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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

GOIANO - CAMPUS MORRINHOS

BACHARELADO EM AGRONOMIA

COMPATIBILIDADE E TOXICIDADE DE MISTURAS DE INSETICIDAS


QUÍMICOS E BIOLÓGICO USADOS NO CONTROLE DE Anticarsia gemmatalis

LUIZ PAULO RIBEIRO SILVA

Morrinhos – GO
2022
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO


FEDERAL GOIANO CAMPUS MORRINHOS

BACHARELADO EM AGRONOMIA

COMPATIBILIDADE E TOXICIDADE DE MISTURAS DE INSETICIDAS QUÍMICOS E


BIOLÓGICO USADOS NO CONTROLE DE Anticarsia gemmatalis

LUIZ PAULO RIBEIRO SILVA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Goiano - Campus Morrinhos, como parte das
exigências para a obtenção do título de Bacharel em
Agronomia.

Orientador: Prof.ª Dra. Lilian Lúcia Costa


Coorientador: Prof. Dr. Ricardo Antônio Polanczyk

Morrinhos – GO
2022
'Carinhosamente aos meus pais Mônica e Wenes, por todo
seu amor e confiança colocada em mim. E também, ao meu
irmão Raphael Kilddery (In memoriam) que de onde estiver
me deu forças para continuar sempre de cabeça erguida. A
TODOS que colaboraram (familiares, amigos, colegas e
professores), para meu aprendizado e desenvolvimento.’

Dedico
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a DEUS, que se fez presente em todas as ações e pensamentos ao longo de minha
vida, repousando sobre mim sabedoria, humildade, força e fé até mesmo nos momentos mais
difíceis.

Ao Programa de Bacharel em Agronomia do Instituto Federal de Educação, Ciência e


Tecnologia Goiano - Campus Morrinhos, pelo auxílio financeiro concedido possibilitando a
execução desta pesquisa e pela bolsa de estudos.

Ao Laboratório de Controle Microbiano de Artrópodes Pragas (LCMAP), sob responsabilidade


e orientação do Prof. Dr. Ricardo Antônio Polanczyk, tornando possível a execução da
pesquisa, bem como os alunos Giovana, Joacir, Natalia e Ramom que auxiliaram na condução
da pesquisa.

A Prof.ª Dra. Lilian Lucia Costa que orientou a execução da pesquisa em questão, e por suas
correções na redação dos resultados e por seus ensinamentos durante a vida acadêmica.

Ao meus extraordinários pais, Mônica e Wenes que foram incansáveis, sem eles eu não seria
nada, obrigado pelos valores que foram me ensinado.

Aos familiares e parentes Divina, Graziely, Lúcia, Paulinho, Wallacy, Waster, pela paciência,
ensinamentos e motivação depositados em mim durante a vida acadêmica.

Aos colegas Ana Paula, Arthur, Augusto, Caique, Eliseu, Fellipe, Filipe, Gabriela, Jessica,
Laryssa, Marina, Mhariana, Raffael, Rogério, Taynan, Thalita, Thaynara e Thiago, que
contribuíram para minha continuidade na vida acadêmica após trágico acontecimento, marcante
em minha vida.

MINHA SINCERA GRATIDÃO A TODOS!


RESUMO

SILVA, LUIZ PAULO RIBEIRO. COMPATIBILIDADE E TOXICIDADE DE


MISTURAS DE INSETICIDAS QUÍMICOS E BIOLÓGICOS USADOS NO
CONTROLE DE Anticarsia gemmatalis. 2022. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE
CURSO (CURSO DE BACHARELADO EM AGRONOMIA). INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA GOIANO - CAMPUS MORRINHOS,
MORRINHOS, GO, 2022.
Visando economia e otimização da aplicação, se faz necessário o uso das misturas de
produtos no tanque de pulverização. No entanto, existem poucas informações sobre a interação
entre os compostos da mistura, que podem afetar seu desempenho no campo. Por esta razão,
este trabalho teve como objetivo avaliar a eficácia da mistura de inseticidas químicos com o
bioinseticida B. thuringiensis e os seus efeitos letais em Anticarsia gemmatalis, importante
praga da soja, que pode levar a desfolha completa da cultura. Foram realizados dois testes, o
teste de compatibilidade in vitro e o teste de mortalidade de Anticarsia gemmatalis. Os
tratamentos utilizados na compatibilidade in vitro foram: apenas o bioinseticida B. thuringiensis
(controle); e bioinseticida B. thuringiensis adicionado a inseticidas químicos; Metomil;
Clorantraniliprole; Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole; Cipermetrina, totalizando 5
tratamentos. O delineamento inteiramente casualizado, foi obtido através destes 5 tratamentos,
sendo 6 repetições por tratamento, e média da área colonial obtida, da análise de 3 dias. Após
analisar o tamanho das colônias desenvolvidas nas placas, utilizando o software ImageJ, houve
diferença significativa (p<0,05) entre os tratamentos para a área de colônia formada nas placas.
Os tratamentos para o teste de mortalidade consistiram em combinações do bioinseticida B.
thuringiensis com os mesmos inseticidas químicos (com exceção do inseticida à base de
Cipermetrina), o bioinseticida de forma isoladas e também os inseticidas químicos de forma
isolada, totalizando 8 tratamentos. o delineamento inteiramente casualizado, foi obtido através
destes 8 tratamentos, sendo 5 repetições por tratamento, contendo 8 lagartas por repetição,
sendo que as análises duraram três dias. A mortalidade dos tratamentos foi também comparada
pelo Tempo Letal (TL50). Como resultado inseticida ativo a base de Metomil é compatível com
Bacillus thuringiensis, preservando a alta eficiência dos dois princípios ativos no controle da A.
gemmatalis. O inseticida a base de Cipermetrina é incompatível com Bacillus thuringiensis
indicado pelo baixo crescimento da colônia. O inseticida a base de Metomil, utilizado de forma
isolada ou em mistura com o bioinseticida, causa mortalidade mais rápida de Anticarsia
gemmatalis em relação aos demais inseticidas testados. O inseticida a base de Clorantraniliprole
quando em mistura com o bioinseticida retardou a mortalidade de A. gemmatalis indicando
efeito negativo da mistura em relação à média, e não em relação ao intervalo de Tempo Letal.
A mistura do inseticida a base Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole com o bioinseticida
retardou a mortalidade de A. gemmatalis indicando efeito negativo da mistura.

