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Capa_Coelho_Energia e fluidos_vol 3_P1.

pdf 1 02/07/2019 06:06:24

CONTEÚDO

Coelho
Lista dos principais símbolos Este livro é o terceiro da coleção Energia e Fluidos e, para o seu adequado uso,
João Carlos Martins Coelho
Introdução é pressuposto que o aluno já tenha adquirido um conjunto mínimo de conheci-

ENERGIA E FLUIDOS Transferência de calor


mentos anteriormente apresentados nos dois primeiros livros da coleção, dedi- É engenheiro mecânico formado pelo Instituto
1. Introdução à transferência de energia Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e mestre em
cados aos estudos da termodinâmica e da mecânica dos fluidos.
por calor
Engenharia pela Escola de Engenharia Mauá. Ao
2. Condução unidimensional estacionária Esta coleção é fruto de muitos anos de trabalho didático voltado ao ensino da Engenharia, longo de sua carreira, foi professor na área de
3. Condução bidimensional estacionária e nela se pretendem apresentar os temas essenciais que constituem a área que se costu- Energia e Fluidos do Departamento de Engenha-
ma denominar Engenharia Térmica ou Ciências Térmicas. ria Mecânica da Escola Politécnica da Universi-
4. Condução em regime transiente
dade de São Paulo (Poli-USP) e pesquisador do
5. Introdução à análise numérica – condução No estudo das Ciências Térmicas, deparamos com uma grande quantidade de variáveis, e
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado
C um problema que se apresenta é o uso do mesmo símbolo para diversas variáveis ou, em
6. Convecção forçada sobre superfícies de São Paulo (IPT) na área de Engenharia Térmi-
M
certos casos, o uso de diferentes simbologias para a mesma variável em livros distintos.
externas ca. Trabalhou em empresas privadas, nas quais
Procurando reduzir esse problema, será utilizada ao longo deste livro essencialmente a
Y

desenvolveu projetos de equipamentos diversos.


CM

MY
7. Convecção natural mesma simbologia utilizada ao longo dos outros livros desta coleção.
Atualmente, é colaborador do IPT, trabalhando
8. Convecção forçada interna
CY

CMY
em adequação tecnológica de produtos para
K
9. Trocadores de calor exportação e, desde 1999, é professor da Escola
10. Radiação João Carlos Martins Coelho de Engenharia Mauá, tendo ministrado, ao longo
desse período, cursos de Termodinâmica, Mecâ-
Apêndice A – Algumas propriedades
nica dos Fluidos, Transferência de Calor, Ciên-

ENERGIA E FLUIDOS
Apêndice B – Propriedades termofísicas cias Térmicas e Fenômenos de Transporte.
Referências bibliográficas

3 Transferência de calor
3
2ª edição

Vol.
João Carlos Martins Coelho

ENERGIA E FLUIDOS
Volume 3 − Transferência de calor

2ª edição
Energia e Fluidos – volume 3: Transferência de calor, 2ª edição

© 2019 João Carlos Martins Coelho

Editora Edgard Blücher Ltda.

1ª edição – 2016

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Angélica Ilacqua CRB-8/7057
Rua Pedroso Alvarenga, 1245, 4o andar
04531-934 – São Paulo – SP – Brasil Coelho, João Carlos Martins
Tel.: 55 11 3078-5366 Energia e fluidos, volume 3 : transferência de calor /
contato@blucher.com.br João Carlos Martins Coelho. – 2. ed. – São Paulo : Blucher,
www.blucher.com.br 2019.
292 p. : il.

Bibliografia
Segundo o Novo Acordo Ortográfico, conforme
ISBN 978-85-212-1841-8 (impresso)
5. ed. do Vocabulário Ortográfico da Língua
ISBN 978-85-212-1842-5 (e-book)
Portuguesa, Academia Brasileira de Letras,
março de 2009.
1. Engenharia mecânica 2. Engenharia térmica 3. Meios
de transferência de calor I. Título
É proibida a reprodução total ou parcial por
quaisquer meios sem autorização escrita da 19-1163 CDD 621.402
editora.

Todos os direitos reservados pela Editora Edgard Índice para catálogo sistemático:
Blücher Ltda. 1. Engenharia térmica
Conteúdo

Lista dos principais símbolos....................................................... 11

Introdução.................................................................................. 13
1 Sistema e volume de controle.................................................................................14
2 Algumas propriedades...........................................................................................15
3 Avaliação da massa específica de alguns fluidos.....................................................16
4 A transferência de calor e a termodinâmica............................................................17

Capítulo 1 – Introdução à transferência de energia por calor....... 19


1.1 Condução...........................................................................................................19
1.2 Convecção..........................................................................................................22
1.3 Radiação.............................................................................................................24
1.4 A transferência de calor e a primeira lei da termodinâmica.................................27
1.5 Balanço de energia em superfícies.......................................................................28
1.6 Exercícios resolvidos...........................................................................................29
1.7 Exercícios propostos...........................................................................................34

Capítulo 2 – Condução unidimensional estacionária..................... 39


2.1 A equação da condução......................................................................................39
2.2 Condução através de placas planas sem geração.................................................43
2.3 Condução através de cascas cilíndricas...............................................................50
2.4 Condução através de cascas esféricas..................................................................53
2.5 Condução com geração.......................................................................................55
2.6 Superfícies estendidas – aletas.............................................................................57
2.7 Exercícios resolvidos...........................................................................................62
2.8 Exercícios propostos...........................................................................................73
8 Volume 3 – Transferência de calor

Capítulo 3 – Condução bidimensional estacionária.................... 101


3.1 Fator de forma de condução.............................................................................101
3.2 Exercícios resolvidos.........................................................................................104
3.3 Exercícios propostos.........................................................................................105

Capítulo 4 – Condução em regime transiente............................. 107


4.1 O método da capacidade concentrada..................................................................107
4.2 Sistemas com temperatura interna espacialmente variável.................................109
4.3 Soluções exatas para placa plana, cilindro e esfera............................................110
4.4 Exercícios resolvidos.........................................................................................113
4.5 Exercícios propostos.........................................................................................117

Capítulo 5 – Introdução à análise numérica – condução............. 121


5.1 O método dos volumes finitos...........................................................................122
5.2 Análise da condução bidimensional em estado estacionário..............................123
5.3 Exercícios resolvidos.........................................................................................126
5.4 Exercícios propostos.........................................................................................129

Capítulo 6 – Convecção forçada sobre superfícies externas........ 133


6.1 Introdução........................................................................................................133
6.2 Convecção forçada sobre superfícies externas...................................................134
6.3 Convecção forçada sobre placas planas ...........................................................137
6.4 Convecção forçada sobre cilindros lisos............................................................140
6.5 Convecção forçada sobre esferas lisas ..............................................................140
6.6 Convecção forçada sobre feixes de tubos..........................................................141
6.7 Exercícios resolvidos ........................................................................................143
6.8 Exercícios propostos.........................................................................................151

Capítulo 7 – Convecção natural................................................. 163


7.1 Convecção natural sobre placa plana lisa vertical.............................................166
7.2 Convecção natural sobre placa plana horizontal...............................................166
7.3 Convecção natural sobre cilindro horizontal.....................................................167
7.4 Convecção natural sobre esfera.........................................................................168
7.5 Exercícios resolvidos.........................................................................................168
7.6 Exercícios propostos.........................................................................................171

Capítulo 8 – Convecção forçada interna..................................... 187


8.1 Aspectos dinâmicos e térmicos do escoamento em dutos...................................187
8.2 Comportamento dinâmico dos escoamentos plenamente desenvolvidos............189
João Carlos Martins Coelho 9

8.3 Temperatura média de escoamento...................................................................192


8.4 Balanço de energia em um tubo........................................................................193
8.5 Avaliação dos coeficientes convectivos..............................................................196
8.6 Escoamento plenamente desenvolvido em regiões anulares...............................198
8.7 Transferência de calor no comprimento de entrada...........................................198
8.8 Exercícios resolvidos.........................................................................................200
8.9 Exercícios propostos.........................................................................................203

Capítulo 9 – Trocadores de calor................................................ 213


9.1 Introdução........................................................................................................213
9.2 Trocadores de calor de duplo tubo....................................................................214
9.3 Trocadores de calor casco e tubos.....................................................................214
9.4 Trocadores de placas ........................................................................................216
9.5 Aplicação da primeira lei da termodinâmica ....................................................217
9.6 Dimensionamento.............................................................................................218
9.7 Coeficiente global de transferência de calor.......................................................223
9.8 Exercícios resolvidos.........................................................................................225
9.9 Exercícios propostos.........................................................................................228
9.10 Exercícios abertos...........................................................................................237

Capítulo 10 – Radiação............................................................. 245


