nível médio da paz global, pela
generosas ao cuidar da população perante as primeira vez em cinco anos. No entanto, o mundo permanece
mais variadas adversidades. consideravelmente menos pacífico do que há uma década atrás,
devido a vários fatores, entre os quais o aumento do terrorismo, a
Com base nos dados recolhidos, conclui-se intensificação dos conflitos no Médio Oriente, as tensões regionais
que 99,7% dos OP são desenvolvidos por países crescentes na Europa de Leste e Nordeste da Ásia, o incremento do
que se inserem nos dois melhores níveis deste número de refugiados e tensões políticas aumentadas entre a Europa e
índice, ou seja, cuja classificação se situa entre os Estados Unidos. Pela positiva, salienta-se uma redução progressiva
8.0 e 6.1 e 6.0 e 4.1. Os restantes 0,3% estão do peso da despesa militar no PIB de um grande número de países.
localizados em 5 territórios no escalão de 4.0 a
2.1, entre os quais 4 africanos e 1 asiático. No que concerne à distribuição dos OP, cerca de 19% pertencem a nações
com um nível de paz muito elevado e 46% elevado. Com um peso ainda
O índice não sofreu alterações significativas bastante significativo, nomeadamente 23%, encontram-se os OP de
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

face ao ano anterior, pelo que as ligeiras territórios classificados no índice com o grau médio. Os restantes 7,5%
mudanças detetadas devem-se exclusivamente dos casos estão sedeados em 17 estados com baixo ou muito baixo nível de
à inclusão de novos países nesta edição do Atlas. paz, entre os quais 11 africanos.

6
World Happiness Report 2020, Sustainable Development Solutions Network, Nova Iorque. Disponível em https://worldhappiness.report.
7
Global Peace Index 2019: Measuring Peace in a Complex World, Sydney. Disponível em http://visionofhumanity.org/reports.
8
Global Terrorism Index 2019: Measuring the Impact of Terrorism, Institute for Economics & Peace, Sydney. Disponível em http://visionofhumanity.
org/reports.

14
ÍNDICE GLOBAL DO TERRORISMO8
_
Este classifica 163 países com base em 4 indicadores ponderados ao longo de
TOTAL DE OP
5 anos. A pontuação do Índice Global de Terrorismo atribuída a cada estado
baseia-se num sistema que tem em conta o impacto relativo de incidentes
terroristas durante um ano. São para o efeito utilizados quatro indicadores:

- Número total de incidentes terroristas; OP PROMOVIDOS POR


GOVERNOS LOCAIS
- Número total de fatalidades causadas por terroristas;
- Número total de ferimentos causados por terroristas;
- Avaliação dos danos patrimoniais totais resultantes de incidentes terroristas.

O relatório indica como principais conclusões: i) o declínio do número de mortes OP PROMOVIDOS POR
relacionadas com o terrorismo pelo quarto ano consecutivo; ii) os Talibãs surgem GOVERNOS REGIONAIS
E ESTADUAIS
como grupo terrorista mais mortífero, responsáveis por 38% das mortes; iii)
na Europa registou-se uma redução de 70% das mortes; iv) o incremento no
terrorismo de extrema-direita na Europa Ocidental, América do Norte e Oceânia
pelo terceiro ano consecutivo.
OP PROMOVIDOS POR
Este índice apresenta seis níveis, sendo estes: muito elevado, elevado, médio, GOVERNOS NACIONAIS

baixo, muito baixo e sem impacto. A maioria dos OP (31%) ocorre em países
com grau muito baixo de terrorismo e 29% com risco baixo. Cerca de 20% estão
localizados em países de risco médio, 2,4% alto e apenas 0,2% em territórios OP PROMOVIDOS POR OUTROS
com índice de corrupção muito elevado. Aproximadamente 17% dos OP são TIPOS DE INSTITUIÇÕES
desenvolvidos em nações em que não existe impacto do terrorismo, ou seja,
Costa Rica, Eslovénia, Togo, Portugal, Croácia, Roménia e Benim.

Este índice, tal como o anterior, não foi analisado na edição transata e, por isso, OP PROMOVIDOS POR
não dispomos de meios de comparação. GRANDES CIDADES (+ DE 1
MILHÃO DE HABITANTES)

Efetuada a distribuição dos orçamentos participativos em função dos índices


expostos, é possível concluir que a maioria está localizada em territórios com:

- Democracias imperfeitas (59,89%) OP PROMOVIDOS POR


- Nível médio de perceção da corrupção (50,04%) CIDADES CAPITAIS

- Índice de desenvolvimento humano muito elevado (58,00%)


- Alto nível de felicidade da população (63,93%)
- Índice global da paz elevado (45,69%)
- Índice global de terrorismos muito baixo (31,21%) PAÍS COM LEI NACIONAL DE OP

15
ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
NO MUNDO
TABE L A 2 – ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS NO MUNDO (N º.)
_

Período Totais de OP ativos


9
Este número é calculado com base nos questionários preenchidos
pelos autores e correspondem a 53 países e 8.867 dos 10.081
Antes da pandemia - 2019 10 081 orçamentos participativos que se encontravam ativos antes da
pandemia. Isto significa que os processos suspensos foram calculados
com base em 88% do total de OP diagnosticados no ano de 2019. Não
Durante a pandemia - 2020 4 0329 correspondem, assim, à globalidade das iniciativas, mas equivale a
uma amostra muito expressiva e muito próxima do total.

TABE L A 3 – ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS POR CONTINE NTES (N º.)


_

África América Central e Caribe América do Norte América do Sul

815 98 192 2 416

TABE L A 4 – ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS PROMOVIDOS POR


_

Governos Locais Cidades Capitais


(por continentes, no.) (por continentes, no.)

África 727 49
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

América Central e Caribe 98 21

América do Norte 105 9

América do Sul 2 342 53

Ásia 1.241 40

Europa 3 462 49

Oceânia 1 0

Total 7.976 221

16
Ásia Europa Oceânia Total

1 446 5 113 1 10 081

Grandes Cidades Governos Regionais e Estaduais Governos Nacionais, Outros Tipos de Instituições
(por continentes, no.) (por continentes, no.) (por continentes, no.) (por continentes, no.)

33 26 0 36

0 0 0 0

45 2 0 85

19 59 0 15

70 204 1 0

47 33 3 1 615

0 0 0 0

214 324 4 1.751

17
N

E
EA NO GL
OC AC
IA

192 *-128 **

5113 *-2209 **

O
IC
T
N
O
C

Â
L
EA

T
A
NO

O
N
EA
PA

OC

FI
C
O

98 *-90 **
OC
E

A
2
10081*-4032 **

N
O
ATL
ORÇAME NTOS
PARTIC IPATIVOS
NO MUNDO

 NT
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

IC
O
* ANTES DA PANDEMIA 2019
** DURANTE A PANDEMIA 2020
2416 *-390 **
1 EUROPA 5 AMÉRICA DO NORTE
2 AMÉRICA DO SUL 6 AMÉRICA CENTRAL E CARIBE
3 ÁSIA 7 OCEÂNIA
4 ÁFRICA

ANO GL A
CE
**
Este número é calculado com base nos questionários preenchidos
pelos autores e correspondem a 53 países e 8.867 dos 10.081 O
orçamentos participativos que se encontravam ativos antes da
pandemia. Isto significa que os processos suspensos foram calculados
com base em 88% do total de OP diagnosticados no ano de 2019. Não
correspondem, assim, à globalidade das iniciativas, mas equivale a
uma amostra muito expressiva e muito próxima do total.

18
R Á RTICO
3

1446 *-777 **

O
IC
F
Í
C
A
P
O
N

A
OCE

4
OCEA
N
O
ÍN
D
ICO

815 *-428 **

1*-0 **

AC
IA
R CO
ANTÁ RTI

19
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

20
ANÁLISE
GLOBAL

23
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

24
A GRANDE SUSPENSÃO

TE NDÊ NC IAS DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS DUR ANTE A PANDEMIA DA COVID -19
_
É inquestionável que o novo coronavírus infetou as democracias, levando os seus decisores políticos
a impor medidas sem precedentes. A crise sanitária gerou uma onda de regressão das liberdades e
direitos cívicos em larga escala, embora com geometrias e intensidades variáveis.

Dentro dos limites constitucionais, alguns Estados optaram por exercer a legítima autoridade
democrática, deixando claro que as medidas excecionais impostas seriam de caráter temporário.
Outros aproveitaram esta crise para reforçar derivas autocráticas, o que significou uma restrição mais
ampla e duradora das liberdades individuais e coletivas.

A pandemia serviu de base à adoção de políticas públicas inéditas na nossa história coletiva. Decisões
para muitos impossíveis ou inimagináveis foram tomadas, com o objetivo de salvaguardar vidas e em
simultâneo ventilar a economia.

Os estados de emergência, de alarme ou de exceção, mais ou menos longos, representaram períodos


de elevada intensidade institucional, com os órgãos governativos a adotarem inúmeras e complexas
decisões políticas em muito pouco tempo. Paradoxalmente, tudo foi feito com as pessoas fechadas em
casa, assumindo o papel de espectadoras de um filme com final incerto. Tudo feito em nome delas,
sem que delas algo fosse solicitado, para além de permanecerem nos seus lares à espera de mais um
anúncio de medidas a adotar. Foi assim dos regimes autocráticos às democracias perfeitas.

Num contexto como este, de imposição de regras restritivas às liberdades de circulação e outras, os
mecanismos de participação cidadã foram altamente penalizados. Perdeu-se intensidade na vida coletiva,
nas formas de diálogo e de interação entre as instituições e as populações e desta consigo mesma.

Os orçamentos participativos não foram exceção. A crise sanitária e a consequente adoção de


medidas de confinamento levaram uma parte substancial dos governos e demais instituições a
interromper os seus processos, o que nos permite designar a dinâmica daqui resultante como a “grande
suspensão”. Em pouco mais de 30 anos de Orçamentos Participativos no Mundo, a tendência foi
sempre de crescimento, com o saldo de novas iniciativas a suplantar largamente as que fracassaram.
O ano de 2020 marcou a primeira grande inversão deste movimento, com o número de processos
descontinuados a ultrapassar os que funcionaram e os que emergiram em plena pandemia.

Apesar dos impactos da Covid-19 nos países abrangidos pelo Atlas serem bastante diferenciados, o
balanço global é francamente negativo. São essencialmente três as tendências verificadas ao longo do
último ano e meio:

- Suspensão. A pandemia provocou, sem margem para quaisquer equívocos, a maior paralisação
de processos alguma vez registada. O impedimento de realizar encontros presenciais, algo
fundamental na natureza destas instâncias participativas, é a principal razão invocada para o
cancelamento das atividades.

25
De acordo com os dados recolhidos10, a suspensão afetou cerca de 55% das iniciativas que se
encontravam em curso nos territórios abrangidos.

Para sermos rigorosos, o que está em causa é a interrupção do ciclo de decisão, no qual cabem
normalmente as fases de apresentação, debate e deliberação pública sobre os investimentos a
realizar. Não se incluem neste âmbito as ações inerentes ao ciclo de execução. Muitos governos
locais aproveitaram inclusive a paragem dos processos para implementarem projetos pendentes,
recuperando algum passivo existente.

As regiões mais afetadas por esta onda suspensiva foram a América do Sul, com uma interrupção de
cerca de 80% das iniciativas, a Europa, com 53% de experiências afetadas, e a África, com cerca de 47%
dos casos interrompidos;

- Continuação. Cerca de 1/4 dos orçamentos participativos, mais propriamente 24%, viram
confirmada a sua continuidade, sem alterações provocadas pelo contexto pandémico. Tal
deve-se a uma diversidade de fatores, difíceis de enumerar exaustivamente, mas entre os quais
se assinalam: (i) a descoincidência temporal entre a realização das atividades de participação
presencial e a entrada em vigor de regras de isolamento social; (ii) a menor severidade
dos impactos da pandemia em determinados países; (iii) a desvalorização das autoridades
relativamente à pandemia, com a consequente permissão de atividades coletivas; (iv) a natureza
exclusivamente digital de alguns orçamentos participativos, que naturalmente não viram o seu
funcionamento afetado com a pandemia.

As regiões do planeta onde esta continuidade dos processos se verificou mais fortemente
foram a América do Norte, com 61%, e a Ásia, com aproximadamente 53% das iniciativas a
funcionar regulamente;

- Adaptação. A terceira via, encontrada por cerca de 21% dos OP, consistiu na manutenção
dos processos, embora num quadro de acomodação dos mesmos ao contexto da pandemia, o
que implicou a introdução de alterações metodológicas, entre as quais se destacam duas: (i) a
‘virtualização’ das iniciativas, o mesmo é dizer o ‘confinamento dos orçamentos participativos’
às ferramentas digitais e páginas de internet; (ii) a realização de encontros públicos ‘cara a cara’
regidos pelas normas sanitárias em vigor, impondo menor número de participantes, para garantir
o necessário distanciamento físico entre esses.

As regiões do globo onde esta vertente adaptativa dos orçamentos participativos se verificou com maior
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

intensidade foram a América Central e Caribe, em particular a República Dominicana, com 100% dos
casos em funcionamento, e a Ásia, com um pouco mais de 30% das iniciativas a optarem pela introdução
de ajustes que tornaram possível a continuidade dos processos.

10
Os dados expostos são referentes a 53 países e 8.867 OP, que correspondem a 88% do total de processos
diagnosticados pela rede de autores do Altas, o que equivale a um universo expressivo e muito próximo do total.

26
Gráfico 1 - Orçamentos Participativos no mundo em tempos de pandemia

13,4% 19,2%
18,0%
0,2%
28,9%
30,8%

28,6%
23,9%

61,0%

52,9%

47,1% 100,0% 25,6% 80,9% 16,3% 53,3% 100,0%

ÁFRICA AMÉRICA AMÉRICA AMÉRICA ÁSIA EUROPA OCEÂNIA


CENTRAL E CARIB E DO NORTE DO SUL

OP SUSPENSO S
OP CONTINUARAM S/ AL TERAÇÕES
OP CONTINUARAM C/ ALTERAÇÕES

Pelo exposto, compreende-se que a pandemia acarretou diferenciações nas dinâmicas dos orçamentos
participativos nos diversos continentes.

Os processos africanos foram bastante afetados pela Covid-19. Do total dos 19 países diagnosticados por
autores locais, foi possível obter informações de 16, dando conta que cerca de 47,1% dos OP foram suspensos,
28,9% continuaram com adaptações ao novo contexto e apenas 23,9% prosseguiram sem quaisquer
alterações. É, no entanto, conveniente clarificar que as tendências registadas não são uniformes aos
diferentes Estados. A título de exemplo, enquanto que no Benim, no Senegal e na República do Congo se
registou uma interrupção total das iniciativas, na Guiné e no Níger os OP não sofreram quaisquer impactos
no seu normal funcionamento.

O continente americano evidencia três realidades distintas:

- A norte registou-se um esforço para manter os OP ativos, pelo que apenas 25% dos processos foram
suspensos, valor que representa cerca de metade do verificado em termos globais. De assinalar
também que foi nesta região que se assinalou a percentagem mais elevada de OP a funcionar de
forma regular, nomeadamente 61%;
- Na área central, em particular na República Dominicana, regista-se que 100% dos OP foram
implementados com a introdução de ajustes nas metodologias;
- A sul é a região do planeta onde se verifica a mais elevada paralisação de processos. São mais de 1730
iniciativas afetadas pela crise sanitária, o que equivale a cerca de 80% dos OP que se encontravam ativos
no período pré-pandemia, 95% dos quais sedeados no Peru. Nesses incluem-se também a totalidade dos
OP chilenos e uma grande maioria das iniciativas argentinas.

Os orçamentos participativos asiáticos emergem como os menos afetados pela Covid-19, com apenas 16,3%
dos casos suspensos, o que significa que mais de 83% conseguiram garantir a sua execução, com ou sem

27
alterações aos procedimentos habituais. No quadro regional, apenas a Arménia, com um único OP, e o Sri
Lanka, registaram elevados níveis de interrupção, respetivamente 100% e 95%.

O quadro europeu foi igualmente muito afetado pela crise sanitária, tendo esta sido um entrave ao
desenvolvimento de mais de 2500 OP, que correspondem a cerca de 53% do total de iniciativas pré-
pandémicas. As regras de confinamento e isolamento social impostas pelos Estados foram as razões
mais mencionadas para a suspensão dos orçamentos participativos no velho continente. Muitos dos OP
que conseguiram funcionar durante este período recorreram ao formato virtual ou optaram por atrasar
o arranque de algumas fases, fazendo-as coincidir com momentos de menor propagação do vírus.

Entre os processos que operaram durante a pandemia, com ou sem adaptações, são identificáveis três
abordagens metodológicas distintas:

- A dominante, composta por OP 100% virtuais;


- A resiliente, formada por OP 100% presenciais;
- A inconformada, constituída por OP mistos.

As referidas abordagens não são novas, pois transitam do quadro pré-pandémico para a atualidade. A
novidade coloca-se, no entanto, a dois níveis, como se expõe de seguida.

O primeiro pode ser denominado de aumento substancial dos OP 100% virtuais, estando estes assentes no
uso exclusivo de ferramentas tecnológicas, com principal ênfase para as páginas de internet dedicadas aos
processos participativos, através das quais os participantes podem acompanhar as últimas notícias do OP,
conhecer as regras de funcionamento, apresentar propostas, votar em projetos e solicitar esclarecimentos,
entre outras funcionalidades secundárias.

Nestes casos, a relação entre os participantes e destes com a Administração é mediada pela tecnologia
e diferida no tempo, na medida em que não recorre a dispositivos que viabilizam a interação em tempo
real. Para concretizar melhor esta ideia, veja-se como recorrentemente decorre a apresentação de
propostas no âmbito de um OP virtual:

1. O participante preenche o formulário online com os seus elementos e a ideia que pretende submeter;
2. A plataforma emite um email de notificação para a equipa técnica que gere o OP, a informar que
existe um novo registo no sistema;
3. A Administração verifica a conformidade da proposta e aprova a sua publicação na página pública;
4. A plataforma envia um email para o participante, a informar que a sua proposta foi validada e publicada.
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

Como se compreende, em nenhum destes momentos se verificou qualquer interação em tempo real
entre as populações e a Administração.

A pandemia acelerou esta tendência, a qual evidencia aspetos positivos, negativos e alguns riscos
também. Num cenário de confinamento social drástico e de incerteza quanto ao futuro, como o desta
crise sanitária, é de assinalar a importância de muitos orçamentos participativos terem conseguido
funcionar, sacrificando a metodologia, desejavelmente de uma forma transitória, em vez da suspensão
temporalmente indefinida da iniciativa.

28
A dimensão negativa desta dinâmica está intimamente relacionada com a “frieza” dos
mecanismos tecnológicos e a inerente perda de densidade nas relações humanas, retirando
rostos e vozes às iniciativas. A virtualização dos orçamentos participativos é uma forma possível
de produzir resultados, ou seja, de permitir a definição das prioridades de investimento, mas
corresponde a uma clara desvirtuação da democracia participativa, enquanto processo de
intervenção pública, de escuta ativa e de construção coletiva de prioridades e consensos.

O risco associado a esta tendência é que as entidades promotoras dos orçamentos


participativos se deixem fascinar pela virtualização das relações humanas e pelo facilitismo
dos modelos tecnológicos, sacrificando a enorme riqueza das interações face-a-face,
normalmente mais exigentes em termos logísticos e de recursos humanos.

O segundo nível de inovação encontra-se na emergência de OP assentes num modelo virtual


avançado. Este diferencia-se do anterior, o tradicional, pela introdução de ferramentas digitais
que viabilizam a interação em tempo real entre participantes e destes com a Administração.
São disso exemplo as plataformas de videoconferência (Zoom, Meet, Teams, etc.) e os
programas colaborativos (Jamboard, Miro, etc.). Essas evoluíram imenso durante a pandemia,
tornando-se usuais no quotidiano de muitas pessoas e organizações, o que levou alguns
orçamentos participativos a recorrerem à sua utilização para dinamizar e enriquecer os seus
processos, como são disso exemplo os encontros ou assembleias virtuais com a população.

Face ao exposto, a constatação mais óbvia e banal prende-se com o facto de a pandemia ter
contribuído para acelerar a tendência de virtualização dos orçamentos participativos. Importa,
no entanto, afirmar que esta crise produziu um impacto menos óbvio e em tudo subtil, que
não deve ser negligenciado. O “abandono” dos métodos de participação presencial conduziu
as atenções e os esforços das Administrações para a procura de soluções que permitissem
inovar as abordagens tecnológicas tradicionais. Deste ponto de vista, a pandemia funcionou
como um laboratório de renovação dos métodos digitais, o que se afigura positivo pela busca
do aperfeiçoamento de iniciativas tendencialmente de baixa interação participativa. Esta
propensão tem, no entanto, um lado mais sombrio, que está relacionado com o significativo
desinvestimento nos métodos presenciais e na sua melhoria contínua.

Apesar das tendências expostas, os impactos da pandemia no desenvolvimento dos


orçamentos participativos não se fizeram sentir da mesma forma em todas as regiões do
globo. Vimos anteriormente que as diferenciações encontradas podem estar relacionadas com
diversos fatores, entre os quais a intensidade da propagação do vírus, a severidade das medidas
de isolamento social e a natureza presencial ou virtual das atividades.

De acordo com os dados recolhidos pelos autores do Atlas, é possível concluir que existe
também uma certa diferenciação do estado dos orçamentos participativos em função dos
tipos de regimes políticos vigentes nos diferentes países abrangidos. Assim, torna-se evidente
que os estados autoritários são os que apresentam a menor percentagem de suspensão destes
processos, nomeadamente 14%, situando-se muito abaixo dos 55% registados a nível global. É
também nesses territórios que se verifica a percentagem mais elevada de iniciativas de OP que
funcionaram regularmente, sem interferências causadas pela pandemia, em concreto 57%, o
que representa mais do dobro do registado a nível mundial (24%).

29
No extremo oposto encontram-se as democracias perfeitas, com um nível de suspensão de processos
superior a 81% e uns residuais 8% que conseguiram prosseguir a sua atividade de uma forma normal.

Gráfico 2 - Estado dos orçamentos participativos no mundo, por regimes políticos, em tempos
de pandemia

8,82%
10,05%

8,39%
26,68%
28,76%

34,99%
24,32%

57,28%

13,96% 56,19% 49,99% 81,56%

REGIMES REGIMES DEMOCRACIAS DEMOCRACIAS


AUTORITÁRIOS HÍBRIDOS IMPERFEITAS PERFEITAS

OP SUSPENSOS
OP CONTINUARAM S/ A LTERAÇÕES
OP CONTINUARAM C/ ALTERAÇÕES

O dado mais relevante desta análise resulta precisamente do padrão registado ao nível dos
orçamentos participativos que asseguraram o seu funcionamento regular, sem suspensão e
sem adequações metodológicas. Constata-se que esses tendem a aumentar à medida que se
entra em territórios onde se restringem as liberdades dos cidadãos e das organizações, ou seja,
na exata medida em que se caminha de um extremo para outro, ou seja, de uma democracia
perfeita para a um regime autoritário.

Parece um contrassenso que uma das expressões mais firmes da democracia participativa tenha
evidenciado maior resiliência durante a pandemia nos países onde a democracia não é a ordem
vigente. Não existem respostas cabais para este facto, pelo que a reflexão, sendo especulativa,
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

apenas pode lançar hipóteses, que naturalmente carecem de elementos de verificação. Entre
essas colocam-se as seguintes:

- Os líderes das democracias perfeitas agiram de forma mais zelosa ou cautelosa em


relação à proteção da vida humana, suspendendo atividades como o OP numa escala
muito mais a largada?
- Os governos autocráticos optaram por manter a ordem social vigente ocultando ou
negligenciando os impactos da pandemia?
- As características metodológicas dos OP nos regimes autocráticos são mais compatíveis
com o contexto de confinamento social?
- Os líderes democrátios efetuaram menos esforços para manter os processos
participativos a funcionar?

30
RECONCEPTUALIZAR OS
ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS
PARA GANHAR SUSTENTABILIDADE
DEPOIS DA CRISE
_

O debate sobre a suspensão dos orçamentos participativos não é novo. À margem dos efeitos
causados pela pandemia, é amplamente reconhecido pela comunidade internacional que
essa é uma prática que afeta inúmeras iniciativas, constituindo-se como uma fragilidade,
talvez a mais recorrente, que coloca em evidência a necessidade de refletir sobre a (in)
sustentabilidade destes processos.

Seja por dificuldades de gestão, por posicionamento ideológico dos decisores, ou por
quaisquer outras razões, é um facto que os OP carecem de mecanismos que reforcem o seu
suporte social e institucional.

Excluindo deste debate as potencialidades e as fragilidades das legislações dedicadas aos


orçamentos participativos, importa refletir em que medida os desenhos metodológicos
e os modelos de gestão destas iniciativas contribuem o suficiente para o reforço da sua
sustentabilidade. Deve concluir-se, sem hesitações, que esses são determinantes para o
sucesso ou o fracasso dos processos. Deste ponto de vista, propõe-se uma breve revisitação
dos habituais dois ciclos de participação que dão suporte à definição dos OP em todo o mundo,
nomeadamente i) a decisão das prioridades e ii) a implementação dos projetos vencedores.

Esses têm sido determinantes para clarificar que o OP é um processo de carácter


deliberativo, que atribui aos cidadãos o poder de decisão sobre recursos de uma instituição
ou de um território e que vincula as entidades promotoras à execução das prioridades
definidas pelos participantes. O consenso criado em torno destes dois ciclos tem sido
essencial para estabilizar um conceito comum de OP e tornar inegociáveis dois princípios
essenciais: i) os participantes são soberanos na decisão; ii) as suas deliberações são
respeitadas e cabalmente executadas.

Após mais de trinta de anos de experiências de OP no mundo, torna-se, no entanto,


necessário refletir sobre o alcance dos referidos ciclos e avaliar se esses esgotam o processo
participativo. Na realidade, existem duas dimensões essenciais para uma mais completa
compreensão do OP, enquanto “sistema de ação”, que estão fora da linha de tempo inerente
à decisão e à execução dos investimentos prioritários de cada OP. Essas estão intimamente
relacionadas com o período de vida de cada projeto implementado.

Em termos práticos, o OP não termina, ou não deveria terminar, com a entrega dos
projetos vencedores à comunidade, ou seja, com o termo do ciclo de implementação. Esse

31
é, aliás, o ponto de partida para dois desafios subsequentes: i) assegurar o funcionamento
e a manutenção dos investimentos realizados, garantindo que cumprem os propósitos
para os quais foram pensados, ações que têm incontornavelmente de acontecer, mas
normalmente tratadas fora do OP; ii) percecionar as mudanças provocadas por cada
projeto na comunidade que desse beneficia, ação que raramente é levada a cabo,
inviabilizando uma leitura mais rica e completa destes processos e, por essa via,
diminuindo o seu potencial de sustentabilidade.

O que se pretende com esta reflexão é a reformulação do OP como um processo composto


por dois tempos sequenciais a “decisão” e a “execução”, na medida em que se afigura como
mais ajustada a compreensão do OP como uma dinâmica de participação com três ciclos,
acrescentando a “gestão” aos dois anteriores. Essa contempla duas ações que já acontecem,
mas que não são devidamente observadas pela literatura sobre a matéria, contribuindo
inadvertidamente para um “conceito incompleto” e um entendimento mais reduzido
do alcance sistémico do OP. Essas são o funcionamento e a manutenção dos projetos,
também elas idealmente sujeitas à participação, como aliás é prática corrente em inúmeros
orçamentos participativos em que a gestão de muitos dos investimentos concretizados
fica a cargo da comunidade. São disto exemplos: a criação de áreas desportivas (skatepark,
street basket, minicampo de futebol, etc.), espaços para associações de moradores, centros
culturais, bibliotecas, jardins, hortas e outros equipamentos comunitários.

Conforme exposto, cabe igualmente neste terceiro ciclo a avaliação do OP, na dimensão
dos efeitos ou impactos, devendo esta estar alicerçada numa dinâmica de monitorização
de cada projeto executado e das mudanças geradas nas pessoas, nas organizações e no
território. A inclusão desta ação no ciclo de gestão é uma resposta a uma insuficiência
dos orçamentos participativos, que acumulam investimentos concretizados ao longo de
vários anos, sem se debruçarem sobre a análise e compreensão dos respetivos benefícios
e insuficiências. Apesar de alguns esforços na conceção de modelos de avaliação dos OP,
a realidade mostra que essa não tem sido uma prioridade para as entidades promotoras
destes processos.

Se esta interpretação mais ampla do OP fosse também a mais consensual, seguramente


que os efeitos da pandemia poderiam ter sido geridos de outra forma, ou através de uma
outra leitura dos acontecimentos, pois as restrições impostas pelas regras sanitárias,
em particular às ações do ciclo de decisão, teriam sido compensadas com dinâmicas de
participação mais centradas na implementação, normalmente dirigidas a grupos mais
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

pequenos, e na gestão dos investimentos entretanto realizados, o que na realidade aconteceu


em muitos territórios.

Como abordado anteriormente, muitos dos OP suspensos durante a pandemia aproveitaram


a paragem dos ciclos de decisão para recuperar atrasos na execução de projetos, pelo que as
dinâmicas de participação estiveram mais orientadas para a implementação.

Adicionalmente, um pouco por todo o mundo, foi possível identificar projetos resultantes
de orçamentos participativos em pleno funcionamento durante a pandemia, como

32
centros, espaços e outras estruturas comunitárias a funcionar como unidades locais de
suporte às populações mais frágeis e afetadas pelas medidas de confinamento e de fecho
das atividades económicas. Muitos destes projetos estiveram ao serviço das populações,
por vezes reorganizando o seu funcionamento para que fosse possível garantir a
distribuição de máscaras faciais, álcool gel e alimentos, promover ações de informação
e prevenção dos contágios, bem como funcionar como locais de acolhimento de pessoas
sujeitas à situação de quarentena forçada. Estes são apenas alguns exemplos de projetos
OP, muitas vezes dinamizados por grupos de voluntários, que não pararam durante a fase
mais agressiva da pandemia.

A dinâmica exposta é também ela de participação, mas a sua leitura acontece fora do OP, o que
enfraquece estes processos, justificando, uma vez mais, a importância do ciclo de gestão.

Parece evidente que um OP percecionado desta forma, mais ampla e completa, poderá ser
um contributo para o reforço da sua sustentabilidade. O que está em causa é robustecer
a visão sistémica destas iniciativas, dando-lhes outro alcance e amplitude, na medida
em que se passa a contemplar não apenas o que se decide e executa no interior destas
iniciativas, mas também os efeitos dos investimentos realizados nas comunidades que
desses beneficiam.

O exposto deixa evidente que a participação vinculada aos ciclos de execução e


implementação é sobretudo de índole institucional, por ser maioritariamente promovida por
governos locais ou outros tipos de entidades públicas, enquanto que a participação associada
ao ciclo de gestão introduz a possibilidade de essa ser impulsionada pela sociedade, nas suas
diferentes formas de expressão e organização social.

Esta leitura do OP tem o mérito de fundir num único processo diversas manifestações de
participação, das mais institucionais e formais, às mais comunitárias e espontâneas.

De modo a contribuir para a construção de uma conceção mais ampla e ambiciosa dos
orçamentos participativos, apresenta-se de seguida uma proposta de roteiro para um
processo composto por três ciclos.

C IC LO 1 – DEC IDIR OS INVESTIME NTOS PRIORITÁRIOS


Este corresponde, no essencial, às fases de:

- Preparação de cada edição do OP, com a definição/ revisão da metodologia e das normas
de funcionamento do processo, capacitação da equipa promotora e da cidadania, decisão
do valor orçamental a alocar à iniciativa e divulgação junto da comunidade;
- Apresentação de propostas por parte dos cidadãos;
- Análise técnica para verificar a viabilidade dos investimentos apresentados;
- Votação dos projetos finalistas para decisão dos que serão executados com o valor
alocado ao OP;
- Orçamentação dos projetos mais votados no orçamento para o ano seguinte.

33
C IC LO 2 – IMPLEME NTAR OS PROJETOS VE NC E DORES
Este consiste, grosso modo, nas fases que se apresentam de seguida, devendo cada uma delas
ser ajustada à natureza dos investimentos a executar:

- Definição do pré-projecto, que consiste numa descrição genérica dos objetivos, dos
conteúdos e das condicionantes das ações a realizar;
- Elaboração do projeto de execução, que deve contemplar os detalhes e as especialidades
envolvidas na implementação;
- Execução dos investimentos aprovados, podendo essa ser assegurada por via dos
mecanismos de administração direta, contratação pública, parcerias comunitárias ou
outros previstos no quadro legal de cada país;
- Entrega à população, que corresponde à inauguração de cada projeto e ao início do usufruto
do mesmo por parte das pessoas beneficiárias.

C IC LO 3 – GE RIR OS INVESTIME NTOS REALIZADOS


Este corresponde ao período de vida de cada projeto implementado, começando a ser
considerado após a entrega do mesmo à comunidade.

Este ciclo é composto por duas atividades simultâneas e contínuas, nomeadamente:

- Funcionamento, correspondente às ações ou medidas que asseguram o regular


funcionamento do investimento realizado, bem como da sua manutenção, cumprindo
os propósitos que lhe deram origem e garantindo a sua sustentabilidade.

Dependendo da natureza do projeto, a gestão pode ser:

- Pública, assumida pelo órgão de governo mais próximo ou que promove o processo;
- Comunitária, atribuída às pessoas que desse vão beneficiar ou suas organizações
sociais representativas,
- Mista, assegurada em simultâneo pelo poder público e pela comunidade.

- Avaliação, associada sobretudo à perceção dos efeitos e impactos de cada projeto


executado na população que desse beneficia. Reconhecendo a exigência deste exercício
para as equipas envolvidas, recomenda-se que o mesmo se paute pelos princípios da:
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

- Razoabilidade, definindo parâmetros de análise para os quais seja possível recolher


informação de uma forma acessível e expedita, tendo em conta a escassez de
recursos humanos das entidades promotoras destas iniciativas,
- Adaptabilidade, estabelecendo indicadores de avaliação realistas e ajustados à
natureza de cada investimento realizado,
- Participação, garantindo que o envolvimento da comunidade se mantém ao longo do
ciclo de vida de cada projeto executado.

34
Figura 1 - Ciclos do Orçamento Participativo

- Preparação;
- Apresentação de propostas;
DECIDIR - Análise técnica;
- Votação dos projetos finalistas;
- Orçamentação.

- Definição de pré-projecto;
- Elaboração do projeto de execução;
IMPLEMENTAR
- Execução do investimento aprovado;
- Entrega à comunidade.

- Funcionamento e manutenção;
GERIR
- Avaliação.

A inexistência formal deste terceiro ciclo nos orçamentos participativos tende a dificultar
a criação de um sistema de informação sobre o processo, inviabilizando, não raras
vezes, a compreensão sobre a forma como é gerido e os benefícios que acarreta para as
comunidades envolvidas.

O desafio que a comunidade internacional de promotores e estudiosos dos orçamentos


participativos necessita de enfrentar após a pandemia, não passa somente pela recuperação
e retoma dos processos entretanto suspensos. O repto lançado pelas reflexões expostas
aponta para a importância da reconceptualização dos OP, em particular dos ciclos e das
ações que o compõem. Ampliar o expecto da participação, para além da decisão e da
execução, é um fator crucial para o reforço da sustentabilidade destas iniciativas.

Adicionalmente, o que se propõe com esta edição do Atlas é uma revisitação do conceito de
OP. Esse continua a perpetuar a noção de que este é um processo promovido por órgãos de
governação territorial do estado, nas suas diferentes escalas, com preponderância para as
autoridades locais. É hoje evidente que os orçamentos participativos não são matéria da
exclusiva competência dos governos públicos, nem é desejável que o sejam.
A realidade tem vindo a confrontar a comunidade internacional com a emergência de um leque
muito variado de atores institucionais, do estado, do mercado e da comunidade, apostados no
desenvolvimento de iniciativas de OP.

Diversificam-se os agentes, os propósitos, os métodos, os instrumentos de trabalho e os


públicos, mas os princípios que dão suporte à noção de orçamento participativo são os
mesmos, entre os quais se destacam três:

35
- Desenvolver uma democracia de alta intensidade;
- Alocar recursos de uma entidade ou território para que uma comunidade de seres
humanos possa debater e decidir livremente as suas prioridades;
- Garantir a cabal execução das deliberações dos participantes.

Estes princípios são igualmente válidos para orçamentos participativos promovidos por
governos locais, regionais e nacionais, como por colégios, escolas e universidades, associações,
empresas e corporações, estabelecimentos prisionais ou quaisquer outros tipos de entidades
formais e informais.

A democracia não é propriedade dos governos; a democracia participativa não pode ser um
exclusivo dos eleitos. Afirmar e alimentar o contrário é contribuir para reduzir o espectro
da participação. O que o mundo mais precisa, no momento em que os regimes autocráticos
crescem e se tornam maioritários, é de uma proliferação e multiplicação de esferas e
instâncias de sociabilização e exercício da democracia, pelo que acantonar o OP no “quintal das
autoridades públicas” é um erro crasso.

Veja-se apenas um exemplo. As principais universidades de cada país têm um universo de


estudantes e trabalhadores muito superior à população de uma boa parte dos municípios. O mesmo
se pode afirmar relativamente aos orçamentos dessas entidades. Não faz, por isso, qualquer
sentido continuar a afirmar que o OP é um processo promovido por governos locais, quando muito
provavelmente os impactos gerados por uma iniciativa conduzida por uma universidade podem ser
muito superiores em algumas dimensões da vida quotidiana das comunidades em que se inserem.

A pandemia, mais uma vez, deixou evidente a necessidade de ampliar o conceito de OP em


termos de atores institucionais e públicos participantes. É como se muitas das pessoas
associadas aos orçamentos participativos tivessem sido invadidas por um sentimento de
orfandade durante o período de suspensão dos processos por parte das autoridades públicas
de governação territorial. Talvez por isso, esta crise sanitária seja uma oportunidade para
compreender o quão dependente está a democracia participativa das decisões dos eleitos e o
quão errado é continuar a insistir nesta visão do ponto de vista da conceptualização do OP.

Esta é a razão pela qual, o conceito de orçamento participativo proposto pelo Atlas é bastante
mais alargado, pelo que se recomenda a leitura do mesmo no capítulo referente à metodologia.
Trata-se, no essencial, de formalizar uma visão que para muitos é uma evidência assumida
quotidianamente. A viagem do OP pelo mundo fez-se através da multiplicação das experiências,
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

mas também da diversificação dos modelos e dos atores implicados neste fenómeno. Isto não é
uma degeneração ou fragilidade do processo, mas antes uma oportunidade de democratização
progressiva de múltiplas esferas da vida em comunidade.

36
LEGISLAÇÕES SOBRE
ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS –
EM BUSCA DOS EQUILÍBRIOS

RE FLETIR PAR A ALÉM DAS NARR ATIVAS DICOTÓMICAS


_
O debate sobre a institucionalização dos orçamentos participativos tem sido condicionado por
narrativas dicotómicas, que colocam em confronto duas abordagens:

- Uma, que se pode designar de apologista, tende a defender a adoção de legislação como
via para a sustentabilidade ou salvaguarda dos processos para além dos ciclos políticos
e eleitorais. Os defensores deste posicionamento olham para o ato legislativo como
uma necessidade, na medida em que esse cria a obrigação legal dos eleitos de promover
a participação, impedindo a suspensão dos orçamentos participativos, ou pelo menos
criando um dispositivo que simultaneamente os defenda e legitime a ação reivindicativa
da cidadania;
- Outra, que se pode classificar de cética, tende a olhar para a legislação como um
mecanismo de “castração” da inovação, ou, por outras palavras, de padronização dos
processos, que pode conduzir os orçamentos participativos a um mero procedimento
administrativo, sem que sejam assegurados parâmetros mínimos de liberdade de
participação e de qualidade deliberativa.

Tendencialmente, os apologistas recorrem à legislação para compensar a ausência de vontade


política dos eleitos, enquanto que os céticos têm uma visão purista do processo, de acordo com
a qual a legislação não é suficiente para mudar a postura dos que se opõem à adoção do OP.

Ambas as abordagens pecam pela rigidez dos respetivos posicionamentos e pela incapacidade
de encontrar uma via mais equilibrada e flexível. A realidade tende, aliás, a contrariar ambas
as posturas, na medida em que qualquer generalização apologista ou cética é caminho errado
para discutir o mérito e os limites da institucionalização dos orçamentos participativos.

De acordo com um processo de auscultação ativa levado a cabo em diferentes fóruns de debate,
ao longo dos últimos anos, sintetiza-se na tabela seguinte alguns dos argumentos a favor e
contra as legislações sobre os orçamentos participativos.

37
Tabela 5 - Vantagens, potencialidade, desvantagens e limites das legislações de OP

Vantagens ou potencialidades Desvantagens ou limites

A existência de uma lei: A existência de uma lei:

- Permite que o processo ganhe uma legitimidade - Tende a padronizar com valores reduzidos os
partilhada entre a população e a administração; montantes orçamentais a destinar aos processos;
- Implica a criação de espaços de participação em - Tem como consequência a “atomização dos
locais onde esses por vezes nunca existiram; investimentos”, pelos pequenos orçamentos
- Cria uma rotina nas instituições, que permite disponibilizados, excluindo o debate sobre
assegurar maior sustentabilidade do OP para os problemas e os projetos estruturais para o
além dos ciclos políticos e eleitorais; território;
- Estabelece e clarifica as regras do processo, - Pode contribuir para que o orçamento
proporcionando aos cidadãos um elemento de participativo que se transforme num mero
regulação pública. procedimento, vazio e inconsequente;
- Muito vaga ou excessivamente rígida tende a
limitar a capacidade de inovação das iniciativas;
- Que não prevê penalizações políticas e/ou
administrativas para os incumpridores, é uma
lei estéril ou inútil.

A realidade confronta-nos hoje, cerca de 32 anos depois das primeiras iniciativas, com o facto da
maioria dos orçamentos participativos no mundo ser respaldada pela imposição de leis nacionais,
facto que apenas se tornou evidente com a publicação da primeira edição do Atlas, em 2019. Isto
significa que o debate não pode continuar a ser efetuado entre os opostos: a apologia e o ceticismo.

O caminho de virtude deve ser o da reflexão sobre as melhores abordagens a adotar para a
definição de leis que enquadram e regulam o desenvolvimento e a avaliação dos orçamentos
participativos, assegurando o equilíbrio entre a normatividade e a inovação, impedindo, assim,
que a primeira represente a condenação da segunda.

A definição de qualquer regulamentação nacional de caráter obrigatório deve assegurar sete


princípios essenciais:

1. Evitar a excessiva rigidez dos normativos legais, como forma de valorizar e incentivar a
capacidade de inovação dos que pretendem levar a cabo a iniciativa de forma distintiva11;
2. Assegurar a total e inequívoca liberdade de participação e a capacidade deliberativa
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

das populações;
3. Garantir o caráter vinculativo das decisões dos cidadãos, o mesmo é dizer, certificar que os
governos executam as prioridades definidas no âmbito do processo participativo;
4. Definir requisitos mínimos substantivos e não meramente simbólicos para que a prática
possa ser classificada como orçamento participativo;

11
Basta verificar o que aconteceu durante a pandemia em países com legislações nacionais que tornam
obrigatório o orçamento participativo. As mais rígidas, que tendem a padronizar os processos, não previam a
possibilidade do exercício da participação se concretizar por intermédio de canais virtuais. Isto ditou, em muitas
situações, a impossibilidade de adaptar as metodologias, determinando, assim, a suspensão das iniciativas.

38
5. Prever penalizações para as administrações que não cumprem com as disposições
legais definidas;
6. Criar mecanismos de transparência na gestão de todo o processo;
7. Prever a existência de instâncias independentes de monitorização e avaliação.

Adicionalmente, a criação de uma lei com estes propósitos deve ser acompanhada de duas
ferramentas de suporte, nomeadamente:

- Um programa de capacitação para todos os governos visados na lei - locais, nacionais


ou outros - para que os respetivos eleitos e quadros técnicos produzam as competências
requeridas por um processo como o orçamento participativo;
- Um plano de monitorização e avaliação da aplicação da lei, visando medir o seu alcance, a
qualidade dos processos, os resultados e os impactos gerados.

E NTE NDE R OS TIPOS DE LE IS VIGE NTES NO MUNDO DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
_
Efetuada a análise detalhada dos conteúdos e dos propósitos de todos os normativos legais
sinalizados na anterior e na presente edição deste Atlas, é possível afirmar que existem quatro
tipos de leis nacionais de orçamento participativo12:

- Leis de obrigatoriedade, que tornam vinculativo o exercício do OP. Essas são


protagonizadas por dez países, que reúnem cerca de 65%13 das iniciativas de orçamento
participativo, nomeadamente, Peru, Indonésia, República Dominicana, Polónia14, Panamá15,
Equador, Coreia do Sul, Portugal16, Angola17 e Cazaquistão18;

- Leis de enquadramento ou suporte, tendo em vista dar cobertura legal formal


aos governos locais e outros que pretendem adotar o orçamento participativo. Estas são

12
Estão excluídas desta análise as regulamentações locais e regionais existentes em diversos países.
13
Este valor percentual contempla apenas 8 dos 10 países sinalizados, excluindo destes cálculos Angola e
Cazaquistão. O primeiro deve-se ao facto da legislação em apreço não ter ainda produzido os resultados esperados,
o que aconselha à não contabilização de todos os governos municipais do país. O segundo prende-se com o facto
de a legislação ter entrado em vigor em data posterior à recolha dos dados estatísticos da presente edição do
Atlas. A contabilização dos governos locais do Cazaquistão, sujeitos à obrigatoriedade do OP, implicará, de forma
imediata: i) um crescimento de cerca de 20% do número total de processos no mundo; ii) a mais do que duplicação
do número de iniciativas no continente asiático, passando este a ser o segundo em número de casos, depois da
Europa; iii) o aumento dos OP baseados em leis nacionais para mais de 70% do total mundial.
14
Em particular aos desenvolvimentos legislativos despoletados em 2018, que preveem a obrigatoriedade do
Orçamento Participativo para mais de 60 cidades polacas.
15
Apesar dos esforços desenvolvidos, não foi possível obter elementos oficiais sobre os orçamentos participativos
no Panamá. Este foi o terceiro país latino-americano e o segundo da América Central a legislar sobre o assunto, em
2009, no quadro da descentralização, prevendo a obrigatoriedade das Juntas Comunais uma forma de conselho
comunitário de assegurarem o orçamento participativo.
16
A legislação de Portugal define a obrigatoriedade de implementação do OP por parte de todas as escolas públicas
do terceiro ciclo de ensino e do nível secundário, diferenciando-se, assim, das restantes, que como ficou claro se
destinam a governos locais e/ou regionais.
17
O Decreto Presidencial n.o 235/19 de 22 de julho estabelece a obrigatoriedade do OP por parte dos municípios
e demais entidades administrativas equiparadas, embora se tenham vindo a verificar dificuldades diversas na
efetivação do determinado.
18
O Cazaquistão adotou uma legislação nacional, em 2020, que torna obrigatória a adoção do orçamento
participativo por parte dos mais de 2 mil governos locais.

