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MUNDIAL
ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
2020 - 2021
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ATLAS MUNDIAL
DOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
2020-2021
AUTORES
COORDE NADORES Nelson Dias, Sahsil Enríquez, Rafaela Cardita, Simone Júlio & Tatiane Serrano ALBÂNIA Diamanta Vito
ALEMANHA Svetlana Alenitskaya, Lars Stepniak & Volker Vorwerk ANGOL A Rui Mangovo ARGE NTINA Emiliano Arena & Cristian
Adaro ARMÉ NIA Anastasia Fadeeva & Alexander Faramazian AUSTR ÁLIA Janette Hartz-Karp & Svetla Petrova BÉ LGICA Hanne
Bastiaensen BE NIM Jean-Pierre Degue & Gervais Loko BÓSNIA E HE R ZEGÓVINA Vojtech Cerný & Anela Cavdar BR ASIL Ligia
Helena Hahn Lüchmann & Wagner Romão BURQUINA FASO Hermann Doanio & David Jimmy Kere CAMARÕES Achille Noupeou
CANADÁ Loren Peabody CA ZAQUISTÃO Zaifun Yernazarova C HILE Egon Montecinos, Manuel Carrasco & Marceo Rojas C HINA
Li Fan & Xiang Hao COLÔMBIA Ricardo Jaramillo Rincon CORE IA DO SUL Hae-In Lee & Seung Bo Shin COSTA DO MARFIM Jean
Jacques Yapo & Aman Jean Pierre N’Gbesso COSTA RICA Manuel Valle Cornacchini C ROÁC IA Alisa Aliti Vlašic & Jelena Brbora
EGIP TO Sara Eid ESCÓC IA Fiona Garven, Katey Tabner & Katie Brown ESLOVÁQUIA Alexandra Hrabinová & Barbara Gindlová
ESLOVÉ NIA Matic Primc ESPANHA Marta Barros, Andrés Falck, Francisco Francés & Antonia Morillas ESTADOS UNIDOS DA
AMÉ RICA Loren Peabody ESTÓNIA Kristina Reinsalu FINL ÂNDIA Marianne Pekola-Sjöblom, Päivi Kurikka & Sirkka-Liisa Piipponen
FR ANÇA Antoine Bézard GEÓRGIA Urszula Majewska & Volodymyr Abramiuk GUINÉ CECIDE Centre du Commerce Internacional
pour le Développement INGL ATE RR A E PAÍS DE GALES Jez Hall ÍNDIA Stephanie Tawa Lama-Rewal IRL ANDA Laura Shannon
IRL ANDA DO NORTE Louise O’Kane ISL ÂNDIA Sigurlaug Anna Jóhannsdóttir ITÁLIA Stefano Stortone MADAGÁSCAR Herilala
Axel Fanomezantsoa MALI Aboubacar Sangare MAURITÂNIA Ibrahima Niang MÉXICO Guillermo M. Cejudo, Oliver Meza & Cynthia
Michel MOLDÁVIA Dumitru Budianschi MOÇAMBIQUE Dénice Paulo Jamo NÍGE R Zakari Ibrahim NIGÉ RIA Sulaimon Adigun Muse
NORUEGA Sveinung Legard PE RÚ Rocío del Pilar Béjar Gutiérrez POLÓNIA Dorota Bednarska-Olejniczak & Jaroslaw Olejniczak
PORTUGAL Nelson Dias, Simone Júlio & Rafaela Cardita QUÉ NIA Eliza Meriabe RE PÚBLICA C HECA Ekaterina Petrikevich & Tomas
Rakos RE PÚBLICA DEMOC R ÁTICA DO CONGO Godefroid Misenga Milabyo RE PÚBLICA DOMINICANA Genrry Edmundo Gonzalez
Molina RE PÚBLICA DO CONGO OBA Denis - Bertrand ROMÉ NIA Bogdan Viorel Barbu RÚSSIA Ivan Shulga & Anna Sukhova
SE NEGAL Massaugui Ndiaye & Bachir Kanoute SRI L ANK A Chamara Kurruppu & Dayananda Ambalangodage SUÉC IA Anders Nordh
TAIWAN Hsin-Yi Yeh TOGO Sôssô Takougnadi & Eric Ilboudo TUNÍSIA Guidara Ahmed & Kouraich Jouahdou UC R ÂNIA Donos
Leonid URUGUAI Alicia Veneziano Esperón & Mariano Suárez Elías. Tiago Peixoto
Membros da equipa do Atlas responsáveis pela recolha de dados de vários países africanos: Mamadou Bachir Kanoute e Khadim
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
4
ÍNDICE
6 Apresentação
7 Metodologia
ÍNDICES
_
12 Índices
ANÁLISE GLOBAL
_
25 A Grande Suspensão
155 Ásia
187 Europa
261 Oceânia
5
APRESENTAÇÃO
_
O Atlas Mundial dos Orçamentos Participativos marcou um ponto de viragem na análise destes processos
à escala global. O trabalho realizado por uma vasta rede de autores permitiu produzir o mapeamento
estatístico mais amplo levado a cabo até ao momento, desafiar eleitos, investigadores e ativistas a refletirem
sobre as características dos territórios onde essas iniciativas se desenvolvem, recorrendo para o efeito a
vários índices internacionais, bem como identificar e estudar as legislações nacionais existentes.
Apesar dos expressivos resultados alcançados, o Atlas foi sempre perspetivado como um produto em aberto e
um processo em construção. Esta é a razão pela qual a segunda edição, que aqui se apresenta, vai muito além
da mera atualização de dados. Idealizada num contexto pré-pandémico, esta publicação teve, no entanto, de
ser reequacionada nos conteúdos e no calendário de elaboração. A equipa de coordenação e a rede de mais
de 100 autores provenientes de 65 países trabalharam ao longo dos últimos dois anos numa publicação que
pretende continuar a marcar a diferença, produzir novos conhecimentos e voltar a desafiar a comunidade
internacional relativamente a temas estruturantes.
Em termos de conteúdos, este Atlas aprofunda dois assuntos que transitam da edição anterior e acrescenta três
totalmente novos. Um dos que volta a merecer atenção por parte da equipa é referente ao estudo das legislações
nacionais sobre os orçamentos participativos (OP), com informações atualizadas sobre os diferentes tipos de
normativos legais e a primeira proposta de categorização destes instrumentos de regulação.
Uma das novidades deste Atlas passa incontornavelmente por uma análise dos impactos da pandemia da
Covid-19, com dados estatísticos muito abrangentes e um estudo qualitativo sobre as tendências e os modelos
adotados pelos OP ao longo da presente crise sanitária, bem como com a clarificação de alguns desafios que
se colocarão a estas iniciativas nos próximos anos.
Para os autores, uma das consequências destes quase dois anos de pandemia é a evidenciação de um
afunilamento conceptual dos orçamentos participativos, que não tem sido capaz de acompanhar a
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
evolução e a diversificação dos processos, pelo que se considerou oportuno avançar com uma proposta de
reconceptualização destas iniciativas, que desafia a comunidade internacional e as entidades promotoras
a rever os ciclos de decisão e de implementação de prioridades. Em termos práticos, considera-se que a
definição de OP comumente utilizada é hoje insuficiente para explicar os fenómenos em curso.
Esta segunda edição do Atlas apresenta também um trabalho inédito sobre os designados “fluxos de
disseminação”, que permitiu identificar os principais polos de influência na divulgação dos OP no mundo ao
longo das últimas três décadas. As conclusões deste estudo permitem compreender de uma forma muito visual
as inúmeras relações de cooperação estabelecidas entres países, bem como identificar diferentes “ondas de
propagação” dos orçamentos participativos, às quais tendem a corresponder distintos modelos de participação.
Para além dos temas expostos, esta publicação aporta também uma atualização estatística dos orçamentos
participativos no mundo, com fichas detalhadas de 65 países, das quais 12 correspondem a territórios não
representados na primeira edição do Atlas.
6
METODOLOGIA
_
O Atlas Mundial dos Orçamentos Participativos é uma publicação invulgar, pelo objeto a que se
dedica, pela sua ambição e pelos resultados alcançados, bem como por emergir da colaboração
voluntária de mais de 100 autores, oriundos de 65 países.
Um trabalho desta natureza, sobretudo pela sua amplitude, não está isento de erros. O produto
final não é perfeito, nem completo, mas seguramente que os resultados apresentados são
globalmente consistentes e credíveis. As conclusões apresentadas, no que respeita às grandes
tendências verificadas ao nível dos orçamentos participativos no mundo, são altamente
confiáveis, embora sempre sujeitas a melhorias e contributos diversos.
O estudo levado a cabo assenta numa metodologia simples e linear, baseada num conceito
partilhado de orçamento participativo, num questionário e em indicadores comuns a todos os
envolvidos, bem como numa pesquisa bastante extensiva de casos, como se expõe de seguida.
CONC E ITO
O Atlas está alicerçado numa definição técnica de OP, que honra três características essenciais:
- Ser um processo que envolve o todo ou uma parte do orçamento de uma instituição;
- Prever que as prioridades a executar com o valor em apreço são decididas pelos
cidadãos envolvidos;
- Garantir a cabal execução das deliberações dos participantes.
Esta abordagem mais metodológica foi adotada como preferencial, para evitar
posicionamentos conceptuais que recorrem a termos mais teóricos ou vagos, sujeitos a
interpretação por vezes dispares em função das culturas políticas e institucionais de cada país.
- O tipo de instituição. Embora a maioria das iniciativas seja promovida por governos
locais, é importante ter em conta experiências organizadas por diferentes níveis de
governo, tais como o regional, o estatal e o nacional. Do mesmo modo, os processos
desenvolvidos por outras entidades públicas ou privadas também foram contemplados,
tais como universidades, escolas, associações, organizações profissionais e empresas;
7
- Os participantes. Dentro da enorme variedade de modelos OP existentes, o mais comum
continua a ser o de acesso universal, que como a designação indica se trata de um processo
aberto a indivíduos de um determinado território ou instituição. Contudo, as iniciativas
destinadas a públicos mais específicos foram igualmente tidas em conta no Atlas, como por
exemplo as dirigidas a determinados grupos sociais, como os jovens, mulheres, imigrantes,
etc.; ou a públicos mais precisos, como os estudantes de uma escola, os funcionários de
uma entidade, os membros de uma associação, entre outras opções. Incluem-se ainda neste
âmbito os processos os designados mini-públicos, normalmente constituídos por elementos
representativos de uma comunidade, selecionados por método de sorteio.
QUESTIONÁRIO
A fim de recolher a informação pretendida sobre os orçamentos participativos nos diferentes
países, a coordenação do Atlas elaborou um questionário e o respetivo guião de apoio ao
preenchimento. Esses foram disponibilizados a todos os autores, em formato digital, tendo
estes optado por um dos quatro idiomas disponíveis, nomeadamente, espanhol, francês, inglês
e português. As respostas foram igualmente asseguradas em função da língua mais acessível
para cada membro da rede, tendo a tradução das respostas ficado a cargo da coordenação.
O questionário é composto por quatro grandes áreas de informação. A primeira é totalmente
dirigida para a obtenção de dados numéricos relativos aos orçamentos participativos em
cada país, com o objetivo de responder aos indicadores expostos na tabela seguinte.
Nº de OP promovidos grandes
cidades (mais de 1 milhão de
Nº de OP promovidos por habitantes)
governos locais
Nº de OP promovidos por
cidades capitais
Nº de OP promovidos por
Nº. total de OP ativos governos regionais ou estaduais
Nº de OP promovidos por
governos nacionais
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
Nº de OP promovidos por
outros tipos de entidades
(escolas, universidades,
associações, etc.)
Os indicadores expostos são os mesmos que foram introduzidos na primeira edição do Atlas,
o que permite manter uma estrutura comum de informação, tendo em vista assegurar a
comparabilidade dos dados ao longo de diferentes séries temporais.
8
A segunda área do questionário é composta por questões abertas e dirigidas a dois temas
concretos, nomeadamente:
- OP que foram suspensos, ou seja, cuja atividade foi interrompida em virtude das medidas
de combate à crise sanitária;
- OP que funcionaram normalmente, ou seja, que não viram o seu desenvolvimento afetado
durante este período;
- OP que sofreram alterações ou adaptações metodológicas, como forma de garantir as
respetivas atividades no contexto de pandemia.
A informação solicitada no questionário foi utilizada para responder a dois produtos principais:
i) a criação das fichas dos países, cujos dados e os conteúdos são dos respetivos autores; ii) a
produção das estatísticas globais, a cargo da equipa de coordenação.
Por último, sempre que a informação fornecida pelos autores oferecia dúvidas ou apresentava
incongruências, a coordenação do Atlas solicitou esclarecimentos adicionais e a retificação dos
elementos em apreço.
FASES
A elaboração deste Atlas foi assegurada ao longo de oito fases, como se expõe de seguida.
1. Definição dos temas a tratar nesta edição (1 trimestre de 2020). Depois de um processo de
9
auscultação, a coordenação decidiu orientar o Atlas para os cinco assuntos em destaque,
nomeadamente: os impactos da pandemia; a reconceptualização do OP; a identificação
e estudo das legislações nacionais; o mapeamento e a análise dos fluxos de influência; a
distribuição dos OP em função de uma bateria de índices internacionais;
2. Construção do questionário (abril de 2020). Este foi desenhado com uma dupla
preocupação: ser realista relativamente aos dados que solicita e colocar as questões
essenciais que permitam a recolha de dados referentes aos temas a abordar no livro;
3. Consolidação da rede de autores (abril de 2020 até ao presente). Parte significativa desta rede
transitou da edição transata do Atlas e foi alargada com novos elementos, muitas vezes com
recurso ao método de bola de neve, através de recomendações de diversos colegas e parceiros;
4. Recolha de dados ao nível de cada país (entre abril e janeiro de 2021). A pandemia dificultou
enormemente a recolha de dados em alguns países, por razões que se prendem com a
escassa informação em determinados contextos e ao estado de expectativa e incerteza
de inúmeras iniciativas de OP relativamente ao futuro mais imediato. Este cenário levou
a equipa de coordenação a alargar o período de obtenção da informação. Considerou-
se sensata esta decisão, por se privilegiar a qualidade e a robustez do conhecimento a
produzir, em detrimento da urgência de divulgar informação especulativa.
5. Pesquisa de práticas em contexto de pandemia (entre junho de 2020 e junho de 2021).
Este trabalho foi efetuado com recurso a duas técnicas: recolha e análise de informação
disponível online; realização de videoconferências com equipas promotoras de processos
de OP em mais de cinquenta países de todos os continentes;
6. Recolha de informação referentes aos índices utilizados neste Atlas (entre fevereiro
de 2020 e maio de 2020). À imagem da anterior edição, a atual continua a recorrer aos
índices de democracia, desenvolvimento humano, perceção da corrupção e felicidade.
Adicionalmente introduziram-se os índices da paz e do terrorismo;
7. Tratamento da informação recolhida (entre maio de 2020 e julho de 2021), em particular através
dos índices, dos questionários e da pesquisa qualitativa sobre OP em contexto de pandemia.
8. Análise da informação e produção de conclusões (julho a outubro de 2021).
PAÍSES
É de ressaltar o crescimento do número de países e de autores da primeira para a segunda
edição do Atlas. Assim, integram a atual publicação 65 Estados, dos quais 12 são novos, a saber:
- Albânia
- Bósnia e Herzegóvina
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
- Guiné
- Inglaterra e País de Gales
- Irlanda
- Irlanda do Norte
- Mali
- Mauritânia
- Noruega
- Quénia
- Sri Lanka
- Tunísia
10
Assinala-se igualmente o facto de, por diversas razões, não ter sido possível obter respostas dos
autores sedeados nos seguintes países:
- Dinamarca
- Equador
- Guatemala
- Indonésia
- Lituânia
- Panamá
Após uma análise e verificação mais detalhadas das informações referentes aos orçamentos
participativos no Japão, considerou a coordenação retirar este país do Atlas, por se concluir
que não existem elementos suficientemente robustos, que permitam corroborar os dados
fornecidos pelo autor local. Esta advertência foi efetuada na edição transata, embora se tenha
optado por contemplar e publicar os elementos fornecidos.
Também a população de cada país foi atualizada, de acordo com dados disponibilizados pelo
Banco Mundial referentes a 20191.
No que respeita ao Reino Unido, as informações sobre a Escócia, a Irlanda do Norte e Inglaterra
e País de Gales são apresentadas separadamente, pois essa é metodologia adotada por alguns
dos índices e pelo próprio Atlas2.
1 Disponível em https://data.worldbank.org/indicator/SP.POP.TOTL.
2 Os dados referentes à população destes territórios foram recolhidos através do Instituto Nacional de Estatística
Britânico, disponível em https://www.ons.gov.uk.
11
ÍNDICES
_
ÍNDICE DE DEMOCRACIA3
Conforme exposto, o Atlas _
2020 recorre a seis índices O Índice de Democracia da Economist Intelligence Unit tem como base
metodológica as seguintes categorias: processo eleitoral e pluralismo,
internacionais. Importa funcionamento do governo, participação política, cultura política, e
clarificar que o objetivo liberdades civis. Estas reúnem cerca de 60 indicadores, aos quais é
atribuída uma pontuação para cada país, numa escala de 0 a 10, o que
deste trabalho não passa por permite distribuir os Estados por quatro tipos de regime:
3
Economist Intelligence Unit (2020) Democracy Index 2019: A Year of democratic setbacks and popular protest. Disponível em www.eui.com.
4
Corruption Perceptions Index (2019), da Transparência Internacional. Disponível em www.transparency.org/cpi.
5
UNDP. 2019. Human Development Report 2019. Beyond income, beyond averages, beyond today: Inequalities in human development in the 21st
century. Nova Iorque. Disponível em http://hdr.undp.org/en/content/human-development-report-2019.
12
ÍNDICE DE PERCEÇÃO DA CORRUPÇÃO 4 ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO5
_ _
Este é calculado a partir de 13 fontes de dados Trata-se de um índice composto, focado em três dimensões básicas
e 12 instituições independentes, especializadas do desenvolvimento humano: i) a capacidade de levar uma vida longa
em governação e análise do clima empresarial, e saudável, medida através da esperança de vida à nascença; ii) a
que captam as perceções da corrupção no setor capacidade de adquirir conhecimentos, avaliada pelo número médio
público. Essas bases de dados são padronizadas de anos de escolaridade expetáveis e o número médio de anos de
numa escala de 0 a 100, em que 0 representa o escolaridade das pessoas com idade igual ou superior a 25 anos; iii) a
nível mais alto de corrupção percebida e 100 capacidade de alcançar um padrão de vida digno, calculada a partir do
equivale ao mais baixo. rendimento nacional bruto per capita.
Os principais resultados para o ano de 2019 As classificações dos países têm por base limiares fixos do IDH, que derivam
indicam que pouco ou nada se tem feito dos quartis de distribuição dos seus indicadores. Os patamares são:
para melhorar o combate à corrupção.
Dois terços dos países analisados tem uma - IDH baixo (- de 0,550)
pontuação abaixo de 50 e cada estado tem uma - IDH médio (entre 0,550 e 0,699)
classificação média de 43. A Europa Ocidental - IDH elevado (entre 0,700 e 0,799)
e União Europeia apresentam a melhor - IDH muito elevado (≥ a 0,800)
performance em termos regionais, ou seja, 66,
enquanto a África Subsaariana atinge apenas, As cinco mensagens principais que emanam do Relatório de
em média, 32 em 100. Desenvolvimento Humano de 2019 são as seguintes: i) as disparidades
permanecem universalizadas apesar da melhoria na redução das
A distribuição dos OP, tendo por base os países situações limite; ii) o surgimento de uma nova geração de desigualdades
em que esses se desenvolvem, é semelhante centrada nas capacidades avançadas, apesar da melhoria registada nas
tanto para aqueles que apresentam uma básicas; iii) as desigualdades acumulam-se ao longo da vida, traduzindo
menor perceção da corrupção, como para desequilíbrios de poder; iv) a necessidade de revolucionar a forma de
os que evidenciam níveis muito elevados, medir o desenvolvimento humano; v) a carência de ação imediata,
ou seja, cerca de 2,6%. A grande maioria dos para correção das desigualdades, antes que as disparidades no poder
OP centra-se em nações cuja classificação económico se cristalizem politicamente.
é intermédia, mas positiva, dos 51 aos 75,
representando 50% (5.045) do universo em Estando o maior número dos OP localizado no continente europeu
estudo. Os restantes 45% (4.513) localizam-se e sendo neste que se concentram os países melhor classificados em
em territórios cuja perceção da corrupção é termos de desenvolvimento humano, não constitui uma surpresa que
elevada, ou seja, entre 26 e 50. cerca de 58% sejam desenvolvidos em nações com IDH muito elevado.
Com 34,3% dos OP surgem os territórios de IDH elevado. Por outro lado,
Comparando estes novos dados com os da apenas 1,2% dos OP são levados a cabo por estados com IDH médio e
edição anterior, é possível aferir que houve 6,5% com baixo. Assim, se conclui que quanto maiores as desigualdades
uma transição dos OP para países com níveis num determinado país, menor a probabilidade de serem desenvolvidos
mais baixos de perceção da corrupção, ou seja, processos de orçamento participativo.
territórios classificados entre 0 e 25 passaram
de 6% para 2,6%, dos 26 aos 50 de 37% para Comparando os dados deste ano com os da edição anterior, regista-se
45%, dos 76 aos 100 de 2% para 2,6%. Apenas um aumento de OP implementados por países de desenvolvimento
nos países com pontuações entre os 51 e 75 se humano elevado, de aproximadamente 29% para 34%, e por nações
registou uma redução de 10 pontos percentuais. de baixo IDH, demonstrando um aumento de 1,5 pontos percentuais.
Registou-se uma ligeira quebra em OP provenientes de estados com IHD
muito elevado, e acentuada nos que possuem um IDH médio, passando
de cerca de 7,6% para 1,2%.
13
ÍNDICE MUNDIAL DE FELICIDADE 6 ÍNDICE GLOBAL DA PAZ7
_ _
É uma medição anual da felicidade dos cidadãos Este classifica 163 estados e territórios independentes de acordo com o
em 156 países, publicada pela Rede de Soluções seu nível de paz, utilizando 23 indicadores qualitativos e quantitativos
para o Desenvolvimento Sustentável das Nações de fontes altamente respeitadas, que são distinguidos em duas
Unidas. As variáveis contempladas revelam categorias: paz interna e paz externa. As mencionadas unidades de
uma pontuação média ponderada por população medida foram avaliadas segundo três áreas temáticas, nomeadamente:
numa escala de 0 a 10, em que 0 representa a
pior vida possível e 10 a melhor vida possível. - Conflito nacional e internacional, que averigua se os países estão
Atualmente, essas variáveis incluem: PIB per envolvidos em conflitos internos e externos, bem como a duração
capita real, assistência social, expectativa de da sua implicação e o papel que desempenham;
vida saudável, liberdade para fazer escolhas, - Segurança e proteção da sociedade, que avalia o nível de harmonia
generosidade e perceção da corrupção. e discórdia dentro da nação, tendo em conta 10 indicadores distintos
relacionados com a violência, a criminalidade, a instabilidade política
Segundo dados do relatório, a receita para e as forças de segurança
uma felicidade generalizada dos cidadãos - Militarização, que reflete sobre a ligação entre o estado de
é bastante simples, sendo algo tipicamente desenvolvimento militar de um país, o acesso a armas e o nível de
presente nos países que ocupam os lugares tranquilidade, em termos nacionais e internacionais.
cimeiros do ranking: assegurar instituições
públicas de elevada qualidade, sem corrupção, As principais conclusões relativas ao Índice Global da Paz 2019
capazes de entregar o que prometem e revelam uma ligeira melhoria do nível médio da paz global, pela
generosas ao cuidar da população perante as primeira vez em cinco anos. No entanto, o mundo permanece
mais variadas adversidades. consideravelmente menos pacífico do que há uma década atrás,
devido a vários fatores, entre os quais o aumento do terrorismo, a
Com base nos dados recolhidos, conclui-se intensificação dos conflitos no Médio Oriente, as tensões regionais
que 99,7% dos OP são desenvolvidos por países crescentes na Europa de Leste e Nordeste da Ásia, o incremento do
que se inserem nos dois melhores níveis deste número de refugiados e tensões políticas aumentadas entre a Europa e
índice, ou seja, cuja classificação se situa entre os Estados Unidos. Pela positiva, salienta-se uma redução progressiva
8.0 e 6.1 e 6.0 e 4.1. Os restantes 0,3% estão do peso da despesa militar no PIB de um grande número de países.
localizados em 5 territórios no escalão de 4.0 a
2.1, entre os quais 4 africanos e 1 asiático. No que concerne à distribuição dos OP, cerca de 19% pertencem a nações
com um nível de paz muito elevado e 46% elevado. Com um peso ainda
O índice não sofreu alterações significativas bastante significativo, nomeadamente 23%, encontram-se os OP de
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
face ao ano anterior, pelo que as ligeiras territórios classificados no índice com o grau médio. Os restantes 7,5%
mudanças detetadas devem-se exclusivamente dos casos estão sedeados em 17 estados com baixo ou muito baixo nível de
à inclusão de novos países nesta edição do Atlas. paz, entre os quais 11 africanos.
6
World Happiness Report 2020, Sustainable Development Solutions Network, Nova Iorque. Disponível em https://worldhappiness.report.
7
Global Peace Index 2019: Measuring Peace in a Complex World, Sydney. Disponível em http://visionofhumanity.org/reports.
8
Global Terrorism Index 2019: Measuring the Impact of Terrorism, Institute for Economics & Peace, Sydney. Disponível em http://visionofhumanity.
org/reports.
14
ÍNDICE GLOBAL DO TERRORISMO8
_
Este classifica 163 países com base em 4 indicadores ponderados ao longo de
TOTAL DE OP
5 anos. A pontuação do Índice Global de Terrorismo atribuída a cada estado
baseia-se num sistema que tem em conta o impacto relativo de incidentes
terroristas durante um ano. São para o efeito utilizados quatro indicadores:
O relatório indica como principais conclusões: i) o declínio do número de mortes OP PROMOVIDOS POR
relacionadas com o terrorismo pelo quarto ano consecutivo; ii) os Talibãs surgem GOVERNOS REGIONAIS
E ESTADUAIS
como grupo terrorista mais mortífero, responsáveis por 38% das mortes; iii)
na Europa registou-se uma redução de 70% das mortes; iv) o incremento no
terrorismo de extrema-direita na Europa Ocidental, América do Norte e Oceânia
pelo terceiro ano consecutivo.
OP PROMOVIDOS POR
Este índice apresenta seis níveis, sendo estes: muito elevado, elevado, médio, GOVERNOS NACIONAIS
baixo, muito baixo e sem impacto. A maioria dos OP (31%) ocorre em países
com grau muito baixo de terrorismo e 29% com risco baixo. Cerca de 20% estão
localizados em países de risco médio, 2,4% alto e apenas 0,2% em territórios OP PROMOVIDOS POR OUTROS
com índice de corrupção muito elevado. Aproximadamente 17% dos OP são TIPOS DE INSTITUIÇÕES
desenvolvidos em nações em que não existe impacto do terrorismo, ou seja,
Costa Rica, Eslovénia, Togo, Portugal, Croácia, Roménia e Benim.
Este índice, tal como o anterior, não foi analisado na edição transata e, por isso, OP PROMOVIDOS POR
não dispomos de meios de comparação. GRANDES CIDADES (+ DE 1
MILHÃO DE HABITANTES)
15
ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
NO MUNDO
TABE L A 2 – ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS NO MUNDO (N º.)
_
África 727 49
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
Ásia 1.241 40
Europa 3 462 49
Oceânia 1 0
16
Ásia Europa Oceânia Total
Grandes Cidades Governos Regionais e Estaduais Governos Nacionais, Outros Tipos de Instituições
(por continentes, no.) (por continentes, no.) (por continentes, no.) (por continentes, no.)
33 26 0 36
0 0 0 0
45 2 0 85
19 59 0 15
70 204 1 0
47 33 3 1 615
0 0 0 0
17
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192 *-128 **
5113 *-2209 **
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PARTIC IPATIVOS
NO MUNDO
 NT
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
IC
O
* ANTES DA PANDEMIA 2019
** DURANTE A PANDEMIA 2020
2416 *-390 **
1 EUROPA 5 AMÉRICA DO NORTE
2 AMÉRICA DO SUL 6 AMÉRICA CENTRAL E CARIBE
3 ÁSIA 7 OCEÂNIA
4 ÁFRICA
ANO GL A
CE
**
Este número é calculado com base nos questionários preenchidos
pelos autores e correspondem a 53 países e 8.867 dos 10.081 O
orçamentos participativos que se encontravam ativos antes da
pandemia. Isto significa que os processos suspensos foram calculados
com base em 88% do total de OP diagnosticados no ano de 2019. Não
correspondem, assim, à globalidade das iniciativas, mas equivale a
uma amostra muito expressiva e muito próxima do total.
18
R Á RTICO
3
1446 *-777 **
O
IC
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815 *-428 **
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19
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
20
ANÁLISE
GLOBAL
23
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
24
A GRANDE SUSPENSÃO
TE NDÊ NC IAS DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS DUR ANTE A PANDEMIA DA COVID -19
_
É inquestionável que o novo coronavírus infetou as democracias, levando os seus decisores políticos
a impor medidas sem precedentes. A crise sanitária gerou uma onda de regressão das liberdades e
direitos cívicos em larga escala, embora com geometrias e intensidades variáveis.
Dentro dos limites constitucionais, alguns Estados optaram por exercer a legítima autoridade
democrática, deixando claro que as medidas excecionais impostas seriam de caráter temporário.
Outros aproveitaram esta crise para reforçar derivas autocráticas, o que significou uma restrição mais
ampla e duradora das liberdades individuais e coletivas.
A pandemia serviu de base à adoção de políticas públicas inéditas na nossa história coletiva. Decisões
para muitos impossíveis ou inimagináveis foram tomadas, com o objetivo de salvaguardar vidas e em
simultâneo ventilar a economia.
Num contexto como este, de imposição de regras restritivas às liberdades de circulação e outras, os
mecanismos de participação cidadã foram altamente penalizados. Perdeu-se intensidade na vida coletiva,
nas formas de diálogo e de interação entre as instituições e as populações e desta consigo mesma.
Apesar dos impactos da Covid-19 nos países abrangidos pelo Atlas serem bastante diferenciados, o
balanço global é francamente negativo. São essencialmente três as tendências verificadas ao longo do
último ano e meio:
- Suspensão. A pandemia provocou, sem margem para quaisquer equívocos, a maior paralisação
de processos alguma vez registada. O impedimento de realizar encontros presenciais, algo
fundamental na natureza destas instâncias participativas, é a principal razão invocada para o
cancelamento das atividades.
25
De acordo com os dados recolhidos10, a suspensão afetou cerca de 55% das iniciativas que se
encontravam em curso nos territórios abrangidos.
Para sermos rigorosos, o que está em causa é a interrupção do ciclo de decisão, no qual cabem
normalmente as fases de apresentação, debate e deliberação pública sobre os investimentos a
realizar. Não se incluem neste âmbito as ações inerentes ao ciclo de execução. Muitos governos
locais aproveitaram inclusive a paragem dos processos para implementarem projetos pendentes,
recuperando algum passivo existente.
As regiões mais afetadas por esta onda suspensiva foram a América do Sul, com uma interrupção de
cerca de 80% das iniciativas, a Europa, com 53% de experiências afetadas, e a África, com cerca de 47%
dos casos interrompidos;
- Continuação. Cerca de 1/4 dos orçamentos participativos, mais propriamente 24%, viram
confirmada a sua continuidade, sem alterações provocadas pelo contexto pandémico. Tal
deve-se a uma diversidade de fatores, difíceis de enumerar exaustivamente, mas entre os quais
se assinalam: (i) a descoincidência temporal entre a realização das atividades de participação
presencial e a entrada em vigor de regras de isolamento social; (ii) a menor severidade
dos impactos da pandemia em determinados países; (iii) a desvalorização das autoridades
relativamente à pandemia, com a consequente permissão de atividades coletivas; (iv) a natureza
exclusivamente digital de alguns orçamentos participativos, que naturalmente não viram o seu
funcionamento afetado com a pandemia.