10.1 Introdução à radiação.........................................................................................245
10.2 Conceitos básicos em radiação........................................................................246
10.3 O corpo negro e os corpos reais......................................................................249
10.4 O fator de forma ............................................................................................251
10.5 Transferência de calor por radiação entre duas superfícies negras...................254
10.6 Transferência de calor por radiação em cavidade formada por superfícies negras.....254
10.7 Troca por radiação entre duas superfícies opacas não negras..........................255
10.8 Troca por radiação em cavidades formadas por diversas superfícies...............257
10.9 Superfície reirradiante ....................................................................................260
10.10 Escudo de radiação.......................................................................................260
10.11 Radiação combinada com convecção e condução.........................................261
10.12 Diagramas para a determinação de fatores de forma.....................................261
10.13 Exercícios resolvidos.....................................................................................262
10.14 Exercícios propostos.....................................................................................271

Apêndice A – Algumas propriedades......................................... 281


A.1 Propriedades de alguns gases ideais a 25ºC......................................................281
A.2 Calores específicos a pressão constante de alguns gases....................................281
10 Volume 3 – Transferência de calor

A.3 Viscosidade de alguns gases..............................................................................282


A.4 Viscosidade de alguns líquidos.........................................................................283
A.5 Propriedades de substâncias a 20ºC e 1 bar......................................................284

Apêndice B – Propriedades termofísicas.................................... 285


B.1 Propriedades termofísicas do ar a 1 bar............................................................285
B.2 Propriedades termofísicas da água saturada......................................................286
B.3 Propriedades termofísicas de óleo lubrificante novo .........................................287

Referências bibliográficas......................................................... 289


1

CAPÍTULO
INTRODUÇÃO À TRANSFERÊNCIA
DE ENERGIA POR CALOR

A primeira lei da termodinâmica for- como o uso do termo transferência de ca-


mulada para um sistema na forma de taxa lor faz parte da cultura da engenharia para
apresenta dois termos básicos de transfe- denominar os fenômenos que estudaremos,
rência de energia, por trabalho e por calor, mesmo sendo inadequado, nós o utilizare-
aos quais se acrescenta um termo referente mos ao longo deste texto.
à variação da energia do sistema. O estudo
do tópico transferência de energia por calor
1.1 CONDUÇÃO
terá por objetivo compreender, equacionar,
buscar meios e procedimentos para avaliar Esta forma de transferência de calor é
o termo da primeira lei referente a esse pro- aquela que ocorre em uma substância es-
cesso de transferência de energia por calor. tática devido única e exclusivamente a um
Devemos também nos ater ao fato de que gradiente de temperatura nela existente.
o termo transferência de calor, usualmen- Qualificamos a substância como estática
te utilizado na literatura, não é conceitual- para indicar que esse modo de transferên-
mente correto, porque nele está embutida a cia de calor ocorre sem que haja movimen-
ideia de que calor é algo que pode ser “ti- to macroscópico relativo entre as partículas
rado” de um local e “transportado” para que a constituem. Considere, por exemplo,
outro. Essa ideia, subjacente ao termo, é uma barra de aço que esteja inicialmente
essencialmente conflitante com o fato de na temperatura ambiente. Nós podemos
que calor é um fenômeno de fronteira, não pegá-la com nossas mãos e colocar uma das
se identificando essa grandeza em qualquer suas extremidades em contato com um bra-
outro local que não seja uma superfície, a seiro. Imediatamente, a temperatura dessa
qual pode ser, por exemplo, a de um vo- extremidade começará a se elevar e, com o
lume de controle ou aquela que constitui tempo, energia será transferida ao restante
uma fronteira de um sistema. Entretanto, da barra até que ela atinja uma tempera-
20 Volume 3 – Transferência de calor

tura que impeça o toque das nossas mãos. ternativamente a temperatura em graus
O processo de transferência de calor que Celsius;
ocorreu através da matéria constituinte da • x é a coordenada na direção em que
barra é denominado condução e é descrito ocorre o processo de transferência de
pela lei de Fourier, que na sua forma unidi- calor, m; e
mensional é matematicamente estabelecida • k é uma propriedade da substância de-
como: nominada condutibilidade ou condutivi-
dade térmica, e a sua unidade no Sistema
 = −k A dT
Q (1.1) Internacional de Unidades é W/(m.K).
dx
A lei de Fourier, na sua forma unidimen-
Nessa equação: sional, também pode ser expressa como:
• Q  é a taxa temporal de transferência
 ′′ = −k dT
Q (1.2)
de energia por calor, denominada taxa
dx
de calor ou taxa de transferência de ca-
Nessa equação, Q ′′ é a quantidade de
lor, J/s ou W. Não nos esqueçamos de
que o termo taxa de transferência de energia transferida por calor por unidade
calor é largamente utilizado em toda a de tempo e por unidade de área, que deno-
literatura sobre o assunto; minamos fluxo de calor, e sua unidade no
• A é a área através da qual ocorre a Sistema Internacional de Unidades é W/m².
transferência de calor e que denomi- É uma grandeza local que usualmente varia
namos área de transferência de calor, de ponto para ponto da superfície através
da qual identificamos a taxa de calor Q .
m². Os termos área de troca de calor e
área de troca térmica também são cos- Devemos observar que a condutibilida-
tumeiramente utilizados; de térmica dos materiais varia com a tem-
• T é a temperatura, K. Como diferen- peratura. Na Figura 1.1 observamos o com-
ças de temperatura na escala kelvin são portamento da condutibilidade térmica em
iguais às na escala Celsius, usamos al- função da temperatura de alguns sólidos.

500
k W/(m.K)

400 Prata
Cobre
300 Ouro

200 Alumínio

100
Bronze
Aço-carbono 1010
0 Aço-inox AISI 304
-50 0 100 200 300 400 500 600 oC T

Figura 1.1 Condutibilidade térmica versus temperatura

Observe a Figura 1.2. Quando a deri- Como o fluxo de calor é causado por di-
vada da temperatura em relação à variável ferença de temperatura e como ele ocorre
x é negativa, a temperatura estará decres- de temperaturas maiores para menores, seu
cendo à medida que o valor de x aumenta. sentido será o do eixo x, o que justifica o
João Carlos Martins Coelho 21

sinal negativo da Equação (1.2). Natural- não. Apresentamos na Tabela 1.1 alguns
mente, se a derivada for positiva, o sentido valores dessa propriedade para alguns ma-
do fluxo de calor será o inverso. teriais de uso comum, que serão utilizados
Materiais que apresentam altas con- com frequência na solução de exercícios.
dutibilidades térmicas são chamados bons
condutores de calor; nessa categoria, en-
T dT T dT> 0
contram-se os metais. Os materiais que <0 dx
dx
apresentam baixas condutibilidades térmi- .
.
cas são chamados isolantes térmicos, por Sentido do Sentido do
exemplo: borracha, madeira etc. Observa- fluxo de calor fluxo de calor
mos que essa propriedade varia com a tem-
x x
peratura, e essa variação pode, dependendo
do fenômeno analisado, ser importante ou Figura 1.2 Sentido do fluxo de calor

Tabela 1.1 Propriedades de alguns materiais a 20ºC

Massa específica Calor específico Condutibilidade térmica


Material
ρ (kg/m³) cp (J/kg.K) k (W/m.K)

Aço-carbono – AISI 1010 7855 431 60,7


Aço inoxidável – tipo 304 7902 472 14,7
Alumínio 2703 896 236
Borracha vulcanizada macia 1100 2,01 0,13
Bronze 8530 376 115
Cobre 8936 383 402
Fibra de vidro – manta 24 – 0,0376
Fibra de vidro – manta 48 – 0,0325
Madeira compensada 545 1,22 0,12
Isopor (peças moldadas a partir
16 1210 0,04
de prensagem de miniesferas)

A lei de Fourier nos permite, por exem- T


plo, analisar o processo de transferência de
Superfície 1 Superfície 2
calor através de uma placa plana. Embora
esse assunto seja rediscutido no próximo ca- T1
T(x)
pítulo, podemos afirmar que, se o processo
T2
de transferência de calor por condução ocor-
rer de forma unidimensional, sem geração de L
calor e em estado estacionário, o gradiente de
temperatura no interior da placa será linear, x
Figura 1.3 Distribuição de temperatura em placa plana
conforme ilustrado na Figura 1.3.
Aplicando a lei de Fourier, obtemos: Assim, se as temperaturas das superfí-
cies 1 e 2 forem, respectivamente, 60ºC e
 ′′ = −k dT = −k T2 − T1 = k T1 − T2
Q 20ºC, se a placa tiver espessura de 100 mm
dx L L e se ela for constituída por madeira com
22 Volume 3 – Transferência de calor

condutibilidade térmica igual a 0,15 W/ fície, pode ser quantificada por intermédio
(m.K), o fluxo de calor será: da expressão:

 ′′ = 0, 15 60 − 20 = 60 W/m2
Q
 = hA (T − T )
Q s ∞ (1.3)
0, 1
Nessa expressão:
Ou seja, através de uma área de 1,0  é a taxa de calor, W;
m², tomada perpendicularmente ao eixo x • Q
• A é a área da superfície em contato
no interior da placa, ocorrerá uma taxa de
com o fluido através da qual observa-
transferência de calor igual a 60 J/s. Se a
mos a transferência de calor por con-
área da parede for igual a 3,0 m², a taxa de
vecção, m²;
calor através dela será:
• h é o coeficiente médio de transferência
Q =Q  ′′ A = 60 ⋅ 3 = 180 W de calor por convecção na área A, W/
(m².K), que usualmente também é de-
nominado coeficiente convectivo;
1.2 CONVECÇÃO
• Ts é a temperatura da superfície, °C;
O processo de transferência de calor • T∞ é a temperatura do fluido, °C, longe
por convecção é aquele que ocorre entre da superfície.
uma superfície e um fluido. Como exem- Nos processos de convecção, supomos
plo, podemos considerar a superfície ex- que a temperatura simbolizada por T∞ é a
terna da parede vertical de um forno do- temperatura do fluido em uma posição sufi-
méstico. Quando o forno está em uso, essa cientemente distante da área de transferên-
superfície apresenta temperatura mais ele- cia de calor para não ser influenciada pelo
vada que a do meio externo. O ar ambiente processo em si, de forma que ela é constan-
em contato com a parede é aquecido, sua te ao longo do tempo. Naturalmente, há si-
temperatura aumenta, seu volume especí- tuações nas quais se deseja avaliar taxas de
fico também aumenta e, consequentemen- transferência de calor entre uma superfície
te, sua massa específica é reduzida, o que e um fluido cuja temperatura esteja varian-
provoca a movimentação do ar na direção do; nesse caso não se utiliza o símbolo T∞.
vertical, sentido ascendente, provocando A partir da Equação (1.3), podemos
a sua renovação e permitindo o contínuo obter o fluxo de calor, que é dado por:
aquecimento da corrente de ar assim cria- 
da. Esse processo de transferência de calor Q ′′ = lim Q = h (T − T ) (1.4)
x s ∞
A→ A0 A
é denominado convecção natural. O termo
natural é devido ao fato de que, neste caso, Nessa expressão, o termo A0 é a me-
a movimentação do fluido é causada pelo nor área da superfície na qual observamos
próprio processo de transferência de calor, a taxa de calor na qual podemos considerar
não havendo nenhum tipo de ação exter- o meio como contínuo e, nesse caso, o coe-
na. Consideremos, agora, que a parede do ficiente hx é uma grandeza local que usual-
forno seja resfriada por uma corrente de ar mente varia de ponto para ponto ao longo
criada por um meio não natural, por exem- da superfície A.
plo, pelo uso de um ventilador. Nesse caso, A Equação (1.4), que nos fornece o flu-
o processo de transferência de calor é deno- xo de calor por convecção, é denominada
minado convecção forçada. lei do resfriamento de Newton. Note que
A taxa de calor por convecção, natural o fluxo de calor também é uma grandeza
ou forçada, entre um fluido e uma super- local e, dependendo das condições influen-
João Carlos Martins Coelho 23

ciadoras do processo de transferência de aplicada a Equação (1.5), podemos expres-


calor por convecção, poderá variar de pon- sar o fluxo utilizando a lei do resfriamento
to para ponto da superfície. de Newton; considerando que a temperatu-
Consideremos uma superfície horizon- ra da superfície no ponto em que estamos
tal, estática, quente, posicionada em um avaliando o fluxo é simbolizada por Ts, ob-
plano x-z e em contato com um fluido em temos:
menor temperatura que escoa paralelamen-
 ′′ ( x, z ) = −k ∂T
Q = hx (Ts − T∞ ) (1.6)
te a ela, conforme esquematizado na Fi- f
∂y y =0
gura 1.4. Certamente ocorrerá transferên-
cia de calor por convecção e o fenômeno Isolando o coeficiente convectivo,
será governado pela lei do resfriamento de obtemos­:
Newton. Lembremo-nos do princípio da
aderência. Ele nos garante que as partículas ∂T
−kf
fluidas em contato com a superfície aqueci- ∂y y =0
hx = (1.7)
da adquirem a velocidade dessa superfície. (Ts − T∞ )
Esse fato causa a formação de um perfil de
velocidades conforme esquematizado na Essa expressão é válida para qualquer
Figura 1.4. Similarmente, a temperatura posição (x,z) da superfície estudada e defi-
das partículas de fluido em contato com ne o coeficiente convectivo nesse local.
a superfície será igual à da superfície, Ts, Frequentemente, não estamos interes-
e distante desta será T∞, o que nos leva a sados em avaliações de fluxos de calor em
observar a formação do perfil de tempera- determinados locais, e sim no efeito global
turas esquematizado na Figura 1.4. Como em uma determinada área A pré-escolhida.
as partículas de fluido que estão junto da Nesse caso poderemos optar pelo uso do
superfície estão estáticas, podemos aplicar coeficiente convectivo médio, já apresenta-
a lei de Fourier e obter o fluxo de calor no do na Equação (1.3), dado por:
fluido para y = 0 em uma determinada posi- 1
A ∫A
ção definida pelas coordenadas x e z: h= hx dA (1.8)

 ′′ ( x, z ) = −k ∂T
Q (1.5) Já compreendendo um pouco melhor
f
∂y y =0 esse processo, surge a questão: a transfe-
rência de calor por convecção depende de
y
quais variáveis? Podemos enumerar algu-
Perfil de Perfil de
velocidades temperaturas mas que envolvem aspectos térmicos, flui-
V∞ T∞ dodinâmicos, características próprias do
fluido propriamente dito e as condições da
∂T superfície.
V(x) ∂y y = 0
A primeira variável importante é a
T(y)
diferença entre a temperatura da superfí-
x cie e a temperatura do fluido longe dessa
Figura 1.4 Perfis de velocidade e de temperatura
superfície. Quanto maior essa diferença,
Observe que o índice f indica que a maior será o fluxo de calor. Outras variá-
condutibilidade kf é a do fluido. O fluxo de veis importantes do problema são aquelas
calor pode estar variando ao longo da su- que descrevem o escoamento. Por exemplo,
perfície. Para o mesmo local para o qual foi se o movimento do fluido se dá de modo
24 Volume 3 – Transferência de calor

forçado por se utilizar, por exemplo, um termoelétrica ou em um evaporador de um


ventilador, deveremos obter fluxos de calor sistema de refrigeração por compressão de
maiores do que aqueles obtidos por mo- vapor.
vimentação natural. Se o escoamento for
forçado, sua direção também é importante, Tabela 1.2 Faixas típicas de coeficientes convectivos
pois deveremos ter fluxos de calor diferen-
Fluido – processo h (W/(m2.K))
tes para escoamento paralelo, oblíquo ou
Ar, convecção natural 6-25
perpendicular à superfície.
Vapor superaquecido ou ar,
As características do fluido também são 25-250
convecção forçada
importantes, já que a nossa experiência do
Óleo, convecção forçada 50-1500
dia a dia nos mostra que existe uma grande
Água, convecção forçada 250-20000
diferença entre resfriar um corpo por con-
vecção utilizando ar ou água na fase líquida. Água, ebulição 3000-60000
Por fim, não devemos nos esquecer que a Vapor, condensação 6000-100000
geometria da superfície influi sobremaneira
no escoamento e que a sua rugosidade pode 1.3 RADIAÇÃO
desempenhar um papel importante no pro-
cesso de transferência de calor. Matéria em temperatura não nula emi-
Esse conjunto de comentários indica te energia por um mecanismo que ora pode
que o processo de transferência de calor por ser tratado como emissão de ondas eletro-
convecção é complexo e envolve um grande magnéticas, ora como a emissão de fótons,
número de variáveis. Por outro lado, a lei do a qual é absorvida pela sua vizinhança, e
resfriamento de Newton é uma expressão que denominaremos radiação térmica. Para
bastante simples. Esse fato sugere a seguinte efeito puramente didático, trataremos a ra-
pergunta: como então esta lei aparentemen- diação térmica como ocorrendo por inter-
te tão simples pode governar este fenôme- médio de ondas eletromagnéticas.
no tão complexo? A resposta a essa questão Notamos que a intensidade segundo a
está no fato de que, realmente, o coeficiente qual a energia é emitida pela matéria de-
convectivo h depende de um grande número pende, em essência, da sua temperatura, o
de variáveis e, muitas vezes, a sua determina- que caracteriza a radiação térmica como
ção é complexa. Isso indica que, de maneira um processo de transferência de calor do
geral, a dificuldade encontrada na solução corpo para a sua vizinhança.
de problemas que envolvem convecção está Esse fenômeno é facilmente percebido
ligada à determinação de coeficientes con- de diversas formas. Podemos notar a sua
vectivos, que são, frequentemente, avaliados existência ao tomar sol na praia, e nesse
por meio do uso de correlações desenvolvi- caso estaremos observando um processo em
das a partir de trabalho experimental e dis- que estamos recebendo energia que chega
poníveis na literatura. a nós por meio de radiação térmica. Pode-
A magnitude do coeficiente convectivo mos, também, aquecer uma barra de ferro
depende de todas as variáveis já comentadas. e notar que, à medida que a sua tempera-
Faixas típicas são apresentadas na Tabela 1.2. tura se eleva, a sua superfície emite ener-
Processos de transferência de calor por gia térmica de forma crescente, mudando
convecção também podem envolver mu- continuamente de cor. Como as superfícies
dança de fase, tal como a que ocorre em do meio em que vivemos estão em tempe-
um condensador de vapor de uma central ratura não nula, elas estão continuamente
João Carlos Martins Coelho 25