39
verificáveis em cinco países, em concreto no Burquina Faso, nos Camarões, na Colômbia, na
Eslovénia e no Quénia. De acordo com uma análise de caráter mais estatístico, a existência
destas leis não teve um impacto significativo na emergência e na multiplicação dos orçamentos
participativos, na medida em que apenas 14% do total de governos ou autoridades locais destes
países se encontram implicados nestas dinâmicas. Em síntese, as leis de enquadramento
permitem a criação destes processos, mas não constituem um estímulo político efetivo;

- Lei de incentivo, em particular a que suporta o designado Fundo Solecki, na Polónia.


Esta é dirigida às áreas rurais de menor nível administrativo do poder local, oferecendo a
possibilidade de reforçar as verbas que lhes são atribuídas, desde que essas sejam decididas
pelas populações no âmbito de processos de orçamento participativo;

- Lei híbrida, assim classificada pela dupla face do normativo criado pela Federação Russa.
Trata-se, por um lado, de uma lei de enquadramento ou suporte, pelo facto de dar cobertura legal
aos municípios interessados na adoção do orçamento participativo. Por outro lado, o mesmo
articulado legal define a obrigatoriedade da implementação do processo caso esse venha a ser
exigido por um grupo de pelo menos 10 cidadãos. O Estado optou, assim, por transferir para a
população o poder de obrigar os municípios a adotarem o orçamento participativo, constituindo-
se, seguramente, como a principal inovação legislativa sobre esta matéria, a merecer particular
atenção para que seja possível compreender a efetividade deste poder dos cidadãos e os impactos
que esta medida poderá ter no desenvolvimento dos processos.

Tabela 6 - Tipos de leis nacionais de Orçamento Participativo

Tipos de lei Países abrangidos Alcance

Expressivo. Representam
Peru, República Dominicana,
cerca de 65% dos orçamentos
Panamá, Equador, Indonésia,
Lei de obrigatoriedade participativos no Mundo,
Polónia, Coreia do Sul, Portugal,
com claras perspetivas de
Angola e Cazaquistão.
crescimento.

Residual. Apenas 14% do total


de governos ou autoridades
Burquina Faso, Camarões,
Lei de enquadramento ou suporte locais destes países adotaram o
Colômbia, Eslovénia e Quénia
orçamento participativo cerca de
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

283 experiências.

Lei de incentivo Polónia (Fundo Solecki) Expressivo.

Lei criada em 2020 e ainda


Lei híbrida Federação Russa sem impacto medível no
desenvolvimento dos processos.

40
Outro aspeto que merece atenção é a distribuição destas iniciativas legislativas em função dos
regimes políticos que as promovem, permitindo concluir que das 16 leis nacionais existentes:

- 9 provêm de democracias imperfeitas;


- 4 de regimes autoritários;
- 2 de regimes híbridos;
- 1 de uma democracia perfeita.

Estes dados são um pouco voláteis, na medida em que os regimes não são estanques, podendo
evoluir ou regredir. É o exemplo de Portugal que de 2019 para 2020 transitou do grupo das
democracias imperfeitas para as consideradas perfeitas, alterando circunstancialmente os
dados destes regimes e os do Atlas também.

Independentemente dessas alterações, é verificável uma predominância de legislações


nacionais promovidas por democracias com falhas, que corrobora, aliás, a tendência de maior
concentração de OP em países com esta forma de regime.

Tabela 7 - Tipos de leis por regime político

Tipos de lei Regimes políticos Países

Democracia perfeita Portugal

Coreia do Sul, Equador, Indonésia,


Lei de obrigatoriedade Democracia imperfeita Panamá, Peru, Polónia e
República Dominicana

Autoritário Angola e Cazaquistão

Democracia imperfeita Eslovénia e Colômbia

Lei de enquadramento ou suporte Híbrido Burquina Faso e Quénia

Autoritário Camarões

Lei de incentivo Democracia imperfeita Polónia

Lei híbrida Autoritário Federação Russa

41
ANÁLISE DOS QUADROS NORMATIVOS HÍBRIDO E DE E NQUADR AME NTO/SUPORTE
_
Em complemento à análise efetuada no Atlas Mundial de 2019, dedicada às leis de caráter
obrigatório, privilegia-se na presente edição uma apresentação mais detalhada das leis de
enquadramento ou suporte, bem como da lei híbrida.

BURQUINA FASO
A lei de 2004, sobre o Código Geral das Autoridades Locais, cria o quadro legal para o
desenvolvimento do OP no Burquina Faso, embora sem qualquer referência explícita ao tema.
O projeto de revisão desta lei, ainda não adotado, dará lugar de destaque à elaboração do
orçamento participativo.

O Decreto 2019-0575 / PRES / PM / MINEIFD / MATDC sobre o regime financeiro e contabilístico


das autoridades locais introduz a possibilidade de os cidadãos participarem na definição de uma
parte do orçamento público, em concreto na componente de investimento. O conceito de orçamento
participativo aparece de forma explícita para designar esta modalidade de participação, que é
definida como facultativa ou voluntária por parte das autoridades locais. A lei estabelece ainda que
qualquer alteração orçamental não pode interferir ou afetar a parte alocada à decisão dos cidadãos.

CAMARÕES
A constituição e os textos de descentralização fornecem um quadro legal para a execução do
orçamento participativo. Em particular, na sequência da promulgação da Lei 2019/024 de 24 de
dezembro de 2019, referente ao Código Geral das Coletividades Territoriais Descentralizadas.
Este refere na alínea 4, do Artigo 386, que “o orçamento [das referidas coletividades] é elaborado
e controlado de forma participativa, com vista a ter em conta as necessidades expressas e as
sugestões feitas pela população”.

Não se trata de uma lei específica e explícita no que concerne ao orçamento participativo, mas
define a obrigatoriedade da participação da população na elaboração e no controlo do orçamento
das coletividades territoriais, sem, no entanto, qualquer tipo de orientação ou concretização
do ponto de vista operacional. Esta abertura legislativa tem sido aproveitada para suportar a
adoção do orçamento participativo num número considerável de governos locais, bem como o
subsequente aprofundamento do quadro legal. Uma parceria composta pelo Programme National
de Gouvernance, a Association des Amoureux du Livre (ASSOAL) e a Alliance Camerounaise du
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

Budget Participatif et la Finance Locale (ACBP-FL) está a trabalhar na elaboração de uma proposta
de textos de execução para o orçamento participativo nos Camarões.

COLÔMBIA
O planeamento e a orçamentação participativos são processos eminentemente locais, seja a
nível departamental ou municipal, que estão contidos nos regulamentos nacionais,
especificamente na Lei 152 de 1994, Lei 1551 de 2012 e Lei 1757 de 2015.

A Lei 152 de 1994, pela qual se estabelece a Lei Orgânica do Plano de Desenvolvimento, define
o conteúdo dos planos; os tempos para a sua apresentação, discussão e aprovação; e cria o

42
Conselho Nacional de Planeamento e os Conselhos Territoriais de Planeamento, instâncias de
participação dos cidadãos, que devem emitir pareceres sobre os planos de desenvolvimento
antes da sua apresentação ao Congresso, Assembleia Departamental ou Conselho Municipal, e
fazer relatórios anuais de acompanhamento.

A Lei 1551 de 2012, pela qual são emitidas as normas para a modernização, a organização
e o funcionamento dos municípios, estabelece que os Conselhos Municipais ou Distritais
podem implementar o orçamento participativo, para permitir a decisão dos cidadãos sobre
a alocação de uma percentagem do orçamento municipal, atribuída às respetivas comunas,
corregimentos e localidades, respeitando as normas e disposições nacionais e municipais que
regem o exercício do planeamento, orçamentação e contratação, em conformidade com o
Plano de Desenvolvimento Municipal (art. 40o).

A Lei 1757 de 2015, pela qual são emitidas disposições sobre a promoção e a proteção do
direito à participação democrática, fornece uma definição de orçamento participativo, sua
finalidade, objetivo e mecanismos de controlo (arts. 32, 40 e 43). Afirma ainda que os governos
das entidades territoriais, previstos na Constituição e na lei, podem realizar exercícios
orçamentais participativos, nos quais a orientação de uma percentagem do rendimento
municipal é definida de forma participativa, em conformidade com os objetivos e metas do
Plano de Desenvolvimento (art. 100).

É importante salientar que a reforma da Lei 152 de 1994 não foi levada a cabo, conforme
estabelecido no número 2.2.6. do Acordo Final para a Resolução do Conflito e a Construção
de uma Paz Estável e Duradoura, que indicava cinco questões sobre as quais são necessários
progressos para promover o planeamento e a orçamentação participativos:

a. Rever as funções e composição dos Conselhos de Ordenamento do Território;


b. Prestar assistência técnica às autoridades municipais e departamentais que dessa
necessitem para a formulação participativa de diferentes instrumentos de planeamento;
c. Rever o sistema de participação nos processos de planeamento;
d. Reforçar os projetos e as metodologias a fim de facilitar a participação dos cidadãos e
assegurar a sua eficácia na formulação de políticas públicas;
e. Reforçar e promover a construção de orçamentos participativos sensíveis ao género e aos
direitos das mulheres a nível local, a fim de:
- Promover a participação de homens e mulheres na priorização de parte do
orçamento de investimento, de modo a refletir as conclusões dos exercícios de
planeamento participativo;
- Criar incentivos para a formulação e execução de orçamentos participativos;
- Promover mecanismos de controlo e responsabilidade pelos exercícios orçamentais
participativos [pp. 49 - 50].

ESLOVÉ NIA
A lei EVA 2016-3130-0016 primeira leitura que altera e completa o Ato de Autogoverno Local,
contempla, em termos de fundamentação, uma análise sobre o desenvolvimento do orçamento
participativo a nível internacional, com enfoque particular nos casos da França, da Bélgica e
da Alemanha. O legislador esloveno fundamenta que, de acordo com as boas práticas tidas em

43
consideração, a regulamentação detalhada deste tipo de processo deve ocorrer sobretudo a
nível local, excluindo, assim, a definição de uma legislação nacional mais precisa sobre o tema.

Apesar desta opção, a referida lei, no seu artigo 6 acrescenta alguns elementos pouco comuns,
nomeadamente: i) cria uma quadro nacional aplicável a todos os governos locais; ii) elogia o
orçamento participativo enquanto mecanismo simples e eficaz para promover a participação;
iii) recomenda a criação de regulamentação local decreto orçamental por parte dos municípios
interessados na sua implementação; iv) clarifica que o processo deve decorrer a tempo de
incluir as decisões dos cidadãos no orçamento municipal.

FE DE R AÇÃO RUSSA
O Governo da Federação Russa adotou, em 20 de julho de 2020, um quadro legislativo nacional
para promover o desenvolvimento e o reforço dos processos de orçamento participativo nas
regiões e municípios do país.

Tecnicamente, a nova legislação (leis n 236-FZ e n 216-FZ, de 20 de julho de 2020) resulta de


alterações ao Código Orçamental (Lei n 145-FZ - “O Código Orçamental da Federação Russa”,
de 31.07.1998) e à lei nacional de autogovernação (Lei n 131-FZ - “Sobre os princípios gerais da
organização da auto-governação local na Federação Russa”, de 06.10.2003). Especificamente, a
nova legislação introduz os termos de:

- “Projeto de iniciativa”19, em alternativa ao termo “orçamento participativo”, assegurando


a descrição dos principais mecanismos e procedimentos do processo por parte dos
governos locais;
- “Pagamentos de iniciativa”, para enquadrar o cofinanciamento em dinheiro por parte das
populações e empresas locais.

Em termos mais precisos, foram introduzidas alterações:

- Na Lei n 131-FZ, em particular nos Artigos 26 e 56, por forma a inserir o termo “projeto de
iniciativa”, delinear os mecanismos e procedimentos para a apresentação, discussão e
seleção desses projetos a nível municipal e fornecer orientações sobre o cofinanciamento
(como opcional) por parte da população e das empresas locais. É importante realçar que
os municípios e as regiões dispõem de uma flexibilidade considerável na seleção dos
mecanismos de conceção e implementação;
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

- Na Lei n 145-FZ, para assegurar a inclusão, no Código Orçamental da Federação Russa, da


expressão “pagamentos de iniciativa”, em particular na rubrica de autotributação, que já
constavam da lei. Os “pagamentos de iniciativa” são classificados, nos orçamentos locais,
como receitas não fiscais, excluindo-as, assim, das despesas do orçamento geral, a fim de
assegurar que os fundos recolhidos possam ser canalizados para a implementação dos
“projetos de iniciativa”.

De acordo com a nova legislação, o Ministério das Finanças da Federação Russa está habilitado
a prestar apoio metodológico ao planeamento e execução das despesas dos orçamentos dos

19
Termo utilizado na Federação Russa como alterativa ao orçamento participativo.

44
governos locais, a fim de apoiar a implementação dos “projetos de iniciativa”, bem como a
promover formação para os governos locais sobre o orçamento participativo.

QUÉ NIA
A Constituição do Quénia de 2010 e o quadro jurídico de apoio à descentralização colocam
forte ênfase na participação pública, na transparência e na responsabilidade como formas
de melhorar a eficiência, a equidade e a capacidade da prestação de serviços das autoridades
locais. O quadro de descentralização contém múltiplas disposições que exigem que os governos
dos condados disponibilizem informação ao público e consultem os cidadãos nos exercícios
de planeamento, orçamentação e monitorização da sua ação. Ganham particular relevo neste
âmbito a Lei do Governo do Condado, de 2012 (The County Governments Act), a Lei de Gestão
das Finanças Públicas, de 2012 (The Public Finance Management Act), a Lei das Cidades e Áreas
Urbanas, de 2011 e revista em 2012, (Urban Areas and Cities Act), a Lei de Acesso à Informação,
de 2016 (The Access to Information Act).

Todas destacam e apoiam formas de participação cidadã, entre as quais as que têm incidência
no orçamento, sem que recorram ao conceito de “orçamento participativo”. São disto exemplo
os “fóruns de preparação e validação do orçamento”, previstos no Artigo 91, da County
Government Act. A regulação não é detalhada, embora estabeleça algumas ações obrigatórias,
como por exemplo, o dever de publicitar o processo participativo nos órgãos de comunicação
com maior alcance em cada condado, entre os quais as estações de televisão, centros de
tecnologias de informação e comunicação, sítios web, rádios comunitárias, reuniões públicas e
meios de comunicação tradicionais (Artigo 950).

Durante os últimos cinco anos, os condados fizeram alguns progressos consideráveis na


implementação de disposições legais que reforçam a adoção de processos participativos a
nível local. Estes governos têm vindo a permitir o acesso razoável dos cidadãos aos processos
de participação focados na formulação de orçamentos e políticas públicas. Têm igualmente
estabelecido mecanismos para facilitar as comunicações e o acesso à informação com o mais
amplo alcance público, recorrendo às estações de rádio locais e comunitárias, sítios web dos
condados, avisos públicos, meios impressos, entre outros.

Os progressos têm sido variados e os condados precisam de melhorar a qualidade de fóruns de


consulta orçamental para um envolvimento mais significativo das populações. Em particular,
os condados continuam a enfrentar desafios relacionados com a preparação dos avisos prévios
e a produção antecipada de documentação orçamental em versão simples e de fácil utilização.
As metodologias necessitam de ser melhoradas e os processos carecem de um nível de
organização e realismo orçamental mais exigente.

Em resposta a estas e outras dificuldades, os condados de Makueni e West Pokot definiram um


conjunto de diretrizes metodológicas para o desenvolvimento do Orçamento Participativo em
dez fases20.

20
OMOLO, Annette, MACPHAIL, Bruce e WANJIRU, Rose (2017) Inclusive and Effective Citizen Engagement
Participatory Budgeting in Makueni and West Pokot Counties, World Bank Group..

45
Tabela 8 - Síntese das legislações nacionais de enquadramento/suporte e híbridas

País Lei Ano

Burquina Faso Decreto 2019-0575 / PRES / PM / MINEIFD / MATDC 2019


sobre o regime financeiro e contabilístico das
autoridades locais.

Camarões Lei 2019/024, Código Geral das Coletividades 2019


Territoriais Descentralizadas

Colômbia a) Lei 152; a) 1994;


b) Lei 1551; b) 2012;
c) Lei 1757. c) 2015.

Eslovénia EVA 2016-3130-0016 2016

Federação Russa Leis n. 236-FZ e n. 216-FZ, introduziram 2020


alterações à lei n. 145-FZ - “Código Orçamental da
Federação Russa” - de 31.07.1998, e à lei n. 131-FZ
Autogovernação relativamente aos princípios gerais
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

de organização dos governos locais autónomos na


Federação Russa, de 06.10.2003.

Quénia a) The County Governments Act; a) 2012;


b) The Public Finance Management Act; b) 2012;
c) Urban Areas and Cities Act; c) 2011 e 2012;
d) The Access to Information Act d) 2016.

46
Nível de governo a que se dirige Nível de detalhe da lei Tipo

Governos locais Trata-se de uma lei generalista, que utiliza o termo Regime financeiro e contabilístico das autoridades
orçamento participativo, prevê a sua possibilidade, locais.
mas não define qualquer orientação em termos de
execução.

Governos locais (coletividades territoriais Trata-se de uma lei generalista, que refere a Código que regula a atuação das coletividades
descentralizadas) obrigatoriedade das coletividades territoriais territoriais descentralizadas.
(governos locais) de promoverem a participação da
população na elaboração e no controlo do orçamento,
sem utilizar o termo orçamento participativo e sem
especificar ou fornecer orientações precisas sobre a
metodologia a adotar.

Governos locais Trata-se de uma lei generalista, que utiliza o termo Normas para modernizar a organização e o
orçamento participativo, prevê a sua possibilidade funcionamento dos municípios.
e define que a sua execução deverá ser efetuada em
articulação com instrumentos de planeamento local.

Governos locais Trata-se de uma lei generalista, que utiliza o termo Lei que altera e completa o ato de autogoverno local
orçamento participativo e prevê a sua possibilidade.
Adicionalmente: i) elogia o OP, enquanto mecanismo
simples e eficaz, e recomenda a criação de
regulamentação local decreto orçamental por parte
dos municípios interessados na sua implementação;
ii) não prescreve a proporção do orçamento que deve
ser destinada OP, nem a forma como os residentes
devem participar na decisão, mas recomenda que o
processo deve decorrer a tempo de incluir as decisões
dos cidadãos no orçamento municipal.
Inclui um preâmbulo uma descrição do orçamento
participativo, enquanto método de governação, e
analisa a forma como este processo foi adotado em
três países europeus, nomeadamente a França, a
Bélgica e a Alemanha.

Governos locais e governos regionais Trata-se de uma legislação híbrida, de caraterísticas A nova legislação introduz alterações ao Código
únicas no planeta, que fornece um quadro de regulação Orçamental da Federação Russa e à Lei Nacional
de dupla face: i) torna o processo participativo sobre Autogovernação.
facultativo para municípios e regiões, que podem por
sua iniciativa aprovar atos jurídicos regulamentares
próprios para a implementação deste tipo de
iniciativas; ii) torna o processo obrigatório caso um
grupo de pelo menos 10 cidadãos assim o requeira junto
do órgão representativo do governo local.

Governos locais (Condados) Trata-se de uma lei generalista, que prevê diferentes Quadro legislativo relacionado com as competências
formas de participação cidadã, entre as quais os e a gestão financeira dos condados e das áreas
“fóruns de preparação e validação do orçamento”, urbanas do país.
sem, no entanto, recorrer ao termo orçamento
participativo. Esta abertura legislativa tem sido
aproveitada por várias autoridades locais para
suportar legalmente a implementação do OP. Trata-se
de um processo facultativo, que quando adotado
deve obedecer a algumas regras, entre as quais a
publicitação junto da comunidade, com recurso a
diferentes formas e meios de comunicação.

47
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

48
A VIAGEM DOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS NO MUNDO
ANÁLISE DOS FLUXOS E CONSTRUÇÃO DE MAPAS DE INFLUÊ NC IAS
_
O orçamento participativo está envolvido numa ampla e complexa rede de movimentos
transnacionais, construída ao longo de mais de três décadas e composta por milhares de atores
e locais espalhados pelo mundo. São inúmeras as trajetórias percorridas por estas práticas,
tornando inviável qualquer ambição de as detalhar de forma minuciosa e exaustiva. Além de
estabelecer caminhos, as conexões impulsionadas pelo OP refletem também um cenário de
fluxos de modelos e ideias entre distintos territórios e culturas.

Figura 2 - Mapa global de fluxos


(pág.54)

Conscientes das limitações expostas, o exercício proposto neste Atlas consiste na criação de ‘mapas
de influências’, que procuram representar a circulação mundial dos orçamentos participativos
em diferentes temporalidades, analisando os países que serviram de inspiração para outros
idealizarem as suas primeiras iniciativas, bem como as relações existentes entre eles. O objetivo é
revelar as localizações ou polos mais influentes e as relações que se formaram ao seu redor.

A rede exposta é composta por 47 países e 66 relações. Trata-se de uma ‘estrutura’ bem conectada,
que expõe três dinâmicas em destaque, lideradas pelo Brasil, por Portugal e pela Polónia,
merecendo ainda uma referência os casos dos Estados Unidos da América e da Espanha.

Os fluxos vinculados ao Brasil são em maior número e diversidade, apresentando países de


diferentes continentes. O mesmo ocorre com Portugal, mas em menor proporção. No caso da
Polónia, o foco não está na quantidade de conexões, mas nas relações construídas, demonstrando a
importância da proximidade geográfica e das relações históricas e de cooperação nos processos de
transferência de modelos.

O mapa de fluxos que surge a partir do Brasil revela uma rede densa, conectada e diversa.
Ainda que o país tenha tido uma maior expressão, enquanto ‘território exportador’, no início
do processo de difusão do orçamento participativo (anos 90 e 2000), observa-se pelas conexões
que a influência brasileira ainda permanece.

Figura 3 - Mapa de fluxos tendo o Brasil como polo de influência


(pág.56)

Em meados da década de 1990, a maioria dos países inspirados pelo ‘modelo brasileiro’ localizava-se
na América do Sul, como Uruguai, Chile, Colômbia, Argentina, entre outros. Estes aproveitaram
a proximidade geográfica, bem como as relações existentes entre partidos de esquerda que
governavam diversas cidades sul-americanas para a transferência desta política de governação

49
local. Sobretudo a partir de 2000, o modelo de Porto Alegre começou a alcançar outros continentes,
com o impulso do Fórum Social Mundial, alcançando países como Portugal, Espanha, Inglaterra,
China, entre outros. Esse foi o período de grande difusão do OP a nível global.

O ‘fluxo Brasil-mundo’, o mais denso em cerca de trinta anos de OP, decaiu ao longo da última
década, acompanhando no essencial a dinâmica de quebra dos orçamentos participativos no país
e em particular em Porto Alegre. Este mantém-se como uma referência histórica indiscutível,
embora cada vez menos como uma fonte de replicação na atualidade. Para isto muito contribuem
três fatores: i) o conhecimento cada vez mais vasto de algumas insuficiências metodológicas do
processo e dos seus efeitos indesejados, sobretudo a nível político; ii) a prática extinção do OP na
capital gaúcha, o que torna difícil encontrar interlocutores na Administração que respondam
ativamente pela promoção local e internacional da iniciativa; iii) a emergência de outras boas
referências de OP no mundo, mais acessíveis e melhor conectadas com o norte do planeta, onde
se concentram na atualidade a maior parte das experiências ativas.

Uma menor adesão ao modelo brasileiro não significa que o OP parou de se mover. Pelo
contrário, a circulação continuou de forma intensa e em outras escalas, mas a partir de
novas referências ou modelos. Diversos países que implementaram suas experiências e
as transformaram à luz das realidades locais, passaram a ser considerados como polos de
inovação e de boas-práticas no universo dos orçamentos participativos, constituindo-se como
os ‘novos exportadores’ destes processos, como é o caso de Portugal.

Figura 4 - Mapa de fluxos tendo Portugal como polo de influência


(pág.57)

Os fluxos a partir de Portugal resultam numa rede mais concisa do que a brasileira, porém,
igualmente diversa, com presença em diferentes continentes. Por outro lado, não se notam
muitas conexões entre os países, exceto as relações intermediadas pelo Brasil.

A influência de Portugal fez-se sentir sobretudo a partir de 2007, depois do próprio país ter vivido
um período interno de adesão às iniciativas consultivas e destas terem fracassado diante da
afirmação de processos mais elaborados e consistentes de deliberação pública. Essa transformação
exigiu tempo para a consolidação de modelos específicos do território e para a emergência de boas
práticas locais, entre as quais se têm destacado a nível internacional Lisboa e Cascais21.

Entre os autores do Atlas, existem menções ao facto do ‘OP português’ se ter constituído como
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

uma referência para experiências desenvolvidas em Cabo Verde, Moçambique, Federação Russa,
França, Croácia, República Checa, Colômbia, México, Egito, entre outros. Neste grupo encontram-
se países que buscaram nas iniciativas lusas inspiração para os seus primeiros processos de OP
ou para uma renovação de experiências em curso. Este segundo grupo refere-se, no essencial, a
práticas que recorreram numa primeira fase da sua existência ao modelo de Porto Alegre e que
mais tarde procuraram em Portugal a fonte para uma revisão das metodologias.

Este último aspeto é relevante, na medida em que permite densificar um pouco a reflexão
entre as disseminações efetuadas a partir do Brasil e de Portugal. A enorme procura
internacional sobre a experiência de Porto Alegre foi gerida pela Prefeitura e por outros
atores sociais, pelo menos durante um período, como um serviço de apresentação do seu

21
Estas são as duas iniciativas identificadas pela rede de autores do Atlas, em particular nos países que afirmam
ter encontrado em Portugal a sua fonte de inspiração para a adoção do orçamento participativo.

50
processo, o que é natural, na medida em que não existiam outras referências fortes no
mundo. A ‘exportação do orçamento participativo’ foi, assim, assumida como a transferência
do desenho metodológico do OP de Porto Alegre, sem uma reflexão sobre as fragilidades que
o mesmo evidenciava a nível local e sem incorporar possíveis variantes no modelo. Esta
abordagem de transferência de política, gerou, por um lado, uma capacidade de disseminação
rápida do instrumento pelo mundo, mas, por outro, o insucesso de algumas experiências que
se limitaram a incorporar localmente e de forma pouco apropriada o referencial brasileiro.

A disseminação a partir de Portugal, posterior e menos expressiva, beneficiou das aprendizagens


realizadas sobre: i) os sucessos e insucessos verificados no próprio país; ii) os efeitos indesejados de
algumas opções metodológicas inerentes a diferentes modelos, entre os quais o de Porto Alegre;
iii) a necessidade da transferência de políticas se processar no âmbito de uma relação crítica entre
emissor e incorporador, conduzindo à reinterpretação e adaptação dos processos; iv) a necessidade
de recorrer a diferenciações metodológicas em função das realidades de incorporação.

Figura 5 - Mapa de fluxos tendo a Polónia como polo de influência


(pág.57)

No caso da Polónia, os fluxos expandem-se sobretudo para quatro países, entre os quais
também se estabelecem relações de influência no âmbito do OP. Apesar de ser uma rede pouco
diversa, os Estados que a compõem destacam-se pelos vínculos geográficos e históricos e por
uma intermediação institucional, a cargo da Fundação designada “Fundo de Solidariedade PL”.

Essa foi criada em 2001, por iniciativa do Presidente da República da Polónia, e visa promover
a cooperação internacional em domínios como as transformações democráticas, a boa
governação, o reforço da sociedade civil, a promoção dos direitos humanos, o fomento
da democracia local, entre outros. A entidade tem como foco de intervenção os países da
chamada “parceria oriental”, entre os quais vigoram os indicados no mapa de fluxos.

O reconhecimento do orçamento participativo como uma boa prática, inclusive alvo de


diversas legislações por parte do Estado polaco, emerge no âmbito da Fundação como
um instrumento de política a disseminar e um contributo que ajuda a materializar as
ambicionadas transformações democráticas nos países cooperantes.

Adicionalmente, merecem ainda destaque os mapas de fluxos gerados em torno dos Estados
Unidos da América e da Espanha. Em nenhum dos casos se verifica um padrão de influência
regular ou consistente. Ambas as situações parecem resultar sobretudo de relações pontuais
de colaboração, fruto das interações internacionais estabelecidas através de eventos
temáticos como conferências, seminários e encontros diversos bem como de visitas de
estudo. Neste último ponto, destacam-se a Suécia e a Federação Russa pelo significativo
investimento realizado na formação das suas equipas e na busca de boas práticas em
diferentes países, razão pela qual estão presentes em vários dos mapas de influência
expostos, como tendo beneficiado de diversas fontes de aprendizagem.

O caso dos Estados Unidos da América merece uma referência particular, por se destacar como
uma ‘influência tardia’ no universo dos orçamentos participativos, muito vinculada a algumas
abordagens metodológicas para promover a participação de públicos sub-representados em
grandes cidades. Não se trata, por isso, da ‘exportação’ de um modelo global de orçamento
participativo, mas da ‘transferência’ de algumas particularidades no processo.

51
Figura 6 - Mapa de fluxos tendo a EUA como polo de influência
(pág.58)

Figura 7 - Mapa de fluxos tendo a Espanha como polo de influência


(pág.58)

Tabela 9 - Síntese dos fluxos de influência

Regimes Políticos Fase de


Disseminador Períodos Cobertura
de Incorporação “Influência”

Brasil Forte influência - Ampla e diversa, Todos os tipos Todos os tipos


anos 90 e primeira com forte presença de regime, das de regime, das
década do século no hemisfério sul democracias democracias
XXI. (nos anos 90) e no perfeitas às perfeitas às
Influência remota - hemisfério norte ditaduras. ditaduras.
segunda década do (primeira década
século XXI. do século XXI).

Portugal Reconhecida Expressiva, com Maioria de países Primeira e segunda


influência - finais presença nos com democracias influências.
da primeira década hemisférios norte imperfeitas (6),
e segunda década e sul. sendo de assinalar
do século XXI. uma relação
de influência
importante para
países com regimes
autoritários (4).

Polónia Influência Localizada, com Essencialmente Primeira e segunda


localizada - segunda influência no leste países com regimes influências.
década do século europeu. híbridos, saídos
XXI. de ditaduras
em processo
de transição
democrática,
cumprindo os
propósitos da
fundação que
dá suporte aos
processos de
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

transferência de
política.

Estados Unidos da Influência Circunscrita, com Maioria de países Segunda e terceira


América circunscrita - duas referências de com regimes influências
segunda década do “influência tardia” autoritários.
século XXI na Europa e duas
na Ásia.

Espanha Influência Circunscrita, com Maioria de países Segunda e terceira


circunscrita - duas referências com democracias influências.
primeira e segunda de influência na imperfeitas.
décadas do século Europa e uma na
XXI. América Latina.

52
MAPAS
DE FLUXO

53
Figura 2 - Mapa global de fluxos

IRLANDA
DO NORTE

NIGÉRIA
ESCÓCIA

INGLATERRA E
PAÍS DE GALES
ISLÂNDIA

ESTÓNIA

PERÚ URUGUAI
ARGENTINA

ESLOVÉNIA

CHILE

REPÚBLICA
DOMINICANA

NOVA BRASIL
ZELÂNDIA

ALEMANHA

ÍNDIA

FRANÇA

HOLANDA
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

IRLANDA
BÉLGICA

CANADÁ

ALBÂNIA

54
GEÓRGIA ROMÉNIA

UCRÂNIA

MOLDÁVIA
POLÓNIA
MÉXICO

ANGOLA

CABO VERDE
REPÚBLICA
CHECA

EGIPTO

SÃO TOMÉ
E PRÍNCIPE

ESLOVÁQUIA

COREIA
DO SUL
PORTUGAL

RÚSSIA

COLÔMBIA CROÁCIA

CHINA

ESPANHA

TAIWAN

NORUEGA

EUA

SUÉCIA
MOÇAMBIQUE
ITÁLIA

55
Figura 3 - Mapa de fluxos tendo o Brasil como polo de influência

INGLATERRA E CHINA
PAÍS DE GALES ALBÂNIA

ARGENTINA

ÍNDIA
CANADÁ
EUA

ESLOVÁQUIA
CHILE

TAIWAN
IRLANDA

URUGUAI

MOÇAMBIQUE

ESTÓNIA

FRANÇA BRASIL

REPÚBLICA
DOMINICANA

EGIPTO

PORTUGAL

BÉLGICA
ITÁLIA
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

ALEMANHA

MÉXICO

COLÔMBIA CABO VERDE PERÚ

ESPANHA

56
Figura 4 - Mapa de fluxos tendo Portugal como polo de influência

REPÚBLICA
CHECA
SUÉCIA
RÚSSIA

CROÁCIA
SÃO TOMÉ
E PRÍNCIPE

PORTUGAL
COLÔMBIA EGIPTO

ANGOLA
FRANÇA

BRASIL

MOÇAMBIQUE

CABO VERDE
MÉXICO

Figura 5 - Mapa de fluxos tendo a Polónia como polo de influência

UCRÂNIA
GEÓRGIA

PORTUGAL

BRASIL

POLÓNIA
ROMÉNIA

REPÚBLICA
CHECA
ESLOVÁQUIA
MOLDÁVIA

57
Figura 6 - Mapa de fluxos tendo a EUA como polo de influência

PORTUGAL

BRASIL

CANADÁ RÚSSIA

SUÉCIA

TAIWAN

USA

CHINA

Figura 7 - Mapa de fluxos tendo a Espanha como polo de influência

BRASIL
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS

SUÉCIA

ESPANHA
COLÔMBIA

PORTUGAL CROÁCIA

58
ÁFRICA
ICO
ORÇAMENTOS

NT
17

PARTICIPATIVOS


AT
ÁFRICA

O
AN
_

OCE
24

9
N

815 *-428 **
O

E
ORÇAME NTOS
PARTIC IPATIVOS
EM ÁFRICA

S
* ANTES DA PANDEMIA 2019
** DURANTE A PANDEMIA 2020

37 473 158 139 8


4,38% 56,80% 21,42% 16,45% 0,95%

NORTE OCIDENTAL CENTRAL ORIENTAL SUL


20 EGIPTO 12 BENIN 11 ANGOLA 18 ETIÓPIA 13 ÁFRICA DO SUL
17 MARROCOS 26 BURQUINA FASO 22 CONGO 16 QUÉNIA
8 TUNÍSIA 1 GUINÉ 4 CAMARÕES 3 MADAGÁSCAR
9 COSTA DO MARFIM 6 R. D. CONGO 25 MOÇAMBIQUE
5 MALI 19 TANZÂNIA
24 MAURITÂNIA 21 UGANDA
7 NÍGER 23 ZÂMBIA
10 NIGÉRIA 15 ZIMBABUÉ
2 SENEGAL
14 TOGO

CARACTERÍSTICAS DOS TERRITÓRIOS ONDE SE DESENVOLVE A MAIORIA DOS OP EM ÁFRICA


_
REGIMES HÍBRIDOS ALTO ÍNDICE DE FELICIDADE
ALTO NÍVEL DE PERCEPÇÃO DA CORRUPÇÃO BAIXO ÍNDICE DE PAZ
BAIXO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUITO BAIXO ÍNDICE DE TERRORISMO
8

20

5
7

26

10
18

CO
4

DI
14

12 21 ÍN
22
16
O
N

OCEA
6
O
CE

19
ANO

11
ATLÂN

25
23

15
3
TIC
O

13
NÚMEROS DE ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS POR PAÍSES E PERCENTAGENS FACE AO TOTAL DO CONTINENTE AFRICANO
_

137 123 120 87


16,81% 15,09% 14,72% 10,67%

1
GUINÉ 2
SENEGAL 3
MADAGÁSCAR 4
CAMARÕES

100 51 50 30
12,27% 6,26% 6,13% 3,68%

5
MALI 6
R. D. DO CONGO 7
NÍGER 8
TUNÍSIA

20 20 18 17
2,45% 2,45% 2,21% 2,09%

9
COSTA DO MARFIM 10
NIGÉRIA 11
ANGOLA 12
BENIM

8 6 5 5
0,98% 0,74% 0,61% 0,61%

13
ÁFRICA DO SUL 14
TOGO 15
ZIMBABUÉ 16
QUÉNIA
4 3 3
0,49% 0,37% 0,37%

17
MARROCOS 18
ETIÓPIA 19
TANZÂNIA

3 2 2
0,37% 0,25% 0,25%

20
EGIPTO 21
UGANDA 22
REP. CONGO

1
0,12%

23
ZÂMBIA
ÍNDICE DE DEMOCRACIA - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS EM ÍNDICE DE PERCEÇÃO DA CORRUPÇÃO - ORÇAMENTOS
ÁFRICA POR REGIME POLÍTICO (Nº. E %) PARTICIPATIVOS EM ÁFRICA POR NÍVEIS DE CORRUPÇÃO (Nº. E %)

_ _

DEMOC R AC IA PE RC EÇÃO DA CORRUPÇÃO

DEMOCRACIAS PERFEITAS DEMOCRACIAS IMPERFEITAS 100 – 76 (BAIXO) 75 – 51 (MÉDIO)

0 38 0 0
0,00% 4,66% 0,00% 0,00%

HÍBRIDOS AUTORITÁRIOS 50 – 26 (ALTO) 25 – 0 (MUITO ALTO)

415 362 550 265


50,92% 44,42% 67,48% 32,52%

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO - ORÇAMENTOS


PARTICIPATIVOS EM ÁFRICA POR NÍVEL DE ÍNDICE DE FELICIDADE - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS EM
DESENVOLVIMENTO HUMANO (Nº. E %) ÁFRICA POR NÍVEIS DE FELICIDADE DA POPULAÇÃO (Nº. E %)

_ _

DESE NVOLVIME NTO HUMANO FE LIC IDADE

MUITO ALTO ALTO 6.1 – 8.0 (MUITO ALTO) 4.1 – 6.0 (ALTO)

0 41 0 788
0,00% 5,03% 0,00% 96,69%

MÉDIO BAIXO 2.1 – 4.0 (MÉDIO) 0.0 – 2.0 (BAIXO)

122 652 27 0
14,97% 80,00% 3,31% 0,00%
ÍNDICE DA PAZ - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS EM ÁFRICA POR ÍNDICE DE TERRORISMO - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS EM
NÍVEIS DE PAZ (Nº. E %) ÁFRICA POR NÍVEIS DE TERRORISMO (Nº. E %)

_ _

PA Z TE RRORISMO

MUITO ALTO ALTO MUITO ALTO ALTO

0 264 20 241
0,00% 32,39% 2,45% 29,57%

MÉDIO BAIXO MÉDIO BAIXO

217 263 66 80
26,63% 32,27% 8,10% 9,82%

MUITO BAIXO MUITO BAIXO SEM IMPACTO

71 385 23
8,71% 47,24% 2,82%
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Rui Mangovo
ANGOLA

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OS OP


_
Sim, existe uma legislação que regulamenta as experiências de
orçamento participativo.

CAPITAL POPUL AÇÃO

LUANDA 31 805 290 INOVAÇÕES EM DESTAQUE


_
Com a ideia de um novo país em mente, alicerçado num Estado
mais consciente e focado no interesse público, o governo
LÍNGUA MOE DA
começou a experimentar diferentes iniciativas tendentes à
desconcentração e descentralização da administração pública e
PORTUGUÊS KWANZA (AOA)
a torná-la mais democrática e participativa.
Em 2019, o Governo Angolano aprovou as leis 234/19 e 235/19,
LOCALIZAÇÃO ambas a 22 de julho, referentes ao Orçamento Participativo.
Estas foram equacionadas como forma de institucionalizar estes
processos, uma vez que são considerados ideais para promover
a democracia participativa e a participação direta dos cidadãos
no cenário público, através de práticas alargadas de consulta e/
ou codecisão, a fim de definir e priorizar o orçamento público
de um determinado território, com base em diálogos extensos e
debates no interior da sociedade.
Dito isto, a principal inovação implementada através
do orçamento participativo em Angola é a existência de
instrumentos de educação disponíveis para os cidadãos
e espaços abertos de participação que complementam e
integram os deveres da instituição numa lógica de governação
ÍNDIC ES
de proximidade, a fim de fortalecer a perda de confiança nas
instituições e de estabelecer mecanismos de monitorização e
controlo da despesa pública.

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS
2019 HUMANO 2019
_
119 149 A maior referência de Angola para a adoção do OP foi Portugal.
AUTORITÁRIO MÉDIO

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

146/180 S/D
ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

77 52
MÉDIO BAIXO 18 18
ÁFRICA
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP orçamento dos cidadãos e do orçamento participativo da
_ Administração Municipal, conforme regulamentado por lei;
Uma vez que o país ainda se encontra a realizar as primeiras 2. Estabelecimento dos Comités de Gestão Técnica (CGT) do
experiências de OP, estas ainda não serviram de referência orçamento participativo;
para outras iniciativas. Internamente, pode ser dito que o 3. Formação de representantes dos cidadãos nas estruturas do
OP tem sido catalisado para resgatar a cidadania e reforçar a OP para melhor entenderem o funcionamento e relevância
democracia participativa no país. desse processo para a governação local;
4. Introdução ao OP em 54 municípios, em 2020, incluindo a
metodologia e o calendário de trabalho.
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
_
Um ano após a aprovação da lei e institucionalização destes
1. OP que foram suspensos: 70%
processos, Angola encontra-se ainda na fase de experimentação
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 30%
dos orçamentos participativos.
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 0%

INFORMAÇÃO ADICIONAL
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
_
_
Este relatório analisa a situação e o progresso da
Como é o caso em todo o mundo, 2020 foi um ano assolado
implementação do OP em Angola, um ano após a aprovação do:
pelo surto do novo coronavírus, que provou ser uma grande
1. Decreto Presidencial n0 234/19 de 22 de julho, que fixa o
ameaça à vida humana e um fator de perturbação global,
valor de 25,000,000 kz, aproximadamente 35,000 euros,
causando uma crise brutal em várias economias. Para Angola,
para o orçamento dos municípios no âmbito dos respetivos
cuja atividade é fortemente dependente das exportações de
orçamentos participativos;
petróleo (cerca de 90% do total de exportações), esta situação
2. Decreto Presidencial n0 235/19 de 22 de julho, que
pareceu ser razão suficiente para o desajustamento dos
institucionaliza o OP nos municípios angolanos, como uma
programas do Executivo, tendo afetado largamente o processo
forma de implicar os cidadãos no processo de tomada de
de implementação do Orçamento Participativo.
decisão e um princípio subjacente ao funcionamento da
Administração Local do Estado.
Para continuar o programa de implementação do OP, o
Estado Angolano decidiu criar uma parceria técnica com
A Associação Presença Cívica de Angola, promotora dos
o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
orçamentos participativos no país, acredita no processo e nas
(PNUD). Nesta perspetiva, as principais tendências do
OP no país, durante este período pandémico, visam
essencialmente o/a:
CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE>
1. Estabelecimento de estruturas locais representativas dos
cidadãos no OP, que irão funcionar nos dois aspetos do

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

1 18 0 0 0
67
ANGOLA

COMUNIDADE
suas qualidades, entre as quais se destaca a emancipação da
cidadania. Por esta razão, no âmbito da responsabilidade social
da entidade, procura promover as iniciativas de participação
direta da população nas decisões económicas, sociais e políticas
no seio das suas comunidades, estabelecendo proximidade entre
CAPITAL POPUL AÇÃO
governo e governados.
LUANDA 31 805 290
Acredita também que com a adoção do OP é possível encorajar
e estimular:

LÍNGUA MOE DA 1. A participação direta dos cidadãos na atribuição de


PORTUGUÊS KWANZA (AOA) investimentos públicos nos municípios, comunas, bairros
ou aldeias;
2. O aumento da responsabilidade dos gestores públicos
LOCALIZAÇÃO
referente à população e ao território que dirigem;
3. A redução da corrupção e do excesso de burocracia nas
instituições;
4. A diminuição do poder dos funcionários governamentais
nos processos de tomada de decisão, a fim de permitir que os
cidadãos sejam implicados na definição dos recursos públicos.

ÍNDIC ES

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


2019 HUMANO 2019

119 149
AUTORITÁRIO MÉDIO

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

146/180 S/D
ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

77 52
MÉDIO BAIXO 18 18
ÁFRICA
LUANDA

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

1 18 0 0 0
69
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Jean Pierre Degue e Gervais Loko
BENIM

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
Em novembro de 2019 foi lançado, a nível nacional, um processo
para a elaboração de um guia de referência para a implementação
do orçamento participativo. Liderado pelo ministério responsável
CAPITAL POPUL AÇÃO pela descentralização, esta iniciativa envolve atores da sociedade
PORTO-NOVO 11 801 150 civil e agências de cooperação para o desenvolvimento, que
promovem a aplicação do OP nos municípios. A versão provisória
do documento está pronta e a aguardar aprovação. Esta dinâmica
culminará com a aprovação deste recurso por despacho
LÍNGUA MOE DA ministerial ou por decreto do Conselho de Ministros.
(XOF)
FRANCÊS FRANCO CFA
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
LOCALIZAÇÃO _
Em 2019, os municípios de Aplahoué, Djakotomey, Dogbo,
Klouékanmè, Lalo e Toviklin implementaram um orçamento
participativo setorial, a favor das crianças órfãs e vulneráveis.
Durante o processo, este público foi mobilizado a partir das
aldeias, distritos e cidades para expressar as suas necessidades
e apresentar os projetos considerados prioritários. As referidas
câmaras municipais concordaram financiar os investimentos em
apreço no ano de 2020.

IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP


_
ÍNDIC ES 1. OP que foram suspensos: 100%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 0%

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
2019 HUMANO 2019 _
97 163 Os processos foram suspensos devido a restrições relacionadas
REGIME HÍBRIDO BAIXO
com a pandemia do novo coronavírus.

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

80/180 86/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

72 138
ALTO SEM IMPACTO 17 0
ÁFRICA
PORTO - NOVO

INFORMAÇÃO ADICIONAL âmbito do programa PartiCiP, com a colaboração da ONG


_ ALCRER e a Rede Social Watch Benin, entre 2018 e 2019;
Ao longo dos anos de 2016 a 2019 foram realizadas 39 3. Os municípios de Sinendé, Pèrèrè, Ségbana e Toffo
experiências de orçamento participativo em diferentes tiveram no total dez experiências;
municípios beninenses: 4. Os municípios de Aplahoué, Djakotomey, Dogbo,
Klouékanmè, Lalo e Toviklin beneficiaram do apoio
1. Os municípios de Kouandé, Péhunco, Covè, Ouinhi, da ONG RADD, no âmbito do 11 Fundo Europeu de
Zogbodomey, Kétou, Kérou, Allada, Comè e Natitingou Desenvolvimento (FED), com uma experiência de OP
tiveram a assistência da cooperação alemã (GIZ), entre dirigida às crianças órfãs e vulneráveis.
2017 e 2019;
2. Os municípios de Athiémé, Boukombé, Dogbo, Ifangni,
Adjarra e Ouèssè realizaram duas experiências no

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 17
71
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Hermann Doanio e David Jimmy Kere
BURQUINA FASO

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
A lei de 2004, referente ao Código Geral das Autoridades Locais,
regulamenta o desenvolvimento do orçamento participativo no
Burquina Faso com um carácter menos restritivo. O projeto de
CAPITAL POPUL AÇÃO revisão desta lei, ainda não adotado, dará lugar de destaque a
OUAGADOUGOU 20 321 380 estes processos.

O Decreto 2019-0575 / PRES / PM / MINEIFD / MATDC, relativo


ao regime financeiro e contabilístico das Autoridades Locais,
LÍNGUA MOE DA introduz o conceito de orçamento participativo (artigo 470),
FRANCÊS FRANCO CFA como processo de participação dos cidadãos, embora com
carácter não vinculativo.

