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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Aline Martins F. Barroso


6. Práticas de conservação do solo e da
água: mecânicas, vegetativas e edáficas:

6.1. Práticas mecânicas;

Aula 09
Conteúdo: 6.2. Práticas vegetativas;

6.3. Práticas edáficas.


Objetivos da Aula:

• Compreender a importância da
conservação do solo e da água.
• Identificar práticas mecânicas,
vegetativas e edáficas de conservação.
• Discutir os benefícios e desafios
associados a cada tipo de prática.
• Promover a conscientização sobre a
necessidade de conservar recursos
naturais.
Material de apoio

➢cap5.pdf (meridapublishers.com)

➢ move (incaper.es.gov.br)

➢ Vol 4 - Cartilha Práticas de conservação de água e solo.indd (embrapa.br)

➢ Recursos Naturais Renováveis (embrapa.br)

➢ circ-177.pdf

➢ Doc159_Charlotte.indd (embrapa.br)

➢ Integração entre Barraginhas e Lagos de.pdf

➢ doc271-barraginha-incaper.pdf
Conceito:

São aquelas que utilizam estruturas artificiais para


a redução da velocidade de escoamento da água
6.1. Práticas sobre a superfície do solo, interferindo nas fases
mais avançadas do processo erosivo.
conservacionistas
mecânicas: Agem especificamente sobre o escoamento
superficial, interceptando-o, de modo que este
não atinja energia suficiente para ocasionar
perdas de solo acima dos limites toleráveis.

Dentre as principais práticas conservacionistas de


caráter mecânico, podemos citar: terraços, canais
escoadouros, bacias de captação de águas
pluviais, barraginhas, etc.
Práticas
• Distribuição racional de caminhos e carreadores
• Preparo do solo e plantio em contorno
• Sulcos e camalhões em pastagens
• Canais divergentes
• Canais escoadouros
• Patamares
• Banquetas individuais
• Terraços
• Barraginhas
Distribuição racional dos caminhos e corredores

Quando corretamente planejados, os caminhos e corredores presentes em


uma propriedade facilitam o trabalho do agricultor e ainda ajudam no controle
da erosão.

É necessário fazer uma distribuição racional dos caminhos que devem ficar o
mais nivelados possível (corredores de nível).
A distância entre os corredores em nível varia de acordo com a declividade do
terreno e do tipo de cultura.
Preparo do solo e plantio
em contorno
Este tipo de ação tem por objetivo reduzir a
erosão e facilitar os tratos da lavoura.

Este tipo de ação tem por objetivo reduzir a


erosão e facilitar os tratos da lavoura.
Consiste nas operações de cultivo no sentido
transversal ao declive, seguindo curvas de
nível.

Quando o preparo do solo é feito “morro


abaixo”, isto é, no sentido do declive, o
processo de erosão é facilitado e aumenta a Realizar cultivos em contorno: fazer as operações de preparo do solo, de plantio e
todas as operações de cultivo no sentido transversal ao declive do terreno, seguindo
perda de solo. curvas de nível.
Sulcos e camalhões em pastagens

É uma prática indicada, principalmente, para áreas de pastagens. São


equivalentes a um terraço de dimensões reduzidas, construídos em linhas de
nível, com arados reversíveis, de aiveca ou de disco, tombando a terra sempre
para o lado de baixo.

A grande vantagem dos sulcos e camalhões é a melhor distribuição e retenção


das águas das chuvas.
Em consequência da melhor conservação da água, a vegetação torna-se mais
densa e mais vigorosa nas proximidades dos sulcos e dos camalhões.
Sulcos e camalhões
A técnica que surgiu na Europa, auxilia
na drenagem e irrigação do solo nessas
áreas de várzea.

As terras baixas são definidas como áreas


de várzea, de relevo plano e altitude
próxima ao nível do mar.

No Rio Grande do Sul, essa área


corresponde a cerca de 6 milhões de
hectares, no qual cerca de 900 mil hectares
são cultivados com arroz irrigado.

Imagens: Sistema sulco/camalhão beneficia o cultivo de soja no RS (elevagro.com) Fonte: Entenda a tecnologia de sulco-camalhão (agrolink.com.br)
Canais divergentes

São construídos entre duas áreas contíguas, de diferentes níveis, visando à proteção da superfície
mais baixa das enxurradas.

Áreas a serem protegidas podem ser lavouras situadas em encostas, acima das quais situam-se
outras lavouras, em níveis mais altos, que deixam escorrer águas pluviais.