emitindo energia e, como todas estão emi- exemplo, quando você está na sombra de
tindo uma em presença da outra, todas es- uma árvore, ela (o meio material) está limi-
tão também recebendo. Não podemos nos tando a transferência de calor por radiação
esquecer de que meios não sólidos, como os do sol para seu corpo. Do ponto de vista da
gases e vapores, também emitem e podem transferência de calor, observamos que é im-
participar ativamente, ou não, de processos portante apenas a chamada radiação térmi-
de transferência de calor por radiação. ca, que é constituída por parte do espectro
Como esse processo se dá por ondas eletromagnético, conforme ilustrado na Fi-
eletromagnéticas, ele não requer um meio gura 1.5. Por esse motivo, dizemos de forma
material para ocorrer, sendo que, de fato, simplista que a transferência de calor por ra-
usualmente os meios materiais contribuem diação envolve apenas parte do espectro ele-
no sentido de dificultar o processo. Por tromagnético que engloba a faixa do visível.

Comprimento
de onda – λ (m) 10-10 10-8 10-6 10-4 10-2 1 102 104

Raios X Micro-ondas Ondas hertzianas


Vermelho
Amarelo
Laranja
Violeta

Verde
Azul
Anil

Ultravioleta Luz visível Infravermelho

Radiação térmica

Figura 1.5 Espectro eletromagnético

As características da radiação emitida • σ é uma constante dimensional, cons-


por um corpo dependem da natureza da sua tante de Stefan-Boltzmann, igual a
superfície e da sua temperatura. Assim, se 5,67 E-8 W/(m².K4);
uma barra de ferro aquecida está vermelha, • A é a área por meio da qual a superfície
significa que ela está emitindo luz visível pre- do corpo negro emite energia radiante,
dominantemente nos comprimentos de onda em m²; e
que nossos olhos veem como vermelho. • T é a temperatura da superfície emisso-
Denominamos um corpo ideal que ir- ra medida em escala absoluta, em K.
radia perfeitamente corpo negro, e a taxa Devemos observar que a taxa de calor
de emissão de energia radiante por esse cor- radiante emitida por um corpo negro por
po é dada pela expressão: unidade de área da superfície emissora é
dada por Q  ′′ = Q
 A e coincide com uma
n n
 = σAT 4
Q (1.5) grandeza denominada poder emissivo do
n
corpo negro, usualmente representado pela
Nessa equação: letra En, ou seja: Q ′′ = E = σT 4 .
n n

• Q é a taxa de energia radiante emitida Consideremos, agora, um corpo real.


n
pela superfície do corpo negro, em W; A taxa de emissão de energia radiante desse
26 Volume 3 – Transferência de calor

corpo para a vizinhança é uma fração da a emissão e a absorção de energia radiante


taxa que ele emitiria se fosse um corpo ne- não dependerem do ângulo de emissão ou
gro e, por esse motivo, é dada por: de incidência, a denominamos difusa. Com
o propósito de apresentar formulações sim-
 = εσAT 4 = εAE
Q (1.6)
n plificadas para os problemas de radiação,
costumeiramente se adota uma hipótese
Identificamos nessa equação um novo adicional, que é a de que a superfície, além
termo, ε , menor ou igual à unidade, que de ser cinza e difusa, tem a sua absortivida-
é uma propriedade da superfície emissora de igual à sua emissividade. Essa hipótese é
denominada emissividade ou emitância, adotada ao longo de todo este texto.
que depende das suas características e não
Até agora, discutimos somente o fato
é necessariamente a mesma para todos os
de que uma superfície pode emitir ou ab-
comprimentos de onda emitidos.
sorver radiação. Consideremos, então, dois
Assim como uma superfície emite, si-
corpos distintos, em temperaturas diferen-
multaneamente ela pode receber radiação
tes, estando um na presença do outro. Nes-
de diversas origens, tais como: solar, emi-
se caso, os dois emitem e os dois recebem,
tida por uma chama, por um painel de re-
de forma que podemos identificar uma
sistências elétricas radiantes, por lâmpadas,
transferência líquida de energia radiante
etc. A taxa de energia radiante incidente
entre eles. Um caso particular é aquele de
por unidade de área, nessa superfície, é de-
um corpo 1, cuja pequena superfície cinza
nominado irradiação, sua unidade é W/m²
difusa e na temperatura T1 esteja completa-
e a simbolizamos pela letra G. Dependendo
mente envolvida por um corpo 2, cuja su-
das características da superfície e da radia-
perfície interna é também cinza difusa e na
ção incidente, a irradiação pode ser absorvi-
temperatura T2, diferente de T1, conforme
da, refletida ou transmitida pela superfície.
esquematizado na Figura 1.6. Se o processo
A quantificação do fluxo de energia radian-
de transferência de calor estiver ocorrendo
te absorvido por uma superfície pode ser
em regime permanente, pode ser demons-
realizada a partir do conhecimento de uma
propriedade adimensional da superfície de- trado que a taxa líquida de transferência de
nominada absortividade, simbolizada pela calor por radiação da superfície 1 para a 2
letra grega α . será dada por:
G
α = abs (1.7)
 =Q
Q 1 1 1 (
 ′′ A = A εσ T 4 − T 4
2 ) (1.8)
G
Nessa equação, Gabs é o fluxo de ener-
gia efetivamente absorvido pela superfície, Superfície 2
e G, o incidente. Corpo 2
Superfície 1
Consideremos uma superfície real. Sua
absortividade depende das suas próprias Corpo 1 Q 2
T1 T2
características e das da radiação incidente, T1
além do que a sua magnitude poderá diferir Q 1
da magnitude da sua emissividade, ε. Uma
superfície que tenha como característica o
Figura 1.6 Transferência de calor por radiação
fato de que a sua emissividade e a sua ab-
sortividade independem do comprimento Note que, nessa equação, a área A1 é a
de onda é denominada cinza. Se, além disso, área da superfície cinza difusa 1, da qual é
João Carlos Martins Coelho 27

 para
transferida a taxa líquida de calor Q
 ′′ é o fluxo líquido
a superfície negra 2, e Q
(
 ′′ = h T − T
Q rad 1 2 ) (1.13)

de calor que deixa a superfície 1 e atinge Essa equação tem a vantagem de ser
a superfície 2. Como estamos trabalhando similar à lei do resfriamento de Newton
sob a hipótese de regime permanente, ener- e, no caso de ocorrerem simultaneamente
gia deve ser suprida ao corpo 1 mantendo
processos de transferência de calor por ra-
a sua energia interna e, simultaneamente,
diação e por convecção, podemos equacio-
o corpo 2 deverá permanecer transferindo
ná-los, obtendo:
energia para seu meio externo, de forma a,
também, manter constante a sua energia in-
terna. Observe que esse modelo, uma gran-
 ′′ = (h + h ) T − T
Q conv rad 1 2 ( ) (1.14)

de superfície cinza difusa envolvendo uma


pequena superfície cinza difusa, pode ser
aplicado a situações nas quais uma superfí- 1.4 A TRANSFERÊNCIA DE
cie real está imersa em um meio com tem- CALOR E A PRIMEIRA
peratura aproximadamente uniforme que LEI DA TERMODINÂMICA
pode ser tratado como se fosse uma super- Consideremos, inicialmente, um siste-
fície cinza difusa, por exemplo, um trecho ma com massa m conforme o ilustrado na
de tubulação de transporte de um fluido Figura 1.7. A primeira lei da termodinâ-
aquecido em um ambiente industrial. Nesse mica formulada para sistema na forma de
caso entendemos que a tubulação é um cor- taxa nos diz que:
po com pequena área superficial totalmente
envolto pelo restante da fábrica suposta em Q  = dE = E
 −W (1.15)
uma temperatura uniforme. Assim sendo, dt
o trecho de tubulação seria o corpo 1, sua
superfície externa seria a superfície 1 e o Q a
ambiente industrial seria o corpo 2 que es- m

taria envolvendo o corpo 1. E E g


A Equação (1.8) pode ser algebrica-
mente manipulada de forma a resultar: Q r

Figura 1.7 Transferência de calor em sistema


1 (
 ′′ = εσ T 4 − T 4 =
Q 2 ) (1.10) Afastemo-nos por instantes da conven-
(
= εσ T + T1
2
2
2
) (T
1
2
−T 2
2
) ção de sinais adotada ao estudar termodi-
nâmica e consideremos que a taxa de calor
 seja dada por Q  =Q  −Q  , sendo que
1 (
 ′′ = εσ T 2 + T 2
Q 2 ) Q
Q
a r
 é o módulo da taxa de transferência de
(1.11)
(T ) (T )
a
1 + T2 1 − T2 calor do meio para o sistema e Q  é o mó-
r
dulo da taxa de transferência de calor do
Podemos, agora, definir um coeficiente sistema para o meio. Note que o índice a
de transferência de calor por radiação que indica que energia está sendo adicionada ao
será dado por: sistema e que o índice r indica que energia
está sendo rejeitada pelo sistema. Então:
(
hrad = εσ T12 + T22 ) (T 1 + T2 ) (1.12)
 −Q
 = E + W