Palavras-chave: Efeito da Mistura; Inseticidas Químicos; B. thuringiensis Bioinseticida;


Lagarta da Soja; Mortalidade.
ABSTRACT

SILVA, LUIZ PAULO RIBEIRO. COMPATIBILITY AND TOXICITY OF MIXTURES


OF CHEMICAL AND BIOLOGICAL INSECTICIDES USED IN THE CONTROL OF
Anticarsia gemmatalis. 2022. COURSE COMPLETION WORK (BACHELOR'S COURSE
IN AGRONOMY). FEDERAL INSTITUTE OF EDUCATION, SCIENCE AND
TECHNOLOGY GOIANO - CAMPUS MORRINHOS, MORRINHOS, GO, 2022.
Aiming at saving and optimizing the application, it is necessary to use product mixtures
in the spray tank. However, there is little information about the interaction between the
compounds in the mixture and which can affect its performance in the field. For this reason,
this work aimed to evaluate the effectiveness of the mixture of chemical insecticides with the
bioinsecticide B. thuringiensis and its lethal effects on Anticarsia gemmatalis, an important
soybean pest that can lead to complete defoliation of the crop. Two tests were performed, the
in vitro compatibility test and the Anticarsia gemmatalis mortality test. The treatments used for
in vitro compatibility were: only the bioinsecticide B. thuringiensis (control); and bioinsecticide
B. thuringiensis added to chemical insecticides; Methomyl; Chlorantraniliprole; Lambda-
Cyhalothrin + Chlorantraniliprole; Cypermethrin, totaling 5 treatments. The completely
randomized design was obtained through these 5 treatments, with 6 repetitions per treatment,
and the average of the colonial area obtained from the 3-day analysis. After analyzing the size
of the colonies developed on the plates, using the ImageJ software, there was a significant
difference (p<0.05) between treatments for the colony area formed on the plates. The treatments
for the mortality test consisted of combinations of the bioinsecticide B. thuringiensis with the
same chemical insecticides (with the exception of the cypermethrin-based insecticide), the
bioinsecticide alone and also the chemical insecticides alone, totaling 8 treatments. the
completely randomized design was obtained through these 8 treatments, with 5 repetitions per
treatment, containing 8 caterpillars per repetition, and the analyzes lasted three days. The
mortality of the treatments was also compared by Time Lethal (TL50). As a result, the
Methomyl-based active insecticide is compatible with Bacillus thuringiensis, preserving the
high efficiency of the two active principles in controlling A. gemmatalis. Cypermethrin-based
insecticide is incompatible with Bacillus thuringiensis indicated by low colony growth. The
Methomyl-based insecticide, used alone or mixed with the bioinsecticide, causes more rapid
mortality of Anticarsia gemmatalis than the other insecticides tested. The insecticide based on
Chlorantraniliprole, when mixed with the bioinsecticide, delayed the mortality of A.
gemmatalis, indicating a negative effect of the mixture in relation to the mean, and not in
relation to the Lethal Time interval. The mixture of the insecticide based on Lambda-
Cyhalothrin + Chlorantraniliprole with the bioinsecticide delayed the mortality of A.
gemmatalis, indicating a negative effect of the mixture.

Keywords: Mixture Effect; Chemical Insecticides; B. thuringiensis Bioinsecticide; Soy


caterpillar; Mortality.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 16

2. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................... 17

Tabela 1. Inseticidas e o bioinseticida (a base de Bacillus thuringiensis kurstaki


HD-1 utilizados nos testes de compatibilidade e mortalidade de Anticarsia gemmatalis. .. 18
2.1. TESTES IN VITRO DE COMPATIBILIDADE ENTRE INSETICIDAS QUÍMICOS E O B.
THURINGIENSIS BIOINSETICIDA .............................................................................................. 18

2.2. TESTES DE MORTALIDADE DE ANTICARSIA GEMMATALIS EM LABORATÓRIO ................ 19


Tabela 2. Resultados da contagem de esporos, e quantidade necessária de adição de
água para padronização da quantidade de esporos por solução. .......................................... 20

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 22

3.1. TESTES IN VITRO DE COMPATIBILIDADE DE B. THURINGIENSIS BIOINSETICIDAS E

INSETICIDAS QUÍMICOS ......................................................................................................... 22