Esses canais são construídos em toda a extensão do perímetro que limita as duas superfícies e visam,
portanto, o desvio das águas, para que não atinjam a área em nível mais baixo, evitando, assim,
inundação, erosão ou assoreamento ou, ainda, carreamento de venenos.

Essas áreas podem também ser várzeas, suscetíveis aos problemas de enxurradas, ou mesmo lagos
ou açudes, que necessitam ser protegidos contra desmoronamentos, carreamento de venenos e
mesmo assoreamento.
Imagem: Dimensionamento de terraços de drenagem e canais escoadouros (usp.br)
São canais de dimensões apropriadas, vegetados, capazes de
transportar com segurança a água captada de vários sistemas
Canais escoadouros de terraceamento ou outras estruturas. São, em geral, as
depressões no terreno, rasas e largas, com declividades
moderadas e estabelecidas com um leito resistente à erosão.
Disposição do canal escoador
Figura 1. Área com terraços de infiltração e suas faixas de proteção.

TERRACEAMENTO
O terraceamento é uma prática mecânica de
conservação do solo destinada ao controle da
erosão hídrica, das mais difundidas e utilizadas
pelos agricultores (Figura 1).

O terraceamento teve início no Estado de São


Paulo, em meados da década de trinta. A grande
difusão desta prática ocorreu quando o
Departamento de Engenharia Mecânica da
Agricultura (DEMA) e, posteriormente, a
Coordenadoria de Assistência Técnica Integral
(CATI), nos anos 1950 a 1980, planejaram,
marcaram e orientaram a construção de milhares
de quilômetros de terraços com a finalidade de
defender as terras cultivadas dos efeitos da
erosão (Bellinazzi Júnior et al., 1980).
TERRACEAMENTO

O objetivo fundamental do terraceamento é reduzir riscos de erosão hídrica e


proteger mananciais (rios, lagos, represas. etc.).
Baseia-se no parcelamento das rampas, isto é, divide-se uma rampa comprida
(mais sujeita à erosão) em várias menores (menos sujeitas à erosão), por meio
da construção de terraços.
Terraço é um conjunto formado pela combinação de um canal
CARACTERÍSTICAS (valeta) e de um camalhão (monte de terra ou dique) (Figura 3),
construído a intervalos dimensionados, no sentido transversal ao
BÁSICAS declive, ou seja, construídos em nível ou com pequeno
gradiente.

Figura 2. Partes Componentes de um Terraço.


Os terraços têm a finalidade
de reter e infiltrar, ou escoar
lentamente, as águas
provenientes da parcela do
lançante imediatamente
superior, de forma a
minimizar o poder erosivo
das enxurradas cortando o
declive.

O terraço permite a
contenção de enxurradas,
forçando a absorção da água
da chuva pelo solo, ou a
drenagem lenta e segura do
excesso de água.
Fonte: Recursos Naturais Renováveis (embrapa.br)

• Cada terraço protege a faixa que


está logo abaixo dele, ao receber as
águas da faixa que está acima. O
terraço pode reduzir as perdas de
solo em até 70-80%, e de água em
até 100%, desde que seja
criteriosamente planejado.

• Embora apresente custo elevado


(e que aumenta com a declividade),
esta prática é necessária em muitas
áreas agrícolas onde técnicas mais
simples (como o plantio em nível, as
culturas em faixas ou a rotação de
culturas), por si só, não são
suficientes para uma eficaz proteção
do solo contra a erosão hídrica.

Figura 3. Vista parcial da água da enxurrada retida em um terraço.


Nem todos os solos e declives
podem ser terraceados com
êxito. Nos pedregosos ou
muito rasos, com subsolo
adensado, é muito dispendioso
e difícil manter um sistema de
terraceamento.
As dificuldades de construção e
manutenção aumentam à
medida que cresce a
declividade do terreno.
O uso do terraceamento é
recomendado para declives
superiores a 3%,
comprimentos de rampa
maiores que 100 metros e
topografia regular.

Fonte: Importância do manejo do solo em áreas declivosas - Canal do Horticultor: cases, novidades e técnicas de manejo
➢ O terraceamento, quando bem planejado e bem construído, reduz as perdas de solo e
água pela erosão e previne a formação de sulcos e grotas, sendo mais eficiente e
menos oneroso quando usado em combinação com outras práticas, como o plantio em
contorno, cobertura morta e culturas em faixas; após vários anos, seu efeito se pode
notar nas melhores produções das culturas, devido à conservação do solo e da água.
CLASSIFICAÇÃO DOS TERRAÇOS
❑QUANTO À FUNÇÃO:

➢TERRAÇO EM NÍVEL (DE RETENÇÃO, ABSORÇÃO ou INFILTRAÇÃO): recomendado para


solos com elevada permeabilidade, regiões de precipitações baixas e até 12% de
declividade.