Qa r (1.16)
Esse coeficiente depende fortemente
das temperaturas T1 e T2. Substituindo-o Com base nas hipóteses adotadas ao
na Equação (1.11), obtemos: estudar termodinâmica, podemos reafirmar
28 Volume 3 – Transferência de calor

que um sistema somente pode interagir com em contato com a superfície 2 está, longe
o meio por intermédio de calor e trabalho. da placa, na temperatura T° 2 , que é mais
Assim, se uma corrente elétrica percorre o sis- baixa do que a temperatura T2. E, por ha-
tema provocando um aumento da sua ener- ver essa diferença, ocorre a transferência
gia interna, tratamos esse fenômeno como de calor por convecção da placa para o
um processo de transferência de energia por ar observada na superfície 2. Além disso,
trabalho. Ao estudar transferência de calor, podemos considerar que simultaneamente
costumamos substituir o termo W  por outro ocorre transferência de calor por radiação
que é denominado, inadequadamente, taxa entre a placa e o meio que a cerca.
de geração de energia, o qual substitui todo e
qualquer processo de adição de energia para T

o sistema que não seja por calor, incluindo,


por exemplo, passagem de corrente elétrica,
reações nucleares e químicas. O novo símbo-
T∞ 1
. Q cond Q conv + Q rad

.
T1 T(x)
lo para esse termo é E g , que, substituído na Superfície 2

Fluido T2
Equação (1.16), resulta em: quente T∞ 2
Superfície 1 L
 −Q
E = Q  + E (1.17)
a r g Fluido
x frio
Em determinadas situações, nas quais Figura 1.8 Taxa de calor em placa
podemos supor que a taxa de geração de Vamos analisar a transferência de calor
calor é proporcional ao volume, é conve- através da superfície 2. Ela recebe a taxa
niente definir uma taxa volumétrica de ge- Q
cond , que é a taxa de calor por condução
ração de calor: através da placa, e transfere calor para o ar
 E g em parte por convecção, Q 
conv , e em parte
Q′′′ = (1.18) 
V por radiação, Qrad . Aplicando a primeira
lei da termodinâmica para o sistema consti-
Devemos observar que, dado um siste-
tuído pela superfície 2, obtemos:
ma, nosso propósito ao estudar transferên-
cia de calor será, usualmente, determinar 
E = Q   
 eQ  . cond − Qconv − Qrad + Eg (1.19)
Q a r

Como consideramos que não há ge-


1.5 BALANÇO DE ENERGIA ração, E g = 0. Como a massa do sistema é
EM SUPERFÍCIES nula, ele é incapaz de armazenar energia,
de forma que E = 0, o que nos leva a:
Voltemos ao caso de transferência de
calor sem geração e em regime permanen-   
Q cond = Qconv + Qrad (1.20)
te através de uma placa. Podemos supor
que ela está imersa em um meio fluido, por Esse resultado foi obtido consideran-
exemplo, ar, conforme ilustrado na Figura do a transferência de calor através de uma
1.8. O ar em contato com a superfície 1 da superfície na qual identificamos os modos
placa está, longe da placa, na temperatura condução, convecção e radiação. Similar-
T° 1 , mais elevada do que a temperatura T1. mente, podemos conduzir uma análise para
Por esse motivo ocorre a transferência de uma superfície que constitui a interface en-
calor por convecção do ar para a placa ob- tre duas placas conforme esquematizado na
servada na superfície 1. Similarmente, o ar Figura 1.9 e, como resultado, obteremos:
João Carlos Martins Coelho 29

  a ser solucionada e fazer considera-


Q cond 1 = Qcond 2 (1.21)
ções, estabelecer hipóteses e registrar
T dados importantes para a solução

. .
da questão. Neste caso, o croqui já
Q cond2 Q cond1 é dado – veja a Figura Er1.1. Passa-
T1 T2
mos, então, ao registro das conside-
T(x) rações, hipóteses e dados:

L1 L2 .
T3
• São dadas as seguintes informa-
ções: L = 0,20 m, k = 0,5 W/(m.K).
• São conhecidas as condições de
x
contorno: T1 = 100ºC, T2 = 40ºC,
Figura 1.9 Taxa de calor entre placas
e o perfil de temperatura é parabó-
Esses dois resultados são muito impor- lico, ou seja, T ( x) = a + bx + cx2.
tantes e serão utilizados com frequência em • A superfície 1 é adiabática e o pro-
análises de processos de transferência de calor. cesso de transferência de calor é
por condução e unidimensional, o
1.6 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS que significa que, por hipótese, ele
ocorre apenas na direção x.
Er1.1 Uma parede plana com espessura
b) Análise e cálculos
L = 20 cm apresenta um perfil de tem-
O primeiro passo é determinar a função
peraturas parabólico, conforme ilus-
T(x) = a + bx + cx2, e, para tal, utiliza-
trado na Figura Er1.1. Sabendo que
remos as condições de contorno dadas.
a parede tem condutibilidade térmica
igual a 0,5 W/(m.K), que a superfície • Uso da primeira condição de
1 é adiabática, que em determinado contorno­
instante as temperaturas nas superfí- Como a superfície 1 é adiabática, o
cies 1 e 2 são, respectivamente, 100ºC fluxo de calor através dela é nulo.
e 40ºC, pede-se para determinar o flu- Nesse caso, a lei de Fourier nos ga-
xo de calor na superfície perpendicu- rante que:
lar ao eixo x localizada em x = L/2.
 ′′ = −k ∂T
Q =0⇒
T ∂x x=0


( )
.
Superfície 1 Superfície 2 ⇒ −k a + bx + cx2 =0 ⇒
∂x x=0
T1 T(x)

. T2
⇒ (b + 2cx) x=0 = 0

Ou seja: b = 0, logo: T(x) = a + cx2.


L
• Uso da segunda condição de
x contorno­
Figura Er1.1 Na posição x = 0, T(x) = T1.
Então: T1 = a + b (0) ⇒ a = T1 ;
2

Solução logo: T(x) = T1 + cx2.


a) Dados e considerações • Uso da terceira condição de
Inicialmente devemos fazer um cro- contorno­
qui que ilustre com cuidado a questão Na posição x = L, T(x) = T2.
30 Volume 3 – Transferência de calor

• Identificar as faces da parede sa-


T −T bendo-se exatamente qual é a ex-
Então: T2 = T1 + cL2 ⇒ c = 2 2 1 .
L terna, a interna e quais serão os
Finalmente, obtemos o perfil de tempe- símbolos utilizados para as suas
T −T temperaturas.
raturas: T ( x) = T1 − 1 2 2 x2 . • Escolher uma direção e um senti-
L
Podemos, agora, determinar o fluxo do para a ordenada x.
de calor em x = L/2 utilizando a lei • Escolher uma direção e um senti-
de Fourier: do para a ordenada T.
• Identificar o tipo de perfil de
 ′′ ( L 2) = −k ∂T
Q = temperaturas­.
∂x x= L 2

 T −T 
= −k  −2 x 1 2 2 
 L  x= L 2
T
Face 2 Face 1

 ′′ ( L 2) = −0, 5  −2 0, 20 100 − 40  =
Q  2 0, 202  Fluxo de

.
calor
= 150 W/m2

.
T(x) T1
Er1.2 A parede de uma residência tem 10 m Exterior da
T2
de largura, 2,6 m de altura e espessu- H residência
ra igual a 15 cm. Se as temperaturas
das superfícies externa e interna dessa L b
parede forem constantes, aproxima-
damente uniformes e iguais, respec-
tivamente, a 40ºC e 25ºC e se a sua x
condutibilidade térmica for igual a Figura Er1.2
0,5 W/(m.K), qual será o fluxo de ca- Passamos, então, ao registro das con-
lor e a taxa de transferência de calor siderações, hipóteses e dados:
por condução através dessa parede?
• O processo de transferência de calor
é unidimensional, ocorre em regime
Solução permanente, sem geração de calor, e
a) Dados e considerações o perfil de temperaturas é linear.
Inicialmente devemos fazer um cro- • Dimensões importantes: espessura,
L = 15 cm = 0,15 m; altura, H = 2,6
qui que ilustre com cuidado a questão
m; e largura da parede, b = 10 m.
a ser solucionada e fazer considera-
• T1 = 40ºC, T2 = 25ºC, e a condu-
ções, estabelecer hipóteses e registrar
tibilidade térmica do material é
dados importantes para a solução da
k = 0,5 W/(m.K).
questão. O croqui é apresentado na
b) Análise e cálculos
Figura Er1.2. Para preparar esse cro- Aplicando a lei de Fourier, obtemos:
qui tivemos os seguintes cuidados:
• Definir os aspectos geométricos im- Q ′′ = −k dT = −k T1 − T2 , e o fluxo de
portantes e os símbolos utilizados dx L
para definir as dimensões, L, H e b. calor será:
João Carlos Martins Coelho 31