As regiões do planeta onde esta continuidade dos processos se verificou mais fortemente
foram a América do Norte, com 61%, e a Ásia, com aproximadamente 53% das iniciativas a
funcionar regulamente;
- Adaptação. A terceira via, encontrada por cerca de 21% dos OP, consistiu na manutenção
dos processos, embora num quadro de acomodação dos mesmos ao contexto da pandemia, o
que implicou a introdução de alterações metodológicas, entre as quais se destacam duas: (i) a
‘virtualização’ das iniciativas, o mesmo é dizer o ‘confinamento dos orçamentos participativos’
às ferramentas digitais e páginas de internet; (ii) a realização de encontros públicos ‘cara a cara’
regidos pelas normas sanitárias em vigor, impondo menor número de participantes, para garantir
o necessário distanciamento físico entre esses.
As regiões do globo onde esta vertente adaptativa dos orçamentos participativos se verificou com maior
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
intensidade foram a América Central e Caribe, em particular a República Dominicana, com 100% dos
casos em funcionamento, e a Ásia, com um pouco mais de 30% das iniciativas a optarem pela introdução
de ajustes que tornaram possível a continuidade dos processos.
10
Os dados expostos são referentes a 53 países e 8.867 OP, que correspondem a 88% do total de processos
diagnosticados pela rede de autores do Altas, o que equivale a um universo expressivo e muito próximo do total.
26
Gráfico 1 - Orçamentos Participativos no mundo em tempos de pandemia
13,4% 19,2%
18,0%
0,2%
28,9%
30,8%
28,6%
23,9%
61,0%
52,9%
OP SUSPENSO S
OP CONTINUARAM S/ AL TERAÇÕES
OP CONTINUARAM C/ ALTERAÇÕES
Pelo exposto, compreende-se que a pandemia acarretou diferenciações nas dinâmicas dos orçamentos
participativos nos diversos continentes.
Os processos africanos foram bastante afetados pela Covid-19. Do total dos 19 países diagnosticados por
autores locais, foi possível obter informações de 16, dando conta que cerca de 47,1% dos OP foram suspensos,
28,9% continuaram com adaptações ao novo contexto e apenas 23,9% prosseguiram sem quaisquer
alterações. É, no entanto, conveniente clarificar que as tendências registadas não são uniformes aos
diferentes Estados. A título de exemplo, enquanto que no Benim, no Senegal e na República do Congo se
registou uma interrupção total das iniciativas, na Guiné e no Níger os OP não sofreram quaisquer impactos
no seu normal funcionamento.
- A norte registou-se um esforço para manter os OP ativos, pelo que apenas 25% dos processos foram
suspensos, valor que representa cerca de metade do verificado em termos globais. De assinalar
também que foi nesta região que se assinalou a percentagem mais elevada de OP a funcionar de
forma regular, nomeadamente 61%;
- Na área central, em particular na República Dominicana, regista-se que 100% dos OP foram
implementados com a introdução de ajustes nas metodologias;
- A sul é a região do planeta onde se verifica a mais elevada paralisação de processos. São mais de 1730
iniciativas afetadas pela crise sanitária, o que equivale a cerca de 80% dos OP que se encontravam ativos
no período pré-pandemia, 95% dos quais sedeados no Peru. Nesses incluem-se também a totalidade dos
OP chilenos e uma grande maioria das iniciativas argentinas.
Os orçamentos participativos asiáticos emergem como os menos afetados pela Covid-19, com apenas 16,3%
dos casos suspensos, o que significa que mais de 83% conseguiram garantir a sua execução, com ou sem
27
alterações aos procedimentos habituais. No quadro regional, apenas a Arménia, com um único OP, e o Sri
Lanka, registaram elevados níveis de interrupção, respetivamente 100% e 95%.
O quadro europeu foi igualmente muito afetado pela crise sanitária, tendo esta sido um entrave ao
desenvolvimento de mais de 2500 OP, que correspondem a cerca de 53% do total de iniciativas pré-
pandémicas. As regras de confinamento e isolamento social impostas pelos Estados foram as razões
mais mencionadas para a suspensão dos orçamentos participativos no velho continente. Muitos dos OP
que conseguiram funcionar durante este período recorreram ao formato virtual ou optaram por atrasar
o arranque de algumas fases, fazendo-as coincidir com momentos de menor propagação do vírus.
Entre os processos que operaram durante a pandemia, com ou sem adaptações, são identificáveis três
abordagens metodológicas distintas:
As referidas abordagens não são novas, pois transitam do quadro pré-pandémico para a atualidade. A
novidade coloca-se, no entanto, a dois níveis, como se expõe de seguida.
O primeiro pode ser denominado de aumento substancial dos OP 100% virtuais, estando estes assentes no
uso exclusivo de ferramentas tecnológicas, com principal ênfase para as páginas de internet dedicadas aos
processos participativos, através das quais os participantes podem acompanhar as últimas notícias do OP,
conhecer as regras de funcionamento, apresentar propostas, votar em projetos e solicitar esclarecimentos,
entre outras funcionalidades secundárias.
Nestes casos, a relação entre os participantes e destes com a Administração é mediada pela tecnologia
e diferida no tempo, na medida em que não recorre a dispositivos que viabilizam a interação em tempo
real. Para concretizar melhor esta ideia, veja-se como recorrentemente decorre a apresentação de
propostas no âmbito de um OP virtual:
1. O participante preenche o formulário online com os seus elementos e a ideia que pretende submeter;
2. A plataforma emite um email de notificação para a equipa técnica que gere o OP, a informar que
existe um novo registo no sistema;
3. A Administração verifica a conformidade da proposta e aprova a sua publicação na página pública;
4. A plataforma envia um email para o participante, a informar que a sua proposta foi validada e publicada.
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
Como se compreende, em nenhum destes momentos se verificou qualquer interação em tempo real
entre as populações e a Administração.
A pandemia acelerou esta tendência, a qual evidencia aspetos positivos, negativos e alguns riscos
também. Num cenário de confinamento social drástico e de incerteza quanto ao futuro, como o desta
crise sanitária, é de assinalar a importância de muitos orçamentos participativos terem conseguido
funcionar, sacrificando a metodologia, desejavelmente de uma forma transitória, em vez da suspensão
temporalmente indefinida da iniciativa.
28
A dimensão negativa desta dinâmica está intimamente relacionada com a “frieza” dos
mecanismos tecnológicos e a inerente perda de densidade nas relações humanas, retirando
rostos e vozes às iniciativas. A virtualização dos orçamentos participativos é uma forma possível
de produzir resultados, ou seja, de permitir a definição das prioridades de investimento, mas
corresponde a uma clara desvirtuação da democracia participativa, enquanto processo de
intervenção pública, de escuta ativa e de construção coletiva de prioridades e consensos.
Face ao exposto, a constatação mais óbvia e banal prende-se com o facto de a pandemia ter
contribuído para acelerar a tendência de virtualização dos orçamentos participativos. Importa,
no entanto, afirmar que esta crise produziu um impacto menos óbvio e em tudo subtil, que
não deve ser negligenciado. O “abandono” dos métodos de participação presencial conduziu
as atenções e os esforços das Administrações para a procura de soluções que permitissem
inovar as abordagens tecnológicas tradicionais. Deste ponto de vista, a pandemia funcionou
como um laboratório de renovação dos métodos digitais, o que se afigura positivo pela busca
do aperfeiçoamento de iniciativas tendencialmente de baixa interação participativa. Esta
propensão tem, no entanto, um lado mais sombrio, que está relacionado com o significativo
desinvestimento nos métodos presenciais e na sua melhoria contínua.
De acordo com os dados recolhidos pelos autores do Atlas, é possível concluir que existe
também uma certa diferenciação do estado dos orçamentos participativos em função dos
tipos de regimes políticos vigentes nos diferentes países abrangidos. Assim, torna-se evidente
que os estados autoritários são os que apresentam a menor percentagem de suspensão destes
processos, nomeadamente 14%, situando-se muito abaixo dos 55% registados a nível global. É
também nesses territórios que se verifica a percentagem mais elevada de iniciativas de OP que
funcionaram regularmente, sem interferências causadas pela pandemia, em concreto 57%, o
que representa mais do dobro do registado a nível mundial (24%).
29
No extremo oposto encontram-se as democracias perfeitas, com um nível de suspensão de processos
superior a 81% e uns residuais 8% que conseguiram prosseguir a sua atividade de uma forma normal.
Gráfico 2 - Estado dos orçamentos participativos no mundo, por regimes políticos, em tempos
de pandemia
8,82%
10,05%
8,39%
26,68%
28,76%
34,99%
24,32%
57,28%
OP SUSPENSOS
OP CONTINUARAM S/ A LTERAÇÕES
OP CONTINUARAM C/ ALTERAÇÕES
O dado mais relevante desta análise resulta precisamente do padrão registado ao nível dos
orçamentos participativos que asseguraram o seu funcionamento regular, sem suspensão e
sem adequações metodológicas. Constata-se que esses tendem a aumentar à medida que se
entra em territórios onde se restringem as liberdades dos cidadãos e das organizações, ou seja,
na exata medida em que se caminha de um extremo para outro, ou seja, de uma democracia
perfeita para a um regime autoritário.
Parece um contrassenso que uma das expressões mais firmes da democracia participativa tenha
evidenciado maior resiliência durante a pandemia nos países onde a democracia não é a ordem
vigente. Não existem respostas cabais para este facto, pelo que a reflexão, sendo especulativa,
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
apenas pode lançar hipóteses, que naturalmente carecem de elementos de verificação. Entre
essas colocam-se as seguintes:
30
RECONCEPTUALIZAR OS
ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS
PARA GANHAR SUSTENTABILIDADE
DEPOIS DA CRISE
_
O debate sobre a suspensão dos orçamentos participativos não é novo. À margem dos efeitos
causados pela pandemia, é amplamente reconhecido pela comunidade internacional que
essa é uma prática que afeta inúmeras iniciativas, constituindo-se como uma fragilidade,
talvez a mais recorrente, que coloca em evidência a necessidade de refletir sobre a (in)
sustentabilidade destes processos.
Seja por dificuldades de gestão, por posicionamento ideológico dos decisores, ou por
quaisquer outras razões, é um facto que os OP carecem de mecanismos que reforcem o seu
suporte social e institucional.
Em termos práticos, o OP não termina, ou não deveria terminar, com a entrega dos
projetos vencedores à comunidade, ou seja, com o termo do ciclo de implementação. Esse
31
é, aliás, o ponto de partida para dois desafios subsequentes: i) assegurar o funcionamento
e a manutenção dos investimentos realizados, garantindo que cumprem os propósitos
para os quais foram pensados, ações que têm incontornavelmente de acontecer, mas
normalmente tratadas fora do OP; ii) percecionar as mudanças provocadas por cada
projeto na comunidade que desse beneficia, ação que raramente é levada a cabo,
inviabilizando uma leitura mais rica e completa destes processos e, por essa via,
diminuindo o seu potencial de sustentabilidade.
Conforme exposto, cabe igualmente neste terceiro ciclo a avaliação do OP, na dimensão
dos efeitos ou impactos, devendo esta estar alicerçada numa dinâmica de monitorização
de cada projeto executado e das mudanças geradas nas pessoas, nas organizações e no
território. A inclusão desta ação no ciclo de gestão é uma resposta a uma insuficiência
dos orçamentos participativos, que acumulam investimentos concretizados ao longo de
vários anos, sem se debruçarem sobre a análise e compreensão dos respetivos benefícios
e insuficiências. Apesar de alguns esforços na conceção de modelos de avaliação dos OP,
a realidade mostra que essa não tem sido uma prioridade para as entidades promotoras
destes processos.
Adicionalmente, um pouco por todo o mundo, foi possível identificar projetos resultantes
de orçamentos participativos em pleno funcionamento durante a pandemia, como
32
centros, espaços e outras estruturas comunitárias a funcionar como unidades locais de
suporte às populações mais frágeis e afetadas pelas medidas de confinamento e de fecho
das atividades económicas. Muitos destes projetos estiveram ao serviço das populações,
por vezes reorganizando o seu funcionamento para que fosse possível garantir a
distribuição de máscaras faciais, álcool gel e alimentos, promover ações de informação
e prevenção dos contágios, bem como funcionar como locais de acolhimento de pessoas
sujeitas à situação de quarentena forçada. Estes são apenas alguns exemplos de projetos
OP, muitas vezes dinamizados por grupos de voluntários, que não pararam durante a fase
mais agressiva da pandemia.
A dinâmica exposta é também ela de participação, mas a sua leitura acontece fora do OP, o que
enfraquece estes processos, justificando, uma vez mais, a importância do ciclo de gestão.
Parece evidente que um OP percecionado desta forma, mais ampla e completa, poderá ser
um contributo para o reforço da sua sustentabilidade. O que está em causa é robustecer
a visão sistémica destas iniciativas, dando-lhes outro alcance e amplitude, na medida
em que se passa a contemplar não apenas o que se decide e executa no interior destas
iniciativas, mas também os efeitos dos investimentos realizados nas comunidades que
desses beneficiam.
Esta leitura do OP tem o mérito de fundir num único processo diversas manifestações de
participação, das mais institucionais e formais, às mais comunitárias e espontâneas.
De modo a contribuir para a construção de uma conceção mais ampla e ambiciosa dos
orçamentos participativos, apresenta-se de seguida uma proposta de roteiro para um
processo composto por três ciclos.
- Preparação de cada edição do OP, com a definição/ revisão da metodologia e das normas
de funcionamento do processo, capacitação da equipa promotora e da cidadania, decisão
do valor orçamental a alocar à iniciativa e divulgação junto da comunidade;
- Apresentação de propostas por parte dos cidadãos;
- Análise técnica para verificar a viabilidade dos investimentos apresentados;
- Votação dos projetos finalistas para decisão dos que serão executados com o valor
alocado ao OP;
- Orçamentação dos projetos mais votados no orçamento para o ano seguinte.
33
C IC LO 2 – IMPLEME NTAR OS PROJETOS VE NC E DORES
Este consiste, grosso modo, nas fases que se apresentam de seguida, devendo cada uma delas
ser ajustada à natureza dos investimentos a executar:
- Definição do pré-projecto, que consiste numa descrição genérica dos objetivos, dos
conteúdos e das condicionantes das ações a realizar;
- Elaboração do projeto de execução, que deve contemplar os detalhes e as especialidades
envolvidas na implementação;
- Execução dos investimentos aprovados, podendo essa ser assegurada por via dos
mecanismos de administração direta, contratação pública, parcerias comunitárias ou
outros previstos no quadro legal de cada país;
- Entrega à população, que corresponde à inauguração de cada projeto e ao início do usufruto
do mesmo por parte das pessoas beneficiárias.
- Pública, assumida pelo órgão de governo mais próximo ou que promove o processo;
- Comunitária, atribuída às pessoas que desse vão beneficiar ou suas organizações
sociais representativas,
- Mista, assegurada em simultâneo pelo poder público e pela comunidade.
34
Figura 1 - Ciclos do Orçamento Participativo
- Preparação;
- Apresentação de propostas;
DECIDIR - Análise técnica;
- Votação dos projetos finalistas;
- Orçamentação.
- Definição de pré-projecto;
- Elaboração do projeto de execução;
IMPLEMENTAR
- Execução do investimento aprovado;
- Entrega à comunidade.
- Funcionamento e manutenção;
GERIR
- Avaliação.
A inexistência formal deste terceiro ciclo nos orçamentos participativos tende a dificultar
a criação de um sistema de informação sobre o processo, inviabilizando, não raras
vezes, a compreensão sobre a forma como é gerido e os benefícios que acarreta para as
comunidades envolvidas.
Adicionalmente, o que se propõe com esta edição do Atlas é uma revisitação do conceito de
OP. Esse continua a perpetuar a noção de que este é um processo promovido por órgãos de
governação territorial do estado, nas suas diferentes escalas, com preponderância para as
autoridades locais. É hoje evidente que os orçamentos participativos não são matéria da
exclusiva competência dos governos públicos, nem é desejável que o sejam.
A realidade tem vindo a confrontar a comunidade internacional com a emergência de um leque
muito variado de atores institucionais, do estado, do mercado e da comunidade, apostados no
desenvolvimento de iniciativas de OP.
35
- Desenvolver uma democracia de alta intensidade;
- Alocar recursos de uma entidade ou território para que uma comunidade de seres
humanos possa debater e decidir livremente as suas prioridades;
- Garantir a cabal execução das deliberações dos participantes.
Estes princípios são igualmente válidos para orçamentos participativos promovidos por
governos locais, regionais e nacionais, como por colégios, escolas e universidades, associações,
empresas e corporações, estabelecimentos prisionais ou quaisquer outros tipos de entidades
formais e informais.
A democracia não é propriedade dos governos; a democracia participativa não pode ser um
exclusivo dos eleitos. Afirmar e alimentar o contrário é contribuir para reduzir o espectro
da participação. O que o mundo mais precisa, no momento em que os regimes autocráticos
crescem e se tornam maioritários, é de uma proliferação e multiplicação de esferas e
instâncias de sociabilização e exercício da democracia, pelo que acantonar o OP no “quintal das
autoridades públicas” é um erro crasso.
Esta é a razão pela qual, o conceito de orçamento participativo proposto pelo Atlas é bastante
mais alargado, pelo que se recomenda a leitura do mesmo no capítulo referente à metodologia.
Trata-se, no essencial, de formalizar uma visão que para muitos é uma evidência assumida
quotidianamente. A viagem do OP pelo mundo fez-se através da multiplicação das experiências,
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
mas também da diversificação dos modelos e dos atores implicados neste fenómeno. Isto não é
uma degeneração ou fragilidade do processo, mas antes uma oportunidade de democratização
progressiva de múltiplas esferas da vida em comunidade.
36
LEGISLAÇÕES SOBRE
ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS –
EM BUSCA DOS EQUILÍBRIOS
- Uma, que se pode designar de apologista, tende a defender a adoção de legislação como
via para a sustentabilidade ou salvaguarda dos processos para além dos ciclos políticos
e eleitorais. Os defensores deste posicionamento olham para o ato legislativo como
uma necessidade, na medida em que esse cria a obrigação legal dos eleitos de promover
a participação, impedindo a suspensão dos orçamentos participativos, ou pelo menos
criando um dispositivo que simultaneamente os defenda e legitime a ação reivindicativa
da cidadania;
- Outra, que se pode classificar de cética, tende a olhar para a legislação como um
mecanismo de “castração” da inovação, ou, por outras palavras, de padronização dos
processos, que pode conduzir os orçamentos participativos a um mero procedimento
administrativo, sem que sejam assegurados parâmetros mínimos de liberdade de
participação e de qualidade deliberativa.
Ambas as abordagens pecam pela rigidez dos respetivos posicionamentos e pela incapacidade
de encontrar uma via mais equilibrada e flexível. A realidade tende, aliás, a contrariar ambas
as posturas, na medida em que qualquer generalização apologista ou cética é caminho errado
para discutir o mérito e os limites da institucionalização dos orçamentos participativos.
De acordo com um processo de auscultação ativa levado a cabo em diferentes fóruns de debate,
ao longo dos últimos anos, sintetiza-se na tabela seguinte alguns dos argumentos a favor e
contra as legislações sobre os orçamentos participativos.
37
Tabela 5 - Vantagens, potencialidade, desvantagens e limites das legislações de OP
- Permite que o processo ganhe uma legitimidade - Tende a padronizar com valores reduzidos os
partilhada entre a população e a administração; montantes orçamentais a destinar aos processos;
- Implica a criação de espaços de participação em - Tem como consequência a “atomização dos
locais onde esses por vezes nunca existiram; investimentos”, pelos pequenos orçamentos
- Cria uma rotina nas instituições, que permite disponibilizados, excluindo o debate sobre
assegurar maior sustentabilidade do OP para os problemas e os projetos estruturais para o
além dos ciclos políticos e eleitorais; território;
- Estabelece e clarifica as regras do processo, - Pode contribuir para que o orçamento
proporcionando aos cidadãos um elemento de participativo que se transforme num mero
regulação pública. procedimento, vazio e inconsequente;
- Muito vaga ou excessivamente rígida tende a
limitar a capacidade de inovação das iniciativas;
- Que não prevê penalizações políticas e/ou
administrativas para os incumpridores, é uma
lei estéril ou inútil.
A realidade confronta-nos hoje, cerca de 32 anos depois das primeiras iniciativas, com o facto da
maioria dos orçamentos participativos no mundo ser respaldada pela imposição de leis nacionais,
facto que apenas se tornou evidente com a publicação da primeira edição do Atlas, em 2019. Isto
significa que o debate não pode continuar a ser efetuado entre os opostos: a apologia e o ceticismo.
O caminho de virtude deve ser o da reflexão sobre as melhores abordagens a adotar para a
definição de leis que enquadram e regulam o desenvolvimento e a avaliação dos orçamentos
participativos, assegurando o equilíbrio entre a normatividade e a inovação, impedindo, assim,
que a primeira represente a condenação da segunda.
1. Evitar a excessiva rigidez dos normativos legais, como forma de valorizar e incentivar a
capacidade de inovação dos que pretendem levar a cabo a iniciativa de forma distintiva11;
2. Assegurar a total e inequívoca liberdade de participação e a capacidade deliberativa
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
das populações;
3. Garantir o caráter vinculativo das decisões dos cidadãos, o mesmo é dizer, certificar que os
governos executam as prioridades definidas no âmbito do processo participativo;
4. Definir requisitos mínimos substantivos e não meramente simbólicos para que a prática
possa ser classificada como orçamento participativo;
11
Basta verificar o que aconteceu durante a pandemia em países com legislações nacionais que tornam
obrigatório o orçamento participativo. As mais rígidas, que tendem a padronizar os processos, não previam a
possibilidade do exercício da participação se concretizar por intermédio de canais virtuais. Isto ditou, em muitas
situações, a impossibilidade de adaptar as metodologias, determinando, assim, a suspensão das iniciativas.
38
5. Prever penalizações para as administrações que não cumprem com as disposições
legais definidas;
6. Criar mecanismos de transparência na gestão de todo o processo;
7. Prever a existência de instâncias independentes de monitorização e avaliação.
Adicionalmente, a criação de uma lei com estes propósitos deve ser acompanhada de duas
ferramentas de suporte, nomeadamente:
E NTE NDE R OS TIPOS DE LE IS VIGE NTES NO MUNDO DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
_
Efetuada a análise detalhada dos conteúdos e dos propósitos de todos os normativos legais
sinalizados na anterior e na presente edição deste Atlas, é possível afirmar que existem quatro
tipos de leis nacionais de orçamento participativo12:
12
Estão excluídas desta análise as regulamentações locais e regionais existentes em diversos países.
13
Este valor percentual contempla apenas 8 dos 10 países sinalizados, excluindo destes cálculos Angola e
Cazaquistão. O primeiro deve-se ao facto da legislação em apreço não ter ainda produzido os resultados esperados,
o que aconselha à não contabilização de todos os governos municipais do país. O segundo prende-se com o facto
de a legislação ter entrado em vigor em data posterior à recolha dos dados estatísticos da presente edição do
Atlas. A contabilização dos governos locais do Cazaquistão, sujeitos à obrigatoriedade do OP, implicará, de forma
imediata: i) um crescimento de cerca de 20% do número total de processos no mundo; ii) a mais do que duplicação
do número de iniciativas no continente asiático, passando este a ser o segundo em número de casos, depois da
Europa; iii) o aumento dos OP baseados em leis nacionais para mais de 70% do total mundial.
14
Em particular aos desenvolvimentos legislativos despoletados em 2018, que preveem a obrigatoriedade do
Orçamento Participativo para mais de 60 cidades polacas.
15
Apesar dos esforços desenvolvidos, não foi possível obter elementos oficiais sobre os orçamentos participativos
no Panamá. Este foi o terceiro país latino-americano e o segundo da América Central a legislar sobre o assunto, em
2009, no quadro da descentralização, prevendo a obrigatoriedade das Juntas Comunais uma forma de conselho
comunitário de assegurarem o orçamento participativo.
16
A legislação de Portugal define a obrigatoriedade de implementação do OP por parte de todas as escolas públicas
do terceiro ciclo de ensino e do nível secundário, diferenciando-se, assim, das restantes, que como ficou claro se
destinam a governos locais e/ou regionais.
17
O Decreto Presidencial n.o 235/19 de 22 de julho estabelece a obrigatoriedade do OP por parte dos municípios
e demais entidades administrativas equiparadas, embora se tenham vindo a verificar dificuldades diversas na
efetivação do determinado.
18
O Cazaquistão adotou uma legislação nacional, em 2020, que torna obrigatória a adoção do orçamento
participativo por parte dos mais de 2 mil governos locais.
39
verificáveis em cinco países, em concreto no Burquina Faso, nos Camarões, na Colômbia, na
Eslovénia e no Quénia. De acordo com uma análise de caráter mais estatístico, a existência
destas leis não teve um impacto significativo na emergência e na multiplicação dos orçamentos
participativos, na medida em que apenas 14% do total de governos ou autoridades locais destes
países se encontram implicados nestas dinâmicas. Em síntese, as leis de enquadramento
permitem a criação destes processos, mas não constituem um estímulo político efetivo;
- Lei híbrida, assim classificada pela dupla face do normativo criado pela Federação Russa.
Trata-se, por um lado, de uma lei de enquadramento ou suporte, pelo facto de dar cobertura legal
aos municípios interessados na adoção do orçamento participativo. Por outro lado, o mesmo
articulado legal define a obrigatoriedade da implementação do processo caso esse venha a ser
exigido por um grupo de pelo menos 10 cidadãos. O Estado optou, assim, por transferir para a
população o poder de obrigar os municípios a adotarem o orçamento participativo, constituindo-
se, seguramente, como a principal inovação legislativa sobre esta matéria, a merecer particular
atenção para que seja possível compreender a efetividade deste poder dos cidadãos e os impactos
que esta medida poderá ter no desenvolvimento dos processos.
Expressivo. Representam
Peru, República Dominicana,
cerca de 65% dos orçamentos
Panamá, Equador, Indonésia,
Lei de obrigatoriedade participativos no Mundo,
Polónia, Coreia do Sul, Portugal,
com claras perspetivas de
Angola e Cazaquistão.
crescimento.
283 experiências.
40
Outro aspeto que merece atenção é a distribuição destas iniciativas legislativas em função dos
regimes políticos que as promovem, permitindo concluir que das 16 leis nacionais existentes:
Estes dados são um pouco voláteis, na medida em que os regimes não são estanques, podendo
evoluir ou regredir. É o exemplo de Portugal que de 2019 para 2020 transitou do grupo das
democracias imperfeitas para as consideradas perfeitas, alterando circunstancialmente os
dados destes regimes e os do Atlas também.
Autoritário Camarões
41
ANÁLISE DOS QUADROS NORMATIVOS HÍBRIDO E DE E NQUADR AME NTO/SUPORTE
_
Em complemento à análise efetuada no Atlas Mundial de 2019, dedicada às leis de caráter
obrigatório, privilegia-se na presente edição uma apresentação mais detalhada das leis de
enquadramento ou suporte, bem como da lei híbrida.
BURQUINA FASO
A lei de 2004, sobre o Código Geral das Autoridades Locais, cria o quadro legal para o
desenvolvimento do OP no Burquina Faso, embora sem qualquer referência explícita ao tema.
O projeto de revisão desta lei, ainda não adotado, dará lugar de destaque à elaboração do
orçamento participativo.
CAMARÕES
A constituição e os textos de descentralização fornecem um quadro legal para a execução do
orçamento participativo. Em particular, na sequência da promulgação da Lei 2019/024 de 24 de
dezembro de 2019, referente ao Código Geral das Coletividades Territoriais Descentralizadas.
Este refere na alínea 4, do Artigo 386, que “o orçamento [das referidas coletividades] é elaborado
e controlado de forma participativa, com vista a ter em conta as necessidades expressas e as
sugestões feitas pela população”.
Não se trata de uma lei específica e explícita no que concerne ao orçamento participativo, mas
define a obrigatoriedade da participação da população na elaboração e no controlo do orçamento
das coletividades territoriais, sem, no entanto, qualquer tipo de orientação ou concretização
do ponto de vista operacional. Esta abertura legislativa tem sido aproveitada para suportar a
adoção do orçamento participativo num número considerável de governos locais, bem como o
subsequente aprofundamento do quadro legal. Uma parceria composta pelo Programme National
de Gouvernance, a Association des Amoureux du Livre (ASSOAL) e a Alliance Camerounaise du
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
Budget Participatif et la Finance Locale (ACBP-FL) está a trabalhar na elaboração de uma proposta
de textos de execução para o orçamento participativo nos Camarões.
COLÔMBIA
O planeamento e a orçamentação participativos são processos eminentemente locais, seja a
nível departamental ou municipal, que estão contidos nos regulamentos nacionais,
especificamente na Lei 152 de 1994, Lei 1551 de 2012 e Lei 1757 de 2015.
A Lei 152 de 1994, pela qual se estabelece a Lei Orgânica do Plano de Desenvolvimento, define
o conteúdo dos planos; os tempos para a sua apresentação, discussão e aprovação; e cria o
42
Conselho Nacional de Planeamento e os Conselhos Territoriais de Planeamento, instâncias de
participação dos cidadãos, que devem emitir pareceres sobre os planos de desenvolvimento
antes da sua apresentação ao Congresso, Assembleia Departamental ou Conselho Municipal, e
fazer relatórios anuais de acompanhamento.
A Lei 1551 de 2012, pela qual são emitidas as normas para a modernização, a organização
e o funcionamento dos municípios, estabelece que os Conselhos Municipais ou Distritais
podem implementar o orçamento participativo, para permitir a decisão dos cidadãos sobre
a alocação de uma percentagem do orçamento municipal, atribuída às respetivas comunas,
corregimentos e localidades, respeitando as normas e disposições nacionais e municipais que
regem o exercício do planeamento, orçamentação e contratação, em conformidade com o
Plano de Desenvolvimento Municipal (art. 40o).
A Lei 1757 de 2015, pela qual são emitidas disposições sobre a promoção e a proteção do
direito à participação democrática, fornece uma definição de orçamento participativo, sua
finalidade, objetivo e mecanismos de controlo (arts. 32, 40 e 43). Afirma ainda que os governos
das entidades territoriais, previstos na Constituição e na lei, podem realizar exercícios
orçamentais participativos, nos quais a orientação de uma percentagem do rendimento
municipal é definida de forma participativa, em conformidade com os objetivos e metas do
Plano de Desenvolvimento (art. 100).
É importante salientar que a reforma da Lei 152 de 1994 não foi levada a cabo, conforme
estabelecido no número 2.2.6. do Acordo Final para a Resolução do Conflito e a Construção
de uma Paz Estável e Duradoura, que indicava cinco questões sobre as quais são necessários
progressos para promover o planeamento e a orçamentação participativos:
ESLOVÉ NIA
A lei EVA 2016-3130-0016 primeira leitura que altera e completa o Ato de Autogoverno Local,
contempla, em termos de fundamentação, uma análise sobre o desenvolvimento do orçamento
participativo a nível internacional, com enfoque particular nos casos da França, da Bélgica e
da Alemanha. O legislador esloveno fundamenta que, de acordo com as boas práticas tidas em
43
consideração, a regulamentação detalhada deste tipo de processo deve ocorrer sobretudo a
nível local, excluindo, assim, a definição de uma legislação nacional mais precisa sobre o tema.