Tabela 3. Médias das áreas das colônias formadas nas placas utilizadas nos testes
de compatibilidade. Jaboticabal, SP (2021). ........................................................................ 23
3.2. TESTE DE MORTALIDADE DE ANTICARSIA GEMMATALIS EM LABORATÓRIO ................. 23
Figura 1. Número de lagartas mortas por repetição no primeiro dia de avaliação
após exposição aos tratamentos. Jaboticabal, SP (2021). .................................................... 24
Figura 2. Número de lagartas mortas por repetição no segundo dia de avaliação após
exposição aos tratamentos. Jaboticabal, SP (2021). ............................................................ 25
Tabela 4. Porcentagem e classificação estatística da mortalidade de A. gemmatalis
aos três dias de avaliação após exposição aos tratamentos. (Jaboticabal, SP, 2021). .......... 26
3.2.1. Análise do Tempo Letal (TL50) ....................................................................... 27
Tabela 5. Tempo Letal (TL 50) e o intervalo em horas para matar a 50% da
população. (Jaboticabal, SP, 2021). ..................................................................................... 28

4. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 28

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 29


16

1. INTRODUÇÃO

A cadeia produtiva da soja mostra-se cada vez mais relevante para o cenário
socioeconômico brasileiro. À medida que o Brasil, passa de segundo para a posição de maior
produtor de soja no ranking mundial, na safra 2021/22, produzindo em torno de 125,5 milhões
de toneladas, segundo dados da Conab (2022), em contra partida o Departamento de Agricultura
dos EUA (USDA), registrou uma produção de soja na safra 2021/22 cerca de 120,7 milhões de
toneladas.
Dentre os principais problemas de perdas e limitação da produção, destaca-se a ação de
insetos-praga que impacta na produção e produtividade. Dos insetos-praga, a Anticarsia
gemmatalis (lagarta-da-soja), teve sua relevância no cenário brasileiro, alcançando o título de
principal praga da soja por vários anos (FERNANDES, 2020; MARTINS et al., 2009),
colaborado pela preferência desta espécie a climas tropicais e sub tropicais (HAASE et al.,
2015).
Sua importância se deve ao seu nível de dano econômico, pois seus ataques podem levar
a desfolha completa (GALLO et al, 2002). Vale ressaltar que até o período da floração, a
tolerância de desfolha da soja é de até de 30% e da floração até o desenvolvimento das vagens
até 15% de desfolha (EMBRAPA, 2000).
Uma das tecnologias empregadas para o controle eficaz desta praga é a tecnologia de
plantas com organismos geneticamente modificados (OGM), os quais são resistentes a alguns
insetos-pragas, por expressarem toxinas Cry e Vip da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt)
(HOMRICH et al. 2008). Nas plantações de soja Bt, para retardar a evolução da resistência, é
indicado destinar cerca de 20% da área total para o plantio do refúgio (MIRANDA et al., 2017).
Nas áreas de refúgio é notável a ocorrência da A. gemmatalis. Deve-se considerar que
há também áreas de não preferência pela utilização de soja B. thuringiensis e, muitas vezes, é
necessário a utilização de inseticidas (químicos e/ou biológicos) (GONÇALVES & BUENO,
2018; FERNANDES, 2020; MAGALHÃES et al., 2015).
O controle com inseticidas químicos é mais utilizado para minimizar as perdas causadas
pelos insetos-praga, por apresentarem efeito de choque, alta persistência, diversidade de
formulações disponíveis no mercado e facilidade de aplicação (MELO et al., 2018;
FERNANDES et al., 2019). O controle com inseticidas biológicos surgiu como alternativa ao
controle químico, com o objetivo de reduzir os efeitos prejudiciais causados ao meio ambiente
(SÁ et al., 2016; LOPES et al., 2018).
17

Para facilitar a aplicação dos produtos, o agricultor utiliza a mistura no tanque do


pulverizador, sendo que esta é uma prática usual por produtores de todas as regiões do Brasil,
sendo adotada 97% deles (GAZZIERO, 2015). Além de facilitar a aplicação, a mistura de
tanque apresenta algumas vantagens tais como, ampliar o espectro de ação do tratamento,
diminuir o número de aplicações, reduzir o tempo e os custos nas aplicações (GAZZIERO,
2015; BRENHA, 2018; SPADONI et al., 2019). Entretanto, a mistura de produtos
fitossanitários no tanque do pulverizador pode ocasionar resultados inesperados e/ou
desconhecidos, afetando não só a estabilidade, mas também a atividade específica das
moléculas de determinado produto comercial (REFFSTRUP et al., 2010; PETTER et al. 2013).
As misturas podem agir de forma aditiva (soma das ações de cada substância envolvida),
sinérgica (a mistura tem efeito superior, se comparado à soma de cada substância envolvida)
ou antagônica (ação da mistura é inferior à soma das ações de cada substância envolvida)
(IKEDA, 2013; RIBEIRO et al., 2021).
Reações de incompatibilidade dentro do reservatório podem resultar na separação de
fases e complexação com possível formação de aglomerados e precipitados. Essas alterações
podem ocasionar dentre outros efeitos, o entupimento dos bicos de pulverizações e filtros com
excessivas paradas para desentupimento durante as aplicações além de perda na eficácia dos
produtos fitossanitários pela redução da quantidade de ingrediente ativo que não é aplicada
junto com as gotas pulverizadas (PETTER et al., 2012).
Visto a importância do conhecimento sobre as misturas de produtos fitossanitários bem
como as consequências na aplicação, estudos prévios devem ser realizados a fim de evitar
prejuízos na aplicação, consequentemente no controle do alvo. Assim, objetivou-se com esta
pesquisa, analisar a compatibilidade da mistura de produtos químicos (Premio®, Ampligo®,
Brit® e Brilhante®) com o produto biológico Dipel® no controle de A. gemmatalis.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Controle Microbiano de


Artrópodes Praga (LCMAP) na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
(Unesp), Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - Campus de Jaboticabal, SP.
Foram realizados testes in vitro de compatibilidade da mistura entre produtos químicos
e biológicos e testes de mortalidade de Anticarsia gemmatalis. Os tratamentos foram
constituídos por quatro inseticidas químicos e um inseticida biológico indicados para o controle
da espécie (Tabela 1).
18

Tabela 1. Inseticidas e o bioinseticida (a base de Bacillus thuringiensis kurstaki HD-1 utilizados nos
testes de compatibilidade e mortalidade de Anticarsia gemmatalis.
Produto
Dose (p.c. Grupo químico do I.
comercial Ingrediente ativo (i.a.) Mecanismo de ação
ha-1) A.
(p.c.)