LOCALIZAÇÃO
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
Na realidade, estas não se evidenciam. As inovações dizem
sobretudo respeito à organização de debates de política
orçamental ao nível das Autoridades Locais.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA


_
A pandemia é, em teoria, anterior à implementação concreta do
OP no país, pelo que não se identificam tendências resultantes
desta crise. Um guia de preparação do OP está a ser atualizado e
ÍNDIC ES validado a nível nacional.

INFORMAÇÃO ADICIONAL
_
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO A pandemia Covid-19 levou o governo a adiar a implementação
2019 HUMANO 2019 das novas normas de descentralização, o que deveria ter
112 182 acelerado a adoção do projeto de lei sobre o código geral
REGIME HÍBRIDO BAIXO
das autoridades locais. Este adiamento pode atrasar a
implementação dos regulamentos do OP no Burquina Faso.

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

85/180 112/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

104 27
MÉDIO MÉDIO 0 0
ÁFRICA
OUAGADOUGOU

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 0
73
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Achille Noupeou
CAMARÕES

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
A Constituição e os documentos de descentralização fornecem
hoje um quadro metodológico para a implementação do
orçamento participativo. Antes de 2019, esse não era nem
CAPITAL POPUL AÇÃO explícito nem obrigatório. Com o Código Geral das Coletividades
YAOUNDÉ 25 876 38 Territoriais Descentralizadas, no seu artigo 386o, as autoridades
locais descentralizadas são obrigadas a contar com a
participação dos cidadãos na elaboração dos seus orçamentos.

LÍNGUA MOE DA Na sequência da promulgação da Lei 2019/024 de 24 de


FRANCÊS FRANCO CFA dezembro de 2019, sobre o Código Geral, o Programa Nacional
CENTRO-AFRICANO (X AF) de Governação, a ASSOAL e a ACBP-FL (Aliança Camaronesa
para o Orçamento Participativo e Finanças Locais) estão a
LOCALIZAÇÃO trabalhar na elaboração de um conjunto de documentos para a
implementação do OP no país.

INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
O orçamento participativo tem experimentado várias inovações
no país. A orientação temática destas iniciativas permitiu
melhorar os processos, ultrapassando algumas fragilidades, que
antes eram minimizadas.
A outra inovação diz respeito ao compromisso dos municípios
em reforçar o sistema de arrecadação de receitas com o
envolvimento da população, bem como a utilização de
ÍNDIC ES
Tecnologias de Informação e Comunicação para:

1. Ampliar a participação;
2. Reforçar a transparência através da plataforma de
visualização do orçamento;
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 3. Melhorar o centro de atendimento dos cidadãos, para
recolha de feedback;
141 150 4. Aprimorar o funcionamento dos observatórios de serviços
AUTORITÁRIO MÉDIO
sociais básicos, para monitorizar as realizações no terreno;
5. Aperfeiçoar a plataforma web SMS para a votação dos
pedidos dos cidadãos, etc.

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

153/180 98/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

138 15
BAIXO ALTO 87 87
ÁFRICA
YAOUNDÉ

IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP dos diferentes atores - organizações da sociedade


_ civil, municípios e outros - o que implica pelo menos
1. OP que foram suspensos: 87% uma comunicação institucional intensa em torno das
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 3% experiências de OP;
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 10% 2. A transferência de conhecimento, competências e
tecnologias para a implementação de iniciativas que
promovam uma melhor participação dos cidadãos;
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
3. O aumento da escala. A expansão que se segue ao
_
desafio da propriedade também depende da inclusão e/
De um modo geral, a tendência é de crescimento. Hoje em
ou envolvimento de mais intervenientes no OP. Esta
dia, os parceiros técnicos e financeiros estão a promover a
ampliação deve basear-se em atores estratégicos, tais
implementação do OP para a apresentação de projetos. O
como governos e municípios locais, organizações da
governo, através do Código Geral das Autoridades Territoriais
sociedade civil e entidades governamentais centrais;
Descentralizadas, obriga agora as Autoridades Locais a
4. A institucionalização do orçamento participativo. Esta
implementar este processo.
responde à exigência local de maior responsabilização
As organizações da sociedade civil, com os novos executivos
dos governos, mas sobretudo de maior envolvimento dos
comunitários, estão a trabalhar para expandir o OP através
cidadãos nos processos de tomada de decisão, implicação
do Programa Nacional de Governação. Estas entidades estão
que vai para além da mera informação. Tal iniciativa é
representadas no seio da Aliança Camaronesa do Orçamento
favorável pelo contexto de descentralização em curso e
Participativo e Finanças Locais. A nível técnico, são
poderia ser apoiada por ações que visem a adoção de uma
implementadas várias abordagens para apoiar o OP no país.
lei sobre o orçamento participativo e, consequentemente, a
definição de uma verdadeira estratégia nacional nesta área.
No entanto, isto requer um autêntico trabalho de advocacia.
INFORMAÇÃO ADICIONAL
_
O OP enfrenta os seguintes reptos fundamentais:

1. O desafio da propriedade. Estas iniciativas merecem


ser amplamente divulgadas e apropriadas por parte

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

19 4 0 0 0
75
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Jean Jacques Yapo e Aman Jean Pierre N’Gbesso
COSTA DO MARFIM

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
Existem documentos legislativos que permitem legitimar a
realização dos orçamentos participativos, com se expõe de seguida.

CAPITAL POPUL AÇÃO Lei 2014-451 de 05 de agosto de 2014 sobre a organização geral
YAMOUSSOUKRO 25 716 540 da administração das coletividades territoriais. Título II:
Administração Descentralizada.

1. Artigo 32o define que a administração descentralizada é


LÍNGUA MOE DA realizada no âmbito das Autoridades Locais, nomeadamente
FRANCÊS FRANCO CFA (XOF) as Regiões e os Municípios. Dentro dos limites das suas
competências, as autoridades territoriais têm as seguintes
missões: organização da vida coletiva na autarquia local;
LOCALIZAÇÃO participação da população na gestão dos assuntos locais;
promoção do desenvolvimento local; modernização do
espaço rural; melhoria da qualidade de vida; gestão do
território e do ambiente.
2. Artigo 34o estabelece que as autoridades regionais e locais
são livremente administradas.

Lei 2012-1128 de 13 de dezembro de 2012 sobre a organização das


coletividades territoriais.

1. Artigo 32 prevê que as reuniões do Conselho são públicas.


2. Artigo 35 define que qualquer habitante ou contribuinte de
ÍNDIC ES uma autarquia local tem o direito de solicitar, às suas próprias
custas, a comunicação, sem deslocação, de todas ou de parte
das atas e deliberações dos Conselhos, dos orçamentos e
contas do órgão descentralizado, bem como dos decretos,
com a exceção de deliberações tomadas durante uma reunião
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
realizada à porta fechada. Todavia, ninguém os pode publicar
2019 HUMANO 2019 sem o acordo dos Conselhos.
111 165
REGIME HÍBRIDO BAIXO

INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
1. Deliberação sobre a adoção do OP;

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

106/180 85/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

107 72
MÉDIO BAIXO 20 3
ÁFRICA
YAMOUSSOUKRO

2. Definição de uma parte do orçamento de investimento para conter a propagação da pandemia COVID-19. A maioria dos
municipal atribuído aos OP; fóruns não foi realizada. Contudo, espera-se que com a anulação
3. Utilização das TIC para votação e priorização de projetos das medidas impostas pela pandemia, tais como a proibição
comunitários. do ajuntamento de pessoas e da realização de reuniões, os OP
sejam retomados a breve prazo.

IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP


_
INFORMAÇÃO ADICIONAL
1. OP que foram suspensos: 75% _
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 25% 1. Têm crescido as iniciativas de participação dos cidadãos
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 0% promovidas por associações e ONG;
2. Têm sido realizadas cada vez mais experiências de OP
desenvolvidas pelas autoridades locais;
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
3. A colheita de impostos municipais tem sido,
_
progressivamente, realizada de forma eletrónica;
No contexto da Costa do Marfim, os OP foram suspensos por
4. Nas eleições locais da Costa do Marfim de 2018, os
causa da pandemia que surgiu no final de março de 2020 e
candidatos defenderam os processos de OP como um
coincidiu com a implementação dos orçamentos públicos,
programa de governação. Alguns foram eleitos como
em particular com a mobilização de recursos e a realização
governadores locais;
progressiva de investimentos prioritários. De facto, a execução
5. A Costa do Marfim pretende tornar-se o centro da
orçamental tem sido difícil e sujeita a cortes substanciais nos
democracia participativa, daí a organização de seminários
investimentos nas comunidades.
internacionais, tais como o Seminário regional PAGOF em
Além disso, o processo tem sido dificultado pela fraca
2019, a Conferência Francófona de Dados Abertos em 2019 e
mobilização de recursos e pela não realização das reuniões de
o Observatório Internacional de Democracia Participativa
prestação de contas, dadas as medidas impostas pelo Governo
(OIDP) em 2021.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

3 2 6 0 11
77
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Sara Eid
EGIPTO

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
Existe no país uma unidade especializada em transparência
fiscal e envolvimento do cidadão, estabelecida pelo Decreto
Ministerial n.o 574, no final do ano 2018, que reporta
CAPITAL POPUL AÇÃO diretamente ao Ministério das Finanças. Essa é responsável
CAIRO 100 388 07 pela implementação do OP, no âmbito das funções que incluem
o reforço do envolvimento comunitário e o planeamento
participativo, bem como o estabelecimento de parcerias locais e
internacionais, com destaque para uma rede que atingiu 40 ONG
LÍNGUA MOE DA em diferentes províncias. Esta unidade publicou 7 relatórios
ÁRABE LIBRA EGÍPCIA (EGP) alusivos ao ciclo orçamental e às tendências macroeconómicas,
contribuindo, assim, para aumentar a disponibilidade de
informação e facilitar a participação do público.
LOCALIZAÇÃO A nova lei do “planeamento público” prevê artigos que incentivam
a inovação e reforçam a participação e a cooperação entre todos
os intervenientes efetivos, incluindo os cidadãos, no planeamento
e desenvolvimento nacionais, no quadro da política geral do
Estado, tendo como objetivo contribuir para a melhoria da
qualidade de vida, a justiça social e a prestação de serviços.

INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
É importante notar que o OP no Egipto se encontra na fase que
se pode designar de mobilização. No entanto, entre as suas
inovações estão:
ÍNDIC ES

1. A construção de um modelo egípcio de OP, que beneficia da


difusão das melhores práticas internacionais. Este é um
processo híbrido, situado entre “a participação de múltiplas
partes interessadas” e a “democracia de proximidade”;
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 2. O estabelecimento de um modelo “codecisional” de OP, no
âmbito do qual os cidadãos podem classificar as propostas
137 116 apresentadas, contribuindo, assim, para a criação de uma lista
AUTORITÁRIO ALTO
hierarquizada de investimentos. Este processo de tomada

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

106/180 138/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

136 11
BAIXO ALTO 3 22 3
ÁFRICA
de decisão é visto como um instrumento para maximizar IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
a inovação e a participação da população nas decisões do _

governo local; 1. OP que foram suspensos: 0%


3. A nomeação de embaixadores/multiplicadores do 2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 50%
OP, que podem transferir conhecimento sobre esta 3. OP que sofreram alterações/adaptações: 25%
iniciativa a partir do projeto-piloto de Alexandria para
outros territórios;
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
4. A adoção de uma abordagem da base para o topo, _
enquanto se formam os executivos governamentais Todos os intervenientes da iniciativa do OP em Alexandria
sobre as melhores práticas e protocolos de OP para uma adotaram ferramentas online para a realização de reuniões e
implementação eficaz; seminários virtuais, a fim de continuar a trabalhar na fase de
5. O reconhecimento e a capacitação da sociedade civil e mobilização da iniciativa, ao mesmo tempo que respondem
parceiros sociais, tais como universidades, para que se aos potenciais riscos da pandemia.
possam tornar um interveniente-chave da iniciativa;
6. A diversidade de mobilização, a fim de dar voz aos cidadãos
comuns de todos os setores da sociedade, nos processos de INFORMAÇÃO ADICIONAL
planeamento e desenvolvimento da sua cidade; _
7. A conceção de uma iniciativa-piloto para futura expansão O modelo egípcio de OP visa envolver os cidadãos nos
e deliberação. processos de desenvolvimento sustentável. A iniciativa de
Alexandria tem uma variedade de intervenientes, entre os
quais ministérios, organizações da sociedade civil, membros
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS parlamentares e universidades. Além disso, este OP tem
_ recebido o apoio de vários parceiros de sucesso, tais como
Portugal e Brasil estão entre os países que influenciaram a a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento
criação de um modelo egípcio de orçamento participativo. Internacional (USAID), a ONU Mulheres, o Banco Mundial, a
As suas histórias de sucesso foram apresentadas e discutidas UNICEF, a ONU-Habitat e a CARE Egipto. A implementação
durante a formação introdutória frequentada pelos do OP está alinhada com a estratégia nacional “Egypt Vision
funcionários do Governo, em fevereiro de 2020.

CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >


REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP
_
A atual iniciativa de OP de Alexandria é um projeto-piloto e
visa servir de modelo de referência para a implementação de 22
Os processos são desenvolvidos a nível local, nas Províncias de Alexandria,
iniciativas semelhantes em outras governações. Neste âmbito, Sohag e Qena. A coordenação geral é assegurada pelo Governo do Egipto,
está a ser planeada a implementação do OP em Fayoum. representado pelo Ministério das Finanças.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

3 3 0 0 0
79
EGIPTO

COMUNIDADE 2030”, em particular com princípios relativos à melhoria da


transparência e da qualidade de vida dos cidadãos.

O plano do Ministério das Finanças para implementar o OP


durante os próximos três anos prevê o reforço do conhecimento
CAPITAL POPUL AÇÃO
sobre estes processos e o gradual estabelecimento de uma
CAIRO 100 388 07 rede que envolve diferentes atores, tais como organizações da
sociedade civil, representantes da governação, ministérios,
parlamento e algumas autoridades locais.

LÍNGUA MOE DA A Ministério das Finanças começou a dinâmica de conceção do


ÁRABE LIBRA EGÍPCIA (EGP) “modelo egípcio” do orçamento participativo através da/do:

1. Criação de uma rede expressiva de 40 ONG;


LOCALIZAÇÃO 2. Organização de dois workshops, a fim de introduzir
os princípios e técnicas de implementação do OP aos
participantes governamentais e não governamentais;
3. Realização de reuniões regulares de coordenação com os
funcionários dos municípios, com o objetivo de prosseguir
com as próximas etapas e lançar atividades no terreno;
4. Planeamento de um modelo ToT (Training of Trainers), que
tem por base o envolvimento de formadores na capacitação
de novos elementos, para que estes assumam o papel de
embaixadores do OP.

ÍNDIC ES

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


2019 HUMANO 2019

137 122
AUTORITÁRIO ALTO

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

106/180 138/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

136 11
BAIXO ALTO 3 22 3
ÁFRICA
CAIRO

CIDADES CAPITAIS GRANDES CIDADES


ALEXANDERIA ALEXANDERIA
SOHAG SOHAG
QENA QENA

22
Os processos são desenvolvidos a nível local, nas Províncias de Alexandria,
Sohag e Qena. A coordenação geral é assegurada pelo Governo do Egipto,
representado pelo Ministério das Finanças.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

3 3 0 0 0
81
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por CECIDE - Centro do Comércio Internacional para
GUINÉ o Desenvolvimento

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
O orçamento participativo está previsto na última versão do
“código comunitário”.

CAPITAL POPUL AÇÃO

CONACRI 12 771 250 INOVAÇÕES EM DESTAQUE


_
De acordo com o Gabinete de Monitorização e Avaliação da
Agência Nacional de Financiamento das Coletividades (ANAFIC),
LÍNGUA MOE DA
não se verificaram inovações notáveis na implementação do OP
na Guiné.
FRANCÊS FRANCO GUINEENSE
(GNF)

IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP


LOCALIZAÇÃO
_
1. OP que foram suspensos: 0%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 100%

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA


_
O governo, através do Ministério da Administração e
Descentralização Territorial e da ANAFIC, trabalha em conjunto
com as autoridades locais para manter a implementação efetiva
dos processos de OP, apesar da pandemia.
ÍNDIC ES

INFORMAÇÃO ADICIONAL
_
A particularidade do OP na Guiné prende-se ao facto de os 5
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
municípios da cidade capital não estarem ainda abrangidos
2019 HUMANO 2019 pelo projeto dos orçamentos participativos. Está prevista a
132 174 criação de uma agência de financiamento para os municípios
AUTORITÁRIO BAIXO de Conakry, que será responsável pela implementação do OP
nesses territórios.

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

130/180 102/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

100 100
MÉDIO MUITO BAIXO 137 137
ÁFRICA
CONACRI

O objetivo da ANAFIC é formar uma massa crítica de


organizações não governamentais, que irá assegurar a
implementação e monitorização das experiências, bem como
23
O Centro de Comércio Internacional para o Desenvolvimento (CECIDE
Développement) e a associação humanitária AIDE et ACTION estão a
estabelecer um plano de comunicação adaptável a todos os
promover o OP, particularmente nas localidades mineiras. A UNICEF
municípios para a promoção desses processos, com impactos encontra-se a trabalhar em 40 municípios de convergência através de um
registados e histórias de sucesso. projeto de disseminação do OP.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 0 23
83
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
MADAGÁSCAR por Herilala Axel Fanomezantsoa

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
Atualmente, ainda não existe legislação/regulamentação específica
sobre o orçamento participativo. As instituições estatais podem
utilizar esta metodologia ou não, de forma voluntária.
CAPITAL POPUL AÇÃO

ANTANANARIVO 26 969 310


INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
Desde que o país institucionalizou as Estruturas de Coordenação
LÍNGUA MOE DA
Local (ELC, Estrutura Local de Concertação) para garantir
a transparência, responsabilidade social e envolvimento dos
FRANCÊS ARIARI MALGAXE (MGA)
cidadãos a nível municipal os governos locais podem aproveitar
as ELC como plataformas para debater e promover os processos
LOCALIZAÇÃO de orçamento participativo. Atualmente existem 210 ELC
operacionais no país e a maioria das autoridades locais que
utilizam o OP têm essas estruturas.

REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS


_
O OP em Madagáscar foi inspirado pelas agências de
desenvolvimento que apoiam a governação local no país.

REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP


_
ÍNDIC ES Todas as práticas de OP existentes utilizam o mesmo modelo
que foi implementado inicialmente.

IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP


_
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 1. OP que foram suspensos: 90%
85 162 2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 5%
REGIME HÍBRIDO BAIXO 3. OP que sofreram alterações/adaptações: 5%

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

158/180 137/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

55 82
ALTO MUITO BAIXO 120 120
ÁFRICA
ANTANANARIVO

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA nos orçamentos participativos foi totalmente interrompida.
_ As ferramentas digitais podem ser uma solução, mas o país
A prática do OP está ainda na fase inicial em Madagáscar. continua a ter estruturas de acesso à Internet muito fracas,
Com as medidas do confinamento desencadeadas pela particularmente em áreas rurais.
resposta à pandemia, a reunião dos agentes implicados

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 0
85
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
MALI por Aboubacar Sangare

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
Está em curso uma lei sobre a regulamentação do orçamento
participativo no Mali, a cargo da Direção Nacional das
Autoridades Locais.
CAPITAL POPUL AÇÃO

BAMAKO 19 658 030


IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
_
1. OP que foram suspensos: 0%
LÍNGUA MOE DA
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 100%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 0%
FRANCÊS FRANCO CFA (XOF)

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA


LOCALIZAÇÃO
_
A tendência é realmente descendente para toda a economia local.

ÍNDIC ES

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


2019 HUMANO 2019

100 184
REGIME HÍBRIDO BAIXO

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

130/180 114/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

145 13
BAIXO ALTO 100 100
ÁFRICA
BAMAKO

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

5 0 0 0 0
87
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
MAURITÂNIA por Ibrahima Niang

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
Despacho 680 do Ministério do Interior e da
Descentralização (MIDEC).

CAPITAL POPUL AÇÃO


INFORMAÇÃO ADICIONAL
NOUAKCHOTT 4 525 700 _
Existe um Despacho do MIDEC (680), de 2011, que exige a
criação de um mecanismo de auscultação local, designado
de quadro de consulta municipal, que se assemelha ao
LÍNGUA MOE DA
orçamento participativo.
ÁRABE OUGUIYA (MRO)

LOCALIZAÇÃO

ÍNDIC ES

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


2019 HUMANO 2019

116 161
AUTORITÁRIO BAIXO

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

137/180 129/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

122 138
BAIXO SEM IMPACTO 0 0
ÁFRICA
NOUAKCHOTT

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 0
89
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Dénice Paulo Jamo
MOÇAMBIQUE

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
Em Moçambique, a base da Governação Participativa está
consubstanciada na Constituição da República (artigo 271o) e
através dos artigos 26o e 27o do Decreto 51/2004 de 1 de dezembro,
CAPITAL POPUL AÇÃO e é atribuída ao governo para garantir a criação de condições
MAPUTO 30 366 040 para a participação dos cidadãos e da sociedade civil.

Para responder aos desafios identificados na Governação


Participativa, foi criada a rede REMOP (Rede Moçambicana para
LÍNGUA MOE DA o Orçamento Participativo).
PORTUGUÊS METICAL (MZN)

LOCALIZAÇÃO

ÍNDIC ES

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


2019 HUMANO 2019

120 180
AUTORITÁRIO BAIXO

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

146/180 120/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

94 25
MÉDIO MÉDIO 0 0
ÁFRICA
MAPUTO

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 0
91
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Zakari Ibrahim
NÍGER

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
Existem diversas leis que concorrem para promover um quadro
metodológico para a adoção do orçamento participativo, a saber:

CAPITAL POPUL AÇÃO 1. A Constituição de 25 de novembro de 2010;


NIAMEY 23 310 720 2. O Código Geral de Autoridades Locais e Regionais;
3. O Guia Nacional do OP.

LÍNGUA MOE DA INOVAÇÕES EM DESTAQUE


_
FRANCÊS FRANCO CFA (XOF)
O envolvimento de parceiros técnicos e financeiros dos
municípios no comité diretivo do processo de OP, a fim de
LOCALIZAÇÃO canalizar e harmonizar as suas intervenções em diferentes
setores de desenvolvimento e de garantir a eficácia e eficiência
dos investimentos selecionados no final das diferentes consultas.

Para os municípios com várias zonas (divisões administrativas),


são anexadas duas para se tornarem numa só, a fim de facilitar
a implementação de fóruns locais. A utilização de rádios
comunitárias e redes sociais (WhatsApp) para sensibilizar
e mobilizar comunidades em torno do OP, incluindo as
comunidades transnacionais.

IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP


ÍNDIC ES _
1. OP que foram suspensos: 0%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 100%

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


2019 HUMANO 2019 PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
127 189 _
AUTORITÁRIO BAIXO
Os OP não foram suspensos, uma vez que a pandemia surgiu
no final de março de 2020 e coincidiu com a execução dos

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

120/180 103/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

126 23
BAIXO MÉDIO 50 50
ÁFRICA
NIAMEY

orçamentos municipais, incluindo a mobilização de recursos INFORMAÇÃO ADICIONAL


e a realização progressiva de investimentos prioritários. _

Contudo, o processo foi dificultado pela fraca mobilização de A abordagem do OP continua a ser a melhor opção na gestão
recursos e pela não concretização das reuniões de prestação dos assuntos públicos aos níveis municipal, regional e
de contas, devido às medidas impostas pelo governo para nacional. No Níger, a implementação do OP está limitada, até
conter a propagação do vírus. agora, a 50 municípios dos 266 existentes no país.

Como resultado, em alguns casos, as reuniões de prestação Com as eleições locais, previstas para o final de 2020, os
de contas foram adiadas e noutros foram realizadas em novos conselhos municipais terão uma profunda necessidade
número reduzido ou através da rádio comunitária. No entanto, de capacitação e o apoio em termos do processo de OP será
com o levantamento da maioria das medidas impostas, tais fortemente solicitado pelos funcionários locais eleitos. Até agora,
como a proibição do ajuntamento de pessoas e da realização o OP continua a ser uma opção adotada apenas a nível municipal.
de encontros, o OP de 2021 não será muito perturbado pela
pandemia, embora se deva reconhecer que muitas pessoas
serão afetadas pela mesma.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 0
93
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Sulaimon Adigun Muse
NIGÉRIA

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
Sim, existe legislação a nível nacional.

Na Nigéria, em particular no Estado de Lagos e em Abuja foram


CAPITAL POPUL AÇÃO desenvolvidos esforços substanciais para promover o orçamento
ABUJA 200 963 600 participativo. De facto, este foi formalmente lançado pelo antigo
Presidente Olusegun Obasanjo, em 2001, no âmbito da campanha
global da ONU sobre a governação urbana. O seu objetivo foi
familiarizar os cidadãos com um novo pensamento em gestão
LÍNGUA MOE DA fiscal, durante mais de uma década, bem como capacitá-los para
INGLÊS (OFICI AL)
NAIRA (NGN) exigirem melhor qualidade de vida às autoridades públicas.

Por conseguinte, estas iniciativas proporcionaram aos


LOCALIZAÇÃO cidadãos mais oportunidades de compreensão das suas
obrigações para com o Estado, particularmente entre os
anos de 2005 e 2008. Além disso, existe também um quadro
estruturado de interdependência entre os pilares executivo,
legislativo e judicial do governo, com o objetivo de conduzir
os cidadãos para iniciativas de OP através das associações de
desenvolvimento comunitário e da participação da sociedade
civil nos processos e compromissos orçamentais. Neste
contexto, a utilização de “grupos de reflexão” orientados para
as reformas do Estado, como um quadro para iniciar uma nova
ordem económica, encontrou réplicas em práticas emergentes
de responsabilização pública. Além disso, o número de pessoas
ÍNDIC ES que vivem em Lagos, capital da Nigéria, cresce a valores
superiores a 5% ao ano.

A consciência da sociedade civil ativa na Nigéria teve um


tremendo impacto sobre o entendimento e interesse dos
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
cidadãos em desenvolver um modelo padrão de OP nas
2019 HUMANO 2019 esferas públicas, o que gerou, também, algumas mudanças
109 158 notáveis na monitorização da responsabilidade coletiva.
REGIME HÍBRIDO BAIXO

Em conformidade com o exposto anteriormente, o Governo


do Estado de Lagos, através do Ministério da Agricultura,
Desenvolvimento Rural e Social, que assume a tutela,
PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE
CORRUPÇÃO 2019 2020

146/180 115/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

148 3
MUITO BAIXO MUITO ALTO 20 0
ABUJA

ÁFRICA
reservou parcelas específicas da dotação orçamental anual INFORMAÇÃO ADICIONAL
para as associações comunitárias. _
Na Nigéria, existem três níveis de governo, nomeadamente, o
O processo de OP está organizado em torno destas entidades, federal/central, o estadual e o local.
que estão mais próximas das comunidades rurais. Esta lógica Os agentes do orçamento participativo, nomeadamente as
é seguida pelo governo local e governo municipal/estatal. associações comunitárias, estão domiciliadas nos governos
A atribuição de fundos para as várias associações é uma locais, mas o financiamento é efetuado diretamente pelo
prerrogativa do Governo do Estado de Lagos. governo estadual, através do Ministério do Planeamento
Económico e Orçamento.
Através de novas dinâmicas que envolvem a participação
destas entidades comunitárias e da sociedade civil, os cidadãos É de notar, contudo, que as próprias associações estão sob a tutela
tornaram-se mais determinados em redefinir estratégias do Ministério do Desenvolvimento Rural, uma vez que a agenda
orçamentais. Isto é talvez mais importante devido à crescente é melhorar continuadamente os padrões de vida dos cidadãos
incidência da urbanização da pobreza e ao desafio de cumprir os vulneráveis em áreas/comunidades rurais ou locais, a fim de
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. reduzir para o mínimo a dispersão entre o rural e o urbano. No
início de cada ano financeiro, os membros destas associações
O modelo de orçamento participativo do Município de Rosário, identificam as necessidades locais e apresentam as mesmas ao
na Argentina, compara-se favoravelmente com a situação governo local para posterior entrega ao Governo do Estado de
nigeriana. O processo desenvolve-se a partir de reuniões locais, Lagos, o qual aprova e financia as necessidades da população.
sendo posteriormente realizada a reunião do Comité do OP e, por Por vezes, o dinheiro não chega a ser atribuído, mas são enviados
último, a aprovação e implementação fica a cargo do Conselho peritos em diferentes campos para o território a fim de darem
Municipal. A inadequação cabal desta metodologia deve-se resposta às diferentes necessidades.
ao facto de a monitorização ser deixada de fora. É importante
realçar que os encontros públicos do OP na Nigéria são assumidos Muitas comunidades têm beneficiado do fornecimento de
pelas associações de desenvolvimento comunitário. eletricidade, através da instalação de transformadores elétricos.
Zonas rurais têm sido contempladas com a construção de estradas
de ligação às terras agrícolas. Outros locais viram ser instaladas
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP infraestruturas de acesso à água, através de criação de furos.
_ Foram também proporcionadas condições para o funcionamento
1. OP que foram suspensos: 0% de mercados locais de produtos alimentares. Tudo isto tem
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 100% acontecido no âmbito dos processos de orçamento participativo.
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 0%

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 20 20 0 0
95
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Eliza Meriabe
QUÉNIA

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
A Constituição queniana de 2010 continua a ser a lei superior
que introduziu a descentralização e permitiu a transferência
de poderes e recursos para entidades locais (condados). As
CAPITAL POPUL AÇÃO subsequentes legislações de apoio, tais como a lei do Governo do
NAIROBI 52 573 970 Condado (2012), a lei de Gestão de Finanças Públicas (2012), a lei
das Áreas e Cidades Urbanas e a lei do Acesso à Informação (2016),
apoiam o orçamento participativo e servem de regulamentação
para a sua implementação.
LÍNGUA MOE DA Cada condado conta com leis específicas de participação pública
INGLÊS (OFICI AL)
XELIM QUENIANO (KES) que foram promulgadas e estão atualmente a ser implementadas
SWAHILI (NACIONAL) para apoiar o OP. Exemplo disto é o condado de Makueni que, para
operacionalizar a sua política de participação pública e educação
LOCALIZAÇÃO cívica, desenvolveu as diretrizes dos Comités de Gestão Pública
(CGP), que fornecem uma base para o papel da comunidade
no desenvolvimento do território e para uma monitorização e
avaliação eficazes dos investimentos. Esta autoridade local adotou
também um modelo de OP com 10 fases.
A lei de desenvolvimento do condado de Elgeyo Marakwet, de 2015,
também apoia o desenvolvimento dos orçamentos participativos.

INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
O sistema de delegados implementado nestes condados é uma
solução desejada para contrariar a fraca representação de alguns
ÍNDIC ES
grupos sociais, que permitirá alargar o espaço de envolvimento
cívico, ao expandir as oportunidades de participação e daí a
necessidade de aceder a informação e mecanismos de feedback e
gestão de reclamações junto das autoridades locais.
A plataforma digital de governação aberta “Embu” foi adotada
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 pelo governo do condado de Embu, em 2019. Essa pretende
promover o acesso à informação, bem como criar um
94 147 mecanismo interativo de interação entre os cidadãos e o governo
REGIME HÍBRIDO MÉDIO
do condado.

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

137/180 121/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

119 21
BAIXO MÉDIO 5 5
NAIROBI

ÁFRICA
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP abriu-se caminho para a transferência de recursos dos
_ departamentos-chave do governo central/nacional. O país
1. OP que foram suspensos: 70% desenvolveu 47 autoridades locais, designadas de condados,
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 10% que possuem diferentes níveis administrativos, tendo alguns
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 20% adotado o OP.
De acordo com a Lei das Finanças Públicas (2012), é esperado que cada
condado afete, pelo menos, 30% dos seus recursos aos processos
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
_
de desenvolvimento do território, uma parte dos quais deve ser
Os OP têm sido fortemente afetados pela pandemia. Esta atribuída a projetos emblemáticos, que fazem parte do manifesto do
situação forçou algumas autoridades locais e cidadãos a governo, sendo o restante determinado através do OP.
reunirem-se através de plataformas online (condados de O OP tem-se afirmado nestes condados, contudo, a corrupção
Kajiado e de Embu). Embora uma pequena parte tenha continua a ser um problema. Os cidadãos e as redes de base têm
sucedido bem, para a grande maioria registaram-se sido muito instrumentais na exigência de responsabilidades
desafios significativos, especialmente no que diz respeito e transparência através de petições, piquetes e até mesmo da
ao envolvimento da população com poucas competências instauração de processos contenciosos de interesse público contra
tecnológicas ou sem acesso à internet, que acabou por órgãos governativos. Os cidadãos também se auto-organizaram
ficar de fora dos processos. Esta situação abriu também para formar grupos de interessados, assembleias e fóruns de
uma oportunidade para a classe dominante manipular o supervisão voluntária, para exigir maior compromisso social.
resultado dos OP online. A falta de acesso a informação adequada é também outro
Alguns OP conseguiram realizar várias das fases previstas obstáculo ao OP e à participação. Assinala-se igualmente a
no ciclo de participação, mas outros não lograram o mesmo apatia nos casos em que o OP começa com grande velocidade,
resultado, como é o caso do condado de Makueni. mas os funcionários do condado restringem o processo no final,
O condado de Elgeyo Marakwet não foi muito afetado, uma fazendo com que os cidadãos sintam que se trata de um exercício
vez que atribuiu grande prioridade à elaboração do plano proforma, sem uma visão própria e diferenciadora.
anual de desenvolvimento, que teve lugar em agosto de 2019, Face ao exposto, o sucesso do OP no Quénia passa por um conjunto
ou seja, antes do início da pandemia. de fatores, entre os quais: maior organização dos cidadãos; reforço
dos movimentos sociais; incremento da educação cívica/política;
formação de governos mais responsivos e comprometidos;
INFORMAÇÃO ADICIONAL combate à corrupção sistémica; disponibilização atempada de
_ informação à sociedade.
Em 2013, a descentralização foi introduzida no Quénia
depois da promulgação da Constituição de 2010. Assim,

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 0
97
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Godefroid Misenga Milabyo
REPÚBLICA DEMOCRÁTICA
DO CONGO
COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Nas províncias onde o orçamento participativo se encontra
operacional, as Assembleias Provinciais aprovaram decretos
que estabelecem este processo, tendo esses sido promulgados
CAPITAL POPUL AÇÃO pelos respetivos Governadores. Além disso, em cada Entidade
KINSHASA 86 790 570 Territorial Descentralizada (ETD) existem decisões/ordens
tomadas pelas autoridades locais.

LÍNGUA MOE DA INOVAÇÕES EM DESTAQUE


_
FRANCÊS FRANCO CONGOLENSE
(CDF) Para o ano fiscal de 2020, o OP foi desenvolvido a partir de planos
locais de desenvolvimento inclusivo e sustentável, tendo esses
LOCALIZAÇÃO sido apoiados pela perícia técnica de especialistas do Ministério
da Descentralização, com o suporte técnico do COREF e com o
financiamento do projeto PROFIT-Congo. Os Comités do OP das
ETD priorizaram os projetos de 2020 com base nas necessidades
encontradas nos PLDIS 2019-2021.

IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP


_
1. OP que foram suspensos: 0%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 42%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 58%

ÍNDIC ES
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
_
Os orçamentos participativos continuaram a evoluir através
de um pequeno grupo de membros dos Comités das ETD e das
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
autoridades que os aplicam. Também é expectável que várias
2019 HUMANO 2019 dessas Entidades reduzam o orçamento atribuído aos projetos
166 179 dos cidadãos, uma vez que enfrentam restrições económicas
AUTORITÁRIO BAIXO provocadas pela atual crise sanitária.

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

168/180 131/153
MUITO ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

155 10
MUITO BAIXO ALTO 51 45
ÁFRICA
KINSHASA

INFORMAÇÃO ADICIONAL Membros das organizações da sociedade civil que trabalham


_ na área da governação económica participam no exercício de
A República Democrática do Congo está a desenvolver dois preparação e elaboração, em conferências orçamentais, em
mecanismos de participação: debates sobre a proposta de orçamento ao nível do parlamento
e fazem recomendações às instituições em questão, a fim de
1. Orçamento Participativo (OP) ao nível das Entidades melhorar as rubricas atribuídas aos setores mais desfavorecidos,
Territoriais Descentralizadas; em áreas como a educação, a saúde, a agricultura, a energia
2. Participação dos Cidadãos (PC) ao nível dos Governos (eletricidade e água) e as infraestruturas, etc.
Centrais e Provinciais.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

2 1 0 0 6
99
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por OBA Denis - Bertrand
REPÚBLICA DO CONGO

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
Não existe legislação específica sobre o orçamento
participativo. Contudo, a Constituição Congolense de 2015
consagra um estado descentralizado e determina os termos
CAPITAL POPUL AÇÃO da administração territorial.
BRAZZAVILLE 5 380 510 O Decreto no 2013-280 de 25 de junho de 2013 sobre o
estabelecimento, responsabilidades e organização do Comité
de Gestão e Desenvolvimento Comunitário (CGDC) está em
conformidade com o OP.
LÍNGUA MOE DA

FRANCÊS FRANCO CFA (X AF)


INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_

LOCALIZAÇÃO O orçamento participativo é uma abordagem pouco conhecida


na República do Congo, testada pela primeira vez pelo Programa
Concertado Multi-Ator. As poucas experiências observadas em
2019 são promovidas por organizações não governamentais.
Aqui, a inovação diz respeito ao facto de as populações nunca
terem sido associadas à identificação dos problemas e à
definição de uma visão de desenvolvimento para a comunidade,
organizadas no interior de um processo de participação.

IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP


_
1. OP que foram suspensos: 100%
ÍNDIC ES 2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 0%

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA


DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO _
2019 HUMANO 2019 A tendência na República do Congo é de envolver as pessoas
134 138 na escolha dos problemas a resolver, especialmente no
AUTORITÁRIO MÉDIO
estabelecimento de quadros de consulta destinados às
autoridades públicas descentralizadas, à população e às
organizações da sociedade civil.

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

165/180 88/153
MUITO ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

121 70
BAIXO BAIXO 2 0
ÁFRICA
BRAZZAVILLE

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 2
101
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Massaugui Ndiaye and Bachir Kanoute
SENEGAL

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
O Código Geral das Autoridades Locais (Lei no 2013-10), no Livro
1, Título 1 - “A livre administração das Autoridades Locais e
participação cidadã”, permite o envolvimento da população na
CAPITAL POPUL AÇÃO
gestão dos assuntos locais e a realização de debates de orientação
orçamental para a implementação do OP.
DAKAR 16 296 360

INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
LÍNGUA MOE DA Orçamento participativo destinado a crianças, jovens e
FRANCÊS FRANCO CFA (XOF) alterações climáticas.

LOCALIZAÇÃO IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP


_
1. OP que foram suspensos: 100%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 0%

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA


_
1. Conceção de um dispositivo para o pagamento eletrónico
de impostos locais (YTAX) e a introdução de uma aplicação
para smartphone para a gestão de reclamações e feedbacks
dos cidadãos sobre os serviços públicos;
ÍNDIC ES
2. Desenvolvimento e assinatura da Carta de Participação dos
Cidadãos e do Direito à Cidade;
3. Construção de processos de interesse geral que requerem
o envolvimento da população e o estabelecimento de
diálogo social;
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO 4. Monitorização do desempenho das autoridades locais e
2019 HUMANO 2019
regionais e introdução de melhorias nos serviços prestados;
82 166 5. Assinatura de acordos entre as autoridades locais
REGIME HÍBRIDO BAIXO
beneficiárias e os parceiros técnicos e financeiros;
6. Publicação de guia de indicadores de desempenho municipal

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

66/180 101/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

58 93
ALTO MUITO BAIXO 123 123
ÁFRICA
DAKAR

na prestação de serviços públicos, baseado nos Objetivos 3. Elaboração de guias de formação e manuais adaptados, que
de Desenvolvimento Sustentável. cumprem os objetivos OP;
4. Sistema para medição do desempenho das autoridades
territoriais, a fim de estabelecer uma cultura de serviço
INFORMAÇÃO ADICIONAL público e de promoção do desenvolvimento territorial.
_
1. Divulgação da carta de participação cidadã e tradução da
mesma para línguas nacionais;
2. Partilha de experiências entre orçamentos participativos;

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 1 0 0 0
103
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Sôssô Takougnadi and Eric Ilboudo
TOGO

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
A Lei no. 2019-006, que altera a Lei da Descentralização e das
Liberdades Locais, prevê artigos que encorajam os municípios
a gerir os assuntos públicos de uma forma participativa,
CAPITAL POPUL AÇÃO sendo estes:
LOMÉ 8 082 370
1. Artigo 16o: “O Município e a região constituem o quadro
institucional para a participação dos cidadãos na gestão dos
assuntos públicos.”
LÍNGUA MOE DA 2. Artigo 19o: “O direito dos cidadãos a serem informados das
FRANCÊS FRANCO CFA (XOF) decisões e a serem consultados sobre assuntos que lhes
dizem respeito pelos representantes locais eleitos contribui
para o desenvolvimento da democracia local.”
LOCALIZAÇÃO
O processo orçamental é um assunto público. Como tal, também
diz respeito aos cidadãos a definição de investimentos e o
pagamento de impostos. Assim, o articulado acima referido
tem implicitamente em conta a participação da população na
gestão de recursos. Desde 2017 que o Ministro da Administração
Territorial, da Descentralização e do Governo Local tem vindo a
recordar os eleitos locais da necessidade de envolver os atores do
desenvolvimento e a sociedade nas decisões sobre as políticas e
as prioridades de investimento.

A União de Comunas do Togo (UCT) está empenhada em defender


ÍNDIC ES que o legislador introduza, de forma explícita, a questão do
orçamento participativo na lei sobre a descentralização, na sua
próxima revisão.

INOVAÇÕES EM DESTAQUE
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 _
A principal inovação no orçamento participativo dos municípios,
126 167 em 2019, diz respeito ao facto de este ir para além da parte do
AUTORITÁRIO BAIXO
investimento, abordando também os aspetos da mobilização

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

130/180 135/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

108 138
MÉDIO SEM IMPACTO 6 6
ÁFRICA
de receitas e do controlo cidadão da ação pública. A estratégia fornece apoio aos municípios para operacionalizarem
enfatiza metodologias que tendem a otimizar as receitas próprias mecanismos que promovam a participação dos cidadãos nos
das comunas e a monitorização dos investimentos feitos pelos processos municipais de tomada de decisão. Estes são:
governos locais.
1. O Gabinete do Cidadão. Este está previsto no artigo 17, da
Lei n.o 2019-006, que altera a Lei da Descentralização e das
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP Liberdades Locais. Essa estrutura é, por um lado, uma
_ instância de participação e monitorização da ação pública
1. OP que foram suspensos: 80% pelos cidadãos e, por outro, um centro para captar as
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 15% expectativas, preocupações e sugestões das comunidades;
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 5% 2. Os Comités de Controlo das Receitas Comunais (CCR).
São estruturas criadas por decreto, aberto a atores que
participam na mobilização de receitas;
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
3. O Comité de Coordenação Local. É um quadro para o diálogo
_
e intercâmbio entre atores de desenvolvimento agrupados
A preparação dos orçamentos de 2019 e 2020 não foi afetada pela
em quatro categorias o Estado (serviços desconcentrados),
pandemia. Contudo, a implementação dos recursos em 2020
as autoridades locais (a comuna), os prestadores de serviços
e a definição das prioridades para 2021 e anos subsequentes
e os utilizadores (cidadãos). Estes refletem, planeiam e
poderão ser significativamente prejudicadas pela crise
monitorizam o funcionamento e a qualidade dos serviços
emergente. Os primeiros efeitos são a queda das receitas
disponibilizados às comunidades. Em função disso, elaboram
fiscais e não fiscais e, consequentemente, a redução de muitos
propostas à autarquia, que as tem em conta se a sua
investimentos previstos para 2020.
relevância for comprovada. Em suma, é uma ferramenta de
Em 2021 o ciclo do orçamento participativo não será respeitado.
governação técnica e política à disposição dos eleitos locais;
De facto, a limitação imposta pelos regulamentos nacionais
4. O Comité de Desenvolvimento do Bairro. É uma estrutura
do número de pessoas por grupo (50 no máximo) e as medidas
constituída por atores de desenvolvimento de base nos
de distanciamento recomendadas pelo governo tornam
bairros, responsáveis pela disseminação de políticas e
impraticáveis certas fases do OP. Por isso, a enfâse será colocada
implementação e monitorização de ações do executivo
em certos momentos do processo orçamental, de forma a torná-
local. São os verdadeiros agentes de promoção do OP,
los mais participativos. Além disso, os gabinetes dos cidadãos
na medida em que os fóruns públicos são organizados
(organismos municipais de participação) serão mobilizados para
e conduzidos por eles, com o apoio da administração
reforçar o envolvimento das comunidades nesta dinâmica.
comunal. Este comité é criado de acordo com uma ordem
do Ministério responsável pelas organizações de base.
INFORMAÇÃO ADICIONAL
CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >
_
O Programa de Descentralização e Governança Local
(ProDeGoL), implementado pela Cooperação Alemã (GIZ),

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 0
105
TOGO

COMUNIDADE
Os vários atores e quadros de consulta mencionados, em
conjunto com a comuna, os serviços técnicos descentralizados do
estado, o setor privado, a chefia tradicional, as organizações não
governamentais e a população, participam no processo de OP em
fases específicas, para que a contribuição de cada ator seja a ideal.
CAPITAL POPUL AÇÃO

LOMÉ 8 082 370 As populações, os chefes tradicionais, o setor privado com


o apoio de associações e dos comités identificam problemas
e necessidades de investimento e fazem uma priorização
inicial, através de diagnósticos durante os fóruns de bairros.
LÍNGUA MOE DA Os resultados destes diagnósticos são transmitidos ao
FRANCÊS FRANCO CFA (XOF) executivo municipal.

Os quadros de consulta (Comités de Diálogo e Coordenação Local/


LOCALIZAÇÃO
Gabinete do Cidadão), que reúnem representantes de diferentes
partes interessadas, tomam a decisão, após os inquéritos de
campo para selecionar projetos e investimentos prioritários.
Depois de elaborado o Plano Anual de Investimento, são
assegurados os seguintes passos:

1. Os serviços técnicos do estado, cada um por seu próprio


direito, disponibilizam à administração municipal os dados
necessários para a elaboração do orçamento;
2. A comuna recolhe os dados necessários e envia os mesmos
para a comissão de preparação, organizada por decreto pelo
Presidente da Câmara, para a preparação do orçamento.
ÍNDIC ES
Deve ser notado que todos estes diferentes atores participam
na sessão de aprovação do orçamento comunal. O governador
que representa o estado exerce o seu controlo legal após a
votação e decisão.
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019

126 167
AUTORITÁRIO BAIXO

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

130/180 135/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

108 138
MÉDIO SEM IMPACTO 6 6
ÁFRICA
LOME

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 0
107
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Guidara Ahmed and Kouraich Jouahdou
TUNÍSIA

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
1. Artigo 139o da Constituição Tunisiana de 27 de junho de 2014;
2. Artigo 29o do Código das Autoridades Locais, promulgado
pela lei orgânica no 29 de 9 de maio de 2018;
CAPITAL POPUL AÇÃO
3. Decreto Ministerial do Ministério dos Assuntos Locais e
TUNES 11 694 720 a Lei de maio de 2018 obrigam os municípios a envolver os
cidadãos em todos os seus investimentos;
4. O Decreto no.2014-3505 de 30 de setembro de 2014 estabelece
as condições para a concessão de empréstimos e subsídios
LÍNGUA MOE DA pelo Fundo de Empréstimo e Apoio das Autoridades Locais.
ÁRABE DINAR TUNISIANO (TND)
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
LOCALIZAÇÃO _
Uma vez que o orçamento participativo se aplica apenas à
componente de infraestruturas básicas dos orçamentos e o artigo
29o do Código do Governo Local obriga os municípios a envolver
os cidadãos em todos os seus investimentos, foi desenvolvido e
implementado um mecanismo participativo que se aplica ao nível
das comissões municipais que realizam projetos estruturantes
(cultura, economia, etc.).

IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP


_
1. OP que foram suspensos: 0%
ÍNDIC ES
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 100%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 0%

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA


DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO _
2019 HUMANO 2019
Vários municípios reduziram os orçamentos dedicados à
53 91 participação dos cidadãos, a fim de dedicar mais recursos ao
DEMOCR ACI A IMPERFEITA ALTO
combate à Covid-19 e executar projetos do OP em atraso.

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

74/180 128/153
BAIXO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

82 51
MÉDIO BAIXO 30 30
TUNES

ÁFRICA
Está também prevista a escolha de rúbricas de participação dos 2. Diagnóstico participativo, que permite estabelecer um
cidadãos que dizem respeito ao reforço da resiliência urbana. plano de investimento de 5 anos;
3. Decisões participativas das Comissões, que permite
o envolvimento dos cidadãos e das associações na
INFORMAÇÃO ADICIONAL programação anual de projetos estruturantes do governo
_ local (cultura, economia, juventude, desporto, etc.).
A Action Associative e o gabinete de peritos Local & Global
desenvolveram 3 mecanismos de participação:

1. Orçamento participativo;

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 0
109
AMÉRICA
CENTRAL E
CARIBE
ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
AMÉRICA CENTR AL
E CARIBE
_

98 *-90 ** N

ORÇAME NTOS
PARTIC IPATIVOS NA
AMÉ RICA C E NTR AL
E CARIBE
O

* ANTES DA PANDEMIA 2019


** DURANTE A PANDEMIA 2020
S

**
Não foi possível obter dados referentes aos impactos da pandemia dos
orçamentos participativos na Costa Rica, pelo que o número exposto
corresponde integralmente aos OP dominicanos.

CARACTERÍSTICAS DOS TERRITÓRIOS ONDE SE DESENVOLVE A MAIORIA DOS OP NA AMÉRICA CENTRAL E CARIBE
_
DEMOCRACIAS IMPERFEITAS ALTO ÍNDICE DE FELICIDADE
ALTO NÍVEL DE PERCEPÇÃO DA CORRUPÇÃO BAIXO ÍNDICE DE PAZ
ALTO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUITO BAIXO ÍNDICE DE TERRORISMO
1

O
C
E
A
N
O
P
A
C

F
Í

IC
O
NÚMEROS DE OP POR PAÍSES E PERCENTAGENS FACE AO TOTAL DA AMÉRICA CENTRAL E CARIBE
_

90 8
91,84% 8,16%

1
REP. DOMINICANA 2
COSTA RICA

ÍNDICE DE DEMOCRACIA - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA ÍNDICE DE PERCEÇÃO DA CORRUPÇÃO - ORÇAMENTOS


AMÉRICA CENTRAL E CARIBE POR REGIME POLÍTICO (Nº. E %) PARTICIPATIVOS NA AMÉRICA CENTRAL E CARIBE POR NÍVEIS

_ DE CORRUPÇÃO (Nº. E %)

_
DEMOC R AC IA PE RC EÇÃO DA CORRUPÇÃO

DEMOCRACIAS PERFEITAS DEMOCRACIAS IMPERFEITAS 100 – 76 (BAIXO) 75 – 51 (MÉDIO)

8 90  8
8,16% 91,84% 0,00% 8,16%

HÍBRIDOS AUTORITÁRIOS 50 – 26 (ALTO) 25 – 0 (MUITO ALTO)

0 0 90 0
0,00% 0,00% 91,84% 0,00%

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO - ORÇAMENTOS ÍNDICE DE FELICIDADE - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA


PARTICIPATIVOS NA AMÉRICA CENTRAL E CARIBE POR NÍVEL AMÉRICA CENTRAL E CARIBE POR NÍVEIS DE FELICIDADE DA
DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (Nº. E %) POPULAÇÃO (Nº. E %)

_ _

DESE NVOLVIME NTO HUMANO FE LIC IDADE

MUITO ALTO ALTO 6.1 – 8.0 (MUITO ALTO) 4.1 – 6.0 (ALTO)

0 98 8 90
0,00% 100,00% 8,16% 91,84%

MÉDIO BAIXO 2.1 – 4.0 (MÉDIO) 0.0 – 2.0 (BAIXO)

0 0 0 0
0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
ÍNDICE DA PAZ - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA AMÉRICA ÍNDICE DE TERRORISMO - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA
CENTRAL E CARIBE POR NÍVEIS DE PAZ (Nº. E %) AMÉRICA CENTRAL E CARIBE POR NÍVEIS DE TERRORISMO (Nº. E %)

_ _

PA Z TE RRORISMO

MUITO ALTO ALTO MUITO ALTO ALTO

0 8 0 0
0,00% 8,16% 0,00% 0,00%

MÉDIO BAIXO MÉDIO BAIXO

90 0 0 0
91,84% 0,00% 0,00% 0,00%

MUITO BAIXO MUITO BAIXO SEM IMPACTO

0 90 8
0,00% 91,84% 8,16%
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Manuel Valle Cornacchini
COSTA RICA

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
Não existe legislação específica, contudo, nos últimos
6 anos o processo tem-se vindo a controlar, através de
regulamentos municipais de participação cidadã, viabilizando
CAPITAL POPUL AÇÃO a possibilidade de integrar no orçamento municipal projetos
SAN JOSÉ 5 047 560 propostos pelos cidadãos.
No ano de 2018, foi arquivado na Assembleia Legislativa o Projeto
de Lei 17852, denominado Sistema de Planificação Participativa
e Orçamentos Municipais, que pretendia modificar o Código
LÍNGUA MOE DA Municipal, com o objetivo de incentivar a participação na
ESPANHOL COLÓN COSTA-RIQUENHO tomada de decisões associada à afetação de recursos públicos.
(CRC) Atualmente, os quadros orientadores que fundamentam os
Orçamentos Participativos são: a Constituição Política da
LOCALIZAÇÃO Costa Rica (7 de novembro de 1949, artigos 169o e 170o) e o Código
Municipal (Lei 7794 de 30 de abril de 1998, atualizado em março
de 2013, nos artigos 4o, 5o, 57o, parágrafos b, c, e).

INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
Em 2019, a organização governamental PIC - Plataforma de
Integração Cidadã - desenvolveu o projeto “Conto, Participo,
Decido”, com o apoio da OEA - Organização dos Estados
Americanos24, colocando à disposição do cantão de San Ramón, a
ferramenta digital ÁgoraPIC, a cocriação, elaboração, priorização
de projetos comunitários e sua auditoria e medição de impacto
através da geração de indicadores em formato Open Data25.
ÍNDIC ES

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


2019 HUMANO 2019

19 68
DEMOCR ACI A PERFEITA ALTO

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

44/180 15/153
MÉDIO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

33 138
ALTO SEM IMPACTO 8 8
AMÉ RICA
SAN JOSÉ

24
https://www.trustfortheamericas.org/media/press-room/kits/versions/
es/CR_Spanish_Digital.pdf (página 24) e https://www.trustfortheamericas.
org/media/press-room/kits/versions/en/From_an_Open_Govenment_to_
an_Open_State_in_Costa_Rica.pdf
25
https://agora.picapp.org/category/137/presupuesto-participativo

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 1 0 0 0
117
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
REP. DOMINICANA por Genrry Edmundo Gonzalez Molina

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
Juntamente com a definição das regras do processo, a
legislação estabelece uma metodologia própria. Neste sentido,
identifica uma fonte de financiamento para os projetos
CAPITAL POPUL AÇÃO aprovados, colocando nas mãos dos cidadãos a aprovação
SANTO DOMINGO 10 738 960 desses investimentos, e estabelece mecanismos de controlo
e monitorização relativos à sua execução. Em conclusão, a lei
encoraja a participação dos cidadãos na discussão das prioridades,
na formulação do plano de investimento e na monitorização
LÍNGUA MOE DA através de mecanismos ativos.
ESPANHOL PESO No entanto, uma das principais limitações desta legislação é a
ausência de consequências quando a lei não é aplicada. Contudo,
é importante mencionar que na República Dominicana existe o
LOCALIZAÇÃO direito de proteção, que está estabelecido na Constituição. Portanto,
é possível reivindicar em tribunal o não cumprimento do processo
de orçamento participativo. Já se verificaram precedentes em
alguns municípios.

INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
Uma vez que na República Dominicana o OP está constituído no
quadro legal, com uma metodologia bem definida, as inovações
são limitadas. Todavia, a atual crise sanitária obriga a identificar
diferentes metodologias de ação para a formulação do processo
de 2021 e a finalização da edição de 2020.
ÍNDIC ES

REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS


_
O processo de OP no contexto dominicano é baseado na
experiência brasileira do início dos anos 90.
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019

60 89 REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP


DEMOCR ACI A IMPERFEITA ALTO _
Na República Dominicana, o OP tem vindo a ser promovido no
quadro de políticas infantojuvenis, por incentivo da UNICEF e

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

137/180 68/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

84 120
MÉDIO MUITO BAIXO 90 90
CIDADES CAPITAIS
CABECERA DE
PROVINCIA

SANTO DOMINGO

AMÉ RICA
apoiado pela Federação Dominicana dos Municípios (FEDOMU), INFORMAÇÃO ADICIONAL
o qual tem sido partilhado em eventos internacionais, utilizado _

como uma base de trabalho para este setor da sociedade e por Os orçamentos participativos na República Dominicana são
outros países latino-americanos. da responsabilidade dos municípios e, neste sentido, existem
várias instituições que prestam serviços de consultoria, embora
a FEDOMU assuma a responsabilidade a nível nacional de
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP acompanhar os governos locais de forma sistemática, dado que
_ dispõe de um departamento dedicado a esse fim, composto por
1. OP que foram suspensos: 0% uma coordenação global e uma equipa de técnicos permanentes
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0% distribuídos por todo o território.
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 100% Devido às limitações económicas dos municípios, que se
refletem na falta de técnicos na sua estrutura, a FEDOMU
assinou um acordo de colaboração com a Universidade
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA Autónoma de Santo Domingo, que tem por objetivo ajudar os
_
estudantes recém-licenciados em engenharia, arquitetura e
A pandemia afetou a vida do país e, por conseguinte, os
outras áreas a realizar estudos de pré-viabilidade dos projetos
processos participativos não escaparam a essa dinâmica.
aprovados pelas comunidades, uma vez que esse é um trabalho
A tendência é de voltar a planificar os projetos de 2019 devido aos
requerido pela ordem jurídica em vigor, tendo em vista integrar
ajustamentos do sistema eleitoral que procederam à mudança
as prioridades de investimento nos orçamentos municipais.
do regime relativo às autoridades municipais de agosto de 2020
A experiência confirma que este mecanismo fortalece o
para abril de 2021. Em 2021, importa reconhecer os projetos
processo nos governos locais e oferece a oportunidade aos
pendentes dos dois anos anteriores e tentar levar a cabo um
licenciados de completar o seu estágio em tempo adequado, a fim
processo de orçamento participativo respeitando as medidas de
de receberem a autorização para exercerem profissionalmente
segurança, tais como o distanciamento social.
as funções de engenheiros ou arquitetos.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 20 0 0 0
119
AMÉRICA
DO NORTE
OCEA

ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
AMÉRICA DO NORTE
_

N
O

O
CE
192 *-128 **
ORÇAME NTOS

AN
PARTIC IPATIVOS NA
AMÉ RICA DO NORTE

O P
* ANTES DA PANDEMIA 2019
** DURANTE A PANDEMIA 2020

**
Este dado é referente aos orçamentos participativos nos Estados
Unidos da América e no México. Não foi possível obter informações
referentes aos impactos da pandemia no desenvolvimento dos 20
processos identificados no Canadá.

CARACTERÍSTICAS DOS TERRITÓRIOS ONDE SE DESENVOLVE A MAIORIA DOS OP NA AMÉRICA DO NORTE


_
DEMOCRACIAS IMPERFEITAS ÍNDICE DE FELICIDADE MUITO ALTO
ÍNDICE MÉDIO DE PERCEPÇÃO DA CORRUPÇÃO BAIXO ÍNDICE DE PAZ
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUITO ALTO ÍNDICE MÉDIO DE TERRORISMO
ANO GLACIAR ÁRTICO

O
IC
T
N
Â
L
T
A
O
N
EA
1
OC
PAC
ÍF
IC
O

3
NÚMEROS DE OP POR PAÍSES E PERCENTAGENS FACE AO TOTAL DA AMÉRICA DO NORTE
_

155 20 17
80,73% 10,42% 8,85%

1
E.U.A. 2
CANADÁ 3
MÉXICO

ÍNDICE DE DEMOCRACIA - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA ÍNDICE DE PERCEÇÃO DA CORRUPÇÃO - ORÇAMENTOS


AMÉRICA DO NORTE POR REGIME POLÍTICO (Nº. E %) PARTICIPATIVOS NA AMÉRICA DO NORTE POR NÍVEIS DE

_ CORRUPÇÃO (Nº. E %)

_
DEMOC R AC IA PE RC EÇÃO DA CORRUPÇÃO

DEMOCRACIAS PERFEITAS DEMOCRACIAS IMPERFEITAS 100 – 76 (BAIXO) 75 – 51 (MÉDIO)

20 172 20 155
10,42% 89,58% 10,42% 80,73%

HÍBRIDOS AUTORITÁRIOS 50 – 26 (ALTO) 25 – 0 (MUITO ALTO)

0 0 17 0
0,00% 0,00% 8,85% 0,00%

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO - HUMANO ORÇAMENTOS ÍNDICE DE FELICIDADE - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA


PARTICIPATIVOS NA AMÉRICA DO NORTE POR NÍVEL DE AMÉRICA DO NORTE POR NÍVEIS DE FELICIDADE DA POPULAÇÃO
DESENVOLVIMENTO HUMANO (Nº. E %) (Nº. E %)

_ _

DESE NVOLVIME NTO HUMANO FE LIC IDADE

MUITO ALTO ALTO 6.1 – 8.0 (MUITO ALTO) 4.1 – 6.0 (ALTO)

175 17 192 0
91,15% 8,85% 100,00% 0,00%

MÉDIO BAIXO 2.1 – 4.0 (MÉDIO) 0.0 – 2.0 (BAIXO)

0 0 0 0
0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
ÍNDICE DA PAZ - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA AMÉRICA DO ÍNDICE DE TERRORISMO - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA
NORTE POR NÍVEIS DE PAZ (Nº. E %) AMÉRICA DO NORTE POR NÍVEIS DE TERRORISMO (Nº. E %)

_ _

PA Z TE RRORISMO

MUITO ALTO ALTO MUITO ALTO ALTO

20 0 0 0
10,42% 0,00% 0,00% 0,00%

MÉDIO BAIXO MÉDIO BAIXO

0 172 172 20
0,00% 89,58% 89,58% 10,42%

MUITO BAIXO MUITO BAIXO SEM IMPACTO

0 0 0
0,00% 0,00% 0,00%
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
CANADÁ por Loren Peabody

COMUNIDADE REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS


_
O orçamento participativo no Canadá foi inspirado pela
experiência brasileira, tendo sido implementado pela primeira
vez em 200126.
CAPITAL POPUL AÇÃO

OTTAWA 37 589 260


REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP
_
O modelo de Porto Alegre foi utilizado pela agência municipal
Toronto Community Housing, responsável por gerir a habitação
LÍNGUA MOE DA
pública na cidade de Toronto.
INGLÊS / DÓL AR CANADENSE (C AD)
FRANCÊS
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
LOCALIZAÇÃO
_
Infelizmente, não temos dados adequados para produzir
estimativas aproximadas sobre o impacto da Covid-19 nos
processos de OP canadianos.

ÍNDIC ES

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


2019 HUMANO 2019

7 13
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

12/180 11/153
BAIXO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

6 54
MUITO ALTO BAIXO 20 16
AMÉ RICA
OTTAWA

26
https://www.torontohousing.ca/news/whatsnew/Pages/
TorontoCommunityHousingaleaderinparticipatorybudgeting.aspx vs https://
legacy.oise.utoronto.ca/research/edu20/documents/2009foroughi.pdf

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

2 1 1 0 3
127
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
ESTADOS UNIDOS por Loren Peabody
DA AMÉRICA
COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Os programas de orçamento participativo são regulados
pelas cidades, condados, distritos escolares, entre outras
organizações, não existindo regulamentação a nível estadual ou
CAPITAL POPUL AÇÃO nacional sobre a matéria.
WASHINGTON D.C. 328 239 520
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
O OP das escolas está em rápida expansão em Phoenix, área
LÍNGUA MOE DA
(USD) metropolitana do Arizona, principalmente nos estabelecimentos
INGLÊS DÓL AR AMERICANO de ensino secundário (18 processos em 2019 e 34 em 2020). O
Departamento de Educação da cidade de Nova Iorque criou um
LOCALIZAÇÃO
vasto programa de OP, que ampliou o número de iniciativas para
132, em 2020, podendo vir a ser descontinuado no próximo ano.

REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS


_
O orçamento participativo nos Estados Unidos foi inspirado
pelas experiências brasileira, de Porto Alegre, e canadiana, da
Toronto Community Housin27, tendo sido implementado pela
primeira vez na 49th Ward na cidade de Chicago, em 2009.

REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP


ÍNDIC ES _
O modelo de Chicago inspirou a cidade de Nova Iorque, tendo
esta adotado o processo com ligeiras alterações na metodologia,
em 2010. Ambas as iniciativas têm sido uma referência para
muitos outros OP nos EUA e no Canadá.
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019

25 15 IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP


DEMOCR ACI A IMPERFEITA MUITO ALTO _
1. OP que foram suspensos: escolar - cerca de 5%; não escolar -
cerca de 80%;

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

23/180 18/153
MÉDIO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

128 22
BAIXO MÉDIO 155 73
CIDADES CAPITAIS GRANDES CIDADES
BOSTON NEW YORK
HARTFORD CHICAGO
SAN JOSE
SAN ANTONIO

AMÉ RICA
WASHINGTON, D.C.

2. OP que continuaram a funcionar normalmente: escolar - Quando os programas de OP escolares foram afetados, era
cerca de 85%; não escolar - 0%; mais provável que realizassem o ciclo utilizando a deliberação
3. OP que sofreram alterações/adaptações: escolar - cerca de e votação digitais, enquanto os OP municipais estavam mais
10%; não escolar - cerca de 20%. suscetíveis de serem suspensos. Isto é explicado provavelmente
pelo facto de as escolas possuírem a modalidade de ensino à
distância, tendo muitos professores e administradores acreditado
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA que o OP também poderia ser realizado de forma eficaz por
_ essa via. Por outro lado, as equipas que dirigem os programas
Quando o impacto da COVID-19 chegou em meados de março, municipais de OP recearam que uma mudança abrupta para
muitos OP escolares já tinham concluído a votação, uma vez a participação e votação online pudessem implicar impactos
que os seus ciclos começam mais cedo, normalmente durante negativos na equidade de acesso entre diferentes públicos.
o Outono (incluindo todos os 132 processos dentro do vasto
programa do Departamento da Educação da Cidade de Nova
Iorque). Em conformidade, as estimativas apresentadas
referenciam separadamente os OP promovidos por governos
locais e por escolas. São dados aproximados, sobretudo para
os primeiros, porque a informação diz respeito a cerca de do
total de iniciativas. 27
http://www.pbchicago.org/previous-cycles2.html.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

39 2 0 0 82
129
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Guillermo Cejudo, Oliver Meza e Cynthia Michel
MÉXICO

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
Existem legislações sobre os orçamentos participativos em 13
Estados, incluindo a Cidade do México.

CAPITAL POPUL AÇÃO

CIDADE DO 127 575 530 INOVAÇÕES EM DESTAQUE


MÉXICO _
O Município de San Pedro García publica os resultados dos
processos de OP no portal datos.gob.mx, o catálogo de dados
LÍNGUA MOE DA abertos do governo nacional. Para além de todas as informações
serem públicas, incluem também elementos desagregados
ESPANHOL PESO
relativos aos montantes atribuídos a cada projeto e localidade,
bem como aos tipos de investimentos executados.
LOCALIZAÇÃO

REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS


_
As iniciativas mexicanas foram inspiradas pelas brasileiras,
principalmente pelo processo do Município de Porto Alegre.

REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP


_
Em 2010, o governo da Cidade do México (anteriormente
denominado Distrito Federal) institucionalizou as práticas
de OP que têm sido levadas a cabo pelas Câmaras Municipais
ÍNDIC ES desde inícios dos anos 2000. Tanto as experiências anteriores,
como a sua institucionalização, promoveram a aplicação do
OP noutros estados, tais como Nuevo León, México e Zona
Metropolitana de Guadalajara.

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


2019 HUMANO 2019 IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
73 76 _
DEMOCR ACI A IMPERFEITA ALTO 1. OP que foram suspensos: 50%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 25%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 25%

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

130/180 24/153
ALTO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

140 48
BAIXO MÉDIO 17 16
AMÉ RICA
CIDADE DO MÉXICO

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA INFORMAÇÃO ADICIONAL


_ _
Nalguns casos, as assembleias participativas foram suspensas, tal Como parte das recomendações feitas pela autoridade de saúde,
como aconteceu na cidade de Puebla. Noutros, está a ser considerado suspenderam-se todos os processos eleitorais a partir de abril de
o adiamento dos projetos eleitos para a edição deste ano, a fim de 2020, pelo que algumas experiências de OP planeadas para este
utilizar os recursos como resposta à pandemia. Por outro lado, período não puderam ser realizadas.
alguns OP foram anunciados (cidade de Durango), mas não é possível
encontrar evidências de que tenham ocorrido.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

4 6 1 0 0
131
AMÉRICA
DO SUL
ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
AMÉRICA DO SUL
_

E
S

2416 *-390 **
ORÇAME NTOS
PARTIC IPATIVOS
NA AMÉ RICA DO SUL

* ANTES DA PANDEMIA 2019


** DURANTE A PANDEMIA 2020

**
Este dado é referente aos orçamentos participativos nos países
referenciados, com exceção do Brasil, onde não foi possível
obter informações referentes aos impactos da pandemia no
desenvolvimento dos 36 processos identificados como ativos em 2019.

CARACTERÍSTICAS DOS TERRITÓRIOS ONDE SE DESENVOLVE A MAIORIA DOS OP NA AMÉRICA DO SUL


_
DEMOCRACIAS IMPERFEITAS ALTO ÍNDICE DE FELICIDADE
ALTO NÍVEL DE PERCEPÇÃO DA CORRUPÇÃO MÉDIO ÍNDICE DE PAZ
ALTO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO BAIXO ÍNDICE DE TERRORISMO
OCEA
NO
PAC
ÍFICO

1
3

6
4
8

7
5

OC
E
A
N
O
A
T
L
Â
N
T
IC
NÚMEROS DE OP POR PAÍSES E PERCENTAGENS FACE AO TOTAL DA AMÉRICA DO SUL
_

1902 245 131 68


78,11% 10,06% 5,42% 2,79%

1
PERU 2
EQUADOR 3
COLÔMBIA 4
ARGENTINA

ÍNDICE DE DEMOCRACIA - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA ÍNDICE DE PERCEÇÃO DA CORRUPÇÃO - ORÇAMENTOS


AMÉRICA DO SUL POR REGIME POLÍTICO (Nº. E %) PARTICIPATIVOS NA AMÉRICA DO SUL POR NÍVEIS DE

_ CORRUPÇÃO (Nº. E %)

_
DEMOC R AC IA PE RC EÇÃO DA CORRUPÇÃO

DEMOCRACIAS PERFEITAS DEMOCRACIAS IMPERFEITAS 100 – 76 (BAIXO) 75 – 51 (MÉDIO)

30 2386 0 30
1,24% 98,76% 0,00% 1,24%

HÍBRIDOS AUTORITÁRIOS 50 – 26 (ALTO) 25 – 0 (MUITO ALTO)

0 0 2386 0
0,00% 0,00% 98,76% 0,00%

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO - ORÇAMENTOS ÍNDICE DE FELICIDADE - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA


PARTICIPATIVOS NA AMÉRICA DO SUL POR NÍVEL DE AMÉRICA DO SUL POR NÍVEIS DE FELICIDADE DA POPULAÇÃO
DESENVOLVIMENTO HUMANO (Nº. E %) (Nº. E %)

_ _

DESE NVOLVIME NTO HUMANO FE LIC IDADE

MUITO ALTO ALTO 6.1 – 8.0 (MUITO ALTO) 4.1 – 6.0 (ALTO)

98 2318 197 2219


4,06% 95,94% 8,15% 91,85%

MÉDIO BAIXO 2.1 – 4.0 (MÉDIO) 0.0 – 2.0 (BAIXO)

0 0 0 0
0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
36 22 8 4
1,48% 0,90% 0,33% 0,16%

5
BR ASIL 6
CHILE 7
URUGUAI 8
PAR AGUAI

ÍNDICE DA PAZ - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA AMÉRICA DO ÍNDICE DE TERRORISMO - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA


SUL POR NÍVEIS DE PAZ (Nº. E %) AMÉRICA DO SUL POR NÍVEIS DE TERRORISMO (Nº. E %)

_ _

PA Z TE RRORISMO

MUITO ALTO ALTO MUITO ALTO ALTO

0 343 0 0
0,00% 14,20% 0,00% 0,00%

MÉDIO BAIXO MÉDIO BAIXO

1942 131 153 2187


80,38% 5,42% 6,33% 90,52%

MUITO BAIXO MUITO BAIXO SEM IMPACTO

0 76 0
0,00% 3,15% 0,00%
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Emiliano Arena e Cristian Adaro
ARGENTINA

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
Não existe legislação nacional que regulamente os orçamentos
participativos na Argentina. Contudo, este está contemplado em
alguns regimes provinciais, em cartas de princípios e na maioria
CAPITAL POPUL AÇÃO dos governos locais que o aplicam, através de decretos municipais.
BUENOS AIRES 44 938 710
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_

LÍNGUA MOE DA No último ano, pode-se mencionar como inovação a implementação


do orçamento participativo direcionado para os idosos.
ESPANHOL PESO

LOCALIZAÇÃO REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS


_
Porto Alegre foi a referência mais mencionada pelas equipas
técnicas dos OP, principalmente entre as experiências que se
iniciaram na primeira década deste século.

REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP


_
Rosário e Morón foram cidades que se tomaram como modelo
em diferentes experiências. Na província de Entre Ríos a
referência foi a cidade de Gualeguaychú. É de ressaltar que
a Rede Argentina de Orçamento Participativo (RAOP) e o
ÍNDIC ES Programa Nacional de Orçamento Participativo (PNOP) 2007-
2015 tiveram um papel importante na difusão destes processos e
na aprendizagem entre pares.

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP


2019 HUMANO 2019 _

48 48 1. OP que foram suspensos: 83%


DEMOCR ACI A IMPERFEITA MUITO ALTO 2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 7,5%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 9,5%

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

66/180 55/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

75 83
ALTO MUITO BAIXO 68 61
BUENOS AIRES

AMÉ RICA
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA menos 83%, já que a maioria dos processos foram suspensos
_ e é de esperar que muitos sejam diretamente cancelados. O
Na República da Argentina, o OP começou a ser implementado resultado é influenciado por vários fatores. Por um lado, a
a nível local após a profunda crise dos anos de 2001 e 2002. No pandemia que impede os encontros presenciais e a correta
entanto, no período entre 2002 e 2007 houve um crescimento decisão por parte dos diferentes níveis de governo de
ligeiro e contínuo. Posteriormente, entre os anos de 2007 e concentrar os recursos económicos e humanos para enfrentar
2015, o número de municípios a realizar o OP passou de 11 para a situação. Por outro lado, o OP esteve estagnado, em parte
57, dinâmica que coincide com a criação do PNOP em 2007 e pela crise económica e pelo facto não menos importante de
o lançamento da RAOP em 2009. Durante os anos de 2015 a que desde 2015 o PNOP e a RAOP deixaram de funcionar.
2019 observou-se uma desaceleração em cerca de 60 governos Contudo, vale a pena destacar que vários mecanismos de
locais que estavam a aplicar estas iniciativas. participação dos cidadãos têm vindo a ser implementados
O desenvolvimento do OP no ano de 2020 tem um balanço por governos locais de diferentes partidos do espetro
negativo, sendo que a taxa de variação entre 2019 e 2020 é de político-ideológico.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

2 8 0 0 7
139
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Ligia Helena Hahn Lüchmann & Wagner Romão
BRASIL

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
Não existe legislação nacional, mas algumas prefeituras adotam
processos de orçamento participativo. Na grande maioria
dos casos, os governos atendem às exigências da participação
CAPITAL POPUL AÇÃO previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal por intermédio de
BRASÍLIA 211 049 530 programas de OP.

INOVAÇÕES EM DESTAQUE
LÍNGUA MOE DA _
Destacam-se o orçamento legislativo participativo da Câmara
PORTUGUÊS REAL (BRL)
de Vereadores de Florianópolis e o orçamento participativo da
Prefeitura Municipal de Araraquara (São Paulo), por procurarem
LOCALIZAÇÃO articulação com os conselhos gestores da cidade.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA


_
Não foi possível investigar detalhadamente os impactos da
pandemia em todos os processos de OP, mas observam-se duas
situações: i) suspensão do processo; ii) realização de consultas
através de formulários online.

INFORMAÇÃO ADICIONAL
_
ÍNDIC ES Foi realizada uma pesquisa através da consulta dos sites de
todas as prefeituras do país. Em alguns casos, foram também
efetuados contatos telefónicos. Encontrámos, em várias cidades,
a referência ao OP como uma forma de consulta dos cidadãos,
através do preenchimento de um questionário online sobre
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO prioridades. Em muitos outros casos, os governos denominam
2019 HUMANO 2019 de OP as audiências públicas consultivas que são obrigatórias de
52 79 acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal.
DEMOCR ACI A IMPERFEITA ALTO
Dito isto, considera-se como processos de orçamento
participativo em vigência, em 2019, os casos que preencheram de

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

106/180 32/153
ALTO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

116 73
MÉDIO BAIXO 36 32
AMÉ RICA
BRASÍLIA

forma mais satisfatória, embora com especificidades locais, os Como se pode observar, os números atuais são muito baixos,
seguintes critérios: seja em função da queda vertiginosa dos OP no país, seja
1. Tratar do destino de recursos orçamentais do governo; pela última contagem realizada em 2016 pela Rede Brasileira
2. Apresentar competência deliberativa e, portanto, decisória; de Orçamento Participativo, a qual incluiu vários casos de
3. Ocorrer em ciclos (anuais ou bianuais) que contam com audiências públicas consultivas que se intitulavam de OP.
assembleias territoriais locais e/ou regionais; É também necessário observar que, muito possivelmente,
4. Adotar mecanismos de controlo, acompanhamento e tiveram lugar em 2019, alguns (poucos, se ocorreram) processos
prestação de contas, por exemplo, no caso dos processos de OP em outras instâncias, como assembleias legislativas ou
de OP brasileiros, com a presença de delegados e/ou orçamentos participativos temáticos, não tendo, por isso, sido
conselheiros. identificados na pesquisa.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

3 4 2 0 2
141
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Egon Montecinos, Manuel Carrasco e Marceo Rojas
CHILE

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
O Chile não tem uma legislação nacional. Existe, contudo, a
lei 20500 sobre participação dos cidadãos na administração
pública. É de carácter indicativo, uma vez que apenas sugere
CAPITAL POPUL AÇÃO mecanismos que podem ser implementados, mas na prática é
SANTIAGO 18 952 040 bastante complexo para muitos municípios fazê-lo. No entanto,
tem gerado melhorias nos serviços públicos, dado que todos
têm um espaço para participar no designado Conselho da
Sociedade Civil (COSOC), que aconselha os órgãos públicos,
LÍNGUA MOE DA sem caráter vinculativo.
ESPANHOL PESO
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
LOCALIZAÇÃO _
Não se verificam inovações relevantes no que diz respeito ao
orçamento participativo no Chile. Continua a prevalecer o
modelo tradicional de elaboração de propostas apresentadas pela
comunidade ou pelo próprio município, que são selecionadas
pela população por intermédio de uma votação pública, com
montantes previamente atribuídos pelo governo local.

REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS


_
Para a maioria dos orçamentos participativos no Chile, o modelo
brasileiro serviu como uma referência, particularmente a
ÍNDIC ES experiência de Porto Alegre.

REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP


_
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO As experiências iniciais desenvolvidas no Chile, Cerro Navia,
2019 HUMANO 2019 Buin, San Joaquín, Negrete, Illapel, La Serena, San Antonio e
21 42 San Pedro de La Paz, foram utilizadas como referência para as
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO
desenvolvidas posteriormente ao ano de 2010. Desde então, o
incentivo do governo, através da SUBDERE (Subsecretaria para
o Desenvolvimento Regional e Administrativo), intensificou-se,

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

26/180 39/153
MÉDIO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

27 46
ALTO MÉDIO 22 20
SANTIAGO

AMÉ RICA
utilizando os casos mencionados como modelos nacionais para INFORMAÇÃO ADICIONAL
impulsionar este mecanismo no país. _
Um facto significativo é que o município de Villa Alemana,
durante dois anos consecutivos (2018 e 2019), teve uma maior
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP participação no que diz respeito à votação para decidir os
_ projetos a serem financiados através do OP do que para a
1. OP que foram suspensos: 100% eleição dos executivos municipais.
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 0%

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 6 1 0 1
143
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Ricardo Jaramillo Rincón
COLÔMBIA

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
O planeamento participativo e o orçamento participativo são
processos eminentemente locais, seja a nível departamental ou
municipal, os quais são estabelecidos na regulamentação nacional,
CAPITAL POPUL AÇÃO em particular através das leis 152 de 1994, 1551 de 2012 e 1757 de
BOGOTÁ 50 339 440 2015. Não se verificaram modificações normativas em relação ao
reportado na edição anterior do Atlas.

A Lei 152 de 1994, “através da qual a Lei Orgânica do Plano de


LÍNGUA MOE DA Desenvolvimento é estabelecida”, define o conteúdo dos planos
ESPANHOL PESO de desenvolvimento; os tempos para a sua apresentação,
discussão e aprovação; e cria também o Conselho Nacional
de Planeamento e os Conselhos de Planeamento Territorial,
LOCALIZAÇÃO instâncias de participação dos cidadãos, que devem emitir
parecer sobre os planos de desenvolvimento antes da sua
apresentação ao Congresso, à Assembleia do Departamento ou
ao Conselho Municipal, bem como preparar relatórios anuais
de acompanhamento.

Relativamente ao orçamento participativo, a Lei 1551 de 2012,


“através da qual são ditadas as regras para modernizar a
organização e o funcionamento dos municípios”, estabelece
que o conselho municipal ou distrital tendo em vista apoiar o
investimento social nos distritos, comunas ou localidades, poderá
criar um processo de OP que permita aos cidadãos deliberar e
ÍNDIC ES decidir sobre a distribuição de uma percentagem do orçamento
municipal. Isto deve ser efetuado através da Junta Administradora
Local, seguindo as normas e as disposições nacionais e municipais
que regem o exercício de planeamento, o orçamento e a
contratação, de acordo com o Plano de Desenvolvimento Municipal
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
(artigo 40o).
2019 HUMANO 2019

45 79 A Lei 1757 de 2015, “pela qual se estabelecem disposições em


DEMOCR ACI A IMPERFEITA ALTO matéria de promoção e proteção do direito à participação
democrática”, propõe uma definição de orçamento participativo,

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

96/180 44/153
ALTO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

143 19
BAIXO MÉDIO 131-141 120-130
o seu objeto, finalidade e mecanismos de monitorização c. promover mecanismos de monitorização e prestação de
(artigos 90o-93o). Aponta ainda que os governos das entidades contas sobre as práticas de OP (páginas 49-50).
territoriais previstos na Constituição e na lei podem realizar
práticas de OP, nas quais a atribuição de uma percentagem das

AMÉ RICA
receitas municipais é designada de maneira participativa, sendo INOVAÇÕES EM DESTAQUE
autonomamente definida pelas autoridades correspondentes, _

em conformidade com os objetivos e metas do Plano de Apesar dos atrasos na implementação do Acordo Final de Paz, a
Desenvolvimento (artigo 100o). principal inovação implementada durante o ano de 2019 no país
teve a ver com um dos seus pontos: a resolução do problema
É importante ressaltar que não foi levada a cabo a reforma das drogas ilícitas. O Acordo determina que esse problema deve
da Lei 152 de 1994, como se estabeleceu na alínea 2.2.6. do ser enfrentado “apresentando alternativas: que conduzam à
Acordo Final para a Resolução de Conflitos e a Construção melhoria das condições de bem-estar e de vida das comunidades
de uma Paz Estável e Duradoura, que assinala cinco questões homens e mulheres nos territórios afetados pelas culturas
sobre as quais é necessário progredir, a fim de promover o ilícitas; que abordem o consumo com o enfoque na saúde pública;
planeamento participativo e o orçamento participativo: e que intensifiquem a luta contra as organizações criminais
dedicadas ao tráfico de droga, incluindo atividades relacionadas,
1. Revisão das funções e da conformidade dos Conselhos de tais como as finanças ilícitas, o branqueamento de dinheiro, o
Planeamento Territorial; tráfico de substâncias e a luta contra a corrupção, desarticulando
2. Fornecer assistência técnica às autoridades municipais e toda a cadeia de valor do tráfico de droga28.
departamentais, para a criação de distintas ferramentas
de planeamento participativo; O Acordo estabeleceu medidas relacionadas com cada uma das
3. Revisão integral do sistema de participação nos processos etapas da cadeia do tráfico de droga: produção e comercialização
de planeamento; de estupefacientes; prevenção do consumo; promoção da
4. Fortalecer os desenhos institucionais e metodológicos a saúde pública; e, em relação à produção, definiu as diretrizes do
fim de facilitar a participação dos cidadãos e assegurar a Programa Nacional Integral para a Substituição de Culturas de
sua eficácia na formulação das políticas públicas sociais; Uso Ilícito (PNIS), um plano anexo aos Programas Nacionais para
5. Fortalecer e promover a criação de orçamentos a Reforma Rural Integral.
participativos sensíveis ao género e aos direitos das
mulheres a nível local, a fim de: Esta visão foi acolhida pelo Decreto-Lei 896 de 2017, que instituiu
no PNIS e nos Planos Integrais Comunitários e Municipais de
a. promover a participação de homens e mulheres substituição e Desenvolvimento Alternativos (PISDA), uma
na priorização de uma parte do orçamento de
investimento, de modo a refletir as conclusões das
práticas de planeamento participativo; CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >

b. criar incentivos para a criação e execução de


orçamentos participativos;
28
Acordo Final, p. 99

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

9 2 6 0 5
145
COLÔMBIA

COMUNIDADE ferramenta de planeamento participativo que deve incluir os


seguintes componentes:

1. Planos de atenção imediata e desenvolvimento de projetos


produtivos (PAI);
CAPITAL POPUL AÇÃO
2. Obras de infraestrutura social de execução rápida;
BOGOTÁ 50 339 440 3. Componente de sustentabilidade e de recuperação ambiental;
4. Planos de formalização da propriedade;
5. Planos para zonas remotas e com baixa concentração de
população;
LÍNGUA MOE DA 6. Cronogramas, metas e indicadores.
ESPANHOL PESO
É importante indicar que a elaboração deste decreto não
contou com a participação das comunidades nem de
LOCALIZAÇÃO organizações de cultivadores.

A implementação dos PISDA considerou a configuração dos


comités do orçamento participativo nos quais, através de uma
metodologia de assembleia, líderes comunitários, agricultores
e outros atores sociais, estabeleceram acordos e priorizaram
investimentos para promover o desenvolvimento dos seus
territórios e erradicar as culturas de uso ilícito. No entanto,
a mudança do governo nacional e do enfoque na política
antidrogas, contrariou este processo.

ÍNDIC ES REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS


_
O OP na Colômbia começou como um processo departamental
em meados da década de 90, em Nariño, que teve como
referência a experiência do Brasil e a associou a algumas
práticas participativas há muito conhecidos como “Mingas por la
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 Pastusidad”. A cidade de Medellín também teve como referência
45 79 a iniciativa de Porto Alegre, mas foi mudando para uma
DEMOCR ACI A IMPERFEITA ALTO dinâmica fortemente liderada pelo governo local e com cenários
perigosos de cooptação por atores ilegais.

Bogotá experimentou, com pouco êxito, modelos distintos, sendo


PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE
CORRUPÇÃO 2019 2020

96/180 44/153
ALTO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

143 19
BAIXO MÉDIO 131-141 120-130
que entre 2008 e 2014 teve cenários de intercâmbio com peritos os quais se implementam as práticas de OP, com um aumento
de Málaga e outras cidades de Espanha. Mais recentemente, significativo de processos relacionados com a geração de receitas
um projeto-piloto de OP com crianças e adolescentes do e, em menor número, assuntos ligados ao tema da saúde. No que
Departamento de Risaralda inspirou-se em aprendizagens de diz respeito aos procedimentos, começou-se a expandir o uso

AMÉ RICA
outros países que tinham implementado este tipo de processos. de Tecnologias de Informação e Comunicação. A maioria das
experiências identificadas estão agora em fase de deliberação.
Desde a Rede Nacional de Planeamento Local e Orçamento
Participativo, temos elaborado propostas de reforma da Lei 152
de 1994 que incluem um desenho de OP Nacional partindo da INFORMAÇÃO ADICIONAL
experiência de Portugal. No entanto, esta reforma ainda não _

se concretizou. É necessário contextualizar a situação do OP no país relativamente


ao retrocesso geral na participação dos cidadãos. A implementação
do Acordo Final tem avançado de maneira desigual e abrandou
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP durante o governo de Iván Duque, que entende a construção da paz
_ como um programa de governo e não como uma política de Estado,
A experiência de Pasto manteve-se apesar das mudanças de ignorando o carácter constitucional vinculativo do Acordo de Paz.
governo e encontra-se sistematizada e replicada. A de Medellín Deste modo, tentou dar um novo significado às obrigações deste
serviu como exemplo para outros municípios do Departamento Acordo, alegando que conta com uma ampla margem de atuação,
de Antioquia e para algumas cidades da região de Eje Cafetero. desfazendo os dispositivos previstos e criando novos, procurando
impor um enfoque reduzido da paz limitada à deportação de
armas e à desmobilização de ex-combatentes e uma visão quase
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP exclusivamente administrativa e financeira da implementação do
_ Acordo, justificando as dificuldades e atrasos na implementação
1. OP que foram suspensos: 0% com uma conceção institucional alegadamente fraca e uma má
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0% previsão dos custos das políticas de paz.
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 100%
A situação da participação na implementação não é muito
melhor, sendo que a maioria das tarefas participativas não tem
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
avançado de maneira significativa, pondo em risco o potencial
_
transformador e de abertura democrática do Acordo.
2020 é um ano de transição de governos locais na Colômbia,
os quais começaram o seu mandato a 1 de janeiro. Embora
As possibilidades a nível local, com novos governos que incluem
existam muitas apostas em relação ao OP, o surto da COVID-19
abordagens de participação cidadã e orçamento participativo
e as consequências das medidas para a mitigar atrasaram a
são um bom sinal, mas podem ser prejudicadas por uma
aprovação dos planos de desenvolvimento e, consequentemente,
mudança de prioridades e uma diminuição da importância dos
os exercícios de planeamento e orçamento participativo.
processos participativos em relação ao controlo da pandemia e
Em termos gerais, foram vistas mudanças nos temas sobre
às medidas de reativação e recuperação.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

9 2 6 0 5
147
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Rocío del Pilar Béjar Gutiérrez
PERÚ

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
A Lei no.28056, Lei-Quadro do Orçamento Participativo,
modificada pela Lei no. 29298, tem como princípios orientadores
a promoção da equidade, eficácia, transparência e democracia
CAPITAL POPUL AÇÃO nas decisões conjuntas entre a população civil organizada
LIMA 32 510 450 e as autoridades, no que respeita ao uso dos recursos de
investimento das entidades dos Governos Regionais (GR) e
Governos Locais (GL).

LÍNGUA MOE DA Nestes 17 anos de implementação da Lei, propiciou-se


ESPANHOL SOL o empoderamento da população nas decisões sobre os
investimentos a nível regional e local. Desta maneira, este
processo alcançou legitimidade entre a população e as
LOCALIZAÇÃO autoridades, o qual se vê refletido na dinâmica de participação
nos seminários que se realizam anualmente.

Um dos aspetos negativos da aplicação da Lei tem sido a


“atomização de investimentos”, a qual está relacionada com a
eleição, por parte da população, de projetos de baixa envergadura e
custo, os quais solucionam necessidades pontuais das localidades
(asfalto de uma rua; iluminação de um parque; construção de
um campo desportivo; etc.), mas que não representam soluções
para problemas maiores do distrito ou departamento (carências
nas infraestruturas rodoviárias dos departamentos; acesso de
populações rurais a redes de saneamento básico; etc.).
ÍNDIC ES
Como salienta o Instituto Peruano da Economia (IPE) uma grande
quantidade de projetos pequenos (atomização) dentro de um
governo departamental ou distrital podem gerar o problema de
elevados custos fixos (na etapa de investimento) ou operacionais
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
e de gestão (na fase de funcionamento), os quais poderiam
2019 HUMANO 2019 ser evitados ao serem agrupados num único programa de
58 82 desenvolvimento local.
DEMOCR ACI A IMPERFEITA ALTO

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

101/180 63/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

80 67
MÉDIO BAIXO 1902 1876
LIMA

AMÉ RICA
INOVAÇÕES EM DESTAQUE impliquem um risco para os agentes que participam e que
_ garantam uma participação inclusiva e representativa de
No processo de orçamento participativo para os seguintes todas as organizações e cidadãos.
anos está a ser considerada a incorporação do uso de
Tecnologias de Informação e Comunicação para desenvolver
as capacidades da população e das Autoridades Regionais INFORMAÇÃO ADICIONAL
e Locais, as quais devem ajustar-se às necessidades e _
características da população das respetivas jurisdições. Atualmente, os aspetos normativos e metodológicos do processo
de Orçamento Participativo no Perú estão a ser revistos e
modificados para atualizar a ferramenta de participação
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP cidadã. Considerar-se-á, agora, uma maior articulação com
_ outros instrumentos de gestão pública, como a Programação de
1. OP que foram suspensos: 87% Investimentos Multianual (que direciona os investimentos das
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0% entidades públicas para colmatar lacunas de infraestruturas
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 13% ou acesso a serviços essenciais) e a Programação de Despesas
Multianual (que estabelece os montantes das atividades e
investimentos a financiar nos três anos seguintes), o que
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
proporciona uma maior coerência ao processo e às carteiras de
_
investimento dos GR e GL.
A este respeito, é importante notar que, através do
Decreto de Emergência no 057-2020, o qual dita as
Além disso, avista-se uma mudança na temporalidade do
medidas complementares para os Governos Regionais e
orçamento participativo, que agora terá uma abordagem
Locais no contexto da emergência sanitária devido aos
multianual (para os quatro anos de gestão local), em lugar da
efeitos do Coronavírus (COVID-19) e outras disposições,
aplicação de um ano, como tem sido executado até ao momento,
estão suspensas as atividades do OP para o ano de
o que irá proporcionar uma maior coordenação da planificação
2020. Contudo, esta suspensão exclui os GR e os GL que
dos investimentos entre os três níveis de governo (Nacional,
desenvolveram o orçamento participativo a partir do mês
Regional e Local), a fim de criar sinergias e complementaridades
de maio, ou aqueles que implementaram mecanismos
e evitar a atomização e duplicação dos investimentos.
virtuais de participação, mediante uso das TIC, que não

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

2 26 26 0 0
149
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Alicia Veneziano Esperón e Mariano Suárez Elías
URUGUAI

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
O nível de formalização das experiências de orçamento
participativo no Uruguai é muito baixo. Não existe uma
legislação nacional e, na maioria dos casos, essas são
CAPITAL POPUL AÇÃO enquadradas em regulamentos emitidos pelos executivos
MONTEVIDÉU 3 461 730 locais (Departamental ou Municipal).