Apesar desta opção, a referida lei, no seu artigo 6 acrescenta alguns elementos pouco comuns,
nomeadamente: i) cria uma quadro nacional aplicável a todos os governos locais; ii) elogia o
orçamento participativo enquanto mecanismo simples e eficaz para promover a participação;
iii) recomenda a criação de regulamentação local decreto orçamental por parte dos municípios
interessados na sua implementação; iv) clarifica que o processo deve decorrer a tempo de
incluir as decisões dos cidadãos no orçamento municipal.
FE DE R AÇÃO RUSSA
O Governo da Federação Russa adotou, em 20 de julho de 2020, um quadro legislativo nacional
para promover o desenvolvimento e o reforço dos processos de orçamento participativo nas
regiões e municípios do país.
- Na Lei n 131-FZ, em particular nos Artigos 26 e 56, por forma a inserir o termo “projeto de
iniciativa”, delinear os mecanismos e procedimentos para a apresentação, discussão e
seleção desses projetos a nível municipal e fornecer orientações sobre o cofinanciamento
(como opcional) por parte da população e das empresas locais. É importante realçar que
os municípios e as regiões dispõem de uma flexibilidade considerável na seleção dos
mecanismos de conceção e implementação;
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
De acordo com a nova legislação, o Ministério das Finanças da Federação Russa está habilitado
a prestar apoio metodológico ao planeamento e execução das despesas dos orçamentos dos
19
Termo utilizado na Federação Russa como alterativa ao orçamento participativo.
44
governos locais, a fim de apoiar a implementação dos “projetos de iniciativa”, bem como a
promover formação para os governos locais sobre o orçamento participativo.
QUÉ NIA
A Constituição do Quénia de 2010 e o quadro jurídico de apoio à descentralização colocam
forte ênfase na participação pública, na transparência e na responsabilidade como formas
de melhorar a eficiência, a equidade e a capacidade da prestação de serviços das autoridades
locais. O quadro de descentralização contém múltiplas disposições que exigem que os governos
dos condados disponibilizem informação ao público e consultem os cidadãos nos exercícios
de planeamento, orçamentação e monitorização da sua ação. Ganham particular relevo neste
âmbito a Lei do Governo do Condado, de 2012 (The County Governments Act), a Lei de Gestão
das Finanças Públicas, de 2012 (The Public Finance Management Act), a Lei das Cidades e Áreas
Urbanas, de 2011 e revista em 2012, (Urban Areas and Cities Act), a Lei de Acesso à Informação,
de 2016 (The Access to Information Act).
Todas destacam e apoiam formas de participação cidadã, entre as quais as que têm incidência
no orçamento, sem que recorram ao conceito de “orçamento participativo”. São disto exemplo
os “fóruns de preparação e validação do orçamento”, previstos no Artigo 91, da County
Government Act. A regulação não é detalhada, embora estabeleça algumas ações obrigatórias,
como por exemplo, o dever de publicitar o processo participativo nos órgãos de comunicação
com maior alcance em cada condado, entre os quais as estações de televisão, centros de
tecnologias de informação e comunicação, sítios web, rádios comunitárias, reuniões públicas e
meios de comunicação tradicionais (Artigo 950).
20
OMOLO, Annette, MACPHAIL, Bruce e WANJIRU, Rose (2017) Inclusive and Effective Citizen Engagement
Participatory Budgeting in Makueni and West Pokot Counties, World Bank Group..
45
Tabela 8 - Síntese das legislações nacionais de enquadramento/suporte e híbridas
46
Nível de governo a que se dirige Nível de detalhe da lei Tipo
Governos locais Trata-se de uma lei generalista, que utiliza o termo Regime financeiro e contabilístico das autoridades
orçamento participativo, prevê a sua possibilidade, locais.
mas não define qualquer orientação em termos de
execução.
Governos locais (coletividades territoriais Trata-se de uma lei generalista, que refere a Código que regula a atuação das coletividades
descentralizadas) obrigatoriedade das coletividades territoriais territoriais descentralizadas.
(governos locais) de promoverem a participação da
população na elaboração e no controlo do orçamento,
sem utilizar o termo orçamento participativo e sem
especificar ou fornecer orientações precisas sobre a
metodologia a adotar.
Governos locais Trata-se de uma lei generalista, que utiliza o termo Normas para modernizar a organização e o
orçamento participativo, prevê a sua possibilidade funcionamento dos municípios.
e define que a sua execução deverá ser efetuada em
articulação com instrumentos de planeamento local.
Governos locais Trata-se de uma lei generalista, que utiliza o termo Lei que altera e completa o ato de autogoverno local
orçamento participativo e prevê a sua possibilidade.
Adicionalmente: i) elogia o OP, enquanto mecanismo
simples e eficaz, e recomenda a criação de
regulamentação local decreto orçamental por parte
dos municípios interessados na sua implementação;
ii) não prescreve a proporção do orçamento que deve
ser destinada OP, nem a forma como os residentes
devem participar na decisão, mas recomenda que o
processo deve decorrer a tempo de incluir as decisões
dos cidadãos no orçamento municipal.
Inclui um preâmbulo uma descrição do orçamento
participativo, enquanto método de governação, e
analisa a forma como este processo foi adotado em
três países europeus, nomeadamente a França, a
Bélgica e a Alemanha.
Governos locais e governos regionais Trata-se de uma legislação híbrida, de caraterísticas A nova legislação introduz alterações ao Código
únicas no planeta, que fornece um quadro de regulação Orçamental da Federação Russa e à Lei Nacional
de dupla face: i) torna o processo participativo sobre Autogovernação.
facultativo para municípios e regiões, que podem por
sua iniciativa aprovar atos jurídicos regulamentares
próprios para a implementação deste tipo de
iniciativas; ii) torna o processo obrigatório caso um
grupo de pelo menos 10 cidadãos assim o requeira junto
do órgão representativo do governo local.
Governos locais (Condados) Trata-se de uma lei generalista, que prevê diferentes Quadro legislativo relacionado com as competências
formas de participação cidadã, entre as quais os e a gestão financeira dos condados e das áreas
“fóruns de preparação e validação do orçamento”, urbanas do país.
sem, no entanto, recorrer ao termo orçamento
participativo. Esta abertura legislativa tem sido
aproveitada por várias autoridades locais para
suportar legalmente a implementação do OP. Trata-se
de um processo facultativo, que quando adotado
deve obedecer a algumas regras, entre as quais a
publicitação junto da comunidade, com recurso a
diferentes formas e meios de comunicação.
47
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
48
A VIAGEM DOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS NO MUNDO
ANÁLISE DOS FLUXOS E CONSTRUÇÃO DE MAPAS DE INFLUÊ NC IAS
_
O orçamento participativo está envolvido numa ampla e complexa rede de movimentos
transnacionais, construída ao longo de mais de três décadas e composta por milhares de atores
e locais espalhados pelo mundo. São inúmeras as trajetórias percorridas por estas práticas,
tornando inviável qualquer ambição de as detalhar de forma minuciosa e exaustiva. Além de
estabelecer caminhos, as conexões impulsionadas pelo OP refletem também um cenário de
fluxos de modelos e ideias entre distintos territórios e culturas.
Conscientes das limitações expostas, o exercício proposto neste Atlas consiste na criação de ‘mapas
de influências’, que procuram representar a circulação mundial dos orçamentos participativos
em diferentes temporalidades, analisando os países que serviram de inspiração para outros
idealizarem as suas primeiras iniciativas, bem como as relações existentes entre eles. O objetivo é
revelar as localizações ou polos mais influentes e as relações que se formaram ao seu redor.
A rede exposta é composta por 47 países e 66 relações. Trata-se de uma ‘estrutura’ bem conectada,
que expõe três dinâmicas em destaque, lideradas pelo Brasil, por Portugal e pela Polónia,
merecendo ainda uma referência os casos dos Estados Unidos da América e da Espanha.
O mapa de fluxos que surge a partir do Brasil revela uma rede densa, conectada e diversa.
Ainda que o país tenha tido uma maior expressão, enquanto ‘território exportador’, no início
do processo de difusão do orçamento participativo (anos 90 e 2000), observa-se pelas conexões
que a influência brasileira ainda permanece.
Em meados da década de 1990, a maioria dos países inspirados pelo ‘modelo brasileiro’ localizava-se
na América do Sul, como Uruguai, Chile, Colômbia, Argentina, entre outros. Estes aproveitaram
a proximidade geográfica, bem como as relações existentes entre partidos de esquerda que
governavam diversas cidades sul-americanas para a transferência desta política de governação
49
local. Sobretudo a partir de 2000, o modelo de Porto Alegre começou a alcançar outros continentes,
com o impulso do Fórum Social Mundial, alcançando países como Portugal, Espanha, Inglaterra,
China, entre outros. Esse foi o período de grande difusão do OP a nível global.
O ‘fluxo Brasil-mundo’, o mais denso em cerca de trinta anos de OP, decaiu ao longo da última
década, acompanhando no essencial a dinâmica de quebra dos orçamentos participativos no país
e em particular em Porto Alegre. Este mantém-se como uma referência histórica indiscutível,
embora cada vez menos como uma fonte de replicação na atualidade. Para isto muito contribuem
três fatores: i) o conhecimento cada vez mais vasto de algumas insuficiências metodológicas do
processo e dos seus efeitos indesejados, sobretudo a nível político; ii) a prática extinção do OP na
capital gaúcha, o que torna difícil encontrar interlocutores na Administração que respondam
ativamente pela promoção local e internacional da iniciativa; iii) a emergência de outras boas
referências de OP no mundo, mais acessíveis e melhor conectadas com o norte do planeta, onde
se concentram na atualidade a maior parte das experiências ativas.
Uma menor adesão ao modelo brasileiro não significa que o OP parou de se mover. Pelo
contrário, a circulação continuou de forma intensa e em outras escalas, mas a partir de
novas referências ou modelos. Diversos países que implementaram suas experiências e
as transformaram à luz das realidades locais, passaram a ser considerados como polos de
inovação e de boas-práticas no universo dos orçamentos participativos, constituindo-se como
os ‘novos exportadores’ destes processos, como é o caso de Portugal.
Os fluxos a partir de Portugal resultam numa rede mais concisa do que a brasileira, porém,
igualmente diversa, com presença em diferentes continentes. Por outro lado, não se notam
muitas conexões entre os países, exceto as relações intermediadas pelo Brasil.
A influência de Portugal fez-se sentir sobretudo a partir de 2007, depois do próprio país ter vivido
um período interno de adesão às iniciativas consultivas e destas terem fracassado diante da
afirmação de processos mais elaborados e consistentes de deliberação pública. Essa transformação
exigiu tempo para a consolidação de modelos específicos do território e para a emergência de boas
práticas locais, entre as quais se têm destacado a nível internacional Lisboa e Cascais21.
Entre os autores do Atlas, existem menções ao facto do ‘OP português’ se ter constituído como
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
uma referência para experiências desenvolvidas em Cabo Verde, Moçambique, Federação Russa,
França, Croácia, República Checa, Colômbia, México, Egito, entre outros. Neste grupo encontram-
se países que buscaram nas iniciativas lusas inspiração para os seus primeiros processos de OP
ou para uma renovação de experiências em curso. Este segundo grupo refere-se, no essencial, a
práticas que recorreram numa primeira fase da sua existência ao modelo de Porto Alegre e que
mais tarde procuraram em Portugal a fonte para uma revisão das metodologias.
Este último aspeto é relevante, na medida em que permite densificar um pouco a reflexão
entre as disseminações efetuadas a partir do Brasil e de Portugal. A enorme procura
internacional sobre a experiência de Porto Alegre foi gerida pela Prefeitura e por outros
atores sociais, pelo menos durante um período, como um serviço de apresentação do seu
21
Estas são as duas iniciativas identificadas pela rede de autores do Atlas, em particular nos países que afirmam
ter encontrado em Portugal a sua fonte de inspiração para a adoção do orçamento participativo.
50
processo, o que é natural, na medida em que não existiam outras referências fortes no
mundo. A ‘exportação do orçamento participativo’ foi, assim, assumida como a transferência
do desenho metodológico do OP de Porto Alegre, sem uma reflexão sobre as fragilidades que
o mesmo evidenciava a nível local e sem incorporar possíveis variantes no modelo. Esta
abordagem de transferência de política, gerou, por um lado, uma capacidade de disseminação
rápida do instrumento pelo mundo, mas, por outro, o insucesso de algumas experiências que
se limitaram a incorporar localmente e de forma pouco apropriada o referencial brasileiro.
No caso da Polónia, os fluxos expandem-se sobretudo para quatro países, entre os quais
também se estabelecem relações de influência no âmbito do OP. Apesar de ser uma rede pouco
diversa, os Estados que a compõem destacam-se pelos vínculos geográficos e históricos e por
uma intermediação institucional, a cargo da Fundação designada “Fundo de Solidariedade PL”.
Essa foi criada em 2001, por iniciativa do Presidente da República da Polónia, e visa promover
a cooperação internacional em domínios como as transformações democráticas, a boa
governação, o reforço da sociedade civil, a promoção dos direitos humanos, o fomento
da democracia local, entre outros. A entidade tem como foco de intervenção os países da
chamada “parceria oriental”, entre os quais vigoram os indicados no mapa de fluxos.
Adicionalmente, merecem ainda destaque os mapas de fluxos gerados em torno dos Estados
Unidos da América e da Espanha. Em nenhum dos casos se verifica um padrão de influência
regular ou consistente. Ambas as situações parecem resultar sobretudo de relações pontuais
de colaboração, fruto das interações internacionais estabelecidas através de eventos
temáticos como conferências, seminários e encontros diversos bem como de visitas de
estudo. Neste último ponto, destacam-se a Suécia e a Federação Russa pelo significativo
investimento realizado na formação das suas equipas e na busca de boas práticas em
diferentes países, razão pela qual estão presentes em vários dos mapas de influência
expostos, como tendo beneficiado de diversas fontes de aprendizagem.
O caso dos Estados Unidos da América merece uma referência particular, por se destacar como
uma ‘influência tardia’ no universo dos orçamentos participativos, muito vinculada a algumas
abordagens metodológicas para promover a participação de públicos sub-representados em
grandes cidades. Não se trata, por isso, da ‘exportação’ de um modelo global de orçamento
participativo, mas da ‘transferência’ de algumas particularidades no processo.
51
Figura 6 - Mapa de fluxos tendo a EUA como polo de influência
(pág.58)
transferência de
política.
52
MAPAS
DE FLUXO
53
Figura 2 - Mapa global de fluxos
IRLANDA
DO NORTE
NIGÉRIA
ESCÓCIA
INGLATERRA E
PAÍS DE GALES
ISLÂNDIA
ESTÓNIA
PERÚ URUGUAI
ARGENTINA
ESLOVÉNIA
CHILE
REPÚBLICA
DOMINICANA
NOVA BRASIL
ZELÂNDIA
ALEMANHA
ÍNDIA
FRANÇA
HOLANDA
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
IRLANDA
BÉLGICA
CANADÁ
ALBÂNIA
54
GEÓRGIA ROMÉNIA
UCRÂNIA
MOLDÁVIA
POLÓNIA
MÉXICO
ANGOLA
CABO VERDE
REPÚBLICA
CHECA
EGIPTO
SÃO TOMÉ
E PRÍNCIPE
ESLOVÁQUIA
COREIA
DO SUL
PORTUGAL
RÚSSIA
COLÔMBIA CROÁCIA
CHINA
ESPANHA
TAIWAN
NORUEGA
EUA
SUÉCIA
MOÇAMBIQUE
ITÁLIA
55
Figura 3 - Mapa de fluxos tendo o Brasil como polo de influência
INGLATERRA E CHINA
PAÍS DE GALES ALBÂNIA
ARGENTINA
ÍNDIA
CANADÁ
EUA
ESLOVÁQUIA
CHILE
TAIWAN
IRLANDA
URUGUAI
MOÇAMBIQUE
ESTÓNIA
FRANÇA BRASIL
REPÚBLICA
DOMINICANA
EGIPTO
PORTUGAL
BÉLGICA
ITÁLIA
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
ALEMANHA
MÉXICO
ESPANHA
56
Figura 4 - Mapa de fluxos tendo Portugal como polo de influência
REPÚBLICA
CHECA
SUÉCIA
RÚSSIA
CROÁCIA
SÃO TOMÉ
E PRÍNCIPE
PORTUGAL
COLÔMBIA EGIPTO
ANGOLA
FRANÇA
BRASIL
MOÇAMBIQUE
CABO VERDE
MÉXICO
UCRÂNIA
GEÓRGIA
PORTUGAL
BRASIL
POLÓNIA
ROMÉNIA
REPÚBLICA
CHECA
ESLOVÁQUIA
MOLDÁVIA
57
Figura 6 - Mapa de fluxos tendo a EUA como polo de influência
PORTUGAL
BRASIL
CANADÁ RÚSSIA
SUÉCIA
TAIWAN
USA
CHINA
BRASIL
ATL AS MUNDIAL DOS ORÇAME NTOS PARTIC IPATIVOS
SUÉCIA
ESPANHA
COLÔMBIA
PORTUGAL CROÁCIA
58
ÁFRICA
ICO
ORÇAMENTOS
NT
17
PARTICIPATIVOS
LÂ
AT
ÁFRICA
O
AN
_
OCE
24
9
N
815 *-428 **
O
E
ORÇAME NTOS
PARTIC IPATIVOS
EM ÁFRICA
S
* ANTES DA PANDEMIA 2019
** DURANTE A PANDEMIA 2020
20
5
7
26
10
18
CO
4
DI
14
12 21 ÍN
22
16
O
N
OCEA
6
O
CE
19
ANO
11
ATLÂN
25
23
15
3
TIC
O
13
NÚMEROS DE ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS POR PAÍSES E PERCENTAGENS FACE AO TOTAL DO CONTINENTE AFRICANO
_
1
GUINÉ 2
SENEGAL 3
MADAGÁSCAR 4
CAMARÕES
100 51 50 30
12,27% 6,26% 6,13% 3,68%
5
MALI 6
R. D. DO CONGO 7
NÍGER 8
TUNÍSIA
20 20 18 17
2,45% 2,45% 2,21% 2,09%
9
COSTA DO MARFIM 10
NIGÉRIA 11
ANGOLA 12
BENIM
8 6 5 5
0,98% 0,74% 0,61% 0,61%
13
ÁFRICA DO SUL 14
TOGO 15
ZIMBABUÉ 16
QUÉNIA
4 3 3
0,49% 0,37% 0,37%
17
MARROCOS 18
ETIÓPIA 19
TANZÂNIA
3 2 2
0,37% 0,25% 0,25%
20
EGIPTO 21
UGANDA 22
REP. CONGO
1
0,12%
23
ZÂMBIA
ÍNDICE DE DEMOCRACIA - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS EM ÍNDICE DE PERCEÇÃO DA CORRUPÇÃO - ORÇAMENTOS
ÁFRICA POR REGIME POLÍTICO (Nº. E %) PARTICIPATIVOS EM ÁFRICA POR NÍVEIS DE CORRUPÇÃO (Nº. E %)
_ _
0 38 0 0
0,00% 4,66% 0,00% 0,00%
_ _
MUITO ALTO ALTO 6.1 – 8.0 (MUITO ALTO) 4.1 – 6.0 (ALTO)
0 41 0 788
0,00% 5,03% 0,00% 96,69%
122 652 27 0
14,97% 80,00% 3,31% 0,00%
ÍNDICE DA PAZ - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS EM ÁFRICA POR ÍNDICE DE TERRORISMO - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS EM
NÍVEIS DE PAZ (Nº. E %) ÁFRICA POR NÍVEIS DE TERRORISMO (Nº. E %)
_ _
PA Z TE RRORISMO
0 264 20 241
0,00% 32,39% 2,45% 29,57%
217 263 66 80
26,63% 32,27% 8,10% 9,82%
71 385 23
8,71% 47,24% 2,82%
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Rui Mangovo
ANGOLA
146/180 S/D
ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
77 52
MÉDIO BAIXO 18 18
ÁFRICA
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP orçamento dos cidadãos e do orçamento participativo da
_ Administração Municipal, conforme regulamentado por lei;
Uma vez que o país ainda se encontra a realizar as primeiras 2. Estabelecimento dos Comités de Gestão Técnica (CGT) do
experiências de OP, estas ainda não serviram de referência orçamento participativo;
para outras iniciativas. Internamente, pode ser dito que o 3. Formação de representantes dos cidadãos nas estruturas do
OP tem sido catalisado para resgatar a cidadania e reforçar a OP para melhor entenderem o funcionamento e relevância
democracia participativa no país. desse processo para a governação local;
4. Introdução ao OP em 54 municípios, em 2020, incluindo a
metodologia e o calendário de trabalho.
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
_
Um ano após a aprovação da lei e institucionalização destes
1. OP que foram suspensos: 70%
processos, Angola encontra-se ainda na fase de experimentação
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 30%
dos orçamentos participativos.
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 0%
INFORMAÇÃO ADICIONAL
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
_
_
Este relatório analisa a situação e o progresso da
Como é o caso em todo o mundo, 2020 foi um ano assolado
implementação do OP em Angola, um ano após a aprovação do:
pelo surto do novo coronavírus, que provou ser uma grande
1. Decreto Presidencial n0 234/19 de 22 de julho, que fixa o
ameaça à vida humana e um fator de perturbação global,
valor de 25,000,000 kz, aproximadamente 35,000 euros,
causando uma crise brutal em várias economias. Para Angola,
para o orçamento dos municípios no âmbito dos respetivos
cuja atividade é fortemente dependente das exportações de
orçamentos participativos;
petróleo (cerca de 90% do total de exportações), esta situação
2. Decreto Presidencial n0 235/19 de 22 de julho, que
pareceu ser razão suficiente para o desajustamento dos
institucionaliza o OP nos municípios angolanos, como uma
programas do Executivo, tendo afetado largamente o processo
forma de implicar os cidadãos no processo de tomada de
de implementação do Orçamento Participativo.
decisão e um princípio subjacente ao funcionamento da
Administração Local do Estado.
Para continuar o programa de implementação do OP, o
Estado Angolano decidiu criar uma parceria técnica com
A Associação Presença Cívica de Angola, promotora dos
o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
orçamentos participativos no país, acredita no processo e nas
(PNUD). Nesta perspetiva, as principais tendências do
OP no país, durante este período pandémico, visam
essencialmente o/a:
CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE>
1. Estabelecimento de estruturas locais representativas dos
cidadãos no OP, que irão funcionar nos dois aspetos do
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
1 18 0 0 0
67
ANGOLA
COMUNIDADE
suas qualidades, entre as quais se destaca a emancipação da
cidadania. Por esta razão, no âmbito da responsabilidade social
da entidade, procura promover as iniciativas de participação
direta da população nas decisões económicas, sociais e políticas
no seio das suas comunidades, estabelecendo proximidade entre
CAPITAL POPUL AÇÃO
governo e governados.
LUANDA 31 805 290
Acredita também que com a adoção do OP é possível encorajar
e estimular:
ÍNDIC ES
119 149
AUTORITÁRIO MÉDIO
146/180 S/D
ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
77 52
MÉDIO BAIXO 18 18
ÁFRICA
LUANDA
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
1 18 0 0 0
69
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Jean Pierre Degue e Gervais Loko
BENIM
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
2019 HUMANO 2019 _
97 163 Os processos foram suspensos devido a restrições relacionadas
REGIME HÍBRIDO BAIXO
com a pandemia do novo coronavírus.
80/180 86/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
72 138
ALTO SEM IMPACTO 17 0
ÁFRICA
PORTO - NOVO
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 17
71
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Hermann Doanio e David Jimmy Kere
BURQUINA FASO
LOCALIZAÇÃO
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
Na realidade, estas não se evidenciam. As inovações dizem
sobretudo respeito à organização de debates de política
orçamental ao nível das Autoridades Locais.
INFORMAÇÃO ADICIONAL
_
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO A pandemia Covid-19 levou o governo a adiar a implementação
2019 HUMANO 2019 das novas normas de descentralização, o que deveria ter
112 182 acelerado a adoção do projeto de lei sobre o código geral
REGIME HÍBRIDO BAIXO
das autoridades locais. Este adiamento pode atrasar a
implementação dos regulamentos do OP no Burquina Faso.
85/180 112/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
104 27
MÉDIO MÉDIO 0 0
ÁFRICA
OUAGADOUGOU
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 0
73
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Achille Noupeou
CAMARÕES
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
O orçamento participativo tem experimentado várias inovações
no país. A orientação temática destas iniciativas permitiu
melhorar os processos, ultrapassando algumas fragilidades, que
antes eram minimizadas.
A outra inovação diz respeito ao compromisso dos municípios
em reforçar o sistema de arrecadação de receitas com o
envolvimento da população, bem como a utilização de
ÍNDIC ES
Tecnologias de Informação e Comunicação para:
1. Ampliar a participação;
2. Reforçar a transparência através da plataforma de
visualização do orçamento;
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 3. Melhorar o centro de atendimento dos cidadãos, para
recolha de feedback;
141 150 4. Aprimorar o funcionamento dos observatórios de serviços
AUTORITÁRIO MÉDIO
sociais básicos, para monitorizar as realizações no terreno;
5. Aperfeiçoar a plataforma web SMS para a votação dos
pedidos dos cidadãos, etc.
153/180 98/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
138 15
BAIXO ALTO 87 87
ÁFRICA
YAOUNDÉ
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
19 4 0 0 0
75
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Jean Jacques Yapo e Aman Jean Pierre N’Gbesso
COSTA DO MARFIM
CAPITAL POPUL AÇÃO Lei 2014-451 de 05 de agosto de 2014 sobre a organização geral
YAMOUSSOUKRO 25 716 540 da administração das coletividades territoriais. Título II:
Administração Descentralizada.
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
1. Deliberação sobre a adoção do OP;
106/180 85/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
107 72
MÉDIO BAIXO 20 3
ÁFRICA
YAMOUSSOUKRO
2. Definição de uma parte do orçamento de investimento para conter a propagação da pandemia COVID-19. A maioria dos
municipal atribuído aos OP; fóruns não foi realizada. Contudo, espera-se que com a anulação
3. Utilização das TIC para votação e priorização de projetos das medidas impostas pela pandemia, tais como a proibição
comunitários. do ajuntamento de pessoas e da realização de reuniões, os OP
sejam retomados a breve prazo.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
3 2 6 0 11
77
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Sara Eid
EGIPTO
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
É importante notar que o OP no Egipto se encontra na fase que
se pode designar de mobilização. No entanto, entre as suas
inovações estão:
ÍNDIC ES
106/180 138/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
136 11
BAIXO ALTO 3 22 3
ÁFRICA
de decisão é visto como um instrumento para maximizar IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
a inovação e a participação da população nas decisões do _
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
3 3 0 0 0
79
EGIPTO
ÍNDIC ES
137 122
AUTORITÁRIO ALTO
106/180 138/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
136 11
BAIXO ALTO 3 22 3
ÁFRICA
CAIRO
22
Os processos são desenvolvidos a nível local, nas Províncias de Alexandria,
Sohag e Qena. A coordenação geral é assegurada pelo Governo do Egipto,
representado pelo Ministério das Finanças.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
3 3 0 0 0
81
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por CECIDE - Centro do Comércio Internacional para
GUINÉ o Desenvolvimento
INFORMAÇÃO ADICIONAL
_
A particularidade do OP na Guiné prende-se ao facto de os 5
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
municípios da cidade capital não estarem ainda abrangidos
2019 HUMANO 2019 pelo projeto dos orçamentos participativos. Está prevista a
132 174 criação de uma agência de financiamento para os municípios
AUTORITÁRIO BAIXO de Conakry, que será responsável pela implementação do OP
nesses territórios.
130/180 102/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
100 100
MÉDIO MUITO BAIXO 137 137
ÁFRICA
CONACRI
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 0 23
83
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
MADAGÁSCAR por Herilala Axel Fanomezantsoa
158/180 137/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
55 82
ALTO MUITO BAIXO 120 120
ÁFRICA
ANTANANARIVO
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA nos orçamentos participativos foi totalmente interrompida.
_ As ferramentas digitais podem ser uma solução, mas o país
A prática do OP está ainda na fase inicial em Madagáscar. continua a ter estruturas de acesso à Internet muito fracas,
Com as medidas do confinamento desencadeadas pela particularmente em áreas rurais.
resposta à pandemia, a reunião dos agentes implicados
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 0
85
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
MALI por Aboubacar Sangare
ÍNDIC ES
100 184
REGIME HÍBRIDO BAIXO
130/180 114/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
145 13
BAIXO ALTO 100 100
ÁFRICA
BAMAKO
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
5 0 0 0 0
87
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
MAURITÂNIA por Ibrahima Niang
LOCALIZAÇÃO
ÍNDIC ES
116 161
AUTORITÁRIO BAIXO
137/180 129/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
122 138
BAIXO SEM IMPACTO 0 0
ÁFRICA
NOUAKCHOTT
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 0
89
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Dénice Paulo Jamo
MOÇAMBIQUE
LOCALIZAÇÃO
ÍNDIC ES
120 180
AUTORITÁRIO BAIXO
146/180 120/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
94 25
MÉDIO MÉDIO 0 0
ÁFRICA
MAPUTO
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 0
91
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Zakari Ibrahim
NÍGER
120/180 103/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
126 23
BAIXO MÉDIO 50 50
ÁFRICA
NIAMEY
Contudo, o processo foi dificultado pela fraca mobilização de A abordagem do OP continua a ser a melhor opção na gestão
recursos e pela não concretização das reuniões de prestação dos assuntos públicos aos níveis municipal, regional e
de contas, devido às medidas impostas pelo governo para nacional. No Níger, a implementação do OP está limitada, até
conter a propagação do vírus. agora, a 50 municípios dos 266 existentes no país.
Como resultado, em alguns casos, as reuniões de prestação Com as eleições locais, previstas para o final de 2020, os
de contas foram adiadas e noutros foram realizadas em novos conselhos municipais terão uma profunda necessidade
número reduzido ou através da rádio comunitária. No entanto, de capacitação e o apoio em termos do processo de OP será
com o levantamento da maioria das medidas impostas, tais fortemente solicitado pelos funcionários locais eleitos. Até agora,
como a proibição do ajuntamento de pessoas e da realização o OP continua a ser uma opção adotada apenas a nível municipal.
de encontros, o OP de 2021 não será muito perturbado pela
pandemia, embora se deva reconhecer que muitas pessoas
serão afetadas pela mesma.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 0
93
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Sulaimon Adigun Muse
NIGÉRIA
146/180 115/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
148 3
MUITO BAIXO MUITO ALTO 20 0
ABUJA
ÁFRICA
reservou parcelas específicas da dotação orçamental anual INFORMAÇÃO ADICIONAL
para as associações comunitárias. _
Na Nigéria, existem três níveis de governo, nomeadamente, o
O processo de OP está organizado em torno destas entidades, federal/central, o estadual e o local.
que estão mais próximas das comunidades rurais. Esta lógica Os agentes do orçamento participativo, nomeadamente as
é seguida pelo governo local e governo municipal/estatal. associações comunitárias, estão domiciliadas nos governos
A atribuição de fundos para as várias associações é uma locais, mas o financiamento é efetuado diretamente pelo
prerrogativa do Governo do Estado de Lagos. governo estadual, através do Ministério do Planeamento
Económico e Orçamento.