Disruptores Microbianos
Ampligo Lambda-Cialotrina +
15 mL.ha-1 Carbamato da Membrana do
(SC) Clorantraniliprole
Mesêntero

Brilhante Inibidores de
Metomil 300 mL.ha-1 Diamidas antranílicas
(CS) acetilcolinesterase
Piretroides, Piretrinas
Moduladores de receptores
Brit (EC) Cipermetrina 200 mL.ha-1 + Diamidas
de rianodina
antranílicas
Moduladores de canais de
Prêmio (SC) Clorantraniliprole 10 mL.ha-1 Piretroides, Piretrinas sódio; Moduladores de
receptores de rianodina
Bacillus thuringiensis Moduladores de canais de
Dipel (SC) 300 mL.ha-1 Bacillus thuringiensis
kurstaki HD-1 sódio
SC: Suspensão Concentrada; CS: Concentrado Solúvel; CE: Concentrado Emulsionável. A referência de
volume de aplicação utilizada para realizar as diluições, foi de 150 L/ha.

2.1. Testes in vitro de compatibilidade entre inseticidas químicos e o B. thuringiensis


bioinseticida

Os tratamentos utilizados nos testes in vitro de compatibilidade entre os inseticidas


químicos e o B. thuringiensis bioinseticida foram: T1= Bacillus thuringiensis kurstaki HD-1
(B. thuringiensis) (tratamento controle); T2= B. thuringiensis + Metomil; T3= B. thuringiensis
+ Clorantraniliprole; T4= B. thuringiensis + Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole; T5= B.
thuringiensis + Cipermetrina. O delineamento inteiramente casualizado, foi obtido através
destes 5 tratamentos, sendo 6 repetições por tratamento, e média da área colonial obtida, da
análise de 3 dias.
Para realizar os testes in vitro de compatibilidade das misturas utilizou-se como
substrato o meio de cultura ágar nutriente (Kasvi®). No preparo, dissolveu-se 23,0 gramas do
Nutrient Agar® em 1 litro de água destilada e, posteriormente, a mistura foi autoclavada a 1
atm. por 40 minutos. Após atingir a temperatura de 45°C, ponto em que o meio ainda não se
solidifica, o inseticida químico, nas doses descritas na Tabela 1, foram adicionados e
homogeneizados ao meio de cultura com o auxílio de um agitador magnético. A seguir, o meio
foi vertido em placas de Petri (9,0 cm Ø), num total de 5 repetições para cada tratamento.
19

Após solidificação do meio, contendo os inseticidas químicos, aplicou-se uma alíquota


de 5,0 μL da suspensão contendo o B. thuringiensis bioinseticida no centro da placa de Petri.
Essa alíquota foi espalhada na superfície do meio com auxílio de uma alça de Drigalski.
Posteriormente, as placas inoculadas foram mantidas em câmaras de germinação (B.O.D.) por
um período de sete dias, na temperatura favorável ao desenvolvimento do B. thuringiensis (28
± 2°C), umidade relativa (UR) de 70 ± 10% e fotofase de 12 h.
Sete dias após a aplicação, a área das colônias formadas, nas repetições de cada
tratamento, foi copiada para papel sulfite A4 chamex, para posterior mensuração da área das
colônias (cm2) por meio do software ImageJ. Este software é um programa de computador, de
autoridade pública, realizado em Java, que tem por objetivo e proposta o processamento de
imagens. Os dados obtidos do software ImageJ foram submetidos ao teste F da análise de
variância e, quando significativo (P<0,05), as médias dos tratamentos foram comparadas pelo
teste de Tukey.
Por não cumprirem os pressupostos de normalidade (Shapiro-Wilk) e homogeneidade
de variâncias (Bartlett test), os dados de crescimento colonial foram transformados através de
log(x+1), possibilitando o teste de média entre os tratamentos, através do RStudio, que nada
mais é do que um software com integração a linguagem R, sendo está uma linguagem de
programação utilizada para análise de gráficos e cálculos estatísticos.

2.2. Testes de mortalidade de Anticarsia gemmatalis em laboratório

Os insetos de Anticarsia gemmatalis foram adquiridos da empresa BioPartner e


multiplicados no Laboratório de Controle Microbiano de Artrópodes Praga da UNESP
Jaboticabal (LCMAP) para obtenção de insetos de segunda geração.
Na criação e multiplicação dos insetos seguiu-se o protocolo de criação massal da lagarta
da soja (Anticarsia gemmatalis) de acordo com metodologia de HOFFMANN-CAMPO et al.
(1985). As lagartas foram mantidas em potes plásticos de 50 mL, em temperatura média de
25°C, até a fase de pupa, as quais, posteriormente, foram colocadas em gaiolas até a emergência
do adulto. A partir da ovoposição dos adultos foram obtidas as lagartas de 1° e 2° instar
utilizadas no teste de mortalidade.
Os tratamentos para o teste de mortalidade consistiram na avaliação, dos esporos obtidos
na raspagem das colônias que se desenvolveram no meio de cultura com os inseticidas (no teste
de compatibilidade). O material coletado foi transferido para tubos Falcon contendo 10mL de
água estéril mais espalhante adesivo (Tween 0,01%). Essa suspensão foi homogeneizada com
20

auxílio de um agitador por 60 segundos e, em seguida, foram retirados 500 L da suspensão


para contagem dos esporos em câmara de Neubauer em microscópio fotônico Zeiss®, com lente
objetiva de 40x.

