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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

CAMPUS DE CAPITÃO POÇO


CURSO AGRONOMIA

Conservação do solo

Capitão Poço/2022
Práticas conservacionistas: vegetativas,
edáficas e mecânicas
O que são Práticas Conservacionistas?

As práticas de controle do processo de erosão do solo,


também designadas de práticas conservacionistas, são todas
as técnicas utilizadas para aumentar a resistência do solo à
erosão ou diminuir as forças do processo erosivo.
Práticas de caráter mecânico

 São práticas que envolvem a utilização de estruturas especiais mediante a


disposição adequada de porções de terra.

Cultivos em nível

Cultivo em nível ou em contorno consiste em dispor, além de todas as operações de


cultivo e preparo do solo, as linhas de semeadura ou plantio no sentido transversal à
pendente do terreno, através do uso de curvas de nível e linhas em contorno

Pomar de citros implantado em curvas de nível

Fonte: http://www.toledo.pr.gov.br/sites/default/files/images/pomar_fotos_michael_juliano_3.jpg
Práticas de caráter mecânico

Terraceamento

Terraceamento é uma prática conservacionista, para o controle da erosão hídrica, na


qual são construídas estruturas hidráulicas, constituídas de um canal e um camalhão,
transversalmente ao sentido da declividade do terreno, chamadas terraços. Através
disso, o comprimento do declive é seccionado, diminuindo a ação da enxurrada.

Figura: Terraço em cultivo convencional do solo


Fonte: Aita; Ceretta, 2009
Práticas de caráter mecânico

Terraceamento

Para o sucesso do terraceamento, é necessário:

• Conhecer o solo utilizado, principalmente suas condições de infiltração e


drenagem de água.

• Fazer um planejamento adequado das estradas e ramais, considerando o


escoamento das águas de chuva de fora da gleba.

• Garantir uma manutenção adequada dos terraços.


Práticas de caráter mecânico

Terraceamento

Quanto à finalidade, os terraços podem ser:

a) Terraço em nível, de absorção, de retenção ou de infiltração – nessa forma, a construção


se dá em nível, no terreno, perpendicularmente à declividade, fazendo com que a enxurrada
seja retida e infiltrada no canal do terraço. É mais indicado para solos de elevada
permeabilidade.

b) Terraço em gradiente ou de drenagem – nessa forma, a construção se dá em desnível,


perpendicularmente ao terreno, fazendo com que a enxurrada seja conduzida de forma
segura para fora da área. Indicado para solos de baixa permeabilidade.
Práticas de caráter mecânico

Terraceamento

Quanto ao sentido de deslocamento de terra na sua construção, os terraços podem ser:

a) Terraço tipo Nichols – nesse tipo de terraço, o deslocamento de terra na construção do


camalhão é feito de cima para baixo, de acordo com a declividade do terreno, resultando
em um canal de conformação triangular. É indicado para relevos fortemente ondulados e
com alta precipitação pluviométrica.

b) Terraço tipo Mangum – nesse tipo de terraço, o deslocamento de terra na construção do


camalhão é feito, alternadamente, de cima para baixo e de baixo para cima, resultando em
camalhão e canal de conformações trapezoidais. É indicado para relevos suavemente
ondulados a ondulados e com baixa precipitação pluviométrica.
Práticas de caráter mecânico

Terraceamento

Quanto à amplitude da faixa de movimentação de solo na construção, os terraços podem ser:

a) Terraço de base estreita – a faixa de movimentação de terra, nesse caso, é de até 3 metros
de largura. É indicado para declividades do terreno superiores a 12%.

Figura: Representação esquemática de um terraço de base estreita Fonte: CTISM, adaptado


de Aita; Ceretta, 2009
Práticas de caráter mecânico

Terraceamento

Quanto à amplitude da faixa de movimentação de solo na construção, os terraços podem ser:

b) Terraço de base média – a faixa de movimentação de terra, nesse caso, oscila entre 3 e 6
metros de largura. É indicado para declividades do terreno entre 10 e 12%.

Figura: Representação esquemática de um terraço de base média Fonte: CTISM, adaptado


de Aita; Ceretta, 2009
Práticas de caráter mecânico

Terraceamento

Quanto à amplitude da faixa de movimentação de solo na construção, os terraços podem ser:


c) Terraço de base larga – a faixa de movimentação de terra, nesse caso, oscila entre 6 e 12
metros de largura. É indicado para declividades do terreno de até 10%. Apresenta a
vantagem de permitir o cultivo mecanizado tanto no camalhão como no canal.