➢TERRAÇO EM DESNÍVEL (COM GRADIENTE, DE DRENAGEM, COM DECLIVE OU DE


ESCOAMENTO): recomendado para solos com permeabilidade lenta ou moderada (B
textural e solos rasos), regiões de precipitações elevadas e de até 20% de declividade.
Quadro 1. Valores de declividade recomendados (%) para três grupos de solos, ao longo de terraços
locados com gradiente progressivo.
CLASSIFICAÇÃO DOS
TERRAÇOS

❑QUANTO À LARGURA DA
BASE OU FAIXA DE TERRA
MOVIMENTA DA:

Refere-se à largura da faixa de


movimentação de terra para a
construção do terraço,
incluindo o canal e o
camalhão.
➢TERRAÇO DE BASE ESTREITA OU CORDÃO DE CONTORNO

- faixa movimentada de até 3 metros;


- uso em declividades de 12-18% ou mais,
- em áreas pequenas e culturas perenes;
- normalmente do tipo Nichol’s;

Figura 4. Terraço de base estreita.


➢TERRAÇO DE BASE MÉDIA
- faixa de movimentação de terra de 3 a 6 m;
- utilização em declividades de 10-12 %,
- necessitando de trator e arado;

Figura 5. Terraço de base média


➢TERRAÇO DE BASE LARGA
- faixa de movimentação de 6 a 12 m;
- adequado para declividades menores que 10%,
- em solos de boa permeabilidade: até declividade de 20%;
- possibilita o uso de máquinas no plantio, dentro do canal e sobre o camalhão;
- normalmente construído em nível;

Figura 6. Terraço de base larga.


Figura 6. Esquema comparativo da secção
transversal de terraços de base larga (A),
média (B) e estreita (C).
CLASSIFICAÇÃO DOS
TERRAÇOS
❑ QUANTO AO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO:

➢ TIPO NICHOL’S OU CANAL:


- movimentação de terra sempre de cima para baixo na
rampa; - estreita faixa de movimentação do terreno;
- indicado para declives inferiores a 18%;
- seção transversal do canal: aproximadamente triangular;
- implementos utilizados: arado reversível, pá carregadeira;
- pode ser construído com arado quando a declividade é
>10%;
- a faixa do canal não pode ser aproveitada para o cultivo;

Figura 7. Terraço tipo Nichol’s ou canal.


Figura 8. Detalhe de terraço do tipo
Nichols construído em um Latossolo
de textura argilosa, em sistema de
plantio direto de arroz de terras
altas sobre palha de braquiária, em
Brazabrantes, GO.
➢ TIPO MANGUM OU CAMALHÃO
- durante a construção, a movimentação de terra é
feita de cima para baixo, e de baixo para cima;
- adequado para áreas com declives de até 12%;
- implementos utilizados: arado fixo ou reversível,
lâmina mediana;
- canal mais largo e raso, e maior capacidade de
armazenamento do que o Nichol’s;
- seção transversal do canal: aproximadamente
parabólica;

Figura 9. Terraço tipo Mangum ou camalhão.


CLASSIFICAÇÃO DOS TERRAÇOS

❑QUANTO À FORMA DO PERFIL DO TERRENO:


➢TERRAÇO COMUM:
É a combinação de um canal com camalhão construído em nível ou com gradiente, cuja
função é interceptar a enxurrada, forçando sua absorção pelo solo ou a retirada do excesso
de água de maneira mais lenta, sem provocar erosão. Cada terraço protege a área de terra
acima dele.
A declividade máxima para sua construção é de 20%. Deve ser combinado com práticas
vegetativas e sistemas de manejo que proporcionem proteção superficial, amenizando o
impacto das gotas de chuva. É o tipo de terraço mais usado.
TERRAÇO COMUM

Figura 10. Terraço comum.


➢TERRAÇOS TIPO PATAMAR

É construído através da movimentação de terra com cortes e aterros, que resultam


em patamares em forma de escada.

A plataforma do patamar deve apresentar pequena inclinação com direção ao seu


interior e um pequeno dique, a fim de evitar o escoamento de água de um terraço
para outro, o que poderia provocar erosão no talude.
Figura 11. Terraço tipo patamar.