Tabela 2. Resultados da contagem de esporos, e quantidade necessária de adição de água para


padronização da quantidade de esporos por solução.
Tratamento Quantidade de Esporos/mL Padronização (Adição de mL de Água)

T5 0 0

T4 7,3 * 107 0

T2 1,24 *108 0,69

T3 1,5 * 108 1

T1 1,72 *108 1,35

T1= Bacillus thuringiensis kurstaki HD-1 (B. thuringiensis) (tratamento controle); T2= B. thuringiensis
+ Metomil; T3= B. thuringiensis + Clorantraniliprole; T4= B. thuringiensis + Lambda-Cialotrina +
Clorantraniliprole; T5= B. thuringiensis + Cipermetrina.

Após obter a quantidade de esporos por tratamento, padronizou-se a quantidade de


esporos por solução, no intuito de manter a mesma concentração de esporos para avaliar a
toxicidade do Bacillus thuringiensis kurstaki HD-1 quando combinado com os produtos
químicos.
A padronização ocorreu por meio da diluição das soluções existentes em água estéril.
Assim, utilizou-se a solução com a menor concentração de esporos (T4= B. thuringiensis +
Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole) como a solução de base. O resultado desta
padronização foi a obtenção dos tratamentos T2= tratamento com Bacillus thuringiensis
kurstaki HD-1 (B. thuringiensis), T6= B. thuringiensis + Clorantraniliprole, T7= B.
thuringiensis + Metomil, T8= B. thuringiensis + Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole.
Já os tratamentos que consistiam em inseticidas químicos de forma isolada, foram
obtidos por meio da mistura habitual (produto diluído em água), as caldas foram preparadas de
acordo com a recomendação da bula de cada produto (Tabela 1), e também com referência de
volume de aplicação utilizada para realizar as diluições, de 150 L/há.
Os tratamentos para o teste de mortalidade foram compostos por T1= Tratamento
Controle (água + Tween 0,05% (padrão dos ensaios)), T2= tratamento com Bacillus
thuringiensis kurstaki HD-1 (B. thuringiensis), T3= Clorantraniliprole, T4= Metomil, T5=
Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole, T6= B. thuringiensis + Clorantraniliprole, T7= B.
21

thuringiensis + Metomil, T8= B. thuringiensis + Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole, o


delineamento inteiramente casualizado, foi obtido através destes 8 tratamentos, sendo 5
repetições por tratamento, contendo 8 lagartas por repetição, sendo que as análises duraram três
dias.
Em recipiente plástico cilíndrico e transparente (Ø = 2,5 cm), verteu-se 1,5 cm³ da dieta
de Greene (1976) que é composto por 75 gramas de feijão branco; 60 gramas de germe de trigo;
30 gramas de proteína de soja; 30 gramas de caseína; 37,5 gramas de levedura de cerveja; 22,5
gramas de ágar; 3,96 gramas de ácido ascórbico; 1,98 gramas de ácido sórbico; 3,3 gramas de
nipagim; 124 miligramas de tetraciclina; 15,9 mililitros formaldeído 10%; 9,9 mililitros
complexo vitamínico e 1,2 litros água. Já o complexo vitamínico é composto por 1,00 gramas
de Niacinamida; 1,00 gramas de Pantotenato de cálcio; 0,5 gramas de Riboflavina; 0,25 gramas
de Tiamina; 0,25 gramas de Piridoxina; 0,1 gramas de Ácido fólico; 0,02 miligramas de Biotina;
2 mililitros de Vitamina B12 [1.000, mg/mL] e 1 litro de Água.
Após secagem, foram micropipetados 75µl de calda de cada tratamento, essa quantidade
foi definida de modo que a calda cobrisse toda área superficial da dieta, mas sem enxarcar a
mesma.
Após a evaporação do excesso das caldas, acondicionou-se uma lagarta de primeiro instar
em cada recipiente. Cada tratamento constituiu-se de cinco repetições com 8 lagartas por
repetição. As lagartas foram mantidas em câmara incubadora B.O.D. na temperatura de 25 ±
0,5°C, UR de 65 ± 10% e 12 horas de fotofase.
Avaliou-se a mortalidade durante 3 dias após aplicação. Para a constatação da mortalidade
utilizou-se um pincel de cerdas finas, sendo consideradas mortas quando as mesmas foram
tocadas e não apresentavam movimentação.
Os dados obtidos foram submetidos ao teste F da análise de variância e, quando
significativo (P<0,05), as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey a 5%,
através do software computacional RStudio.
Como foi realizado a avaliação de mortalidade diária os dados foram submetidos ao teste
de Tempo Letal (TL50) para obter o tempo médio que cada tratamento precisa para matar 50%
dos indivíduos através do software polo PC.
O TL50 nada mais é, do que o tempo necessário para determinado tratamento matar 50%
da população. Os dados de mortalidade resultantes dos três dias foram submetidos à análise de
Probit, está por sua vez é um tipo de análise de regressão é adequado para anexos de dados em
que a variável dependente é calculada em unidades do tipo Sim ou Não, ou seja, neste caso se
22

