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Uma casa mal assombrada

Já passava de meia noite quando eu fui autorizado a me alojar no pavilhão da turma


avançada, apesar de sermos cinco alunos haviam dez moradias, então eu podia
escolher entre seis casas desocupadas. minha mente girava em torno de banhar e
dormir, nada mais importava, então qualquer uma delas serviria, estranhamente ao
olhar para as residências, vazias algo que sempre me chamou atenção me vem à
mente, uma das casas, tinha a fama de ser mal assombrada, lembro que por ser a
maior residência, todo ano, havia um aluno que a escolhia, mesmo assim ela estava
vazia, provavelmente os demais já sabiam e por isso não a escolheram, Domas
sempre pediu que eu não entrasse nela, e por isso nunca investiguei mas dessa
vez, estou sozinho, e agora que meus olhos atingiram o grau terrestre, eu podia ver
que havia uma formação ilusória sobre a propriedade.
Então tomado pela curiosidade, acabei por escolhê-la. cada casa era espaçosa o
suficiente para acomodar até duas pessoas, mas esta poderia facilmente acomodar
até cinco, mesmo que o instrutor que me acompanhava estivesse se tremendo de
medo ele me mostrou o lugar, ascendeu as luzes mas não se conteve em avisar.
— Ha, Vejo que o jovem optou pela casa maior, devo dizer que este lugar é de longe
a melhor residência do nosso pavilhão, mas ninguém passar mais de uma noite
aqui!
— No dia seguinte os alunos que a escolheram pediram transferência, alegando que
a casa é assombrada! — O pessoal do Feng Shui esteve aqui colocaram selos de
proteção mexeram nas cores, e nos móveis, apesar de todo o esforço não teve jeito,
a casa sempre acaba expulsando os alunos.
Antes que ele pudesse continuar eu me viro para ele, e me curvo em
agradecimento.
— Obrigado por me acompanhar até meu alojamento. — Ele não parece irritado,
apenas surpreso por eu não dar a mínima, então ele olha para a casa e sorri
consigo.
— Tem certeza?
— Sim eu tenho! — Ele se despede e vai embora.
Assim que o instrutor assistente se vai, eu percebo a formação mágica começar a
fazer efeito, concluo que talvez só funcione se você estiver sozinho, ou então dado
a minha energia, talvez foi feita para disparar com alunos que normalmente são
mais fracos, meus olhos me permitem ver através das ilusões, devo dizer que
apesar de saber que eram apenas efeito da formação mágica, eu tive vontade de
correr quando ví uma mulher de rosto deformado flutuando no banheiro.
Suspiro ruidosamente e balanço a cabeça, atravesso a ilusão em direção a uma
pequena ofurô, eu não podia estar mais grato por esta surpresa, depois do banho
vou procurar a origem das ilusões, agora eu só quero sentir um bom banho quente!
— Depois de alguns baldes de água, e alguns sustos, vendo reflexos de pessoas
com pele podre na água ou sentados comigo no banho eu praguejo e decido então
que é hora de entrar na pequena ofurô e com a energia de fogo eu aqueço
levemente a temperatura da água, tudo deveria estar perfeito, mas não estava,
porque eu precisava ficar vendo aquela mulher deformada me encarando o tempo
todo, mesmo sabendo que era uma ilusão aquilo me encheu profundamente o saco,
então decidi que era hora de resolver aquele problema.
Longe da vista de todos eu atingi meu poder dos olhos divinos com a intensidade
máxima, agora que havia alcançado o grau terrestre, certamente ele havia ficado
muito mais forte, esse será o momento perfeito para descobrir até onde meus
poderes oculares cresceram. Saio do Banho e ponho uma muda de roupa limpa e
começa a caçada.
Concentrando todo o meu poder nos olhos eu percebo a diferença no ato, minha
percepção para ver o fluxo da energia havia subido bastante, eu era capaz de ver
um miasma circundando a casa, era algo parecido com as formações na floresta do
dragão celestial, só que mais forte, aqui eu ainda podia ver que era uma ilusão mas
mesmo assim elas ainda me afetam, percorro os cômodos, a medida que vou me
aproximando da sala, descubro o centro da formação, puxei o tapete que cobria o
chão e me deparo com algumas runas, elas estavam talhadas no assoalho, a
caligrafia era pequena e impecável, então tive certeza, algo estava escondido
debaixo daquela tábua. Movido pela raiva eu localizo as demais runas que
compõem a formação, ela tinha oito runas, mesmo assim elas eram extremamente
difíceis de achar, assim que o localizei a primeira runa atrás de um quadro na
parede comecei a usar minha aura de fogo venenoso para derrubar a formação,
enquanto eu o fazia, o fantasmas da mulher aparecia gritando horrivelmente