No patamar deve ser plantada a cultura, e o talude deve ser recoberto com vegetação rasteira, desde que não
seja invasora, para manter sua estabilidade.

Em solos pouco permeáveis esse tipo de prática não é recomendada.

É construído manualmente ou com trator de esteira equipado com lâmina frontal.

Em virtude do alto custo de construção, é normalmente recomendado para exploração de culturas de alta
rentabilidade econômica.

Pode ser contínuo (semelhante a terraços) ou descontínuo (banquetas individuais). É indicado para terrenos
acima de 20% de declividade.
➢TERRAÇOS TIPO BANQUETAS
INDIVIDUAIS
São bancos construídos individualmente
para cada planta, onde a movimentação
de terra se dá apenas no local que se vai
cultivar, indicados para culturas perenes.

Quando o terreno apresenta obstáculos


ou afloramentos de rochas ou existe
deficiência de máquinas ou implementos
para construção do terraço tipo patamar,
pode ser utilizada uma variação deste tipo
de terraço, chamada de banquetas
individuais ou patamar descontínuo.
Figura 12. Terraço tipo banquetas individuais.
São bancos construídos individualmente para cada planta,
onde a movimentação de terra se dá apenas no local onde
se vai cultivar, indicados para culturas perenes.
TERRAÇOS TIPO As ferramentas empregadas são manuais: enxada e
enxadão, porque são construídas em áreas com
BANQUETAS declividade bastante acentuada, sendo impraticável o uso
de máquinas.
INDIVIDUAIS
Inicialmente, retira-se toda a camada superior mais fértil
que é amontoada ao lado da área onde vai ser construída
a banqueta. Em seguida faz-se o corte no barranco e
aproveita-se a terra retirada no corte para fazer o aterro.
Da mesma forma que o patamar, acerta-se a superfície da
plataforma com ligeira declividade no sentido inverso ao
da declividade original do terreno. Vegeta-se com gramas a
parte de aterro para melhor estabilidade e, finalmente,
espalha-se a terra raspada da superfície a fim de conservar
a fertilidade da banqueta.
➢TERRAÇO TIPO MURUNDUM OU LEIRÃO

É o termo utilizado para terraço construído raspando-se o horizonte superficial do solo


(horizonte A), por tratores que possuem lâmina frontal, e amontoando-a para formar um
camalhão de avantajadas proporções (pode chegar a mais de 2 m).
O murundum é recomendado para áreas com uso agrícola intensivo com declividade
máxima de 15%.

Figura 13. Terraço tipo murundum.


➢TERRAÇO TIPO MURUNDUM OU LEIRÃO

Normalmente, esse tipo de terraço não segue dimensionamento adequado. Visando


facilitar o trânsito de máquinas e caminhões na área agrícola, a distância entre eles é
maior do que a recomendada para os terraços comuns; de forma errada, tenta-se
compensar esta medida aumentando a dimensão do camalhão para segurar maior
volume de água.
Uma limitação apresentada por esse tipo de terraço é que a remoção da camada mais
fértil do solo prejudica o desenvolvimento das plantas na área que foi raspada.
Além disso, por requerer grande movimentação de terra, seu custo de construção é
elevado. Pelo fato de ser locado com distâncias maiores, apresenta erosão acentuada e
está sujeito a rompimento.
➢TERRAÇO TIPO EMBUTIDO

É mais difundido em áreas de plantio de cana-de-açúcar e sua forma assemelha-se à


dos murunduns.
É construído de modo que o canal tenha forma triangular, ficando o talude que
separa o canal do camalhão praticamente na vertical.
Apresenta pequena área inutilizada para o plantio, sendo construído normalmente,
com motoniveladora ou trator de lâmina frontal.

Figura 14. Terraço tipo embutido.


SELEÇÃO DO TIPO E FUNÇÃO DO TERRAÇO
A decisão de quando se utilizar terraço em nível e quando utilizar terraço com
gradiente, deve considerar as vantagens e desvantagens que apresentam.
Além das vantagens e desvantagens relacionadas aos terraços em nível e com
gradiente, também devem ser considerados outros fatores para a seleção do tipo a
ser utilizado, como: permeabilidade do solo e do subsolo, intensidade das chuvas,
topografia, cultura (anual ou perene), manutenção e outros custos em longo prazo.
DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA
DE TERRACEAMENTO
O dimensionamento de um sistema de terraceamento considera, inicialmente, o objetivo a que se
propõe o sistema: Para infiltração da água ou para seu escoamento.
O dimensionamento do sistema é feito em função de seu potencial em gerar enxurradas quando da
ocorrência de chuvas intensas.
Dessa maneira, verifica-se que o cálculo da quantidade de enxurrada é o ponto crucial para o
dimensionamento.
Para que um sistema de terraceamento funcione com plena eficiência é necessário um correto
dimensionamento, tanto no que diz respeito ao espaçamento entre terraços como à sua seção
transversal.
DIMENSIONAMENTO DO ESPAÇAMENTO
ENTRE TERRAÇOS