INOVAÇÕES EM DESTAQUE
LÍNGUA MOE DA _
A experiência de OP do município de Piriápolis (Maldonado),
ESPANHOL PESO URUGUAIO
(U YU) que tem uma sequência quinquenal, apresenta um desenho
interessante, uma vez que se divide a cidade em três zonas e
LOCALIZAÇÃO todo o dinheiro destinado a cada uma das divisões territoriais
é utilizado para financiar uma única proposta. Por sua vez,
a relação com o plano estratégico do governo é tida em conta
dentro dos critérios de viabilidade. Desta forma, evita a
dispersão de investimentos com montantes muito pequenos,
situação que se observa em vários processos de OP no país,
e que geralmente não têm conexão entre si e evidenciam
pouco sentido estratégico. No entanto, seria interessante
que a comissão de avaliação dos projetos envolvesse também
representantes dos cidadãos.

Além desta modalidade, é introduzida outra a fim de


apresentar propostas ao nível da cidade, que implica a
ÍNDIC ES
implementação de um investimento, de maior dimensão (3
vezes o montante de um projeto de zona) e orientado para a
recolha de propostas de interesse municipal. A metodologia
implica pensar a dois níveis: um mais próximo da vida
quotidiana dos residentes e outro que permite equacionar o
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 território na sua globalidade, através de temáticas transversais
ao mesmo. Com base neste desenho, pode dizer-se que esta
15 57 inovação inclui as propostas de proximidade, mas não se
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO
mantém unicamente nesse nível, que é habitualmente atrativo
para muitos cidadãos, possibilitando pensar a cidade de
maneira menos fragmentada.

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

21/180 26/153
BAIXO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

34 121
ALTO MUITO BAIXO 8 8
Seria interessante que o desenho incorporasse a servido de inspiração para outras iniciativas posteriores; no
possibilidade de implementar investimentos acordados entanto, não dispomos de evidências concretas neste sentido.
pelos diferentes atores em encontros e não necessariamente
através de votação. Poder-se-ia trabalhar na tomada de

AMÉ RICA
decisões com dois cenários possíveis, procurando, assim, IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
desenvolver a capacidade de diálogo dos participantes. _
1. OP que foram suspensos: 12%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: s/d
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS 3. OP que sofreram alterações/adaptações: s/d
_
A primeira experiência de OP no Uruguai surgiu em
Montevideo, no início dos anos 90 (mas ainda não era PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
chamado de OP), com inspiração nos postulados da nova _

esquerda latino-americana. O seu surgimento acontece Não se realizaram processos de OP durante a pandemia.
após a implementação do OP em Porto Alegre, embora a
metodologia fosse muito diferente, pelo que não se pode dizer
INFORMAÇÃO ADICIONAL
que o desenho do OP de Montevideo estivesse baseado no
_
processo brasileiro.
O Uruguai tem três níveis de governo: nacional, departamental
e municipal. Uma vez que os terceiros estão dentro dos
De todas as formas, a popularidade do OP de Porto Alegre
segundos, um programa de OP a nível regional pode implicar,
converteu-se, sem dúvida, num estímulo para lançar esta
muitas vezes, a participação do governo local. Os OP de Riviera,
experiência e, de facto, a mudança de nome de “Processos
Montevideu, Paysandú, Maldonado e Canelones são promovidos
de Definição de Compromissos de Gestão” para “Orçamento
pelos respetivos governos departamentais, embora nos quatro
Participativo” foi, seguramente, influenciada pelo êxito da
últimos o processo conte com a colaboração dos municípios.
iniciativa de Porto Alegre e pelo reconhecimento internacional
como boa prática de governação local.
Em Canelones, o OP é dedicado à população jovem do
Departamento, mas sendo executado exclusivamente nos
seguintes municípios: 18 de Maio, Cerrilos, Las Piedras, Pando,
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP
_ Parque del Plata, Paso Carrasco, Salinas, Santa Lucía, Santa
A experiência de Montevideu é uma das mais consolidadas Rosa, Suárez, Tala e Toledo.
do mundo com 30 anos de execução sem interrupções. A
mesma está enquadrada num projeto de descentralização CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >
participativa e tem vindo a evoluir com base num desenho
flexível que se ajusta pela modalidade de autorregulamento
com o envolvimento de representantes dos bairros. Em
função disso e da grande quantidade de estudos e publicações
que existem sobre esta experiência, é provável que tenha

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

1 5 0 0 0
151
URUGUAI

COMUNIDADE No caso de Maldonado, existe um quadro departamental


comum, mas os governos locais têm a possibilidade de adaptar
as normas à sua realidade ou interesses. Além disso, também
existem alguns OP criados e executados a nível municipal,
como é o caso de Young (departamento de Río Negro), de San
CAPITAL POPUL AÇÃO
Carlos, com o seu OP Jovem (departamento de Maldonado) e do
MONTEVIDÉU 3 461 730 Município B (departamento de Montevideu).

Em síntese, existem oito experiências ativas em 2019, a


saber: Montevideu, Paysandú, Maldonado, Young, Rivera e os
LÍNGUA MOE DA orçamentos participativos Jovem de San Carlos, Canelones e
ESPANHOL PESO URUGUAIO Município B. A execução envolve, em alguns casos, só o governo
(U YU) departamental, noutros exclusivamente o governo municipal e
ainda, em certos casos, ambos atuam em colaboração.
LOCALIZAÇÃO

ÍNDIC ES

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


2019 HUMANO 2019

15 57
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

21/180 26/153
MÉDIO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

34 121
ALTO MUITO BAIXO 8 8
AMÉ RICA
MONTEVIDÉU

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

1 5 0 0 0
153
ÁSIA
ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
ÁSIA
_

1446 -777 * **
ORÇAME NTOS
PARTIC IPATIVOS 6
NA ÁSIA
10

* ANTES DA PANDEMIA 2019


** DURANTE A PANDEMIA 2020

455 313 153 514 11 8


31,5% 21,65% 10,58% 35,5% 0,76%

CENTRAL ORIENTAL SUL SUDESTE OCIDENTAL


9 CAZAQUISTÃO 7 CHINA 8 ÍNDIA 1 INDONÉSIA 10 ARMÉNIA
2 FED. RUSSA 3 COREIA DO SUL 4 SRI LANKA 6 GEÓRGIA
5 TAIWAN

**
Este dado é referente aos orçamentos participativos nos países
referenciados, com exceção do Cazaquistão e da Índia, onde não foi
possível obter informações referentes aos impactos da pandemia no
desenvolvimento dos 4 processos identificados como ativos em 2019.

OC
CARACTERÍSTICAS DOS TERRITÓRIOS ONDE SE DESENVOLVE A MAIORIA DOS OP NA ÁSIA
_
E
DEMOCRACIAS IMPERFEITAS
ALTO NÍVEL DE PERCEPÇÃO DA CORRUPÇÃO
ALTO ÍNDICE DE FELICIDADE
ALTO ÍNDICE DE PAZ OCEA
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUITO ALTO BAIXO ÍNDICE DE TERRORISMO N
A

O
N

ÍN
O

D
ICO
AT
N

OCEA
NO GLACIAR ÁRTICO

E
S

O
IC
F
C
Í
A
P
7
O
N
A

3
OCE

O
NÚMEROS DE OP POR PAÍSES E PERCENTAGENS FACE AO TOTAL DA ÁSIA
_
514 453 244 151
35,55% 31,33% 16,87% 10,44%

1
INDONÉSIA 2
RÚSSIA 3
COREIA DO SUL 4
SRI LANKA

61 10 8 2
4,22% 0,69% 0,55% 0,14%

5
TAIWAN 6
GEÓRGIA 7
CHINA 8
ÍNDIA

ÍNDICE DE DEMOCRACIA - OP NA ÁSIA POR REGIME POLÍTICO ÍNDICE DE PERCEÇÃO DA CORRUPÇÃO - OP NA ÁSIA POR NÍVEIS
(Nº. E %) DE CORRUPÇÃO (Nº. E %)

_ _
DEMOC R AC IA PE RC EÇÃO DA CORRUPÇÃO

DEMOCRACIAS PERFEITAS DEMOCRACIAS IMPERFEITAS 100 – 76 (BAIXO) 75 – 51 (MÉDIO)

0 972 0 315
0,00% 67,22% 0,00% 21,78%

HÍBRIDOS AUTORITÁRIOS 50 – 26 (ALTO) 25 – 0 (MUITO ALTO)

11 463 1131 0
0,76% 32,02% 78,22% 0,00%

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO - OP NA ÁSIA POR NÍVEL ÍNDICE DE FELICIDADE - OP NA ÁSIA POR NÍVEIS DE FELICIDADE
DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (Nº. E %) DA POPULAÇÃO (Nº. E %)

_ _
DESE NVOLVIME NTO HUMANO FE LIC IDADE

MUITO ALTO ALTO 6.1 – 8.0 (MUITO ALTO) 4.1 – 6.0 (ALTO)

760 684 63 1381


52,56% 47,30% 4,36% 95,50%

MÉDIO BAIXO 2.1 – 4.0 (MÉDIO) 0.0 – 2.0 (BAIXO)

2 0 2 0
0,14% 0,00% 0,14% 0,00%
2 1
0,14% 0,07%

9
CAZAQUISTÃO 10
ARMÉNIA

ÍNDICE DA PAZ - OP NA ÁSIA POR NÍVEIS DE PAZ (Nº. E %) ÍNDICE DE TERRORISMO - OP NA ÁSIA POR NÍVEIS DE TERRORISMO

_ (Nº. E %)

_
PA Z TE RRORISMO

MUITO ALTO ALTO MUITO ALTO ALTO

0 972 0 2
0,00% 67,22% 0,00% 0,14%

MÉDIO BAIXO MÉDIO BAIXO

19 2 975 151
1,31% 0,14% 67,43% 10,44%

MUITO BAIXO MUITO BAIXO SEM IMPACTO

453 318 0
31,33% 21,99% 0,00%
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Anastasia Fadeeva e Alexander Faramazian29
ARMÉNIA

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
Vários decretos operacionais ao nível da cidade de Yerevan
foram aprovados para estabelecer regras, termos e comissões.

CAPITAL POPUL AÇÃO

IEREVAN 2 957 730 INOVAÇÕES EM DESTAQUE


_
O procedimento de votação na plataforma online da prática de
orçamento participativo “Cidadão Ativo” da cidade de Yerevan
LÍNGUA
revela particularidades interessantes:
MOE DA

ARMÉNIO DRAM ARMÉNIO 1. Permite validar a elegibilidade dos participantes,


(AMD)
confirmando automaticamente as respetivas identidades
LOCALIZAÇÃO na base de dados eleitoral e permitindo o voto (os
munícipes têm o direito de votar no OP de Yerevan e nas
eleições para Presidente da Câmara da cidade);
2. Fornece um procedimento de votação transparente por
intermédio de uma tecnologia de blockchain, que diz respeito
à informação digital armazenada numa base de dados pública;
3. Será utilizada pela cidade de Yerevan para fornecer
sondagens e referendos oficiais.

REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS


_
A ideia de envolver os cidadãos no processo de afetação do
ÍNDIC ES orçamento fazia parte da agenda eleitoral de um novo Presidente
da Câmara: Hayk Marutyan.

REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP


DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO _
2019 HUMANO 2019 Ainda não existem exemplos, uma vez que o OP na cidade de
86 81 Yerevan é o único existente na Arménia.
REGIME HÍBRIDO ALTO

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

77/180 116/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

118 94
MÉDIO MUITO BAIXO 1 1
IEREVAN

ÁSIA
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP ii) recolha de ideias, iii) análise técnica, iv) votação e v)
_ implementação de projetos.
1. OP que foram suspensos: 100%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0% A primeira etapa foi realizada com o apoio financeiro da USAID
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 0% Arménia. Durante o segundo momento foram recebidas 740
propostas na plataforma online.
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
_ Uma comissão técnica constituída pelo conselheiro legal do
A pandemia causou um decréscimo das receitas Presidente da Câmara, especialistas em tecnologia e informação
orçamentais da cidade, pelo que foi tomada a decisão de e em construção civil, aprovou 204 propostas. A principal razão
adiar o ciclo do OP 2020-2021. apresentada para a rejeição de parte significativa das ideias
baseia-se no argumento de que essas excedem individualmente
o limite de $62000.
INFORMAÇÃO ADICIONAL
_ Cerca de 1% da população elegível participou na fase de votação.
A prática de OP “Cidadão Ativo” da cidade de Yerevan é um Os 17 projetos mais votados, com um orçamento total de 1
processo organizado maioritariamente online e encontra- milhão de dólares, serão implementados em 2020.
se dividido em 5 fases: i) campanha de sensibilização,

29
A elaboração desta ficha contou com a colaboração do Chefe do
Departamento de Informação e Relações Públicas do Município de Yerevan,
Mr. Hovsep Kubatyan, ao qual se agradece a disponibilidade evidenciada.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

1 1 0 0 0
161
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Zaifun Yernazarova
CAZAQUISTÃO

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
O país não possui, à data de elaboração deste Atlas, qualquer
lei nacional sobre orçamentos participativos. O quadro legal
prevê, no entanto, um conjunto de normativos que servem de
CAPITAL POPUL AÇÃO suporte à realização destes processos, nomeadamente:
NUR-SULTÃ 18 513 930
1. Código orçamental, que regulamenta as relações
orçamentais e interorçamentais, estabelece as principais
disposições, princípios e mecanismos para o funcionamento
LÍNGUA MOE DA do sistema e para a utilização de fundos;
CAZAQUE /
(OFICI AL)
TENGE 2. A lei n. 148 de 23 de janeiro de 2001 regulamenta as relações
RUSSO (COOFICI AL) (KZT) públicas no domínio do governo local e autogoverno;
3. A lei n. 275-VI de 4 de dezembro de 2019 estabelece o volume
LOCALIZAÇÃO de transferências entre os orçamentos republicano,
regionais e locais.

INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
De acordo com as instruções do Presidente da República do
Cazaquistão, estão a ser introduzidas medidas destinadas
a aumentar a eficiência e a transparência do processo
orçamental, incluindo o OP. Em 2019, um projeto-piloto de
orçamento participativo foi implementado nas cidades de Nur-
Sultan e Almaty.

ÍNDIC ES
Têm sido identificadas as principais abordagens para a
implementação faseada de orçamentos participativos ao
nível local e para o envolvimento ativo da população no
desenvolvimento destes processos. Foi elaborado, neste âmbito,
um roteiro para a adoção de princípios e regras uniformes no
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 processo de expansão dos orçamentos participativos, com a
ativação de um trabalho explicativo junto das populações.
139 50
AUTORITÁRIO MUITO ALTO
Foram efetuadas alterações às regras para o desenvolvimento de
projetos de orçamentos locais. Estas definiram um procedimento
comum a todas as cidades para a elaboração do OP, com um

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

113/180 50/153
ALTO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

64 85
ALTO MUITO BAIXO 2 2
NUR-SULTÃ

ÁSIA
método de apresentação de propostas, votação e seleção de PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
projetos pela população, bem como o montante mínimo dos _

fundos a alocar à iniciativa. Para automatizar todas as fases Não existem, atualmente, evidências do impacto da
do processo, foi preparado um algoritmo passo-a-passo para a pandemia Covid-19 sobre os OP. Estes continuam a funcionar
implementação do módulo do OP na Plataforma Unificada dos normalmente. Os testes-piloto do software desenvolvido
Órgãos do Estado. para a automatização da orçamentação com a participação da
população prosseguem sem alterações.
Atualmente, está em curso um trabalho para introduzir
orçamentos participativos em Shymkent e cidades de
INFORMAÇÃO ADICIONAL
importância regional.
_
Na sequência dos resultados da participação do Ministério
das Finanças nos eventos do PEMPAL, da Parceria
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS
Internacional para o Orçamento e da Iniciativa Global
_
para a Transparência Fiscal, foram criados documentos
Discurso do Presidente da República do Cazaquistão na abertura
metodológicos de apoio ao OP e foi criado um projeto-piloto
da sessão do Parlamento Nacional, em setembro de 2019.
em 2019.

O livro de Nelson Dias sobre os 30 anos de orçamentos


IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
_ participativos no mundo, “Hope for Democracy”, ajudou a
1. OP que foram suspensos: 0% desenvolver as bases metodológicas. A publicação da primeira
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 100% edição do Atlas, em 2019, foi igualmente positiva para a
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 0% divulgação do orçamento participativo no Cazaquistão.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 0
163
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Li Fan e Xiang Hao
CHINA

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE EXPERIÊNCIAS DE OP


_
Não existe legislação sobre o orçamento participativo em
nenhum nível de governo chinês.

CAPITAL POPUL AÇÃO

PEQUIM 1 397 715 000 INOVAÇÕES EM DESTAQUE


_
Comparando com o modelo de Wenling, de 2005, a nova
abordagem de Haikou torna possível que todos os cidadãos
LÍNGUA MOE DA votem desde 2016. Contudo, o desenho de 2019 não possui esse
tipo de inovação. No entanto, o processo de OP implementou
CHINÊS RENMINBI (CN Y)
algo novo nesse ano, nomeadamente o facto de ter colaborado de
forma mais estrita com o Governo Central.
LOCALIZAÇÃO
Em Nanchang, Província de Jiangxi, o OP tem sido utilizado no
projeto de reconstrução de antigas comunidades. A maioria
das intervenções encontra-se nas zonas urbanas, a fim de
tornar a comunidade mais economizadora de recursos e amiga
do ambiente. Estes investimentos de reabilitação possuem
mais fundos, permitindo que o OP obtenha um orçamento
superior para as pessoas decidirem. Além disso, podem também
beneficiar todos os proprietários de casas. O OP é necessário
para proporcionar maior legitimidade à comunidade, sendo
que os residentes se comportam ainda mais ativamente neste
tipo de projetos, pensam em propostas, dialogam nas mesas de
discussão e votam.
ÍNDIC ES

Isto representa um bom avanço para o OP, o que significa que


este processo na China se está a tornar na principal ferramenta
de construção da cidade. O orçamento utilizado nas iniciativas
de OP expande-se e as pessoas têm mais poder. Contudo, isto
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 apenas significa que o OP vai mais longe no país mas sem
alcançar o topo. Esta nova tendência mostra pouca possibilidade
153 85
AUTORITÁRIO ALTO das experiências de OP, hoje em dia, poderem ativar o Congresso
Popular ou serem incorporadas na legislação. Quanto mais
o governo utilizar o OP como uma ferramenta, menos este

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

80/180 94/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

110 42
MÉDIO MÉDIO 8 8
pode desempenhar os seus pontos fortes para melhorar a REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP
autonomia da sociedade civil. _
O OP de Welling marca um importante passo no
desenvolvimento do OP na China, bem como na agenda
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS de reforma política. Tornou-se num ícone da democracia
_ deliberativa. No entanto, é demasiado radical para que outros
O Centro de Investigação para o Desenvolvimento do Conselho locais o implementem da mesma forma.
Estatal (CID) foi a primeira agência a introduzir o OP na
China, em 2006. Trata-se de uma instituição abrangente de Em 2016, o novo OP de Haikou ganhou o reconhecimento dos
investigação e consultoria política ao Conselho do Estado, o cidadãos e dos funcionários, tendo sido replicado em Nanchang

ÁSIA
Governo Central da República Popular da China. Após terem e Soochow. Este novo modelo é mais fácil de disseminar porque
organizado uma visita ao Brasil, decidiram implementar o não envolve mudanças institucionais.
OP, pela primeira vez na China, em Harbin e Wuxi. Esse não
continuou por muito tempo, sendo que uma das razões teve
a ver com o facto de os governos locais não terem entendido IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
a importância da participação dos cidadãos. Aplicaram-no _

porque era uma iniciativa do Governo Central e não porque 1. OP que foram suspensos: 0%
acreditavam nele. De acordo com um funcionário que visitou o 2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
Brasil: “Este OP liderado pelos cidadãos não é próprio da China”. 3. OP que sofreram alterações/adaptações: 100%

O famoso caso do OP de Wenling, um modelo ao puro estilo


PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
Chinês, representa um método que ativa o Congresso Popular
_
na reforma orçamental. Ao devolver-lhes o direito de revisão,
A emergência da Covid-19 está a forçar a China e o mundo a
finalmente, os cidadãos têm a oportunidade de participar no
reavaliar a sua governação e as prioridades de ação. Até agora não
processo de tomada de decisão.
é possível confirmar a verdade científica sobre a sua origem, mas
certamente os aglomerados de casos reportados começaram em
Em 2016, o Instituto do Mundo e da China visitou a cidade
Wuhan, província de Hubei, na China. Quase todos os chineses
de Nova Iorque, tendo posteriormente criado e aplicado um
sofreram uma experiência grave de rutura médica e um trauma
modelo similar em Haikou, Nanchang e Soochow. Esse utilizou
psicológico durante o Novo Ano Lunar de 2020. Por conseguinte,
a fase de votação pela primeira vez num OP chinês e ofereceu
tudo isso contribuiu para um modelo específico de combate a
a todos os cidadãos o direito de decidir. Diferente do CID, o
epidemias no país.
IMC é uma ONG, o que significa que estes governos locais que
implementam o OP devem ter, eles próprios, mais empenho.
Como o poder está concentrado nas mãos do Partido Comunista
Esta nova abordagem está em processo de disseminação para
da China (PCC), é este que decide o que é mais importante para
outros locais.

CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

8 6 0 0 0
165
CHINA

COMUNIDADE
o país. Costuma ser a prosperidade material, mas agora é a
restrição. Isto significa que todas as atividades normais estão
a trabalhar para combater a pandemia. O desenvolvimento
económico e outros projetos como o orçamento participativo
estão a ser deixados para trás.
CAPITAL POPUL AÇÃO

PEQUIM 1 397 715 000 Até meados de 2020 (embora os processos anuais de algumas
cidades tenham sido adiados durante meses) o OP não foi muito
afetado pela pandemia. Existem duas razões: por um lado, o
plano de OP deste ano foi decidido antes do Novo Ano Lunar e,
LÍNGUA MOE DA por outro, diferentes cidades respondem de maneiras distintas
CHINÊS RENMINBI no combate à pandemia. Isto dependia do facto de terem zero
casos, casos esporádicos, clusters ou transmissão generalizada.
Felizmente, as cidades com orçamento participativo não foram
LOCALIZAÇÃO
tão afetadas como Wuhan, o epicentro da Covid-19.

Atualmente a pandemia está sob controlo na China. Contudo, o


seu impacto na economia do país está apenas a começar. Isso iria
influenciar ainda mais o orçamento local, bem como a vontade
de implementar novos OP. No entanto, o processo sofreu com a
reforma orçamental durante muitos anos, estando agora ligado
ao defensor da autonomia social do partido-estado. O novo OP
de Haikou tem sido premiado como um dos melhores trabalhos
de inovação social na província de Hainan. Pode continuar a
expandir-se na sombra da Covid-19.

ÍNDIC ES
INFORMAÇÃO ADICIONAL
_
Existem outros tipos de OP na China, tais como o modelo
de competição comunitária (Maizidian) e a abordagem de
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
orçamento do Departamento.
2019 HUMANO 2019

153 85 Durante todos estes anos de implementação, o que deve


AUTORITÁRIO ALTO ser chamado de “Orçamento Participativo”? De acordo com
diferentes estudiosos, existem regras que devem ser tidas em
conta: o financiamento deve provir do orçamento público, deve

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

80/180 94/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

110 42
MÉDIO MÉDIO 8 8
BEIJING

ÁSIA
ser um processo que crie espaços de deliberação nos quais os expande-se ano após ano, embora sem a garantia do nível
cidadãos podem dialogar e as pessoas devem ter a decisão final administrativo superior. Funciona bem, principalmente porque
sobre a atribuição dos fundos públicos. Assim, a partir do nível atende às necessidades do governo local. A disseminação
de tomada de decisão e da dimensão da participação, o modelo depende principalmente dos laços pessoais dos chefes de gabinete
de Haikou permanece elevado em todas estas avaliações, e membros do staff, uma vez que não há divulgação por parte
tornando-o distintivo e dominante na China. dos promotores. O orçamento participativo na China envolve
interações a longo-prazo com o governo. Por conseguinte, o
Todavia, como podem estados fortes e antidemocráticos modelo de Haikou representa um progresso substancial nesta
alcançar a boa governação? O exemplo de Haikou é único, mas matéria, mas existe ainda muito trabalho a fazer no sentido de o
ainda carece da capacidade de construir novas instituições tornar mais eficiente e institucionalizado.
democráticas na China. Tal como mencionado anteriormente,

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

8 6 0 0 0
167
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Hae-In Lee e Seung Bo Shin
COREIA DO SUL

COMUNIDADE INOVAÇÕES EM DESTAQUE


_
Mudanças-chave das orientações do OP Nacional da Coreia:
1. Aumentar a participação dos cidadãos nos debates
(discussões para a resolução de problemas):
CAPITAL POPUL AÇÃO

SEOUL 51 709 100 - Alterar o processo de seleção de tópicos, liderado pelo


Ministério da Economia e Finanças, passando de um
mínimo de 5 para 60;
- Expandir o âmbito e a escala de informação disponível ao
LÍNGUA MOE DA
público sobre os itens definidos, para permitir reflexões
mais fundamentadas e participações mais substanciais:
COREANO WON SUL-
COREANO (KRW) • (antes) apresentação de um problema e discussão
LOCALIZAÇÃO sobre possíveis soluções;
• (depois) apresentação de um problema e das propostas
governamentais, para posterior apreciação e recolha
de contributos por parte dos participantes.

2. Maximizar o papel do Comité dos Cidadãos e realizar a


operação anualmente:

- Implicar o Comité desde a revisão e recomendação de


propostas ao desenvolvimento dos projetos selecionados;
- Proporcionar a oportunidade de estudar os investimentos
com antecedência e ter “voto de preferência” online;
realizar discussões online e offline com proponentes
ÍNDIC ES
originais e representantes do Ministério.

3. Expandir a informação a disponibilizar e aumentar as


comunicações interativas:

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


2019 HUMANO 2019
- Modificar o website do OP para fornecer informação
mais detalhada e personalizada, por exemplo sobre as
23 22 fases de desenvolvimento dos projetos e informação
DEMOCR ACI A IMPERFEITA MUITO ALTO
sobre a implementação;
- Melhorar o layout da informação para uma melhor
legibilidade e uma navegação intuitiva.

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

39/180 61/153
MÉDIO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

55 116
ALTO MUITO BAIXO 244 243
SEOUL

ÁSIA
CIDADES CAPITAIS GRANDES CIDADES
SEOUL SEOUL
BUSAN
DAEGU,
INCHEON
GWANGJU
DAEJEON
ULSAN
SUWON-SI
GOYANG-SI
YONGIN-SI,
CHANGWON-SI

- Acrescentar a possibilidade de objeção relativamente IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP


aos resultados da revisão da viabilidade para reforçar o _

ciclo de feedback dos cidadãos; 1. OP que foram suspensos: 0%


- Implementar diversos métodos de desenvolvimento 2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
de projeto: 3. OP que sofreram alterações/adaptações: 100%

• Fazer uma ligação mais estrita com outras


PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
plataformas governamentais, como por exemplo a
_
One Gwanghwamoon e a Challenge Korea;
A pandemia não afetou drasticamente os OP, embora a maioria
• Tornar possível o encaminhamento de propostas
das discussões dos cidadãos tenham ocorrido online.
para o ano(s) seguinte(s).

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

11 1 0 1 0
169
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Urszula Majewska e Volodymyr Abramiuk
GEÓRGIA

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
Na Geórgia não existem obrigações legais sobre o orçamento
participativo em termos nacionais. Todos os processos
são baseados na lei local das autoridades municipais. As
CAPITAL POPUL AÇÃO regulamentações são, na maioria dos casos, desenvolvidas por
TBILISI 3 720 380 grupos de trabalho, os quais incluem representantes da Câmara
Municipal e, por vezes, conselhos (Sakrebulo) e Organizações
não Governamentais.

LÍNGUA MOE DA
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
GEORGIANO L ARI (GEL)
_
Em 2019, a certificação dos OP pelos Municípios Georgianos foi
LOCALIZAÇÃO realizada pela primeira vez. Trata-se de uma ação cíclica, a fim
de ajudar as autoridades a melhorar estes processos. Os critérios
foram desenvolvidos com base nas normas do OP por um
consórcio de organizações e instituições que trabalham na área
da participação na Geórgia.

As normas foram desenvolvidas em 2018 por um grupo de


ativistas georgianos e de representantes dos municípios sob a
alçada da cooperação Polaco-Georgiana, como o resultado de
esforços multianuais para introduzir o mecanismo na Geórgia.
A adesão à certificação foi voluntária, tendo-se candidatado
nove municípios no total. Oito destes receberam um certificado
juntamente com recomendações sobre como melhorar as
ÍNDIC ES
respetivas iniciativas.

REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS


_
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO O orçamento participativo na Geórgia tem uma metodologia
2019 HUMANO 2019
inspirada principalmente pelo modelo Polaco. O primeiro
89 70 processo foi conduzido em 2015 com o apoio de peritos
REGIME HÍBRIDO ALTO
desse país e a organização The Other Space. Atualmente, os
processos são apoiados por várias organizações e benfeitores
de outros países.

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

44/180 117/153
MÉDIO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

99 90
MÉDIO MUITO BAIXO 10 10
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP INFORMAÇÃO ADICIONAL
_ _
A experiência georgiana foi apresentada na Ucrânia e algumas A escala do orçamento participativo na Geórgia pode
soluções foram uma inspiração para os governos locais. parecer pequena. Entre as 69 unidades de governo local, 10
implementaram ou continuaram o OP em 2019. Estas foram:
Akhaltsikhe, Batumi, Gori, Kutaisi, Mestia, Ozurgeti, Poti,
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP Sighnaghi, Tskaltubo e Zugdidi. No entanto, deve ser relembrado
_ que algumas destas unidades não abrangeram apenas as
1. OP que foram suspensos: 20% cidades, mas também todo o município, que inclui dezenas de
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 30% pequenas localidades rurais.
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 50%

ÁSIA
Contudo, há uma tendência crescente de implementação
de orçamentos participativos nas cidades, uma vez que nas
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
aldeias existe uma ferramenta muito semelhante, designada
_
de “programa de apoio às aldeias”. Este foi restaurado com uma
A pandemia teve efeitos adversos nos governos locais
nova regulamentação a 1 de janeiro de 2019. É um processo
autónomos do país, em particular no setor económico, tendo
mais formal, regulado através da portaria do Ministério do
esses reduzido significativamente os orçamentos locais,
Desenvolvimento Regional e Infraestruturas da Geórgia. Foi
causando problemas diversos. A situação afetou igualmente
implementado pela primeira vez em 2015, tendo sido suspenso
os processos de OP. A maioria dos municípios declarou
após alguns anos. Neste programa o dinheiro é atribuído aos
vontade de continuar a implementar estas iniciativas,
municípios a partir do orçamento nacional.
contudo, a maioria foi suspensa por causa do estado de
emergência imposto no país. As alterações dizem respeito
Baseado na informação do Gabinete Nacional de Estatísticas
maioritariamente a prazos - adiamento das datas de início
da Geórgia sobre o número de habitantes das aldeias, o
dos OP ou à extensão das diferentes fases. Poucos municípios
ministério calcula um montante específico para cada uma.
alteraram os encontros presenciais para reuniões online.
Esse é debatido pela população em assembleias gerais (até 500
habitantes) das respetivas povoações ou durante as consultas
No entanto, existe a preocupação de que a crise económica
com os eleitores registados, de acordo com o critério definido
que afetou os orçamentos dos governos locais afete também
pela portaria. Apenas pequenos projetos de infraestruturas
os OP. Esta situação pode ser vista com mais clareza num
podem ser implementados ao abrigo deste programa. Os
futuro próximo. Em particular, isto irá reduzir o montante
investimentos submetidos podem ser cofinanciados por
de dinheiro atribuído a estes processos e à implementação
outras fontes de financiamento, a partir de organizações
de projetos de edições anteriores. Alguns sofreram atrasos,
internacionais ou doadoras, do orçamento municipal ou de
outros foram adiados para outro ano. Existe também o risco
outros fundos permitidos por lei. Em 2019, mais de 3000
de vários não se realizarem. Todavia, deve ser mencionado
que, apesar da pandemia e os seus efeitos em 2020, novos OP
começaram na Geórgia este ano.
CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 0
171
GEÓRGIA

COMUNIDADE
aldeias fizeram parte deste trabalho. As reuniões (assembleias
gerais) e a seleção de projetos devem estar concluídas até 1
de março. Assim, a pandemia do coronavírus não afetou este
programa. A implementação do projeto pode também ser
prolongada ou adiada.
CAPITAL POPUL AÇÃO

TBILISI 3 720 380 Após a primeira experiência com o OP, iniciada em 2015, e a
“habituação” a esta ferramenta, têm existido, a nível local,
tentativas de modificações dos modelos adquiridos ou de criação
de novas formas de participação. Procuram-se a inovação e um
LÍNGUA MOE DA maior envolvimento dos residentes. Por exemplo, em Poti foi criado
GEORGIANO L ARI (GEL) um processo de OP ao nível da cidade, dedicado à população jovem
(2019). Em Ozergetii foi utilizada uma metodologia de votação
completamente nova. A “voz” de cada residente corresponde a
LOCALIZAÇÃO
um certo montante de dinheiro, ou seja, cada votante tem uma
quantia específica de dinheiro, cerca de 29 euros. Os projetos serão
selecionados para implementação em função do financiamento
alcançado através dos votos dos residentes.

Em Zugdidi foi iniciado um processo baseado no OP, o qual foi


designado de “orçamento verde”. Este tem como propósito criar
espaços verdes e áreas recreativas que melhorem a situação
ecológica em toda a cidade. Para participar é necessário
constituir um grupo no seu próprio bairro para apresentar
projetos que caibam nos custos estimados. Para o programa é
atribuído um certo montante de dinheiro, mas as autoridades
ÍNDIC ES cofinanciam 95% dos projetos submetidos. Além disso, é
realizado o Orçamento Participativo “padrão” (2020).

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


2019 HUMANO 2019

89 70
REGIME HÍBRIDO ALTO

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

44/180 117/153
MÉDIO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

99 90
MÉDIO MUITO BAIXO 10 10
ÁSIA
TBILISI

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 0
173
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Stéphanie Tawa Lama-Rewal
ÍNDIA

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE EXPERIÊNCIAS DE OP


_
Em 2019, a ideia de orçamento participativo foi promovida
em dois novos lugares: no Estado de Odisha, onde a iniciativa
foi implementada pela primeira vez como parte do exercício
CAPITAL POPUL AÇÃO orçamental do Governo do Estado (contudo, tal consiste apenas
NOVA DELI 1 366 417 750 numa consulta online aos cidadãos sobre as suas prioridades).
A Corporação Municipal de Thiruvananthapuram (Estado de
Kerala) anunciou o seu “plano” para introduzir o OP seguindo
o modelo de Pune, ou seja, uma plataforma online através da
LÍNGUA MOE DA qual os cidadãos podem expressar as suas sugestões.
HINDI / INGLÊS RUPIA INDIANA
(INR)
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS
LOCALIZAÇÃO _
Porto Alegre é uma referência habitual. O planeamento
participativo foi implementado pela primeira vez em
Kerala em 1996, mas o primeiro orçamento participativo
institucionalizado à escala de uma cidade aconteceu em Pune
em 2006.

REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP


_
O OP de Pune foi recentemente mencionado como modelo a seguir
pela Corporação Municipal de Thiruvanathapuram (Kerala) e pelo
Governo do Estado de Odisha.
ÍNDIC ES

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


2019 HUMANO 2019

51 129
DEMOCR ACI A IMPERFEITA MÉDIO

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

80/180 144/153
ALTO MÉDIO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

141 7
BAIXO ALTO 2 1
NOVA DELI

ÁSIA

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

1 1 1 0 0
175
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Ivan Shulga e Anna Sukhova
RÚSSIA

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
Uma legislação nacional sobre os orçamentos participativos foi
adotada pelo Governo da Federação Russa a 20 de julho de 2020,
a fim de fornecer uma estrutura para desenvolver e reforçar os
CAPITAL POPUL AÇÃO processos de OP nas regiões e municípios do país. Tecnicamente,
MOSCOVO 144 373 540 as leis no.236-FZ e no. 216-FX de 20.07.2020 introduziram
alterações ao código orçamental (lei no. 145-FZ de 31.07.1998) e à
lei nacional sobre autonomia local (lei no. 131-FZ de 06.10.2003).

LÍNGUA MOE DA Em termos específicos, a nova legislação recorre ao termo


RUSSO RUBLO RUSSO (RUB) “projeto de iniciativa (participativo)”, define mecanismos e
procedimentos para submissão, discussão e seleção de projetos
de âmbito municipal, e fornece uma orientação sobre o seu
LOCALIZAÇÃO cofinanciamento (opcional) pela população e por empresas
locais. De destacar o facto de ser dada uma considerável
flexibilidade às regiões e aos municípios no que respeita à
seleção dos mecanismos de conceção e implementação.

Em ambos os níveis, todas as práticas de OP estão sujeitas a


regulamentação através dos decretos do governo subnacional
(ou, em dezenas de casos, pelas leis subnacionais) ou pelas
regulamentações da administração local.

INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
ÍNDIC ES
A principal inovação registada em 2019 é relativa a uma mudança
na tendência de quase 15 anos de dominação das práticas de OP
regionais sobre as municipais. Duas decisões políticas a nível
nacional tornaram-se num estímulo para esta transformação:

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


2019 HUMANO 2019 i. A 30 de janeiro de 2020, o Presidente Putin solicitou
oficialmente que, num espaço de três anos, pelo menos 5%
134 49 das despesas do total do orçamento municipal deviam ser
AUTORITÁRIO MUITO ALTO
atribuídas a projetos propostos e selecionados pelos cidadãos;
ii. Seguindo estas recomendações, foi elaborada uma nova

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

137/180 73/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

154 37
MUITO BAIXO MÉDIO 453 266
legislação sobre o OP, a fim de apoiar o desenvolvimento de primeiras iniciativas no país. O design da prática pioneira de
processos municipais. OP - Programa de Apoio a Iniciativas Locais (LISP) - incorporou
elementos de várias iniciativas participativas, incluindo o OP
Como resultado, o número dos orçamentos participativos da América Latina, projetos de desenvolvimento liderados pelo
locais, em 2019, aumentou 2.2 vezes comparativamente a Banco Mundial em diferentes partes do globo, experiências de
2018, passando de 65 para 141. Esta tendência é liderada pelos fundos de investimentos social também apoiadas pelo Banco
distritos autónomos de Khanty-Mansiysk, Yamal-Nenets e os Mundial, entre outras. É de salientar que o design do LISP é
oblasts de Ulianovsk, Orenburg e Samara, que no conjunto muito particular e distintivo face à maioria dos OP existentes.
representam mais de 77% de todos os OP municipais no país. Modelos posteriores que emergiram na Rússia, onde se incluem o
“Orçamento Tvoy”, concebido pela Universidade Europeia de São

ÁSIA
Os modelos regionais de OP estão também a mudar. Embora Petersburgo (UESP), o “PORT” na região de Sakhalin, e o “RITM”
a abordagem baseada na metodologia do Programa de na cidade de Noyabrsk do Distrito Autónomo de Yamal-Nenets,
Apoio a Iniciativas Locais (quando municípios competem foram inspirados em vários orçamentos participativos e modelos
pelos recursos ao abrigo do programa regional do OP) ainda de júris-cidadãos, particularmente pelos que são implementados
domine, estão a surgir novas formas de apoio “suave” das nos EUA, em Portugal e na Coreia.
regiões a processos conduzidos diretamente pelos governos
locais. Estes exemplos chegam dos estados de Yamal-
Nenets e Khanty-Mansiysk, onde os governos fornecem aos REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP
_
municípios apoio metodológico, informacional, promocional
O primeiro programa regional LISP, lançado na região de
e de capacitação, ao mesmo tempo que lhes concedem
Stavropol, foi posteriormente replicado em quase 40 regiões
flexibilidade na seleção de mecanismos e procedimentos de
e 65 municípios da Federação Russa. Este processo continua
conceção e implementação dos OP. Interessantes inovações
a funcionar. As práticas de OP baseadas na metodologia do
deste tipo podem ser vistas no distrito autónomo de Yamal-
EUSPB estão atualmente a ser implementadas em 3 regiões e
Nenets, onde a região financia, em larga escala, a campanha
em cerca de 30 municípios.
de divulgação dos OP, mantendo uma plataforma digital que
pode ser utilizada pelos municípios na recolha de ideias e na
votação online, atribuindo bolsas para as melhores práticas
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
municipais. Esta nova abordagem de parceria região-
_
município cria incentivos aos governos locais para lançarem o
1. OP que foram suspensos: 0,4%
OP, sem a obrigação de o fazerem, e contribui para a inovação e
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 99%
diversidade de modelos de orçamento participativo no país.
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 0,6%

REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS


_
A Rússia não utilizou como referência qualquer modelo
internacional de OP, quando em 2005-2007 surgiram as CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

4 11 187 0 0
177
RÚSSIA

COMUNIDADE PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA


_
Até ao momento da elaboração deste Atlas, a pandemia Covid-19
não afetou significativamente a implementação das práticas
do OP na Rússia. Felizmente, o primeiro pico da pandemia
CAPITAL POPUL AÇÃO correspondeu a um período em que as atividades presenciais do
MOSCOVO 144 373 540 OP (campanha de informação, eventos de capacitação, discussões
públicas, workshops, votação, etc.) para o ciclo de 2020 haviam
sido completadas na grande maioria das regiões. As atividades
da Primavera-Verão, maioritariamente relativas à análise
LÍNGUA MOE DA técnica das propostas do OP, seleção dos empreiteiros e início
RUSSO RUBLO RUSSO (RUB) dos trabalhos de construção, têm sido implementadas conforme
programado ou com pequenos atrasos no tempo, não afetando a
qualidade dos processos e seus respetivos resultados.
LOCALIZAÇÃO
Em alguns casos, a pandemia resultou numa utilização mais
intensa do formato online e algumas fases, que anteriormente
eram realizadas de forma presencial. Isto relaciona-se, em
concreto, com o processamento dos fluxos de trabalho, que agora
são assegurados, principalmente, por via eletrónica, bem como
com consultoria contínua, que é atualmente assegurada através
do formato de videoconferências.

INFORMAÇÃO ADICIONAL
_
As recentes tendências no desenvolvimento do OP na Rússia
ÍNDIC ES
incluem:

1. Reforço do enfoque dado às questões de inclusão


social. O envolvimento dos grupos marginalizados
e vulneráveis da população está a tornar-se num
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 princípio-chave em várias novas práticas de OP na
Rússia. Baseado na revisão das melhores práticas
134 49 nacionais e internacionais, têm vindo a ser criados
AUTORITÁRIO MUITO ALTO
documentos e orientações conceptuais para o
envolvimento de pessoas com incapacidades nos
processos de OP, sob a iniciativa conjunta do Banco

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

137/180 73/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

154 37
MUITO BAIXO MÉDIO 453 266
MOSCOVO

ÁSIA
Mundial e da Sociedade Russa de Pessoas com das Finanças da Rússia e do Banco Mundial. Além
Deficiências (representando 1,5 milhões de membros disso, quase todas as regiões que implementam o
em todas as regiões do país), que serão postos em OP asseguram capacitação para os intervenientes
prática em três regiões da Rússia até ao final de 2020. locais de forma regular.

2. Melhorar a capacitação das regiões e municípios. 3. Expansão dos orçamentos participativos escolares
Exemplos selecionados de tais iniciativas incluem: e jovens. Foram introduzidos diversos modelos de
OP para estudantes no ano académico 2019-2020,
i. Formação profissional adicional sobre o OP, nomeadamente, em:
assumida pelo Centro de Orçamento Participativo
do Instituto de Investigação Financeira, com o i. Altai krai;
apoio do Ministério das Finanças (a segunda ronda ii. São Petersburgo;
foi realizada no Verão de 2020); iii. Região de Sacalina;
ii. Escola de facilitadores e tutores para projetos iv. Região de Yaroslavskaya;
de planeamento de codesign do OP, lançada v. República de Komi;
pelo Centro de Urbanismo e Participação da vi. Cidade de Arkhangelsk da região de
Universidade Europeia de São Petersburgo; Arkhangekskaya;
iii. Conjunto de webinars sobre as melhores práticas vii. Buzuluk e Mednogorsk (cidades) e Sorochinsk
de OP internacionais, conduzido pela equipa do (distrito) da região de Orenburg;
Banco Mundial da Rússia; viii. Borovichskiy e Okulovskiy (distritos) da região
iv. Curso de formação “OP como um instrumento de Novgorodt;
prático dos órgãos de autogoverno locais”, pelo ix. Todos os municípios de região autónoma de
Instituto de Desenvolvimento Municipal da região Yamal-Nenets.
de Krasnoyarsk;
v. Materiais informativos e educativos sobre a O primeiro OP Jovem na Rússia chamado “Atmosfera” foi lançado
literacia orçamental dos participantes do OP, na República de Udmurtia.
desenvolvidos no projeto conjunto do Ministério

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

4 11 187 0 0
179
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Chamara Kurruppu e Dayananda Ambalangodage
SRI LANKA

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
As secções 211 a 217 do Decreto do Conselho Municipal, as
secções 178 a 179 do Decreto dos Conselhos Urbanos e as secções
168 a 170 da Lei Pradeshiya Sabha detalham a preparação do
CAPITAL POPUL AÇÃO orçamento nas autoridades locais no Sri Lanka. Nos termos
SRI JAIAVARDENAPURA- 21 803 000 destas disposições, a responsabilidade de preparação do
COTA orçamento e apresentação do mesmo ao Conselho é conferida
ao Presidente da Câmara (secção 211 do Decreto dos Conselhos
Municipais, secção 178 do Decreto do Conselhos Urbanos e
LÍNGUA MOE DA
secção 168 da Lei Pradeshiya Sabha sobre o Presidente).

CINGALÊS RUPIA Os orçamentos não são elaborados com um estudo adequado


CINGALESA (LKR) dos requisitos para a sua preparação. Assim, o orçamento
LOCALIZAÇÃO participativo não é obrigatório de acordo com esses requisitos
legais. Foi apenas após o lançamento do “Programa de
Governação Local Transparente e Responsável” (TALGP), em
2005, que o OP chamou a atenção das autoridades locais do país.

Tratou-se de um esforço colaborativo entre o Ministério


dos Governos Locais e Conselhos Provinciais (MLGPC) e a
Fundação Ásia, que contou com o apoio financeiro da Agência
Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional
(USAID) durante dois anos e que resultou na elaboração de
orientações para a introdução do OP.