Através de novas dinâmicas que envolvem a participação
destas entidades comunitárias e da sociedade civil, os cidadãos É de notar, contudo, que as próprias associações estão sob a tutela
tornaram-se mais determinados em redefinir estratégias do Ministério do Desenvolvimento Rural, uma vez que a agenda
orçamentais. Isto é talvez mais importante devido à crescente é melhorar continuadamente os padrões de vida dos cidadãos
incidência da urbanização da pobreza e ao desafio de cumprir os vulneráveis em áreas/comunidades rurais ou locais, a fim de
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. reduzir para o mínimo a dispersão entre o rural e o urbano. No
início de cada ano financeiro, os membros destas associações
O modelo de orçamento participativo do Município de Rosário, identificam as necessidades locais e apresentam as mesmas ao
na Argentina, compara-se favoravelmente com a situação governo local para posterior entrega ao Governo do Estado de
nigeriana. O processo desenvolve-se a partir de reuniões locais, Lagos, o qual aprova e financia as necessidades da população.
sendo posteriormente realizada a reunião do Comité do OP e, por Por vezes, o dinheiro não chega a ser atribuído, mas são enviados
último, a aprovação e implementação fica a cargo do Conselho peritos em diferentes campos para o território a fim de darem
Municipal. A inadequação cabal desta metodologia deve-se resposta às diferentes necessidades.
ao facto de a monitorização ser deixada de fora. É importante
realçar que os encontros públicos do OP na Nigéria são assumidos Muitas comunidades têm beneficiado do fornecimento de
pelas associações de desenvolvimento comunitário. eletricidade, através da instalação de transformadores elétricos.
Zonas rurais têm sido contempladas com a construção de estradas
de ligação às terras agrícolas. Outros locais viram ser instaladas
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP infraestruturas de acesso à água, através de criação de furos.
_ Foram também proporcionadas condições para o funcionamento
1. OP que foram suspensos: 0% de mercados locais de produtos alimentares. Tudo isto tem
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 100% acontecido no âmbito dos processos de orçamento participativo.
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 0%
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 20 20 0 0
95
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Eliza Meriabe
QUÉNIA
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
O sistema de delegados implementado nestes condados é uma
solução desejada para contrariar a fraca representação de alguns
ÍNDIC ES
grupos sociais, que permitirá alargar o espaço de envolvimento
cívico, ao expandir as oportunidades de participação e daí a
necessidade de aceder a informação e mecanismos de feedback e
gestão de reclamações junto das autoridades locais.
A plataforma digital de governação aberta “Embu” foi adotada
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 pelo governo do condado de Embu, em 2019. Essa pretende
promover o acesso à informação, bem como criar um
94 147 mecanismo interativo de interação entre os cidadãos e o governo
REGIME HÍBRIDO MÉDIO
do condado.
137/180 121/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
119 21
BAIXO MÉDIO 5 5
NAIROBI
ÁFRICA
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP abriu-se caminho para a transferência de recursos dos
_ departamentos-chave do governo central/nacional. O país
1. OP que foram suspensos: 70% desenvolveu 47 autoridades locais, designadas de condados,
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 10% que possuem diferentes níveis administrativos, tendo alguns
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 20% adotado o OP.
De acordo com a Lei das Finanças Públicas (2012), é esperado que cada
condado afete, pelo menos, 30% dos seus recursos aos processos
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
_
de desenvolvimento do território, uma parte dos quais deve ser
Os OP têm sido fortemente afetados pela pandemia. Esta atribuída a projetos emblemáticos, que fazem parte do manifesto do
situação forçou algumas autoridades locais e cidadãos a governo, sendo o restante determinado através do OP.
reunirem-se através de plataformas online (condados de O OP tem-se afirmado nestes condados, contudo, a corrupção
Kajiado e de Embu). Embora uma pequena parte tenha continua a ser um problema. Os cidadãos e as redes de base têm
sucedido bem, para a grande maioria registaram-se sido muito instrumentais na exigência de responsabilidades
desafios significativos, especialmente no que diz respeito e transparência através de petições, piquetes e até mesmo da
ao envolvimento da população com poucas competências instauração de processos contenciosos de interesse público contra
tecnológicas ou sem acesso à internet, que acabou por órgãos governativos. Os cidadãos também se auto-organizaram
ficar de fora dos processos. Esta situação abriu também para formar grupos de interessados, assembleias e fóruns de
uma oportunidade para a classe dominante manipular o supervisão voluntária, para exigir maior compromisso social.
resultado dos OP online. A falta de acesso a informação adequada é também outro
Alguns OP conseguiram realizar várias das fases previstas obstáculo ao OP e à participação. Assinala-se igualmente a
no ciclo de participação, mas outros não lograram o mesmo apatia nos casos em que o OP começa com grande velocidade,
resultado, como é o caso do condado de Makueni. mas os funcionários do condado restringem o processo no final,
O condado de Elgeyo Marakwet não foi muito afetado, uma fazendo com que os cidadãos sintam que se trata de um exercício
vez que atribuiu grande prioridade à elaboração do plano proforma, sem uma visão própria e diferenciadora.
anual de desenvolvimento, que teve lugar em agosto de 2019, Face ao exposto, o sucesso do OP no Quénia passa por um conjunto
ou seja, antes do início da pandemia. de fatores, entre os quais: maior organização dos cidadãos; reforço
dos movimentos sociais; incremento da educação cívica/política;
formação de governos mais responsivos e comprometidos;
INFORMAÇÃO ADICIONAL combate à corrupção sistémica; disponibilização atempada de
_ informação à sociedade.
Em 2013, a descentralização foi introduzida no Quénia
depois da promulgação da Constituição de 2010. Assim,
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 0
97
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Godefroid Misenga Milabyo
REPÚBLICA DEMOCRÁTICA
DO CONGO
COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Nas províncias onde o orçamento participativo se encontra
operacional, as Assembleias Provinciais aprovaram decretos
que estabelecem este processo, tendo esses sido promulgados
CAPITAL POPUL AÇÃO pelos respetivos Governadores. Além disso, em cada Entidade
KINSHASA 86 790 570 Territorial Descentralizada (ETD) existem decisões/ordens
tomadas pelas autoridades locais.
ÍNDIC ES
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
_
Os orçamentos participativos continuaram a evoluir através
de um pequeno grupo de membros dos Comités das ETD e das
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
autoridades que os aplicam. Também é expectável que várias
2019 HUMANO 2019 dessas Entidades reduzam o orçamento atribuído aos projetos
166 179 dos cidadãos, uma vez que enfrentam restrições económicas
AUTORITÁRIO BAIXO provocadas pela atual crise sanitária.
168/180 131/153
MUITO ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
155 10
MUITO BAIXO ALTO 51 45
ÁFRICA
KINSHASA
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
2 1 0 0 6
99
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por OBA Denis - Bertrand
REPÚBLICA DO CONGO
165/180 88/153
MUITO ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
121 70
BAIXO BAIXO 2 0
ÁFRICA
BRAZZAVILLE
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 2
101
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Massaugui Ndiaye and Bachir Kanoute
SENEGAL
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
LÍNGUA MOE DA Orçamento participativo destinado a crianças, jovens e
FRANCÊS FRANCO CFA (XOF) alterações climáticas.
66/180 101/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
58 93
ALTO MUITO BAIXO 123 123
ÁFRICA
DAKAR
na prestação de serviços públicos, baseado nos Objetivos 3. Elaboração de guias de formação e manuais adaptados, que
de Desenvolvimento Sustentável. cumprem os objetivos OP;
4. Sistema para medição do desempenho das autoridades
territoriais, a fim de estabelecer uma cultura de serviço
INFORMAÇÃO ADICIONAL público e de promoção do desenvolvimento territorial.
_
1. Divulgação da carta de participação cidadã e tradução da
mesma para línguas nacionais;
2. Partilha de experiências entre orçamentos participativos;
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 1 0 0 0
103
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Sôssô Takougnadi and Eric Ilboudo
TOGO
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 _
A principal inovação no orçamento participativo dos municípios,
126 167 em 2019, diz respeito ao facto de este ir para além da parte do
AUTORITÁRIO BAIXO
investimento, abordando também os aspetos da mobilização
130/180 135/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
108 138
MÉDIO SEM IMPACTO 6 6
ÁFRICA
de receitas e do controlo cidadão da ação pública. A estratégia fornece apoio aos municípios para operacionalizarem
enfatiza metodologias que tendem a otimizar as receitas próprias mecanismos que promovam a participação dos cidadãos nos
das comunas e a monitorização dos investimentos feitos pelos processos municipais de tomada de decisão. Estes são:
governos locais.
1. O Gabinete do Cidadão. Este está previsto no artigo 17, da
Lei n.o 2019-006, que altera a Lei da Descentralização e das
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP Liberdades Locais. Essa estrutura é, por um lado, uma
_ instância de participação e monitorização da ação pública
1. OP que foram suspensos: 80% pelos cidadãos e, por outro, um centro para captar as
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 15% expectativas, preocupações e sugestões das comunidades;
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 5% 2. Os Comités de Controlo das Receitas Comunais (CCR).
São estruturas criadas por decreto, aberto a atores que
participam na mobilização de receitas;
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
3. O Comité de Coordenação Local. É um quadro para o diálogo
_
e intercâmbio entre atores de desenvolvimento agrupados
A preparação dos orçamentos de 2019 e 2020 não foi afetada pela
em quatro categorias o Estado (serviços desconcentrados),
pandemia. Contudo, a implementação dos recursos em 2020
as autoridades locais (a comuna), os prestadores de serviços
e a definição das prioridades para 2021 e anos subsequentes
e os utilizadores (cidadãos). Estes refletem, planeiam e
poderão ser significativamente prejudicadas pela crise
monitorizam o funcionamento e a qualidade dos serviços
emergente. Os primeiros efeitos são a queda das receitas
disponibilizados às comunidades. Em função disso, elaboram
fiscais e não fiscais e, consequentemente, a redução de muitos
propostas à autarquia, que as tem em conta se a sua
investimentos previstos para 2020.
relevância for comprovada. Em suma, é uma ferramenta de
Em 2021 o ciclo do orçamento participativo não será respeitado.
governação técnica e política à disposição dos eleitos locais;
De facto, a limitação imposta pelos regulamentos nacionais
4. O Comité de Desenvolvimento do Bairro. É uma estrutura
do número de pessoas por grupo (50 no máximo) e as medidas
constituída por atores de desenvolvimento de base nos
de distanciamento recomendadas pelo governo tornam
bairros, responsáveis pela disseminação de políticas e
impraticáveis certas fases do OP. Por isso, a enfâse será colocada
implementação e monitorização de ações do executivo
em certos momentos do processo orçamental, de forma a torná-
local. São os verdadeiros agentes de promoção do OP,
los mais participativos. Além disso, os gabinetes dos cidadãos
na medida em que os fóruns públicos são organizados
(organismos municipais de participação) serão mobilizados para
e conduzidos por eles, com o apoio da administração
reforçar o envolvimento das comunidades nesta dinâmica.
comunal. Este comité é criado de acordo com uma ordem
do Ministério responsável pelas organizações de base.
INFORMAÇÃO ADICIONAL
CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >
_
O Programa de Descentralização e Governança Local
(ProDeGoL), implementado pela Cooperação Alemã (GIZ),
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 0
105
TOGO
COMUNIDADE
Os vários atores e quadros de consulta mencionados, em
conjunto com a comuna, os serviços técnicos descentralizados do
estado, o setor privado, a chefia tradicional, as organizações não
governamentais e a população, participam no processo de OP em
fases específicas, para que a contribuição de cada ator seja a ideal.
CAPITAL POPUL AÇÃO
126 167
AUTORITÁRIO BAIXO
130/180 135/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
108 138
MÉDIO SEM IMPACTO 6 6
ÁFRICA
LOME
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 0
107
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Guidara Ahmed and Kouraich Jouahdou
TUNÍSIA
74/180 128/153
BAIXO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
82 51
MÉDIO BAIXO 30 30
TUNES
ÁFRICA
Está também prevista a escolha de rúbricas de participação dos 2. Diagnóstico participativo, que permite estabelecer um
cidadãos que dizem respeito ao reforço da resiliência urbana. plano de investimento de 5 anos;
3. Decisões participativas das Comissões, que permite
o envolvimento dos cidadãos e das associações na
INFORMAÇÃO ADICIONAL programação anual de projetos estruturantes do governo
_ local (cultura, economia, juventude, desporto, etc.).
A Action Associative e o gabinete de peritos Local & Global
desenvolveram 3 mecanismos de participação:
1. Orçamento participativo;
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 0
109
AMÉRICA
CENTRAL E
CARIBE
ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
AMÉRICA CENTR AL
E CARIBE
_
98 *-90 ** N
ORÇAME NTOS
PARTIC IPATIVOS NA
AMÉ RICA C E NTR AL
E CARIBE
O
**
Não foi possível obter dados referentes aos impactos da pandemia dos
orçamentos participativos na Costa Rica, pelo que o número exposto
corresponde integralmente aos OP dominicanos.
CARACTERÍSTICAS DOS TERRITÓRIOS ONDE SE DESENVOLVE A MAIORIA DOS OP NA AMÉRICA CENTRAL E CARIBE
_
DEMOCRACIAS IMPERFEITAS ALTO ÍNDICE DE FELICIDADE
ALTO NÍVEL DE PERCEPÇÃO DA CORRUPÇÃO BAIXO ÍNDICE DE PAZ
ALTO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUITO BAIXO ÍNDICE DE TERRORISMO
1
O
C
E
A
N
O
P
A
C
F
Í
IC
O
NÚMEROS DE OP POR PAÍSES E PERCENTAGENS FACE AO TOTAL DA AMÉRICA CENTRAL E CARIBE
_
90 8
91,84% 8,16%
1
REP. DOMINICANA 2
COSTA RICA
_ DE CORRUPÇÃO (Nº. E %)
_
DEMOC R AC IA PE RC EÇÃO DA CORRUPÇÃO
8 90 8
8,16% 91,84% 0,00% 8,16%
0 0 90 0
0,00% 0,00% 91,84% 0,00%
_ _
MUITO ALTO ALTO 6.1 – 8.0 (MUITO ALTO) 4.1 – 6.0 (ALTO)
0 98 8 90
0,00% 100,00% 8,16% 91,84%
0 0 0 0
0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
ÍNDICE DA PAZ - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA AMÉRICA ÍNDICE DE TERRORISMO - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA
CENTRAL E CARIBE POR NÍVEIS DE PAZ (Nº. E %) AMÉRICA CENTRAL E CARIBE POR NÍVEIS DE TERRORISMO (Nº. E %)
_ _
PA Z TE RRORISMO
0 8 0 0
0,00% 8,16% 0,00% 0,00%
90 0 0 0
91,84% 0,00% 0,00% 0,00%
0 90 8
0,00% 91,84% 8,16%
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Manuel Valle Cornacchini
COSTA RICA
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
Em 2019, a organização governamental PIC - Plataforma de
Integração Cidadã - desenvolveu o projeto “Conto, Participo,
Decido”, com o apoio da OEA - Organização dos Estados
Americanos24, colocando à disposição do cantão de San Ramón, a
ferramenta digital ÁgoraPIC, a cocriação, elaboração, priorização
de projetos comunitários e sua auditoria e medição de impacto
através da geração de indicadores em formato Open Data25.
ÍNDIC ES
19 68
DEMOCR ACI A PERFEITA ALTO
44/180 15/153
MÉDIO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
33 138
ALTO SEM IMPACTO 8 8
AMÉ RICA
SAN JOSÉ
24
https://www.trustfortheamericas.org/media/press-room/kits/versions/
es/CR_Spanish_Digital.pdf (página 24) e https://www.trustfortheamericas.
org/media/press-room/kits/versions/en/From_an_Open_Govenment_to_
an_Open_State_in_Costa_Rica.pdf
25
https://agora.picapp.org/category/137/presupuesto-participativo
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 1 0 0 0
117
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
REP. DOMINICANA por Genrry Edmundo Gonzalez Molina
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
Uma vez que na República Dominicana o OP está constituído no
quadro legal, com uma metodologia bem definida, as inovações
são limitadas. Todavia, a atual crise sanitária obriga a identificar
diferentes metodologias de ação para a formulação do processo
de 2021 e a finalização da edição de 2020.
ÍNDIC ES
137/180 68/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
84 120
MÉDIO MUITO BAIXO 90 90
CIDADES CAPITAIS
CABECERA DE
PROVINCIA
SANTO DOMINGO
AMÉ RICA
apoiado pela Federação Dominicana dos Municípios (FEDOMU), INFORMAÇÃO ADICIONAL
o qual tem sido partilhado em eventos internacionais, utilizado _
como uma base de trabalho para este setor da sociedade e por Os orçamentos participativos na República Dominicana são
outros países latino-americanos. da responsabilidade dos municípios e, neste sentido, existem
várias instituições que prestam serviços de consultoria, embora
a FEDOMU assuma a responsabilidade a nível nacional de
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP acompanhar os governos locais de forma sistemática, dado que
_ dispõe de um departamento dedicado a esse fim, composto por
1. OP que foram suspensos: 0% uma coordenação global e uma equipa de técnicos permanentes
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0% distribuídos por todo o território.
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 100% Devido às limitações económicas dos municípios, que se
refletem na falta de técnicos na sua estrutura, a FEDOMU
assinou um acordo de colaboração com a Universidade
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA Autónoma de Santo Domingo, que tem por objetivo ajudar os
_
estudantes recém-licenciados em engenharia, arquitetura e
A pandemia afetou a vida do país e, por conseguinte, os
outras áreas a realizar estudos de pré-viabilidade dos projetos
processos participativos não escaparam a essa dinâmica.
aprovados pelas comunidades, uma vez que esse é um trabalho
A tendência é de voltar a planificar os projetos de 2019 devido aos
requerido pela ordem jurídica em vigor, tendo em vista integrar
ajustamentos do sistema eleitoral que procederam à mudança
as prioridades de investimento nos orçamentos municipais.
do regime relativo às autoridades municipais de agosto de 2020
A experiência confirma que este mecanismo fortalece o
para abril de 2021. Em 2021, importa reconhecer os projetos
processo nos governos locais e oferece a oportunidade aos
pendentes dos dois anos anteriores e tentar levar a cabo um
licenciados de completar o seu estágio em tempo adequado, a fim
processo de orçamento participativo respeitando as medidas de
de receberem a autorização para exercerem profissionalmente
segurança, tais como o distanciamento social.
as funções de engenheiros ou arquitetos.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 20 0 0 0
119
AMÉRICA
DO NORTE
OCEA
ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
AMÉRICA DO NORTE
_
N
O
O
CE
192 *-128 **
ORÇAME NTOS
AN
PARTIC IPATIVOS NA
AMÉ RICA DO NORTE
O P
* ANTES DA PANDEMIA 2019
** DURANTE A PANDEMIA 2020
**
Este dado é referente aos orçamentos participativos nos Estados
Unidos da América e no México. Não foi possível obter informações
referentes aos impactos da pandemia no desenvolvimento dos 20
processos identificados no Canadá.
O
IC
T
N
Â
L
T
A
O
N
EA
1
OC
PAC
ÍF
IC
O
3
NÚMEROS DE OP POR PAÍSES E PERCENTAGENS FACE AO TOTAL DA AMÉRICA DO NORTE
_
155 20 17
80,73% 10,42% 8,85%
1
E.U.A. 2
CANADÁ 3
MÉXICO
_ CORRUPÇÃO (Nº. E %)
_
DEMOC R AC IA PE RC EÇÃO DA CORRUPÇÃO
20 172 20 155
10,42% 89,58% 10,42% 80,73%
0 0 17 0
0,00% 0,00% 8,85% 0,00%
_ _
MUITO ALTO ALTO 6.1 – 8.0 (MUITO ALTO) 4.1 – 6.0 (ALTO)
175 17 192 0
91,15% 8,85% 100,00% 0,00%
0 0 0 0
0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
ÍNDICE DA PAZ - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA AMÉRICA DO ÍNDICE DE TERRORISMO - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA
NORTE POR NÍVEIS DE PAZ (Nº. E %) AMÉRICA DO NORTE POR NÍVEIS DE TERRORISMO (Nº. E %)
_ _
PA Z TE RRORISMO
20 0 0 0
10,42% 0,00% 0,00% 0,00%
0 172 172 20
0,00% 89,58% 89,58% 10,42%
0 0 0
0,00% 0,00% 0,00%
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
CANADÁ por Loren Peabody
ÍNDIC ES
7 13
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO
12/180 11/153
BAIXO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
6 54
MUITO ALTO BAIXO 20 16
AMÉ RICA
OTTAWA
26
https://www.torontohousing.ca/news/whatsnew/Pages/
TorontoCommunityHousingaleaderinparticipatorybudgeting.aspx vs https://
legacy.oise.utoronto.ca/research/edu20/documents/2009foroughi.pdf
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
2 1 1 0 3
127
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
ESTADOS UNIDOS por Loren Peabody
DA AMÉRICA
COMUNIDADE LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Os programas de orçamento participativo são regulados
pelas cidades, condados, distritos escolares, entre outras
organizações, não existindo regulamentação a nível estadual ou
CAPITAL POPUL AÇÃO nacional sobre a matéria.
WASHINGTON D.C. 328 239 520
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
O OP das escolas está em rápida expansão em Phoenix, área
LÍNGUA MOE DA
(USD) metropolitana do Arizona, principalmente nos estabelecimentos
INGLÊS DÓL AR AMERICANO de ensino secundário (18 processos em 2019 e 34 em 2020). O
Departamento de Educação da cidade de Nova Iorque criou um
LOCALIZAÇÃO
vasto programa de OP, que ampliou o número de iniciativas para
132, em 2020, podendo vir a ser descontinuado no próximo ano.
23/180 18/153
MÉDIO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
128 22
BAIXO MÉDIO 155 73
CIDADES CAPITAIS GRANDES CIDADES
BOSTON NEW YORK
HARTFORD CHICAGO
SAN JOSE
SAN ANTONIO
AMÉ RICA
WASHINGTON, D.C.
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: escolar - Quando os programas de OP escolares foram afetados, era
cerca de 85%; não escolar - 0%; mais provável que realizassem o ciclo utilizando a deliberação
3. OP que sofreram alterações/adaptações: escolar - cerca de e votação digitais, enquanto os OP municipais estavam mais
10%; não escolar - cerca de 20%. suscetíveis de serem suspensos. Isto é explicado provavelmente
pelo facto de as escolas possuírem a modalidade de ensino à
distância, tendo muitos professores e administradores acreditado
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA que o OP também poderia ser realizado de forma eficaz por
_ essa via. Por outro lado, as equipas que dirigem os programas
Quando o impacto da COVID-19 chegou em meados de março, municipais de OP recearam que uma mudança abrupta para
muitos OP escolares já tinham concluído a votação, uma vez a participação e votação online pudessem implicar impactos
que os seus ciclos começam mais cedo, normalmente durante negativos na equidade de acesso entre diferentes públicos.
o Outono (incluindo todos os 132 processos dentro do vasto
programa do Departamento da Educação da Cidade de Nova
Iorque). Em conformidade, as estimativas apresentadas
referenciam separadamente os OP promovidos por governos
locais e por escolas. São dados aproximados, sobretudo para
os primeiros, porque a informação diz respeito a cerca de do
total de iniciativas. 27
http://www.pbchicago.org/previous-cycles2.html.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
39 2 0 0 82
129
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Guillermo Cejudo, Oliver Meza e Cynthia Michel
MÉXICO
130/180 24/153
ALTO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
140 48
BAIXO MÉDIO 17 16
AMÉ RICA
CIDADE DO MÉXICO
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
4 6 1 0 0
131
AMÉRICA
DO SUL
ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
AMÉRICA DO SUL
_
E
S
2416 *-390 **
ORÇAME NTOS
PARTIC IPATIVOS
NA AMÉ RICA DO SUL
**
Este dado é referente aos orçamentos participativos nos países
referenciados, com exceção do Brasil, onde não foi possível
obter informações referentes aos impactos da pandemia no
desenvolvimento dos 36 processos identificados como ativos em 2019.
1
3
6
4
8
7
5
OC
E
A
N
O
A
T
L
Â
N
T
IC
NÚMEROS DE OP POR PAÍSES E PERCENTAGENS FACE AO TOTAL DA AMÉRICA DO SUL
_
1
PERU 2
EQUADOR 3
COLÔMBIA 4
ARGENTINA
_ CORRUPÇÃO (Nº. E %)
_
DEMOC R AC IA PE RC EÇÃO DA CORRUPÇÃO
30 2386 0 30
1,24% 98,76% 0,00% 1,24%
0 0 2386 0
0,00% 0,00% 98,76% 0,00%
_ _
MUITO ALTO ALTO 6.1 – 8.0 (MUITO ALTO) 4.1 – 6.0 (ALTO)
0 0 0 0
0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
36 22 8 4
1,48% 0,90% 0,33% 0,16%
5
BR ASIL 6
CHILE 7
URUGUAI 8
PAR AGUAI
_ _
PA Z TE RRORISMO
0 343 0 0
0,00% 14,20% 0,00% 0,00%
0 76 0
0,00% 3,15% 0,00%
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Emiliano Arena e Cristian Adaro
ARGENTINA
66/180 55/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
75 83
ALTO MUITO BAIXO 68 61
BUENOS AIRES
AMÉ RICA
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA menos 83%, já que a maioria dos processos foram suspensos
_ e é de esperar que muitos sejam diretamente cancelados. O
Na República da Argentina, o OP começou a ser implementado resultado é influenciado por vários fatores. Por um lado, a
a nível local após a profunda crise dos anos de 2001 e 2002. No pandemia que impede os encontros presenciais e a correta
entanto, no período entre 2002 e 2007 houve um crescimento decisão por parte dos diferentes níveis de governo de
ligeiro e contínuo. Posteriormente, entre os anos de 2007 e concentrar os recursos económicos e humanos para enfrentar
2015, o número de municípios a realizar o OP passou de 11 para a situação. Por outro lado, o OP esteve estagnado, em parte
57, dinâmica que coincide com a criação do PNOP em 2007 e pela crise económica e pelo facto não menos importante de
o lançamento da RAOP em 2009. Durante os anos de 2015 a que desde 2015 o PNOP e a RAOP deixaram de funcionar.
2019 observou-se uma desaceleração em cerca de 60 governos Contudo, vale a pena destacar que vários mecanismos de
locais que estavam a aplicar estas iniciativas. participação dos cidadãos têm vindo a ser implementados
O desenvolvimento do OP no ano de 2020 tem um balanço por governos locais de diferentes partidos do espetro
negativo, sendo que a taxa de variação entre 2019 e 2020 é de político-ideológico.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
2 8 0 0 7
139
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Ligia Helena Hahn Lüchmann & Wagner Romão
BRASIL
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
LÍNGUA MOE DA _
Destacam-se o orçamento legislativo participativo da Câmara
PORTUGUÊS REAL (BRL)
de Vereadores de Florianópolis e o orçamento participativo da
Prefeitura Municipal de Araraquara (São Paulo), por procurarem
LOCALIZAÇÃO articulação com os conselhos gestores da cidade.
INFORMAÇÃO ADICIONAL
_
ÍNDIC ES Foi realizada uma pesquisa através da consulta dos sites de
todas as prefeituras do país. Em alguns casos, foram também
efetuados contatos telefónicos. Encontrámos, em várias cidades,
a referência ao OP como uma forma de consulta dos cidadãos,
através do preenchimento de um questionário online sobre
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO prioridades. Em muitos outros casos, os governos denominam
2019 HUMANO 2019 de OP as audiências públicas consultivas que são obrigatórias de
52 79 acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal.
DEMOCR ACI A IMPERFEITA ALTO
Dito isto, considera-se como processos de orçamento
participativo em vigência, em 2019, os casos que preencheram de
106/180 32/153
ALTO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
116 73
MÉDIO BAIXO 36 32
AMÉ RICA
BRASÍLIA
forma mais satisfatória, embora com especificidades locais, os Como se pode observar, os números atuais são muito baixos,
seguintes critérios: seja em função da queda vertiginosa dos OP no país, seja
1. Tratar do destino de recursos orçamentais do governo; pela última contagem realizada em 2016 pela Rede Brasileira
2. Apresentar competência deliberativa e, portanto, decisória; de Orçamento Participativo, a qual incluiu vários casos de
3. Ocorrer em ciclos (anuais ou bianuais) que contam com audiências públicas consultivas que se intitulavam de OP.
assembleias territoriais locais e/ou regionais; É também necessário observar que, muito possivelmente,
4. Adotar mecanismos de controlo, acompanhamento e tiveram lugar em 2019, alguns (poucos, se ocorreram) processos
prestação de contas, por exemplo, no caso dos processos de OP em outras instâncias, como assembleias legislativas ou
de OP brasileiros, com a presença de delegados e/ou orçamentos participativos temáticos, não tendo, por isso, sido
conselheiros. identificados na pesquisa.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
3 4 2 0 2
141
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Egon Montecinos, Manuel Carrasco e Marceo Rojas
CHILE
26/180 39/153
MÉDIO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
27 46
ALTO MÉDIO 22 20
SANTIAGO
AMÉ RICA
utilizando os casos mencionados como modelos nacionais para INFORMAÇÃO ADICIONAL
impulsionar este mecanismo no país. _
Um facto significativo é que o município de Villa Alemana,
durante dois anos consecutivos (2018 e 2019), teve uma maior
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP participação no que diz respeito à votação para decidir os
_ projetos a serem financiados através do OP do que para a
1. OP que foram suspensos: 100% eleição dos executivos municipais.
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 0%
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 6 1 0 1
143
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Ricardo Jaramillo Rincón
COLÔMBIA
96/180 44/153
ALTO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
143 19
BAIXO MÉDIO 131-141 120-130
o seu objeto, finalidade e mecanismos de monitorização c. promover mecanismos de monitorização e prestação de
(artigos 90o-93o). Aponta ainda que os governos das entidades contas sobre as práticas de OP (páginas 49-50).
territoriais previstos na Constituição e na lei podem realizar
práticas de OP, nas quais a atribuição de uma percentagem das
AMÉ RICA
receitas municipais é designada de maneira participativa, sendo INOVAÇÕES EM DESTAQUE
autonomamente definida pelas autoridades correspondentes, _
em conformidade com os objetivos e metas do Plano de Apesar dos atrasos na implementação do Acordo Final de Paz, a
Desenvolvimento (artigo 100o). principal inovação implementada durante o ano de 2019 no país
teve a ver com um dos seus pontos: a resolução do problema
É importante ressaltar que não foi levada a cabo a reforma das drogas ilícitas. O Acordo determina que esse problema deve
da Lei 152 de 1994, como se estabeleceu na alínea 2.2.6. do ser enfrentado “apresentando alternativas: que conduzam à
Acordo Final para a Resolução de Conflitos e a Construção melhoria das condições de bem-estar e de vida das comunidades
de uma Paz Estável e Duradoura, que assinala cinco questões homens e mulheres nos territórios afetados pelas culturas
sobre as quais é necessário progredir, a fim de promover o ilícitas; que abordem o consumo com o enfoque na saúde pública;
planeamento participativo e o orçamento participativo: e que intensifiquem a luta contra as organizações criminais
dedicadas ao tráfico de droga, incluindo atividades relacionadas,
1. Revisão das funções e da conformidade dos Conselhos de tais como as finanças ilícitas, o branqueamento de dinheiro, o
Planeamento Territorial; tráfico de substâncias e a luta contra a corrupção, desarticulando
2. Fornecer assistência técnica às autoridades municipais e toda a cadeia de valor do tráfico de droga28.
departamentais, para a criação de distintas ferramentas
de planeamento participativo; O Acordo estabeleceu medidas relacionadas com cada uma das
3. Revisão integral do sistema de participação nos processos etapas da cadeia do tráfico de droga: produção e comercialização
de planeamento; de estupefacientes; prevenção do consumo; promoção da
4. Fortalecer os desenhos institucionais e metodológicos a saúde pública; e, em relação à produção, definiu as diretrizes do
fim de facilitar a participação dos cidadãos e assegurar a Programa Nacional Integral para a Substituição de Culturas de
sua eficácia na formulação das políticas públicas sociais; Uso Ilícito (PNIS), um plano anexo aos Programas Nacionais para
5. Fortalecer e promover a criação de orçamentos a Reforma Rural Integral.
participativos sensíveis ao género e aos direitos das
mulheres a nível local, a fim de: Esta visão foi acolhida pelo Decreto-Lei 896 de 2017, que instituiu
no PNIS e nos Planos Integrais Comunitários e Municipais de
a. promover a participação de homens e mulheres substituição e Desenvolvimento Alternativos (PISDA), uma
na priorização de uma parte do orçamento de
investimento, de modo a refletir as conclusões das
práticas de planeamento participativo; CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
9 2 6 0 5
145
COLÔMBIA
96/180 44/153
ALTO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
143 19
BAIXO MÉDIO 131-141 120-130
que entre 2008 e 2014 teve cenários de intercâmbio com peritos os quais se implementam as práticas de OP, com um aumento
de Málaga e outras cidades de Espanha. Mais recentemente, significativo de processos relacionados com a geração de receitas
um projeto-piloto de OP com crianças e adolescentes do e, em menor número, assuntos ligados ao tema da saúde. No que
Departamento de Risaralda inspirou-se em aprendizagens de diz respeito aos procedimentos, começou-se a expandir o uso
AMÉ RICA
outros países que tinham implementado este tipo de processos. de Tecnologias de Informação e Comunicação. A maioria das
experiências identificadas estão agora em fase de deliberação.