A primeira etapa no dimensionamento de terraços é a definição de seu espaçamento. Por


espaçamento entende-se a distância entre um terraço e outro. Pode ser referido de duas
maneiras: espaçamento vertical ou espaçamento horizontal. O Espaçamento Vertical (EV)
entre dois terraços corresponde à diferença de nível entre eles – significa quantos metros
se desce no terreno de um terraço até o outro.

O Espaçamento Horizontal (EH) representa, em linha reta (medido na horizontal), quantos


metros separam os terraços. Pode ser também definido como a distância entre dois planos
verticais que passam por dois terraços.
CÁLCULO DO ESPAÇAMENTO VERTICAL ...
CÁLCULO DO ESPAÇAMENTO HORIZONTAL ENTRE OS TERRAÇOS ...
Vídeo: Embrapa mostra como realizar
terraceamento, curva em nível.

https://youtu.be/tPJzm39kmoQ
“Barraginhas”
Além das práticas mencionadas
anteriormente, as barraginhas têm sido
notáveis ao longo dos anos.
Devido ao desmatamento para agricultura e
pastagens nas últimas décadas, o solo sofre
compactação, resultando em processos
erosivos que levam à perda de sua camada
fértil e à redução da infiltração de água.
▪ A Embrapa Milho e Sorgo introduziu o "Projeto
Barraginhas" como uma solução para combater esse
processo. Esse projeto envolve a criação de miniaçudes ou
pequenos barramentos estrategicamente posicionados
em áreas sujeitas a enxurradas, como lavouras, pastagens
e beiras de estradas.

▪ Essas estruturas têm formato de prato ou meia lua, com


um diâmetro médio de 16 metros e uma profundidade
média de 1,8 metros. O projeto se espalhou por todo o
país, com 50.566 barraginhas implantadas entre 1998 e
2013.

▪ A maioria delas se encontra na Região Sudeste, com


40.976 em Minas Gerais, seguida pela Região Nordeste,
com 7.700 no Piauí, 750 no Ceará e 140 em Sergipe, além
de 700 na Região Norte (Tocantins) e 150 em cada uma
das Regiões Centro-Oeste (Goiás) e Mato Grosso (LANDAU
et al., 2013).
O Sistema Barraginhas consiste na construção de pequenos barramentos da água de
chuva (miniaçudes) à frente de cada enxurrada perceptível nas pastagens, lavouras
e beiras de estradas.
O Sistema se aplica bem na recuperação de áreas degradadas (compactadas,
erodidas), resultantes da ausência de práticas conservacionistas do solo. A água da
chuva captada por cada barraginha infiltra no solo inúmeras vezes durante o ciclo da
chuva, proporcionando carregamento e elevação do lençol freático e umedecendo
as baixadas.
▪ Barraginhas são pequenas bacias em formato de
prato ou meia lua, com aproximadamente 16 metros
de diâmetro e 1,8 metros de profundidade.

▪ Elas são construídas estrategicamente em pastagens


e lavouras, uma para cada área de potencial
enxurrada, dependendo da topografia da paisagem.

▪ Os agricultores conhecem as áreas suscetíveis a


enxurradas em suas terras e desempenham um
papel fundamental na localização e construção das
barraginhas, tornando-se difusores da tecnologia
(BARROS; RIBEIRO, 2009).
▪ O envolvimento do produtor rural é essencial para a
implantação bem-sucedida das barraginhas. Como
conhecedor dos pontos de enxurrada em sua propriedade, é
fundamental que ele compreenda completamente o projeto a
fim de auxiliar o técnico na seleção dos locais ideais para as
barraginhas.

▪ Antes da instalação, é crucial considerar alguns pontos


importantes. Conforme a recomendação de Barros et al.
(2013), os locais devem ter uma inclinação de até 12%, estar
afastados de áreas de preservação permanente (APP), cursos
de água perenes, grotas em formato de "V" com barrancos
profundos e evitar locais sujeitos a erosão (voçorocas). Além
disso, a área deve ser acessível para o maquinário utilizado na
construção das barraginhas.