Figura: Representação esquemática de um terraço de base larga Fonte: CTISM, adaptado de


Aita; Ceretta, 2009
Práticas de caráter mecânico

Terraceamento

Quanto à amplitude da faixa de movimentação de solo na construção, os terraços podem ser:

Existe um outro tipo de terraço, chamado terraço patamar. Essa forma é menos comum, mas
uma importante alternativa para áreas declivosas.

Eles se apresentam na forma


de bancos ou degraus, com
ligeira inclinação para dentro
da encosta (de 0,25 a 1%).

Figura: Representação esquemática de um terraço tipo patamar Fonte: CTISM, adaptado de


Aita; Ceretta, 2009
Práticas de caráter mecânico

Terraceamento

Figura: Pomar de citros implantado em terraço tipo patamar Fonte: Jonas Janner Hamann
Práticas de caráter mecânico

Canais escoadouros vegetados

São construídos quando a área não possui um escoadouro natural, tal como uma depressão
vegetada, uma área de pastagem bem protegida ou uma floresta, que possa conduzir a água
das áreas terraceadas até um curso de água sem provocar erosão.

Canais escoadouros são, portanto,


estruturas normalmente rasas e
largas, com declividade
moderada e estabelecidas em
leitos resistentes à erosão.

Foto – Terraços em nível e estruturas primárias e secundárias de coleta de água por


sistema de canais escoadouros vegetados. Fonte: NRCS/USDA.
Práticas de caráter mecânico

Canais escoadouros vegetados

Fonte: Cláudia A.P. de Barros (2018)

Figura – Representação esquemática de um sistema de terraços


desaguando no canal escoadouro (Desenho: A. Doneda, 2009).
Práticas de caráter mecânico

Canais divergentes
São canais construídos com dois objetivos. Um é o de escoar a água de áreas que não
tenham qualquer prática de controle de erosão, para proteger uma área terraceada em cota
inferior, conduzindo essa água de maneira segura diretamente para fora da área terraceada
até um canal escoadouro

Como o gradiente dos canais


divergentes pode alcançar
até 2 ou 3%, o ideal é que
eles sejam sempre
revestidos com grama, para
evitar que se tornem futuras
voçorocas.

Figura – Representação esquemática de um canal divergente desviando as águas provenientes do campo


nativo, evitando que entrem na lavoura terraceada (Desenho: A. Doneda, 2009).
Práticas de caráter mecânico

Subsolagem

Consiste em se utilizar um subsolador que, ao ser puxado por um trator, se aprofunda no


solo, rompendo as camadas compactadas e, consequentemente, aumentando a infiltração
de água no solo.

Fonte: Google imagem


Práticas de caráter vegetativo

São práticas que utilizam a vegetação natural, não envolvendo a movimentação


de terra.

Culturas em faixas

Consiste na disposição de culturas em faixas de largura variável, plantadas sempre em


nível, de tal forma que, a cada ano, se alternem em determinada área, plantas com
cobertura densa e outras que ofereçam menor proteção ao solo.

De maneira geral, a espessura das


faixas de cultivo varia de 20 a 40
metros.

Figura: Imagem de uma propriedade agrícola que utiliza o cultivo em faixas Fonte: Lima, 2007
Práticas de caráter vegetativo

Culturas em faixas

Foto – Culturas em faixa. Autor: Jairo Antonio Mazza – professor Esalq/USP.


Práticas de caráter vegetativo

Barreiras vivas ou faixas de retenção ou cordões de vegetação permanente

Constituem fileiras de plantas perenes dispostas em contorno, com as quais se


procura dividir o comprimento de rampa.

São cultivos de plantas perenes


alinhadas em contorno ou faixas,
cultivadas em nível, formando
pequenas barreiras naturais.

Foto: Anne Caroline Lôbo Borges Priscilla Regina da Silva


Práticas de caráter vegetativo

Rotação de culturas

Consiste na sucessão de diferentes culturas em uma mesma área, visando à


exploração mais uniforme do solo.