Desde a Rede Nacional de Planeamento Local e Orçamento
Participativo, temos elaborado propostas de reforma da Lei 152
de 1994 que incluem um desenho de OP Nacional partindo da INFORMAÇÃO ADICIONAL
experiência de Portugal. No entanto, esta reforma ainda não _
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
9 2 6 0 5
147
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Rocío del Pilar Béjar Gutiérrez
PERÚ
101/180 63/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
80 67
MÉDIO BAIXO 1902 1876
LIMA
AMÉ RICA
INOVAÇÕES EM DESTAQUE impliquem um risco para os agentes que participam e que
_ garantam uma participação inclusiva e representativa de
No processo de orçamento participativo para os seguintes todas as organizações e cidadãos.
anos está a ser considerada a incorporação do uso de
Tecnologias de Informação e Comunicação para desenvolver
as capacidades da população e das Autoridades Regionais INFORMAÇÃO ADICIONAL
e Locais, as quais devem ajustar-se às necessidades e _
características da população das respetivas jurisdições. Atualmente, os aspetos normativos e metodológicos do processo
de Orçamento Participativo no Perú estão a ser revistos e
modificados para atualizar a ferramenta de participação
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP cidadã. Considerar-se-á, agora, uma maior articulação com
_ outros instrumentos de gestão pública, como a Programação de
1. OP que foram suspensos: 87% Investimentos Multianual (que direciona os investimentos das
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0% entidades públicas para colmatar lacunas de infraestruturas
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 13% ou acesso a serviços essenciais) e a Programação de Despesas
Multianual (que estabelece os montantes das atividades e
investimentos a financiar nos três anos seguintes), o que
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
proporciona uma maior coerência ao processo e às carteiras de
_
investimento dos GR e GL.
A este respeito, é importante notar que, através do
Decreto de Emergência no 057-2020, o qual dita as
Além disso, avista-se uma mudança na temporalidade do
medidas complementares para os Governos Regionais e
orçamento participativo, que agora terá uma abordagem
Locais no contexto da emergência sanitária devido aos
multianual (para os quatro anos de gestão local), em lugar da
efeitos do Coronavírus (COVID-19) e outras disposições,
aplicação de um ano, como tem sido executado até ao momento,
estão suspensas as atividades do OP para o ano de
o que irá proporcionar uma maior coordenação da planificação
2020. Contudo, esta suspensão exclui os GR e os GL que
dos investimentos entre os três níveis de governo (Nacional,
desenvolveram o orçamento participativo a partir do mês
Regional e Local), a fim de criar sinergias e complementaridades
de maio, ou aqueles que implementaram mecanismos
e evitar a atomização e duplicação dos investimentos.
virtuais de participação, mediante uso das TIC, que não
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
2 26 26 0 0
149
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Alicia Veneziano Esperón e Mariano Suárez Elías
URUGUAI
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
LÍNGUA MOE DA _
A experiência de OP do município de Piriápolis (Maldonado),
ESPANHOL PESO URUGUAIO
(U YU) que tem uma sequência quinquenal, apresenta um desenho
interessante, uma vez que se divide a cidade em três zonas e
LOCALIZAÇÃO todo o dinheiro destinado a cada uma das divisões territoriais
é utilizado para financiar uma única proposta. Por sua vez,
a relação com o plano estratégico do governo é tida em conta
dentro dos critérios de viabilidade. Desta forma, evita a
dispersão de investimentos com montantes muito pequenos,
situação que se observa em vários processos de OP no país,
e que geralmente não têm conexão entre si e evidenciam
pouco sentido estratégico. No entanto, seria interessante
que a comissão de avaliação dos projetos envolvesse também
representantes dos cidadãos.
21/180 26/153
BAIXO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
34 121
ALTO MUITO BAIXO 8 8
Seria interessante que o desenho incorporasse a servido de inspiração para outras iniciativas posteriores; no
possibilidade de implementar investimentos acordados entanto, não dispomos de evidências concretas neste sentido.
pelos diferentes atores em encontros e não necessariamente
através de votação. Poder-se-ia trabalhar na tomada de
AMÉ RICA
decisões com dois cenários possíveis, procurando, assim, IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
desenvolver a capacidade de diálogo dos participantes. _
1. OP que foram suspensos: 12%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: s/d
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS 3. OP que sofreram alterações/adaptações: s/d
_
A primeira experiência de OP no Uruguai surgiu em
Montevideo, no início dos anos 90 (mas ainda não era PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
chamado de OP), com inspiração nos postulados da nova _
esquerda latino-americana. O seu surgimento acontece Não se realizaram processos de OP durante a pandemia.
após a implementação do OP em Porto Alegre, embora a
metodologia fosse muito diferente, pelo que não se pode dizer
INFORMAÇÃO ADICIONAL
que o desenho do OP de Montevideo estivesse baseado no
_
processo brasileiro.
O Uruguai tem três níveis de governo: nacional, departamental
e municipal. Uma vez que os terceiros estão dentro dos
De todas as formas, a popularidade do OP de Porto Alegre
segundos, um programa de OP a nível regional pode implicar,
converteu-se, sem dúvida, num estímulo para lançar esta
muitas vezes, a participação do governo local. Os OP de Riviera,
experiência e, de facto, a mudança de nome de “Processos
Montevideu, Paysandú, Maldonado e Canelones são promovidos
de Definição de Compromissos de Gestão” para “Orçamento
pelos respetivos governos departamentais, embora nos quatro
Participativo” foi, seguramente, influenciada pelo êxito da
últimos o processo conte com a colaboração dos municípios.
iniciativa de Porto Alegre e pelo reconhecimento internacional
como boa prática de governação local.
Em Canelones, o OP é dedicado à população jovem do
Departamento, mas sendo executado exclusivamente nos
seguintes municípios: 18 de Maio, Cerrilos, Las Piedras, Pando,
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP
_ Parque del Plata, Paso Carrasco, Salinas, Santa Lucía, Santa
A experiência de Montevideu é uma das mais consolidadas Rosa, Suárez, Tala e Toledo.
do mundo com 30 anos de execução sem interrupções. A
mesma está enquadrada num projeto de descentralização CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >
participativa e tem vindo a evoluir com base num desenho
flexível que se ajusta pela modalidade de autorregulamento
com o envolvimento de representantes dos bairros. Em
função disso e da grande quantidade de estudos e publicações
que existem sobre esta experiência, é provável que tenha
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
1 5 0 0 0
151
URUGUAI
ÍNDIC ES
15 57
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO
21/180 26/153
MÉDIO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
34 121
ALTO MUITO BAIXO 8 8
AMÉ RICA
MONTEVIDÉU
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
1 5 0 0 0
153
ÁSIA
ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
ÁSIA
_
1446 -777 * **
ORÇAME NTOS
PARTIC IPATIVOS 6
NA ÁSIA
10
**
Este dado é referente aos orçamentos participativos nos países
referenciados, com exceção do Cazaquistão e da Índia, onde não foi
possível obter informações referentes aos impactos da pandemia no
desenvolvimento dos 4 processos identificados como ativos em 2019.
OC
CARACTERÍSTICAS DOS TERRITÓRIOS ONDE SE DESENVOLVE A MAIORIA DOS OP NA ÁSIA
_
E
DEMOCRACIAS IMPERFEITAS
ALTO NÍVEL DE PERCEPÇÃO DA CORRUPÇÃO
ALTO ÍNDICE DE FELICIDADE
ALTO ÍNDICE DE PAZ OCEA
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUITO ALTO BAIXO ÍNDICE DE TERRORISMO N
A
O
N
ÍN
O
D
ICO
AT
N
OCEA
NO GLACIAR ÁRTICO
E
S
O
IC
F
C
Í
A
P
7
O
N
A
3
OCE
O
NÚMEROS DE OP POR PAÍSES E PERCENTAGENS FACE AO TOTAL DA ÁSIA
_
514 453 244 151
35,55% 31,33% 16,87% 10,44%
1
INDONÉSIA 2
RÚSSIA 3
COREIA DO SUL 4
SRI LANKA
61 10 8 2
4,22% 0,69% 0,55% 0,14%
5
TAIWAN 6
GEÓRGIA 7
CHINA 8
ÍNDIA
ÍNDICE DE DEMOCRACIA - OP NA ÁSIA POR REGIME POLÍTICO ÍNDICE DE PERCEÇÃO DA CORRUPÇÃO - OP NA ÁSIA POR NÍVEIS
(Nº. E %) DE CORRUPÇÃO (Nº. E %)
_ _
DEMOC R AC IA PE RC EÇÃO DA CORRUPÇÃO
0 972 0 315
0,00% 67,22% 0,00% 21,78%
11 463 1131 0
0,76% 32,02% 78,22% 0,00%
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO - OP NA ÁSIA POR NÍVEL ÍNDICE DE FELICIDADE - OP NA ÁSIA POR NÍVEIS DE FELICIDADE
DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (Nº. E %) DA POPULAÇÃO (Nº. E %)
_ _
DESE NVOLVIME NTO HUMANO FE LIC IDADE
MUITO ALTO ALTO 6.1 – 8.0 (MUITO ALTO) 4.1 – 6.0 (ALTO)
2 0 2 0
0,14% 0,00% 0,14% 0,00%
2 1
0,14% 0,07%
9
CAZAQUISTÃO 10
ARMÉNIA
ÍNDICE DA PAZ - OP NA ÁSIA POR NÍVEIS DE PAZ (Nº. E %) ÍNDICE DE TERRORISMO - OP NA ÁSIA POR NÍVEIS DE TERRORISMO
_ (Nº. E %)
_
PA Z TE RRORISMO
0 972 0 2
0,00% 67,22% 0,00% 0,14%
19 2 975 151
1,31% 0,14% 67,43% 10,44%
453 318 0
31,33% 21,99% 0,00%
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Anastasia Fadeeva e Alexander Faramazian29
ARMÉNIA
77/180 116/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
118 94
MÉDIO MUITO BAIXO 1 1
IEREVAN
ÁSIA
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP ii) recolha de ideias, iii) análise técnica, iv) votação e v)
_ implementação de projetos.
1. OP que foram suspensos: 100%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0% A primeira etapa foi realizada com o apoio financeiro da USAID
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 0% Arménia. Durante o segundo momento foram recebidas 740
propostas na plataforma online.
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
_ Uma comissão técnica constituída pelo conselheiro legal do
A pandemia causou um decréscimo das receitas Presidente da Câmara, especialistas em tecnologia e informação
orçamentais da cidade, pelo que foi tomada a decisão de e em construção civil, aprovou 204 propostas. A principal razão
adiar o ciclo do OP 2020-2021. apresentada para a rejeição de parte significativa das ideias
baseia-se no argumento de que essas excedem individualmente
o limite de $62000.
INFORMAÇÃO ADICIONAL
_ Cerca de 1% da população elegível participou na fase de votação.
A prática de OP “Cidadão Ativo” da cidade de Yerevan é um Os 17 projetos mais votados, com um orçamento total de 1
processo organizado maioritariamente online e encontra- milhão de dólares, serão implementados em 2020.
se dividido em 5 fases: i) campanha de sensibilização,
29
A elaboração desta ficha contou com a colaboração do Chefe do
Departamento de Informação e Relações Públicas do Município de Yerevan,
Mr. Hovsep Kubatyan, ao qual se agradece a disponibilidade evidenciada.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
1 1 0 0 0
161
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Zaifun Yernazarova
CAZAQUISTÃO
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
De acordo com as instruções do Presidente da República do
Cazaquistão, estão a ser introduzidas medidas destinadas
a aumentar a eficiência e a transparência do processo
orçamental, incluindo o OP. Em 2019, um projeto-piloto de
orçamento participativo foi implementado nas cidades de Nur-
Sultan e Almaty.
ÍNDIC ES
Têm sido identificadas as principais abordagens para a
implementação faseada de orçamentos participativos ao
nível local e para o envolvimento ativo da população no
desenvolvimento destes processos. Foi elaborado, neste âmbito,
um roteiro para a adoção de princípios e regras uniformes no
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 processo de expansão dos orçamentos participativos, com a
ativação de um trabalho explicativo junto das populações.
139 50
AUTORITÁRIO MUITO ALTO
Foram efetuadas alterações às regras para o desenvolvimento de
projetos de orçamentos locais. Estas definiram um procedimento
comum a todas as cidades para a elaboração do OP, com um
113/180 50/153
ALTO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
64 85
ALTO MUITO BAIXO 2 2
NUR-SULTÃ
ÁSIA
método de apresentação de propostas, votação e seleção de PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
projetos pela população, bem como o montante mínimo dos _
fundos a alocar à iniciativa. Para automatizar todas as fases Não existem, atualmente, evidências do impacto da
do processo, foi preparado um algoritmo passo-a-passo para a pandemia Covid-19 sobre os OP. Estes continuam a funcionar
implementação do módulo do OP na Plataforma Unificada dos normalmente. Os testes-piloto do software desenvolvido
Órgãos do Estado. para a automatização da orçamentação com a participação da
população prosseguem sem alterações.
Atualmente, está em curso um trabalho para introduzir
orçamentos participativos em Shymkent e cidades de
INFORMAÇÃO ADICIONAL
importância regional.
_
Na sequência dos resultados da participação do Ministério
das Finanças nos eventos do PEMPAL, da Parceria
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS
Internacional para o Orçamento e da Iniciativa Global
_
para a Transparência Fiscal, foram criados documentos
Discurso do Presidente da República do Cazaquistão na abertura
metodológicos de apoio ao OP e foi criado um projeto-piloto
da sessão do Parlamento Nacional, em setembro de 2019.
em 2019.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 0
163
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Li Fan e Xiang Hao
CHINA
80/180 94/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
110 42
MÉDIO MÉDIO 8 8
pode desempenhar os seus pontos fortes para melhorar a REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP
autonomia da sociedade civil. _
O OP de Welling marca um importante passo no
desenvolvimento do OP na China, bem como na agenda
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS de reforma política. Tornou-se num ícone da democracia
_ deliberativa. No entanto, é demasiado radical para que outros
O Centro de Investigação para o Desenvolvimento do Conselho locais o implementem da mesma forma.
Estatal (CID) foi a primeira agência a introduzir o OP na
China, em 2006. Trata-se de uma instituição abrangente de Em 2016, o novo OP de Haikou ganhou o reconhecimento dos
investigação e consultoria política ao Conselho do Estado, o cidadãos e dos funcionários, tendo sido replicado em Nanchang
ÁSIA
Governo Central da República Popular da China. Após terem e Soochow. Este novo modelo é mais fácil de disseminar porque
organizado uma visita ao Brasil, decidiram implementar o não envolve mudanças institucionais.
OP, pela primeira vez na China, em Harbin e Wuxi. Esse não
continuou por muito tempo, sendo que uma das razões teve
a ver com o facto de os governos locais não terem entendido IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
a importância da participação dos cidadãos. Aplicaram-no _
porque era uma iniciativa do Governo Central e não porque 1. OP que foram suspensos: 0%
acreditavam nele. De acordo com um funcionário que visitou o 2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
Brasil: “Este OP liderado pelos cidadãos não é próprio da China”. 3. OP que sofreram alterações/adaptações: 100%
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
8 6 0 0 0
165
CHINA
COMUNIDADE
o país. Costuma ser a prosperidade material, mas agora é a
restrição. Isto significa que todas as atividades normais estão
a trabalhar para combater a pandemia. O desenvolvimento
económico e outros projetos como o orçamento participativo
estão a ser deixados para trás.
CAPITAL POPUL AÇÃO
PEQUIM 1 397 715 000 Até meados de 2020 (embora os processos anuais de algumas
cidades tenham sido adiados durante meses) o OP não foi muito
afetado pela pandemia. Existem duas razões: por um lado, o
plano de OP deste ano foi decidido antes do Novo Ano Lunar e,
LÍNGUA MOE DA por outro, diferentes cidades respondem de maneiras distintas
CHINÊS RENMINBI no combate à pandemia. Isto dependia do facto de terem zero
casos, casos esporádicos, clusters ou transmissão generalizada.
Felizmente, as cidades com orçamento participativo não foram
LOCALIZAÇÃO
tão afetadas como Wuhan, o epicentro da Covid-19.
ÍNDIC ES
INFORMAÇÃO ADICIONAL
_
Existem outros tipos de OP na China, tais como o modelo
de competição comunitária (Maizidian) e a abordagem de
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
orçamento do Departamento.
2019 HUMANO 2019
80/180 94/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
110 42
MÉDIO MÉDIO 8 8
BEIJING
ÁSIA
ser um processo que crie espaços de deliberação nos quais os expande-se ano após ano, embora sem a garantia do nível
cidadãos podem dialogar e as pessoas devem ter a decisão final administrativo superior. Funciona bem, principalmente porque
sobre a atribuição dos fundos públicos. Assim, a partir do nível atende às necessidades do governo local. A disseminação
de tomada de decisão e da dimensão da participação, o modelo depende principalmente dos laços pessoais dos chefes de gabinete
de Haikou permanece elevado em todas estas avaliações, e membros do staff, uma vez que não há divulgação por parte
tornando-o distintivo e dominante na China. dos promotores. O orçamento participativo na China envolve
interações a longo-prazo com o governo. Por conseguinte, o
Todavia, como podem estados fortes e antidemocráticos modelo de Haikou representa um progresso substancial nesta
alcançar a boa governação? O exemplo de Haikou é único, mas matéria, mas existe ainda muito trabalho a fazer no sentido de o
ainda carece da capacidade de construir novas instituições tornar mais eficiente e institucionalizado.
democráticas na China. Tal como mencionado anteriormente,
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
8 6 0 0 0
167
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Hae-In Lee e Seung Bo Shin
COREIA DO SUL
39/180 61/153
MÉDIO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
55 116
ALTO MUITO BAIXO 244 243
SEOUL
ÁSIA
CIDADES CAPITAIS GRANDES CIDADES
SEOUL SEOUL
BUSAN
DAEGU,
INCHEON
GWANGJU
DAEJEON
ULSAN
SUWON-SI
GOYANG-SI
YONGIN-SI,
CHANGWON-SI
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
11 1 0 1 0
169
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Urszula Majewska e Volodymyr Abramiuk
GEÓRGIA
LÍNGUA MOE DA
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
GEORGIANO L ARI (GEL)
_
Em 2019, a certificação dos OP pelos Municípios Georgianos foi
LOCALIZAÇÃO realizada pela primeira vez. Trata-se de uma ação cíclica, a fim
de ajudar as autoridades a melhorar estes processos. Os critérios
foram desenvolvidos com base nas normas do OP por um
consórcio de organizações e instituições que trabalham na área
da participação na Geórgia.
44/180 117/153
MÉDIO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
99 90
MÉDIO MUITO BAIXO 10 10
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP INFORMAÇÃO ADICIONAL
_ _
A experiência georgiana foi apresentada na Ucrânia e algumas A escala do orçamento participativo na Geórgia pode
soluções foram uma inspiração para os governos locais. parecer pequena. Entre as 69 unidades de governo local, 10
implementaram ou continuaram o OP em 2019. Estas foram:
Akhaltsikhe, Batumi, Gori, Kutaisi, Mestia, Ozurgeti, Poti,
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP Sighnaghi, Tskaltubo e Zugdidi. No entanto, deve ser relembrado
_ que algumas destas unidades não abrangeram apenas as
1. OP que foram suspensos: 20% cidades, mas também todo o município, que inclui dezenas de
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 30% pequenas localidades rurais.
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 50%
ÁSIA
Contudo, há uma tendência crescente de implementação
de orçamentos participativos nas cidades, uma vez que nas
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
aldeias existe uma ferramenta muito semelhante, designada
_
de “programa de apoio às aldeias”. Este foi restaurado com uma
A pandemia teve efeitos adversos nos governos locais
nova regulamentação a 1 de janeiro de 2019. É um processo
autónomos do país, em particular no setor económico, tendo
mais formal, regulado através da portaria do Ministério do
esses reduzido significativamente os orçamentos locais,
Desenvolvimento Regional e Infraestruturas da Geórgia. Foi
causando problemas diversos. A situação afetou igualmente
implementado pela primeira vez em 2015, tendo sido suspenso
os processos de OP. A maioria dos municípios declarou
após alguns anos. Neste programa o dinheiro é atribuído aos
vontade de continuar a implementar estas iniciativas,
municípios a partir do orçamento nacional.
contudo, a maioria foi suspensa por causa do estado de
emergência imposto no país. As alterações dizem respeito
Baseado na informação do Gabinete Nacional de Estatísticas
maioritariamente a prazos - adiamento das datas de início
da Geórgia sobre o número de habitantes das aldeias, o
dos OP ou à extensão das diferentes fases. Poucos municípios
ministério calcula um montante específico para cada uma.
alteraram os encontros presenciais para reuniões online.
Esse é debatido pela população em assembleias gerais (até 500
habitantes) das respetivas povoações ou durante as consultas
No entanto, existe a preocupação de que a crise económica
com os eleitores registados, de acordo com o critério definido
que afetou os orçamentos dos governos locais afete também
pela portaria. Apenas pequenos projetos de infraestruturas
os OP. Esta situação pode ser vista com mais clareza num
podem ser implementados ao abrigo deste programa. Os
futuro próximo. Em particular, isto irá reduzir o montante
investimentos submetidos podem ser cofinanciados por
de dinheiro atribuído a estes processos e à implementação
outras fontes de financiamento, a partir de organizações
de projetos de edições anteriores. Alguns sofreram atrasos,
internacionais ou doadoras, do orçamento municipal ou de
outros foram adiados para outro ano. Existe também o risco
outros fundos permitidos por lei. Em 2019, mais de 3000
de vários não se realizarem. Todavia, deve ser mencionado
que, apesar da pandemia e os seus efeitos em 2020, novos OP
começaram na Geórgia este ano.
CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 0
171
GEÓRGIA
COMUNIDADE
aldeias fizeram parte deste trabalho. As reuniões (assembleias
gerais) e a seleção de projetos devem estar concluídas até 1
de março. Assim, a pandemia do coronavírus não afetou este
programa. A implementação do projeto pode também ser
prolongada ou adiada.
CAPITAL POPUL AÇÃO
TBILISI 3 720 380 Após a primeira experiência com o OP, iniciada em 2015, e a
“habituação” a esta ferramenta, têm existido, a nível local,
tentativas de modificações dos modelos adquiridos ou de criação
de novas formas de participação. Procuram-se a inovação e um
LÍNGUA MOE DA maior envolvimento dos residentes. Por exemplo, em Poti foi criado
GEORGIANO L ARI (GEL) um processo de OP ao nível da cidade, dedicado à população jovem
(2019). Em Ozergetii foi utilizada uma metodologia de votação
completamente nova. A “voz” de cada residente corresponde a
LOCALIZAÇÃO
um certo montante de dinheiro, ou seja, cada votante tem uma
quantia específica de dinheiro, cerca de 29 euros. Os projetos serão
selecionados para implementação em função do financiamento
alcançado através dos votos dos residentes.
89 70
REGIME HÍBRIDO ALTO
44/180 117/153
MÉDIO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
99 90
MÉDIO MUITO BAIXO 10 10
ÁSIA
TBILISI
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 0
173
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Stéphanie Tawa Lama-Rewal
ÍNDIA
51 129
DEMOCR ACI A IMPERFEITA MÉDIO
80/180 144/153
ALTO MÉDIO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
141 7
BAIXO ALTO 2 1
NOVA DELI
ÁSIA
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
1 1 1 0 0
175
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Ivan Shulga e Anna Sukhova
RÚSSIA
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
ÍNDIC ES
A principal inovação registada em 2019 é relativa a uma mudança
na tendência de quase 15 anos de dominação das práticas de OP
regionais sobre as municipais. Duas decisões políticas a nível
nacional tornaram-se num estímulo para esta transformação:
137/180 73/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
154 37
MUITO BAIXO MÉDIO 453 266
legislação sobre o OP, a fim de apoiar o desenvolvimento de primeiras iniciativas no país. O design da prática pioneira de
processos municipais. OP - Programa de Apoio a Iniciativas Locais (LISP) - incorporou
elementos de várias iniciativas participativas, incluindo o OP
Como resultado, o número dos orçamentos participativos da América Latina, projetos de desenvolvimento liderados pelo
locais, em 2019, aumentou 2.2 vezes comparativamente a Banco Mundial em diferentes partes do globo, experiências de
2018, passando de 65 para 141. Esta tendência é liderada pelos fundos de investimentos social também apoiadas pelo Banco
distritos autónomos de Khanty-Mansiysk, Yamal-Nenets e os Mundial, entre outras. É de salientar que o design do LISP é
oblasts de Ulianovsk, Orenburg e Samara, que no conjunto muito particular e distintivo face à maioria dos OP existentes.
representam mais de 77% de todos os OP municipais no país. Modelos posteriores que emergiram na Rússia, onde se incluem o
“Orçamento Tvoy”, concebido pela Universidade Europeia de São
ÁSIA
Os modelos regionais de OP estão também a mudar. Embora Petersburgo (UESP), o “PORT” na região de Sakhalin, e o “RITM”
a abordagem baseada na metodologia do Programa de na cidade de Noyabrsk do Distrito Autónomo de Yamal-Nenets,
Apoio a Iniciativas Locais (quando municípios competem foram inspirados em vários orçamentos participativos e modelos
pelos recursos ao abrigo do programa regional do OP) ainda de júris-cidadãos, particularmente pelos que são implementados
domine, estão a surgir novas formas de apoio “suave” das nos EUA, em Portugal e na Coreia.
regiões a processos conduzidos diretamente pelos governos
locais. Estes exemplos chegam dos estados de Yamal-
Nenets e Khanty-Mansiysk, onde os governos fornecem aos REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP
_
municípios apoio metodológico, informacional, promocional
O primeiro programa regional LISP, lançado na região de
e de capacitação, ao mesmo tempo que lhes concedem
Stavropol, foi posteriormente replicado em quase 40 regiões
flexibilidade na seleção de mecanismos e procedimentos de
e 65 municípios da Federação Russa. Este processo continua
conceção e implementação dos OP. Interessantes inovações
a funcionar. As práticas de OP baseadas na metodologia do
deste tipo podem ser vistas no distrito autónomo de Yamal-
EUSPB estão atualmente a ser implementadas em 3 regiões e
Nenets, onde a região financia, em larga escala, a campanha
em cerca de 30 municípios.
de divulgação dos OP, mantendo uma plataforma digital que
pode ser utilizada pelos municípios na recolha de ideias e na
votação online, atribuindo bolsas para as melhores práticas
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
municipais. Esta nova abordagem de parceria região-
_
município cria incentivos aos governos locais para lançarem o
1. OP que foram suspensos: 0,4%
OP, sem a obrigação de o fazerem, e contribui para a inovação e
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 99%
diversidade de modelos de orçamento participativo no país.
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 0,6%
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
4 11 187 0 0
177
RÚSSIA
INFORMAÇÃO ADICIONAL
_
As recentes tendências no desenvolvimento do OP na Rússia
ÍNDIC ES
incluem:
137/180 73/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
154 37
MUITO BAIXO MÉDIO 453 266
MOSCOVO
ÁSIA
Mundial e da Sociedade Russa de Pessoas com das Finanças da Rússia e do Banco Mundial. Além
Deficiências (representando 1,5 milhões de membros disso, quase todas as regiões que implementam o
em todas as regiões do país), que serão postos em OP asseguram capacitação para os intervenientes
prática em três regiões da Rússia até ao final de 2020. locais de forma regular.
2. Melhorar a capacitação das regiões e municípios. 3. Expansão dos orçamentos participativos escolares
Exemplos selecionados de tais iniciativas incluem: e jovens. Foram introduzidos diversos modelos de
OP para estudantes no ano académico 2019-2020,
i. Formação profissional adicional sobre o OP, nomeadamente, em:
assumida pelo Centro de Orçamento Participativo
do Instituto de Investigação Financeira, com o i. Altai krai;
apoio do Ministério das Finanças (a segunda ronda ii. São Petersburgo;
foi realizada no Verão de 2020); iii. Região de Sacalina;
ii. Escola de facilitadores e tutores para projetos iv. Região de Yaroslavskaya;
de planeamento de codesign do OP, lançada v. República de Komi;
pelo Centro de Urbanismo e Participação da vi. Cidade de Arkhangelsk da região de
Universidade Europeia de São Petersburgo; Arkhangekskaya;
iii. Conjunto de webinars sobre as melhores práticas vii. Buzuluk e Mednogorsk (cidades) e Sorochinsk
de OP internacionais, conduzido pela equipa do (distrito) da região de Orenburg;
Banco Mundial da Rússia; viii. Borovichskiy e Okulovskiy (distritos) da região
iv. Curso de formação “OP como um instrumento de Novgorodt;
prático dos órgãos de autogoverno locais”, pelo ix. Todos os municípios de região autónoma de
Instituto de Desenvolvimento Municipal da região Yamal-Nenets.
de Krasnoyarsk;
v. Materiais informativos e educativos sobre a O primeiro OP Jovem na Rússia chamado “Atmosfera” foi lançado
literacia orçamental dos participantes do OP, na República de Udmurtia.
desenvolvidos no projeto conjunto do Ministério
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
4 11 187 0 0
179
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Chamara Kurruppu e Dayananda Ambalangodage
SRI LANKA
93/180 130/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
72 55
ALTO BAIXO 151 151
SRI JAIAVARDENAPURA-COTA
ÁSIA
política nacional sobre governos locais, em 2009, tinha, IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
aparentemente, fornecido um novo impulso para os governos _
locais darem um passo em direção à adoção do OP. 1. OP que foram suspensos: 95%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
Das várias estratégias delineadas na política para melhorar 3. OP que sofreram alterações/adaptações: 5%
a governação local, o OP foi considerado uma prioridade de
topo. A promulgação da Lei das Autoridades Locais n . 21, em
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
2012, tornou-se num estímulo-chave para o OP.
_
Devido à pandemia, a implementação do OP foi suspensa
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
pela maioria dos governos locais, uma vez que a suas receitas
_ caíram drasticamente. Poucos governos locais se têm
- O desenvolvimento de uma aplicação para os habitantes esforçado para obter sugestões dos seus habitantes através de
poderem fazer reclamações e darem sugestões às correio postal, email ou meios de comunicação social.
autoridades locais;
- Arranjo de uma unidade móvel para recolha de receitas;
INFORMAÇÃO ADICIONAL
- Novo software para a gestão de receitas, incluindo um
_
ponto de sistemas de venda para gerar receita.
A avaliação do desempenho dos governos locais contempla
como um dos critérios a participação da comunidade no
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS processo de planeamento. Este elemento poderá dar um novo
_ impulso à adoção do OP parte dos municípios.
Desde 2005, o OP tem sido promovido pela Fundação Ásia,
com a assistência financeira da USAID, do Banco Mundial e
do Banco de Desenvolvimento Asiático (BDA).