 ′′ = −0, 5 40 − 25 = –50 W/m². • Definir os aspectos geométricos im-


Q portantes e os símbolos utilizados
0, 15
para definir as dimensões, L, H e b.
O sinal negativo do fluxo de calor in- • Identificar as faces da parede sa-
dica que ele ocorre no sentido negati- bendo-se exatamente qual é a ex-
vo do eixo x. terna, a interna e quais serão os
A taxa de transferência de energia símbolos utilizados para as suas
por calor através da parede será: temperaturas e para a temperatu-
 =Q  ′′ A = −50 ⋅ 2, 6 ⋅ 10, 0 = −1300 W ra do ar no interior da residência.
Q • Escolher uma direção e um senti-
Novamente observamos que o sinal do para a coordenada x; observa-
mos que, neste exercício, optamos
negativo indica que a transferência
por mudar o sentido desse eixo em
de energia ocorre no sentido negati-
relação ao Er1.2.
vo do eixo x. Devemos notar que po-
• Escolher uma direção e um senti-
deríamos ter escolhido a orientação
do para a ordenada T.
inversa do eixo x e teríamos obtido
• Identificar o tipo de perfil de
resultados positivos. temperaturas­.
Observamos também que, neste caso,
tanto o fluxo quanto a taxa de calor T
Face 2 Face 1
serão os mesmos em qualquer super-
fície interna da placa perpendicular Fluxo de
Interior da
ao eixo x.

.
residência calor

.
Er1.3 A parede de uma residência tem 10 m
T1
de largura, 2,6 m de altura e espessura T2 H
igual a 15 cm. Sabe-se que a tempera-
tura da face interna da parede é igual T∞ Largura = b
a 25°C, que a taxa de calor através da
L
parede é 1300 W e que o coeficiente
convectivo observado entre o ar pre-
sente no interior da residência e a pa-
x
rede é igual a 10 W/(m².K). Estime a
Figura Er1.3
temperatura média do ar presente no
interior da residência. Passamos, então, ao registro das con-
siderações, hipóteses e dados:
• O processo de transferência de ca-
Solução
lor ocorre em regime permanente,
a) Dados e considerações por convecção, com h = 10 W/
Observamos que este exercício é (m².K), produzindo um perfil de
complementar ao Er1.2. Repetindo o temperaturas conforme esquema-
procedimento do exercício anterior, tizado na Figura Er1.3.
devemos fazer uns croquis que ilus- • Dimensões importantes: altura,
tre com cuidado a questão a ser so- H = 2,6 m; largura da parede,
lucionada e fazer considerações, es- b = 10 m.
tabelecer hipóteses e registrar dados • T2 = 25ºC e Q  = 1300 W.
importantes para a solução da ques- b) Análise e cálculos
tão. O croqui é apresentado na Figu- Aplicando a lei do resfriamento de
Newton, obtemos: Q  = Ah (T − T ) .
ra Er1.3. Para prepará-lo, tivemos os 2 ∞

seguintes cuidados: Nessa equação, T° é a temperatura


32 Volume 3 – Transferência de calor

do ar no interior da residência e A é a lante em regime permanente e por


área da superfície na qual identifica- convecção entre a superfície externa
mos a transferência de calor por con- do isolante e o meio ambiente.
vecção da parede para o ar. Essa área • Dimensões importantes: r1 =
é a da superfície interna da parede. 60,4/2 = 30,2 mm; r2 = 30,2 + 38,0
= 68,2 mm.
Utilizando os dados disponíveis, • T2 = 40ºC, T∞ = 20ºC;
obtemos­: h = 12 W/(m².K).

Q b) Análise e cálculos
T∞ = T2 − = Aplicando a lei do resfriamento de
Ah  = Ah (T − T ) .
Newton, obtemos: Q 2 ∞
1300 Nessa equação, T° é a temperatura
= 25 − = 20ºC
10 ⋅ 2, 6 ⋅ 10 do ar ambiente e A é a área da super-
Er1.4 O isolamento térmico de uma tubu- fície na qual identificamos a transfe-
lação de transporte de vapor d’água rência de calor por convecção do iso-
tem diâmetro interno igual a 60,4 lante para o ar.
mm e espessura igual a 38,0 mm. Utilizando os dados disponíveis,
Sabendo-se que a temperatura da sua obtemos­:
superfície externa é igual a 40ºC, que 
o coeficiente médio de transferência
Q
=Q ′ = Aexterna h (T − T ) =
2 ∞
L L
de calor por convecção entre o iso-
lante e o meio ambiente é dado por = 102,8 W/m
h = 12 W/(m².K) e que a temperatura O fluxo de calor na superfície exter-
ambiente é igual a 20ºC, pede-se para na é dado por:
calcular a taxa de calor por metro de 
tubo e o fluxo de calor na superfície Q " = Q = h (T - T ) = 240 W/m².
ext 2 ∞
interna e na externa do isolante. Aexterna

O fluxo de calor na superfície interna


Solução é dado por:

a) Dados e considerações
Q " = Q = 2πr2 L h (T − T ) =
O croqui ilustrativo da questão é int
Aint erna 2πr1L
2 ∞

apresentado na Figura Er1.4 e deve


ser utilizado para o correto registro = 542 W/m²
dos dados fornecidos no enunciado. Er1.5 O isolamento térmico de uma tubula-
ção de transporte de vapor d’água tem
Isolante diâmetro interno igual a 60,4 mm e
r2
r
térmico espessura igual a 38,0 mm. Sabendo-
Q conv -se que a temperatura da sua superfície
r1 k
T∞
externa é igual a 40ºC, o coeficiente
T1
médio de transferência de calor por
T2
convecção entre o isolante e o meio
Figura Er1.4
ambiente é dado por h = 12 W/(m².K),
a temperatura ambiente é igual a 20ºC
Passamos, então, ao registro das con- e que a emissividade da superfície ex-
siderações, hipóteses e dados: terna do isolamento é igual a 0,7, pe-
• O processo de transferência de calor de-se para calcular a taxa de calor por
ocorre por condução através do iso- metro de tubo.
João Carlos Martins Coelho 33

Solução Substituindo os dados disponíveis,


a) Dados e considerações obtemos:
Este problema é similar ao Er1.4, Q
rad  ′ = Aexterna εσ T 4 − T 4 =
=Q ( )
tendo sido adicionada apenas a ne- L
rad
L
2 viz
cessidade de avaliar a transferência
de calor por radiação. O croqui ilus- (
= εσ2πr2 T24 − Tviz
4
)
= 37,,9 W/m
trativo da questão é apresentado na E a taxa de transferência de calor por
Figura Er1.5 e deve ser utilizado para metro de tubo será:
o correto registro dos dados forneci-
Q′=Q ′ +Q  ′ = 140,7 W/m.
dos no enunciado. rad conv

Er1.6 Uma das paredes verticais de uma es-


Isolante tufa de uso clínico tem 600 mm de
térmico
r2 largura, 800 mm de altura e é consti-
r Q conv
T∞
tuída por duas chapas metálicas, uma
r1
Q rad interna e outra externa, e por um iso-
T1 k Tviz
lante térmico existente entre elas que
T2 tem espessura de 4 cm. A temperatura
Figura Er1.5 da sua superfície externa é constante,
aproximadamente uniforme e igual a
Passamos, então, ao registro das con-
siderações, hipóteses e dados: 45ºC. Considere que o coeficiente con-
vectivo observado entre a face externa
• O processo de transferência de ca-
da parede e o ar ambiente é igual a 15
lor ocorre por condução através
do isolante em regime permanen- W/(m².K), a emissividade da superfí-
te, e por convecção e por radiação cie é igual a 0,75 e que a temperatu-
entre a superfície externa do iso- ra do meio ambiente é igual a 20ºC.
lante e o meio ambiente. Considerando também que a resistên-
• Dimensões importantes: cia térmica à transferência de calor
r1 = 60,4/2 = 30,2 mm; por condução nas chapas metálicas
constituintes da parede é desprezível,
r2 = 30,2 + 38,0 = 68,2 mm.
avalie a taxa de calor entre a superfí-
• T2 = 40ºC = 313,15 K; cie e o meio ambiente e a condutibili-
T∞ =Tviz = 20ºC = 293,15 K; dade térmica do isolante.
h = 12 W/(m².K); ε = 0,7;
T1 T2
e σ = 5,67 E-8 W/(m².K4).
b) Análise e cálculos Isolante
Q conv
térmico T∞
A taxa de calor por convecção é dada k Q rad
conv = Ah (T2 − T∞ ) .
por: Q  Tviz
L
Substituindo os dados disponíveis, x
obtemos­:
Q Figura Er1.6
conv
=Q  ′ = Aexterna h (T − T ) =
conv 2 ∞
L L
= 102,8 W/m. Solução
A taxa de calor por radiação é dada a) Dados e considerações
 = εσA T 4 − T 4 .
por: Qrad 2 viz ( ) O croqui ilustrativo da questão é
34 Volume 3 – Transferência de calor

