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1.1 Introdução
Uma das formas de maior utilização da mecanização é no preparo do solo, que tem como
objetivo oferecer ambiente adequado para o crescimento e desenvolvimento das plantas, permitindo
produção econômica e evitando a degradação do solo. É definido como a manipulação física, química
ou biológica do solo para otimizar as condições para a germinação e emergência das sementes,
assim como o estabelecimento das plântulas.
A escolha de determinado sistema de preparo deve levar em consideração as respostas da
cultura e do solo, visando diminuir perdas do solo por erosão, controle de plantas invasoras,
capacidade de retenção e movimentação de água e também a recuperação física do solo.
O preparo periódico do solo diz respeito a diversas operações agrícolas de mobilização do
solo, realizadas antes da implantação periódica de culturas. Esse tipo de preparo pode ser feito em 3
sistemas principais:
- convencional (aração, gradeações em toda a área a ser cultivada);
- cultivo mínimo (onde as operações mecanizadas são reduzidas ao mínimo necessário);
- plantio direto (onde a mobilização do terreno só ocorre localizadamente, ou seja, apenas na
fileira de semeadura).
Desde os mais remotos tempos, essas operações têm sido realizadas com a finalidade de
oferecer àssementes que serão colocadas no solo as condições que teoricamente seriam as melhores
para o seu desenvolvimento. Não se deve esquecer, todavia, que as modernas técnicas de semeadura
direta têm demonstrado que, para determinadas condições de solo, clima e culturas, são possíveis
se obter uma produtividade tão boa ou, em alguns casos, até melhor que com os métodos tradicionais
de preparo do solo e semeadura.
De qualquer forma, o preparo periódico do solo continuará a ser feito para as culturas ou
condições onde não existe a possibilidade de utilização de técnicas de semeadura direta.
O preparo do solo compreende um conjunto de técnicas que, quando usadas racionalmente,
podem permitir uma alta produtividade das culturas a baixo custo. Irracionalmente utilizadas, as
técnicas de preparo podem levar àdestruição do solo em poucos anos de uso intensivo ou conduzir
à degradação física, biológica ou química em forma paulatina, diminuindo, em maior ou menor grau,
seu potencial produtivo.
A agricultura atual depende da tecnologia disponível no mercado, para atingir bons
resultados produtivos e econômicos. Neste processo, a escolha dos implementos a serem utilizados
é da maior importância.
Máquinas e implementos utilizados, na medida do possível, devem exigir o mínimo esforço,
com máximo rendimento das operações. Isto é influenciado pela escolha do equipamento
apropriado, seu projeto, regulagem, manutenção, trabalho dentro da faixa apropriada de umidade,
velocidade compatível com a operação e profundidade e largura de trabalho que otimizem a operação.
Existem vários tipos de máquinas para mobilização do solo, sendo estas diferenciadas,
basicamente, em função de seus efeitos no corpo do solo após serem utilizadas. Há quatro maneiras
típicas de mobilização tendo em vista os objetivos de preparo periódico do solo:
- a mobilização por inversão de camadas, que é típica dos arados de aivecas ou discos;
- a mobilização por deslocamento lateral-horizontal, típica das grades de discos e de dentes;
- a mobilização por desagregação sub-superficial, típica de subsolador, escarificador; e,
- a mobilização por revolvimento rotativa, típica das máquinas que possuem um rotor com facas
ou pás, acionado pela tomada de potência dos tratores (enxada rotativa).
2.1 Arados
O mercado de máquinas e implementos agrícolas oferece dois tipos de arados sendo arados
de aivecas e arados de discos. Embora a função de ambos seja similar, ou seja, inversão de solo,
apresenta características distintas que influem na qualidade do trabalho realizado; na demanda
energética para tracionamento, entre outros fatores que serão citados a posteriore.
A aração consiste no corte, elevação e posterior inversão de uma fatia de solo
denominado leiva. Visa-se com essa operação os seguintes objetivos:
a) Revolver o solo, expondo suas camadas internas ao ar, aos raios solares de forma a torná- lo
um leito adequado para a germinação das sementes e desenvolvimento das culturas.
b) Incorporar restos de cultura, esterco e corretivos visando manter ou melhorar a fertilidade do
solo.
c) Enterrio da cobertura vegetal, controlando ervas daninhas ou incorporando adubos verdes.
d) Criar ou manter condições do solo que resultem num mínimo de operações e de solicitação de
potência, para a instalação e condução das culturas.
- Arrasto: tracionados pela barra de tração. Possuem a roda guia dianteira e a roda guia traseira
ou roda de sulco. São utilizados para grandes extensões.
(a) (b)
Figura 2 – a) Arado de Aiveca (Fonte AAH) b)Arado de Aiveca no Campo (Fonte - .Baldan)
A relha tem por função cortar o solo e iniciar o levantamento da secção cortada.
- Mola da roda-guia: de acordo com a tensão da mola faz a regulagem da profundidade de aração.
Os órgãos ativos, ou seja, que executam a operação de corte e tombamento da leiva são os
próprios discos. No caso dos arados montados, em geral, existe uma roda traseira que é responsável
por absorver os esforços laterais, bem c omo regular a profundidade de trabalho.
Os arados montados reversíveis têm a peculiaridade de girarem os discos de forma que se
pode arar tombando a terra a direita ou a esquerda. Nesse caso a roda guia não se encontra inclinada,
sendo que se encontra perpendicular ao terreno.