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 8 0 0 0
181
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Hsin-Yi Yeh
TAIWAN
28/180 25/153
MÉDIO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
36 96
ALTO MUITO BAIXO 61 45
Em quarto lugar, em resposta a esta dinâmica incremental, Por último, a cidade de Taipé começou a promover projetos
o Conselho de Desenvolvimento Nacional passou a de OP em todo o território, tornando-se também numa
encorajar várias iniciativas de OP a utilizarem o seu sistema importante referência de disseminação.
de votação online, facilitando, assim, a participação das
pessoas. Têm sido várias as experiências a recorrer a este
dispositivo tecnológico. IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
_
1. OP que foram suspensos: 5%
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS 2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 65%
_ 3. OP que sofreram alterações/adaptações: 30%
Os países que se constituíram como referência inicial
ÁSIA
para o OP em Taiwan são o Brasil (Porto Alegre) e os EUA
(Chicago, Boston e Nova Iorque). Alguns investigadores PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
introduziram estes casos para participantes de um _
workshop realizado no final de 2014, culminando na Taiwan conseguiu controlar com sucesso a pandemia, daí que
publicação de um livro intitulado “Nosso Orçamento, quase todos os projetos de OP continuem em execução. Em
Nossa Decisão”. Além disso, em 2015, algumas pessoas alguns casos, o calendário do processo foi influenciado pela
visitaram experiências de OP em França, tendo-se crise sanitária, sendo que alguns apressaram-se a terminar
inspirado também por alguns processos. todas as fases antes do governo central anunciar as restrições
às atividades sociais e coletivas. Outros optaram por adiar os
trabalhos para julho de 2020. Embora a maioria dos projetos
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP continuem a sua execução, todas as reuniões e eventos
_ relacionados passaram a ter como regra o uso de máscara e a
O primeiro projeto de OP em Taiwan foi realizado em janeiro medição da temperatura corporal dos participantes e do staff.
de 2015, com a cooperação da Fundação Youth Synergy,
da Universidade Nacional (Departamento de Sociologia) e
do Colégio Comunitário de Beitou. Vários OP nas cidades INFORMAÇÃO ADICIONAL
taiwanesas foram inspirados por esta iniciativa piloto. _
Existe um “boom do OP” em Taiwan desde 2015. Várias cidades
Além disso, em 2015-2016, uma ação-pioneira de OP, e instituições públicas iniciaram projetos de orçamento
intitulada “Projeto de Orçamento Participativo para participativo. Em algumas situações, os Vereadores Municipais
Promoção do Emprego para Pessoas Deficientes”, retiraram uma parte do orçamento dos seus pelouros para as
realizado em Sanxia (cidade Nova Taipé), também inspirou pessoas discutirem e decidirem. Os recursos cobriram, assim,
significativamente iniciativas subsequentes. Este trabalho vários temas, tendo dado a oportunidade às comunidades de
pretendia que as pessoas com incapacidades participassem deliberarem sobre assuntos diversos do quotidiano.
nas práticas de OP, tendo servido de encorajamento para que
outros adotassem esta abordagem.
CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
33 12 16 0 0
183
TAIWAN
31 S/D
DEMOCR ACI A IMPERFEITA
28/180 25/153
MÉDIO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
36 96
ALTO MUITO BAIXO 61 45
TAIPÉ
ÁSIA
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
33 12 16 0 0
185
EUROPA
ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
EUROPA
_ 22
5113 *-2209 **
O
E
ORÇAME NTOS
O
PARTIC IPATIVOS
N
NA EUROPA
A
E
S
OC
* ANTES DA PANDEMIA 2019
** DURANTE A PANDEMIA 2020
**
Este dado é referente aos orçamentos participativos nos países
referenciados, com exceção da Finlândia, da França, da Itália e
da Moldávia, onde não foi possível obter informações referentes
aos impactos da pandemia no desenvolvimento dos 346 processos
identificados como ativos em 2019.
13 11
19
T
N
25
Â
L
T
A
13
10
18
23
15
1
7
17
6
4
16
21
5
12
20
14
8
24
2
2 3
9
NÚMEROS DE OP POR PAÍSES E PERCENTAGENS FACE AO TOTAL DA EUROPA
_
1
POLÓNIA 2
PORTUGAL 3
ESPANHA 4
UCR ÂNIA
5
FR ANÇA 6
REPÚBLICA CHECA 7
ALEMANHA 8
ITÁLIA
54 33 31 26
1,06% 0,65% 0,61% 0,51%
9
ALBÂNIA 10
ESCÓCIA 11
FINLÂNDIA 12
ROMÉNIA
21 18 15 12
0,39% 0,35% 0,29% 0,23%
13
ESTÓNIA 14
ESLOVÉNIA 15
INGLATERR A 16
ESLOVÁQUIA
E GALES
9 8 5 4
0,18% 0,16% 0,10% 0,08%
17
BÉLGICA IRLANDA
18 19
SUÉCIA 20
BÓSNIA E
DO NORTE HERZEGÓVINA
4 4 1 1
0,08% 0,08% 0,02% 0,02%
21
MOLDÁVIA 22
ISLÂNDIA 23
IRLANDA 24
CROÁCIA
1
0,02%
25
NORUEGA
ÍNDICE DE DEMOCRACIA - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA ÍNDICE DE PERCEÇÃO DA CORRUPÇÃO - ORÇAMENTOS
EUROPA POR REGIME POLÍTICO (Nº. E %) PARTICIPATIVOS NA EUROPA POR NÍVEIS DE CORRUPÇÃO (Nº. E %)
_ _
2433 30
2380 237 4537
47,59% 46,54% 4,65% 88,72%
300 0 339 0
5,87% 0,00% 6,63% 0,00%
MUITO ALTO ALTO 6.1 – 8.0 (MUITO ALTO) 4.1 – 6.0 (ALTO)
0 0 0 0
0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
30
O significativo crescimento dos orçamentos participativos em democracias perfeitas na Europa, face à edição transata do Atlas, deve-se
ao facto de Portugal ter sido classificado neste tipo de regime, de forma circunstancial, no ano de 2019. O país concentra mais de 32% dos OP
europeu, influenciando, assim, os resultados.
ÍNDICE DA PAZ - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA EUROPA POR ÍNDICE DE TERRORISMO - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA
NÍVEIS DE PAZ (Nº. E %) EUROPA POR NÍVEIS DE TERRORISMO (Nº. E %)
_ _
PA Z TE RRORISMO
1852 3019 0 0
36,22% 59,05% 0,00% 0,00%
4 0 629 496
0,08% 0,00% 12,30% 9,72%
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
A Constituição da República da Albânia, enquanto lei
fundamental do Estado, não define claramente o direito dos
cidadãos de participação nos processos públicos de tomada
CAPITAL POPUL AÇÃO de decisão, uma vez que o objetivo da lei magna é a definição
TIRANA 2 854 190 concreta de alguns princípios-chave ou a exclusão absoluta
de circunstâncias consideradas inaceitáveis. As alterações
efetuadas ao texto fundador não são exaustivas, na medida
em que se trata de um documento baseado em elementos e
LÍNGUA MOE DA critérios básicos, sem detalhar a organização da vida social e
ALBANÊS LEK (ALL) política do país.
106/180 105/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
51 110
ALTO MUITO BAIXO 54 54
decisão. As disposições deste texto estão em conformidade aprovação dos atos são sempre obrigatórias nos casos em que o
com os princípios da Carta da Convenção Europeia Conselho Municipal:
sobre Autonomia Local. Uma das inovações desta lei é o
princípio da subsidiariedade, relativo ao desempenho de - Elege, a partir da sua composição, as comissões e aprova o
funções e exercício de competências ao nível do governo. regulamento interno do seu funcionamento;
O artigo 3 estabelece o objetivo de uma governação efetiva - Aprova o orçamento e as suas alterações;
e eficiente e uma proximidade estreita com os cidadãos, - Aprova a alienação ou transferência de bens de terceiros
através do reconhecimento da existência de diferentes para sua utilização;
identidades e valores das comunidades, do respeito pelos - Decide sobre os impostos e as taxas locais de acordo com a
direitos fundamentais, da escolha de diferentes serviços legislação fiscal em vigor;
e equipamentos públicos para benefício geral, da resposta - Aprova normas, padrões e critérios para a regulamentação e
apropriada do poder público às necessidades da população, disciplina de funções, a fim de garantir o interesse público.
bem como da participação das pessoas na governação local.
A lei prevê as mesmas disposições mencionadas acima para
O capítulo VI, intitulado “transparência, consulta e as sessões de consulta com as comunidades. O importante é
participação dos cidadãos”, é bastante importante, uma vez informar os cidadãos sobre os atos do Conselho, que devem ser
EUROPA
que garante o direito à informação e o envolvimento nos sempre publicados na página de internet oficial e estarem em
processos de tomada de decisão. locais públicos de livre acesso, dentro do território da unidade
local. O artigo 18 permite que o Conselho publique os atos
O artigo 15 assegura a transparência da atividade das de outras formas consideradas relevantes e adequadas aos
autoridades locais, permitindo a publicação de qualquer diversos contextos.
ato do governo nas páginas de internet oficiais, bem como
a disponibilização desses elementos em locais públicos. De A lei n. 146/2014, sobre a notificação e consulta públicas, é muito
acordo com o ponto 3 deste artigo, cada unidade de autogoverno importante para a garantia da participação dos cidadãos na
tem a obrigação de nomear o coordenador de transparência autogovernação local. Essa regula o processo de informação e
e aprovar as medidas que sejam acessíveis a todos os acesso a projetos de lei e documentos estratégicos, nacionais ou
cidadãos, especialmente aos que pertencem aos estratos mais locais, bem como a políticas de alto interesse para a sociedade.
desfavorecidos, assegurando as disposições legais sobre o As disposições desta lei determinam as regras processuais
direito à informação. Esta lei, através do artigo 18, garante à que devem ser aplicadas para garantir a transparência e a
população o direito de participar e tomar conhecimento sobre participação pública na elaboração de políticas e nos processos
o processo de revisão e aprovação dos atos. Esse é posto em de tomada de decisão pelos órgãos públicos, a fim de promover a
prática através de sessões de aconselhamento, sob a forma transparência, responsabilidade e integridade das autoridades.
de reuniões abertas com residentes, grupos de interesse,
especialistas, instituições e organizações sem fins lucrativos, ou CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >
através de referendo local.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
12 1 0 0 0
195
ALBÂNIA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y
A Lei no. 119/2014, sobre o direito à informação, é igualmente
relevante por garantir os tramites através dos quais os cidadãos
podem aceder a documentos produzidos pelas autoridades locais
ou que estejam na sua posse.
ÍNDIC ES
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
_
1. OP que foram suspensos: 70%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: N/A
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO 3. OP que sofreram alterações/adaptações: N/A
2019 HUMANO 2019
79 69
REGIME HÍBRIDO ALTO PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
_
Os OP foram globalmente suspensos durante a crise sanitária.
106/180 105/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
51 110
ALTO MUITO BAIXO 54 54
TIRANA
EUROPA
Estes começaram com reuniões organizadas ao ar livre, com um o envolvimento da comunidade e, por outro, as pessoas são
número limite de participantes, mas depois foram interrompidos. geralmente pouco ativas nos processos de tomada de decisão.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
12 1 0 0 0
197
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Svetlana Alenitskaya, Lars Stepniak e Volker Vorwerk
ALEMANHA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
A Alemanha estabeleceu leis relativas à regulação do
1
orçamento participativo em 4 dos 16 estados do país. Estes são
noroeste Rhine-Westphalia (desde
L ARGE 1950), Rhineland-Palatinate,
C ITIES
CAPITAL POPUL AÇÃO Berlim Leste e Saxónia. Os estados federais de Brandemburgo
BERLIM 83 132 800 e Baden-Vurtemberga têm leis relativas à regulamentação da
participação dos cidadãos.
ÍNDIC ES
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
A Saxónia vai pagar excedentes monetários a algumas das
suas comunidades entre 2019 e 2021. São cerca de 10 mil euros
por localidade. Devido a este “presente”, algumas começaram
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 um processo de OP para decidir os projetos em que deve ser
investido o dinheiro. Em 2020, o novo governo de coligação
13 4
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO deste estado alemão deu um impulso ao tema com a promoção
do conceito de orçamento cidadão.
9/180 17/153
BAIXO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
22 44
ALTO MÉDIO 140 140
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS um modelo bastante interessante porque os cidadãos
_ decidem sobre o orçamento (não o governo local), tendo sido
Christchurch, na Nova Zelândia, e Porto Alegre, no Brasil, o primeiro município a delegar completamente a decisão na
foram os modelos seguidos para a primeira abordagem do comunidade e a implementar as prioridades sem o prévio
OP na Alemanha, em 1998. O processo pioneiro, chamado aval dos eleitos.
Bürgerhaushalt (orçamento participativo), consistiu numa
recolha de propostas do público, na qualificação e priorização Na Saxony-Anhalt, o OP foi iniciado por uma coligação entre
das mesmas e, finalmente, na decisão dos políticos sobre a ONG, atores da sociedade civil e autoridades locais, designada
distribuição das verbas e na prestação de contas aos cidadãos. “Parceria para a Democracia”. A iniciativa foi implementada
sobretudo no distrito administrativo de Börde, na cidade de
Desde 2002 que se verificou uma mudança paradigmática Oschersleben. Além disso, existe o projeto EmPaci-Project
de modelo, o qual é chamado de Bürgerbudget (orçamento (Empowering Participatory Budgeting na região do Mar
do cidadão), que prevê a recolha pública de propostas para Báltico), no estado federal de Mecklenburg-Vorpommern, em
um montante orçamental fixo. Esta abordagem alcança, cooperação com a Universidade de Rostock (por exemplo, no
tendencialmente, muito mais pessoas. município de Bützow).
EUROPA
Merecem ainda destaque:
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP
_
- A Saxonia, pelo acordo de coligação entre partidos no poder,
Existe uma intensa discussão entre comunidades, sendo que é
mencionado anteriormente;
realmente difícil afirmar quem foi inspirado por quem. A título
- A “Buddy Partnership” entre as cidades de Mannheim e
de exemplo:
Riesa. A primeira implementou o OP há alguns anos e está
agora a apoiar a segunda na adoção do processo;
- Berlin-Lichtenberg, iniciado em 2005, é frequentemente
- Brandemburgo, pelo projeto modelo da ONG mitMachen e.V.
mencionado como um modelo a seguir;
sobre como mobilizar os jovens com o OP nos municípios de
- Trier, despoletado em 2009, baseou-se numa metodologia
Eberswalde, Potsdam e Nuthetal.
que foi posteriormente adotada por Worms, Stuttgart,
Kerpen e Pulheim.
- Stuttgart, cujo arranque data de 2013, assentou num
desenho institucional que mais tarde foi incorporado CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >
em Leipzig;
- Eberswalde, cujo começo aconteceu em 2007, tendo
evoluído, em 2012, para um OP com um orçamento fixo,
serviu de referência para o Estado de Brandemburgo,
onde existem 26 processos a funcionar, 19 dos quais 31
Em 9 das 12 divisões administrativas de Berlim.
recorrendo ao referencial de Eberswalde. Este é de facto 32
Os orçamentos participativos promovidos por escolas e universidades
não se encontram contabilizados porque muitos são difíceis de encontrar.
Sabe-se que existem alguns casos na Alemanha, como acontece em Berlim.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
1 31 1 0 0 S/D 32
199
ALEMANHA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
_
1. OP que foram suspensos: 10%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 60%
3. PB have undergone changes/adaptations: 30%
CAPITAL POPUL AÇÃO
INFORMAÇÃO ADICIONAL
ÍNDIC ES _
A cidade de Stuttgart alcançou, em 2019, o maior número de
participantes, nomeadamente mais de 10.000, o que corresponde
a 9% das pessoas elegíveis para votar. Em pequenas aldeias, com
menos de 10.000 habitantes, Ketzin/Havel atingiu 16%.
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019
2019 marcou também uma viragem na história dos OP na
13 4 Alemanha, na medida em que foi o primeiro ano em que as
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO
iniciativas com um orçamento fixo suplantaram as que não
definem qualquer verba para o processo. Sobretudo nos estados
de Brandemburgo e Saxonia é possível verificar um crescimento
9/180 17/153
BAIXO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
22 44
ALTO MÉDIO 140 140
BERLIM
EUROPA
contínuo de OP nos últimos anos. Enquanto isso, Berlim e
Thuringia discutem a implementação do OP ao nível estadual.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
1 31 1 0 0 S/D 32
201
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Hanne Bastiaensen
BÉLGICA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Por agora, cada governo local tem a sua própria regulamentação,
dependendo das especificidades do processo em questão. Existem
discussões em curso, tanto a nível regional como nacional, mas
CAPITAL POPUL AÇÃO ainda não foi produzida qualquer legislação sobre o assunto.
BRUXEL AS 11 484 060
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
17/180 20/153
BAIXO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
18 53
ALTO BAIXO 9 9
BRUXELAS
EUROPA
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
_
A maioria dos OP adaptaram-se e mudaram as atividades
presenciais para online ou foram temporariamente adiados.
Os que funcionaram normalmente não tinham atividades
planeadas para o período crucial de confinamento ou então
realizaram as ações por via digital.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
2 2 0 0 0
203
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Vojtech Cerný e Anela Cavdar
BÓSNIA E
HERZEGÓVINA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe qualquer legislação sobre a matéria a nível nacional ou
regional. A única referência legal que serve de enquadramento ao
OP é o próprio orçamento municipal. A adoção do processo depende
CAPITAL POPUL AÇÃO
exclusivamente da decisão do órgão executivo em funções.
SARAJEVO 3 301 000
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
LÍNGUA MOE DA
A inovação do OP nos 4 municípios reside no esforço para
BÓSNIO / CROATA MARCO BÓSNIO- o tornar mais inclusivo. Tal deveu-se principalmente ao
/ SÉRVIO HERZEGÓVINO envolvimento de estudantes no processo e na promoção
CON VERSÍ VEL (BAM)
do mesmo. Os alunos mais ativos, que são membros dos
LOCALIZAÇÃO respetivos conselhos escolares, foram treinados e apoiados
para desempenharem um papel nas seguintes tarefas:
101/180 69/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
81 88
MÉDIO MUITO BAIXO 4 4
SARAJEVO
EUROPA
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA INFORMAÇÃO ADICIONAL
_ _
Pode afirmar-se que a pandemia teve um impacto Vale a pena mencionar a existência de outros mecanismos
considerável, mas não foi a única razão para a paragem do OP participativos e deliberativos introduzidos pela Lei sobre a
no país. Os processos foram apenas os primeiros casos-piloto Autonomia Local. O país conta com órgãos representativos
realizados com apoio externo do estado checo, a partir de 2018. (conselhos), eleitos ao nível de comunidades locais (“Miestny
Em conjunto com os cortes severos e o financiamento muito zaiednice”). Os membros desses órgãos, designados de
instável do Orçamento do Estado, a pandemia foi crucial para conselheiros, são consultados sobre os procedimentos
o fim destas primeiras experiências. orçamentais do município, embora sem qualquer papel decisivo.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 0
205
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Alisa Aliti Vlašic e Jelena Brbora
CROÁCIA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não foram efetuados quaisquer desenvolvimentos legais na
Croácia no que diz respeito ao orçamento participativo. É, no
entanto, expectável que tal possa vir a acontecer, na medida em
CAPITAL POPUL AÇÃO que cada vez mais os cidadãos estão a tomar consciência desta
ZAGREB 4 067 500 ferramenta. De acordo com o estado em que estas iniciativas
se encontram, o quadro legal existente não é restritivo, daí que
nenhuma barreira legal tenda a impedir ações mais imediatas até
que o OP se torne numa prática cada vez mais comum no país.
LÍNGUA MOE DA
63/180 79/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
28 138
ALTO SEM IMPACTO 1 1
ZAGREB
EUROPA
restrições impostas pelas medidas epidemiológicas nenhum de decisão e na partilha do poder, nomeadamente Pazin. Em
discurso político se referiu ao OP como redundante ou um relação às outras 7 cidades Rijeka, Pula, Trogir, Slavonski
fardo para o orçamento público. Brod, Zlatar, Karlovac, Sisak acredita-se que é importante
salientar o esforço realizado na mudança de perceção de
Isto pode, na realidade, ser indicativo de que o OP é visto como como a despesa pública deve ser planeada e executada.
um processo útil, no qual as decisões participativas sobre a
despesa pública são necessárias para o desenvolvimento dos Comparativamente a uma investigação de 2018, o número
territórios e permitem inclusive uma afetação mais eficientes de orçamentos participativos aumentou de 5 para 8, mas
dos recursos, em resposta às necessidades reais. enquanto processos consultivos, com uma certa influência
sobre as decisões, embora de um modo mais informal
que a votação. Em qualquer caso, deve ser enfatizado
INFORMAÇÃO ADICIONAL que de acordo com o conceito do Atlas, que implica
_ necessariamente a fase de votação, apenas uma cidade
Existem atualmente 8 processos ativos na Croácia, que da Croácia corresponde a esta prática, embora um total
envolvem a participação dos cidadãos na criação de planos de 8 proclamem a sua implementação. Por conseguinte,
de despesas do orçamento público, sob o nome de orçamento para qualquer desenvolvimento futuro do OP na Croácia, é
participativo. Ainda assim, de acordo com o conceito de necessário trabalhar na mudança de discursos sobre o que
OP proposto no Atlas, considera-se que apenas uma cidade este processo realmente significa.
croata prevê realmente a inclusão dos cidadãos na tomada
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 1 0 0 0
207
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Fiona Garven, Katey Tabner e Katie Brown
ESCÓCIA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe um requisito legal relativamente à implementação
do orçamento participativo na Escócia, mas antes um
“compromisso” para que todas as autoridades locais aloquem 1%
CAPITAL POPUL AÇÃO do seu orçamento ao OP até 2021, com exceção receitas recolhidas
EDIMBURGO 5 425 000 através de impostos municipais. Este prazo deverá ser prolongado
como resultado da pandemia do coronavírus.
12/180 13/153
BAIXO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
45 28
ALTO MÉDIO 33 20
EDIMBURGO
Vários governos locais reportaram a existência de um envolveram frequentemente conselhos locais, enquanto
forte compromisso para assegurar que os orçamentos partes interessadas, e foram informados através de planos e
participativos sejam incorporados na administração como outros documentos de interesse. Os processos temáticos foram
EUROPA
resposta da Escócia à pandemia Covid-19 e reconhecem também definidos por regiões determinadas. Ao trabalharem
que o foco destas iniciativas dá prioridade à recuperação no sentido do Acordo de Orçamento Participativo Integrado,
e renovação social. A atividade dos OP liderados pelas alguns conselhos reportaram a utilização desta dinâmica
comunidades também parou, mas irá recomeçar assim que participativa como forma de favorecer a reforma dos serviços
forem levantadas as restrições. públicos. As áreas de atuação que utilizaram o OP incluíram:
manutenção de terrenos, infraestruturas, serviços ambientais,
instalações e bibliotecas comunitárias, serviços para jovens
INFORMAÇÃO ADICIONAL e ações de prevenção do alcoolismo e toxicodependência,
_ entre outras. No âmbito destes processos, a deliberação e
Entre abril de 2019 e março de 2020, as autoridades locais coprodução de ideias foi levada a cabo através da colaboração
escocesas completaram 20 processos de OP. As iniciativas entre funcionários e membros da comunidade, através de
levadas a cabo entre 2019 e 2020 incidiram em regiões planeamento estratégico e grupos de trabalho.
geográficas diversas, como aldeias, cidades ou distritos Os projetos do orçamento participativo promovidos por
eleitorais. Deve notar-se que dos 20 OP concluídos, vários governos locais e centrados em questões temáticas incluíram:
foram conduzidos segundo uma perspetiva temática. vida saudável, pobreza alimentar, alterações climáticas e
Por exemplo, no concelho de Stirling, o processo de OP foi sustentabilidade, património local, isolamento social e solidão,
desenvolvido em 7 subdivisões eleitorais, com uma dotação pobreza, desenvolvimento de competências e capacidades, luta
global de £100.000. contra as desigualdades, saúde mental e bem-estar.
Os projetos de OP centrados no apoio às comunidades
33
https://www.gov.scot/publications/community-empowerment-scotland-
act-summary/
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 13
209
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Alexandra Hrabinová e Barbara Gindlová
ESLÓVAQUIA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Em 2019, a organização não governamental VIA IURIS realizou
uma análise das possibilidades de regulamentação do orçamento
participativo na Eslováquia. A entidade chegou à conclusão
CAPITAL POPUL AÇÃO de que ter este conceito ancorado na legislação do país seria
BRATISL AVA 5 454 070 benéfico em termos de legitimidade das finanças públicas, uma
vez que não existe qualquer menção sobre o mesmo no quadro
atual. A VIA IURIS é a favor de uma alteração legislativa, na qual
o OP possa ser mencionado na lei das regras orçamentais e do
LÍNGUA MOE DA autogoverno territorial como uma opção para os municípios, a
ESLOVACO EURO (EUR) qual pode ser ajustada localmente, em função das necessidades e
características específicas de cada território.
LOCALIZAÇÃO
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
Vários municípios começaram a utilizar a primeira plataforma
digital eslovaca, designada “a voz dos cidadãos”, a qual foi
desenvolvida no ano anterior para apoiar o desenvolvimento e a
gestão dos orçamentos participativos.
59/180 37/153
MÉDIO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
23 129
ALTO MUITO BAIXO 12 10
BRATISLAVA
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP A pandemia também afetou o interesse dos municípios em
_ apoiar o orçamento participativo nas escolas. Enquanto no
A Utopia é uma das principais impulsionadoras do projeto-piloto de 2019, 16 estabelecimentos de ensino tiveram
orçamento participativo no país, baseando-se sobretudo na envolvidos no processo, em 2020 passaram a ser 95. Se o futuro
filosofia do modelo de Porto Alegre. Quando implementou desenvolvimento da situação for favorável, algumas escolas
o OP pela primeira vez, vários municípios decidiram podem ser capazes de continuar os seus processos a partir de
convidar esta associação para os ajudar a criar as regras setembro de 2020.
do processo. Em vez de uma experiência referencial de
EUROPA
OP, existe uma organização a espalhar a sua filosofia pelo
país. Em alguns lugares, esta abordagem é recebida com INFORMAÇÃO ADICIONAL
compreensão, enquanto noutros é considerada demasiado _
intensa, consumidora de tempo e em desacordo com a visão, Na Eslováquia existem atualmente cinco vezes mais municípios
necessidades ou capacidades do município, resultando na a realizar o OP do que as indicadas nas estatísticas deste ano.
opção por outros modelos de OP. Eles designam as suas iniciativas de OP, contudo, não cumprem
os critérios definidos pelo Atlas. A Eslováquia possui uma
quantidade expressiva de experiências de OP, pelo que é tempo
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP de começar a debater o seu futuro. Esta discussão deve começar
_ com um amplo debate público sobre o que o OP representa e
1. OP que foram suspensos: 58,3% para que deve ser utilizado. Obviamente, não faz sentido defini-
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 8,3% lo estritamente por normas. Por outro lado, deve ser benéfico
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 33,3% criar orientações que possam distingui-lo de outros processos
de subvenção pública.
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
_ Todos os níveis de governo devem entender e estar conscientes
A pandemia afetou mais negativamente os OP mais de que o OP pode servir como uma ferramenta inovadora para
recentes. Por outro lado, os processos que sofreram convidar as pessoas a pensarem em conjunto sobre as melhores
algumas alterações/adaptações ou continuaram a funcionar soluções para os problemas e deixá-las cocriarem as respostas
normalmente são os mais antigos e consolidados. públicas mais ajustadas.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 1 0 1
211
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Matic Primc
ESLOVÉNIA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Em 2018, o quadro para a implementação do orçamento
participativo foi definido na lei sobre a autonomia local e é
aplicável a todos os processos liderados por governos locais.
CAPITAL POPUL AÇÃO
35/180 33/153
MÉDIO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
8 138
MUITO ALTO SEM IMPACTO 18 17
LJUBLJANA
EUROPA
orçamental de dois em dois anos, o que evitou que se tivesse de INFORMAÇÃO ADICIONAL
reorganizar as fases do processo. Em alguns casos decidiu-se _
adiar a iniciativa por um ano. A grande maioria dos OP são atualmente instituídos ao nível do
município, com apenas um a ser implementado por um centro
Além disso, a Eslovénia lidou bastante bem com a pandemia juvenil. Tipicamente, o financiamento a nível municipal é de cerca
e muitos municípios puderam protelar a fase de deliberação de 1% do orçamento total. Os processos são, habitualmente, de
durante alguns meses até que as restrições relativas acesso universal, com a idade mínima de participação definida em
às reuniões públicas fossem atenuadas. Os aspetos de 15 ou mais anos. Alguns são exclusivamente dirigidos aos jovens.
deliberação e os workshops são, habitualmente, de curto- O apoio estatal aos governos locais que decidem adotar o OP é
prazo e não muito intensivos, deixando, assim, os cidadãos mínimo. Paralelamente, tem havido algum desenvolvimento no
perante decisões auto-organizadas. Atualmente, não existem setor da sociedade civil, com organizações não governamentais
tendências significativas na mudança para o método de a prestarem serviços organizacionais e técnicos aos municípios
participação online. implicados nos orçamentos participativos.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 1
213
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Marta Barros, Andrés Falck, Francisco Francés e
ESPANHA Antonia Morillas
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Em Espanha não existe qualquer lei que regule o direito à
participação dos cidadãos ou o orçamento participativo, embora
tanto a Constituição como a “lei de bases do regime local” façam
CAPITAL POPUL AÇÃO menção expressa a essa matéria.
MADRID 47 076 780
A Lei 7/1985 que estabelece as “bases do regime local” incita os
municípios a aprovar regulamentos para a participação dos
cidadãos. No entanto, nem sempre o orçamento participativo foi
LÍNGUA MOE DA definido através de tais instrumentos normativos. Apesar disto,
ESPANHOL EURO (EUR) é igualmente um facto que várias autarquias desenvolveram
normas específicas para estes processos.
30/180 28/153
MÉDIO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
32 59
ALTO BAIXO 334 330
INOVAÇÕES EM DESTAQUE na implementação do OP, seguindo o exemplo do Partido
_ dos Trabalhadores, no Brasil, e estiveram frequentemente
Os orçamentos participativos registados durante o ano de 2019 implicados em redes como o Fórum de Autoridades Locais
são, na sua maioria, processos que têm origem no mandato ligado ao Fórum Social Mundial, que serviram como canal de
2015-2019 dos governos locais em Espanha, período político que troca de informação e experiências.
registou o maior crescimento destas iniciativas.
EUROPA
abertos a toda a população jovem (por exemplo, 12-30 anos) democracia participativa.
e outros são realizados em escolas secundárias. Este tipo de
iniciativas está em crescimento. A partir do ano de 2015, a Espanha começou a destacar-se
pelo impulso, sem precedentes, da utilização de ferramentas
Em Espanha, 2019 é um ano marcado pela realização das digitais nos processos de OP, com experiências lideradas por
eleições locais no mês de maio, que se encontra dividido Barcelona (plataforma Decidim) e principalmente por Madrid
em dois ciclos políticos. Após este período, notou-se uma (plataforma Consul), que tiveram uma ampla transferência para
diminuição do número de instituições locais que continuam outros municípios. A plataforma Consul recebeu o Prémio das
a implementar o OP. As eleições e as mudanças de governo Nações Unidas ao Serviço Público (UNPSA), em 2018, chegando
significam frequentemente um hiato na planificação de a ser implementada em dezenas de cidades, principalmente da
políticas, o que faz com que muitos processos não sejam América Latina e Europa.
retomados de forma automática. Isto é o sinal de uma fraca
institucionalização destas iniciativas, que dependem muito
dos mandatos e das alternâncias democráticas. IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
_
1. OP que foram suspensos: 50%
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS 2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 20%
_ 3. OP que sofreram alterações/adaptações: 30%
As primeiras experiências em Espanha surgiram a partir do
ano 2000, influenciadas pela experiência de Porto Alegre.