apresentado na Figura Er1.6 e deve igual a 40ºC. Determine o fluxo de ca-


ser utilizado para o correto registro lor e a taxa de calor através da placa.
dos dados fornecidos no enunciado. Resp.: 76 W/m²; 38 W.
Passamos, então, ao registro das con- Ep1.2 Um cabo elétrico é isolado eletricamen-
siderações, hipóteses e dados: te com uma camada de PVC, k = 0,09
• O processo de transferência de ca- W/(m.K). O diâmetro externo do cabo
lor ocorre por condução através é igual a 3,2 mm e o diâmetro do fio de
do isolante em estado estacioná- cobre é igual a 2 mm. O perfil de dis-
rio, por convecção e por radiação tribuição temperaturas no isolante em
entre a superfície externa da pare- função do raio é dado pela expressão:
de e o meio ambiente. T = T1 + (T2 − T1 ) ln ( r2 r1 ) ln ( r r1 ) .
• Dimensões importantes: Devido à passagem de corrente elé-
largura = W = 600 mm; trica pelo cabo, tem-se T1 = 24ºC, e,
altura = H = 800 mm; L = 4 cm. devido ao contato com o ar ambiente,
• T2 = 45ºC = 318,15 K, T2 = 22ºC. Determine o fluxo de calor
T∞ =Tviz = 20ºC = 293,15 K; na superfície do fio de cobre e na su-
h = 15 W/(m².K). perfície externa da camada de PVC e a
•  = 0,75 e σ = 5,67 E-8 W/(m².K4). taxa de calor por metro de cabo para o
b) Análise e cálculos meio ambiente.
A taxa de transferência de ca-
lor por convecção é dada por:
conv = Ah (T2 − T∞ ).
Q
Substituindo os dados disponíveis, ob-
conv = Ah (T2 − T∞ ) = 180 W.
temos: Q 
A taxa de transferência de calor por radia-
ção é dada por: Q rad ( 2 )
 = εσA T 4 − T 4 .
viz Resp.: 383 W/m²; 239 W/m²;
Substituindo os dados disponíveis, 2,41 W/m.
obtemos: Ep1.3 Uma estufa cuja temperatura interna
Q rad ( 2 )
 = Aεσ T 4 − T 4 = 0,6· 0,8· 0,75·
viz é igual a 120ºC deve ser isolada com
5,67 E-8 (318,154 – 293,154) = 58,4 W manta de fibra de vidro, k = 0,038
E a taxa de calor entre a superfície e W/(m.K). Sabendo que a temperatu-
o meio ambiente será: ra da superfície externa da estufa deve
 =Q  +Q  ser igual a, no máximo, 40ºC quan-
Q rad conv = 238,4 W
do a temperatura ambiente for igual
a 20ºC e que o coeficiente convectivo
1.7 EXERCÍCIOS PROPOSTOS observado entre a superfície externa
Ep1.1 Uma manta de fibra de vidro, k = e o meio ambiente é igual a 10 W/
0,038 W/(m.K), com espessura de 2 (m².K), pede-se para determinar a es-
cm, altura de 50 cm e comprimento pessura desejada do isolamento térmi-
de 1 m, é utilizada para isolar um co. Despreze os efeitos da radiação.
equipamento. A temperatura da sua Resp.: 15,2 mm.
face interna é uniforme e igual a 80ºC Ep1.4 Um pequeno forno de uso labora-
e a temperatura da sua face externa torial é internamente aquecido com
(face em contato com o ar ambiente) é resistências elétricas instaladas nas
João Carlos Martins Coelho 35

suas paredes verticais. Sabendo que entre a superfície externa e o meio


se deseja ter a temperatura média da ambiente sabendo que a temperatura
sua superfície externa igual a 45ºC do ar ambiente é igual a 20ºC e que
quando a temperatura média da sua a temperatura da vizinhança é igual a
superfície interna for igual a 216ºC, 30ºC. Qual é o fluxo líquido de calor
pede-se para avaliar o fluxo de calor transferido por radiação dela para o
através das suas paredes se elas forem meio ambiente?
construídas com tijolos isolantes com Resp.: 4,76 W/(m2.K); 90,6 W/m2.
condutividade térmica igual a 0,4 W/ Ep1.8 Uma placa plana com 200 mm de
(m.K) e espessura igual a 228 mm. espessura tem as suas superfícies in-
Resp.: 300 W/m². terna e externa, respectivamente, a
Ep1.5 Uma parede com 30 cm de espessu- 350°C e 50ºC. Sabe-se que a condu-
ra tem área superficial igual a 60 m2. tibilidade térmica do material cons-
A superfície interna da parede está a tituinte da parede é igual a 0,05 W/
30°C e a externa está a 0°C. Conside- (m.K), e que o coeficiente convecti-
rando que a taxa de calor através da vo observado entre a face da placa a
parede é igual a 3000 W, determine 50ºC e o ar ambiente a 20ºC é igual a
a condutividade térmica do material 2 W/(m2.K). Pede-se para determinar
constituinte da parede. o fluxo de calor através da placa, o
Resp.: 0,5 W/(m.K). fluxo de calor por radiação entre a
face da placa a 50ºC e o meio am-
Ep1.6 Uma parede plana com 150 mm de
biente e a emissividade dessa superfí-
espessura tem área superficial igual a
cie sabendo-se que a temperatura da
120 m2. A superfície interna da pa-
vizinhança é igual a 30ºC.
rede está a 400°C e a externa está a
50ºC. Sabendo que a condutibilidade Resp.: 75 W/m2; 15 W/m2; 0,108.
térmica do material constituinte da Ep1.9 Uma parede plana apresenta tempe-
parede é igual a 0,2 W/(m.K), deter- ratura superficial média igual a 50ºC
mine a taxa de transferência de calor e emissividade igual a 0,7. Se o co-
através da parede. Desprezando os eficiente convectivo observado entre
efeitos de transferência de calor por essa parede o meio ambiente for igual
radiação, avalie o coeficiente de trans- a 18 W/(m².K) e se o ambiente estiver
ferência de calor por convecção entre a 20ºC, qual deverá ser fluxo de ca-
a superfície externa e o meio ambiente lor líquido entre essa parede e o meio
sabendo que a temperatura do ar am- ambiente?
biente é igual a 20ºC. Resp.: 679,7 W/m².
Resp.: 56,0 kW; 15,6 W/(m².K). Ep1.10 A temperatura média da superfície
Ep1.7 Uma parede plana com 150 mm de externa de uma parede vertical com
espessura tem área superficial igual a área total de 12 m² é igual a 35ºC.
120 m2. A superfície interna da pa- Sabendo que ela está exposta ao ar
rede está a 400°C e a externa está a ambiente a 22ºC e que o coeficiente
50ºC. Sabe-se que a condutibilidade convectivo observado entre a pa-
térmica do material constituinte da rede e o ar é igual a 14 W/(m².K),
parede é igual a 0,1 W/(m.K) e que pede-se para determinar o fluxo mé-
a emissividade da sua superfície é dio de calor e a taxa de calor por
igual a 0,65. Avalie o coeficiente de convecção da parede para o ar.
transferência de calor por convecção Resp.: 182 W/m²; 2184 W.
36 Volume 3 – Transferência de calor