Em 2018, o MLGPC publicou dois manuais intitulados


ÍNDIC ES
“Orçamento das Autoridades Locais e Reforma dos Governos
Locais” e “Governação Local e Participação dos Cidadãos”,
encorajando os municípios a adotarem o OP como política
de gestão. Além disso, foi nomeado, em 1998, um comité para
a reforma dos governos locais, tendo o seu relatório sido
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019
publicado em 1999.

69 71 O contributo central destes documentos resulta na ênfase


DEMOCR ACI A IMPERFEITA ALTO
dada à realização de reuniões comunitárias em cada zona, as
quais foram consideradas como indispensáveis para encorajar
a participação dos cidadãos. Além disso, a emissão da primeira

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

93/180 130/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

72 55
ALTO BAIXO 151 151
SRI JAIAVARDENAPURA-COTA

ÁSIA
política nacional sobre governos locais, em 2009, tinha, IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
aparentemente, fornecido um novo impulso para os governos _

locais darem um passo em direção à adoção do OP. 1. OP que foram suspensos: 95%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
Das várias estratégias delineadas na política para melhorar 3. OP que sofreram alterações/adaptações: 5%
a governação local, o OP foi considerado uma prioridade de
topo. A promulgação da Lei das Autoridades Locais n . 21, em
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
2012, tornou-se num estímulo-chave para o OP.
_
Devido à pandemia, a implementação do OP foi suspensa
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
pela maioria dos governos locais, uma vez que a suas receitas
_ caíram drasticamente. Poucos governos locais se têm
- O desenvolvimento de uma aplicação para os habitantes esforçado para obter sugestões dos seus habitantes através de
poderem fazer reclamações e darem sugestões às correio postal, email ou meios de comunicação social.
autoridades locais;
- Arranjo de uma unidade móvel para recolha de receitas;
INFORMAÇÃO ADICIONAL
- Novo software para a gestão de receitas, incluindo um
_
ponto de sistemas de venda para gerar receita.
A avaliação do desempenho dos governos locais contempla
como um dos critérios a participação da comunidade no
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS processo de planeamento. Este elemento poderá dar um novo
_ impulso à adoção do OP parte dos municípios.
Desde 2005, o OP tem sido promovido pela Fundação Ásia,
com a assistência financeira da USAID, do Banco Mundial e
do Banco de Desenvolvimento Asiático (BDA).

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 8 0 0 0
181
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Hsin-Yi Yeh
TAIWAN

COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP


_
Não existe legislação sobre os orçamentos participativos em
Taiwan.

CAPITAL POPUL AÇÃO


INOVAÇÕES EM DESTAQUE
TAIPÉ 23 568 370 _
Existem inúmeras inovações que podem ser observadas no OP.

Em primeiro lugar, têm sido estabelecidas equipas de


LÍNGUA MOE DA
conselheiros para apoiar e monitorizar a execução dos projetos
MANDARIM NOVO DÓL AR dos orçamentos participativos. Essas são, normalmente,
TAIWANÊS (T WD) compostas por atores experientes, nomeadamente indivíduos
que se têm dedicado à democracia deliberativa durante décadas.
LOCALIZAÇÃO
Consequentemente, os projetos do OP em Taiwan estão a
enfatizar, em especial, os processos de deliberação e discussão.

Em segundo lugar, esperava-se que com o aumento súbito


do número de OP, desde 2015, se pudesse incrementar as
reformas administrativas e as inovações nas autoridades
locais, mas vários atores públicos têm vindo a inclinar-se
para “externalizar” a execução do processo para organizações
privadas. O facto de não existirem muitas entidades experientes
na realização dos OP, tem levado à concentração de vários casos
nas mãos de alguns atores sociais. Esta dinâmica é inimiga das
desejadas reformas na administração, na medida em que não é
ÍNDIC ES capaz de produzir competências e incorporar estes mecanismos
e as respetivas aprendizagens.

Em terceiro lugar, o mencionado crescimento dos OP no país


tem reforçado a atenção de muitas pessoas na democracia
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO deliberativa. A fase de “discussão de propostas” parece ser
2019 HUMANO 2019
uma forma adequada de encorajar a participação pública, pelo
31 S/D que alguns atores têm vindo a desenvolver esse momento
DEMOCR ACI A IMPERFEITA
do processo de forma inovadora, como um novo modelo de
decisão da comunidade.

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

28/180 25/153
MÉDIO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

36 96
ALTO MUITO BAIXO 61 45
Em quarto lugar, em resposta a esta dinâmica incremental, Por último, a cidade de Taipé começou a promover projetos
o Conselho de Desenvolvimento Nacional passou a de OP em todo o território, tornando-se também numa
encorajar várias iniciativas de OP a utilizarem o seu sistema importante referência de disseminação.
de votação online, facilitando, assim, a participação das
pessoas. Têm sido várias as experiências a recorrer a este
dispositivo tecnológico. IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
_
1. OP que foram suspensos: 5%
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS 2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 65%
_ 3. OP que sofreram alterações/adaptações: 30%
Os países que se constituíram como referência inicial

ÁSIA
para o OP em Taiwan são o Brasil (Porto Alegre) e os EUA
(Chicago, Boston e Nova Iorque). Alguns investigadores PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
introduziram estes casos para participantes de um _

workshop realizado no final de 2014, culminando na Taiwan conseguiu controlar com sucesso a pandemia, daí que
publicação de um livro intitulado “Nosso Orçamento, quase todos os projetos de OP continuem em execução. Em
Nossa Decisão”. Além disso, em 2015, algumas pessoas alguns casos, o calendário do processo foi influenciado pela
visitaram experiências de OP em França, tendo-se crise sanitária, sendo que alguns apressaram-se a terminar
inspirado também por alguns processos. todas as fases antes do governo central anunciar as restrições
às atividades sociais e coletivas. Outros optaram por adiar os
trabalhos para julho de 2020. Embora a maioria dos projetos
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP continuem a sua execução, todas as reuniões e eventos
_ relacionados passaram a ter como regra o uso de máscara e a
O primeiro projeto de OP em Taiwan foi realizado em janeiro medição da temperatura corporal dos participantes e do staff.
de 2015, com a cooperação da Fundação Youth Synergy,
da Universidade Nacional (Departamento de Sociologia) e
do Colégio Comunitário de Beitou. Vários OP nas cidades INFORMAÇÃO ADICIONAL
taiwanesas foram inspirados por esta iniciativa piloto. _
Existe um “boom do OP” em Taiwan desde 2015. Várias cidades
Além disso, em 2015-2016, uma ação-pioneira de OP, e instituições públicas iniciaram projetos de orçamento
intitulada “Projeto de Orçamento Participativo para participativo. Em algumas situações, os Vereadores Municipais
Promoção do Emprego para Pessoas Deficientes”, retiraram uma parte do orçamento dos seus pelouros para as
realizado em Sanxia (cidade Nova Taipé), também inspirou pessoas discutirem e decidirem. Os recursos cobriram, assim,
significativamente iniciativas subsequentes. Este trabalho vários temas, tendo dado a oportunidade às comunidades de
pretendia que as pessoas com incapacidades participassem deliberarem sobre assuntos diversos do quotidiano.
nas práticas de OP, tendo servido de encorajamento para que
outros adotassem esta abordagem.
CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

33 12 16 0 0
183
TAIWAN

COMUNIDADE Os orçamentos participativos em Taiwan chamaram a atenção


de outros países, tendo incentivado a visita de estudiosos e
profissionais dos Estados Unidos e da França, entre outros,
contribuindo para a promoção internacional destas iniciativas.
Vários projetos de OP desenvolvidos no país ganharam
CAPITAL POPUL AÇÃO prémios internacionais, como por exemplo do Observatório
TAIPÉ 23 568 370 Internacional de Democracia Participativa (OIDP).

Devido à trajetória de desenvolvimento dos OP em Taiwan, a


maioria dos processos no país coloca uma ênfase especial na
LÍNGUA MOE DA “deliberação”. Isto é, os participantes são encorajados a discutir
totalmente as suas ideias na fase de “brainstorming” e acredita-
MANDARIM NOVO DÓL AR
se que vários resultados positivos podem ser produzidos
TAIWANÊS (T WD)
pela execução cuidadosa deste momento particular dos OP.
LOCALIZAÇÃO Consequentemente, o “boom” destas iniciativas facilitou o
relançamento da deliberação pública no país, alargando esta
dinâmica a outras áreas e mecanismos da administração.

Observam-se vários resultados positivos trazidos pela


promoção dos projetos de OP, como por exemplo: a emergência
da consciência coletiva, o reforço da solidariedade local, a
cooperação de atores sociais heterogéneos, o aumento da
confiança e compreensão entre as pessoas, entre outros.

No entanto, vários obstáculos têm de ser resolvidos e removidos


antes do orçamento participativo poder ser aceite de forma
geral no país. Por exemplo, existem ainda pessoas que duvidam
ÍNDIC ES
que os cidadãos “comuns” possam propor ideias com qualidade,
do ponto de vista coletivo, e estejam dispostos a participar no
processo. Mais importante ainda, embora o “boom” do OP seja
claro em Taiwan, o orçamento participativo não chegou a ser
institucionalizado, com exceção do caso de Taipé.
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019

31 S/D
DEMOCR ACI A IMPERFEITA

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

28/180 25/153
MÉDIO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

36 96
ALTO MUITO BAIXO 61 45
TAIPÉ

ÁSIA

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

33 12 16 0 0
185
EUROPA
ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
EUROPA
_ 22

5113 *-2209 **
O

E
ORÇAME NTOS

O
PARTIC IPATIVOS

N
NA EUROPA

A
E
S

OC
* ANTES DA PANDEMIA 2019
** DURANTE A PANDEMIA 2020

119 344 2193 2457


2.33% 6,73% 42,89% 48,05%

NORTE OESTE SUL LESTE


10 ESCÓCIA 7 ALEMANHA 9 ALBÂNIA 4 ESLOVÁQUIA
13 ESTÓNIA 17 BÉLGICA 20 BÓSNIA E 21 MOLDÁVIA
11 FINLÂNDIA 5 FRANÇA HERZEGÓVINA 1 POLÓNIA
15 INGLATERRA E 24 CROÁCIA 6 REPÚBLICA CHECA
PAÍS DE GALES 14 ESLOVÉNIA 12 ROMÉNIA
23 IRLANDA 3 ESPANHA 16 UCRÂNIA
18 IRLANDA DO 8 ITÁLIA
NORTE 2 PORTUGAL
22 ISLÂNDIA
25 NORUEGA
19 SUÉCIA

**
Este dado é referente aos orçamentos participativos nos países
referenciados, com exceção da Finlândia, da França, da Itália e
da Moldávia, onde não foi possível obter informações referentes
aos impactos da pandemia no desenvolvimento dos 346 processos
identificados como ativos em 2019.

CARACTERÍSTICAS DOS TERRITÓRIOS ONDE SE DESENVOLVE A MAIORIA DOS OP NA EUROPA


_
DEMOCRACIAS PERFEITAS ÍNDICE DE FELICIDADE MUITO ALTO
ÍNDICE MÉDIO DE PERCEPÇÃO DA CORRUPÇÃO ALTO ÍNDICE DE PAZ
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUITO ALTO ÍNDICE DE TERRORISMO MUITO BAIXO
O
IC

13 11
19
T
N

25
Â

L
T
A
13

10

18

23

15
1

7
17

6
4
16

21
5

12

20
14
8
24

2
2 3

9
NÚMEROS DE OP POR PAÍSES E PERCENTAGENS FACE AO TOTAL DA EUROPA
_

2014 1666 334 238


39,11% 32,58% 6,53% 4,65%

1
POLÓNIA 2
PORTUGAL 3
ESPANHA 4
UCR ÂNIA

195 163 140 116


3,81% 3,19% 2,74% 2,27%

5
FR ANÇA 6
REPÚBLICA CHECA 7
ALEMANHA 8
ITÁLIA

54 33 31 26
1,06% 0,65% 0,61% 0,51%

9
ALBÂNIA 10
ESCÓCIA 11
FINLÂNDIA 12
ROMÉNIA

21 18 15 12
0,39% 0,35% 0,29% 0,23%

13
ESTÓNIA 14
ESLOVÉNIA 15
INGLATERR A 16
ESLOVÁQUIA
E GALES
9 8 5 4
0,18% 0,16% 0,10% 0,08%

17
BÉLGICA IRLANDA
18 19
SUÉCIA 20
BÓSNIA E
DO NORTE HERZEGÓVINA

4 4 1 1
0,08% 0,08% 0,02% 0,02%

21
MOLDÁVIA 22
ISLÂNDIA 23
IRLANDA 24
CROÁCIA

1
0,02%

25
NORUEGA
ÍNDICE DE DEMOCRACIA - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA ÍNDICE DE PERCEÇÃO DA CORRUPÇÃO - ORÇAMENTOS
EUROPA POR REGIME POLÍTICO (Nº. E %) PARTICIPATIVOS NA EUROPA POR NÍVEIS DE CORRUPÇÃO (Nº. E %)

_ _

DEMOC R AC IA PE RC EÇÃO DA CORRUPÇÃO

DEMOCRACIAS PERFEITAS DEMOCRACIAS IMPERFEITAS 100 – 76 (BAIXO) 75 – 51 (MÉDIO)

2433 30
2380 237 4537
47,59% 46,54% 4,65% 88,72%

HÍBRIDOS AUTORITÁRIOS 50 – 26 (ALTO) 25 – 0 (MUITO ALTO)

300 0 339 0
5,87% 0,00% 6,63% 0,00%

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO - ORÇAMENTOS ÍNDICE DE FELICIDADE - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA


PARTICIPATIVOS NA EUROPA POR NÍVEL DE EUROPA POR NÍVEIS DE FELICIDADE DA POPULAÇÃO (Nº. E %)
DESENVOLVIMENTO HUMANO (Nº. E %)
_
_

DESE NVOLVIME NTO HUMANO FE LIC IDADE

MUITO ALTO ALTO 6.1 – 8.0 (MUITO ALTO) 4.1 – 6.0 (ALTO)

4813 300 3146 1967


94,13% 5,87% 61,54% 38,46%

MÉDIO BAIXO 2.1 – 4.0 (MÉDIO) 0.0 – 2.0 (BAIXO)

0 0 0 0
0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

30
O significativo crescimento dos orçamentos participativos em democracias perfeitas na Europa, face à edição transata do Atlas, deve-se
ao facto de Portugal ter sido classificado neste tipo de regime, de forma circunstancial, no ano de 2019. O país concentra mais de 32% dos OP
europeu, influenciando, assim, os resultados.
ÍNDICE DA PAZ - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA EUROPA POR ÍNDICE DE TERRORISMO - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA
NÍVEIS DE PAZ (Nº. E %) EUROPA POR NÍVEIS DE TERRORISMO (Nº. E %)

_ _

PA Z TE RRORISMO

MUITO ALTO ALTO MUITO ALTO ALTO

1852 3019 0 0
36,22% 59,05% 0,00% 0,00%

MÉDIO BAIXO MÉDIO BAIXO

4 0 629 496
0,08% 0,00% 12,30% 9,72%

MUITO BAIXO MUITO BAIXO SEM IMPACTO

238 2277 1711


4,65% 44,52% 33,46%
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Diamanta Vito
ALBÂNIA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
A Constituição da República da Albânia, enquanto lei
fundamental do Estado, não define claramente o direito dos
cidadãos de participação nos processos públicos de tomada
CAPITAL POPUL AÇÃO de decisão, uma vez que o objetivo da lei magna é a definição
TIRANA 2 854 190 concreta de alguns princípios-chave ou a exclusão absoluta
de circunstâncias consideradas inaceitáveis. As alterações
efetuadas ao texto fundador não são exaustivas, na medida
em que se trata de um documento baseado em elementos e
LÍNGUA MOE DA critérios básicos, sem detalhar a organização da vida social e
ALBANÊS LEK (ALL) política do país.

Embora não esteja definida por escrito e de forma exaustiva,


LOCALIZAÇÃO o direito de os cidadãos participarem nos processos de
tomada de decisão provém de um conjunto de princípios
estatais garantidos pela Constituição, tais como: “referendo”,
“liberdade de expressão”, “reunião”, “organização”, “propor
leis”, “liberdade de acesso a informação pública”, “ambiente
saudável”, etc.

A implementação de direitos e liberdades fundamentais,


como mencionado acima, é regulada pelas disposições
constitucionais, acordos internacionais ratificados por
leis, atos e outros estatutos. De seguida serão expostas as
disposições legais específicas relativas ao direito de os cidadãos
ÍNDIC ES se envolverem e participarem nos processos de tomada de
decisão, de acordo com a ordem hierárquica definida no artigo
116 da Constituição.

O Código de Procedimentos Administrativos é uma lei


DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
importante que fornece princípios processuais básicos,
2019 HUMANO 2019 incluindo o que respeita à participação.
79 69
REGIME HÍBRIDO ALTO A lei n. 139/2015 sobre a autonomia local é um dos principais
instrumentos legais, que garante aos cidadãos o direito de
serem informados e participarem nos processos de tomada de

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

106/180 105/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

51 110
ALTO MUITO BAIXO 54 54
decisão. As disposições deste texto estão em conformidade aprovação dos atos são sempre obrigatórias nos casos em que o
com os princípios da Carta da Convenção Europeia Conselho Municipal:
sobre Autonomia Local. Uma das inovações desta lei é o
princípio da subsidiariedade, relativo ao desempenho de - Elege, a partir da sua composição, as comissões e aprova o
funções e exercício de competências ao nível do governo. regulamento interno do seu funcionamento;
O artigo 3 estabelece o objetivo de uma governação efetiva - Aprova o orçamento e as suas alterações;
e eficiente e uma proximidade estreita com os cidadãos, - Aprova a alienação ou transferência de bens de terceiros
através do reconhecimento da existência de diferentes para sua utilização;
identidades e valores das comunidades, do respeito pelos - Decide sobre os impostos e as taxas locais de acordo com a
direitos fundamentais, da escolha de diferentes serviços legislação fiscal em vigor;
e equipamentos públicos para benefício geral, da resposta - Aprova normas, padrões e critérios para a regulamentação e
apropriada do poder público às necessidades da população, disciplina de funções, a fim de garantir o interesse público.
bem como da participação das pessoas na governação local.
A lei prevê as mesmas disposições mencionadas acima para
O capítulo VI, intitulado “transparência, consulta e as sessões de consulta com as comunidades. O importante é
participação dos cidadãos”, é bastante importante, uma vez informar os cidadãos sobre os atos do Conselho, que devem ser

EUROPA
que garante o direito à informação e o envolvimento nos sempre publicados na página de internet oficial e estarem em
processos de tomada de decisão. locais públicos de livre acesso, dentro do território da unidade
local. O artigo 18 permite que o Conselho publique os atos
O artigo 15 assegura a transparência da atividade das de outras formas consideradas relevantes e adequadas aos
autoridades locais, permitindo a publicação de qualquer diversos contextos.
ato do governo nas páginas de internet oficiais, bem como
a disponibilização desses elementos em locais públicos. De A lei n. 146/2014, sobre a notificação e consulta públicas, é muito
acordo com o ponto 3 deste artigo, cada unidade de autogoverno importante para a garantia da participação dos cidadãos na
tem a obrigação de nomear o coordenador de transparência autogovernação local. Essa regula o processo de informação e
e aprovar as medidas que sejam acessíveis a todos os acesso a projetos de lei e documentos estratégicos, nacionais ou
cidadãos, especialmente aos que pertencem aos estratos mais locais, bem como a políticas de alto interesse para a sociedade.
desfavorecidos, assegurando as disposições legais sobre o As disposições desta lei determinam as regras processuais
direito à informação. Esta lei, através do artigo 18, garante à que devem ser aplicadas para garantir a transparência e a
população o direito de participar e tomar conhecimento sobre participação pública na elaboração de políticas e nos processos
o processo de revisão e aprovação dos atos. Esse é posto em de tomada de decisão pelos órgãos públicos, a fim de promover a
prática através de sessões de aconselhamento, sob a forma transparência, responsabilidade e integridade das autoridades.
de reuniões abertas com residentes, grupos de interesse,
especialistas, instituições e organizações sem fins lucrativos, ou CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >
através de referendo local.

As sessões de consulta com a comunidade antes da revisão e

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

12 1 0 0 0
195
ALBÂNIA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y
A Lei no. 119/2014, sobre o direito à informação, é igualmente
relevante por garantir os tramites através dos quais os cidadãos
podem aceder a documentos produzidos pelas autoridades locais
ou que estejam na sua posse.

CAPITAL POPUL AÇÃO

TIRANA 2 854 190 INOVAÇÕES EM DESTAQUE


_
No contexto do país, são de destacar duas inovações:

LÍNGUA MOE DA - Orçamento sensível ao género, que tem o objetivo de


envolver mulheres e raparigas que apresentaram as suas
ALBANÊS LEK (ALL)
exigências nas reuniões onde a participação direta dos
cidadãos é um critério essencial.
LOCALIZAÇÃO - Audiências públicas, no âmbito das quais a comunidade tende
a influenciar os processos de tomada de decisão. O sucesso
destas práticas reside no facto de as sugestões dos cidadãos
serem tidas em conta. É de assinalar, no entanto, que em alguns
casos, a administração necessita ainda de garantir o feedback
sobre os resultados da participação da população.

REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS


_
Os processos de OP na Albânia começaram em 2014 e foram
inspirados pelas experiências brasileiras.

ÍNDIC ES
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
_
1. OP que foram suspensos: 70%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: N/A
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO 3. OP que sofreram alterações/adaptações: N/A
2019 HUMANO 2019

79 69
REGIME HÍBRIDO ALTO PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
_
Os OP foram globalmente suspensos durante a crise sanitária.

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

106/180 105/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

51 110
ALTO MUITO BAIXO 54 54
TIRANA

EUROPA
Estes começaram com reuniões organizadas ao ar livre, com um o envolvimento da comunidade e, por outro, as pessoas são
número limite de participantes, mas depois foram interrompidos. geralmente pouco ativas nos processos de tomada de decisão.

Existe desconfiança entre a sociedade e os órgãos de governo.


INFORMAÇÃO ADICIONAL Uma boa oportunidade para construir pontes e ultrapassar
_ esta situação é a utilização de estratégias e instrumentos
Na Albânia existem ainda grandes obstáculos para apropriados para encorajar os cidadãos e os funcionários
uma participação efetiva dos cidadãos nos assuntos a interagirem regularmente entre si, aumentando o
governamentais. Por um lado, as autoridades locais não conhecimento mútuo e, assim, desenvolver a confiança mútua.
utilizam eficazmente todos os instrumentos precisos para

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

12 1 0 0 0
197
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Svetlana Alenitskaya, Lars Stepniak e Volker Vorwerk
ALEMANHA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
A Alemanha estabeleceu leis relativas à regulação do
1
orçamento participativo em 4 dos 16 estados do país. Estes são
noroeste Rhine-Westphalia (desde
L ARGE 1950), Rhineland-Palatinate,
C ITIES
CAPITAL POPUL AÇÃO Berlim Leste e Saxónia. Os estados federais de Brandemburgo
BERLIM 83 132 800 e Baden-Vurtemberga têm leis relativas à regulamentação da
participação dos cidadãos.

Em quase todos os municípios existem estatutos locais que


LÍNGUA MOE DA determinam a participação da comunidade e a forma como
ALEMÃO EURO (EUR) essa tem de estar informada sobre o orçamento local. Estes
normativos são, frequentemente, utilizados como salvaguarda
para enquadrar a implementação do OP. As autoridades devem
LOCALIZAÇÃO publicar o plano orçamental para o ano seguinte, sendo que todos
os contribuintes ou residentes podem propor alterações. Contudo,
são poucas as pessoas que recorrem a este dispositivo legal.

A experiência da Saxónia é deste ponto de vista interessante, na


medida em que os partidos no poder declararam no contrato de
coligação a implementação do orçamento cidadão desde 2021.
Este oferece a possibilidade de os munícipes decidirem um
projeto com uma quantia limitada de dinheiro disponibilizada
pelos governos locais. Este facto é, aliás, explicativo do
crescimento do número de OP na Alemanha nos últimos anos.

ÍNDIC ES
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
A Saxónia vai pagar excedentes monetários a algumas das
suas comunidades entre 2019 e 2021. São cerca de 10 mil euros
por localidade. Devido a este “presente”, algumas começaram
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 um processo de OP para decidir os projetos em que deve ser
investido o dinheiro. Em 2020, o novo governo de coligação
13 4
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO deste estado alemão deu um impulso ao tema com a promoção
do conceito de orçamento cidadão.

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

9/180 17/153
BAIXO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

22 44
ALTO MÉDIO 140 140
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS um modelo bastante interessante porque os cidadãos
_ decidem sobre o orçamento (não o governo local), tendo sido
Christchurch, na Nova Zelândia, e Porto Alegre, no Brasil, o primeiro município a delegar completamente a decisão na
foram os modelos seguidos para a primeira abordagem do comunidade e a implementar as prioridades sem o prévio
OP na Alemanha, em 1998. O processo pioneiro, chamado aval dos eleitos.
Bürgerhaushalt (orçamento participativo), consistiu numa
recolha de propostas do público, na qualificação e priorização Na Saxony-Anhalt, o OP foi iniciado por uma coligação entre
das mesmas e, finalmente, na decisão dos políticos sobre a ONG, atores da sociedade civil e autoridades locais, designada
distribuição das verbas e na prestação de contas aos cidadãos. “Parceria para a Democracia”. A iniciativa foi implementada
sobretudo no distrito administrativo de Börde, na cidade de
Desde 2002 que se verificou uma mudança paradigmática Oschersleben. Além disso, existe o projeto EmPaci-Project
de modelo, o qual é chamado de Bürgerbudget (orçamento (Empowering Participatory Budgeting na região do Mar
do cidadão), que prevê a recolha pública de propostas para Báltico), no estado federal de Mecklenburg-Vorpommern, em
um montante orçamental fixo. Esta abordagem alcança, cooperação com a Universidade de Rostock (por exemplo, no
tendencialmente, muito mais pessoas. município de Bützow).

EUROPA
Merecem ainda destaque:
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP
_
- A Saxonia, pelo acordo de coligação entre partidos no poder,
Existe uma intensa discussão entre comunidades, sendo que é
mencionado anteriormente;
realmente difícil afirmar quem foi inspirado por quem. A título
- A “Buddy Partnership” entre as cidades de Mannheim e
de exemplo:
Riesa. A primeira implementou o OP há alguns anos e está
agora a apoiar a segunda na adoção do processo;
- Berlin-Lichtenberg, iniciado em 2005, é frequentemente
- Brandemburgo, pelo projeto modelo da ONG mitMachen e.V.
mencionado como um modelo a seguir;
sobre como mobilizar os jovens com o OP nos municípios de
- Trier, despoletado em 2009, baseou-se numa metodologia
Eberswalde, Potsdam e Nuthetal.
que foi posteriormente adotada por Worms, Stuttgart,
Kerpen e Pulheim.
- Stuttgart, cujo arranque data de 2013, assentou num
desenho institucional que mais tarde foi incorporado CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >
em Leipzig;
- Eberswalde, cujo começo aconteceu em 2007, tendo
evoluído, em 2012, para um OP com um orçamento fixo,
serviu de referência para o Estado de Brandemburgo,
onde existem 26 processos a funcionar, 19 dos quais 31
Em 9 das 12 divisões administrativas de Berlim.
recorrendo ao referencial de Eberswalde. Este é de facto 32
Os orçamentos participativos promovidos por escolas e universidades
não se encontram contabilizados porque muitos são difíceis de encontrar.
Sabe-se que existem alguns casos na Alemanha, como acontece em Berlim.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

1 31 1 0 0 S/D 32
199
ALEMANHA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
_
1. OP que foram suspensos: 10%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 60%
3. PB have undergone changes/adaptations: 30%
CAPITAL POPUL AÇÃO

BERLIM 83 132 800


PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
_
1. Algumas cidades decidiram atribuir dinheiro para apoiar
LÍNGUA MOE DA
empresas que têm problemas financeiros ou para investir
no combate à pandemia. Alguns municípios bloquearam
ALEMÃO EURO (EUR)
os fundos por causa do alto nível de endividamento. As
receitas esperadas falharam por causa da Covid-19, como
LOCALIZAÇÃO por exemplo: https://www.moz.de/landkreise/ostprignitz-
ruppin/neuruppin/neuruppin-artikel/dg/0/1/1794908/;
2. Algumas comunidades alteraram a votação presencial das
assembleias para um procedimento virtual, como aconteceu
em Eberswalde. Esta não é a tendência mais forte na medida
em que a maioria dos OP na Alemanha já se realizava online;
3. Outros suspenderam o processo por um ano, como
aconteceu na cidade de Lahr: https://www.lahrer-zeitung.
de/inhalt.lahr-stadtgulden-projekt-pausiert-wegen-der-
corona-krise.7207e6ab-756f-443e-ac77-340d866d9469.html).

INFORMAÇÃO ADICIONAL
ÍNDIC ES _
A cidade de Stuttgart alcançou, em 2019, o maior número de
participantes, nomeadamente mais de 10.000, o que corresponde
a 9% das pessoas elegíveis para votar. Em pequenas aldeias, com
menos de 10.000 habitantes, Ketzin/Havel atingiu 16%.
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019
2019 marcou também uma viragem na história dos OP na
13 4 Alemanha, na medida em que foi o primeiro ano em que as
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO
iniciativas com um orçamento fixo suplantaram as que não
definem qualquer verba para o processo. Sobretudo nos estados
de Brandemburgo e Saxonia é possível verificar um crescimento

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

9/180 17/153
BAIXO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

22 44
ALTO MÉDIO 140 140
BERLIM

EUROPA
contínuo de OP nos últimos anos. Enquanto isso, Berlim e
Thuringia discutem a implementação do OP ao nível estadual.

Embora todos os estados e municípios alemães tenham algum 31


Em 9 das 12 divisões administrativas de Berlim.
tipo de democracia direta, os referendos financeiros não são 32
Os orçamentos participativos promovidos por escolas e universidades
permitidos, ao contrário do que acontece na Suíça. não se encontram contabilizados porque muitos são difíceis de encontrar.
Sabe-se que existem alguns casos na Alemanha, como acontece em Berlim.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

1 31 1 0 0 S/D 32
201
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Hanne Bastiaensen
BÉLGICA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Por agora, cada governo local tem a sua própria regulamentação,
dependendo das especificidades do processo em questão. Existem
discussões em curso, tanto a nível regional como nacional, mas
CAPITAL POPUL AÇÃO ainda não foi produzida qualquer legislação sobre o assunto.
BRUXEL AS 11 484 060
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_

LÍNGUA MOE DA Muitos dos orçamentos participativos na Bélgica têm um


elemento deliberativo. O processo pelo qual os cidadãos
FL AMENGO/FRANCÊS EURO (EUR)
começam a falar uns com os outros sobre o que é prioritário
/ALEMÃO
para a sua cidade é considerado tão importante como a votação
LOCALIZAÇÃO dos projetos.

REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS


_
Não há um país específico, mas sim uma combinação de
referência provenientes do Brasil, Alemanha e França.

REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP


_
O OP de Antuérpia foi a primeira grande iniciativa do género
na Bélgica e inspirou outros processos no país, mas também
ÍNDIC ES na Holanda.

IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP


_

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO 1. OP que foram suspensos: 20%


2019 HUMANO 2019 2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 40%
33 17 3. OP que sofreram alterações/adaptações: 40%
DEMOCR ACI A IMPERFEITA MUITO ALTO

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

17/180 20/153
BAIXO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

18 53
ALTO BAIXO 9 9
BRUXELAS

EUROPA
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
_
A maioria dos OP adaptaram-se e mudaram as atividades
presenciais para online ou foram temporariamente adiados.
Os que funcionaram normalmente não tinham atividades
planeadas para o período crucial de confinamento ou então
realizaram as ações por via digital.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

2 2 0 0 0
203
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Vojtech Cerný e Anela Cavdar
BÓSNIA E
HERZEGÓVINA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe qualquer legislação sobre a matéria a nível nacional ou
regional. A única referência legal que serve de enquadramento ao
OP é o próprio orçamento municipal. A adoção do processo depende
CAPITAL POPUL AÇÃO
exclusivamente da decisão do órgão executivo em funções.
SARAJEVO 3 301 000

INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
LÍNGUA MOE DA
A inovação do OP nos 4 municípios reside no esforço para
BÓSNIO / CROATA MARCO BÓSNIO- o tornar mais inclusivo. Tal deveu-se principalmente ao
/ SÉRVIO HERZEGÓVINO envolvimento de estudantes no processo e na promoção
CON VERSÍ VEL (BAM)
do mesmo. Os alunos mais ativos, que são membros dos
LOCALIZAÇÃO respetivos conselhos escolares, foram treinados e apoiados
para desempenharem um papel nas seguintes tarefas:

1. Divulgação do OP junto dos colegas de escola;


2. Mapeamento de grupos marginalizados e identificação
das suas necessidades;
3. Apresentação de propostas que respondam às
carências sinalizadas;
4. Cooperação para levar o processo às pessoas sem acesso
à internet, disponibilizando meios para se envolverem
na votação online;
5. Realização de campanhas porta-a-porta, especialmente
em zonas rurais mais isoladas.
ÍNDIC ES

Esta experiência foi avaliada pela GovLab e os resultados estão


disponíveis na página de internet do OP da Bósnia e Herzegóvina:
www.pbbih.com

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


2019 HUMANO 2019
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
102 75 _
REGIME HÍBRIDO ALTO
1. OP que foram suspensos: 100%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 0%

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

101/180 69/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

81 88
MÉDIO MUITO BAIXO 4 4
SARAJEVO

EUROPA
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA INFORMAÇÃO ADICIONAL
_ _
Pode afirmar-se que a pandemia teve um impacto Vale a pena mencionar a existência de outros mecanismos
considerável, mas não foi a única razão para a paragem do OP participativos e deliberativos introduzidos pela Lei sobre a
no país. Os processos foram apenas os primeiros casos-piloto Autonomia Local. O país conta com órgãos representativos
realizados com apoio externo do estado checo, a partir de 2018. (conselhos), eleitos ao nível de comunidades locais (“Miestny
Em conjunto com os cortes severos e o financiamento muito zaiednice”). Os membros desses órgãos, designados de
instável do Orçamento do Estado, a pandemia foi crucial para conselheiros, são consultados sobre os procedimentos
o fim destas primeiras experiências. orçamentais do município, embora sem qualquer papel decisivo.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 0
205
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Alisa Aliti Vlašic e Jelena Brbora
CROÁCIA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não foram efetuados quaisquer desenvolvimentos legais na
Croácia no que diz respeito ao orçamento participativo. É, no
entanto, expectável que tal possa vir a acontecer, na medida em
CAPITAL POPUL AÇÃO que cada vez mais os cidadãos estão a tomar consciência desta
ZAGREB 4 067 500 ferramenta. De acordo com o estado em que estas iniciativas
se encontram, o quadro legal existente não é restritivo, daí que
nenhuma barreira legal tenda a impedir ações mais imediatas até
que o OP se torne numa prática cada vez mais comum no país.
LÍNGUA MOE DA

CROATA KUNA (HRK)


REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS
_
LOCALIZAÇÃO A primeira iniciativa de OP na Croácia foi levada a cabo na cidade de
Pazin, em 2004, inspirada por um modelo observado na Espanha.

REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP


_
O OP de Pazin serviu de modelo para a maioria das outras cidades
croatas que adotaram o processo. As boas práticas de países como
Portugal e Espanha têm vindo a funcionar de inspiração para
aperfeiçoamento de modelos locais. A título de exemplo, o OP de
Cascais, em Portugal, foi influenciador do OP de Dubrovnik.

ÍNDIC ES IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP


_
1. OP que foram suspensos: 0%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 100%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 0%
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019

59 46 PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA


DEMOCR ACI A IMPERFEITA MUITO ALTO _
A participação tornou-se uma questão secundária durante a
pandemia. Ainda assim, é importante notar que apesar das

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

63/180 79/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

28 138
ALTO SEM IMPACTO 1 1
ZAGREB

EUROPA
restrições impostas pelas medidas epidemiológicas nenhum de decisão e na partilha do poder, nomeadamente Pazin. Em
discurso político se referiu ao OP como redundante ou um relação às outras 7 cidades Rijeka, Pula, Trogir, Slavonski
fardo para o orçamento público. Brod, Zlatar, Karlovac, Sisak acredita-se que é importante
salientar o esforço realizado na mudança de perceção de
Isto pode, na realidade, ser indicativo de que o OP é visto como como a despesa pública deve ser planeada e executada.
um processo útil, no qual as decisões participativas sobre a
despesa pública são necessárias para o desenvolvimento dos Comparativamente a uma investigação de 2018, o número
territórios e permitem inclusive uma afetação mais eficientes de orçamentos participativos aumentou de 5 para 8, mas
dos recursos, em resposta às necessidades reais. enquanto processos consultivos, com uma certa influência
sobre as decisões, embora de um modo mais informal
que a votação. Em qualquer caso, deve ser enfatizado
INFORMAÇÃO ADICIONAL que de acordo com o conceito do Atlas, que implica
_ necessariamente a fase de votação, apenas uma cidade
Existem atualmente 8 processos ativos na Croácia, que da Croácia corresponde a esta prática, embora um total
envolvem a participação dos cidadãos na criação de planos de 8 proclamem a sua implementação. Por conseguinte,
de despesas do orçamento público, sob o nome de orçamento para qualquer desenvolvimento futuro do OP na Croácia, é
participativo. Ainda assim, de acordo com o conceito de necessário trabalhar na mudança de discursos sobre o que
OP proposto no Atlas, considera-se que apenas uma cidade este processo realmente significa.
croata prevê realmente a inclusão dos cidadãos na tomada

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 1 0 0 0
207
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Fiona Garven, Katey Tabner e Katie Brown
ESCÓCIA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe um requisito legal relativamente à implementação
do orçamento participativo na Escócia, mas antes um
“compromisso” para que todas as autoridades locais aloquem 1%
CAPITAL POPUL AÇÃO do seu orçamento ao OP até 2021, com exceção receitas recolhidas
EDIMBURGO 5 425 000 através de impostos municipais. Este prazo deverá ser prolongado
como resultado da pandemia do coronavírus.

O OP continua a ser relativamente novo na Escócia e a ser


LÍNGUA MOE DA desenvolvido juntamente com outras medidas legislativas
INGLÊS LIBRA que visam melhorar e expandir a democracia local, conforme
ESTERLINA (GBP) contemplada na lei de empoderamento da comunidade, de 201533.
A parte 3 do mencionado quadro legal permite que a população
LOCALIZAÇÃO solicite a participação nas decisões públicas. Em alguns casos, este
normativo tem sido utilizado para requerer a realização do OP.

IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP


_
1. OP que foram suspensos: 10%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 90%

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA


_
ÍNDIC ES Desde 2018, as autoridades locais escocesas comprometeram-
se a atribuir, até 2021, pelo menos 1% dos seus orçamentos
gerais ao OP. Embora o progresso para este objetivo tenha sido
atrasado por causa da pandemia, muito do trabalho municipal
em torno do OP, no período de 2019/2020, esteve centrado
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO na integração da metodologia do processo nos serviços
2019 HUMANO 2019
municipais, como por exemplo, a manutenção de terrenos,
14 15 estradas, transportes ou livrarias comunitárias.
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

12/180 13/153
BAIXO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

45 28
ALTO MÉDIO 33 20
EDIMBURGO

Vários governos locais reportaram a existência de um envolveram frequentemente conselhos locais, enquanto
forte compromisso para assegurar que os orçamentos partes interessadas, e foram informados através de planos e
participativos sejam incorporados na administração como outros documentos de interesse. Os processos temáticos foram

EUROPA
resposta da Escócia à pandemia Covid-19 e reconhecem também definidos por regiões determinadas. Ao trabalharem
que o foco destas iniciativas dá prioridade à recuperação no sentido do Acordo de Orçamento Participativo Integrado,
e renovação social. A atividade dos OP liderados pelas alguns conselhos reportaram a utilização desta dinâmica
comunidades também parou, mas irá recomeçar assim que participativa como forma de favorecer a reforma dos serviços
forem levantadas as restrições. públicos. As áreas de atuação que utilizaram o OP incluíram:
manutenção de terrenos, infraestruturas, serviços ambientais,
instalações e bibliotecas comunitárias, serviços para jovens
INFORMAÇÃO ADICIONAL e ações de prevenção do alcoolismo e toxicodependência,
_ entre outras. No âmbito destes processos, a deliberação e
Entre abril de 2019 e março de 2020, as autoridades locais coprodução de ideias foi levada a cabo através da colaboração
escocesas completaram 20 processos de OP. As iniciativas entre funcionários e membros da comunidade, através de
levadas a cabo entre 2019 e 2020 incidiram em regiões planeamento estratégico e grupos de trabalho.
geográficas diversas, como aldeias, cidades ou distritos Os projetos do orçamento participativo promovidos por
eleitorais. Deve notar-se que dos 20 OP concluídos, vários governos locais e centrados em questões temáticas incluíram:
foram conduzidos segundo uma perspetiva temática. vida saudável, pobreza alimentar, alterações climáticas e
Por exemplo, no concelho de Stirling, o processo de OP foi sustentabilidade, património local, isolamento social e solidão,
desenvolvido em 7 subdivisões eleitorais, com uma dotação pobreza, desenvolvimento de competências e capacidades, luta
global de £100.000. contra as desigualdades, saúde mental e bem-estar.
Os projetos de OP centrados no apoio às comunidades

33
https://www.gov.scot/publications/community-empowerment-scotland-
act-summary/

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 13
209
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Alexandra Hrabinová e Barbara Gindlová
ESLÓVAQUIA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Em 2019, a organização não governamental VIA IURIS realizou
uma análise das possibilidades de regulamentação do orçamento
participativo na Eslováquia. A entidade chegou à conclusão
CAPITAL POPUL AÇÃO de que ter este conceito ancorado na legislação do país seria
BRATISL AVA 5 454 070 benéfico em termos de legitimidade das finanças públicas, uma
vez que não existe qualquer menção sobre o mesmo no quadro
atual. A VIA IURIS é a favor de uma alteração legislativa, na qual
o OP possa ser mencionado na lei das regras orçamentais e do
LÍNGUA MOE DA autogoverno territorial como uma opção para os municípios, a
ESLOVACO EURO (EUR) qual pode ser ajustada localmente, em função das necessidades e
características específicas de cada território.

LOCALIZAÇÃO
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
Vários municípios começaram a utilizar a primeira plataforma
digital eslovaca, designada “a voz dos cidadãos”, a qual foi
desenvolvida no ano anterior para apoiar o desenvolvimento e a
gestão dos orçamentos participativos.

Merece também destaque o OP desenvolvido numa escola


secundária, desenhado para familiarizar os jovens com o
comportamento e pensamento empreendedores, através do apoio a
microprojectos orientados socialmente e desenvolvidos no âmbito
ÍNDIC ES dos estágios realizados pelos estudantes em empresas locais. Esta
situação configura uma oportunidade de experimentarem como os
seus projetos podem ser levados a cabo em contexto real.

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS


2019 HUMANO 2019 _

42 36 O orçamento participativo foi trazido para a Eslováquia


DEMOCR ACI A IMPERFEITA MUITO ALTO graças à organização não governamental Utopia, inspirada na
época pelas experiências brasileiras. O primeiro processo foi
implementado na cidade de Bratislava, em 2011.

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

59/180 37/153
MÉDIO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

23 129
ALTO MUITO BAIXO 12 10
BRATISLAVA

REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP A pandemia também afetou o interesse dos municípios em
_ apoiar o orçamento participativo nas escolas. Enquanto no
A Utopia é uma das principais impulsionadoras do projeto-piloto de 2019, 16 estabelecimentos de ensino tiveram
orçamento participativo no país, baseando-se sobretudo na envolvidos no processo, em 2020 passaram a ser 95. Se o futuro
filosofia do modelo de Porto Alegre. Quando implementou desenvolvimento da situação for favorável, algumas escolas
o OP pela primeira vez, vários municípios decidiram podem ser capazes de continuar os seus processos a partir de
convidar esta associação para os ajudar a criar as regras setembro de 2020.
do processo. Em vez de uma experiência referencial de

EUROPA
OP, existe uma organização a espalhar a sua filosofia pelo
país. Em alguns lugares, esta abordagem é recebida com INFORMAÇÃO ADICIONAL
compreensão, enquanto noutros é considerada demasiado _
intensa, consumidora de tempo e em desacordo com a visão, Na Eslováquia existem atualmente cinco vezes mais municípios
necessidades ou capacidades do município, resultando na a realizar o OP do que as indicadas nas estatísticas deste ano.
opção por outros modelos de OP. Eles designam as suas iniciativas de OP, contudo, não cumprem
os critérios definidos pelo Atlas. A Eslováquia possui uma
quantidade expressiva de experiências de OP, pelo que é tempo
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP de começar a debater o seu futuro. Esta discussão deve começar
_ com um amplo debate público sobre o que o OP representa e
1. OP que foram suspensos: 58,3% para que deve ser utilizado. Obviamente, não faz sentido defini-
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 8,3% lo estritamente por normas. Por outro lado, deve ser benéfico
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 33,3% criar orientações que possam distingui-lo de outros processos
de subvenção pública.
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
_ Todos os níveis de governo devem entender e estar conscientes
A pandemia afetou mais negativamente os OP mais de que o OP pode servir como uma ferramenta inovadora para
recentes. Por outro lado, os processos que sofreram convidar as pessoas a pensarem em conjunto sobre as melhores
algumas alterações/adaptações ou continuaram a funcionar soluções para os problemas e deixá-las cocriarem as respostas
normalmente são os mais antigos e consolidados. públicas mais ajustadas.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 1 0 1
211
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Matic Primc
ESLOVÉNIA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Em 2018, o quadro para a implementação do orçamento
participativo foi definido na lei sobre a autonomia local e é
aplicável a todos os processos liderados por governos locais.
CAPITAL POPUL AÇÃO

LJUBLJANA 2 087 950


REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS
_
Quando Maribor realizou o primeiro projeto-piloto de
LÍNGUA MOE DA OP na Eslovénia, fê-lo inspirado no modelo de Reykjavik,
recorrendo igualmente à aplicação Your. Os municípios
ESLOVENO EURO (EUR)
apresentavam várias semelhanças, o que ajudou a esta
transferência de política.
LOCALIZAÇÃO

REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP


_
A abordagem de Maribor, adotada num dos seus distritos,
foi retomada por outros municípios. A que mais se destaca
foi levada a cabo por Ajdovšcina, tendo sido o primeiro a
implementar o OP em todo o território. Uma vez que Maribor
não alargou o projeto-piloto numa perspetiva mais ampla, a
principal referência para o OP na Eslovénia continua a ser a do
Município de Ajdovšcina.