Os implementos montados apresentam a característica de possuir maior independência
e versatilidade, pois são acoplados ao engate de três pontos dos tratores. Por possuírem um centro
de gravidade mais próxima das rodas motoras (traseiras), promovem uma maior transferência e
versatilidade, pois são acoplados ao engate mais próximo das rodas motoras (traseiras), promovem
uma maior transferência de peso para as mesmas, melhorando as características de tração.
Os arados de discos podem ter discos lisos ou recortados. São mais comuns e recomendados
para a maioria das situações os arados de discos lisos. Os discos recortados são indicados para
terrenos muito sujos, em palhadas de milho ou arroz, em canaviais etc.; quando a necessidade de
um trabalho ais eficaz de picagem. Os discos recortados são mias eficientes nesse caso, pois picam
melhor.
A massa dos arados de discos oscila entre os seguintes valores:
Arrastados: 300 – 1000 kg . discos-1
Semi-montados: 200-300 kg . disco-1
Montados: 120-175 kg . disco-1
c) Tombamento: conseqüência da forma esférica dos discos, o pequeno prisma de terra cortado do
avançar sobre a superfície de trabalho descreve uma trajetória que conclui um tombamento.
d) Nivelamento: a passada da grade tende a deixar um microrelevo mais uniforme que se
favorece com o aumento de velocidade de trabalho.
3.2.2 Discos
As maiorias das grades possuem discos com 16 a 24 polegadas de diâmetro, espaçamento
de 6 a 10 polegadas, uns do outros. Os de maior diâmetro e espaçamento, são aconselháveis para
terrenos onde o material de cobertura, além de volumoso, é de difícil cisalhamento, sendo utilizados
nas grades mais leves, de dupla ação deslocada ou nas se simples ação, é preferível discos menores,
com pequeno espaçamento, provendo uma mobilização do solo entre os discos.
Os discos de grades possuem bordas lisas ou recortadas. As bordas recortadas, além de
possuírem maior capacidade de penetração do disco, são indicadas para maior capacidade de
penetração do enterrio de restos de culturas, uma vez que o disco recortado prende o material através
do recorte, facilitando essa operação. O centro dos discos possui um furo redondo que se encaixa
no eixo ,com uma folga para permitir a montagem e desmontagem das secções com facilidade.
Devido a essa folga e ao fato de toda secção possuir movimento de rotação, deve-se verificar sempre
o aperto no eixo, para evitar que os discos se soltem e produzam desgaste excessivo no eixo ou no
disco, inutilizando esses componentes.
Os discos recortados embora possuam maior capacidade de penetração, tem maior
tendência para quebrar, além de serem mais caros.
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Figura 8 - Discos Lisos e Recortados – a) Discos côncavos e cônicos, b) Discos planos e ondulados
(Fonte: Tatu)
3.3 Subsolador
São implementos utilizados para romper a camada compactada do solo,
permitindo a infiltração e uma maior capacidade de retenção de água no solo, dentre outras
coisas.
Os subsoladores são utilizados nos seguintes casos:
- Para romper camadas compactadas em profundidade devido ao tráfego repetido de máquinas,
trabalhando a uma mesma profundidade, ou pela compactação devido ao tráfego de tratores;
- Quando se deseja uma melhor circulação de água necessário em terrenos que tendem a acumular
água;
- Quando junto ao subsolador se aplicam fertilizantes em profundidade.
Os subsoladores são constituídos basicamente de uma barra porta ferramentas, hastes, ponta
e roda de controle de profundidade.
Como acessórios pode-se utilizar um disco cortador, em terrenos sujos ou recém desbravados,
auxiliando o corte do material mais próximo a superfície como as raízes evitando o embuchamento.
Ou ainda, um torpedo, utilizado em terrenos úmidos típicos das várzeas sujeitas a
alagamento, para promover uma maior drenagem do solo.
3.4 Escarificadores
São implementos usados para quebrar o adensamento superficial do solo. Atualmente tem
sido difundido o seu uso para o preparo de solo em substituição do sistema convencional (preparo
vertical), principalmente entre o intervalo entre a culturas sucessivas, como nas rotações de culturas.
São também muito usados na reforma de pastagens onde há necessidade de descompactar o solo
superficialmente devido ao pisoteio excessivo provocado pelos animais.
Se trata de um equipamento de preparo do solo cujas ferramentas de trabalho são dentes
montados sobre braços flexíveis ou rígidos.
As hastes rígidas se caracterizam por serem um dente robusto fortemente fixado ao chassi.
Se utilizam em terrenos pesados e compactados deixando o solo mais destorroado que as hastes
flexíveis. O ângulo de ataque é de 20 – 22o, com a qual se reduz o esforço de tração, porém tem
inconveniente de que se dificulta a penetração em terrenos secos.
O chassi consta normalmente de 2 ou 3 barras porta ferramentas, as quais se distribuem as
hastes de tal forma que se projetados sobre um plano perpendicular a direção de avanço se
encontrem todos eles com uma separação igual.
Ambas vêm condicionadas pelos mesmos fatores que nos casos dos arados. A diferença é
que nestes equipamentos as componentes de força crescem de forma linear com a velocidade.
Porém estas forças crescem com o quadrado da profundidade de trabalho. Segundo ASAE, a
componente horizontal de reação do solo, para hastes separadas de 30 cm adquire os seguintes
valores quando a profundidade de trabalho é de 8,3 cm.