tentando me assustar de diversas formas, eu a ignorei e continuei trabalhando na
chama, imaginando que provavelmente esta casa não passa de uma pegadinha que
algum funcionário brincalhão fez para dar trote nos calouros.
Então sorrio comigo mesmo vendo a formação tremendo, mas para minha surpresa
quando ela caiu, outra formação maior foi ativada.
— Formação dupla? — Paro comigo mesom imaginando que a talvez essa pessoa
fosse realmente fanática em pregar peças, para que se dar a tanto trablho assim só
para assustar os alunos?
Meu coração acelera ao ver Domas em minha frente, ele tinha o olhar de fúria e
segurava a mesma faca com a qual havia me matado. eu não estava mais na casa,
havia voltado para o momento da minha morte, eu grito de fúrio usando o poder do
cultivo ocular na sua capacidade máxima, e de repente, percebo que a figura em
minha frente não é um ser vivo, não passa de outra ilusão, mesmo assim a ilusão e
muito bem feita, preciso usar o meu poder dos olhos ao máximo para conseguir ver
através dela, depois de encontrar a próxima runa da formação, eu a ataco, intrigado,
imaginando que uma pessoa qualquer não seria capaz de fazer algo tão elaborado,
então, assim que toco a runa uma serpente negra sai dela e se enrola no meu
braço, eu digo para mim mesmo que aquilo é apenas uma ilusão, então eu começo
a queimar a runa, a serpente aperta meu braço, apesar da dor parecer real, eu cerro
os dentes e aumento fogo a runa começa a ceder, então a serpente crava os dentes
em meu braço uma duas três vezes, e quando a formação se quebra, a serpente dá
um guinchado como se tivesse sido alvejada e então começa a se desfazer como se
fosse feita de fumaça. Só então percebo que não era uma ilusão, meu braço estava
realmente ferido, aquela coisa era real, e meu corpo havia sido envenenado por ela,
para minha sorte, o meu corpo venenoso começou a assimilar o veneno mesmo
antes que eu percebesse, então por algum motivo que eu não sei explicar eu sabia
os efeitos do veneno. Paralisia física e alucinações, depois de alguns minutos, o
sangramento das mordidas parou e eu já conseguia perceber que estava
regenerando. O grau terrestre era mesmo algo muito além das minhas expectativas,
meu corpo estava se regenerando sozinho sem o uso de elixires, eu jamais imaginei
como isso poderia ser tão útil.
Vou até o centro da sala, dava para ver que realmente havia algo escondido sob o
assoalho, então eu removo a tábua e me deparo com um livro, ele tinha uma capa
azulada, era uma encadernação chinesa feito a mão, o livro tinha uma aura própria,
e brilhava como se estivesse vivo.
Paro um momento, receoso de tocá-lo, afinal a pessoa que o escondeu aqui, não
era qualquer coisa, eu procuro por novas armadilhas com meus olhos divinos, só
depois de constatar que era seguro eu o tomo em minhas mãos. assim que o pego,
o brilho em sua capa desaparece e um anél havia aparecido em meu dedo médio.
Um anel dimensional de jade, ele era liso, sem detalhes mas parecia algo
extremamente bem feito, então assim como faço com a minha bolsa dimensional eu
sondo seu interior, ele possui dez vezes mais espaço do que a minha bolsa
dimensional, era enorme, paro pensando que nem mesmo meu pai possuía um item
com essa capacidade de armazenamento, um anel assim deveria valer muito
dinheiro.
Assim que volto minha atenção para o livro percebo que agora podia ler seu título.
“Ascensão divina”, o nome era muito sugestivo então eu o abro mas as folhas
estavam em branco, não consigo ver o que está escrito nelas, olho então com o
cultivo ocular realmente há algo escrito mas não consigo ver com clareza, e como
se as letras estivessem se movendo na página, se embaralhando, isso por si só já
me basta, sei que há informação ali então observo o livro, apesar de parecer frágil
tinha diversos selos que o tornavam praticamente indestrutível, ninguém iria se dar
ao trabalho de fazer um item desses para nada, então eu ponho o livro dentro do
anel. Para não chamar a atenção para aquela joia extravagante, penso em
guardá-lo dentro da minha bolsa dimensional mas para minha surpresa, não consigo
removê-lo, parece que a jóia assim como o livro possui restrições de poder, então se
eu não me tornar mais forte, não vou poder ler o livro nem remover o anel do dedo.
Frustrado, respiro fundo, irritado com a minha burrice, não deveria ter tocado no
livro, mas agora era tarde, pelo menos ele não parecia que iria me fazer mal, então
isso já era sorte o suficiente, ao menos por enquanto.

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