ÍNDIC ES IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP


_
1. OP que foram suspensos: 0%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 60%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 40%
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019

36 24 PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA


DEMOCR ACI A IMPERFEITA MUITO ALTO _
A pandemia Covid-19 não teve um impacto significativo nos OP
pelo facto de vários municípios realizarem ciclos de deliberação

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

35/180 33/153
MÉDIO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

8 138
MUITO ALTO SEM IMPACTO 18 17
LJUBLJANA

EUROPA
orçamental de dois em dois anos, o que evitou que se tivesse de INFORMAÇÃO ADICIONAL
reorganizar as fases do processo. Em alguns casos decidiu-se _
adiar a iniciativa por um ano. A grande maioria dos OP são atualmente instituídos ao nível do
município, com apenas um a ser implementado por um centro
Além disso, a Eslovénia lidou bastante bem com a pandemia juvenil. Tipicamente, o financiamento a nível municipal é de cerca
e muitos municípios puderam protelar a fase de deliberação de 1% do orçamento total. Os processos são, habitualmente, de
durante alguns meses até que as restrições relativas acesso universal, com a idade mínima de participação definida em
às reuniões públicas fossem atenuadas. Os aspetos de 15 ou mais anos. Alguns são exclusivamente dirigidos aos jovens.
deliberação e os workshops são, habitualmente, de curto- O apoio estatal aos governos locais que decidem adotar o OP é
prazo e não muito intensivos, deixando, assim, os cidadãos mínimo. Paralelamente, tem havido algum desenvolvimento no
perante decisões auto-organizadas. Atualmente, não existem setor da sociedade civil, com organizações não governamentais
tendências significativas na mudança para o método de a prestarem serviços organizacionais e técnicos aos municípios
participação online. implicados nos orçamentos participativos.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 1
213
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Marta Barros, Andrés Falck, Francisco Francés e
ESPANHA Antonia Morillas

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Em Espanha não existe qualquer lei que regule o direito à
participação dos cidadãos ou o orçamento participativo, embora
tanto a Constituição como a “lei de bases do regime local” façam
CAPITAL POPUL AÇÃO menção expressa a essa matéria.
MADRID 47 076 780
A Lei 7/1985 que estabelece as “bases do regime local” incita os
municípios a aprovar regulamentos para a participação dos
cidadãos. No entanto, nem sempre o orçamento participativo foi
LÍNGUA MOE DA definido através de tais instrumentos normativos. Apesar disto,
ESPANHOL EURO (EUR) é igualmente um facto que várias autarquias desenvolveram
normas específicas para estes processos.

LOCALIZAÇÃO Entre 2010 e 2019, todas as comunidades autónomas aprovaram


leis de participação. As mais recentes são as de Navarra (2019),
Castela-Mancha (2019), Baleares (2019) e Madrid (2019). Boa parte
foi elaborada no âmbito do cumprimento de regulamentos sobre
transparência. Outras, como Galiza, Navarra, Catalunha, Castela-
Mancha, Baleares ou Andaluzia legislaram a participação de
maneira específica.

Das 17 comunidades autónomas, 7 incluem o orçamento


participativo, nomeadamente:

1. Lei 4/2013 de 21 de maio, do governo aberto da Extremadura;


ÍNDIC ES 2. Lei 2/2016 de 7 de abril, das instituições locais do País Basco;
3. Lei 7/2017 de 27 de dezembro, de participação dos cidadãos
da Andaluzia;
4. Regulamento de participação dos cidadãos da região
de Múrcia, de 2018, que desenvolve a Lei 12/2014 sobre
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
transparência e participação dos cidadãos;
2019 HUMANO 2019 5. Lei 12/2019 de 12 de março, de consultas públicas e processos
16 25 participativos das Baleares;
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO 6. Lei Foral 12/2019 de 22 de março, de participação
democrática em Navarra;
7. Lei 8/2019 de 13 de dezembro, de participação de Castela-
Mancha.
PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE
CORRUPÇÃO 2019 2020

30/180 28/153
MÉDIO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

32 59
ALTO BAIXO 334 330
INOVAÇÕES EM DESTAQUE na implementação do OP, seguindo o exemplo do Partido
_ dos Trabalhadores, no Brasil, e estiveram frequentemente
Os orçamentos participativos registados durante o ano de 2019 implicados em redes como o Fórum de Autoridades Locais
são, na sua maioria, processos que têm origem no mandato ligado ao Fórum Social Mundial, que serviram como canal de
2015-2019 dos governos locais em Espanha, período político que troca de informação e experiências.
registou o maior crescimento destas iniciativas.

O modelo predominante caracteriza-se por combinar REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP


participação online e offline. Além disso, diferencia-se de _
abordagens anteriores, que habitualmente: (1) não incluíam Numa primeira etapa (2001-2011), os governos locais de Espanha
espaços de deliberação sobre as propostas; (2) não eram implicados na promoção dos OP, em particular as cidades de
aplicadas medidas corretivas de votação a fim de incorporar Córdoba e Sevilha e a Província de Málaga, adotaram também
critérios de justiça social; (3) era concebido e regulado pelos políticas de cooperação internacional descentralizada, ligadas
governos locais, sem o envolvimento dos cidadãos. à expansão destes processos. As relações com municípios de
outros países, principalmente latino-americanos, geraram
Os OP setoriais que se identificam são juvenis. Alguns são fluxos de influência e reforço recíproco das iniciativas de

EUROPA
abertos a toda a população jovem (por exemplo, 12-30 anos) democracia participativa.
e outros são realizados em escolas secundárias. Este tipo de
iniciativas está em crescimento. A partir do ano de 2015, a Espanha começou a destacar-se
pelo impulso, sem precedentes, da utilização de ferramentas
Em Espanha, 2019 é um ano marcado pela realização das digitais nos processos de OP, com experiências lideradas por
eleições locais no mês de maio, que se encontra dividido Barcelona (plataforma Decidim) e principalmente por Madrid
em dois ciclos políticos. Após este período, notou-se uma (plataforma Consul), que tiveram uma ampla transferência para
diminuição do número de instituições locais que continuam outros municípios. A plataforma Consul recebeu o Prémio das
a implementar o OP. As eleições e as mudanças de governo Nações Unidas ao Serviço Público (UNPSA), em 2018, chegando
significam frequentemente um hiato na planificação de a ser implementada em dezenas de cidades, principalmente da
políticas, o que faz com que muitos processos não sejam América Latina e Europa.
retomados de forma automática. Isto é o sinal de uma fraca
institucionalização destas iniciativas, que dependem muito
dos mandatos e das alternâncias democráticas. IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
_
1. OP que foram suspensos: 50%
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS 2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 20%
_ 3. OP que sofreram alterações/adaptações: 30%
As primeiras experiências em Espanha surgiram a partir do
ano 2000, influenciadas pela experiência de Porto Alegre.
Os governos locais com maioria de esquerda foram pioneiros CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

2 14 0 0 4
215
ESPANHA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
_
Desde o início da emergência sanitária em Espanha, alguns
processos que estavam ativos viram os seus calendários adiados
e outros sofreram atrasos na execução das propostas. As
CAPITAL POPUL AÇÃO restrições orçamentais dos governos, em geral, e dos governos
MADRID 47 076 780 municipais, em particular, afetaram o ciclo normal de execução
do OP. Do ponto de vista operativo, a principal mudança
identificada é o uso de ferramentas digitais, em substituição de
ações pensadas para espaços presenciais.
LÍNGUA MOE DA

ESPANHOL EURO (EUR) Em meados de 2020, muitos municípios ainda não se


pronunciaram sobre as suas intenções a respeito do OP. São
poucos os casos em que se havia anunciado o início do processo
LOCALIZAÇÃO antes dos meses de verão, mas também são poucos os que
declararam a intenção de o suspender. Embora este seja um
cenário de incerteza, antevê-se uma tendência de diminuição
significativa de casos de OP em 2020, sem que se possa dizer qual
o impacto que terão estas mudanças a médio-prazo.

INFORMAÇÃO ADICIONAL
_
O contexto eleitoral e de agitação partidária vivido em
Espanha durante 2019, gerou um clima de temporalidade
política, alteração da atividade e das prioridades
institucionais e tensão que poderá influenciar o
ÍNDIC ES
desenvolvimento dos orçamentos participativos.

Em 2018, a Espanha assistiu à primeira moção de censura bem-


sucedida, que provocou uma mudança de governo, que duraria
menos de 1 ano, face à impossibilidade de aprovar orçamentos
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 do estado.

16 25 O ano de 2019 arrancou com a convocatória de eleições


DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO
gerais para 28 de abril, a juntar às eleições municipais,
autónomas e europeias convocadas anteriormente. Os grupos
parlamentares resultantes desse ato não chegaram a acordo

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

30/180 28/153
MÉDIO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

32 59
ALTO BAIXO 334 330
MADRID

EUROPA
para formar governo e voltaram a ser convocadas novas
eleições, que tiveram lugar a 10 de novembro. Deste período
resultou um quadro aberto e frágil de negociação entre os
diferentes atores políticos, que condicionou as alianças nos
diferentes níveis institucionais, os ritmos e os tempos de
configuração dos governos e a recuperação da normalidade
na atividade institucional.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

2 14 0 0 4
217
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Kristina Reinsalu
ESTÓNIA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
A cidade de Tartu, responsável pela iniciativa-piloto de
orçamento participativo na Estónia, desenvolveu e adotou uma
lei relativa à regulamentação deste processo. Os municípios
CAPITAL POPUL AÇÃO que se seguiram na adoção desta iniciativa, recorreram a esta
TALLINN 1 326 590 legislação como base e ajustaram-na, quando necessário, ao
seu próprio contexto e modelo específico.

LÍNGUA MOE DA INOVAÇÕES EM DESTAQUE


_
ESTÓNIO EURO (EUR)
Como um estudo recente demonstrou, os municípios não inovam
muito em relação ao OP, sendo que a maioria dos modelos é
LOCALIZAÇÃO bastante semelhante, com ligeiras modificações. Alguns governos
locais em contexto rural, por exemplo, começaram a aplicar o
princípio regional a fim de criar oportunidades mais equitativas
para os locais/aldeias mais pequenos obterem também
financiamento para as suas ideias.

Há alguns anos atrás, a grande inovação que um dos municípios


aplicou foi a utilização do OP como modelo para promover um estilo
de vida saudável. Esse consistia no seguinte: as pessoas propunham
ideias sobre temas relacionados com o desporto (campo de ténis,
etc.) e votavam. A proposta vencedora só seria implementada pelo
município se as pessoas conseguissem coletivamente atingir um
ÍNDIC ES
certo número de horas de exercício (corrida, natação, caminhada,
etc.). Para averiguar o cumprimento deste objetivo foi criada uma
ferramenta virtual interativa que monitorizava as horas que os
cidadãos despendiam em exercício. Esta iniciativa foi muito bem
recebida. Em termos de inovação técnica, a maioria dos municípios
utiliza plataformas comuns baseadas na internet.
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019

27 30
DEMOCR ACI A IMPERFEITA MUITO ALTO REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS
_
Em 2011, a Academia de Governação Eletrónica, uma
organização não governamental, organizou um seminário para

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

18/180 51/153
BAIXO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

37 123
ALTO MUITO BAIXO 21 19
os municípios estónios, introduzindo o conceito e os princípios INFORMAÇÃO ADICIONAL
do OP, bem como algumas práticas internacionais, como por _
exemplo, as do Brasil. Importa questionar qual tem sido o impacto dos OP. Um dos
resultados é que existem todas essas novas ideias, algumas
Em 2013, em cooperação com a Academia de Governação delas tradicionais e outras muito inovadoras, que não teriam
Eletrónica, a cidade de Tartu introduziu o primeiro OP na sido pensadas nos escritórios das Câmaras Municipais.
Estónia, a partir de um modelo próprio, tendo considerado Contudo, o mais importante tem a ver com o facto do OP se
lições aprendidas de iniciativas de outros países. ter tornado num processo de envolvimento real e de fácil
implementação para mais de 20 municípios. Isto mostra
como a participação produz mudanças concretas, com
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP resultados tangíveis.
_
Como mencionado anteriormente, a maioria dos municípios Finalmente, importa considerar que, por norma, às
estónios seguiu o exemplo da cidade de Tartu34 e decidiu organizações do setor público não é permitido correr riscos.
implementar o OP. Com o passar do tempo, contudo, existiram No entanto, sem se experimentar e improvisar não existe
ajustes aplicados pelas autoridades locais, tendo em conta o forma de ser inovador. O processo de OP ajuda as autoridades

EUROPA
contexto e as necessidades dos municípios, a fim de alcançarem locais a atuarem fora da zona de conforto, produzindo
uma melhor implementação do processo. avanços, cometendo erros e aprendendo com esses.

Outro ponto de aprendizagem importante é que o OP mudou


IMPACTS OF COVID-19 DISEASE ON PB a forma como os governos locais estão a tomar decisões. O
_ processo de OP desencadeou o ativismo cívico em vários
1. OP que foram suspensos: 5% locais, sendo que uma ideia dá origem a outra. Assim,
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 90% pode dizer-se que o OP tem afetado significativamente
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 5% o espaço cívico. Na cidade de Tartu, o mesmo modelo de
crowdsourcing (contribuição colaborativa), combinando
ferramentas online (soluções de mapas) com métodos
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
presenciais, tem sido utilizado com sucesso em várias
_
iniciativas de planeamento urbano.
Não existem tendências a serem notadas durante a pandemia,
uma vez que a maioria dos processos decorre online. Naqueles
em que existem também eventos abertos à apresentação de CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >

ideias e sua discussão com peritos, esses foram organizados


durante o verão, uma vez que já era possível as pessoas se
reunirem. Contudo, pode dizer-se que existem mais propostas
submetidas relativas a atividades desportivas e culturais ao
ar livre, tendência que está em conformidade com o estilo 34
Para mais informação, a prática de OP da cidade de Tartu está descrita em
de vida atual. detalhe no seguinte endereço https://tartu.ee/en/participative-budgeting.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 1 0 0 2
219
ESTÓNIA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y
Quando o processo é bem concebido e o contexto é
considerado, o modelo é facilmente expandido e pode ser
replicado em qualquer outro lugar. Por exemplo, a nossa
organização tem pilotado com sucesso um modelo semelhante
com ferramentas virtuais relacionadas num contexto bastante
CAPITAL POPUL AÇÃO
diferente, nomeadamente na Geórgia.
TALLINN 1 326 590
Por último, de acordo com um estudo recente, é possível concluir
que os eleitos locais reconhecem como principais resultados
do OP: a ativação de pequenas comunidades, que combinam as
LÍNGUA MOE DA suas forças para encontrarem soluções para as necessidades
ESTÓNIO EURO (EUR) mais prementes; o surgimento de novas ideias, as quais foram
também financiadas através de outros recursos; a identificação
muito clara de problemas-chave para as autoridades locais,
LOCALIZAÇÃO
entre outros.

ÍNDIC ES

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


2019 HUMANO 2019

27 30
DEMOCR ACI A IMPERFEITA MUITO ALTO

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

18/180 51/153
BAIXO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

37 123
ALTO MUITO BAIXO 21 19
TALLINN

EUROPA

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 1 0 0 2
221
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Marianne Pekola-Sjöblom, Päivi Kurikka
FINLÂNDIA e Sirkka-Liisa Piipponen

COMUNIDADE
COMMUNIT Y INFORMAÇÃO ADICIONAL
_
Podem-se observar sinais de que se está a tornar mais popular
e comum os municípios testarem o orçamento participativo.
De acordo com as respostas ao questionário aplicado em 2018,
CAPITAL POPUL AÇÃO apenas 12% dos municípios (23) estavam a implementar o OP e
HELSÍNQUIA 5 520 310 16% (31) estavam a planear utilizá-lo.

Um estudo realizado pela Associação de Municípios Finlandeses,


em 2020, sobre os processos de participação promovidos
LÍNGUA MOE DA pelos 294 governos locais do país, conseguiu reunir, até ao
FINL ANDÊS EURO (EUR) momento, respostas por parte de 43%. Destes, 31 afirmam estar
E SUECO a desenvolver o OP e 21 atestam estar a planear a sua utilização.
Dos municípios com OP, 64% refere que o está a fazer de forma
LOCALIZAÇÃO anual e 36% fê-lo pelo menos uma vez durante o mandato
autárquico que, na Finlândia, dura 4 anos.

ÍNDIC ES

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


2019 HUMANO 2019

5 12
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

3/180 1/153
BAIXO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

14 81
ALTO BAIXO 31 31
EUROPA
HELSÍNQUIA

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 0
223
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Antoine Bézard
FRANÇA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe legislação nacional sobre o orçamento participativo
em França. Cada cidade é livre de elaborar a sua própria
regulamentação. Foi feita uma declaração na reunião nacional
CAPITAL POPUL AÇÃO das cidades com OP em Paris, em novembro de 2019, com
PARIS 67 059 890 o objetivo de regulamentar os processos. Esta declaração
fornece seis orientações gerais: conduzir este tipo de políticas
regularmente, ser transparente sobre o programa e o montante
do orçamento, estar aberto a todos os cidadãos, respeitar o voto,
LÍNGUA MOE DA visar a construção de confiança e capacitar a população.
FRANCÊS EURO (EUR)
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
LOCALIZAÇÃO
Com o objetivo de melhorar o efeito do OP nas políticas
locais, algumas cidades avançaram para iniciativas dedicadas
às alterações climáticas. Por exemplo, Bordéus (255 000
habitantes) lançou o seu primeiro processo em 2019 e decidiu
que os projetos tinham de coincidir com os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável, em especial os dedicados ao
ambiente. Este caso foi premiado na reunião do Observatório
Internacional de Democracia Participativa (OIPD) que
decorreu no México. No entanto, Bordéus não é a única cidade
a escolher este caminho. Em 2019, 16 municípios lideraram OP
com enfoque no ambiente, ecologicamente responsáveis ou
amigos das bicicletas. Esses são bastante diferentes entre si,
ÍNDIC ES
tanto populações que variam dos cerca de 10.000 habitantes,
como Jarny ou Marck-en-Calaisis, a mais de 100.000, como
Metz. A temática do ambiente é muito recorrente nos OP
franceses. No estudo que eu liderei em parceria com a
Fundação Jean-Jaurès, descobri que 40% dos projetos votados
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
em 2019 eram amigos do ambiente. Em 2020, Seine-Saint-
2019 HUMANO 2019
Denis deveria ter sido o primeiro governo regional a ter um
20 26 OP dedicado às alterações climáticas. Infelizmente, teve de
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO
ser cancelado por causa da pandemia.

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

23/180 23/153
MÉDIO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

60 36
ALTO MÉDIO 195 161
PARIS

REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS aberto para propostas e votação. Este grupo encontra-se a tentar
_ criar uma rede francesa de OP com algumas cidades recém-
Inicialmente, o OP de Porto Alegre foi uma referência, chegadas como Angers ou Clermont-Ferrand.
especialmente em Saint-Denis. O antigo Presidente da
Câmara, Patrick Braouezec, explicou numa entrevista que
conheceu Olívio Dutra, em Istambul, durante a II conferência PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
da ONU-HABITAT e decidiu planear um processo de OP para a _
cidade. Contudo, a experiência de Saint-Denis parece ter sido 2020 é também um ano eleitoral. As eleições municipais

EUROPA
mais consultiva do que deliberativa. realizaram-se inicialmente a 15 e 22 de março, sendo que, por causa
Muitas cidades continuam a utilizar o caso de Porto Alegre da pandemia, a segunda ronda aconteceu a 28 de junho. Devido a
como uma referência na sua comunicação para explicar o que este facto, muitos OP foram descontinuados. Em cidades onde o
é o OP, mas na maioria das situações não existe vontade de processo foi lançado, algumas optaram por adaptá-lo, como foi o
justiça social, com uma grande exceção: Paris. A capital decidiu caso de Grenoble (160.000 habitantes), que realizou o seu fórum
redirecionar 30% dos seus 100 milhões de euros do OP para as anual através de dispositivos virtuais, para apresentar os projetos
áreas mais desfavorecidas. Por outro lado, alguns processos submetidos aos cidadãos.
apresentam certas semelhanças com o modelo de Porto Alegre,
como, por exemplo, Grenoble, Grande-Synthe ou Lanester, Após a primeira ronda das eleições municipais, 30 mil executivos
os quais praticam uma espécie de Fórum do Orçamento foram eleitos. Contudo, estes tiveram de esperar pelo fim do
Participativo à semelhança da cidade brasileira. confinamento para tomar posse. Muitos deles confirmaram o
compromisso que assumiram durante a campanha para criar o OP.

REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP Em algumas regiões, o OP foi descontinuado, principalmente


_ devido a questões relacionadas com o calendário. Deve ser tido em
Não existe uma referência francesa oficial para iniciativas de conta que as eleições regionais serão realizadas em março de 2021.
OP. Contudo, cidades pioneiras como Paris, Grenoble, Montreuil Neste contexto, as despesas de comunicação têm de ser executadas
e Rennes, elaboraram uma metodologia que se disseminou nos seis meses antes da votação. Durante a pandemia, foi difícil
últimos 5 anos: uma organização anual (ou a cada dois anos), um analisar os projetos propostos pelos cidadãos. Por fim, foi decidido
orçamento transparente, uma participação digital e um processo descontinuar o processo.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

1 1 21 0 13
225
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Jez Hall
INGLATERRA E
PAÍS DE GALES
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe regulamentação que exija a implementação do
orçamento participativo.

CAPITAL POPUL AÇÃO

LONDRES / 59 439 840 35 INOVAÇÕES EM DESTAQUE


CARDIFF _
A maioria da atual atividade participativa é um legado da primeira
onda de orçamentos participativos na Inglaterra e País de Gales,
LÍNGUA MOE DA que teve lugar entre 2008 e 2012. Essa resultou num aumento da
INGLÊS LIBRA utilização da “concessão participativa de subsídios”, isto é, pequenos
ESTERLINA (GBP) fundos para projetos comunitários desenvolvidos por organizações
da sociedade civil, maioritariamente de âmbito local.
LOCALIZAÇÃO Desde 2012, não se verifica qualquer tipo de promoção do OP por
parte do governo nacional do Reino Unido, no entanto, alguns
municípios e atores não governamentais continuam a utilizá-lo
como abordagem para a regeneração, consulta e envolvimento
dos cidadãos. Como tal, a prática inovadora na Inglaterra e País de
Gales não está tão desenvolvida quando comparada com a Escócia
e Irlanda do Norte, as quais, sendo nações descentralizadas, têm
disposições de governação diferentes e um maior interesse na
promoção da democracia participativa, embora o contexto, os
fatores e as barreiras sejam diferentes em cada administração.
Contudo, tem havido um contínuo interesse no potencial do OP,
especialmente ao nível do empreendedorismo comunitário (como
ÍNDIC ES uma ferramenta para permitir a ação liderada pelos cidadãos),
para estimular o envolvimento jovem, e da atividade relacionada
com as alterações climáticas.

REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS


DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 _

14 15 A experiência do Brasil entre 1985 e 2000 foi a inspiração inicial


DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO para o OP no Reino Unido, que remonta há 20 anos atrás. Desde as
primeiras atividades de advocacia, lideradas pelas organizações
da sociedade civil entre 2000 e 2005, foi articulado um modelo

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

12/180 13/153
BAIXO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

45 28
ALTO MÉDIO 15 36 7
relevante para o Reino Unido e iniciaram-se as primeiras deslocou-se para a rede não financiada do Reino Unido PB
experiências. Entre 2005 e 2008 houve um aumento, embora Network (essencialmente um portal/website de partilha de
pequeno, do número de processos locais, diminutos em termos informação) e também para o apoio consultivo liderado pelo PB
do volume orçamental e focados na concessão de subsídios. Partners. Ambos se encontravam ao abrigo da empresa sem fins
lucrativos de interesse comunitário “Shared Future CIC”, com
Em 2008, tinham sido feitos significativos progressos grande experiência em temas como empreendedorismo social,
políticos e o governo nacional, sob o comando de Tony Blair desenvolvimento comunitário e democracia deliberativa.
e a liderança no deputado Hazel Blears do Departamento das
Comunidades e Governo Local, anunciou uma estratégia local Em 2014, grande parte do trabalho do PB Partners focou-se
para o orçamento participativo. Mais uma vez utilizando em apoiar a onda de interesse no OP que surgiu na Escócia, o
principalmente um modelo de pequenas subvenções, mas que conduziu a um progresso e inovação muito significativos.
com o interesse crescente na “integração” do governo local Assim, criaram-se uma série de novas ferramentas
(comissionamento de serviços e investimentos de capital). simplificadas, providenciou-se formação a funcionários e
eleitos de todas as 32 autoridades locais da Escócia. Desde 2017, a
O trabalho de promoção e capacitação para o OP foi maior estrutura de apoio para o OP na Escócia tem sido liderada
externalizado para a instituição de caridade nacional pela COSLA (Convention of Scottish Local Authorities) e SCDC

EUROPA
Church Action on Poverty, através da unidade do orçamento (Scottish Community Development Centre). Esse interesse
participativo. Isto incluía um website, o desenvolvimento de surgiu também na Irlanda do Norte, a partir de 2018.
um conjunto abrangente de ferramentas para o governo local,
um kit de ferramentas de autoavaliação, o desenvolvimento A Shared Future CIC e PB Partners continuam a promover o OP,
de valores, princípios e padrões nacionais para o OP, bem com um maior enfoque, desde 2019, nos processos com jovens
como trabalho de consultoria, recolha e disseminação de e dedicados às alterações climáticas. A primeira elaborou,
estudos de caso. Houve também uma avaliação nacional em 2019, um novo conjunto de ferramentas/instruções sobre
independente do OP, financiada separadamente. o OP e as alterações climáticas, com ligação a outras formas
de democracia deliberativa, tais como júris e assembleias de
No entanto, com o primeiro colapso financeiro de 2009/2010 e cidadãos. É igualmente parceira no projeto “pan-Europeu
depois um novo governo nacional do partido conservador, em Erasmus+”, que tem como objetivo “acelerar o OP Jovem”.
2010, a ênfase a nível nacional mudou em direção a novas políticas,
tais como “austeridade”, “localismo” e “grande sociedade”, que O OP continua a estar na agenda política dos partidos mais
enfatizavam o voluntariado e a retração do estado público. pequenos na Inglaterra e País de Gales, particularmente no
Estas mudanças traduziram-se na retirada do potencial radical Partido Verde, tendo sido feitos apelos no seio do Partido
conquistado pelo trabalho em torno do OP e na limitação do Trabalhista para este ser adotado, embora com sucesso limitado.
financiamento disponível para o governo local. Contudo, alguns
continuaram a utilizar a metodologia (tais como Durham, Luton, CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >
alguns bairros de Londres e no Sudoeste - Devon e Cornwall).
Após o encerramento da “PB Unit” em 2012 (quando o seu 35
Inglaterra - 56.286,96 e País de Gales - 3.152,88
financiamento terminou), o trabalho de promoção do OP 36
Dados estimados. Não estão disponíveis dados exatos.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 8
227
INGLATERRA E
PAÍS DE GALES
COMUNIDADE
COMMUNIT Y
Não menos importante, no início de 2019, Londres foi desafiada
a desenvolver uma iniciativa de OP inspirada na experiência
da cidade de Paris. O governo local da cidade de Bristol
também concordou, no início de 2020, em utilizar o orçamento
participativo como parte da sua resposta à emergência climática,
CAPITAL POPUL AÇÃO
embora pouco tenha ainda acontecido devido à pandemia. No País
LONDRES / 59 439 840 35 de Gales, foi criado um importante relatório político, em 2017, na
CARDIFF sequência de um interesse continuo por parte do governo, mas
ainda não surgiu qualquer intervenção.

LÍNGUA MOE DA A empresa “Shared Future CIC” apoia algumas atividades de


INGLÊS LIBRA base sob a forma de OP liderado pela comunidade. Um número
ESTERLINA (GBP) de fundações de caridade e financiadores manifestaram
interesse no “modelo de concessão participativa de subsídios”,
LOCALIZAÇÃO
embora não o tenham chamado necessariamente de OP. Além
disso, algumas autarquias gerem projetos que eles próprios
definem como OP, embora a qualidade dessas iniciativas seja
variável e o financiamento seja geralmente muito reduzido.

De um modo geral, não tem havido um quadro político ou


financiamento consistente para o OP na Inglaterra ou País
de Gales, apesar de terem decorrido uma série de atividades
de sensibilização em ambos os países ao longo dos últimos
anos. Sem dúvida que a crise política no Reino Unido, que
emergiu durante o longo referendo do Brexit e as negociações
subsequentes, têm sido um fator significativo para esta falta
ÍNDIC ES de agenda em torno do OP. Embora a pandemia possa ser
considerada uma oportunidade de “reconstruir melhor” através
do OP, ainda não desencadeou qualquer atividade relevante.

No entanto, outras agências, incluindo a Mutual Gain Ltd,


DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO intimamente ligadas à UK PB Network, têm também promovido
2019 HUMANO 2019 este processo participativo como uma ferramenta de coprodução,
14 15 especialmente com agências de saúde e forças policiais, através
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO
de uma série de projetos bem-sucedidos tanto em Inglaterra como
no País de Gales durante os últimos 2-3 anos. Um dos pontos altos
do seu trabalho foi a concessão de subsídios em larga escala, após

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

12/180 13/153
BAIXO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

45 28
ALTO MÉDIO 15 36 7
o mediático incêndio na Torre Grenfell, usando a metodologia PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
do OP para distribuir fundos significativos às organizações de _
base comunitária que trabalham para restaurar as comunidades Como indicado, o OP não é de momento fortemente promovido
afetadas. NESTA (Fundo Nacional para a Ciência, a Tecnologia e no território. Devido à falta de uma estratégia nacional
as Artes) é outra agência que continua a fazer referência ao OP. coerente ou de financiamento da atividade da sociedade civil
A Shared Future CIC continua a desempenhar um papel ativo para medir, avaliar e informar sobre a atividade dos processos,
junto de redes internacionais, das quais se destaca a que foi criada não é possível avaliar se algum destes continuou durante a
através do projeto “People Powered”. pandemia. No entanto, é provável que a maior parte se não
toda a atividade tenha sido suspensa, até porque a utilização
de ferramentas digitais em todas ou algumas fases do OP se
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP encontre muito aquém de outros países europeus.
_
Como indicado na secção anterior, o desenvolvimento do
OP na Inglaterra e País de Gales (sob o Departamento das INFORMAÇÃO ADICIONAL
Comunidades e Governo Local) tem sido um encorajador e _
um facilitador do desenvolvimento do OP na Escócia e na Embora não seja regularmente atualizado, neste momento

EUROPA
Irlanda do Norte. Contudo, a estreita associação do OP antes o website do UK PB Network está em funcionamento e
de 2010, quer como “pote de subvenções comunitárias”, quer contém uma série de recursos e ferramentas úteis totalmente
como estratégia do Governo de Tony Blair, significou, pelo gratuitos - www.pbnetwork.org.uk
menos em Inglaterra e País de Gales, que tem sido difícil Para saber mais sobre o crescimento do OP na Escócia - www.
reconstruir a mesma dinâmica. Também grande parte do pbscotland.scot
discurso político sobre o envolvimento dos cidadãos tem-se O trabalho emergente na Irlanda do Norte é descrito em www.
centrado em novas ferramentas de democracia deliberativa, participatorybudgetingworks.org
especialmente nos júris e assembleias de cidadãos. O desafio O projeto acelerador do OP Jovem mencionado no texto
para os praticantes e decisores políticos no Reino Unido encontra-se em https://youthpb.eu/
é encontrar formas de ligar e ampliar essas diferentes O relatório galês de 2017 mencionado no texto está disponível
abordagens democráticas de modo a que possa ser aceite em http://ppiw.org.uk/ppiw-report-publication-participatory-
pelos mais desfavorecidos e por governos avessos ao risco. budgeting/
Informação sobre PB Global Hub (gerido pela People Powered)
pode ser encontrado em https://www.peoplepoweredhub.org/
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP global-pb-hub
_
1. OP que foram suspensos: 90%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 10%
35
Inglaterra - 56.286,96 e País de Gales - 3.152,88
36
Dados estimados. Não estão disponíveis dados exatos.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 8
229
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Laura Shannon
IRLANDA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe legislação específica sobre os orçamentos
participativos no país. 1
CAPITAL C ITIES
CAPITAL POPUL AÇÃO

DUBLIN 4 941 440 INOVAÇÕES EM DESTAQUE


_
‘€300k Have Your Say’ é uma iniciativa de orçamento
participativo, que tem sido realizada anualmente pelo governo
LÍNGUA MOE DA local do condado de Dublin do Sul (SDCC - em inglês), desde 201737.
Trata-se do primeiro caso deste género na Irlanda. Esta autarquia
IRL ANDÊS / INGLÊS EURO (EUR)
é uma das quatro autoridades locais na região de Dublin, com uma
população de 278.749.
LOCALIZAÇÃO Em cada ano, uma das 7 áreas eleitorais do condado recebe
300,000€ de financiamento para projetos propostos pelos
residentes para beneficiar a localidade. Qualquer pessoa pode
submeter ou votar numa proposta através de meios online e
offline. São também realizados workshops para que os moradores
possam discutir ideias e desenvolver propostas, que são depois
avaliadas e pré-selecionadas por um grupo gestor composto por
membros eleitos de acordo com critérios acordados. Os residentes
podem então votar nas propostas pré-selecionadas, tanto online
como nos escritórios do SDCC e bibliotecas. Os investimentos
que recebem mais votos, até um montante total de 300,000€, são
então implementados pela autarquia.

ÍNDIC ES
Em 2019, foram realizados 3 workshops com 187 ideias
submetidas. A partir de uma lista restrita de 19 propostas, foram
registados 5.155 votos e definidos 5 projetos vencedores:

1. Jardim de saúde e bem-estar no centro comunitário de


DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 Firhouse (1.519 votos);
2. Espaços de atividade ao ar livre intergeracionais em
6 3
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO Glenasmole (1.472 votos);
3. Percurso natural ao longo do rio Dodder (926 votos);
4. Instalações para parques infantis no Parque Ballycragh
(782 votos);

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

18/180 16/153
BAIXO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

12 69
MUITO ALTO BAIXO 1 1
5. Percurso de árvores nativas no Parque Woodlawn (767 votos). workshops virtuais podem ser realizados juntamente com
programas de divulgação para grupos mais difíceis de alcançar.
A iniciativa ‘€300k Have Your Say’ tem-se revelado muito A pandemia Covid-19 tem tido um enorme impacto na Irlanda.
popular e viabilizado a implementação com sucesso de Em meados de julho de 2020, registaram-se mais de 25.000
inúmeros projetos em benefício das comunidades locais. casos confirmados e 1.700 mortes. Embora o vírus esteja
agora relativamente contido, o impacto sobre a economia e
a sociedade terá efeitos muito mais duradouros. As finanças
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS locais, que já estavam sob pressão, têm sido negativamente
_ afetadas por esta crise. Por exemplo, muitas empresas foram
A iniciativa do SDCC foi proposta por um vereador incapazes de pagar taxas comerciais, o que representa cerca de
independente, que referiu as origens do OP no Brasil e a sua um terço das receitas das autarquias. Contudo, o novo governo
expansão para muitos outros países. irlandês, em junho de 2020, comprometeu-se a “incentivar as
autoridades locais a apresentar projetos-piloto de orçamento
participativo” (Programa para o governo, p. 119).
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP
_

EUROPA
Até à data não, contudo, outras autoridades locais e o governo
INFORMAÇÃO ADICIONAL
central expressaram interesse na iniciativa de Dublin do Sul. _
O orçamento participativo na Irlanda está ainda no início.
Houve apenas uma iniciativa sólida que, embora tenha sido
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
bem-sucedida, tem as suas próprias limitações.
_
Um estudo de viabilidade que examina os meios para envolver
1. OP que foram suspensos: 0%
os cidadãos no processo de definição orçamental das autarquias
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
recomendou a experimentação do OP nas autoridades locais,
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 100%
com o apoio do Governo Nacional38. Este trabalho estava
inserido no Plano de Ação Nacional desenvolvido pela parceria
para o Governo Aberto 2016-2018 da Irlanda. Como mencionado
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
_ anteriormente, em junho de 2020, o novo governo irlandês
O Governo Local do Condado de Dublin do Sul adiou a edição comprometeu-se a incentivar as autoridades locais a desenvolver
de 2020 da iniciativa ‘300k Have Your Say’ da primavera para o processos de OP nas suas áreas.
outono devido à pandemia. Estamos otimistas que irá prosseguir
em 2020, com uma metodologia ajustada. Em ciclos anteriores,
as ferramentas online para submissão de propostas e votação 37
https://haveyoursay.southdublin.ie/
já eram muito populares, pelo que é provável que este método 38
Shannon, L., O’Riordan, J. and Boyle, R. (2019) Furthering
venha a ser aplicado. A equipa do SDCC irá rever o processo para citizen engagement in local authority budgetary processes through
assegurar que todos os que desejam participar o possam fazer participatory budgeting in Ireland - Feasibility Study. Dublin: Instituto da
quer seja online ou através de métodos presenciais. Por exemplo, Administração Pública. Disponível em https://www.ipa.ie/_fileUpload/
Documents/CitizensEngagement_LocalGov_2019.pdf

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 1 0 0 0
231
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Louise O’Kane
IRLANDA DO NORTE

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe legislação específica sobre o OP no país.

CAPITAL POPUL AÇÃO INOVAÇÕES EM DESTAQUE


BELFAST 1 893 670 _
Os orçamentos participativos foram entregues e liderados
por um forte trabalho cooperação, através de parcerias
de planeamento comunitário, de segurança, da polícia, de
LÍNGUA MOE DA associações de moradores e de redes comunitárias. Esta
particularidade permitiu reunir recursos (dinheiro, apoios,
INGLÊS LIBRA
meios de comunicação, conhecimento local, força de trabalho
ESTERLINA (GBP)
das pessoas), e partilhar os riscos de um processo que é
LOCALIZAÇÃO relativamente novo na região. Até à data, o modelo utilizado tem
sido baseado numa abordagem de pequenas subvenções para o
OP. Existe a ambição de expandir o processo e de conectá-lo com
as políticas estratégicas e os recursos.

A Rede “PB Works” (parceiros intersectoriais), gerida pela empresa


social sem fins lucrativos Community Places, tem trabalhado para
criar um ambiente propício para a disseminação do OP, através da
sensibilização e da partilha de aprendizagens a partir de práticas
existentes. Tem-se apostado no desenvolvimento de processos de
qualidade, desenhados para empoderar os cidadãos e adaptados
ao contexto local. Duas destas iniciativas são orçamentos
participativos jovens, em que as pessoas mais novas são envolvidas
ÍNDIC ES
no desenho, no planeamento, na promoção e na implementação.

REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS


_
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO O conceito de OP foi promovido pela primeira vez na região
2019 HUMANO 2019
através do trabalho da Building Change Trust - fundação
14 15 comunitária para a Irlanda do Norte - e do perito Jez Hall da
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO
PB Partners. Por ter ouvido falar do OP, a Associação Triangle
Housing percebeu que os seus valores e princípios se enquadram
nessa metodologia, pelo que decidiu desenvolver um OP de

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

12/180 13/153
BAIXO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

45 28
ALTO MÉDIO 8 5
pequena escala, com os seus inquilinos. A Fundação Building projetos. Os outros processos sofreram atrasos, sendo expectável
Change Trust financiou o projeto PB Works em 2017, gerido que optem por abordagens mais digitais, ou mistas, para colmatar
pela Community Places, com o objetivo de sensibilizar, criar questões de acesso, particularmente nas zonas rurais das áreas
um ambiente favorável e apoiar a concessão de fundos para a envolvidas. O OP Tak 500 passou a ser realizado de forma online
implementação de iniciativas de OP. A PB Partners tem sido com um resultado positivo, uma vez que em vez de funcionar a um
uma importante aliada e mentora para a PB Works. Desde nível geográfico reduzido da área eleitoral distrital está agora a ser
2017, seguimos de perto os colegas do OP da Escócia e do implementado em todo o concelho distrital.
governo escocês, uma vez que as autoridades locais têm como
compromisso distribuir 1% do seu orçamento através do OP, ao Muitos dos temas abordados nos OP podem ser revistos para
mesmo tempo que exploram o empoderamento comunitário e refletir o impacto da Covid-19 e promover a recuperação e
o uso de ferramentas digitais. renovação.

A experiência do OP intitulada Armoy Open Pot resulta de


REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP relações renovadas, confiança e sentido de pertença que
_ emergiram durante o processo, o que tornou a comunidade
Os primeiros OP apoiados pelo PB Works foram utilizados para mais resiliente e melhor equipada para responder à crise

EUROPA
partilhar aprendizagens, promover boas práticas e disseminar pandémica. Disso é exemplo o crescente número de pessoas
o conceito em toda a região. Como resultado, foram que fazem voluntariado.
desenvolvidos exemplos de OP dentro das áreas temáticas
de planeamento comunitário, habitação, policiamento, Tem havido uma discussão saudável e positiva sobre o papel que o
juventude, saúde e bem-estar. Inspirados no projeto Youth OP pode desempenhar na resposta à pandemia. Particularmente,
Leading the Change, nos distritos de Newry, Mourne e como este pode ser utilizado para construir e manter relações
Down, nasceram dois processos de OP dedicados aos jovens, revigoradas entre a comunidade, o setor do voluntariado, os
intitulados de Garvagh Forest Big Dish Out e o Youth Making a governos local e central; reforçar as conexões comunitárias e
Difference no distrito de Derry e Strabane. construir confiança (particularmente revelante numa sociedade
pós-conflito); reequilibrar as dinâmicas de poder; empoderar
genuinamente as populações locais e contribuir para um futuro
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
mais equitativo.
_
1. OP que foram suspensos: 0%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 20%
INFORMAÇÃO ADICIONAL
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 80% _
Um relatório de um workshop recente (julho, 2020) intitulado:
‘O papel dos OP na recuperação e renovação pós-Covid’ pode
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
ser encontrado aqui: http://www.participatorybudgetingworks.
_
org/uploads/files/lists/pbs-role-in-post-covid-recovery-and-
Dois OP continuaram praticamente inalterados pela Covid-19
renewal-25-june-2020-20200706120034.pdf
uma vez que ambos se encontravam na fase de entrega dos

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 3
233
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Sigurlaug Anna Jóhannsdóttir
ISLÂNDIA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe legislação a ser desenvolvida.
1
CAPITAL C ITIES
CAPITAL POPUL AÇÃO INOVAÇÕES EM DESTAQUE
REYKJAVIK 360 560 _
A ideia do projeto é a participação e cooperação entre a política, a
administração e os residentes locais. O orçamento participativo
cria um diálogo entre o governo local e a população. A cooperação
LÍNGUA MOE DA aumenta, por um lado, a responsabilidade dos moradores e a
apropriação do seu ambiente local e, por outro, a compreensão dos
ISL ANDÊS COROA
eleitos sobre o estatuto dentro dos bairros/distritos das suas vilas
ISL ANDESA (ISK)
e/ou cidades. Os autores das ideias e a restante comunidade são
LOCALIZAÇÃO convidados a participar no processo de conceção e implementação
das propostas que forem escolhidas para serem implementadas. É
dada uma grande ênfase à comunicação e informação em todas as
fases do projeto.

REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS


_
Não houve nenhum país ou instituição a servir de referência
inicial para a adoção do OP na Islândia. O primeiro programa
de OP, em Reykjavik, foi uma inovação que emergiu de políticas
da capital e da sociedade local.

ÍNDIC ES

REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP


_
O modelo de OP de Reykjavik serviu como uma referência e
inspiração para a implementação deste processo em outras
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO cidades e municípios no país.
2019 HUMANO 2019

2 6
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
_
1. OP que foram suspensos: 0%

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

11/180 4/153
BAIXO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

1 133
MUITO ALTO MUITO BAIXO 4 4
REYKJAVIK

EUROPA
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 75% INFORMAÇÃO ADICIONAL
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 25% _
Existem 4 OP ativos, embora, em alguns deles a votação aconteça
a cada dois anos. Nestas situações, o orçamento é estendido pelo
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA período de tempo decorrido até ao próximo processo.
_
Os impactos da Covid-19 na execução do orçamento Duas das iniciativas que, de acordo com informações
participativo foram mínimos. Isto deve-se, em parte, ao facto reportadas, estariam ativas em 2018/2019 foram descontinuadas
das fases de submissão de propostas e votação decorrerem devido a problemas orçamentais, não relacionados com a
online. As principais mudanças no OP consubstanciam-se no Covid-19, ou estiveram inativos em 2020.
atraso da sua implementação.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 1 0 0 0
235
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Stefano Stortone
ITÁLIA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe legislação específica sobre o orçamento participativo na
Itália, mas sim algumas leis regionais mais amplas, que promovem
processos de envolvimento da comunidade a nível local, como
CAPITAL POPUL AÇÃO acontece em escolas e organizações da sociedade civil. A primeira
ROMA 60 297 400 lei foi lançada e implementada na Toscana (2007), seguida pelas
regiões de Emília-Romanha e Umbria (2010), Puglia (2017) e mais
recentemente Marche (2019). Todas elas partilham uma abordagem
similar que consiste em financiar e apoiar todos os anos o arranque de
LÍNGUA MOE DA um determinado número de iniciativas de democracia participativa.
ITALIANO EURO (EUR) Essas seguem a mesma orientação política, ou seja, de esquerda.
A região da Sicília optou por introduzir uma alteração ao quadro
regional sobre finanças locais (2014 e posteriormente), declarando
LOCALIZAÇÃO que todos os anos pelo menos 4% dos fundos regionais dedicados
aos municípios devem ser utilizados para implementar projetos
propostos pelos cidadãos, através de metodologias de democracia
participativa. Em 2018, esta regra foi limitada aos governos locais
que são beneficiários de fundos maiores39, limitando, assim, o
número de iniciativas de OP.
Infelizmente, não é fornecido apoio financeiro ou técnico aos
municípios que, por conseguinte, organizam habitualmente
processos de consulta muito simples ou por vezes utópicos, que são
indevidamente designados por OP.