houve ou não a morte dos indivíduos, desta forma a resposta é representada pela percentagem
de que ainda continuam vivos.
Devido à complicação dos cálculos e à riqueza que há nos aplicativos computacionais
atuais, a análise foi efetivada no computador utilizando aplicativos como o Polo-PC
(CARVALHO, et al., 2017).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Testes in vitro de compatibilidade de B. thuringiensis bioinseticidas e inseticidas


químicos

Após a análise no software ImageJ das cópias das colônias contidas nas placas, obteve-se
as médias do período de análise de três dias. Essas médias foram submetidas ao teste de Tukey,
no qual, teve-se diferença significativa (p<0,05) entre os tratamentos para área colonial formada
nas placas (Tabela 3).
Quando combinados em tanques, as misturas podem ter efeitos aditivos, negativos ou
sinérgicos em relação aos efeitos de cada produto fitossanitário usado separadamente
(GAZZIERO, 2015). O efeito aditivo, acontece quando o resultado da mistura equivale à
somatória dos efeitos dos produtos, quando utilizados de forma isolada (KRUSE, 2002). Já o
efeito sinérgico, se dá quando o efeito da mistura é superior, à soma dos resultados dos produtos,
quando utilizados de forma isolada (KRUSE, 2002). Por fim o efeito negativo, é quando
interação concebe um resultado inferior à dos resultados dos produtos, quando utilizados de
forma isolada (KRUSE, 2002).
Observou-se que apenas o produto a base de Metomil não diferiu estatisticamente do
Bacillus thuringiensis kurstaki HD-1 com desenvolvimento de colônia semelhante (Tabela 3).
Em trabalho similar, GONÇALVES (2020) realizou testes de compatibilidade de misturas de
bioinseticidas à base de Bacillus thuringiensis e inseticidas e avaliou os efeitos letais e subletais
em Chrysodeixis includens. Neste trabalho, o autor verificou que a mistura do bioinseticida
Dipel SC® ao inseticida Lannate SL® (I.A. Metomil) não reduziu a mortalidade de C.
includens.
Em relação à formação de colônias do B. thuringiensis nas placas em que se aplicaram os
demais inseticidas químicos avaliados, verificou-se que a média da área das colônias foi inferior
ao bioinseticida utilizado de forma isolada (Tabela 3). Ressalta-se que o inseticida a base de
Cipermetrina foi o tratamento que mais inibiu o desenvolvimento das colônias do B.
23

thuringiensis (Tabela 3). Por essa razão, o produto a base de Cipermetrina não foi avaliado no
teste de mortalidade.

Tabela 3. Médias das áreas das colônias formadas nas placas utilizadas nos testes de compatibilidade.
Jaboticabal, SP (2021).

Média das áreas das colônias (cm2)


Ingrediente Ativo (I.A.)
1º Dia 2º Dia 3º Dia
B. thuringiensis kurstaki HD-1 (T1) 5,46 ± 1,12 a 18,15 ± 2,83 a 20,32 ± 3,07 a
Metomil (T2) 3,40 ± 0,78 ab 8,00 ± 1,54 b 15,15 ± 1,24 ab
Clorantraniliprole (T3) 3,20 ± 0,60 ab 5,74 ± 1,02 bc 8,36 ± 1,55 bc
Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole
1,75 ± 0,07 bc 3,01 ± 0,17 bc 5,42 ± 0,66 cd
(T4)
Cipermetrina (T5) 0,00 c 0,00 ± c 0,31 ± 0,07 d
CV (%) 59,27 53,27 41,14
Valor de p 9,8 x 10-5 1.18 x 10-7 5,4 x 10-8
Medias seguidas da mesma letra não são significativamente diferentes ao nível de significância no teste de Tukey
(0,05).
O CV se demonstrou alto, isto se deve ao fato, de que o teste a base de Cipermetrina ter
alcançado valores médio menores que 1 cm2.
Vale destacar que T4 (Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole) também não apresentou
bons resultados, visto que no terceiro dia se igualou estatisticamente a T5 (Cipermetrina), sendo
que este quase não se formou área colonial.

3.2. Teste de mortalidade de Anticarsia gemmatalis em laboratório

No primeiro dia de avaliação, observou-se que o ingrediente ativo Metomil causou maior
mortalidade, tanto de forma isolada (T4), com 95% de mortalidade, quando em mistura com o
B. thuringiensis bioinseticida (T7), com mortalidade de 92,5% (Figura 1).
O bioinseticida aplicado de forma isolada (T2) causou mortalidade média de 50% (Figura
1). Já o tratamento com o ingrediente ativo Clorantraniliprole causou baixa taxa de mortalidade
tanto de forma isolada (T3) com uma porcentagem média de mortalidade de 15% quanto em
mistura com o bioinseticida (T6), em que a porcentagem média de mortalidade foi de 7,5%
(Figura 1).
Já o tratamento T8 (B. thuringiensis + Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole) teve muita
variação entre as repetições, resultando em uma porcentagem média de mortalidade de 37,5%
(Figura 1), fato este que não ocorreu no (T5), pois o ingrediente ativo Lambda-Cialotrina +
Clorantraniliprole de forma isolada apresentou cerca de 72,5% de mortalidade (Figura 1),
24

mesmo sendo apenas o primeiro dia de avaliação. Vale a ressalva de que o tratamento controle
(T1) não apresentou mortalidade alguma (Figura 1).