Os governos locais com maioria de esquerda foram pioneiros CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
2 14 0 0 4
215
ESPANHA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
_
Desde o início da emergência sanitária em Espanha, alguns
processos que estavam ativos viram os seus calendários adiados
e outros sofreram atrasos na execução das propostas. As
CAPITAL POPUL AÇÃO restrições orçamentais dos governos, em geral, e dos governos
MADRID 47 076 780 municipais, em particular, afetaram o ciclo normal de execução
do OP. Do ponto de vista operativo, a principal mudança
identificada é o uso de ferramentas digitais, em substituição de
ações pensadas para espaços presenciais.
LÍNGUA MOE DA
INFORMAÇÃO ADICIONAL
_
O contexto eleitoral e de agitação partidária vivido em
Espanha durante 2019, gerou um clima de temporalidade
política, alteração da atividade e das prioridades
institucionais e tensão que poderá influenciar o
ÍNDIC ES
desenvolvimento dos orçamentos participativos.
30/180 28/153
MÉDIO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
32 59
ALTO BAIXO 334 330
MADRID
EUROPA
para formar governo e voltaram a ser convocadas novas
eleições, que tiveram lugar a 10 de novembro. Deste período
resultou um quadro aberto e frágil de negociação entre os
diferentes atores políticos, que condicionou as alianças nos
diferentes níveis institucionais, os ritmos e os tempos de
configuração dos governos e a recuperação da normalidade
na atividade institucional.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
2 14 0 0 4
217
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Kristina Reinsalu
ESTÓNIA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
A cidade de Tartu, responsável pela iniciativa-piloto de
orçamento participativo na Estónia, desenvolveu e adotou uma
lei relativa à regulamentação deste processo. Os municípios
CAPITAL POPUL AÇÃO que se seguiram na adoção desta iniciativa, recorreram a esta
TALLINN 1 326 590 legislação como base e ajustaram-na, quando necessário, ao
seu próprio contexto e modelo específico.
27 30
DEMOCR ACI A IMPERFEITA MUITO ALTO REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS
_
Em 2011, a Academia de Governação Eletrónica, uma
organização não governamental, organizou um seminário para
18/180 51/153
BAIXO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
37 123
ALTO MUITO BAIXO 21 19
os municípios estónios, introduzindo o conceito e os princípios INFORMAÇÃO ADICIONAL
do OP, bem como algumas práticas internacionais, como por _
exemplo, as do Brasil. Importa questionar qual tem sido o impacto dos OP. Um dos
resultados é que existem todas essas novas ideias, algumas
Em 2013, em cooperação com a Academia de Governação delas tradicionais e outras muito inovadoras, que não teriam
Eletrónica, a cidade de Tartu introduziu o primeiro OP na sido pensadas nos escritórios das Câmaras Municipais.
Estónia, a partir de um modelo próprio, tendo considerado Contudo, o mais importante tem a ver com o facto do OP se
lições aprendidas de iniciativas de outros países. ter tornado num processo de envolvimento real e de fácil
implementação para mais de 20 municípios. Isto mostra
como a participação produz mudanças concretas, com
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP resultados tangíveis.
_
Como mencionado anteriormente, a maioria dos municípios Finalmente, importa considerar que, por norma, às
estónios seguiu o exemplo da cidade de Tartu34 e decidiu organizações do setor público não é permitido correr riscos.
implementar o OP. Com o passar do tempo, contudo, existiram No entanto, sem se experimentar e improvisar não existe
ajustes aplicados pelas autoridades locais, tendo em conta o forma de ser inovador. O processo de OP ajuda as autoridades
EUROPA
contexto e as necessidades dos municípios, a fim de alcançarem locais a atuarem fora da zona de conforto, produzindo
uma melhor implementação do processo. avanços, cometendo erros e aprendendo com esses.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 1 0 0 2
219
ESTÓNIA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y
Quando o processo é bem concebido e o contexto é
considerado, o modelo é facilmente expandido e pode ser
replicado em qualquer outro lugar. Por exemplo, a nossa
organização tem pilotado com sucesso um modelo semelhante
com ferramentas virtuais relacionadas num contexto bastante
CAPITAL POPUL AÇÃO
diferente, nomeadamente na Geórgia.
TALLINN 1 326 590
Por último, de acordo com um estudo recente, é possível concluir
que os eleitos locais reconhecem como principais resultados
do OP: a ativação de pequenas comunidades, que combinam as
LÍNGUA MOE DA suas forças para encontrarem soluções para as necessidades
ESTÓNIO EURO (EUR) mais prementes; o surgimento de novas ideias, as quais foram
também financiadas através de outros recursos; a identificação
muito clara de problemas-chave para as autoridades locais,
LOCALIZAÇÃO
entre outros.
ÍNDIC ES
27 30
DEMOCR ACI A IMPERFEITA MUITO ALTO
18/180 51/153
BAIXO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
37 123
ALTO MUITO BAIXO 21 19
TALLINN
EUROPA
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 1 0 0 2
221
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Marianne Pekola-Sjöblom, Päivi Kurikka
FINLÂNDIA e Sirkka-Liisa Piipponen
COMUNIDADE
COMMUNIT Y INFORMAÇÃO ADICIONAL
_
Podem-se observar sinais de que se está a tornar mais popular
e comum os municípios testarem o orçamento participativo.
De acordo com as respostas ao questionário aplicado em 2018,
CAPITAL POPUL AÇÃO apenas 12% dos municípios (23) estavam a implementar o OP e
HELSÍNQUIA 5 520 310 16% (31) estavam a planear utilizá-lo.
ÍNDIC ES
5 12
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO
3/180 1/153
BAIXO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
14 81
ALTO BAIXO 31 31
EUROPA
HELSÍNQUIA
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 0
223
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Antoine Bézard
FRANÇA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe legislação nacional sobre o orçamento participativo
em França. Cada cidade é livre de elaborar a sua própria
regulamentação. Foi feita uma declaração na reunião nacional
CAPITAL POPUL AÇÃO das cidades com OP em Paris, em novembro de 2019, com
PARIS 67 059 890 o objetivo de regulamentar os processos. Esta declaração
fornece seis orientações gerais: conduzir este tipo de políticas
regularmente, ser transparente sobre o programa e o montante
do orçamento, estar aberto a todos os cidadãos, respeitar o voto,
LÍNGUA MOE DA visar a construção de confiança e capacitar a população.
FRANCÊS EURO (EUR)
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
LOCALIZAÇÃO
Com o objetivo de melhorar o efeito do OP nas políticas
locais, algumas cidades avançaram para iniciativas dedicadas
às alterações climáticas. Por exemplo, Bordéus (255 000
habitantes) lançou o seu primeiro processo em 2019 e decidiu
que os projetos tinham de coincidir com os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável, em especial os dedicados ao
ambiente. Este caso foi premiado na reunião do Observatório
Internacional de Democracia Participativa (OIPD) que
decorreu no México. No entanto, Bordéus não é a única cidade
a escolher este caminho. Em 2019, 16 municípios lideraram OP
com enfoque no ambiente, ecologicamente responsáveis ou
amigos das bicicletas. Esses são bastante diferentes entre si,
ÍNDIC ES
tanto populações que variam dos cerca de 10.000 habitantes,
como Jarny ou Marck-en-Calaisis, a mais de 100.000, como
Metz. A temática do ambiente é muito recorrente nos OP
franceses. No estudo que eu liderei em parceria com a
Fundação Jean-Jaurès, descobri que 40% dos projetos votados
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
em 2019 eram amigos do ambiente. Em 2020, Seine-Saint-
2019 HUMANO 2019
Denis deveria ter sido o primeiro governo regional a ter um
20 26 OP dedicado às alterações climáticas. Infelizmente, teve de
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO
ser cancelado por causa da pandemia.
23/180 23/153
MÉDIO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
60 36
ALTO MÉDIO 195 161
PARIS
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS aberto para propostas e votação. Este grupo encontra-se a tentar
_ criar uma rede francesa de OP com algumas cidades recém-
Inicialmente, o OP de Porto Alegre foi uma referência, chegadas como Angers ou Clermont-Ferrand.
especialmente em Saint-Denis. O antigo Presidente da
Câmara, Patrick Braouezec, explicou numa entrevista que
conheceu Olívio Dutra, em Istambul, durante a II conferência PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
da ONU-HABITAT e decidiu planear um processo de OP para a _
cidade. Contudo, a experiência de Saint-Denis parece ter sido 2020 é também um ano eleitoral. As eleições municipais
EUROPA
mais consultiva do que deliberativa. realizaram-se inicialmente a 15 e 22 de março, sendo que, por causa
Muitas cidades continuam a utilizar o caso de Porto Alegre da pandemia, a segunda ronda aconteceu a 28 de junho. Devido a
como uma referência na sua comunicação para explicar o que este facto, muitos OP foram descontinuados. Em cidades onde o
é o OP, mas na maioria das situações não existe vontade de processo foi lançado, algumas optaram por adaptá-lo, como foi o
justiça social, com uma grande exceção: Paris. A capital decidiu caso de Grenoble (160.000 habitantes), que realizou o seu fórum
redirecionar 30% dos seus 100 milhões de euros do OP para as anual através de dispositivos virtuais, para apresentar os projetos
áreas mais desfavorecidas. Por outro lado, alguns processos submetidos aos cidadãos.
apresentam certas semelhanças com o modelo de Porto Alegre,
como, por exemplo, Grenoble, Grande-Synthe ou Lanester, Após a primeira ronda das eleições municipais, 30 mil executivos
os quais praticam uma espécie de Fórum do Orçamento foram eleitos. Contudo, estes tiveram de esperar pelo fim do
Participativo à semelhança da cidade brasileira. confinamento para tomar posse. Muitos deles confirmaram o
compromisso que assumiram durante a campanha para criar o OP.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
1 1 21 0 13
225
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Jez Hall
INGLATERRA E
PAÍS DE GALES
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe regulamentação que exija a implementação do
orçamento participativo.
12/180 13/153
BAIXO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
45 28
ALTO MÉDIO 15 36 7
relevante para o Reino Unido e iniciaram-se as primeiras deslocou-se para a rede não financiada do Reino Unido PB
experiências. Entre 2005 e 2008 houve um aumento, embora Network (essencialmente um portal/website de partilha de
pequeno, do número de processos locais, diminutos em termos informação) e também para o apoio consultivo liderado pelo PB
do volume orçamental e focados na concessão de subsídios. Partners. Ambos se encontravam ao abrigo da empresa sem fins
lucrativos de interesse comunitário “Shared Future CIC”, com
Em 2008, tinham sido feitos significativos progressos grande experiência em temas como empreendedorismo social,
políticos e o governo nacional, sob o comando de Tony Blair desenvolvimento comunitário e democracia deliberativa.
e a liderança no deputado Hazel Blears do Departamento das
Comunidades e Governo Local, anunciou uma estratégia local Em 2014, grande parte do trabalho do PB Partners focou-se
para o orçamento participativo. Mais uma vez utilizando em apoiar a onda de interesse no OP que surgiu na Escócia, o
principalmente um modelo de pequenas subvenções, mas que conduziu a um progresso e inovação muito significativos.
com o interesse crescente na “integração” do governo local Assim, criaram-se uma série de novas ferramentas
(comissionamento de serviços e investimentos de capital). simplificadas, providenciou-se formação a funcionários e
eleitos de todas as 32 autoridades locais da Escócia. Desde 2017, a
O trabalho de promoção e capacitação para o OP foi maior estrutura de apoio para o OP na Escócia tem sido liderada
externalizado para a instituição de caridade nacional pela COSLA (Convention of Scottish Local Authorities) e SCDC
EUROPA
Church Action on Poverty, através da unidade do orçamento (Scottish Community Development Centre). Esse interesse
participativo. Isto incluía um website, o desenvolvimento de surgiu também na Irlanda do Norte, a partir de 2018.
um conjunto abrangente de ferramentas para o governo local,
um kit de ferramentas de autoavaliação, o desenvolvimento A Shared Future CIC e PB Partners continuam a promover o OP,
de valores, princípios e padrões nacionais para o OP, bem com um maior enfoque, desde 2019, nos processos com jovens
como trabalho de consultoria, recolha e disseminação de e dedicados às alterações climáticas. A primeira elaborou,
estudos de caso. Houve também uma avaliação nacional em 2019, um novo conjunto de ferramentas/instruções sobre
independente do OP, financiada separadamente. o OP e as alterações climáticas, com ligação a outras formas
de democracia deliberativa, tais como júris e assembleias de
No entanto, com o primeiro colapso financeiro de 2009/2010 e cidadãos. É igualmente parceira no projeto “pan-Europeu
depois um novo governo nacional do partido conservador, em Erasmus+”, que tem como objetivo “acelerar o OP Jovem”.
2010, a ênfase a nível nacional mudou em direção a novas políticas,
tais como “austeridade”, “localismo” e “grande sociedade”, que O OP continua a estar na agenda política dos partidos mais
enfatizavam o voluntariado e a retração do estado público. pequenos na Inglaterra e País de Gales, particularmente no
Estas mudanças traduziram-se na retirada do potencial radical Partido Verde, tendo sido feitos apelos no seio do Partido
conquistado pelo trabalho em torno do OP e na limitação do Trabalhista para este ser adotado, embora com sucesso limitado.
financiamento disponível para o governo local. Contudo, alguns
continuaram a utilizar a metodologia (tais como Durham, Luton, CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >
alguns bairros de Londres e no Sudoeste - Devon e Cornwall).
Após o encerramento da “PB Unit” em 2012 (quando o seu 35
Inglaterra - 56.286,96 e País de Gales - 3.152,88
financiamento terminou), o trabalho de promoção do OP 36
Dados estimados. Não estão disponíveis dados exatos.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 8
227
INGLATERRA E
PAÍS DE GALES
COMUNIDADE
COMMUNIT Y
Não menos importante, no início de 2019, Londres foi desafiada
a desenvolver uma iniciativa de OP inspirada na experiência
da cidade de Paris. O governo local da cidade de Bristol
também concordou, no início de 2020, em utilizar o orçamento
participativo como parte da sua resposta à emergência climática,
CAPITAL POPUL AÇÃO
embora pouco tenha ainda acontecido devido à pandemia. No País
LONDRES / 59 439 840 35 de Gales, foi criado um importante relatório político, em 2017, na
CARDIFF sequência de um interesse continuo por parte do governo, mas
ainda não surgiu qualquer intervenção.
12/180 13/153
BAIXO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
45 28
ALTO MÉDIO 15 36 7
o mediático incêndio na Torre Grenfell, usando a metodologia PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
do OP para distribuir fundos significativos às organizações de _
base comunitária que trabalham para restaurar as comunidades Como indicado, o OP não é de momento fortemente promovido
afetadas. NESTA (Fundo Nacional para a Ciência, a Tecnologia e no território. Devido à falta de uma estratégia nacional
as Artes) é outra agência que continua a fazer referência ao OP. coerente ou de financiamento da atividade da sociedade civil
A Shared Future CIC continua a desempenhar um papel ativo para medir, avaliar e informar sobre a atividade dos processos,
junto de redes internacionais, das quais se destaca a que foi criada não é possível avaliar se algum destes continuou durante a
através do projeto “People Powered”. pandemia. No entanto, é provável que a maior parte se não
toda a atividade tenha sido suspensa, até porque a utilização
de ferramentas digitais em todas ou algumas fases do OP se
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP encontre muito aquém de outros países europeus.
_
Como indicado na secção anterior, o desenvolvimento do
OP na Inglaterra e País de Gales (sob o Departamento das INFORMAÇÃO ADICIONAL
Comunidades e Governo Local) tem sido um encorajador e _
um facilitador do desenvolvimento do OP na Escócia e na Embora não seja regularmente atualizado, neste momento
EUROPA
Irlanda do Norte. Contudo, a estreita associação do OP antes o website do UK PB Network está em funcionamento e
de 2010, quer como “pote de subvenções comunitárias”, quer contém uma série de recursos e ferramentas úteis totalmente
como estratégia do Governo de Tony Blair, significou, pelo gratuitos - www.pbnetwork.org.uk
menos em Inglaterra e País de Gales, que tem sido difícil Para saber mais sobre o crescimento do OP na Escócia - www.
reconstruir a mesma dinâmica. Também grande parte do pbscotland.scot
discurso político sobre o envolvimento dos cidadãos tem-se O trabalho emergente na Irlanda do Norte é descrito em www.
centrado em novas ferramentas de democracia deliberativa, participatorybudgetingworks.org
especialmente nos júris e assembleias de cidadãos. O desafio O projeto acelerador do OP Jovem mencionado no texto
para os praticantes e decisores políticos no Reino Unido encontra-se em https://youthpb.eu/
é encontrar formas de ligar e ampliar essas diferentes O relatório galês de 2017 mencionado no texto está disponível
abordagens democráticas de modo a que possa ser aceite em http://ppiw.org.uk/ppiw-report-publication-participatory-
pelos mais desfavorecidos e por governos avessos ao risco. budgeting/
Informação sobre PB Global Hub (gerido pela People Powered)
pode ser encontrado em https://www.peoplepoweredhub.org/
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP global-pb-hub
_
1. OP que foram suspensos: 90%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 10%
35
Inglaterra - 56.286,96 e País de Gales - 3.152,88
36
Dados estimados. Não estão disponíveis dados exatos.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 8
229
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Laura Shannon
IRLANDA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe legislação específica sobre os orçamentos
participativos no país. 1
CAPITAL C ITIES
CAPITAL POPUL AÇÃO
ÍNDIC ES
Em 2019, foram realizados 3 workshops com 187 ideias
submetidas. A partir de uma lista restrita de 19 propostas, foram
registados 5.155 votos e definidos 5 projetos vencedores:
18/180 16/153
BAIXO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
12 69
MUITO ALTO BAIXO 1 1
5. Percurso de árvores nativas no Parque Woodlawn (767 votos). workshops virtuais podem ser realizados juntamente com
programas de divulgação para grupos mais difíceis de alcançar.
A iniciativa ‘€300k Have Your Say’ tem-se revelado muito A pandemia Covid-19 tem tido um enorme impacto na Irlanda.
popular e viabilizado a implementação com sucesso de Em meados de julho de 2020, registaram-se mais de 25.000
inúmeros projetos em benefício das comunidades locais. casos confirmados e 1.700 mortes. Embora o vírus esteja
agora relativamente contido, o impacto sobre a economia e
a sociedade terá efeitos muito mais duradouros. As finanças
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS locais, que já estavam sob pressão, têm sido negativamente
_ afetadas por esta crise. Por exemplo, muitas empresas foram
A iniciativa do SDCC foi proposta por um vereador incapazes de pagar taxas comerciais, o que representa cerca de
independente, que referiu as origens do OP no Brasil e a sua um terço das receitas das autarquias. Contudo, o novo governo
expansão para muitos outros países. irlandês, em junho de 2020, comprometeu-se a “incentivar as
autoridades locais a apresentar projetos-piloto de orçamento
participativo” (Programa para o governo, p. 119).
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP
_
EUROPA
Até à data não, contudo, outras autoridades locais e o governo
INFORMAÇÃO ADICIONAL
central expressaram interesse na iniciativa de Dublin do Sul. _
O orçamento participativo na Irlanda está ainda no início.
Houve apenas uma iniciativa sólida que, embora tenha sido
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
bem-sucedida, tem as suas próprias limitações.
_
Um estudo de viabilidade que examina os meios para envolver
1. OP que foram suspensos: 0%
os cidadãos no processo de definição orçamental das autarquias
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
recomendou a experimentação do OP nas autoridades locais,
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 100%
com o apoio do Governo Nacional38. Este trabalho estava
inserido no Plano de Ação Nacional desenvolvido pela parceria
para o Governo Aberto 2016-2018 da Irlanda. Como mencionado
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
_ anteriormente, em junho de 2020, o novo governo irlandês
O Governo Local do Condado de Dublin do Sul adiou a edição comprometeu-se a incentivar as autoridades locais a desenvolver
de 2020 da iniciativa ‘300k Have Your Say’ da primavera para o processos de OP nas suas áreas.
outono devido à pandemia. Estamos otimistas que irá prosseguir
em 2020, com uma metodologia ajustada. Em ciclos anteriores,
as ferramentas online para submissão de propostas e votação 37
https://haveyoursay.southdublin.ie/
já eram muito populares, pelo que é provável que este método 38
Shannon, L., O’Riordan, J. and Boyle, R. (2019) Furthering
venha a ser aplicado. A equipa do SDCC irá rever o processo para citizen engagement in local authority budgetary processes through
assegurar que todos os que desejam participar o possam fazer participatory budgeting in Ireland - Feasibility Study. Dublin: Instituto da
quer seja online ou através de métodos presenciais. Por exemplo, Administração Pública. Disponível em https://www.ipa.ie/_fileUpload/
Documents/CitizensEngagement_LocalGov_2019.pdf
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 1 0 0 0
231
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Louise O’Kane
IRLANDA DO NORTE
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe legislação específica sobre o OP no país.
12/180 13/153
BAIXO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
45 28
ALTO MÉDIO 8 5
pequena escala, com os seus inquilinos. A Fundação Building projetos. Os outros processos sofreram atrasos, sendo expectável
Change Trust financiou o projeto PB Works em 2017, gerido que optem por abordagens mais digitais, ou mistas, para colmatar
pela Community Places, com o objetivo de sensibilizar, criar questões de acesso, particularmente nas zonas rurais das áreas
um ambiente favorável e apoiar a concessão de fundos para a envolvidas. O OP Tak 500 passou a ser realizado de forma online
implementação de iniciativas de OP. A PB Partners tem sido com um resultado positivo, uma vez que em vez de funcionar a um
uma importante aliada e mentora para a PB Works. Desde nível geográfico reduzido da área eleitoral distrital está agora a ser
2017, seguimos de perto os colegas do OP da Escócia e do implementado em todo o concelho distrital.
governo escocês, uma vez que as autoridades locais têm como
compromisso distribuir 1% do seu orçamento através do OP, ao Muitos dos temas abordados nos OP podem ser revistos para
mesmo tempo que exploram o empoderamento comunitário e refletir o impacto da Covid-19 e promover a recuperação e
o uso de ferramentas digitais. renovação.
EUROPA
partilhar aprendizagens, promover boas práticas e disseminar pandémica. Disso é exemplo o crescente número de pessoas
o conceito em toda a região. Como resultado, foram que fazem voluntariado.
desenvolvidos exemplos de OP dentro das áreas temáticas
de planeamento comunitário, habitação, policiamento, Tem havido uma discussão saudável e positiva sobre o papel que o
juventude, saúde e bem-estar. Inspirados no projeto Youth OP pode desempenhar na resposta à pandemia. Particularmente,
Leading the Change, nos distritos de Newry, Mourne e como este pode ser utilizado para construir e manter relações
Down, nasceram dois processos de OP dedicados aos jovens, revigoradas entre a comunidade, o setor do voluntariado, os
intitulados de Garvagh Forest Big Dish Out e o Youth Making a governos local e central; reforçar as conexões comunitárias e
Difference no distrito de Derry e Strabane. construir confiança (particularmente revelante numa sociedade
pós-conflito); reequilibrar as dinâmicas de poder; empoderar
genuinamente as populações locais e contribuir para um futuro
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
mais equitativo.
_
1. OP que foram suspensos: 0%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 20%
INFORMAÇÃO ADICIONAL
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 80% _
Um relatório de um workshop recente (julho, 2020) intitulado:
‘O papel dos OP na recuperação e renovação pós-Covid’ pode
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
ser encontrado aqui: http://www.participatorybudgetingworks.
_
org/uploads/files/lists/pbs-role-in-post-covid-recovery-and-
Dois OP continuaram praticamente inalterados pela Covid-19
renewal-25-june-2020-20200706120034.pdf
uma vez que ambos se encontravam na fase de entrega dos
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 3
233
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Sigurlaug Anna Jóhannsdóttir
ISLÂNDIA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe legislação a ser desenvolvida.
1
CAPITAL C ITIES
CAPITAL POPUL AÇÃO INOVAÇÕES EM DESTAQUE
REYKJAVIK 360 560 _
A ideia do projeto é a participação e cooperação entre a política, a
administração e os residentes locais. O orçamento participativo
cria um diálogo entre o governo local e a população. A cooperação
LÍNGUA MOE DA aumenta, por um lado, a responsabilidade dos moradores e a
apropriação do seu ambiente local e, por outro, a compreensão dos
ISL ANDÊS COROA
eleitos sobre o estatuto dentro dos bairros/distritos das suas vilas
ISL ANDESA (ISK)
e/ou cidades. Os autores das ideias e a restante comunidade são
LOCALIZAÇÃO convidados a participar no processo de conceção e implementação
das propostas que forem escolhidas para serem implementadas. É
dada uma grande ênfase à comunicação e informação em todas as
fases do projeto.
ÍNDIC ES
2 6
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
_
1. OP que foram suspensos: 0%
11/180 4/153
BAIXO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
1 133
MUITO ALTO MUITO BAIXO 4 4
REYKJAVIK
EUROPA
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 75% INFORMAÇÃO ADICIONAL
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 25% _
Existem 4 OP ativos, embora, em alguns deles a votação aconteça
a cada dois anos. Nestas situações, o orçamento é estendido pelo
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA período de tempo decorrido até ao próximo processo.
_
Os impactos da Covid-19 na execução do orçamento Duas das iniciativas que, de acordo com informações
participativo foram mínimos. Isto deve-se, em parte, ao facto reportadas, estariam ativas em 2018/2019 foram descontinuadas
das fases de submissão de propostas e votação decorrerem devido a problemas orçamentais, não relacionados com a
online. As principais mudanças no OP consubstanciam-se no Covid-19, ou estiveram inativos em 2020.
atraso da sua implementação.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 1 0 0 0
235
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Stefano Stortone
ITÁLIA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe legislação específica sobre o orçamento participativo na
Itália, mas sim algumas leis regionais mais amplas, que promovem
processos de envolvimento da comunidade a nível local, como
CAPITAL POPUL AÇÃO acontece em escolas e organizações da sociedade civil. A primeira
ROMA 60 297 400 lei foi lançada e implementada na Toscana (2007), seguida pelas
regiões de Emília-Romanha e Umbria (2010), Puglia (2017) e mais
recentemente Marche (2019). Todas elas partilham uma abordagem
similar que consiste em financiar e apoiar todos os anos o arranque de
LÍNGUA MOE DA um determinado número de iniciativas de democracia participativa.
ITALIANO EURO (EUR) Essas seguem a mesma orientação política, ou seja, de esquerda.
A região da Sicília optou por introduzir uma alteração ao quadro
regional sobre finanças locais (2014 e posteriormente), declarando
LOCALIZAÇÃO que todos os anos pelo menos 4% dos fundos regionais dedicados
aos municípios devem ser utilizados para implementar projetos
propostos pelos cidadãos, através de metodologias de democracia
participativa. Em 2018, esta regra foi limitada aos governos locais
que são beneficiários de fundos maiores39, limitando, assim, o
número de iniciativas de OP.
Infelizmente, não é fornecido apoio financeiro ou técnico aos
municípios que, por conseguinte, organizam habitualmente
processos de consulta muito simples ou por vezes utópicos, que são
indevidamente designados por OP.
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
ÍNDIC ES _
Em 2019, pela primeira vez um processo de OP foi implementado
numa prisão. Esta dá pelo nome de “Ideias em Fuga” (Idee in fuga) e
foi completamente organizado sob uma base voluntária, incluindo o
orçamento e os custos de implementação, que estavam dependentes
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO de doações privadas, patrocínios e financiamento coletivo
2019 HUMANO 2019
(crowdfunding). O processo assemelhava-se a um OP desenvolvido
35 29 no âmbito de uma cidade, onde as divisões administrativas eram
DEMOCR ACI A IMPERFEITA MUITO ALTO
consideradas como bairros. A peculiaridade deste projeto foi a
total ausência da internet na promoção da iniciativa em torno dos
prisioneiros e a implementação de algumas ações participativas,
51/180 30/153
MÉDIO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
39 63
ALTO BAIXO 116 111
ROMA
tais como a votação. O objetivo não era apenas introduzir “apoios” (uma espécie de sessão de pré-votação) na primeira
mecanismos democráticos e participativos dentro de uma fase para filtrar e selecionar as propostas a serem avaliadas,
prisão, como uma forma de reabilitação, mas também criar uma transformadas em projetos e depois levadas a votação.
ponte entre a comunidade interna (prisioneiros) e a externa
(sociedade civil, cidadãos e organizações) e, assim, aumentar as
oportunidades dos prisioneiros arranjarem empregos, criarem PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
novas relações sociais e combaterem o estigma. O projeto foi _
suspenso devido à emergência da Covid-19 e às restrições dentro Até agora não foi realizada qualquer investigação para
das instituições penais, tendo sido retomado após 7 meses para monitorizar o estado da evolução dos OP em curso. Contudo,
EUROPA
a votação dos projetos finais. durante grande parte do período critico, a maioria dos municípios
suspendeu ou abrandou os processos a fim de concentrar
a energia no combate à Covid-19 e às emergências que dela
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS emanaram. Desta forma, alguns OP foram recentemente
_ retomados e outros implementados pela primeira vez.
As primeiras experiências de OP tiveram como referência
o modelo de Porto Alegre. Nos últimos anos, investigadores
e profissionais dedicados ao estudo de metodologias de INFORMAÇÃO ADICIONAL
democracia deliberativa influenciaram vários processos de _
OP, incorporando conceitos como os mini-públicos, reuniões O projeto RIPARTIRE, de âmbito nacional, foi iniciado em 2020
presenciais facilitadas e amostras aleatórias de cidadãos. e irá envolver 5 escolas secundárias de todo o país. Estas serão
treinadas e formadas para desenvolver um processo de OP escolar,
estando prevista a criação de kits e ferramentas de aprendizagem,
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP para promover a disseminação do OP noutras escolas e cidades
_ italianas, focando-se na participação da população jovem.
Apesar de não ser possível assumir uma relação direta, existe
uma forte similaridade entre os OP que surgiram na região
da Lombardia na última década (a primeira experiência foi
39
Lei regional de 8 maio de 2018, n. 8 - disposições programáticas
e corretivas para o ano de 2018. Lei de estabilidade regional e, em
realizada na pequena cidade de Canegrate e depois replicada
particular, o artigo 14, parágrafo 6, no qual o artigo 6 da Lei regional n.
na cidade de Milão) e os desenvolvidos, nos últimos anos, 5/2014 e subsequentes modificações e aditamentos foi alterado. Para
nos municípios espanhóis, com recurso à plataforma de mais informações, consultar https://milocca.wordpress.com/2019/02/07/
software Consul, criada em Madrid. Estes introduziram os il-regolamento-bilancio-partecipativo-contrasta-con-legge-regionale/
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
1 3 0 0 5
237
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Dumitru Budianschi
MOLDÁVIA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe uma lei dedicada ou reguladora do orçamento
participativo. No entanto, o quadro legal permite às autoridades
locais desenvolvê-lo e implementá-lo. Contudo, a existência de
CAPITAL POPUL AÇÃO disposições legais relativas ao OP facilitaria a sua emergência no
CHISINAU 2 657 640 país. Convém mencionar que o Ministério das Finanças geralmente
apoia o desenvolvimento de tais práticas, mas de momento,
tanto este como outros ministérios ou entidades públicas não
desenvolveram quaisquer políticas sobre o assunto.
LÍNGUA MOE DA
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
ÍNDIC ES
Por enquanto, no âmbito do desenvolvimento do OP na
República da Moldávia, é difícil falar sobre inovações notáveis.
As condições gerais no país, tais como orçamentos públicos
reduzidos, altos níveis de corrupção e uma migração massiva da
população criam dificuldades específicas ao desenvolvimento
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 do OP. Assim, é possível identificar certas características que
ajudariam o OP a fazer o seu caminho. A título de exemplo, a
83 107
REGIME HÍBRIDO ALTO possibilidade de exigência de contribuições dos cidadãos ou de
outros doadores permitiria que as autoridades locais pudessem
ser mais facilmente convencidas sobre a implementação deste
tipo de iniciativas.