▪ Para solos arenosos, recomenda-se um diâmetro de até 20


metros.
▪ A infiltração da água pelas barraginhas reabastece
os lençóis freáticos, garantindo a continuidade das
nascentes.

▪ Isso otimiza a utilização da água da chuva, reduz os


efeitos de secas temporárias, inundações e
enxurradas.

▪ Além desses benefícios, a área próxima às


barraginhas desenvolve uma faixa úmida crescente
(formação de uma franja úmida crescente),
proporcionando condições para o cultivo de
algumas espécies de ciclo curto.

Franja úmida permitindo o cultivo do feijão safrinha, Sete


Lagoas, MG. Fonte: EMBRAPA (2016).
▪ Mesmo em áreas com precipitação
adequada, as barraginhas se revelam
uma ferramenta crucial para a
sustentabilidade da agricultura familiar.
Isso ocorre porque, mesmo em regiões
com boas chuvas, a distribuição ao
longo do ano é frequentemente
irregular.

▪ As barraginhas, juntamente com lagoas


de uso múltiplo, desempenham um
papel essencial na geração de
alimentos, empregos e renda,
contribuindo diretamente para a Milho produzido sob a franja úmida e o outro sob stress hídrico.
Fonte: EMBRAPA (2016).
permanência de famílias no campo e,
em alguns casos, incentivando o
retorno de pessoas para essa atividade.
▪ O projeto barraginhas é ecologicamente
sustentável, pois por meio do mesmo se verifica
transformação positiva do meio ambiente.
▪ Acresce o capital natural e dinamiza a economia
local: como consequência, melhora a qualidade
de vida do produtor rural.
▪ O projeto é um exemplo bem-sucedido da
cooperação entre instituições governamentais,
governo e sociedade civil.
▪ Além das barraginhas, os lagos de múltiplo uso
podem ser utilizados como tecnologia
complementar nas propriedades: uma forma de
Lago de múltiplos usos em propriedade. Fonte: EMBRAPA armazenamento superficial de água. Podem ser
(2016). utilizados com várias finalidades e garante a
sustentabilidade hídrica para o produtor
Esse sistema é de baixo custo e utiliza lona plástica para impermeabilização. Ele é construído principalmente em três padrões:
a) O primeiro padrão é circular, com 30 metros de diâmetro e 2 metros de profundidade, oferecendo uma capacidade de
armazenamento de 600 metros cúbicos.
b) O segundo padrão também é circular, com 14 metros de diâmetro e 1,2 metros de profundidade, proporcionando uma
capacidade de armazenamento de 100 metros cúbicos.
c) O terceiro padrão tem formato oval, medindo 12 metros por 7 metros e com 1 metro de profundidade, permitindo o
armazenamento de 25 metros cúbicos.
▪ A adequada localização das estradas rurais é uma prática de extrema importância no meio rural. Essas
estradas devem ser planejadas de modo a satisfazer as demandas de tráfego a longo prazo e garantir o
acesso às áreas cultivadas durante todas as estações do ano, mesmo sob condições climáticas
adversas.
▪ Além disso, é crucial observar certos requisitos para a preservação ambiental. É necessário proteger e
direcionar as águas de maneira a reduzir a degradação causada pelo acúmulo excessivo de sedimentos
em rios e cursos d'água, além de evitar a contaminação por produtos químicos levados pela erosão.

Erosão em estradas rurais. Fonte: Gerson Tavares da Mota (2020).


Considerações finais
O Sistema Barraginhas oferece
diversos benefícios, incluindo a
Ao armazenar água da chuva, as
contenção da degradação do solo Ao conter as enxurradas, as
barraginhas permitem que a água se
causada por enxurradas, que barraginhas reduzem a erosão,
infiltre no solo, recarregando o
provocam erosões laminares e minimizam o acúmulo de
lençol freático. Isso leva à criação de
sulcadas, além de carregar sedimentos e ajudam a prevenir
nascentes e ao rejuvenescimento de
sedimentos, empobrecendo o solo e enchentes.
córregos.
prejudicando os recursos hídricos da
propriedade.

As barraginhas tornam as áreas mais


úmidas, possibilitando uma Aumento da disponibilidade de água
Melhoria da sustentabilidade das
agricultura segura, produção de para irrigação, consumo humano e
propriedades rurais.
alimentos de qualidade, geração de animal.
emprego e renda.
MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

Aline Martins F. Barroso


alinemartinsfb16@hotmail.com

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