INOVAÇÕES EM DESTAQUE
ÍNDIC ES _
Em 2019, pela primeira vez um processo de OP foi implementado
numa prisão. Esta dá pelo nome de “Ideias em Fuga” (Idee in fuga) e
foi completamente organizado sob uma base voluntária, incluindo o
orçamento e os custos de implementação, que estavam dependentes
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO de doações privadas, patrocínios e financiamento coletivo
2019 HUMANO 2019
(crowdfunding). O processo assemelhava-se a um OP desenvolvido
35 29 no âmbito de uma cidade, onde as divisões administrativas eram
DEMOCR ACI A IMPERFEITA MUITO ALTO
consideradas como bairros. A peculiaridade deste projeto foi a
total ausência da internet na promoção da iniciativa em torno dos
prisioneiros e a implementação de algumas ações participativas,

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

51/180 30/153
MÉDIO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

39 63
ALTO BAIXO 116 111
ROMA

tais como a votação. O objetivo não era apenas introduzir “apoios” (uma espécie de sessão de pré-votação) na primeira
mecanismos democráticos e participativos dentro de uma fase para filtrar e selecionar as propostas a serem avaliadas,
prisão, como uma forma de reabilitação, mas também criar uma transformadas em projetos e depois levadas a votação.
ponte entre a comunidade interna (prisioneiros) e a externa
(sociedade civil, cidadãos e organizações) e, assim, aumentar as
oportunidades dos prisioneiros arranjarem empregos, criarem PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
novas relações sociais e combaterem o estigma. O projeto foi _

suspenso devido à emergência da Covid-19 e às restrições dentro Até agora não foi realizada qualquer investigação para
das instituições penais, tendo sido retomado após 7 meses para monitorizar o estado da evolução dos OP em curso. Contudo,

EUROPA
a votação dos projetos finais. durante grande parte do período critico, a maioria dos municípios
suspendeu ou abrandou os processos a fim de concentrar
a energia no combate à Covid-19 e às emergências que dela
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS emanaram. Desta forma, alguns OP foram recentemente
_ retomados e outros implementados pela primeira vez.
As primeiras experiências de OP tiveram como referência
o modelo de Porto Alegre. Nos últimos anos, investigadores
e profissionais dedicados ao estudo de metodologias de INFORMAÇÃO ADICIONAL
democracia deliberativa influenciaram vários processos de _

OP, incorporando conceitos como os mini-públicos, reuniões O projeto RIPARTIRE, de âmbito nacional, foi iniciado em 2020
presenciais facilitadas e amostras aleatórias de cidadãos. e irá envolver 5 escolas secundárias de todo o país. Estas serão
treinadas e formadas para desenvolver um processo de OP escolar,
estando prevista a criação de kits e ferramentas de aprendizagem,
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP para promover a disseminação do OP noutras escolas e cidades
_ italianas, focando-se na participação da população jovem.
Apesar de não ser possível assumir uma relação direta, existe
uma forte similaridade entre os OP que surgiram na região
da Lombardia na última década (a primeira experiência foi
39
Lei regional de 8 maio de 2018, n. 8 - disposições programáticas
e corretivas para o ano de 2018. Lei de estabilidade regional e, em
realizada na pequena cidade de Canegrate e depois replicada
particular, o artigo 14, parágrafo 6, no qual o artigo 6 da Lei regional n.
na cidade de Milão) e os desenvolvidos, nos últimos anos, 5/2014 e subsequentes modificações e aditamentos foi alterado. Para
nos municípios espanhóis, com recurso à plataforma de mais informações, consultar https://milocca.wordpress.com/2019/02/07/
software Consul, criada em Madrid. Estes introduziram os il-regolamento-bilancio-partecipativo-contrasta-con-legge-regionale/

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

1 3 0 0 5
237
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Dumitru Budianschi
MOLDÁVIA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe uma lei dedicada ou reguladora do orçamento
participativo. No entanto, o quadro legal permite às autoridades
locais desenvolvê-lo e implementá-lo. Contudo, a existência de
CAPITAL POPUL AÇÃO disposições legais relativas ao OP facilitaria a sua emergência no
CHISINAU 2 657 640 país. Convém mencionar que o Ministério das Finanças geralmente
apoia o desenvolvimento de tais práticas, mas de momento,
tanto este como outros ministérios ou entidades públicas não
desenvolveram quaisquer políticas sobre o assunto.
LÍNGUA MOE DA

ROMENO LEU (MDL) Os principais promotores do OP na República da Moldávia


são as autoridades locais, frequentemente apoiadas pelo
setor não governamental e/ou por parceiros estrangeiros.
LOCALIZAÇÃO Ao nível local, a implementação deste tipo de processos é
baseada no regulamento do orçamento participativo aprovado
pela autarquia responsável pela sua adoção. O número de
autoridades locais nas quais a regulamentação do OP foi
aprovada é maior que o número de processos existentes.
Em 2019, alguns municípios pararam o processo por várias
razões. Outros implementaram iniciativas com metodologias
semelhantes ao OP, que, todavia, não preenchem as condições
para serem qualificadas como tal.

INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
ÍNDIC ES
Por enquanto, no âmbito do desenvolvimento do OP na
República da Moldávia, é difícil falar sobre inovações notáveis.
As condições gerais no país, tais como orçamentos públicos
reduzidos, altos níveis de corrupção e uma migração massiva da
população criam dificuldades específicas ao desenvolvimento
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 do OP. Assim, é possível identificar certas características que
ajudariam o OP a fazer o seu caminho. A título de exemplo, a
83 107
REGIME HÍBRIDO ALTO possibilidade de exigência de contribuições dos cidadãos ou de
outros doadores permitiria que as autoridades locais pudessem
ser mais facilmente convencidas sobre a implementação deste
tipo de iniciativas.

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

120/180 70/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

68 123
ALTO MUITO BAIXO 4 4
CHISINAU

REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS foi tomada por comissões compostas por representantes das
_ autoridades locais e da sociedade civil.
Para a maioria das autoridades locais, o OP na República
da Moldávia foi inspirado pela prática polaca. Mas as
experiências da Roménia e da República Checa também INFORMAÇÃO ADICIONAL
tiveram uma forte influência. _
O OP na Moldávia, na grande maioria dos casos (existem

EUROPA
exceções) foi ou é desenvolvido com apoio metodológico e/ou
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP financeiro proveniente de projetos que contam com o apoio de
_ parceiros da União Europeia. Em 2019 e 2020, várias autoridades
De momento, não é possível afirmar a existência de um iniciaram processos de OP, alguns satisfazendo todos os critérios
modelo de OP na República da Moldávia que tenha servido de estipulados na metodologia desta publicação, outros não.
inspiração para as autarquias ou autoridades locais.
Contudo, existe claramente um interesse crescente por parte dos
presidentes de câmara nos OP, especialmente depois das eleições
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
locais de 2019. Todavia, a verba do orçamento atribuído pelos
_
municípios para o OP é pequena, de poucas centenas a algumas
Em termos gerais, reconhece-se que a Covid-19 influenciou
dezenas de milhares de euros (exceto para a cidade capital). Além
negativamente o desenvolvimento do OP. Em 2019, várias
disso, se considerarmos outras condições específicas do país,
autoridades locais iniciaram um processo de OP, mesmo
nem todas as autarquias que implementaram ou implementam o
que algumas não preencham todas as condições requeridas
OP podem dizer que asseguram um alto nível de participação nos
pela metodologia definida no Atlas, com a aprovação
seus processos.
de regulamentações, mas alguns desses não foram
implementados devido a dificuldades financeiras ou questões
Por outro lado, o desenvolvimento do OP nas escolas está a
relacionadas com a imposição de quarentenas. Assim, o
aumentar. Embora não satisfaçam inteiramente os critérios
número de OP em 2020 irá ser provavelmente maior do que
mencionados na metodologia do Atlas, estas experiências
em 2019, mas menor do que seria sem a pandemia. Além disso,
estão a ganhar popularidade entre as administrações escolares
outro impacto está ligado às dificuldades na votação dos
e os estudantes.
projetos. Em alguns casos, esta fase foi cancelada e a decisão

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 0
239
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Sveinung Legard
NORUEGA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe qualquer legislação referente aos orçamentos
participativos.

CAPITAL POPUL AÇÃO

OSLO 5 347 900 INOVAÇÕES EM DESTAQUE


_
A única inovação utilizando o termo orçamento participativo foi
um processo de subvenção no bairro de Tøyen, na cidade de Oslo,
LÍNGUA MOE DA capital da Noruega. Foram atribuídos aproximadamente 23.000
euros (250,000 NOK) para projetos liderados pela comunidade,
NORUEGUÊS COROA
votados por residentes que viviam nas imediações de uma área
E SÁMI NORUEGUESA (NOK)
para a qual estava planeada a construção de um parque/praça.
LOCALIZAÇÃO O propósito desta iniciativa foi o de financiar ações orientadas
para a o planeamento e a definição do uso da/o praça/parque
uma vez construída/o. Este OP reuniu 11 propostas, das quais 5
foram selecionadas como vencedoras. 72 pessoas votaram neste
processo. A administração distrital da cidade utilizou métodos
participativos para desenvolver projetos em conjunto com
iniciativas da comunidade.

REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS


_
A referência inicial chegou do município de Uddevalla, na
Sweden, em 2008.
ÍNDIC ES

IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP


_
1. OP que foram suspensos: 0%
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO 2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
2019 HUMANO 2019
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 100%
1 1
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA


_
Atualmente existem duas iniciativas em Oslo que estão ou irão
PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE
CORRUPÇÃO 2019 2020

7/180 5/153
BAIXO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

20 128
ALTO MUITO BAIXO 1 1
OSLO

EUROPA
realizar o OP digitalmente, utilizando a plataforma www. Porto Alegre no ano de 1989. A maioria destes municípios
citizenlab.co. Isto deve-se, por um lado, à pandemia, e por também não definiria essa prática como OP.
outro, ao facto de esses distritos quererem experimentar
plataformas digitais para participação dos cidadãos. A cada quatro anos, o Ministério do Governo Local realiza
um questionário sobre a estrutura organizacional dos
municípios noruegueses. Em 2014, 15 municípios responderam
INFORMAÇÃO ADICIONAL positivamente à questão sobre terem estabelecido processos de
_ “orçamento participativo […], onde todos ou alguns grupos da
É difícil saber onde desenhar a linha que separa o OP de população podem participar na priorização do uso de recursos
processos considerados semelhantes. Vários municípios dentro de uma ou mais áreas do orçamento”. Em 2016, sete
asseguram fundos que podem ser distribuídos por associações municípios responderam positivamente à mesma questão. Pode
e projetos comunitários, alguns desses discutidos abertamente haver, por outras palavras, mais governos locais que praticam
com a comunidade para que se decida que atividades devem uma determinada metodologia de orçamento participativo
ser financiadas num determinado ano. Alguns investigadores que os investigadores ou o público não conheçam. Resta-
definem estas iniciativas como OP. Outros, incluindo eu, nos aguardar o resultado do questionário de 2020, o qual irá
discordam porque isto implicaria que a maioria dos municípios fornecer uma melhor indicação acerca deste assunto.
já implementavam o OP muito antes de este ter surgido em

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 1 0 0 0
241
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Dorota Beadnarska-Olejniczak e Jaroslaw Olejniczak
POLÓNIA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Comparando a situação atual com o ano anterior, podemos
apontar para uma melhoria da transparência dos procedimentos
no orçamento participativo, após a entrada em vigor de novas
CAPITAL POPUL AÇÃO regulamentações em 2019, relacionadas com os orçamentos das
VARSÓVIA 37 970 870 unidades locais autogovernadas. Salienta-se, em primeiro lugar,
a introdução de requisitos para tomar a decisão de introdução do
OP sob a forma de uma resolução das assembleias das diferentes
divisões territoriais/administrativas da Polónia (gmina
LÍNGUA MOE DA município, voivodeship - região) e, em segundo, a determinação do
POL ACO ZLOTI POL ACO legislador sobre os elementos necessários da resolução. No caso
(PLN) do Fundo Solecki, é importante que o governo nacional mantenha
o cofinanciamento das despesas incorridas pelos municípios ao
LOCALIZAÇÃO abrigo do mesmo.

Por outro lado, a crise da Covid-19 mostrou, de forma muito


forte, como assinalado no ano anterior, os inconvenientes
da implementação obrigatória de orçamentos participativos
pelas grandes cidades (66) e a falta de flexibilidade das
regulamentações. A perda de parte das receitas pelos governos
locais tornou essencial limitar as despesas para o mínimo
necessário. Contudo, no caso dos projetos de OP selecionados no
ano anterior, não é possível optar pela sua não implementação.
Além disso, as grandes cidades não podem renunciar ou limitar os
seus OP no ano atual, uma vez que os regulamentos especificam o
ÍNDIC ES montante mínimo de despesas para o processo. No caso do Fundo
Solecki, a situação é similar, uma vez que as decisões de renunciar
em 2020 podiam ser tomadas apenas até 31 de março e os projetos
de 2019 devem ser forçosamente concluídos.

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


2019 HUMANO 2019 IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
_
57 32 1. OP que foram suspensos: 30%
DEMOCR ACI A IMPERFEITA MUITO ALTO
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 50%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 20%

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

41/180 43/153
MÉDIO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

29 106
ALTO MUITO BAIXO 2014 1989
VARSÓVIA

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA pelo menos até a situação financeira melhorar, ou para permitir
_ mudanças no montante e no destino das despesas do OP.
Na avaliação do impacto da Covid-19 nos processos de OP
na Polónia, deve-se salientar que a legislação e o horizonte
temporal influenciam, significativamente, as decisões das INFORMAÇÃO ADICIONAL

EUROPA
unidades locais autogovernadas. No caso dos municípios rurais _
e urbano-rurais, as deliberações relativas aos Fundos Solecki No caso da Polónia, os principais problemas continuam a ser
foram frequentemente tomadas muito tarde (depois da data- a recolha de dados:
limite legal) ou antes da crise, e o “escudo anti-covid” do governo
central não previa qualquer extensão/suspensão do prazo ou 1. A falta de uma base de dados sobre todos os orçamentos
a possibilidade de alterar decisões anteriores. No caso do OP participativos;
de outros municípios, concelhos e regiões (exceto para grandes 2. Inconsistência da nomenclatura (por exemplo, “OP 2020” é
cidades) não existem limitações temporais. As resoluções sobre o ano de votação para alguns processos e de implementação
o OP num determinado ano são, frequentemente, tomadas para outros;
em junho (votação no outono, execução no ano seguinte). Isto 3. Não existe qualquer base de dados relativa às resoluções
normalmente resulta na decisão de alterar as datas de votação no caso do Fundo Solecki, uma vez que todos os anos
e, menos frequentemente, por enquanto, de cancelar o processo os municípios abrangidos necessitam de aprovar esse
(votado em 2019 ou 2020). documento relativamente à separação ou recusa de
separação desses fundos (a publicação de resoluções é
As unidades locais autogovernadas continuam a realizada geralmente nos websites dos municípios).
fazer estimativas relativamente às receitas perdidas
(maioritariamente devido às baixas quotas de IRS e IRC - Os dados foram recolhidos utilizando bases de dados de
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares e Coletivas) leis jurídicas, websites de governos locais e publicações do
e, por isso, não tomaram uma decisão final sobre o OP em 2020. Ministério das Finanças. Apesar dos nossos esforços, são
Ao mesmo tempo, associações de municípios apelam ao governo apenas estimativas e podem diferir ligeiramente da situação
central para suspender as regulamentações legais sobre o OP, atual a partir de 10/06/2020.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

1 1 5 0 20
243
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Nelson Dias, Rafaela Cardita e Simone Júlio
PORTUGAL

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Portugal possui uma legislação nacional que torna obrigatória
a implementação do orçamento participativo por parte das
escolas públicas com alunos do 3o ciclo do ensino básico e/
CAPITAL POPUL AÇÃO ou do ensino secundário. Trata-se do Despacho no. 436-
LISBOA 10 269 420 A/2017, emitido pelo Ministério da Educação. Este institui o
termo Orçamento Participativo das Escolas (OPE) e define
que o processo é organizado anualmente, em cada um dos
estabelecimentos de ensino abrangidos pela medida. Isto
LÍNGUA MOE DA representa, em termos práticos, a existência de uma iniciativa
PORTUGUÊS EURO (EUR) governamental que está na origem de centenas de orçamentos
participativos em todo o país.

LOCALIZAÇÃO O OPE é financiado pelo Orçamento do Estado, devendo a


dotação de cada escola ser atribuída em função do número de
estudantes dos níveis de ensino abrangidos pelo Despacho. Cada
estabelecimento pode optar por atribuir um financiamento
suplementar ao seu processo, a partir de receitas próprias.

Merecem também destaque as iniciativas legislativas de


muitos governos locais que criaram regulamentos específicos
para suportar o desenvolvimento dos respetivos orçamentos
participativos. Estes constituem-se como leis locais, aprovadas
e fiscalizadas pelos órgãos competentes, nomeadamente as
assembleias municipais e as assembleias de freguesia.
ÍNDIC ES
Adicionalmente, o Orçamento Participativo Jovem
Portugal, conduzido pelo Instituto Português do Desporto e
Juventude, I.P., é respaldado por uma Resolução do Conselho
de Ministros, que estipula as regras de funcionamento
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO da iniciativa. Não se trata de uma lei que determina a
2019 HUMANO 2019 implementação anual do processo por parte de qualquer
22 40 Governo da República, mas antes a formalização de uma
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO decisão do órgão em funções, que o vincula apenas a si
próprio e por um período limitado de tempo, que corresponde,
por norma, a uma edição anual deste OP.

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

30/180 59/153
MÉDIO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

3 138
MUITO ALTO SEM IMPACTO 1666 122
INOVAÇÕES EM DESTAQUE - Da multinacional PHC Software, empresa de origem
_ portuguesa dedicada ao desenvolvimento de software de
A diversidade de iniciativas de orçamento participativo gestão. Esta implementou o orçamento participativo nos
em Portugal permite a identificação regular de pequenas escritórios localizados em Lisboa, Porto, Madrid, Lima e
inovações introduzidas nos processos, em particular os que Maputo, atribuindo um valor a cada um para ser decidido pelos
são promovidos pelos órgãos de governação local. Não sendo funcionários e investido em projetos que visem melhorar as
possível detalhar todos esses elementos numa publicação condições de trabalho e aumentar a felicidade interna.
como o Atlas, opta-se por destacar as experiências conduzidas
por outros tipos de entidades, como são os casos:
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS
- Da Universidade Nova School of Business and Economics, _
iniciado em 2019, em parceria com o Município de Cascais, A primeira grande referência foi o orçamento participativo de
com uma dotação global de 20 mil euros, assumidos em Porto Alegre, no Brasil. O processo foi introduzido em Portugal,
partes iguais pelas duas entidades; em 2001/2002, pelo Município de Palmela, embora numa variante
- Do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, iniciado em muito distinta da original, baseada numa abordagem meramente
2019, com uma dotação de 10 mil euros; consultiva, que acabou por influenciar outras autarquias,

EUROPA
- Da Ordem dos Enfermeiros, em particular de algumas tornando-se num modelo dominante até 2012, ano em que as
das suas secções regionais, que há vários anos organizam iniciativas de caráter deliberativo passaram a ser maioritárias.
processos de orçamento participativo, sendo estes
destinados a suportar projetos que os profissionais desta
área consideram importantes concretizar no âmbito do REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP
trabalho que desenvolvem com as comunidades onde _
atuam. As dotações variam entre os 5 e os 10 mil euros; Destacam-se essencialmente três referências. A mais antiga é a
- Da Ordem dos Psicólogos, em concretos das suas secções de Lisboa, a capital do país, por ter despoletado um dos primeiros
regionais, com o propósito de permitir que os membros orçamentos participativos de carácter deliberativo42, com
colaborem na decisão sobre os planos de atividades e uma afetação de 5 milhões de euros, o que permitiu alcançar
orçamentos anuais da entidade; uma importante visibilidade junto de outros municípios e da
- Da Ordem dos Farmacêuticos, em particular da secção comunicação social.
do sul e das regiões autónomas, visando incentivar os
membros a apresentarem novas ideias e soluções para
a valorização da profissão, a resolução de problemas CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >
sentidos pela classe ou, até mesmo, para responder a
situações sociais através da intervenção do farmacêutico; 40
Orçamentos Participativos promovidos pelos governos das regiões
- Da Ordem dos Contabilistas Certificados, criado com o autónomas dos Açores e da Madeira.
propósito de incentivar a participação dos membros na 41
Orçamento Participativo das Escolas e Orçamento Participativo Jovem
elaboração do plano de atividades e orçamento anual Portugal.
da entidade; 42
Foi, aliás, o segundo, depois de Sesimbra.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 2 2 40 2 41 1540
245
PORTUGAL

COMUNIDADE
COMMUNIT Y
A segunda, numa escala temporal, é Cascais. O seu modelo de OP
representou um avanço muito significativo na consolidação de um
método de participação essencialmente presencial, que permitiu
fazer escola dentro e fora do país, com inúmeros municípios a
adotarem este exemplo. O crescimento do processo em número
CAPITAL POPUL AÇÃO
de participantes e em orçamento transformaram-no no maior OP
LISBOA 10 269 420 desenvolvido em Portugal e um dos maiores da Europa.

A terceira referência, mais recente e mais focalizada, é a


de Valongo, em particular por se tratar de um orçamento
LÍNGUA MOE DA participativo dedicado à população jovem, que tem igualmente
PORTUGUÊS EURO (EUR) servido de inspiração para outras autarquias.

LOCALIZAÇÃO
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP

_
1. OP que foram suspensos: 96,4%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 1,6%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 1,9%

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA

_
A 11 de março de 2020 a Organização Mundial de Saúde
declarou a pandemia do novo coronavírus. Um dia depois,
o Conselho de Ministros de Portugal aprovou um conjunto
ÍNDIC ES
de medidas extraordinárias e de caráter urgente de resposta
à situação epidemiológica, entre as quais se destacam a
declaração do estado de alerta, o encerramento de inúmeros
serviços públicos na modalidade presencial e a suspensão de
todas as atividades letivas e não letivas presenciais nas escolas
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019
de todos os níveis de ensino a partir do dia 16 de março. Esta
segunda decisão determinou a interrupção dos orçamentos
22 40 participativos escolares, que naquela data se encontravam
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO
em funcionamento e na maior parte dos casos muito
próximos da realização da votação dos projetos finalistas. Os
estabelecimentos de ensino não voltaram a abrir nesse ano

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

30/180 59/153
MÉDIO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

3 138
MUITO ALTO SEM IMPACTO 1666 122
AÇORES CONTINENTE

CIDADES CAPITAIS CIDADES CAPITAIS


PONTA DELGADA LISBOA

LISBOA

letivo, o que acabou por conduzir à anulação definitiva dos da população e no funcionamento das instituições, conduziu
inúmeros processos participativos em curso. o país a três dinâmicas dominantes no que respeita aos

EUROPA
orçamentos participativos:
Tendo por base o rápido agravamento da pandemia em
Portugal e em outros países europeus e a necessidade i. suspensão, tendo esta atingido mais de 96% do total de
de reforçar a cobertura constitucional a medidas mais iniciativas que se encontravam ativas. Este elevado valor
abrangentes de combate à situação de calamidade pública, prende-se sobretudo com o facto de neste universo estarem
o Presidente da República decretou, a 18 de março de 2020, incluídos os OP escolares. Restringindo a leitura aos processos
o estado de emergência. Esta decisão, articulada com os promovidos por autarquias, conclui-se que a dinâmica de
restantes órgãos de soberania, determinou o confinamento paralisação afetou cerca de 50% das experiências;
forçado de uma parte significativa da população e autorizou o ii. adaptação metodológica, em particular com a conversão de
Governo a implementar políticas nunca antes experimentadas todos os momentos presenciais numa relação virtual entre
no país. os cidadãos e as administrações, normalmente mediada
por páginas de internet dedicadas aos processos;
Este era um cenário de enorme incerteza, pelo que a maioria iii. adiamento do calendário de execução, com uma certa
das autoridades públicas optou, num primeiro momento, por concentração de casos nos últimos quatro meses do ano.
anunciar a interrupção ou suspensão provisória dos seus
processos participativos, enquanto outras decidiram adiar
qualquer determinação sobre a matéria, na expectativa de que
fosse possível retomar as atividades numa fase mais adiantada
do ano, nomeadamente no terceiro ou no quarto trimestres. 40
Orçamentos Participativos promovidos pelos governos das regiões
autónomas dos Açores e da Madeira.
As intermitências da pandemia, com sucessivas ondas de 41
Orçamento Participativo das Escolas e Orçamento Participativo Jovem
infeção e os consequentes avanços e recuos no confinamento Portugal.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 2 2 40 2 41 1540
247
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Ekaterina Petrikevich e Tomas Rakos
REPÚBLICA CHECA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
As mudanças políticas na viragem dos anos 80 e 90, na
República Checa, trouxeram não só princípios democráticos,
de liberdade e de pluralidade, mas também desencadearam
CAPITAL POPUL AÇÃO a descentralização territorial, o desenvolvimento gradual da
PRAGA 10 669 710 consciência cívica e o crescimento da confiança nas instituições
locais. Contudo, a atmosfera de inovação democrática não levou
ao estabelecimento de legislação que tornasse os processos de
OP obrigatórios. Atualmente, não existe uma ampla discussão
LÍNGUA MOE DA política sobre a introdução de legislação relevante, embora o OP
CHECO COROA CHECA continue a crescer e na vizinha Polónia exista um quadro legal
(CZK) que torna os mesmos obrigatórios (em determinadas situações,
em especial após 2018).
LOCALIZAÇÃO
Uma exceção pode ser encontrada na plataforma do Partido
Pirata Checo (Piratska strana), um partido liberal da República
Checa. Este promove ativamente o OP fazendo um grande
esforço para que se torne uma ferramenta de uso regular nos
orçamentos municipais. No entanto, não surgiu ainda uma
oportunidade para o tornar obrigatório. De qualquer das formas,
o partido usa o OP para construir o seu próprio orçamento.

INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_

ÍNDIC ES
Nos últimos cinco anos, o orçamento participativo espalhou-se
significativamente por cidades e vilas de todas as dimensões na
República Checa. No entanto, pouca ou nenhuma inovação foi
aplicada à conceção do processo, uma vez que este permanece
padronizado. O OP é gerido pela câmara municipal ou pela
administração a nível distrital, seguindo ambos a mesma
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 sequência de etapas.
32 26
DEMOCR ACI A IMPERFEITA MUITO ALTO Entretanto, um exemplo interessante de pensamento inovador
pode ser encontrado na cidade de Kutna Hora. Esta situa-se
na Região da Boémia Central, com 21.000 residentes, formada

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

44/180 19/153
MÉDIO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

10 102
MUITO ALTO MUITO BAIXO 163 162
por distritos com dimensões e estruturas sociodemográficas estudantes de todas as idades e permitir que crianças e jovens,
drasticamente diferentes. Assim, quando se decidiu implementar a partir dos 10 anos, façam parte do processo de OP. Contudo,
o OP nesta cidade, determinou-se que este seria gerido ao nível do o ritmo e a estrutura do processo mudaram drasticamente
distrito, de modo a atender às diferenças entre estes. no caso das escolas secundárias. Os estudantes deste nível
de ensino são coproprietários e cogestores dos OP, o que lhes
Outra questão enfrentada pela cidade de Kutna Hora foi permite desenvolver competências de cidadania ativa, mas
a falta de capacidade interna. Nem os distritos, nem a também adquirir experiência e um conjunto de aptidões
câmara municipal dispõem de recursos humanos suficientes relacionadas com a implementação de projetos.
para gerir o processo. No entanto, uma vez que a cidade
já implementou o OP em 8 das suas escolas primárias e Ambas as metodologias do OP escolar estão a disseminar-se
secundárias e possui um parlamento juvenil ativo, foi ativamente pelo país (implementadas em mais de 100 escolas) e
decidido que o processo seria gerido pelos jovens que fora deste, tendo sido desenvolvidas na Eslováquia, a nível regional,
detinham experiência com o OP escolar e se encontravam ou seja, numa escala superior à verificada no território checo.
ativamente envolvidos na governação da cidade.

IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP

EUROPA
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS _
_ 1. OP que foram suspensos: 0%
Os primeiros processos de OP na República Checa (2014) foram 2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
influenciados pelos exemplos de Cascais, em Portugal, e de 3. OP que sofreram alterações/adaptações: 100%
outros provenientes da Polónia, trazidos para o país pela D21 e
pela AGORA CE, respetivamente. Cascais, uma das pioneiras
em participação pública, serviu como terreno de estudo para a PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA

equipa da D21 e tornou-se um ponto de referência para várias _

vilas e cidades checas. Desde então, como o crescimento do OP No caso da República Checa, não se verificam impactos
em termos de popularidade, tem vindo a ser implementado por fundamentais da Covid-19 nos atuais projetos de OP. As
várias entidades sem fins lucrativos que reproduzem o modelo cidades mais prósperas, com maior experiência em termos
de OP vigente.

CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >


REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP
_
A República Checa tornou-se no país onde foi desenvolvida
uma metodologia única de OP. Esta permite uma
implementação rápida e ininterrupta que se estende por *OUTROS TIPOS DE INSTITUIÇÕES
Mais de 100 em escolas. Os orçamentos
apenas 3 a 6 semanas. Foi criada pela D21 para envolver participativos das escolas básicas são promovidos pelos governos locais e
os das escolas secundárias são da responsabilidade dos governos regionais.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

16 16 1 0 *
249
REPÚBLICA CHECA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y
de OP (por exemplo, Ostrava, Brno e Říčany) não declararam
quaisquer mudanças particulares ou significativas no
orçamento e no decurso do processo. Contudo, a situação atual
decorrente da pandemia é mencionada nos websites dos OP e as
reuniões presenciais reduzidas ao mínimo necessário. No caso
CAPITAL POPUL AÇÃO
de os coordenadores organizarem reuniões, estas decorrem
PRAGA 10 669 710 ao ar livre, exigindo aos participantes que mantenham a
distância de pelo menos 1 metro, a fim de cumprir as regras e
regulamentos do país.

LÍNGUA MOE DA

CHECO COROA CHECA INFORMAÇÃO ADICIONAL


(CZK) _
Os processos de OP na República Checa são, geralmente,
LOCALIZAÇÃO realizados com recurso a ferramentas tecnológicas e, na maioria
dos casos, as soluções são plataformas de software licenciadas.
O sistema municipal existente (mais de 6.300 municípios num
país com 10.6 milhões de pessoas) cria um excelente mercado
para as empresas tecnológicas. Atualmente existem cerca de
oito grandes fornecedores de ferramentas digitais para gestão de
OP, que cobrem todas as fases-chave do processo.

Contudo, as ferramentas não são especializadas estritamente


em OP, sendo frequentemente utilizadas noutros processos
orientados para a participação. Para algumas empresas de
tecnologia, o número de clientes pode chegar a algumas dezenas
ÍNDIC ES no caso de OP, o que culmina em centenas de utilizadores que
usam essa solução para os processos participativos.

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


2019 HUMANO 2019

32 26
DEMOCR ACI A IMPERFEITA MUITO ALTO

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

44/180 19/153
MÉDIO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

10 102
MUITO ALTO MUITO BAIXO 163 162
PRAGA

EUROPA
*OUTROS TIPOS DE INSTITUIÇÕES
Mais de 100 em escolas. Os orçamentos
participativos das escolas básicas são promovidos pelos governos locais e
os das escolas secundárias são da responsabilidade dos governos regionais.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

16 16 1 0 *
251
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Bogdan Viorel Barbu
ROMÉNIA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não temos legislação específica para o orçamento participativo.
Neste quadro, cada município tem liberdade relativamente ao
orçamento para investimento e quanto à verba a alocar. Todos
CAPITAL POPUL AÇÃO os processos de OP implementados até agora utilizaram o
BUCARESTE 19 356 540 montante máximo de 5% da componente de investimento.

A legislação permite dois períodos de tempo nos quais o OP


pode ser incluído no orçamento para o ano seguinte. O primeiro
LÍNGUA MOE DA ocorre em junho, quando a proposta é enviada a partir do
ROMENO LEU ROMENO (RON) governo para as autarquias. O segundo ocorre de setembro a
novembro, quando o projeto orçamental para o ano subsequente
é votado nas assembleias municipais e de freguesia. Nesta fase,
LOCALIZAÇÃO aplicamos a regra dos 3x15 dias: i) os primeiros 15 destinam-se à
construção do projeto orçamental e a definir a componente de
investimento; ii) os 15 dias seguintes servem para adicionar o
OP à lista de projetos; iii) os últimos 15 destinam-se a colocar à
aprovação nas respetivas assembleias municipais.

INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
O orçamento participativo está a utilizar 5% do orçamento de
investimento, sendo que esta percentagem é exclusivamente
destinada a projetos de desenvolvimento.

ÍNDIC ES

REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS


_
A Câmara Municipal de Cluj Napoca implementou pela primeira
vez o orçamento participativo na Roménia. Atualmente, o país
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO tem várias empresas de tecnologia e informação que oferecem
2019 HUMANO 2019
soluções completas nesta área, mas a decisão é unicamente
63 52 política e de cada município.
DEMOCR ACI A IMPERFEITA MUITO ALTO

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

70/180 47/153
ALTO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

25 138
ALTO SEM IMPACTO 26 23
BUCARESTE

EUROPA
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP novembro e dezembro do ano anterior. A pandemia pode afetar
_ os projetos para 2021, mas isto irá ser decidido individualmente
Sim, como descrito acima, o país tem 3 soluções por cada autoridade local, depois de terem a projeção do
tecnológicas totalmente desenvolvidas que podem ser orçamento para esse mesmo ano.
utilizadas por qualquer cidade.

INFORMAÇÃO ADICIONAL
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP _
_ Existe um website genérico43 que oferece toda a documentação
1. OP que foram suspensos: 0% necessária a uma autarquia, sendo apenas necessário atualizar
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 100% o nome do município e o montante alocado ao OP. Com base
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 0% nestes documentos, a maioria dos candidatos a presidente da
câmara municipal está a utilizar o OP como um dos itens dos
seus programas eleitorais. Assim, as expectativas são altas,
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
na medida em que se espera que a partir de 2020 o número de
_
cidades que implementam este processo aumente.
O OP continuou a funcionar normalmente na Roménia devido
às especificidades da atribuição de verba, que é feita aquando
da votação dos orçamentos nacional e local, algures entre 43
bugetareparticipativa.ro

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

6 3 1 0 2
253
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Anders Nordh
SUÉCIA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe legislação específica sobre o orçamento participativo.

CAPITAL POPUL AÇÃO INOVAÇÕES EM DESTAQUE


ESTOCOLMO 10 285 450 _
É possível verificar uma maior utilização de plataformas
digitais, resultando num aumento da transparência
relativamente à informação apresentada nos websites dos
LÍNGUA MOE DA municípios, por exemplo, em formato de blogue. O uso de mapas
digitais para visualização é mais comum hoje em dia. A votação
SUECO COROA SUECA (SEK)
é feita, maioritariamente, online, mas existe a possibilidade de
votar de uma forma tradicional, ou seja, presencialmente.
LOCALIZAÇÃO

REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS


_
Realizámos vários seminários de formação e visitas a outros países
para aprender mais sobre diferentes experiências de orçamento
participativo, a fim de recolher as ideias que melhor se adequavam
ao contexto da Suécia. As principais influências exteriores foram de
países como Espanha, Portugal, Itália e Estados Unidos da América.

REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP


_
ÍNDIC ES A nossa ferramenta digital “Visual Budget” tem sido utilizada em
diversos processos de OP nos diferentes municípios suecos. Pode
ser vista uma demonstração-exemplo em inglês aqui: http://
uk.medborgarbudget.se.

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


2019 HUMANO 2019 IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
3 8 _
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO 1. OP que foram suspensos: 0%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 100%

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

4/180 7/153
BAIXO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

18 56
ALTO BAIXO 5 4
EUROPA
ESTOCOLMO

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA INFORMAÇÃO ADICIONAL


_ _
Não existem grandes tendências em torno dos municípios da rede Em 2019, a rede SALAR publicou um manual dirigido a municípios
SALAR (Associação de Autoridades Locais e Regiões da Suécia), e regiões, sobre a implementação de iniciativas de OP.
exceto um recurso mais acentuado de ferramentas online.

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

2 0 0 0 1
255
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Donos Leonid
UCRÂNIA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
O Conselho de Ministros da Ucrânia aprovou, em 2019, uma
legislação que regulamenta o orçamento participativo de
âmbito nacional e adotou 500 milhões de UAH (17 milhões
CAPITAL POPUL AÇÃO de dólares ou 14 milhões de euros) para a implementação dos
KIEV 44 385 150 projetos mais votados.

Na mesma linha de ação, está em curso a preparação de


legislação e regulamentação a nível regional, que deverá ser
LÍNGUA MOE DA adotada pelos vários governos (Oblast). Neste mesmo ano, o
UCRANIANO HRY VNIA Governo Regional de Poltava aprovou uma regulamentação
UCRANIANO (UAH) relevante. Neste sentido, os residentes submeteram 19 projetos,
sendo que um deles foi selecionado para implementação.
LOCALIZAÇÃO
O principal tópico de discussão sobre o OP de âmbito nacional é
acerca do seu nível de implementação: se deve ser realizado para
o país ou separadamente para cada região.

INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
- Durante os últimos anos, o OP tem-se tornado uma
tendência no desenvolvimento da democracia digital
no país. As equipas de desenvolvimento tecnológico
criaram plataformas eletrónicas, com o intuito de auxiliar
os municípios ucranianos a introduzir o orçamento
ÍNDIC ES
participativo, tornando o processo seguro e transparente,
tanto para o setor público, como para a sociedade civil. Por
exemplo, a ONG SocialBoost fornece a plataforma a mais de
100 municípios. Os cidadãos apresentaram mais de 5.000
projetos, dos quais mais de 500 foram financiados. No
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 total, tem cerca de 1 milhão de participantes por mês a nível
nacional (até 10% da população em algumas cidades). Link da
78 88 plataforma: http://pb.org.ua/en.
REGIME HÍBRIDO ALTO
- Mais de 120 cidades e outros territórios utilizam ativamente
a plataforma de democracia digital edem.ua. Acima de
460.000 cidadãos são utilizadores ativos do sistema. Foram

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

126/180 123/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

150 24
MUITO BAIXO MÉDIO 238 233
atribuídos mais de 1.500 votos para projetos de OP. As IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
regiões de Poltava e Chernihiv implementaram com _

sucesso o OP nacional através desta plataforma. Link da 1. OP que foram suspensos: 33%
plataforma: https://budget.e-dem.ua/landing. 2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 46%
- As cidades ucranianas e demais comunidades 3. OP que sofreram alterações/adaptações: 21%
territoriais que trabalham ativamente com diferentes
instrumentos de participação criaram a Associação para
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
o Desenvolvimento de Comunidades Participativas. Esta
_
tem como principal objetivo aprofundar ferramentas
- Pesquisas recentes mostram que a pandemia agravou os
e métodos participativos com o intuito de reforçar a
desafios com a comunicação, gestão financeira e capacidade
confiança entre os diferentes intervenientes. A equipa da
das ONG na promoção do OP. 34 cidades e comunidades
associação trabalha ativamente no campo da inclusão e da
territoriais acabaram por suspender o processo. Contudo,
coesão social.
algumas cidades começaram a implementar ativamente
- Ao nível das escolas, a região de Poltava desenvolveu um
novos instrumentos de participação, tais como o OP escolar
programa de OP escolar regional. Mais de 100 escolas
(Kremenchuk, Ivano-Frankivsk e Novovodolazka ATC).
participaram na preparação e submissão dos projetos,

EUROPA
- Parte das cidades e comunidades territoriais iniciaram
sendo selecionados 34 para implementação. Além disso,
a utilização de ferramentas online para as fases de
a equipa responsável preparou e conduziu uma série de
submissão de propostas e votação. O desenvolvimento
atividades para os estudantes, nomeadamente em gestão
das comunicações online nas grandes cidades levou a um
de projetos, formação de equipas, etc. Link da plataforma:
aumento significativo do número de votantes nos projetos.
https://smartregion.pl.ua/.
Por exemplo, na cidade de Severodonetsk, registou-se um
aumento nos cidadãos que votaram, de 8.000 em 2018, para
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS 12.000 em 2020. No entanto, o acesso limitado à internet em
_ áreas rurais remotas levou a um declínio da atividade civil.
A Ucrânia inspirou-se nas experiências da Polónia, tendo
implementado a sua primeira iniciativa de OP em 2015.
INFORMAÇÃO ADICIONAL
_
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP O Fórum Internacional de Facilitadores da Participação
_ para representantes da Geórgia, Moldávia e Polónia tem
Peritos ucranianos no desenvolvimento de OP, cooperam sido realizado na Ucrânia nos últimos 4 anos. Este evento
ativamente com municípios da Geórgia para a avaliação do tornou-se um espaço de confiança, troca de experiências,
processo e implementação de novas iniciativas, tais como desenvolvimento de práticas participativas e de apoio aos
os OP escolares. Algumas experiências ucranianas foram processos democráticos. O Fórum já reuniu mais de 800
apresentadas a cidades indianas, na conferência internacional
“Towards the human world”, em fevereiro de 2020.
CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

3 1 2 1 2
257
UCRÂNIA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y
membros, tendo sido realizados mais de 150 workshops. O
evento permitiu a introdução de inovações sociais, tais como o
orçamento participativo escolar, a assinatura de um memorando
de cooperação entre autoridades locais e organizações da
sociedade civil, incluindo internacionais.
CAPITAL POPUL AÇÃO

KIEV 44 385 150 - Link para o segundo Fórum - http://pbtime.tilda.ws/eng;


- Link para o terceiro Fórum - http://pbtime.tilda.ws/2018en.

Investigadores ucranianos da sociedade civil têm um interesse


LÍNGUA MOE DA ativo no OP. Nos últimos anos, foram publicados guias e
UCRANIANO HRY VNIA manuais que se debruçam sobre o processo, o estudo das suas
UCRANIANO (UAH) dinâmicas e a inclusão de grupos sociais vulneráveis.

LOCALIZAÇÃO
- Link para o estudo - https://www.researchgate.net/
publication/337783495_Impact_Evaluation_of_
Participatory_Budgeting_in_Ukraine;
- Link para o guia - https://pauci.org/upload/files/PB_
Guide_2019_UA.pdf;
- Link para o manual sobre a integração social de grupos
vulneráveis - https://pauci.org/upload/files/PAUCI%20
GIZ%20PB%20Project%20Broshure.pdf

Para além de ser uma das ferramentas de educação cívica, o


OP é também uma oportunidade para construir confiança
entre os diferentes grupos sociais. Durante a implementação
ÍNDIC ES dos OP, formadores nacionais e internacionais incentivaram
o recurso a abordagens de diálogo, métodos de resolução de
conflitos e comunicação não-violenta. Isto teve um impacto
significativo nos peritos e coordenadores locais, ao possibilitar
o aumento da coesão social e aprofundamento da inclusão de
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO grupos vulneráveis no processo de OP. A título de exemplo, um
2019 HUMANO 2019 projeto que visava integrar pessoas deslocadas internamente
78 88 nos processos de desenvolvimento local foi implementado nas
REGIME HÍBRIDO ALTO
regiões do Leste.

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

126/180 123/153
ALTO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

150 24
MUITO BAIXO MÉDIO 238 233
KIEV

EUROPA

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

3 1 2 1 2
259
OCEÂNIA
ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
OCEÂNIA
_

1
100,00%

1
AUSTR ÁLIA

1*-0 **
ORÇAME NTOS
PARTIC IPATIVOS
NA OC EÂNIA

* ANTES DA PANDEMIA 2019


** DURANTE A PANDEMIA 2020

CARACTERÍSTICAS DOS TERRITÓRIOS ONDE SE DESENVOLVE A MAIORIA DOS OP NA OCEÂNIA


_
DEMOCRACIAS PERFEITAS ÍNDICE DE FELICIDADE MUITO ALTO
BAIXO ÍNDICE DE PERCEPÇÃO DA CORRUPÇÃO ÍNDICE DE PAZ MUITO ALTO
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUITO ALTO BAIXO ÍNDICE DE TERRORISMO
1

N
O

S
ÍNDICE DE DEMOCRACIA - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA ÍNDICE DE PERCEÇÃO DA CORRUPÇÃO - ORÇAMENTOS
OCEÂNIA POR REGIME POLÍTICO (Nº. E %) PARTICIPATIVOS NA OCEÂNIA POR NÍVEIS DE CORRUPÇÃO (Nº. E %)

_ _

DEMOC R AC IA PE RC EÇÃO DA CORRUPÇÃO

DEMOCRACIAS PERFEITAS DEMOCRACIAS IMPERFEITAS 100 – 76 (BAIXO) 75 – 51 (MÉDIO)

1 0 1 0
100,00% 0,00% 100,00% 0,00%

HÍBRIDOS AUTORITÁRIOS 50 – 26 (ALTO) 25 – 0 (MUITO ALTO)

0 0 0 0
0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO - ORÇAMENTOS ÍNDICE DE FELICIDADE - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA


PARTICIPATIVOS NA OCEÂNIA POR NÍVEL DE OCEÂNIA POR NÍVEIS DE FELICIDADE DA POPULAÇÃO (Nº. E %)
DESENVOLVIMENTO HUMANO (Nº. E %)
_
_

DESE NVOLVIME NTO HUMANO FE LIC IDADE

MUITO ALTO ALTO 6.1 – 8.0 (MUITO ALTO) 4.1 – 6.0 (ALTO)

1 0 1 0
100,00% 0,00% 100,00% 0,00%

MÉDIO BAIXO 2.1 – 4.0 (MÉDIO) 0.0 – 2.0 (BAIXO)

0 0 0 0
0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
ÍNDICE DA PAZ - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA OCEÂNIA ÍNDICE DE TERRORISMO - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA
POR NÍVEIS DE PAZ (Nº. E %) OCEÂNIA POR NÍVEIS DE TERRORISMO (Nº. E %)

_ _

PA Z TE RRORISMO

MUITO ALTO ALTO MUITO ALTO ALTO

1 0 0 0
100,00% 0,00% 0,00% 0,00%

MÉDIO BAIXO MÉDIO BAIXO

0 0 0 1
0,00% 0,00% 0,00% 100,00%

MUITO BAIXO MUITO BAIXO SEM IMPACTO

0 0 0
0,00% 0,00% 0,00%
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Janette Hartz-Karp e Svetla Petrova
AUSTRÁLIA

COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Na Austrália não foi desenvolvida qualquer legislação sobre a
regulamentação dos orçamentos participativos. A maioria dos OP
australianos envolve 100% do orçamento de uma cidade - mais de
CAPITAL POPUL AÇÃO $70 milhões e até $5 mil milhões. As autarquias locais não podem,
CAMBERRA 25 364 310 legalmente, delegar a responsabilidade sobre o orçamento, assim,
previamente à implementação é acordado o nível de delegação e
transmitido aos constituintes. Contudo, este procedimento não
foi regulamentado.
LÍNGUA MOE DA

INGLÊS DÓL AR
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS
AUSTRALIANO (AUD)
_

LOCALIZAÇÃO Não houve um país ou instituição em particular que tenha


estimulado a adoção do “orçamento participativo australiano”.
A sua introdução surgiu da necessidade de resolver situações
de perda e decréscimo dos orçamentos municipais/regionais
e do aumento das exigências dos cidadãos. Isto foi alcançado
pela criação de um novo modelo de OP que pudesse resolver
eficazmente a atribuição de 100% do orçamento municipal/
regional/local.

O que ficou conhecido como “OP australiano” traduz-se


num método que combina alguns elementos do OP mais
conhecido ou “tradicional” com os “mini-públicos” utilizados
na democracia deliberativa. Este processo foi implementado
ÍNDIC ES
com algumas variações em várias cidades, incluindo
Melbourne, a capital, e vários governos regionais e locais.
Contudo, não foi institucionalizado.

DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO


REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP
2019 HUMANO 2019
_
9 6 Embora tenhamos partilhado a metodologia do “orçamento
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO
participativo australiano” com muitos outros países, tanto quanto
sabemos, este tem sido utilizado apenas na Austrália.

PE RC EÇÃO DA FE LIC IDADE


CORRUPÇÃO 2019 2020

12/180 12/153
BAIXO MUITO ALTO

GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019

13 71
MUITO ALTO BAIXO 1 1
CAMBERRA

OCEÂNIA
GOVERNOS, REGIONAOS, GRANDES CIDADES CIDADES CAPITAIS
NACIONAIS OU ESTADUAIS MELBOURNE MELBOURNE
NSW GOVERNMENT NSW NSW
TRANSPORT CANBERRA

GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES

0 0 0 0 0
267
EP0011
ATLAS MUNDIAL DOS
ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS
2020 - 2021

Nelson Dias, Sahsil Enríquez, Rafaela Cardita, Simone


(Org.)

Júlio e Tatiane Serrano

_
O Atlas Mundial dos Orçamentos Participativos constitui
o principal referencial de análise destes processos à
escala global.

O trabalho levado a cabo por mais de uma centena de


autores, provenientes de todos os continentes, permitiu
construir o mais vasto e completo mapeamento destas
iniciativas, produzir novos conhecimentos e convocar a
comunidade internacional para os debater.

As páginas que dão corpo a esta publicação são um


convite a uma viagem pelo mundo dos orçamentos
participativos, com a certeza de que não faltarão
motivos de interesse e novidades surpreendentes.

COORDENAÇÃO EDIÇÃO FINANCIAMENTO PARCEIRO

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