120/180 70/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
68 123
ALTO MUITO BAIXO 4 4
CHISINAU
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS foi tomada por comissões compostas por representantes das
_ autoridades locais e da sociedade civil.
Para a maioria das autoridades locais, o OP na República
da Moldávia foi inspirado pela prática polaca. Mas as
experiências da Roménia e da República Checa também INFORMAÇÃO ADICIONAL
tiveram uma forte influência. _
O OP na Moldávia, na grande maioria dos casos (existem
EUROPA
exceções) foi ou é desenvolvido com apoio metodológico e/ou
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP financeiro proveniente de projetos que contam com o apoio de
_ parceiros da União Europeia. Em 2019 e 2020, várias autoridades
De momento, não é possível afirmar a existência de um iniciaram processos de OP, alguns satisfazendo todos os critérios
modelo de OP na República da Moldávia que tenha servido de estipulados na metodologia desta publicação, outros não.
inspiração para as autarquias ou autoridades locais.
Contudo, existe claramente um interesse crescente por parte dos
presidentes de câmara nos OP, especialmente depois das eleições
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
locais de 2019. Todavia, a verba do orçamento atribuído pelos
_
municípios para o OP é pequena, de poucas centenas a algumas
Em termos gerais, reconhece-se que a Covid-19 influenciou
dezenas de milhares de euros (exceto para a cidade capital). Além
negativamente o desenvolvimento do OP. Em 2019, várias
disso, se considerarmos outras condições específicas do país,
autoridades locais iniciaram um processo de OP, mesmo
nem todas as autarquias que implementaram ou implementam o
que algumas não preencham todas as condições requeridas
OP podem dizer que asseguram um alto nível de participação nos
pela metodologia definida no Atlas, com a aprovação
seus processos.
de regulamentações, mas alguns desses não foram
implementados devido a dificuldades financeiras ou questões
Por outro lado, o desenvolvimento do OP nas escolas está a
relacionadas com a imposição de quarentenas. Assim, o
aumentar. Embora não satisfaçam inteiramente os critérios
número de OP em 2020 irá ser provavelmente maior do que
mencionados na metodologia do Atlas, estas experiências
em 2019, mas menor do que seria sem a pandemia. Além disso,
estão a ganhar popularidade entre as administrações escolares
outro impacto está ligado às dificuldades na votação dos
e os estudantes.
projetos. Em alguns casos, esta fase foi cancelada e a decisão
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 0
239
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Sveinung Legard
NORUEGA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe qualquer legislação referente aos orçamentos
participativos.
7/180 5/153
BAIXO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
20 128
ALTO MUITO BAIXO 1 1
OSLO
EUROPA
realizar o OP digitalmente, utilizando a plataforma www. Porto Alegre no ano de 1989. A maioria destes municípios
citizenlab.co. Isto deve-se, por um lado, à pandemia, e por também não definiria essa prática como OP.
outro, ao facto de esses distritos quererem experimentar
plataformas digitais para participação dos cidadãos. A cada quatro anos, o Ministério do Governo Local realiza
um questionário sobre a estrutura organizacional dos
municípios noruegueses. Em 2014, 15 municípios responderam
INFORMAÇÃO ADICIONAL positivamente à questão sobre terem estabelecido processos de
_ “orçamento participativo […], onde todos ou alguns grupos da
É difícil saber onde desenhar a linha que separa o OP de população podem participar na priorização do uso de recursos
processos considerados semelhantes. Vários municípios dentro de uma ou mais áreas do orçamento”. Em 2016, sete
asseguram fundos que podem ser distribuídos por associações municípios responderam positivamente à mesma questão. Pode
e projetos comunitários, alguns desses discutidos abertamente haver, por outras palavras, mais governos locais que praticam
com a comunidade para que se decida que atividades devem uma determinada metodologia de orçamento participativo
ser financiadas num determinado ano. Alguns investigadores que os investigadores ou o público não conheçam. Resta-
definem estas iniciativas como OP. Outros, incluindo eu, nos aguardar o resultado do questionário de 2020, o qual irá
discordam porque isto implicaria que a maioria dos municípios fornecer uma melhor indicação acerca deste assunto.
já implementavam o OP muito antes de este ter surgido em
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 1 0 0 0
241
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Dorota Beadnarska-Olejniczak e Jaroslaw Olejniczak
POLÓNIA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Comparando a situação atual com o ano anterior, podemos
apontar para uma melhoria da transparência dos procedimentos
no orçamento participativo, após a entrada em vigor de novas
CAPITAL POPUL AÇÃO regulamentações em 2019, relacionadas com os orçamentos das
VARSÓVIA 37 970 870 unidades locais autogovernadas. Salienta-se, em primeiro lugar,
a introdução de requisitos para tomar a decisão de introdução do
OP sob a forma de uma resolução das assembleias das diferentes
divisões territoriais/administrativas da Polónia (gmina
LÍNGUA MOE DA município, voivodeship - região) e, em segundo, a determinação do
POL ACO ZLOTI POL ACO legislador sobre os elementos necessários da resolução. No caso
(PLN) do Fundo Solecki, é importante que o governo nacional mantenha
o cofinanciamento das despesas incorridas pelos municípios ao
LOCALIZAÇÃO abrigo do mesmo.
41/180 43/153
MÉDIO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
29 106
ALTO MUITO BAIXO 2014 1989
VARSÓVIA
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA pelo menos até a situação financeira melhorar, ou para permitir
_ mudanças no montante e no destino das despesas do OP.
Na avaliação do impacto da Covid-19 nos processos de OP
na Polónia, deve-se salientar que a legislação e o horizonte
temporal influenciam, significativamente, as decisões das INFORMAÇÃO ADICIONAL
EUROPA
unidades locais autogovernadas. No caso dos municípios rurais _
e urbano-rurais, as deliberações relativas aos Fundos Solecki No caso da Polónia, os principais problemas continuam a ser
foram frequentemente tomadas muito tarde (depois da data- a recolha de dados:
limite legal) ou antes da crise, e o “escudo anti-covid” do governo
central não previa qualquer extensão/suspensão do prazo ou 1. A falta de uma base de dados sobre todos os orçamentos
a possibilidade de alterar decisões anteriores. No caso do OP participativos;
de outros municípios, concelhos e regiões (exceto para grandes 2. Inconsistência da nomenclatura (por exemplo, “OP 2020” é
cidades) não existem limitações temporais. As resoluções sobre o ano de votação para alguns processos e de implementação
o OP num determinado ano são, frequentemente, tomadas para outros;
em junho (votação no outono, execução no ano seguinte). Isto 3. Não existe qualquer base de dados relativa às resoluções
normalmente resulta na decisão de alterar as datas de votação no caso do Fundo Solecki, uma vez que todos os anos
e, menos frequentemente, por enquanto, de cancelar o processo os municípios abrangidos necessitam de aprovar esse
(votado em 2019 ou 2020). documento relativamente à separação ou recusa de
separação desses fundos (a publicação de resoluções é
As unidades locais autogovernadas continuam a realizada geralmente nos websites dos municípios).
fazer estimativas relativamente às receitas perdidas
(maioritariamente devido às baixas quotas de IRS e IRC - Os dados foram recolhidos utilizando bases de dados de
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares e Coletivas) leis jurídicas, websites de governos locais e publicações do
e, por isso, não tomaram uma decisão final sobre o OP em 2020. Ministério das Finanças. Apesar dos nossos esforços, são
Ao mesmo tempo, associações de municípios apelam ao governo apenas estimativas e podem diferir ligeiramente da situação
central para suspender as regulamentações legais sobre o OP, atual a partir de 10/06/2020.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
1 1 5 0 20
243
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Nelson Dias, Rafaela Cardita e Simone Júlio
PORTUGAL
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Portugal possui uma legislação nacional que torna obrigatória
a implementação do orçamento participativo por parte das
escolas públicas com alunos do 3o ciclo do ensino básico e/
CAPITAL POPUL AÇÃO ou do ensino secundário. Trata-se do Despacho no. 436-
LISBOA 10 269 420 A/2017, emitido pelo Ministério da Educação. Este institui o
termo Orçamento Participativo das Escolas (OPE) e define
que o processo é organizado anualmente, em cada um dos
estabelecimentos de ensino abrangidos pela medida. Isto
LÍNGUA MOE DA representa, em termos práticos, a existência de uma iniciativa
PORTUGUÊS EURO (EUR) governamental que está na origem de centenas de orçamentos
participativos em todo o país.
30/180 59/153
MÉDIO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
3 138
MUITO ALTO SEM IMPACTO 1666 122
INOVAÇÕES EM DESTAQUE - Da multinacional PHC Software, empresa de origem
_ portuguesa dedicada ao desenvolvimento de software de
A diversidade de iniciativas de orçamento participativo gestão. Esta implementou o orçamento participativo nos
em Portugal permite a identificação regular de pequenas escritórios localizados em Lisboa, Porto, Madrid, Lima e
inovações introduzidas nos processos, em particular os que Maputo, atribuindo um valor a cada um para ser decidido pelos
são promovidos pelos órgãos de governação local. Não sendo funcionários e investido em projetos que visem melhorar as
possível detalhar todos esses elementos numa publicação condições de trabalho e aumentar a felicidade interna.
como o Atlas, opta-se por destacar as experiências conduzidas
por outros tipos de entidades, como são os casos:
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS
- Da Universidade Nova School of Business and Economics, _
iniciado em 2019, em parceria com o Município de Cascais, A primeira grande referência foi o orçamento participativo de
com uma dotação global de 20 mil euros, assumidos em Porto Alegre, no Brasil. O processo foi introduzido em Portugal,
partes iguais pelas duas entidades; em 2001/2002, pelo Município de Palmela, embora numa variante
- Do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, iniciado em muito distinta da original, baseada numa abordagem meramente
2019, com uma dotação de 10 mil euros; consultiva, que acabou por influenciar outras autarquias,
EUROPA
- Da Ordem dos Enfermeiros, em particular de algumas tornando-se num modelo dominante até 2012, ano em que as
das suas secções regionais, que há vários anos organizam iniciativas de caráter deliberativo passaram a ser maioritárias.
processos de orçamento participativo, sendo estes
destinados a suportar projetos que os profissionais desta
área consideram importantes concretizar no âmbito do REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP
trabalho que desenvolvem com as comunidades onde _
atuam. As dotações variam entre os 5 e os 10 mil euros; Destacam-se essencialmente três referências. A mais antiga é a
- Da Ordem dos Psicólogos, em concretos das suas secções de Lisboa, a capital do país, por ter despoletado um dos primeiros
regionais, com o propósito de permitir que os membros orçamentos participativos de carácter deliberativo42, com
colaborem na decisão sobre os planos de atividades e uma afetação de 5 milhões de euros, o que permitiu alcançar
orçamentos anuais da entidade; uma importante visibilidade junto de outros municípios e da
- Da Ordem dos Farmacêuticos, em particular da secção comunicação social.
do sul e das regiões autónomas, visando incentivar os
membros a apresentarem novas ideias e soluções para
a valorização da profissão, a resolução de problemas CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >
sentidos pela classe ou, até mesmo, para responder a
situações sociais através da intervenção do farmacêutico; 40
Orçamentos Participativos promovidos pelos governos das regiões
- Da Ordem dos Contabilistas Certificados, criado com o autónomas dos Açores e da Madeira.
propósito de incentivar a participação dos membros na 41
Orçamento Participativo das Escolas e Orçamento Participativo Jovem
elaboração do plano de atividades e orçamento anual Portugal.
da entidade; 42
Foi, aliás, o segundo, depois de Sesimbra.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 2 2 40 2 41 1540
245
PORTUGAL
COMUNIDADE
COMMUNIT Y
A segunda, numa escala temporal, é Cascais. O seu modelo de OP
representou um avanço muito significativo na consolidação de um
método de participação essencialmente presencial, que permitiu
fazer escola dentro e fora do país, com inúmeros municípios a
adotarem este exemplo. O crescimento do processo em número
CAPITAL POPUL AÇÃO
de participantes e em orçamento transformaram-no no maior OP
LISBOA 10 269 420 desenvolvido em Portugal e um dos maiores da Europa.
LOCALIZAÇÃO
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
_
1. OP que foram suspensos: 96,4%
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 1,6%
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 1,9%
_
A 11 de março de 2020 a Organização Mundial de Saúde
declarou a pandemia do novo coronavírus. Um dia depois,
o Conselho de Ministros de Portugal aprovou um conjunto
ÍNDIC ES
de medidas extraordinárias e de caráter urgente de resposta
à situação epidemiológica, entre as quais se destacam a
declaração do estado de alerta, o encerramento de inúmeros
serviços públicos na modalidade presencial e a suspensão de
todas as atividades letivas e não letivas presenciais nas escolas
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019
de todos os níveis de ensino a partir do dia 16 de março. Esta
segunda decisão determinou a interrupção dos orçamentos
22 40 participativos escolares, que naquela data se encontravam
DEMOCR ACI A PERFEITA MUITO ALTO
em funcionamento e na maior parte dos casos muito
próximos da realização da votação dos projetos finalistas. Os
estabelecimentos de ensino não voltaram a abrir nesse ano
30/180 59/153
MÉDIO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
3 138
MUITO ALTO SEM IMPACTO 1666 122
AÇORES CONTINENTE
LISBOA
letivo, o que acabou por conduzir à anulação definitiva dos da população e no funcionamento das instituições, conduziu
inúmeros processos participativos em curso. o país a três dinâmicas dominantes no que respeita aos
EUROPA
orçamentos participativos:
Tendo por base o rápido agravamento da pandemia em
Portugal e em outros países europeus e a necessidade i. suspensão, tendo esta atingido mais de 96% do total de
de reforçar a cobertura constitucional a medidas mais iniciativas que se encontravam ativas. Este elevado valor
abrangentes de combate à situação de calamidade pública, prende-se sobretudo com o facto de neste universo estarem
o Presidente da República decretou, a 18 de março de 2020, incluídos os OP escolares. Restringindo a leitura aos processos
o estado de emergência. Esta decisão, articulada com os promovidos por autarquias, conclui-se que a dinâmica de
restantes órgãos de soberania, determinou o confinamento paralisação afetou cerca de 50% das experiências;
forçado de uma parte significativa da população e autorizou o ii. adaptação metodológica, em particular com a conversão de
Governo a implementar políticas nunca antes experimentadas todos os momentos presenciais numa relação virtual entre
no país. os cidadãos e as administrações, normalmente mediada
por páginas de internet dedicadas aos processos;
Este era um cenário de enorme incerteza, pelo que a maioria iii. adiamento do calendário de execução, com uma certa
das autoridades públicas optou, num primeiro momento, por concentração de casos nos últimos quatro meses do ano.
anunciar a interrupção ou suspensão provisória dos seus
processos participativos, enquanto outras decidiram adiar
qualquer determinação sobre a matéria, na expectativa de que
fosse possível retomar as atividades numa fase mais adiantada
do ano, nomeadamente no terceiro ou no quarto trimestres. 40
Orçamentos Participativos promovidos pelos governos das regiões
autónomas dos Açores e da Madeira.
As intermitências da pandemia, com sucessivas ondas de 41
Orçamento Participativo das Escolas e Orçamento Participativo Jovem
infeção e os consequentes avanços e recuos no confinamento Portugal.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 2 2 40 2 41 1540
247
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Ekaterina Petrikevich e Tomas Rakos
REPÚBLICA CHECA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
As mudanças políticas na viragem dos anos 80 e 90, na
República Checa, trouxeram não só princípios democráticos,
de liberdade e de pluralidade, mas também desencadearam
CAPITAL POPUL AÇÃO a descentralização territorial, o desenvolvimento gradual da
PRAGA 10 669 710 consciência cívica e o crescimento da confiança nas instituições
locais. Contudo, a atmosfera de inovação democrática não levou
ao estabelecimento de legislação que tornasse os processos de
OP obrigatórios. Atualmente, não existe uma ampla discussão
LÍNGUA MOE DA política sobre a introdução de legislação relevante, embora o OP
CHECO COROA CHECA continue a crescer e na vizinha Polónia exista um quadro legal
(CZK) que torna os mesmos obrigatórios (em determinadas situações,
em especial após 2018).
LOCALIZAÇÃO
Uma exceção pode ser encontrada na plataforma do Partido
Pirata Checo (Piratska strana), um partido liberal da República
Checa. Este promove ativamente o OP fazendo um grande
esforço para que se torne uma ferramenta de uso regular nos
orçamentos municipais. No entanto, não surgiu ainda uma
oportunidade para o tornar obrigatório. De qualquer das formas,
o partido usa o OP para construir o seu próprio orçamento.
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
ÍNDIC ES
Nos últimos cinco anos, o orçamento participativo espalhou-se
significativamente por cidades e vilas de todas as dimensões na
República Checa. No entanto, pouca ou nenhuma inovação foi
aplicada à conceção do processo, uma vez que este permanece
padronizado. O OP é gerido pela câmara municipal ou pela
administração a nível distrital, seguindo ambos a mesma
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 sequência de etapas.
32 26
DEMOCR ACI A IMPERFEITA MUITO ALTO Entretanto, um exemplo interessante de pensamento inovador
pode ser encontrado na cidade de Kutna Hora. Esta situa-se
na Região da Boémia Central, com 21.000 residentes, formada
44/180 19/153
MÉDIO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
10 102
MUITO ALTO MUITO BAIXO 163 162
por distritos com dimensões e estruturas sociodemográficas estudantes de todas as idades e permitir que crianças e jovens,
drasticamente diferentes. Assim, quando se decidiu implementar a partir dos 10 anos, façam parte do processo de OP. Contudo,
o OP nesta cidade, determinou-se que este seria gerido ao nível do o ritmo e a estrutura do processo mudaram drasticamente
distrito, de modo a atender às diferenças entre estes. no caso das escolas secundárias. Os estudantes deste nível
de ensino são coproprietários e cogestores dos OP, o que lhes
Outra questão enfrentada pela cidade de Kutna Hora foi permite desenvolver competências de cidadania ativa, mas
a falta de capacidade interna. Nem os distritos, nem a também adquirir experiência e um conjunto de aptidões
câmara municipal dispõem de recursos humanos suficientes relacionadas com a implementação de projetos.
para gerir o processo. No entanto, uma vez que a cidade
já implementou o OP em 8 das suas escolas primárias e Ambas as metodologias do OP escolar estão a disseminar-se
secundárias e possui um parlamento juvenil ativo, foi ativamente pelo país (implementadas em mais de 100 escolas) e
decidido que o processo seria gerido pelos jovens que fora deste, tendo sido desenvolvidas na Eslováquia, a nível regional,
detinham experiência com o OP escolar e se encontravam ou seja, numa escala superior à verificada no território checo.
ativamente envolvidos na governação da cidade.
EUROPA
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS _
_ 1. OP que foram suspensos: 0%
Os primeiros processos de OP na República Checa (2014) foram 2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 0%
influenciados pelos exemplos de Cascais, em Portugal, e de 3. OP que sofreram alterações/adaptações: 100%
outros provenientes da Polónia, trazidos para o país pela D21 e
pela AGORA CE, respetivamente. Cascais, uma das pioneiras
em participação pública, serviu como terreno de estudo para a PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
vilas e cidades checas. Desde então, como o crescimento do OP No caso da República Checa, não se verificam impactos
em termos de popularidade, tem vindo a ser implementado por fundamentais da Covid-19 nos atuais projetos de OP. As
várias entidades sem fins lucrativos que reproduzem o modelo cidades mais prósperas, com maior experiência em termos
de OP vigente.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
16 16 1 0 *
249
REPÚBLICA CHECA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y
de OP (por exemplo, Ostrava, Brno e Říčany) não declararam
quaisquer mudanças particulares ou significativas no
orçamento e no decurso do processo. Contudo, a situação atual
decorrente da pandemia é mencionada nos websites dos OP e as
reuniões presenciais reduzidas ao mínimo necessário. No caso
CAPITAL POPUL AÇÃO
de os coordenadores organizarem reuniões, estas decorrem
PRAGA 10 669 710 ao ar livre, exigindo aos participantes que mantenham a
distância de pelo menos 1 metro, a fim de cumprir as regras e
regulamentos do país.
LÍNGUA MOE DA
32 26
DEMOCR ACI A IMPERFEITA MUITO ALTO
44/180 19/153
MÉDIO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
10 102
MUITO ALTO MUITO BAIXO 163 162
PRAGA
EUROPA
*OUTROS TIPOS DE INSTITUIÇÕES
Mais de 100 em escolas. Os orçamentos
participativos das escolas básicas são promovidos pelos governos locais e
os das escolas secundárias são da responsabilidade dos governos regionais.
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
16 16 1 0 *
251
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Bogdan Viorel Barbu
ROMÉNIA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não temos legislação específica para o orçamento participativo.
Neste quadro, cada município tem liberdade relativamente ao
orçamento para investimento e quanto à verba a alocar. Todos
CAPITAL POPUL AÇÃO os processos de OP implementados até agora utilizaram o
BUCARESTE 19 356 540 montante máximo de 5% da componente de investimento.
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
O orçamento participativo está a utilizar 5% do orçamento de
investimento, sendo que esta percentagem é exclusivamente
destinada a projetos de desenvolvimento.
ÍNDIC ES
70/180 47/153
ALTO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
25 138
ALTO SEM IMPACTO 26 23
BUCARESTE
EUROPA
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP novembro e dezembro do ano anterior. A pandemia pode afetar
_ os projetos para 2021, mas isto irá ser decidido individualmente
Sim, como descrito acima, o país tem 3 soluções por cada autoridade local, depois de terem a projeção do
tecnológicas totalmente desenvolvidas que podem ser orçamento para esse mesmo ano.
utilizadas por qualquer cidade.
INFORMAÇÃO ADICIONAL
IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP _
_ Existe um website genérico43 que oferece toda a documentação
1. OP que foram suspensos: 0% necessária a uma autarquia, sendo apenas necessário atualizar
2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 100% o nome do município e o montante alocado ao OP. Com base
3. OP que sofreram alterações/adaptações: 0% nestes documentos, a maioria dos candidatos a presidente da
câmara municipal está a utilizar o OP como um dos itens dos
seus programas eleitorais. Assim, as expectativas são altas,
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
na medida em que se espera que a partir de 2020 o número de
_
cidades que implementam este processo aumente.
O OP continuou a funcionar normalmente na Roménia devido
às especificidades da atribuição de verba, que é feita aquando
da votação dos orçamentos nacional e local, algures entre 43
bugetareparticipativa.ro
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
6 3 1 0 2
253
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Anders Nordh
SUÉCIA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Não existe legislação específica sobre o orçamento participativo.
4/180 7/153
BAIXO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
18 56
ALTO BAIXO 5 4
EUROPA
ESTOCOLMO
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
2 0 0 0 1
255
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Donos Leonid
UCRÂNIA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
O Conselho de Ministros da Ucrânia aprovou, em 2019, uma
legislação que regulamenta o orçamento participativo de
âmbito nacional e adotou 500 milhões de UAH (17 milhões
CAPITAL POPUL AÇÃO de dólares ou 14 milhões de euros) para a implementação dos
KIEV 44 385 150 projetos mais votados.
INOVAÇÕES EM DESTAQUE
_
- Durante os últimos anos, o OP tem-se tornado uma
tendência no desenvolvimento da democracia digital
no país. As equipas de desenvolvimento tecnológico
criaram plataformas eletrónicas, com o intuito de auxiliar
os municípios ucranianos a introduzir o orçamento
ÍNDIC ES
participativo, tornando o processo seguro e transparente,
tanto para o setor público, como para a sociedade civil. Por
exemplo, a ONG SocialBoost fornece a plataforma a mais de
100 municípios. Os cidadãos apresentaram mais de 5.000
projetos, dos quais mais de 500 foram financiados. No
DEMOC R AC IA DESE NVOLVIME NTO
2019 HUMANO 2019 total, tem cerca de 1 milhão de participantes por mês a nível
nacional (até 10% da população em algumas cidades). Link da
78 88 plataforma: http://pb.org.ua/en.
REGIME HÍBRIDO ALTO
- Mais de 120 cidades e outros territórios utilizam ativamente
a plataforma de democracia digital edem.ua. Acima de
460.000 cidadãos são utilizadores ativos do sistema. Foram
126/180 123/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
150 24
MUITO BAIXO MÉDIO 238 233
atribuídos mais de 1.500 votos para projetos de OP. As IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NOS OP
regiões de Poltava e Chernihiv implementaram com _
sucesso o OP nacional através desta plataforma. Link da 1. OP que foram suspensos: 33%
plataforma: https://budget.e-dem.ua/landing. 2. OP que continuaram a funcionar normalmente: 46%
- As cidades ucranianas e demais comunidades 3. OP que sofreram alterações/adaptações: 21%
territoriais que trabalham ativamente com diferentes
instrumentos de participação criaram a Associação para
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DOS OP NO PAÍS DURANTE A PANDEMIA
o Desenvolvimento de Comunidades Participativas. Esta
_
tem como principal objetivo aprofundar ferramentas
- Pesquisas recentes mostram que a pandemia agravou os
e métodos participativos com o intuito de reforçar a
desafios com a comunicação, gestão financeira e capacidade
confiança entre os diferentes intervenientes. A equipa da
das ONG na promoção do OP. 34 cidades e comunidades
associação trabalha ativamente no campo da inclusão e da
territoriais acabaram por suspender o processo. Contudo,
coesão social.
algumas cidades começaram a implementar ativamente
- Ao nível das escolas, a região de Poltava desenvolveu um
novos instrumentos de participação, tais como o OP escolar
programa de OP escolar regional. Mais de 100 escolas
(Kremenchuk, Ivano-Frankivsk e Novovodolazka ATC).
participaram na preparação e submissão dos projetos,
EUROPA
- Parte das cidades e comunidades territoriais iniciaram
sendo selecionados 34 para implementação. Além disso,
a utilização de ferramentas online para as fases de
a equipa responsável preparou e conduziu uma série de
submissão de propostas e votação. O desenvolvimento
atividades para os estudantes, nomeadamente em gestão
das comunicações online nas grandes cidades levou a um
de projetos, formação de equipas, etc. Link da plataforma:
aumento significativo do número de votantes nos projetos.
https://smartregion.pl.ua/.
Por exemplo, na cidade de Severodonetsk, registou-se um
aumento nos cidadãos que votaram, de 8.000 em 2018, para
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS 12.000 em 2020. No entanto, o acesso limitado à internet em
_ áreas rurais remotas levou a um declínio da atividade civil.
A Ucrânia inspirou-se nas experiências da Polónia, tendo
implementado a sua primeira iniciativa de OP em 2015.
INFORMAÇÃO ADICIONAL
_
REFERÊNCIA SUBSEQUENTE PARA A DISSEMINAÇÃO DO OP O Fórum Internacional de Facilitadores da Participação
_ para representantes da Geórgia, Moldávia e Polónia tem
Peritos ucranianos no desenvolvimento de OP, cooperam sido realizado na Ucrânia nos últimos 4 anos. Este evento
ativamente com municípios da Geórgia para a avaliação do tornou-se um espaço de confiança, troca de experiências,
processo e implementação de novas iniciativas, tais como desenvolvimento de práticas participativas e de apoio aos
os OP escolares. Algumas experiências ucranianas foram processos democráticos. O Fórum já reuniu mais de 800
apresentadas a cidades indianas, na conferência internacional
“Towards the human world”, em fevereiro de 2020.
CONTINUA NA PÁG. SEGUINTE >
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
3 1 2 1 2
257
UCRÂNIA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y
membros, tendo sido realizados mais de 150 workshops. O
evento permitiu a introdução de inovações sociais, tais como o
orçamento participativo escolar, a assinatura de um memorando
de cooperação entre autoridades locais e organizações da
sociedade civil, incluindo internacionais.
CAPITAL POPUL AÇÃO
LOCALIZAÇÃO
- Link para o estudo - https://www.researchgate.net/
publication/337783495_Impact_Evaluation_of_
Participatory_Budgeting_in_Ukraine;
- Link para o guia - https://pauci.org/upload/files/PB_
Guide_2019_UA.pdf;
- Link para o manual sobre a integração social de grupos
vulneráveis - https://pauci.org/upload/files/PAUCI%20
GIZ%20PB%20Project%20Broshure.pdf
126/180 123/153
ALTO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
150 24
MUITO BAIXO MÉDIO 238 233
KIEV
EUROPA
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
3 1 2 1 2
259
OCEÂNIA
ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
OCEÂNIA
_
1
100,00%
1
AUSTR ÁLIA
1*-0 **
ORÇAME NTOS
PARTIC IPATIVOS
NA OC EÂNIA
N
O
S
ÍNDICE DE DEMOCRACIA - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA ÍNDICE DE PERCEÇÃO DA CORRUPÇÃO - ORÇAMENTOS
OCEÂNIA POR REGIME POLÍTICO (Nº. E %) PARTICIPATIVOS NA OCEÂNIA POR NÍVEIS DE CORRUPÇÃO (Nº. E %)
_ _
1 0 1 0
100,00% 0,00% 100,00% 0,00%
0 0 0 0
0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
MUITO ALTO ALTO 6.1 – 8.0 (MUITO ALTO) 4.1 – 6.0 (ALTO)
1 0 1 0
100,00% 0,00% 100,00% 0,00%
0 0 0 0
0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
ÍNDICE DA PAZ - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA OCEÂNIA ÍNDICE DE TERRORISMO - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS NA
POR NÍVEIS DE PAZ (Nº. E %) OCEÂNIA POR NÍVEIS DE TERRORISMO (Nº. E %)
_ _
PA Z TE RRORISMO
1 0 0 0
100,00% 0,00% 0,00% 0,00%
0 0 0 1
0,00% 0,00% 0,00% 100,00%
0 0 0
0,00% 0,00% 0,00%
DADOS ORÇAMENTOS
PARTICIPATIVOS
por Janette Hartz-Karp e Svetla Petrova
AUSTRÁLIA
COMUNIDADE
COMMUNIT Y LEGISLAÇÃO SOBRE OP
_
Na Austrália não foi desenvolvida qualquer legislação sobre a
regulamentação dos orçamentos participativos. A maioria dos OP
australianos envolve 100% do orçamento de uma cidade - mais de
CAPITAL POPUL AÇÃO $70 milhões e até $5 mil milhões. As autarquias locais não podem,
CAMBERRA 25 364 310 legalmente, delegar a responsabilidade sobre o orçamento, assim,
previamente à implementação é acordado o nível de delegação e
transmitido aos constituintes. Contudo, este procedimento não
foi regulamentado.
LÍNGUA MOE DA
INGLÊS DÓL AR
REFERÊNCIA INICIAL PARA A ADOÇÃO DO OP NO PAÍS
AUSTRALIANO (AUD)
_
12/180 12/153
BAIXO MUITO ALTO
GLOBAL DE GLOBAL DE
TOTAL DE OP GOVE RNOS LOCAIS
PA Z 2019 TE RRORISMO 2019
13 71
MUITO ALTO BAIXO 1 1
CAMBERRA
OCEÂNIA
GOVERNOS, REGIONAOS, GRANDES CIDADES CIDADES CAPITAIS
NACIONAIS OU ESTADUAIS MELBOURNE MELBOURNE
NSW GOVERNMENT NSW NSW
TRANSPORT CANBERRA
GR ANDES C IDADES C IDADES CAPITAIS GOVE RNOS REGIONAIS GOVE RNO OUTROS TIPOS
OU ESTADUAIS NAC IONAL DE INSTITUIÇÕES
0 0 0 0 0
267
EP0011
ATLAS MUNDIAL DOS
ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS
2020 - 2021
_
O Atlas Mundial dos Orçamentos Participativos constitui
o principal referencial de análise destes processos à
escala global.