Número de lagartas mortas por repetição no Dia 1


Recipientes Contendo Lagartas Mortas

0
T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8
Tratamento

1ª Repetição 2ª Repetição 3ª Repetição 4ª Repetição 5ª Repetição

Cada repetição foi constituída por oito indivíduos. T1= Tratamento Controle, T2= tratamento com Bacillus
thuringiensis kurstaki HD-1, T3= Clorantraniliprole, T4= Metomil, T5= Lambda-Cialotrina+Clorantraniliprole,
T6= Bacillus thuringiensis kurstaki HD-1 + Clorantraniliprole, T7= Bacillus thuringiensis kurstaki HD-1 +
Metomil, T8= Bacillus thuringiensis kurstaki HD-1 + Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole.

Figura 1. Número de lagartas mortas por repetição no primeiro dia de avaliação após exposição
aos tratamentos. Jaboticabal, SP (2021).
No segundo dia de avaliação de mortalidade dos insetos, a primeira observação a se fazer,
é que o tratamento controle (T1), não apresentou qualquer taxa de mortalidade. Observou-se
que no tratamento T3 constituído pelo ingrediente ativo Clorantraniliprole o aumento de 15%
da porcentagem média de mortalidade para 72,5% (Figura 2). Da mesma forma, a combinação
do inseticida químico constituído pelo Clorantraniliprole e o Bacillus thuringiensis kurstaki
HD-1 (T6), também se verificou o aumento da mortalidade do primeiro para o segundo dia, ou
seja, de 7,5 para 65% de mortalidade (Figura 2).
25

Recipientes Contendo Lagartas Mortas Número de lagartas mortas por repetição no Dia 2
8

0
T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8
Tratamento

1ª Repetição 2ª Repetição 3ª Repetição 4ª Repetição 5ª Repetição

Cada repetição foi constituída por oito indivíduos. T1= Tratamento Controle, T2= tratamento com Bacillus
thuringiensis kurstaki HD-1, T3= Clorantraniliprole, T4= Metomil, T5= Lambda-Cialotrina+Clorantraniliprole,
T6= Bacillus thuringiensis kurstaki HD-1 + Clorantraniliprole, T7= Bacillus thuringiensis kurstaki HD-1 +
Metomil, T8= Bacillus thuringiensis kurstaki HD-1 + Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole.
Figura 2. Número de lagartas mortas por repetição no segundo dia de avaliação após exposição
aos tratamentos. Jaboticabal, SP (2021).

Outro tratamento que teve aumento considerável da porcentagem média de mortalidade


foi o T8 (B. thuringiensis + Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole), dobrando a porcentagem
de mortalidade de 37,5% para 75% (Figura 2), já o T5 que não contia B. thuringiensis, subiu
ainda mais sua porcentagem de mortalidade, onde representava 72,5% e subiu para 97,5%
(Figura 2).
No entanto as taxas de mortalidade do T2 (bioinseticida aplicado de forma isolada,
alavancou sua porcentagem média de mortalidade em apenas, ou seja, de 50 para 72,5% (Figura
2).
Já os tratamentos contendo o I.A. Metomil, tanto de forma isolada (T5), quanto em
mistura ao B. thuringiensis (T7), obtiveram 100% de mortalidade, sendo os únicos tratamentos
a alcançar essa marca no segundo dia de avaliação (Figura 2).
26

Tabela 4. Porcentagem e classificação estatística da mortalidade de A. gemmatalis aos três dias de


avaliação após exposição aos tratamentos. (Jaboticabal, SP, 2021).

Mortalidade (% ± Erro padrão)


Ingrediente Ativo (I.A.)
1º Dia 2º Dia 3º Dia
Controle 0 ± 0,0 e 2,5 ± 2,50 d 2,5 ± 2,50 b
B. thuringiensis kurstaki HD-1 50 ± 5,59 bc 72,5 ± 7,28 bc 100 ± 0 a
Clorantraniliprole 15 ± 2,5 de 72,5 ±4.67 bc 100 ± 0 a
Metomil 95 ± 3,06 a 100 ± 0 a 100 ± 0 a
Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole 72.5 ± 8,29 ab 97,5 ± 2,50 ab 100 ± 0 a
Clorantraniliprole + B. thuringiensis
7.5 ± 3.06 de 65 ± 4,67 c 100 ± 0 a
kurstaki HD1
Metomil + B. thuringiensis kurstaki
92.5 ± 5 a 100 ± 0 a 100 ± 0 a
HD-1
Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole
37.5 ± 5.59 cd 75 ± 6,84 abc 100 ± 0 a
+ B. thuringiensis kurstaki HD1
CV (%) 33,51 18,13 2,25
Valor de p 3,17 x 10-12 4,20 x 10-8 5,40 x 10-10
Medias seguidas da mesma letra não são significativamente diferentes ao nível de significância no teste de Tukey
(0,05)

Com base na obtenção de dados, descritos na Tabela 4 pode-se observar, que todos os
inseticidas testados foram eficientes. Visto que no terceiro dia de avaliação, todas as lagartas,
exceto do tratamento controle morreram, assim, se é possível notar as diferenças significativas,
apenas nos dois primeiros dias.
Os tratamentos T4 (Metomil), T5 (Lambda-Cialotrina+Clorantraniliprole) e T7 (Bacillus
thuringiensis kurstaki HD-1 + Metomil) tanto no primeiro quanto no segundo dia não se
diferenciaram, em relação a porcentagem de mortalidade (Tabela 4), sendo estatisticamente os
produtos com maior taxa de mortalidade, com diferença apenas no segundo dia, onde o T8
(Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole + B. thuringiensis kurstaki HD1) também não se
diferençou estatisticamente desses três tratamentos.
No primeiro dia, o T5 (Lambda-Cialotrina+Clorantraniliprole) não apresentou também,
variância significativa entre T2 (B. thuringiensis kurstaki HD-1), o que se diferenciou no
segundo dia, onde T5 não apresentou variância significativa entre T2 e também T3
(Clorantraniliprole) (Tabela 4).
O tratamento com B. thuringiensis kurstaki HD-1 de forma isolada (T2), apresentou
estatisticamente uma mortalidade mediana, se igualando a T6 (B. thuringiensis kurstaki HD-1
+ Clorantraniliprole) no primeiro dia e também a T3 (Clorantraniliprole) no segundo dia
(Tabela 4).
27

O ingrediente ativo Clorantraniliprole, tanto em forma isolada no primeiro dia (T3),


quanto misturada ao B. thuringiensis kurstaki HD-1 (T6) no primeiro e segundo dia, foi o
ingrediente ativo de menor eficiência nos dois primeiros dias.