Ep1.11 Um pequeno forno de uso labo- está a 20ºC. Avalie o coeficiente


ratorial é internamente aquecido de transferência de calor por con-
com resistências elétricas instala- vecção se a diferença de tempera-
das nas suas paredes verticais. Sa- tura entre a superfície da esfera e
bendo que a temperatura ambien- o meio ambiente for igual a 50°C.
te é igual a 20ºC, que o coeficiente Em sua opinião, a transferência de
de transferência de calor por con- calor estaria se dando por convec-
vecção entre a superfície externa ção natural ou forçada? Justifique.
do forno e o ar ambiente é igual a Resp.: 7,96 W/(m².K); possível-
12 W/(m².K) e que a temperatura mente natural, porque h é bastan-
média da sua superfície externa é te baixo!
igual a 50ºC, pede-se para determi- Ep1.14 Em um dia ensolarado observa-
nar o fluxo de calor por convecção mos a incidência de sol sobre uma
entre o forno e o meio ambiente. vidraça. Ao colocar a mão sobre
Se a área externa do forno exposta o vidro, notamos que ele está em
ao ar for igual a 4 m², qual será a temperatura maior do que a am-
taxa de transferência de calor por biente. Explique o motivo. Faça
convecção para o meio ambiente? um esquema indicando todos os
Resp.: 360 W/m²; 1440 W. processos de transferência de calor
Ep1.12 Uma placa plana com espessura de entre o vidro e sua vizinhança.
20 mm e com condutividade tér- Ep1.15 Uma placa metálica delgada é iso-
mica igual a 0,1 W/(m.K) tem uma lada em sua superfície posterior e
das suas faces a 50ºC e a outra em exposta ao sol na superfície ante-
uma temperatura mais elevada. Sua rior. A superfície anterior absorve
superfície fria pode ser considera- o fluxo de radiação solar de 800
da cinza difusa com absortividade W/m² e a transfere por convecção
igual a 0,80 e está exposta ao meio livre para o ar ambiente a 20°C.
ambiente a 25ºC, e o coeficiente de Se o coeficiente de transferência de
transferência de calor por convec- calor por convecção entre a pla-
ção entre essa superfície e o ar am- ca e o ar for igual a 20 W/(m².K),
biente é igual a 25 W/(m².K). Pede- qual será a temperatura da super-
-se para calcular o fluxo de calor fície da placa exposta ao sol?
por condução através da parede, os Resp.: 60ºC.
fluxos de calor por convecção e por
Ep1.16 A temperatura média da superfí-
radiação na sua superfície fria e a
cie de um equipamento com área
temperatura da face quente.
total de 26,0 m² é igual 40ºC. Sa-
Resp.: 761 W/m²; 625 W/m²; bendo que ela está exposta a um
136 W; 202ºC. ambiente a 20ºC, que o coeficiente
Ep1.13 Uma esfera com diâmetro igual a de transferência de calor por con-
200 mm é continuamente aqueci- vecção entre a superfície e o am-
da internamente por uma resistên- biente é igual a 10,0 W/(m².K) e
cia elétrica cuja potência é igual que a emissividade da superfície
a 50 W. A esfera transfere calor é igual a 0,6, pede-se para deter-
por convecção em regime per- minar as taxas de transferência de
manente para o ar ambiente, que calor por convecção e por radia-
João Carlos Martins Coelho 37

ção entre a superfície e o ambiente fície externa é igual a 50ºC e que


que a envolve. a sua emissividade é igual a 0,8,
Resp.: 5,2 kW; 1,97 kW. pede-se para determinar o fluxo
de calor por convecção e o fluxo
Ep1.17 Uma placa metálica delgada é iso-
por radiação entre o forno e o
lada em sua superfície posterior e
meio ambiente. Se a área externa
exposta ao sol na superfície ante-
do forno exposta ao ar for igual a
rior. A superfície anterior absorve 4 m², qual será a taxa de calor
o fluxo de radiação solar de 800 para o meio ambiente?
W/m² e a transfere por convecção
Resp.: 360 W/m²; 160 W/m²;
livre para o ar ambiente a 20°C.
2,08 kW.
Se o coeficiente convectivo obser-
vado entre a placa e o ar for igual Ep1.20 Uma lâmpada de filamento de 100
a 20 W/(m².K), e se a emissividade W tem eficiência de cerca de 50%,
ou seja: 50% da potência transfe-
da superfície for igual a 0,8, qual
rida ao filamento é convertida em
deverá ser a temperatura da super-
energia luminosa e o restante é
fície da placa exposta ao sol?
transferido ao meio ambiente por
Resp.: 51,5ºC. calor. Considerando que a área da
Ep1.18 Uma esfera com diâmetro igual a sua superfície externa é equivalen-
250 mm é continuamente aquecida te à de uma esfera com raio igual a
internamente por uma resistência 3 cm, que o ambiente está a 20ºC,
elétrica cuja potência é igual a 100 que o coeficiente médio de transfe-
W. A esfera transfere calor por con- rência de calor por convecção en-
vecção em regime permanente para tre a lâmpada e o meio ambiente é
o ar ambiente, que está a 20ºC. Su- igual a 12 W/(m².K) e que a trans-
pondo que a temperatura média da ferência de energia para o meio
superfície da esfera é igual a 80ºC por radiação térmica pode ser des-
e que a sua emissividade é igual a prezada, estime a temperatura mé-
0,8, pede-se para avaliar as taxas dia da superfície da lâmpada.
de calor por radiação e por convec- Resp.: 388ºC.
ção entre a esfera e o meio ambien- Ep1.21 Um tubo metálico com diâmetro
te e o coeficiente de transferência externo igual a 60 mm que conduz
de calor por convecção. um óleo aquecido é recoberto com
Resp.: 72,8 W; 27,3 W; uma espessura de 25 mm de iso-
2,31 W/(m².K). lante térmico com condutibilidade
Ep1.19 Um pequeno forno de uso labo- térmica igual a 0,05 W/(m.K). Sa-
ratorial é internamente aquecido bendo que o coeficiente convectivo
com resistências elétricas insta- observado entre o material isolante
ladas nas suas paredes verticais. e o meio ambiente é igual a 10 W/
Sabendo que a temperatura am- (m².K), a emissividade da superfí-
biente é igual a 20ºC, que o coe- cie externa desse material é igual
ficiente de transferência de calor a 0,4, o ar ambiente está a 20ºC
por convecção entre a superfície e que a temperatura da superfí-
externa do forno e o ar ambien- cie externa do isolante é igual a
te é igual a 12 W/(m².K), que a 40ºC, pede-se para calcular a taxa
temperatura média da sua super- de transferência de calor por con-
38 Volume 3 – Transferência de calor

vecção, por metro de tubo, entre o esteja em uma ambiente a 20ºC


isolamento térmico e o meio am- e que ar escoa sobre a esfera com
biente e, também, a taxa de trans- temperatura média também igual
ferência de calor por radiação, por a 20ºC. Se a taxa total de calor ob-
metro de tubo, entre o isolamento servada entre a esfera e o meio for
térmico e o meio ambiente. igual a 710 W, determine:
Resp.: 69,1 W/m; 17,5 W/m. a) a taxa líquida de calor transfe-
Ep1.22 Uma esfera com diâmetro igual a rido por radiação entre a esfera
300 mm é aquecida internamente e o meio ambiente;
por um aquecedor elétrico de 300 b) o coeficiente convectivo observa-
W. A esfera transfere calor por con- do entre a esfera e o ar ambiente.
vecção da superfície externa para Resp.: 357 W; 10 W/(m².K).
o ar ambiente. Calcule o coeficien- Ep1.25 A superfície externa de uma estu-
te de transferência de calor por
fa de esterilização de instrumentos
convecção se a diferença de tempe-
odontológicos está na temperatura
ratura entre a superfície da esfera e
média de 40ºC. Considere que o co-
o meio ambiente for igual a 50°C.
eficiente médio de transferência de
Despreze os efeitos de radiação.
calor por convecção entre essa su-
Resp.: 21,2 W/(m².K). perfície e o meio seja igual a 10 W/
Ep1.23 Um bloco de gelo com compri- (m².K), que a temperatura do ar am-
mento de 1 m e altura e largura biente é igual a 20ºC e que a estufa
iguais a 20 cm está posicionado na é cúbica com aresta igual a 60 cm.
horizontal, sobre dois cavaletes, Desprezando os efeitos de radiação
em uma grande sala cuja tempera- térmica, determine o fluxo de calor
tura é aproximadamente uniforme observado na superfície da estufa e
e igual a 30ºC. Considerando que
a taxa de transferência de calor en-
a emissividade do gelo é igual a
tre a estufa e o meio ambiente.
0,97, que o bloco está derretendo
e que o coeficiente convectivo en- Ep1.26 A superfície externa de uma estu-
tre o bloco e ar ambiente é igual a fa de esterilização de instrumentos
14 W/(m².K), avalie: odontológicos está na temperatura
média de 40ºC. Considere que o
a) a taxa de calor líquida entre o
bloco de gelo e o meio ambiente; coeficiente médio de transferência
b) o tempo necessário para ocorrer de calor por convecção entre essa
o derretimento de uma camada superfície e o meio seja igual a 12
de gelo de 1 mm sabendo que W/(m².K), que a temperatura do ar
a sua entalpia de fusão é igual ambiente é igual a 20ºC e que a es-
a 334 kJ/kg e que a sua massa tufa é cúbica com aresta igual a 80
específica é igual a 920 kg/m³. cm. Sabendo que a emissividade da
Resp.: 509 W; 531 s. superfície da estufa é igual a 0,7, de-
Ep1.24 A superfície de uma casca esféri- termine o fluxo de calor por convec-
ca com diâmetro igual a 250 mm ção observado na superfície da estu-
apresenta temperatura média igual fa e a taxa de transferência de calor
a 200ºC e emissividade igual a entre a estufa e o meio ambiente.
0,75. Considere que essa esfera Resp.: 240 W/m2; 1,31 kW.

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