Para a escolha das culturas que


deverão entrar numa rotação é
preciso levar em conta as
condições do solo, a topografia, o
clima e a procura do mercado
Práticas de caráter vegetativo

Sistema Plantio Direto ou Semeadura direta

Consiste na semeadura de culturas sobre o resíduo da cultura anterior. O solo só


é movimentado no local de plantio, utilizando-se máquinas de semeadura direta.
Práticas de caráter vegetativo

Ceifa do mato

Consiste no corte rasteiro das plantas daninhas, mantendo-se a parte inferior da


planta viva no solo, de forma a manter o efeito de travamento do solo pelas suas
raízes

 A parte da planta daninha que não é cortada torna-se uma vegetação protetora de cobertura.
Práticas de caráter vegetativo

Alternância de capinas

Consiste em realizar as capinas alternando as faixas de mobilização do solo,


deixando sempre uma ou duas faixas protegidas pela própria planta daninha logo
abaixo daquelas recém capinadas.
Práticas de caráter vegetativo

Plantas de cobertura

São plantas utilizadas com o objetivo específico de proteger o solo durante a


estação chuvosa, evitando assim o impacto direto da gota da chuva.
Práticas de caráter vegetativo

Pastagens

Podem ser utilizadas em diversos tipos de solo e em áreas cuja declividade não possibilite
a utilização de cultivo intensivo, mas permita a exploração pecuária. Quando a pastagem
se encontra adequadamente manejada proporciona a total cobertura do solo.
Práticas de caráter vegetativo

Reflorestamento

Essa prática também pode ser utilizada em diversos tipos de solo, porém em
áreas com declividade bastante acentuada, que não possibilite a utilização de
cultivo intensivo e nem de exploração pecuária. Quando a área de
reflorestamento se encontra adequadamente manejada proporciona a total
cobertura do solo.

Figura: Área florestada com eucalipto Fonte: http://flores.culturamix.com/blog/wp-content/gallery/cultura-do-eucalipto-2/Cultura-Do-


Eucalipto-6.jpg
Práticas de caráter edáficas

Cobertura morta
Essa prática consiste no uso de resíduos vegetais como, por exemplo: palhas em geral,
maravalha, serragem, casca de arroz, bagaço de cana-de-açúcar, folhas, resíduos de
roçadas, cascas, entre outros.

Cobertura morta no solo na cultura do café Fonte: Flávio França, 2012


Práticas de caráter edáficas - Cobertura morta

Vantagens

• Protege o solo contra o impacto das gotas de chuva.


• Faz diminuir o escoamento da enxurrada.
• Aumenta o teor de matéria orgânica, que promove maior resistência do solo
ao processo erosivo.
• No caso da erosão eólica, protege o solo contra a ação direta dos ventos e
impede o transporte das partículas.
• Contribui para a conservação do solo.
• Diminui a temperatura do solo.
• Diminui as perdas por evapotranspiração.
• Melhora a estrutura do solo (camada superficial).
• Estimula a atividade microbiana do solo.
Práticas de caráter edáficas - Adubação verde

Consiste na incorporação de plantas especialmente cultivadas para esse fim,


constituindo-se uma das formas mais baratas e acessíveis de repor a matéria
orgânica, proporcionando melhoria na agregação do solo.

Exemplos de culturas leguminosas utilizadas na adubação verde:

crotalária (Crotalarea
juncea L.)

caupi (Vigna
unguiculata (L.) Walp.)
feijão-de-porco (Canavalia
ensiformis L.)
Práticas de caráter edáficas - Adubação verde

Exemplos de culturas não leguminosas utilizadas na adubação verde:

azevém (Lolium multiflorum cevada (Hordeum vulgare L.)


Lam.)

capim-sudão (Shorghum sudanense L.)


aveia (Avena sativa L.)
Práticas de caráter edáficas - Adubação orgânica

Consiste na adição de matéria orgânica já em estado de decomposição, o que


influi diretamente na melhoria dos atributos físicos do solo, melhorando a
agregação, aumentando a porosidade e, consequentemente, a taxa de infiltração
de água no solo.

os adubos orgânicos podem ser descritos como


fertilizantes volumosos de baixo valor em
nutrientes, geralmente os diversos tipos de
tortas e resíduos animais, urbanos e industriais,
com sérias restrições de oferta

Foto – Implemento distribuindo composto orgânico em sulcos.


Autor: Rafael Otto – professor Esalq/USP
Práticas de caráter edáficas - Adubação química e calagem

Consiste na adição de adubos químicos e calcário com o objetivo de manter e/ou


melhorar a fertilidade do solo, a fim de obter um adequado desenvolvimento da cultura
em produção. Assim, por promoverem um melhor desenvolvimento vegetal, a adubação
química e a calagem propiciam uma melhor cobertura do solo.

Adubação
OBRIGADA PELA ATENÇÃO!

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