3.2.1. Análise do Tempo Letal (TL50)

Em análise do Tempo Letal (TL50) tomou-se nota de quais tratamentos agem de maneira
mais rápida, visto que no terceiro dia de avaliação da mortalidade das lagartas de A. gemmatalis
não havia mais variância significativa entre os tratamentos.
Os tratamentos com o inseticida Metomil (T4 e T7), causaram, em menos de 24 horas, a
morte de 50% dos indivíduos submetidos aos testes, apresentando menor tempo em relação aos
demais tratamentos (Tabela 5). Outro tratamento com o TL50 abaixo de 24 horas foi o T5, no
qual se utilizou produto a base de Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole.
O tratamento com o bioinseticida utilizado de forma isolada (T2) teve um TL50 superior
a 31 horas (Tabela 5). Observa-se que os tratamentos com o Metomil (T4) ou Metomil
associado com o bioinseticida (T7) e o tratamento à base de Lambda-Cialotrina +
Clorantraniliprole (T5) foram os tratamentos que causaram mortalidade da metade da
população em avaliação com menos de 24 horas, valor inferior ao observado para o
bioinseticida utilizado de forma isolada (Tabela 5).
Os demais tratamentos (T3, T6 e T8) demoraram mais tempo para atingir o TL50 em
relação ao bioinseticida utilizado isolado. Ressalta-se que os tratamentos T6 e T8 demoraram
mais tempo para atingir o TL50 quando associados com o bioinseticida do que quando utilizados
isolados (Tabela 5).
No âmbito da média do Tempo letal (TL50), pode-se afirmar que foi apresentado efeito
negativo, na mistura B. thuringiensis kurstaki + Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole (T8),
por apresentar uma alta no tempo letal, ou seja, demora, se comparado esses princípios ativos
de forma isolada (T5 e T2). Fato este que ocorreu com a mistura de B. thuringiensis kurstaki +
Clorantraniliprole (T6), assim como a mistura T8, onde apresentou-se também uma alta no
tempo letal, ou seja, demora, se comparado esses princípios ativos de forma isolada (T2 e T3).
28

Tabela 5. Tempo Letal (TL 50) e o intervalo em horas para matar a 50% da população. (Jaboticabal, SP,
2021).
Tempo Letal TL50
Tratamentos
(Horas)
T1 – Controle -
31.501
B. thuringiensis kurstaki HD-1 (T2)
(21.11 - 40.05)
39.641
Clorantraniliprole (T3)
(34.69 - 44.55)
16.27
Metomil (T4)
(5.95 - 23.96)
23.17
Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole (T5)
(16.65 - 28.33)
43.06
B. thuringiensis kurstaki+ Clorantraniliprole (T6)
(38.72 - 47.28)
17.11
B. thuringiensis kurstaki+ Metomil (T7)
(7.35 - 24.36)
B. thuringiensis kurstaki + Lambda-Cialotrina + 34.02
Clorantraniliprole (T8) (27.59 - 39.94)

No que se refere aos intervalos, pode se haver a classificação entre os tratamentos, no


sentido de serem compatíveis ou não. Assim tanto T5 quanto T2 estão dentro do intervalo de
T4 e T7, sendo que estes apresentam os menores intervalos.
Assim os tratamentos T8, T3 e T6, apresentas intervalos que fogem dentro do
enquadramento mais efetivo, que seria o tempo de resposta mais rápido possível quando se fala
em controle.
Um ponto a se destacar, é o fato de que o tratamento com Clorantraniliprole em presença
de B. thuringiensis kurstaki HD-1 (T6) e apenas Clorantraniliprole de forma isolada (T3), foram
os que apresentaram um intervalo mais alto, constatando uma maior demora na ação.

4. CONCLUSÃO
1. O inseticida ativo a base de Metomil é compatível com Bacillus thuringiensis, preservando
a alta eficiência dos dois princípios ativos no controle da A. gemmatalis.
2. O inseticida a base de Cipermetrina é incompatível com Bacillus thuringiensis indicado pelo
baixo crescimento da colônia.
3. O inseticida a base de Metomil, utilizado de forma isolada ou em mistura com o bioinseticida,
causa mortalidade mais rápida de Anticarsia gemmatalis em relação aos demais inseticidas
testados.
29

4. O inseticida a base de Clorantraniliprole quando em mistura com o bioinseticida retardou a


mortalidade de A. gemmatalis indicando efeito negativo da mistura em relação à média, e não
em relação ao intervalo de Tempo Letal.
5. A mistura do inseticida a base Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole com o bioinseticida
retardou a mortalidade de A. gemmatalis indicando efeito negativo da mistura.
6. Indica-se com base nos resultados, a não mistura de tanque de produto a base de Cipermetrina
com o produto a base Bacillus thuringiensis.
7. Com base nos resultados, a mistura de calda com produto a base de Metomil com o produto
a base Bacillus thuringiensis.

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